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E-book 4 Giovana Fernandes DIMENSÕES SOCIOCULTURAIS, HISTÓRICAS E FILOSÓFICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL�������������� 5 LICENCIATURA E BACHARELADO: DIFERENÇA �������������������������������������������������15 DIRETRIZES GERAIS PARA EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS �����20 Atividades rítmicas e expressivas ����������������������� 30 Conhecimento o corpo ����������������������������������������� 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS ���������������������� 35 2 INTRODUÇÃO Neste e-book, estudaremos em que contexto ocor- reu a regulamentação da Educação Física no Brasil� Com isso, compreenderemos de que modo o desejo pela regulamentação do exercício profissional na área da Educação Física tornou-se uma realidade, descobrindo quem foram os idealizadores desse sonho e quando de fato a proposta foi aprovada pelo Congresso Nacional, vindo a ser sancionada a Lei n� 9696 de 1 de setembro de 1998� A partir disso, criou-se o Conselho Federal de Educação Física (Confef) com a responsabilidade de orientar e fiscalizar o exercício das atividades dos profissionais de Educação Física. Compreenderemos quem pode ou não atuar na área da Educação Física e qual foi a atitude tomada pelo Confef perante aqueles que trabalhavam na área sem a devida formação antes da vigência da Lei n� 9696/1998� Conheceremos, ainda, quais são as competências e as áreas em que o profissional de Educação Física regulamentado possui licença para atuar� Nesse sentido, seremos capazes de identificar as diferenças entre licenciados e bacharéis, entendendo as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), que atribuíram uma diferente configuração ao esta- belecer especificações relacionadas à licenciatura e ao bacharelado� 3 Por fim, compreenderemos as diretrizes que regem a Educação Física e os Desportos, ao conhecer os documentos que orientam o desenvolvimento desta disciplina nas instituições de ensino. 4 REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL Neste tópico, estudaremos como se iniciou a luta pela regulamentação da Educação Física no Brasil, como se criou o Conselho Federal de Educação Física (Confef), instituição responsável por orientar e fis- calizar o exercício das atividades dos profissionais de Educação Física, e quais são os direitos e as res- ponsabilidades desses profissionais. O desejo pela regulamentação do exercício profissio- nal na área da Educação Física iniciou-se entre as décadas de 1940 e 1950� Entretanto, foi somente em 1984 que se redigiu o documento que numerava as diretrizes para uma nova Educação Física brasileira� Essa iniciativa partiu de um grupo de intelectuais atuantes que estava reunido em Belo Horizonte (MG), em decorrência de um congresso� Aconteceram grandes encontros entre professores de Educação Física em prol dessa causa� Um de- les ocorreu em 1989, durante os Jogos Escolares Brasileiros, nos quais os profissionais emitiram um documento que norteava uma proposta para um es- porte comprometido com a educação� Também houve três encontros internacionais, que foram muito significativos para a Educação Física: ● World Summit on Physical Education, em Berlim, que levantou a questão da necessidade de uma 5 Educação Física de qualidade com base na sua im- portância para a sociedade; ● 3º Encontro de Ministros e Responsáveis pelo Esporte e Educação Física, em Punta del Este, que definiu as diretrizes para as ações governamentais direcionadas a favor da Educação Física e do esporte; ● Congresso Mundial da Federação Internacional de professores de Educação Física (Fiep), realizado em Foz do Iguaçu (PR), evento em que foi lançado o Manifesto Mundial FIEP de Educação Física 2000, o qual ressignificou o conceito de Educação Física, evi- denciando seu compromisso com importantes ques- tões da humanidade: exclusão social, meio ambiente, inclusão de pessoas com necessidades especiais etc� O evento se preocupou também com a importância em estabelecer relações entre Educação Física e outras áreas (ciência, lazer, cultura, turismo etc�)� Em 1998, os professores de Educação Física que atuavam politicamente junto a autoridades políticas e empresariado do ramo educacional apresentaram um projeto de lei com o propósito de legalizar a categoria dos profissionais de Educação Física. Após décadas de luta, em 1 de setembro de 1998, a Lei n� 9696 foi aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República� Assim, o sonho dos professores de Educação Física, que acreditaram e lutaram em prol da causa, foi então concretizado� Nesse sentido, criou-se o Confef também em 1998� Trata-se de uma entidade civil sem fins lucrativos que orienta e fiscaliza o exercício das atividades dos 6 profissionais de Educação Física. O objetivo desse Conselho é o de regulamentar o exercício desses profissionais, designando o Profissional de Educação Física como o único a ter uma licença para atuar na área, visto que o profissional deve estar regularmente registrado nos Conselhos Regionais de Educação Física (Cref)� Em outras palavras, somente poderão operar os pro- fissionais devidamente registrados nos Cref, sendo que o critério de ingresso no exercício profissional fica sob a responsabilidade de fiscalização e poder de decisão do Conselho� Toda essa movimentação resultou no surgimento da ideia primordial de estabelecer quem poderia ