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Dimens-es-Socioculturais-Hist-ricas-e-Filos-ficas-da-Educa-o-F-sica-e-do-Esporte-2021-Mar-01_14-13-40/viewer/files/METODOLOGIA_FAM.pdf METODOLOGIA DA FAM 2 METODOLOGIA DA FAM A metodologia da FAM Online articula os valores e missões da instituição com determinados fundamentos teóricos a fim de estabelecer um processo de ensino-aprendizagem que priorize a relação afetivo-intelectual, instituindo uma pedagogia do diálogo em substituição à pedagogia tradicional. Em vista disso, elencamos e explicamos as bases de nossa concepção metodológica, tornando-as acessíveis a todos, educadores e educandos, posto que é por meio delas que se concretiza a nossa concepção dialógica de educação, representada também na figura 1: 1. Metodologia Ativa; 2. O Relatório da UNESCO sobre Educação para o Século XXI; 3. A missão do Centro Universitário FAM - Formar pessoas para trans- formar a sociedade - e os pilares que balizam as ações dos profissionais que compõem a FAM Online - Pessoas, Metodologia e Tecnologia. Figura 1. Representação das bases de nossa metodologia. Metodologia Ativa Abordagem comportamentalista Abordagem humanista Abordagem cognitiva Abordagem sociointeracionista Metodologia da FAM Online Relatório da UNESCO sobre Educação para o século XXI Missão do Centro Universitário FAM e os pilares da FAM Online 3 METODOLOGIA DA FAM Cada tópico será especificado a seguir. 1. Metodologia Ativa. A metodologia utilizada na FAM Online, para ser viabilizada, articula-se com todos os outros aspectos constitutivos desta instituição. Por isso, antes de expor a metodologia em si, clarifica-se que a equipe docente e tutorial se apresenta com formação e experiência necessárias para o trabalho online. Todos, inclusive a equipe de design institucional, atendimento ao estudante, projetos e setor operacional, têm conhecimentos técnicos relacionados à informática e, em específico, às ferramentas disponíveis no ambiente virtual. Dessa forma, é possível o desenvolvimento e aplicação de metodologias ati- vas direcionadas ao estudante. Além disso, os materiais dialógicos, os polos bem instalados e as avaliações de aprendizagem consistentes são elementos que respaldam a realização de um processo educacional online qualificado. A intencionalidade educadora é o que permite a atribuição de um sentido e propósito às ações dos profissionais da fam online. Esta, alinhada, discutida, discutida e entendida como dinâmica, uma vez que as concepções e os valo- res subjacentes às finalidades da prática profissional e meios de atingi-las são constituídas em grupo e pelo grupo, nos diferentes momentos de interação e formação continuada. Tem-se, então, como princípio, o trabalho coletivo e a participação ativa de todos nas tomadas de decisões, contribuindo para uma atividade pedagógica democrática e cooperativa. Diante disso, entende-se que a metodologia da FAM Online é caracteri- zada, sobretudo, por considerar o estudante o principal responsável por sua aprendizagem. Enfatiza-se, no entanto, que esta aprendizagem não é soli- tária e totalmente independente, mas colaborativa, uma vez que o suporte institucional planeja, desenvolve e promove estratégias de aprendizagem em momentos síncronos e assíncronos, que apoiam e sustentam o estudante em cada momento do seu itinerário. Todo o processo é traçado em vistas a promoção e desenvolvimento da pró-atividade do estudante e vinculação de sua aprendizagem a aspectos sig- nificativos da sua realidade, para que possa desenvolver o pensamento crítico e a capacidade de intervenção. Por isso, adota-se a aprendizagem baseada em problemas em detrimento da pura transmissão de informação. Os professores propõem, em diferentes momentos, atividades com o objetivo de solucionar um problema real ou simulado a partir de um contexto, permitindo ao estu- dante o protagonismo de seu próprio aprendizado por meio da pesquisa. 4 METODOLOGIA DA FAM Neste momento, entende-se como necessário embasar teoricamente a nossa metodologia, por isso, a seguir, abordagens teóricas que fundamentam a prática educacional são elencadas no intuito de ampliar pensamento crítico e criativo sobre a nossa metodologia. As abordagens Comportamentalista, Cognitivista, Humanista e Socioin- teracionista, de maneira complementar umas as outras, respaldam as ações realizadas na FAM Online. A Abordagem Comportamentalista fundamenta as ações educacionais que buscam estimular os discentes a experienciar atividades diversificadas disponi- bilizadas no Ambiente Virtual de Aprendizagem-AVA. A gamificação - uso de técnicas características de videojogos aplicadas a situações reais, vinculadas ao conteúdo disciplinar e formação continuada dos educadores; os quizzes - séries de perguntas interativas que possibilitam uma autoavaliação; a comu- nicação estabelecida por meio de diferentes linguagens, como textos e vídeos; a interação com os pares e os docentes assentada em diferentes momentos, como em Fóruns e Aulas Online, são instrumentos e ações que incentivam a participação e desenvolvimento de competências e habilidades diversas, tor- nando o percurso educacional mais cativante, atrativo e, sobretudo, formativo. Além disso, as possibilidades de ação dadas pela plataforma e acertadas pela equipe multidisciplinar da FAM Online permitem que se usem técnicas estatísticas e de modelagens de aprendizagem - analytics - que viabilizam a organização de dados e o estabelecimento de padrões de comportamento do estudante que facultam a promoção e o desenvolvimento de habilidades que precisam ser aprimoradas. Assim, oferece-se um apoio ao educador no processo de ensino-aprendizagem, pois, de forma estruturada e consciente, ele pode facilitar e estimular o desempenho dos estudantes, estruturar, orga- nizar e planejar disciplinas e cursos. Associada a esta ação, o feedback elaborado pelos docentes em relação a cada atividade avaliativa e nos fóruns de dúvidas possibilitam a ampliação do ponto de vista do estudante em relação a determinado tema, orientan- do-o não só em relação a resposta correta, mas, sobretudo, ao pensamento crítico e autoavaliativo. Os conceitos da Abordagem Cognitivista estão presentes ao se consi- derar o estudante como um sujeito ativo, isto é, que traz seus conhecimentos, elabora novos saberes e amplia sua compreensão sobre determinado assunto a partir do diálogo proposto e estabelecido pelo professor e pelos pares nas atividades coletivas. 5 METODOLOGIA DA FAM Respaldados na teoria da aprendizagem significativa, os professores trabalham conceitos e princípios essenciais, que tenham maior poder de in- clusão e generalidade, para que os estudantes possam identificar a estrutura básica da disciplina, facilitando o processamento das informações. Para que esta assimilação seja de fato realizada, isto é, para que seja estabelecida a relação entre o novo item a ser aprendido e os itens relevantes da estrutura cognitiva do estudante, os professores estabelecem critérios que servirão como pontos de ancoragem para ideias mais específicas, possibilitando uma gama de opções de associação de conceitos que o levem à consolidação do aprendizado e, também, a um novo aprendizado. Já o uso da Taxonomia de Bloom na formulação e redação das atividades avaliativas não só permitem classificar o estudante, como também propicia uma organização hierárquica de seus processos cognitivos em conformidade com níveis de complexidade e objetivos de aprendizagem desejados e plane- jados. Assim, o professor pode trabalhar de maneira individual os diferentes níveis de aquisição de conhecimento pelos seus estudantes. A linguagem dialógica, a contextualização da disciplina e o elo entre teoria e prática realizadas pelo professor, principalmente nas Aulas Online, nas atividades avaliativas, não avaliativas e na elaboração do material di- dático, mostram a importância da troca de experiências como meio para a construção, por parte do estudante, de um raciocínio hipotético-dedutivo e do pensamento abstrato. Com o objetivo de complementar ao diálogo estabelecido com o es- tudante, a equipe que compõe a FAM Online é constantemente instigada a buscar novas práticas e aprimorar as já realizadas, por meio de de formações continuadas frequentes e do intercâmbio de conhecimentos, realizados pelos profissionais de diversas áreas da instituição. Da Abordagem Humanista temos a personalização da aprendizagem, isto é, o professor e o tutor criam condições para que cada estudante possa aprender a seu modo. Este procedimento, que instiga o estudante a buscar recursos e instrumentos, também se estabelece na forma como o material didático é redigido. Por meio dele, o estudante é constantemente convidado a acessar materiais extras e buscar novas e confiáveis fontes de informação. Junto à equipe multidisciplinar, o material didático é produzido no in- tuito de garantir a necessária interatividade no processo ensino-aprendi- zagem. Ele é organizado e apresentado em uma linguagem dialógica, que reproduz uma conversa entre professor e estudante. Mais do que apresentar uma grande quantidade de conteúdos, ele oferece referenciais teóricos e es- 6 METODOLOGIA DA FAM tratégias metodológicas que possibilitam uma leitura leve e motivada. Este material assume, portanto, o papel de fio condutor que organiza e dinamiza o acesso ao conhecimento. Ademais, o modo como o professor elabora as questões, tendo como base as métricas de aprendizagem da Taxonomia de Bloom, e os feedbacks dados aos estudantes, com teor formativo, incentiva-o à pesquisa e a autono- mia da aprendizagem. Desta forma, o estudante pode usufruir plenamente de suas potencialidades e é convidado também a aprimorar habilidades pouco desenvolvidas em formações anteriores. A Abordagem Sociointeracionista está presente, sobretudo, na concepção de homem e de mundo adotadas pelos profissionais que compõe a FAM Online. Entendemos os educandos e os educadores como seres em construção, com identidades constituídas nas relações. Por isso, nossas ações se pautam na construção de condições qualitativas de mediação. Ademais, a categoria zona de desenvolvimento proximal auxilia-nos a identificar, em todas as atividades propostas, processos ainda não estabelecidos, mas em vias de concretização, para elaborar e realizar estratégias sobre como atuar na formação continuada dos educadores e formação inicial, intermediária e final dos estudantes. Além disso, ao pensarmos na formação de nosso estudante, estabele- cemos alguns procedimentos que permitem ao egresso estar preparado e qualificado para o mercado de trabalho. Desta forma, todas as disciplinas, desde a sua elaboração até a sua efetivação, consideram as exigências do mercado de trabalho, as competências requeridas para o século XXI, as ex- pectativas do estudante em relação à disciplina e a sua bagagem de conhe- cimento, favorecendo, assim, o seu desenvolvimento ao longo do curso e sua profissionalização. Pensa-se na formação de maneira integral, considerando a tridimensionalidade do tempo, isto é, no passado do estudante – os con- teúdos que ele carrega consigo, de outras formações – o seu presente – as possibilidades de desenvolvimento de potencialidades dentro do curso – e seu o futuro – o que o mercado espera dele. 2. O Relatório da UNESCO sobre Educação para o Século XXI. Após a relação estabelecida com as teorias de aprendizagem, nossa me- todologia está atenta aos desafios da educação para o século XXI, expostos no Relatório da UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação. Neste documento são elencados os quatro pilares da educação, que também são utilizados na metodologia e ações educacionais da FAM Online: 7 METODOLOGIA DA FAM I. Aprender a conhecer: despertar e incentivar o estudante à pes- quisa e autonomia da própria aprendizagem. Neste contexto, as ativi- dades desenvolvidas e materiais disponibilizados ao estudante criam condições para a construção de habilidades referentes ao poder de análise, interpretação e tomada de decisão. O estudante, ao acessar o material, tem a possibilidade de compreender a matéria por diferentes vias, sejam aúdios, vídeos ou textos, tendo elas diferentes conteúdos, trazendo todos os olhares possíveis para determinado assunto. Isto enriquece o debate estabelecido entre professor e estudante, no intuito de mostrar que a ciência não é neutra, que possui diversas versões e abordagens, contraditórias e complementares. Assim, o estudante forma-se com uma visão múltipla e crítica de sua profissão e da rea- lidade, tendo por base a teoria. II. Aprender a fazer: levar o estudante a refletir sobre as inúmeras pos- sibilidades de se aplicar o conhecimento adquirido e o conhecimento acumulado. Assim, as atividades avaliativas disponibilizadas, como o Fórum, as questões objetivas e dissertativas, oportunizam o desenvol- vimento do pesamento crítico e a capacidade de resolver problemas. Além disso, a relação entre teoria e prática, facultada por uso de cases, também fazem os estudantes relacionarem o que aprendem com o que fazem e/ou farão em sua profissão. Um outro meio disponibilizado na grade curricular do estudante que oportuniza o aprender a fazer rela- ciona-se às disciplinas práticas, nas quais se estabelecem instrumentos específicos de avaliação em substituição às atividades de múltipla es- colha e dissertativas, que prevalecem nas disciplinas teóricas. III. Aprender a conviver: estimular a reflexão sobre o direito individual e coletivo, aprender a trabalhar em equipe, a respeitar o outro e o plu- ralismo de ideias, crenças e escolhas. Suscitamos, em nossas ações, a troca de informações entre os estudantes, seja por meio do Fórum Avaliativo, onde a troca se estabelece em nível prático e teórico, como no Fórum de Networking, onde as trocas de informações se estabele- cem em nível profissional. Em ambos, e em outras oportunidades de estabelecimento de diálogo, estimula-se o cultivo da integridade de todos por meio da empatia e a tomada de perspectiva, bem como a cooperação, a valorização para a diversidade e a comunicação asser- tiva, tanto entre discentes como entre discente e docente. IV. Aprender a ser: estimular, analisar e desenvolver aptidões dos estudantes a fim de garantir sua autonomia, discernimento e res- ponsabilidade pessoal. Em nossas ações, estimula-se a autoanálise, a persistência e o crescimento profissional, dando-se acesso, após as 8 METODOLOGIA DA FAM atividades e as Aulas Online, a feedbaks específicos, vinculados ao erro ou acerto do estudante, configurando-se como um processo avaliativo que não se limita ao mensurável, mas que orienta e regula o processo de ensino no âmbito da aprendizagem significativa. Sinteticamente, consideramos que esses aprendizados elencados no Relatório da UNESCO – conhecer, fazer, conviver e ser – são desenvolvidos na relação que o estudante estabelece com o professor e seus pares no AVA, por intermédio da trilha específica traçada pela coordenação pedagógica. 3. A missão do Centro Universitário FAM e os pilares que balizam as ações profissionais que compõem a FAM Online. Por último, mas não menos importante, nossa metodologia se espelha na Missão do Centro Universitário FAM – Formar pessoas para transformar a sociedade – e nos pilares que balizam as ações dos profissionais da FAM Online – Pessoas, Metodologia e Tecnologia. Tal posicionamento ético justifica-se quando consideramos o sujeito como alguém que transforma e também é transformado pela sociedade. A não fragmentação da unidade sujeito-sociedade vincula-se ao nosso proces- so educativo no momento em que passamos a analisar a dimensão social da formação do homem e possibilitamos o desenvolvimento e ampliação de sua consciência por meio do acesso ao conteúdo, produzido e acumulado historicamente, no AVA. Destacamos que o uso da tecnologia, neste contexto, possibilita formas diversificadas de acesso ao conteúdo e, sobretudo, novas formas de acessar pessoas, ampliando o espaço de aprendizagem do estudante e sua rede de contatos, o que, consequentemente, qualifica a sua formação. O contexto atual, marcado por constantes mudanças, faz com que a FAM Online tenha que adequar seu currículo para atender os imperativos do mer- cado, sem deixar de considerar a qualidade de formação de seu estudante. Atividades inovadoras desenvolvidas no meio tecnológico, neste contexto, passam a ser fundamentais para que o estudante tenha acesso a materiais que revelem, expliquem e possibilitem as transformações sociais. O termo inovação ganha o sentido aqui de superação, de renovação, tanto da metodologia utilizada, quanto das ferramentas tecnológicas, atendendo as novidades que o espaço social apresenta. Por isso, nossa tecnologia e nossa metodologia têm de estar consonantes para que de fato consigam ser aces- síveis, interessantes, práticas e pedagógicas, isto é, que atinjam as pessoas. 9 METODOLOGIA DA FAM Aqui, destaca-se que a nossa metodologia medeia a relação estabelecida entre pessoas e tecnologia (vide Figura 2). Possibilita, com isso, o estabelecimento de uma relação intelectual-afetiva entre educador e educando. O estudante, sendo considerado o principal agente do processo educativo – aspecto basilar de nossa metodologia – tem todo o suporte operacional e pedagógico necessário para despertar seu interesse e fomentar a sua participação nas discussões de assuntos atuais, fortalecendo a sua conecção com as exigências da contemporaneidade. Pessoas MetodologiaTecnologia Figura 2. Representação dos pilares da FAM Online A cultura organizacional da FAM Online e os pilares que a constinuem também são considerados na formação continuada do corpo docente e tuto- rial. Ações semanais são realizadas pela coordenação pedagógica que, junto a equipe multidisciplinar e atrelada a demanda institucional, elenca temas oportunos que impulsionam o pensamento crítico e a ação reflexiva, funda- mentais para a melhoria da qualidade da educação ofertada ao discente. Ao se pensar na formação continuada dos educadores e na formação inicial dos discentes, considera-se a heterogeneidade que caracteriza esses dois grupos. Dessa forma, concepções e práticas abrangentes viabilizam o potencial transformador da educação, pois tais formações não objetivam apenas transmitir teorias para melhorar a capacidade técnica desses dois grupos, mas também são consideradas como uma possibilidade concreta de desenvolvimento profissional. Assim, não se pensa nos sujeitos que compõem o processo educacional desta instituição como pessoas isoladas, malquali- ficadas e que precisam de treinamento. Pensa-se nas complexas relações interpessoais que determinam as ações realizadas que podem reproduzir um conteúdo apenas ou conduzir à transformação social. Cria-se na instituição, em função disto, tempos e espaços que amparam e beneficiam a ação, reflexão e intervenção na e da prática docente para assim contribuirmos de maneira efetiva na formação dos nossos discentes. 10 METODOLOGIA DA FAM Dimens-es-Socioculturais-Hist-ricas-e-Filos-ficas-da-Educa-o-F-sica-e-do-Esporte-2021-Mar-01_14-13-40/viewer/files/PDFs/E1_DSHF.pdf E-book 1 Giovana Fernandes DIMENSÕES SOCIOCULTURAIS, HISTÓRICAS E FILOSÓFICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 RELATOS HISTÓRICOS DA ATIVIDADE FÍSICA ��������������������������������������4 SURGIMENTO DAS MODALIDADES ESPORTIVAS: CONTEXTO HISTÓRICO E SOCIOCULTURAL ����������� 14 Origem de algumas modalidades esportivas ����� 17 Lutas e artes marciais ������������������������������������������ 20 CONSIDERAÇÕES FINAIS ���������������������� 33 2 INTRODUÇÃO Neste e-book, compreenderemos quais são as carac- terísticas da atividade física na pré-história e sob que circunstâncias o homem realizava essas atividades� Sabe-se que, no período pré-histórico, na busca por comida, moradia e também pela necessidade de se defender dos perigos da natureza, o homem lutava, saltava, corria, caminhava longos percursos e atra- vessava rios, ou seja, o homem era extremamente ativo fisicamente. Aprenderemos também como as atividades físicas realizadas pelos homens durante a pré-história fo- ram fundamentais para sua sobrevivência; além da luta pela vida, os homens da sociedade pré-histórica realizavam práticas que envolviam a atividade físi- ca com propósito utilitário, guerreiro, ritualístico ou recreativo� Nota-se que, em consonância com a evolução hu- mana, o comportamento que envolve os hábitos de atividades físicas tem se modificado, uma vez que as necessidades passaram a ser outras� Com isso, conheceremos a definição de esporte, a história dos esportes em diferentes momentos históricos, bem como de que maneira e onde surgiram algumas das diversas modalidades esportivas� 3 RELATOS HISTÓRICOS DA ATIVIDADE FÍSICA Neste tópico, estudaremos um pouco a história da atividade física, o que inclui quais são as caracterís- ticas dessa prática na pré-história, sua definição e seu papel na sociedade. Identificaremos, assim, quais eram as atividades físicas praticadas pelo homem pré-histórico em sua luta pela sobrevivência� Em seguida, compreenderemos, por meio dos acon- tecimentos históricos, como a evolução humana cau- sou modificações no comportamento do homem, no que diz respeito aos hábitos que envolvem a prática de atividade física� Desde os tempos mais remotos, o homem tem pra- ticado atividades físicas, ainda que com propósitos diferentes� Na Pré-História, o homem dependia da sua força física, velocidade e resistência para sobreviver� Realizava longas caminhadas em suas constantes buscas por moradia e alimento, corria para se de- fender de predadores, lutava, saltava e atravessava rios, ou seja, o ser humano era extremamente ativo� O homem pré-histórico tinha duas grandes preocupa- ções em sua rotina: atacar e defender-se. A prática das atividades física era puramente espontânea e ocasional, não sendo praticada por lazer, vaidade ou por qualquer outra razão que não a sobrevivência� 4 Ao falarmos de Pré-História, falamos sobre um perío- do que ocorreu em torno de 4000 a�C�, que é anterior ao surgimento da escrita� Por isso, os estudos sobre a Pré-História são baseados em documentos não escritos, como restos de armas, utensílios, pinturas, desenhos, dentre outros� Nesse período, as atividades físicas também não tinham fins esportivos, pois eram realizadas instin- tivamente, como uma estratégia de sobrevivência, tendo em vista que, nas circunstâncias da época, o homem era obrigado a correr para fugir do perigo ou para alcançar uma caça, ou seja, conseguir alimento� Com isso, atravessavam rios a nado, caminhavam longas jornadas procurando abrigo e alimento, pes- cavam, lutavam, corriam e arremessavam pedras e lanças etc� As atividades físicas realizadas durante esse pe- ríodo foram fundamentais para que o ser humano sobrevivesse e se tornasse capaz de expandir seu ambiente habitável, conseguindo lidar com obstá- culos e imprevistos do próprio ambiente natural� O homem, devido à necessidade de sobreviver a um ambiente hostil, aprimorou sua força e desenvolveu destrezas e habilidades físicas, em virtude de seu treinamento diário, considerando que vivia constan- temente situações difíceis. Podemos deduzir que os movimentos realizados nessas ocasiões eram repetidos diversas vezes, pois certamente o homem precisou aprimorar suas técnicas de caça — possivelmente errava seu alvo, 5 deixando escapar a presa por falta de força, agilida- de ou precisão. Em outras palavras, a fim de obter sucesso na busca por sua sobrevivência, era preciso aperfeiçoar os movimentos pela repetição� No que diz respeito às práticas corporais, ao identi- ficarmos as atividades realizadas pelos homens na pré-história, podemos considerar que o homem pré- -histórico apresentava boa resistência aeróbia, visto que seu estilo de vida exigia a realização de longas ca- minhadas, certamente era um bom velocista, pois tinha que ser mais rápido do que um animal para sobreviver� O homem, em sua luta pela sobrevivência, realizava uma repetição contínua de exercícios e, inconscien- temente, aperfeiçoava suas habilidades relacionadas ao desempenho físico� Assim, os homens na pré- -história certamente eram ágeis, fortes e resistentes� Com o passar do tempo, o homem passou a dominar algumas poucas técnicas ainda que rudimentares da agricultura� Nessa ocasião, fez-se necessária uma otimização de gestos, bem como um aprimoramen- to das habilidades físicas devido à necessidade de construir algumas ferramentas que facilitassem as práticas de sobrevivência� Dessa forma, o homem evolui ao dominar a natureza e desenvolver seu trabalho na agricultura, pois aglo- merados humanos necessitavam de uma especiali- zação no trabalho� Podemos notar, com base nesses acontecimentos, que a evolução humana implicou o comportamento humano de modificar seus hábitos de atividades físicas� 6 O homem pré-histórico realizava brincadeiras envol- vendo corridas, saltos, lutas, danças, tiro ao alvo, além de criar encenações que representassem simulações de combate, situações de caça, dentre outras. Fazia parte da rotina a realização de rituais no intuito de despertar a ira dos deuses ou então homenageá-los� Tais rituais envolviam atividades rítmicas e danças, embalados ao ritmo de tambores, palmas e gritos� FIQUE ATENTO O homem primitivo convivia com o medo, pois vi- via aterrorizado com os perigos que o cercava� Considerava sua existência um favor dos deuses e manifestava seu misticismo de várias formas� Assim, os exercícios corporais, rudimentares e sistematizados, estavam presentes nas festas, inclusive no culto aos mortos, e simbolizavam atos respeitosos (RAMOS, 1983)� Segundo Ramos (1983, p� 52-57), as características das atividades físicas na Pré-História envolviam qua- tro grandes causas: ● Luta pela existência: o homem atacava e defendia- -se, corria, nadava, fugia de animais, envolvia-se em lutas corporais, realizava atividades como a caça, a pesca e o arco e flecha, caminhava longas distâncias em busca de alimentos, construía armas, barcos etc� ● Ritos e cultos: o homem realizava festas religiosas, culto aos deuses, cerimônias fúnebres, culto aos mortos, danças místicas e lúdicas� 7 ● Preparação guerreira: as tribos impunham-se pelo valor dos seus guerreiros e, na luta pela vida, se pre- paravam para vencer nas contendas� ● Jogos e práticas atléticas: maias e astecas prati- cavam diversos jogos como, jogo de pelota (um jogo semelhante ao tênis); os índios do Norte da América jogavam serpente de neve, aro, lacrosse (uma espé- cie de hóquei); esquimós praticavam jogos de pelota com pele de foca ou rena, kayack e corrida sobre a neve; na Austrália, jogavam uma espécie de rúgbi, cuja bola era feita com couro de canguru, dardo e bumerangue; no México, índios Taharumaras pratica- vam corridas de resistência, caçada e arco e flecha; os incas e astecas tinham os chasquis que corriam para entregar mensagens; nos Estados Unidos, ti- nham os índios cavaleiros, caçadores de bisão e boi selvagem; no Brasil, haviam os índios guaicurus e charruas, grandes cavaleiros� Com base nos relatos históricos, fica evidente que a Pré-História é um período muito rico de informações sobre a evolução das atividades físicas e exercícios físicos� FIQUE ATENTO Embora muitas vezes os termos “atividade física” e “exercício físico” sejam considerados sinôni- mos, eles possuem definições diferentes: Atividade física é qualquer movimento corporal, produzido pela musculatura esquelética, que re- 8 sulta em gasto energético, com componentes e determinantes de ordem biopsicossocial, cultural e comportamental, podendo ser exemplificada por jogos, lutas, danças, esportes, exercícios fí- sicos, atividades laborais e deslocamentos (CAS- PERSEN; POWELL; CHISTENSON, 1985)� Exercício físico, por sua vez, é uma categoria da ati- vidade física, definido como movimentos corporais planejados, estruturados e repetitivos, que são rea- lizados para melhorar ou manter um ou mais com- ponentes da aptidão física (HOWLEY, 2001)� De qualquer forma, as atividades físicas realizadas pelos homens da pré-histórica, seja com o propósito utilitário, guerreiro, ritualístico ou recreativo, tinham como principal objetivo a luta pela vida� Assim, entendemos que a educação física tenha surgi- do de uma prática natural de sobrevivência da humani- dade, pois os homens desenvolveram muitas das ativi- dades que atualmente fazem parte da cultura corporal do movimento, por uma questão de sobrevivência� As práticas físicas realizadas pelo homem tornaram possíveis tanto sua sobrevivência quanto a propaga- ção da espécie (SILVA et al., 2018)� Precisamos ter em mente que a compreensão do comportamento de uma sociedade relacionado a hábitos de atividade física requer uma viagem ao passado� Na Pré-História, especialmente no período Paleolítico, existiram expressões de jogos utilitários e recreati- vos, cujas práticas, tal qual acontece na atualidade, 9 tinham suas regras estabelecidas e, geralmente, tanto os vencedores quanto os perdedores encaravam o resultado desportivamente� Assim, segundo Ramos (1983), foi nas civilizações primitivas que surgiu a máxima “para ganhar é preciso perder”, uma forma antiga do atual fair play� Com o passar do tempo, a evolução proporcionou ao homem um avanço no domínio das técnicas de agricultura e domesticação de animais, o que o le- vou também a um aumento de tempo ocioso, fa- zendo com que caminhasse para um processo de sedentarização� Assim, as atividades físicas que até então eram reali- zadas por razões utilitárias, guerreiras ou ritualísticas passam a ter outros propósitos, surgindo a práti- ca de atividade física baseada em uma concepção esportiva� No momento em que o homem se sedentarizou, aconteceu o início da luta por posse de terras� Com isso, vieram os grandes embates, nos quais os ven- cedores eram aqueles que ainda realizavam as ati- vidades físicas mais intensas, pois apresentavam o melhor desempenho físico� Os homens que já plan- tavam e criavam passaram a utilizar seu tempo livre treinando, visando a um melhor preparo físico para se saírem vitoriosos em possíveis novos ataques� A necessidade de o homem praticar tantas atividades físicas o levou a um melhor conhecimento de suas capacidades, bem como ao domínio da agricultura, ou seja, ele encontrou uma nova forma de viver ao 10 não ter mais de se deslocar de um lado para outro em busca de alimentos, podendo abandonar sua vida nômade� Quando o homem finalmente superou a questão da sobrevivência, sua vida tornou-se mais fácil, po- rém, passou a ter que lidar com outras questões. Atualmente, a qualidade de vida é uma de suas prin- cipais preocupações. SAIBA MAIS O Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM) publica no Health & Fitness Journal as principais tendências de saúde e fitness para o ano seguinte� A publicação é fruto de uma pes- quisa que indica tendência e não modismo, com o principal objetivo de identificar quais são as ati- vidades que estão crescendo com maior expres- sividade no mundo, ou seja, que estão em alta� Confira quais foram as tendências de 2019, aces- sando Walter R� Thompson (2018)� Para você, futuro profissional de educação física, é impor- tante estar sempre atualizado quanto a essas tendências� A história nos conta que, entre os séculos 9 a�C� e 6 a�C� na Grécia Antiga, as cidades guerreiras edu- cavam seus habitantes priorizando a formação de um cidadão com uma índole forte, preparado para enfrentar qualquer combate� 11 Refletir sobre os modelos de organização social que havia na Grécia Antiga nos traz uma compreensão mais abrangente da evolução da humanidade e nos faz entender também quais foram os caminhos que a sociedade, principalmente a ocidental, tem trilhado desde então� O espírito de guerra existente entre as tribos que habitavam a Grécia Antiga contribuiu para o conceito de corpo do herói, do mesmo modo que a prática da agricultura em uma região acidentada, com a utili- zação de pouca ou nenhuma ferramenta (utensílios agrícolas) levava à utilização do uso quase que exclu- sivo da força física para o trabalho, determinando um biótipo de homem apto a atender as necessidades diante das circunstâncias da época� Assim, é de fundamental importância que a Educação Física considere a forma de viver e de organizar-se de uma sociedade é o que determina o modelo corporal considerado ideal, bem como as atividades a serem efetivadas em sua prática pedagógica� A história nos aponta que, em tempos de guerra, o tipo ideal de homem é o guerreiro; em outras épocas, em que havia o predomínio da agricultura, o modelo passa a ser o do agricultor ou camponês� Com isso, entendemos que é a atividade laboral dominante que dá conformação ao corpo e cria o modelo ideal a ser seguido (SANTOS,1997)� Foi na Grécia também que surgiram os grandes pen- sadores, criadores de diversos conceitos que ainda hoje são considerados pela Educação Física e pela 12 pedagogia. Pensadores e filósofos como Sócrates, Hipócrates, Platão e Aristóteles foram os criadores de conceitos como o de equilíbrio entre corpo e men- te, citados por Platão, e defenderam a importância do exercício físico na educação dos jovens gregos� Considerando a divisão histórica, no que diz respeito ao mundo ocidental, compreendemos que a prática de atividade física vem da Pré-História, consolida-se na Antiguidade, estaciona na Idade Média, fundamen- ta-se na Idade Moderna e sistematiza-se na Idade Contemporânea (RAMOS, 1983)� O fato é que os hábitos relativos à prática da ativi- dade física correspondem ao momento cultural em que vivemos� REFLITA Hoje em dia, os avanços tecnológicos tornaram a vida do homem muito mais fácil, modificando totalmente seu estilo de vida� Diante desse ce- nário, convido você a refletir sobre as seguintes questões: Você acredita que o novo estilo de vida propor- cionou ao homem um aumento no seu tempo destinado ao lazer? Esse novo estilo de vida do homem torna a prá- tica da atividade física imprescindível e mais facilitada? 13 SURGIMENTO DAS MODALIDADES ESPORTIVAS: CONTEXTO HISTÓRICO E SOCIOCULTURAL Neste tópico, vamos conhecer um pouco da história do esporte, sua origem, suas definições e suas princi- pais manifestações na Antiguidade. Vamos conhecer também a histórias de algumas modalidades espor- tivas, descobrindo de que maneira e onde surgiram� O esporte é um fenômeno que se manifesta social- mente em diferentes formas, ou seja, ocupa muitos lugares e exerce uma grande influência nas pesso- as de diferentes maneiras, seja pela preferência da prática de determinado esporte, seja na escolha por assistir aos grandes espetáculos proporcionados� A história do esporte está ligada à cultura humana, pois é através dela que podemos interpretar os po- vos e seus costumes de cada época, uma vez que cada período tem seu esporte, além do fato de que a cultura de cada povo se reflete nele. Grande parte das definições de esporte passa pelo jogo, porém, alguns autores definem o esporte como algo contrário ao jogo, ao passo que outros consi- deram o esporte um jogo institucionalizado, regula- do por códigos e regras, comandado por entidades como federações. 14 Conforme já estudamos, os homens pré-históricos praticavam exercícios físicos somente pela sobre- vivência; porém, com o passar do tempo, quando começou a dominar a natureza, esse comportamento de prática de atividades física em prol da luta pela vida começou a se modificar. Os japoneses, chineses e hindus praticavam a ativida- de física com um propósito higienista; os gregos de Atenas realizavam os exercícios físicos dando-lhes um caráter educativo; já os de Esparta continuaram por mais tempo se exercitando no intuito de se pre- pararem para a guerra� No período das ginásticas gregas, surgiu então o primeiro evento organizado envolvendo competições, conhecido como Jogos Gregos, evento que se tornou um marco na história esportiva porque representa a concepção inicial do esporte� Na Grécia Antiga, os jogos disputados eram os Nemeus, Píticos, Fúnebres, Olímpicos, dentre outros (TUBINO,1992)� A principal manifestação do esporte na Antiguidade foram os Jogos Olímpicos, que aconteciam em Olímpia a cada quatro anos. Foram disputados 293 vezes entre 776 a�C� e 394 d�C� Os Jogos Olímpicos envolviam uma regulamentação rígida estabelecida pelos helenoices, que eram os seus dirigentes� A preparação dos atletas gregos para as compe- tições envolvia treinos com o uso de cargas para musculação, dietas, massagens, além de treinadores especializados, como o xistarca, para as corridas, 15 o agonistarca, para as lutas, e o pedódribo, para os jogos� Vale ressaltar que a preparação dos atletas gregos já era muito semelhante aos treinamentos de alto nível que são realizados nos dias de hoje (TUBINO,1992)� FIQUE ATENTO Os vencedores dos Jogos Olímpicos recebiam como premiação uma coroa de oliveira, escra- vos, isenção de impostos, pensão vitalícia, dentre outros� Ao conhecermos mais a fundo o surgimento das di- versas modalidades esportivas, é importante termos em mente que todo esporte contém uma história que envolve conceitos, construções ideológicas, políticas e estéticas� Os jogos esportivos e outras diversas práticas corpo- rais transformam-se pela técnica, ciência e sobretudo pelas dinâmicas culturais. Essas transformações fa- zem parte da história da humanidade (SOARES, 1996)� Conhecer a história dos esportes em diferentes mo- mentos históricos nos faz refletir sobre sua evolução até os dias atuais, já que se trata de uma manifesta- ção do movimento humano, construído pelos homens e também modificado de acordo com as necessida- des e interesses de quem o pratica� 16 Origem de algumas modalidades esportivas O atletismo surgiu na Grécia Antiga� Embora não se saiba ao certo qual é a sua verdadeira origem, o que podemos dizer é que a prática do atletismo está diretamente ligada aos movimentos naturais do ser humano� Movimentos como correr, saltar, lançar e arremessar acompanham o homem desde os tem- pos primitivos. A fim de garantir sua sobrevivência, o ser humano corria de animais ferozes, saltava rios e troncos e atirava lanças em direção à caça na busca por suas presas� O atletismo é tido por alguns estudiosos da área como o pai dos esportes, pois envolve as modalida- des de correr, saltar e lançar, que são ações motoras utilizadas na prática de diversos outros esportes� Dessa maneira, considera-se o atletismo um esporte- -base para todos os outros, devido às suas habili- dades estarem presentes na maioria das demais modalidades esportivas� As primeiras provas de atletismo, principalmente as que envolvem corrida, tiveram início na Antiguidade, nos Jogos Olímpicos da Grécia, confirmando a ideia de que esse esporte é de fato bastante antigo e que sofreu diversas influências até se tornar o esporte que conhecemos na atualidade (ROJAS, 2017)� 17 FIQUE ATENTO O atletismo segue como uma das modalidades pioneiras presentes nas Olimpíadas� Entre as principais competições de atletismo, estão o Campeonato Mundial, os Jogos Olímpicos e o Campeonato Paraolímpico, e as maratonas espa- lhadas pelo mundo, em especial as de Nova Ior- que e Roma� A bola é um dos implementos desportivos mais an- tigos do mundo, e os jogos com bola conquistam o homem há milênios� O Handebol é um esporte surgi- do a partir de diversos passatempos dos séculos 19 e 20� O Harpasto, praticado na Roma Antiga, e o Urânia, praticado na Grécia Antiga, têm alguns fundamentos técnicos e uma dinâmica de jogo parecidos com a do handebol, pois ambos eram jogados com as mãos� Desde os jogos antigos, já existiam alguns elementos dessa modalidade esportiva, que foi aprimorando suas técnicas e regras até se tornar o que é� O professor dinamarquês Holger Nielsen criou, no Instituto Ortrup em 1848, um jogo chamado Haandbold; nessa mesma época, os tchecos joga- vam um jogo chamado Hazena, e jogos semelhantes também eram praticados na Irlanda e no Uruguai� O professor alemão Karl Schelenz reformulou o Torbal, em 1919, mudando o nome para handball e, em 1920, o diretor da Escola de Educação Física da Alemanha tornou o handebol um desporto oficial. 18 No Brasil, o handebol, como uma modalidade de cam- po, foi trazido para São Paulo nos anos 1930, pelos imigrantes da colônia alemã. A Federação Paulista de Handebol foi fundada em 1940 e, desde então, vem realizando competições. O handebol de salão foi oficializado somente em 1954 e, atualmente, são disputados os campeonatos da modalidade de salão� James Naismith, criador do basquete, recebeu a missão de criar um jogo sem violência e que esti- mulasse os estudantes do colégio internacional da Associação Cristã de Moços (ACM) durante o in- verno rigoroso de Massachussetts (EUA), mas que pudesse também ser praticado durante o verão, em áreas abertas� Assim, James Naismith criou em um ambiente fechado uma estrutura na qual colocou dois cestos de pêssegos a uma altura de 3 metros e a bola utilizada era de futebol� Em seguida, estabeleceu as primeiras regras do esporte, que contém 13 itens� O professor Augusto F. Shaw, do Mackenzie College de São Paulo, em 1896, trouxe a primeira bola de basquete e introduziu o esporte no Brasil� William George Morgan, professor de Educação Física e diretor da ACM nos Estados Unidos, criou o voleibol em 1895� Seu propósito na criação do espor- te foi o de minimizar acidentes provocados por con- tatos corporais, bem como o de diminuir o esforço físico realizado pelos jogadores que se deslocavam em grandes distâncias pela quadra durante a dinâ- mica de ataque e defesa. A fim de diminuir o esforço físico dos jogadores, William Morgan criou um jogo 19 no qual equipes se deslocariam apenas do seu lado da quadra, conduzindo uma bola sobre uma rede� O voleibol chegou ao Brasil por volta de 1915, pela ACM de São Paulo e depois aos demais estados� FIQUE ATENTO Podemos descobrir diversas curiosidades ao es- tudarmos a história dos esportes, dentre elas: a) o handebol já foi um esporte olímpico realiza- do em campo de gramado com 11 jogadores; b) o basquetebol originalmente não permitia con- tato corporal, até hoje a altura da cesta permane- ce a mesma desde o primeiro dia de jogo; c) no sistema de pontuação do voleibol existia a “vantagem”� Lutas e artes marciais As lutas sempre estiveram presentes na vida do ho- mem, mesmo que com diferentes objetivos: servia tanto como autodefesa quanto como condicionamen- to físico� A origem das lutas e artes marciais seguem diferentes caminhos� Para alguns estudiosos, sua origem continua sendo uma incógnita� Os gregos praticavam uma luta conhecida como pancrácio, modalidade que esteve presente nos primeiros jogos olímpicos da era antiga� Os Gladiadores Romanos 20 utilizavam técnicas corporais de luta, mas também armas e táticas severas de treinamento� Na Índia e China, surgiram os primeiros indícios de formas or- ganizadas de combate (MAZZONI; OLIVEIRA JUNIOR, 2011)� Ou seja, são diversas as histórias que envol- vem a origem das lutas, suas modalidades e estilos� SAIBA MAIS Assista ao filme 300 (2016) e saiba mais sobre o treinamento recebido pelo rei Leônidas, desde a infância, em Esparta� Um treinamento militar, com o intuito de eliminar fraquezas, onde os ga- rotos aprendiam a resistir ao medo e à dor� En- volvia o manejo de lança e escudo, corrida, nata- ção, lançamento de dardos e discos, luta corpo a corpo, além de serem instruídos na caça, dança, canto, e também habilidades sociais. Fazia parte do treinamento uma disciplina com alimentação extremamente controlada, e castigos cruéis� Porém, a verdadeira origem e os fatos que envolvem a histórias das lutas foram distorcidos ao longo dos tempos� Os antigos mestres não repassavam seus conhecimentos facilmente, além disso, não existiam muitos registros documentados� Assim, as tradições eram passadas de forma oral, de mestre para discípulo ou de pai para filho. Na história da humanidade, muitas culturas manifestavam suas tradições em danças, lutas, cerimônias, caças, defe- 21 sas das suas aldeias, tribos e festividades (MAZZONI; OLIVEIRA JUNIOR, 2011)� Atualmente, as artes marciais estão vinculadas às disputas em competições oficiais, porém, ao con- siderarmos suas origens, podemos observar que o significado atribuído pelos diferentes povos a essas práticas tinha outros propósitos, entre os quais o ritualístico, por exemplo� É comum vincularmos a prática de artes marciais com questões relacionadas à agressividade, vio- lência, autodefesa e com disputas de vale-tudo� Contudo, nos dias de hoje, a busca pela prática de lutas também está relacionada à busca pela melhoria do condicionamento físico e da qualidade de vida� As lutas e artes marciais têm diversas influências e momentos históricos marcantes, podendo ser expli- cados conforme suas origens e contextualizações. No Oriente, a Índia tem o kalaripayit; na China, o wushu (kung fu ou boxe chinês), jeet kune do, tai chi chuan, pa kua, hsing-i; o Japão com o caratê, judô, jiu-jítsu, ninjitsu, kendo, aikido, sumô; na Coreia do Sul, o tae kwon do, tang soo do; na Tailândia, o muay thai; em Israel, o Kravmaga� No Ocidente, temos nos EUA e Inglaterra o wrestling, fullcontact, kickboxing e o boxe; no Brasil, a capoeira, luta livre e muitas outras modalidades produzidas e significadas em todo o mundo (MAZZONI; OLIVEIRA JUNIOR, 2011)� 22 A capoeira surgiu no Brasil com a chegada de escra- vos africanos que utilizavam a prática como estraté- gia de defesa pessoal� Com um destaque especial pelo aspecto acrobático dos seus golpes e movimen- tos, a capoeira é considerada por muitas pessoas uma dança, não uma arte marcial� Ela é considerada um patrimônio cultural do nosso país; embora tenha sido proibida no século 19, sob a argumentação de estar associada a crimes de vio- lência, a capoeira está presente nas escolas, clubes, academias etc� FIQUE ATENTO De acordo com os Parâmetros Curriculares Na- cionais (PCNs), a definição de lutas é: [...] dis- putas em que oponentes devem ser subjugados, com técnicas e estratégias de desequilíbrio, con- tusão, imobilização ou exclusão de um determina- do espaço na combinação de ações de ataques e defesas. Caracterizam-se por uma regulação específica a fim de punir atitudes de violência e deslealdade. Podem ser citados exemplos de lu- tas as brincadeiras de cabo de guerra e braço de ferro até as práticas mais complexas da Capoeira, do Judô e do Karatê (BRASIL, 1998)� Sobre a origem da dança, há indícios de que todos os povos, em todas as épocas dançavam� A dança sempre foi uma forma de linguagem humana, pois em todos os tempos o homem se comunicou através 23 de movimentos realizados mediante diversos ritmos� É através do corpo que o homem expressa senti- mentos, valores, conceitos etc� Uma das primeiras formas de expressão artística do homem, a dança é tão antiga quanto a própria vida humana� No período evolutivo, as primeiras manifestações de dança eram individuais e estavam relaciona- das ao nomadismo humano, pois as expressões de movimentos serviam também para garantir sua sobrevivência� Na crença de que o semelhante atrairia o seme- lhante através da imitação de animais e fenômenos da natureza ou pela conquista de parcerias, então o homem dançou para suprir suas necessidades mais imediatas, como alimento, condição climática e acasalamento (RIBEIRO, 2019)� Estudos arqueológicos que analisaram pinturas deixadas em rochas, em regiões como a França, Espanha, Itália e África do Sul, identificaram algu- mas características do modo de dançar do homem pré-histórico, em que predominavam os movimentos convulsivos e desordenados, mas também foram identificados movimentos de danças ligados a rituais religiosos� Quando o homem deixou de ser nômade, ocorreu uma mudança em sua forma de dançar� Ao se tornar um ser social, começou a realizar danças coletivas, com contato físico, realizadas em círculos ou colunas, caracterizando uma organização do grupo� Essas danças tinham o propósito de atrair forças superio- 24 res na busca pelo sucesso na caça, nas guerras, nas colheitas e também atrair a chuva (RIBEIRO, 2019)� No Antigo Egito, a dança era considerada sagrada, isto é, uma prática comum em rituais, pois o homem dançava acreditando que isso poderia exercer efeito sobre os fenômenos da natureza� Na Grécia, a dança também tinha essência religiosa, e os gregos acreditavam que dançar era um dom dos imortais. Grandes filósofos gregos acreditavam nos valores educacionais da dança, tanto para uma melhora relacionada à saúde e a aspectos físicos, quanto para o pensamento filosófico. Para os gregos, os deuses eram imortais, porém, possuíam características humanas que comanda- vam suas relações sociais e políticas. Assim, para a história da dança, isso significou uma transição da idolatria da força da natureza para a força humana, ao passo que a dança ritual se transformou em um entretenimento voltado ao teatro (RIBEIRO, 2019)� A dança na Grécia manifestava-se em diversos con- textos, como religiosos, educativos e de entreteni- mento, sendo que os movimentos eram realizados considerando seus significados, não somente pela execução muscular, o que verdadeiramente caracte- riza a dança como linguagem� Em Roma, diante do fato de a população ser formada na sua maioria por soldados, as danças mais pratica- das eram as guerreiras, que os soldados praticavam antes das batalhas, para o deus da guerra� 25 No período do Baixo Império em Roma, a dança foi desprezada e degradada aos poucos, bem como outras artes que valorizavam a reflexão, a expressão e a comunicação humana, pois nessa ocasião o pres- tígio romano foi direcionado às lutas de gladiadores e animais ferozes nas arenas (RIBEIRO, 2019)� Entretanto, no Renascimento, a dança voltou com o surgimento de uma nova atitude em relação ao dualismo cristão, em que os valores mundanos da vida e do corpo novamente se destacaram� Na Era Renascentista, as artes que estavam a serviço da Igreja passaram a significar símbolos de riqueza e poder� FIQUE ATENTO No período Renascentista (século 16), na Itália, dos cerimoniais da corte e dos divertimentos da aristocracia, nasceu o balé� Na Idade Média, o cristianismo não conseguiu apagar por completo o sentido pagão das danças populares� O carnaval tornou-se a festa mais popular diante do ponto de vista cultural e psicológico, funcionando como uma “válvula de escape”, para que o povo, du- rante os festejos, possa expandir seus sentimentos, podados no severo regime de servidão feudal e tu- telado pelo clero� Como exemplo dessa proibição, podemos citar a inquisição e a submissão de impe- radores e reis ao papa (DINIZ; SANTOS, 2010)� 26 Na era cristã, os tipos de danças de caráter religioso que estavam sob o domínio exclusivo dos sacer- dotes passaram também para o domínio do povo, transformando-se em manifestações populares. Assim, ocorreu uma transição da dança religiosa para a folclórica� Alguns registros históricos apontam que, na segunda parte da Idade Média, surge a figura do chamado “mestre de danças” o qual acompanha seus senhores nobres e, muitas vezes, possuía cargo de confiança. Com o tempo, o “mestre de danças” passou a ser um professor de boas maneiras e, então, a dança começou a fazer parte da educação de cavalheiros� São diversos os estilos de dança, sendo que cada grupo social possui uma identificação com deter- minado estilo, que vai das clássicas até as mais po- pulares� O balé clássico tem características mais conservadoras; por outro lado, o balé contemporâ- neo tem uma linguagem mais próxima da sociedade moderna� Além do balé, temos também o samba, funk, hip-hop, a dança de salão com suas diferentes categorias, como a valsa, o xote, o tango, o forró etc� (SILVA, 2016)� A dança brasileira tem uma grande influência africa- na, devido à chegada de africanos ao Brasil� Diversas danças africanas têm nome do instrumento musical que serve de acompanhamento, por exemplo, o ca- xambu, ou então têm o nome da cerimônia na qual acontecem, como o maracatu e a gongada� 27 A diversidade dos estilos de dança que encontramos no Brasil provavelmente tem relação com a influência dos diferentes povos que colonizaram o país, não só os africanos, mas também os italianos, alemães, ingleses e espanhóis� Alguns desses estilos foram assimilados ou alterados� As danças juninas (ou quadrilhas), por exemplo, contêm certas características relacionadas a um momento histórico no qual a sociedade era domi- nantemente rural; porém, essa dança tem origem no estilo quadrilhe, estilo muito dançado pela corte brasileira� A ginástica teve um papel importante para a sobrevi- vência do homem pré-histórico, devido à necessidade de atacar e defender-se� Dito de outra maneira, ao conhecermos a história da humanidade, fica claro que a ginástica como prática de exercícios físicos, assim como o atletismo, as lutas e danças também surgiram na Pré-História� A ginástica artística surgiu na Grécia Antiga, como uma forma de atividade física atlética; no Egito Antigo, como uma forma de entretenimento, as pes- soas realizavam acrobacias circenses nas ruas� Com o tempo, o homem percebeu que a prática regular da ginástica poderia desenvolver habilidades corpo- rais, como força e flexibilidade. Desse modo, o ser humano passou a utilizá-la no treinamento militar� A Grécia Antiga utilizou a ginástica para o treinamen- to militar; já em Roma, a utilização dessa modali- dade artística para treinamento foi desconsiderada, 28 e a ginástica acontecia apenas nas apresentações de circo� Segundo a evolução do homem, o exercício físico utilitário e sistematizado, ainda que de forma rudi- mentar, começou a acontecer como parte dos jogos, também nas comemorações festivas e nos rituais, sendo transmitido às gerações. Há registros sobre atividades envolvendo a ginástica como prática metódica de exercícios físicos, princi- palmente no Oriente (China, Japão, Índia), que datam cerca de 2600 a�C� Os exercícios físicos apareceram em várias formas de luta, na natação, no remo, no hipismo e na arte de atirar com o arco, além de figurar em jogos, rituais religiosos e preparação militar, habilidades como equilíbrio, força, flexibilidade e resistência eram muito valorizados� No Renascimento, artistas faziam culto ao corpo e às formas� Por conta disso, a prática da ginástica nas escolas passou a ser constante, a modalidade ganhou cada vez mais espaço� O ressurgimento da ginástica na Era Moderna acon- teceu por meio da arte. Porém, oficialmente, o sur- gimento da ginástica aconteceu apenas em 1811, quando o professor Friedrich Ludwig Jahn fundou em Berlim (Alemanha) o primeiro clube voltado somente à prática da ginástica� O educador também criou regras específicas, apa- relhos diferentes e um sistema de exercícios físicos 29 chamado Die Deutsche Turnkunst (em português, a arte gímnica), que até hoje é considerada a matriz na Ginástica Olímpica� Nessa mesma época, na Suécia, Pehr Henrik Ling apresentou um tipo diferente de ginástica, o qual envolvia um sistema baseado no exercício coletivo e seu intuito era desenvolver um ritmo perfeito de movimento� FIQUE ATENTO Tanto a ginástica criada por Friedrich Ludwig Jahn quanto os métodos utilizados por Pehr Henrik Ling foram utilizados no treinamento de militares� Em 1891, fundou-se a Federação Internacional de Ginástica (FIG), uma das entidades esportivas mais antigas do mundo� Cinco anos depois, a ginástica foi incluída no programa dos primeiros Jogos Olímpicos modernos, que aconteceram em Atenas (Grécia), assim, a evolução da ginástica como desporto acon- teceu rapidamente� A Ginástica Olímpica é atualmente um dos esportes mais populares� Diante da sua rápida evolução e po- pularização, essa modalidade tornou-se a rainha da FIG entre as demais práticas de ginástica. A Ginástica Olímpica, inicialmente uma modalidade esportiva masculina, tornou-se também um desporto feminino, 30 com grande destaque e um maior número de prati- cantes além de atletas mundialmente reconhecidas� A ginástica chegou ao Brasil por meio das organi- zações dos imigrantes alemães, que queriam prati- car a atividade da sua terra natal, por isso, criaram os chamados clubes de ginástica� Inicialmente, a ginástica tinha um caráter acrobático e valorizava prioritariamente a habilidade e a força� Entretanto, com o tempo, a ginástica também chegou às esco- las e, hoje, está inserida em diferentes formatos e atendendo a públicos diferentes� A ginástica envolve modalidades competitivas e não competitivas, como os alongamentos� É uma série de movimentos que envolvem força, flexibilidade e coordenação motora� Pode-se dizer também que é o conjunto de exercícios corporais sistematizados, realizados no solo ou com auxílio de aparelhos que podem ser aplicados com diversos objetivos, entre os quais citamos o educativo, competitivo, terapêu- tico etc� Lembrando que a ginástica também pode transitar em momentos durante a realização de um jogo, dan- ça, esporte e nas lutas� Entre os diversos tipos de ginástica, podemos citar as ginásticas de condicio- namento físico, ginásticas de competição, ginástica laboral etc� Para uma compreensão mais abrangente sobre a definição de alguns dos diversos tipos de ginástica, observe o Quadro 1: 31 Ginástica de condicionamento físico Modalidades que objetivam a aquisição ou a manutenção da condição física, como ginásti- ca localizada, hidroginástica, ginástica funcional etc� Ginástica de competição Modalidades competitivas que obedecem às regras de acordo com as orientações de uma fede- ração, como, ginástica artística ou olímpica, ginástica rítmica etc� Ginástica laboral Ginástica realizada em ambien- te corporativo, com o propósito de minimizar os impactos provocados pelos esforços repetitivos realizados durante as atividades laborais� Tabela 1: Fonte: Elaborado pela autora (2020). Existem ainda as ginásticas utilizadas em terapias de reabilitação, no tratamento de doenças, ginástica para conscientização corporal, enfim, são diversos os tipos de ginástica e várias inovações estão vin- culadas a cada época, muitas vezes incentivadas pelos modismos� 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste e-book, conhecemos como o homem pré-his- tórico praticava atividade física, como uma forma de sua luta pela sobrevivência, na necessidade de dominar a natureza, na busca por alimento e moradia, ou seja, o ser humano era obrigado a correr, saltar, lutar, lançar, nadar etc� Estudamos também que, conforme o homem foi con- seguindo dominar o ambiente hostil onde habitava, ele passou a práticas que envolviam a atividade física com o propósito utilitário, guerreiro, ritualístico ou recreativo, não somente por razões de sobrevivência. Com isso, identificamos o quanto a evolução da humanidade é capaz de interferir e modificar com- portamentos, inclusive os que envolvem hábitos da prática relacionada à atividade física� Por fim, conhecemos a origem do esporte e sua his- tória nos diferentes momentos históricos, além da origem e evolução de algumas das diversas moda- lidades esportivas� Dessa maneira, fomos capazes de analisar qual é o papel social e cultural ao longo dos tempos desse fenômeno social de grande repre- sentatividade chamado esporte� 33 Referências Bibliográficas & Consultadas BARBANTI, V� J� et al� Esporte e atividade física, interação entre rendimento e qualidade de vida� São Paulo: Manole, 2002 [Biblioteca Virtual]. BARBOSA, C� L� A� Ética na educação física� Petrópolis: Vozes, 2013 [Biblioteca Virtual]. BRASIL� SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares nacio- nais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arqui- vos/pdf/fisica.pdf. 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TUBINO, M� J� G� Esporte e cultura física� São Paulo: Ibrasa, 1992. http://www.ub.edu/mastergeed/wp-content/uploads/2018/10/WORLDWIDE_SURVEY_OF_FITNESS_TRENDS_FOR_2019.6.pdf http://www.ub.edu/mastergeed/wp-content/uploads/2018/10/WORLDWIDE_SURVEY_OF_FITNESS_TRENDS_FOR_2019.6.pdf _GoBack INTRODUÇÃO RELATOS HISTÓRICOS DA ATIVIDADE FÍSICA SURGIMENTO DAS MODALIDADES ESPORTIVAS: CONTEXTO HISTÓRICO E SOCIOCULTURAL Origem de algumas modalidades esportivas Lutas e artes marciais CONSIDERAÇÕES FINAIS Dimens-es-Socioculturais-Hist-ricas-e-Filos-ficas-da-Educa-o-F-sica-e-do-Esporte-2021-Mar-01_14-13-40/viewer/files/PDFs/E2_DSHF.pdf E-book 2 Giovana Fernandes DIMENSÕES SOCIOCULTURAIS, HISTÓRICAS E FILOSÓFICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 ORIGEM DOS JOGOS OLÍMPICOS ���������4 JOGOS OLÍMPICOS DA ERA MODERNA: EVOLUÇÃO E PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS �����������17 CONSIDERAÇÕES FINAIS ���������������������� 35 2 INTRODUÇÃO Neste e-book, vamos entender a origem dos Jogos Olímpicos, voltando à Antiguidade, na Grécia Antiga, onde tudo começou. Vamos conhecer algumas teo- rias que explicam como nasceu esse grande evento esportivo, quais eram as provas realizadas nessa grande competição, como os atletas se preparavam e como eram as instalações do local onde aconteciam. Os Jogos Olímpicos, durante muito tempo, foram o principal acontecimento relacionado à cultura na Grécia Antiga. Contudo, com o passar do tempo, o grandioso evento esportivo acabou. Por isso, vamos conhecer algumas versões que explicam as possíveis razões que levaram os Jogos Olímpicos da antigui- dade a entrar em decadência. Vamos compreender também todo o processo de reinvenção dos Jogos Olímpicos, movimento que foi idealizado pelo historiador francês Pierre de Coubertin. A história dos Jogos Olímpicos Modernos atravessou o século 20 cheia de altos e baixos e espalhou pelo mundo grandes transformações no universo dos esportes. 3 ORIGEM DOS JOGOS OLÍMPICOS Neste tópico, o tema é a origem dos Jogos Olímpicos. Vamos entender como o surgimento deste evento esportivo mantém uma estreita ligação com as ra- zões de cunho religioso. Vamos compreender ainda a importância e o prestígio que o evento tinha para a sociedade grega, isto é, de que maneira aconteciam seus preparativos, desde a organização até as prepa- rações dos atletas, as instalações onde aconteciam e de que maneira as provas eram disputadas. Figura 1: Deuses e heróis olímpicos. Fonte: Designed by macrovector / Freepik. A origem dos Jogos Olímpicos é sempre muito dis- cutida, apresentando-se pelas diversas versões e teorias explicadas pelos historiadores. Um dos mitos relacionados à origem dos Jogos Olímpicos é que 4 https://image.freepik.com/vetores-gratis/deuses-gregos-antigos-2-figuras-de-desenhos-animados-horizontais-conjuntos-com-dionysus-zeus-poseidon-aphrodite-apollo-athena_1284-27795.jpg https://image.freepik.com/vetores-gratis/deuses-gregos-antigos-2-figuras-de-desenhos-animados-horizontais-conjuntos-com-dionysus-zeus-poseidon-aphrodite-apollo-athena_1284-27795.jpg teriam surgido a partir das corridas de carruagem, em que Pélope (que deu nome a Peloponeso) teria saído vitorioso de uma dessas corridas e, com isso, conquistado a mão da princesa Hipodâmia. De fato, antigas evidências apontam para o prestígio e a importância das corridas de carruagem. Entre as incertezas sobre a origem dos Jogos Olímpicos, é unânime o fato de que suas origens mantêm uma relação estreita com a junção de exercício físico com religião. Os gregos acreditavam que o corpo tem a mesma importância que o intelecto e o espírito, assim, a melhor maneira de honrar Zeus (Figura 2) seria cuidando do corpo e da mente. Diante dessa estreita ligação com o culto aos deuses, entende-se que a origem dos Jogos Olímpicos possui razões de cunho religioso. Figura 2: Zeus. Fonte: Pixabay. 5 https://cdn.pixabay.com/photo/2013/07/12/13/25/zeus-146991_960_720.png SAIBA MAIS Saiba mais sobre o culto heroico, consultan- do, Culto heroico, cerimonias fúnebres e a ori- gem dos Jogos Olímpicos, de Haiganuch Sarian (1996/1997), que será importante para seus es- tudos, pois trará novos conhecimentos sobre as teorias que envolvem a origem dessa grande e importante competição atlética. As competições esportivas aconteciam em santuá- rios próximos aos templos e, em geral, realizavam-se por ocasião de festas religiosas, conforme ocorreram nas cidades gregas de Olímpia, Delfos, Nemeia e Istmo de Corinto. Nessa época, a Grécia não existia enquanto um país, e sim como uma região com cidades independentes entre si, mas que mantinham uma cultura comum. Essas cidades viviam em guerra; porém, no período dos Jogos, estabelecia-se uma trégua que era co- mumente respeitada por todos. Sobre a origem das modalidades de jogos, acredi- ta-se que muitas delas passavam por instituições divinas e heroicas. Apolo teria sido o inventor do pugilato; Zeus teria instituído a luta a partir de uma disputa com seu pai, Cronos; Jasão teria inventado o pentathlon, que envolve os cinco jogos mais fa- mosos da Antiguidade: corrida, arremesso de disco, lançamento de dardo, salto e luta. Quanto à corrida, existem duas versões: uma considera que teria sido 6 uma instituição de Apolo; outra que acredita que foi uma invenção de Héracles. Célebres festivais atléticos Pan-Helênicos eram rea- lizados na Antiga Grécia. A seguir, vamos conhecer alguns: ● Jogos píticos: considerados o segundo evento atlético mais importante, aconteciam a cada quatro anos em Delfos, onde havia um santuário com locais para a prática de atividade física. Esses jogos tive- ram uma grande importância não somente pelo seu caráter atlético, mas também pelo seu valor artístico. ● Jogos ístmicos: aconteciam no Istmo do Corinto, um dos principais centros comerciais do mundo antigo. A origem desses jogos é também cercada de diversas versões que se confundem, porém, sabe-se que além das disputas atléticas e artísticas os jogos tiveram uma famosa competição de pintura, devido ao relevante papel que o Corinto exercia sob a arte. ● Jogos nemeus: aconteciam em Nemeia, uma pe- quena vila localizada no Nordeste da Península do Peloponeso. A origem dos Jogos nemeus envolve duas versões muito diferentes, porém, com base nelas, fica claro que tinham um forte caráter fúne- bre. A programação do evento envolvia somente jogos atléticos, e sua primeira edição, após ter sido instituída a regularidade, foi registrada em 573 a. C, apesar de existirem algumas evidências que apontam a existência dos jogos desde 1251 a.C. 7 Todas essas competições tinham sua importância, porém, nenhuma se igualou aos Jogos Olímpicos, de Olímpia. Os Jogos Olímpicos eram a grande festa do mundo grego, e até unia cidades rivais. Sua popularidade foi de suma importância para fazer brotar nos gregos uma consciência de pertencer a uma só raça, falar uma mesma língua e de crer nos mesmos deuses, ocasio- nando a unificação e divulgação da cultura helênica. Os jogos aconteciam em Olímpia (Grécia Antiga), uma cidade banhada pelo rio Alfeu, que sediou por mais de um milênio os Jogos Olímpicos, o mais im- portante evento esportivo da Antiguidade. O Vale de Olímpia era considerado um lugar sagrado, neutro e inviolável, ou seja, não podia estar expos- to ao risco de guerras, pois muito mais do que um estádio, Olímpia era um lugar de culto, uma vez que a grande missão do santuário de Olímpia era a de representar, sacralizar, manter e honrar o espírito de competição. Os Jogos Olímpicos começaram a partir de 776 a.C., e essa data importante tornou-se uma referência para os gregos medirem o tempo. FIQUE ATENTO Há divergências sobre quando, de fato, os Jogos Olímpicos começaram. Por isso, Lima, Martins e Capraro (2009, p. 2-3) fazem um apanhado dos pontos divergentes: 8 Lee (1988) nos diz que, de acordo com as evidên- cias arqueológicas, é possível que tenham existi- do 27 jogos antes de 776 a.C., os quais não tinham grande significado. Já Mallwitz (1988), diretor ale- mão das escavações em Olímpia, acredita que os Jogos tiveram início no ano de 704 a.C. e eram re- alizados anualmente, sendo que somente em 680 a.C., passaram a ser quadrienais. Para Wacker (1996) a data de 776 a.C. pode ser um falso fato histórico criado na cidade de Elis, por uma série de razões. Ele argumenta que as descobertas realiza- das pelos arqueólogos demonstraram que o san- tuário de Olímpia foi aumentado por volta de 700 a.C. e que não existiam evidências da existência de atividades competitivas antes desse período. A cada quatro anos, era realizada uma Olimpíada que, inicialmente, durava um dia. Com o tempo, passou a durar uma semana. Acontecia no final do mês de julho, em agosto ou no início de setembro, sempre após o solstício de Verão, na segunda ou na terceira lua cheia, e assim que a data fosse definida, um co- municado era enviado para que as cidades gregas fossem avisadas. Os preparativos começavam um ano antes do evento, pois os templos e estádios eram preparados, as pis- tas precisavam ser niveladas, dentre outros reparos. O santuário de Zeus, onde aconteciam os Jogos, possuía templos, altares, complexos desportivos, ginásio, piscinas, estádio, hipódromo e um grande teatro. 9 O núcleo de Olímpia era um bosque sagrado cha- mado Áltis, de onde eram retirados os ramos de oliveira para a premiação dos atletas vencedores. Posteriormente, os atletas, ao se profissionalizarem, passaram a receber prêmios em dinheiro. O ginásio tinha locais específicos para a realização das provas de saltos e arremessos, pista de corrida, local para massagens, banhos e local para os espec- tadores. Com o tempo, o lugar foi incrementado com melhorias, por exemplo, a construção de um palácio, termas e uma grande fonte, além de todo local ser adornado com cerâmica e esculturas de deuses, atle- tas vencedores e de outras pessoas consideradas importantes nas várias épocas. As competições dos Jogos Olímpicos eram dividi- das em: ● gimnicas: provas realizadas no estádio, de acordo com a idade dos atletas (adultos ou adolescentes); ● hípicas: provas realizadas no hipódromo. Somente homens podiam participar das competi- ções, além disso, os atletas deveriam seguir regras rígidas, sob o risco de severas punições quando não respeitadas. Os atletas começavam a treinar por vol- ta de dez meses antes dos jogos, e com a mesma antecedência eram definidos os juízes. Um mês antes do início do evento, os atletas e ju- ízes tinham de ir a Olímpia para que lá os atletas pudessem treinar sob a orientação dos juízes. Os que não estivessem em condições, ou seja, não 10 apresentassem boa forma física, acabavam sendo desclassificados. SAIBA MAIS Algumas curiosidades sobre os atletas: Os atletas se exercitavam nus, por acreditar que a nudez facilitava os movimentos, bem como em virtude ao culto ao corpo, que era muito valoriza- do pelos gregos. Os competidores passavam, no corpo, óleo e areia no intuito de regular a tempe- ratura do corpo, proteger-se do Sol e proteger-se das punições do treinador, ocasionadas quando eles não realizavam corretamente os exercícios. Ao término das provas, os atletas usavam um instrumento curvo chamado de strigilis, para re- mover o azeite e a areia da pele, além de esponja e água. Após os treinos, os atletas podiam des- cansar, tomar banho e fazer massagem. Por mui- to tempo, a alimentação dos atletas durante os ciclos de treinos era somente vegetariana. Tanto o culto ao corpo quanto o culto à mente eram valorizados, pois um atleta completo era aquele que dominava diversas áreas do conhecimento. Além da hereditariedade, a educação da mente era conside- rada muito importante. Na época, já existiam muitos conceitos relacionados a conhecimentos sobre o treino de atletas, repouso e alimentação adequada. 11 Ao se aproximar o início dos jogos, começavam a chegar os que iriam assistir ao evento e as famílias dos atletas, príncipes, viajantes, peregrinos, comer- ciantes, pessoas ilustres, pessoas humildes etc. Todos ficavam instalados em tendas localizadas nas proximidades da área esportiva. Ir aos jogos significava tanto um divertimento quanto uma peregrinação, visto que naquela época não era nada fácil viajar por terra ou mar, porém, milhares de pessoas faziam esse grande esforço para assistir aos jogos. Os Jogos Olímpicos seguiam um ritual: no primeiro dia, era oferecido um sacrifício ao deus, e os atletas e juízes participavam de uma cerimônia na qual fa- ziam um juramento de lealdade perante a estátua de Zeus. Em seguida, começavam as provas e sempre os jogos iniciavam e findavam com festas homena- geando os deuses. Podemos notar que algumas características e tradi- ções dos jogos da Antiguidade são mantidas até os dias de hoje, pois nos Jogos Olímpicos realizados na atualidade são igualmente realizadas as cerimô- nias de abertura, o juramento olímpico, a entrada dos atletas no estádio, algumas provas como as corridas, lutas, dentre outras e também as cerimônias de con- sagração dos vitoriosos. Entre as provas que eram disputadas nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, algumas são as corridas, corrida com armas (escudo), pugilato, pancrácio e pentatlo (salto, lançamento de disco, lançamento de 12 dardo, corrida e luta), que eram realizadas no está- dio, e as corridas de cavalos e corridas de carros de cavalos, que eram realizadas no hipódromo. SAIBA MAIS Fique por dentro de algumas regras e curiosida- des sobre as provas disputadas nos Jogos Olím- picos na Grécia Antiga. Luta: para ser vencedor, era preciso provocar a queda do adversário por três vezes, sendo carac- terizada a queda quando costas, ombros ou peito do adversário tocasse o chão. A luta não tinha um tempo limite, não era permitido atacar com mordidas nem a zona genital. Pugilato: só era permitido usar os punhos, visto que os dedos ficavam envolvidos em tiras de cou- ro. O jogo só acabava quando um dos atletas fi- cava em estado inconsciente ou quando alguém sinalizava desistência. Pancrácio: era um misto de luta e pugilato em que tudo era permitido, só não enfiar o dedo nos olhos do adversário, arranhar, morder ou atacar a região genital. Pentatlo: envolvia cinco provas, como lança- mento do disco, do dardo, salto em distância, corrida de 200 metros e luta. O disco podia ser de pedra, ferro ou bronze e pesava 9,5 kg. O dar- do era feito de madeira. O atleta que vencesse 13 as três primeiras provas não precisava realizar as duas últimas. O ponto alto desse grande evento esportivo era a distribuição dos prêmios, não pelo seu valor intrínse- co, mas por toda honraria, pois os vencedores eram reconhecidos por toda a Grécia como grandes heróis. Nas competições desportivas, nunca houve entre os atletas outras ambições que não fosse as do triunfo, uma vez que a performance característica do des- porto moderno ainda não existia naqueles tempos, além de não haver o conceito de recorde. Com isso, o que realmente importava era ser o melhor.
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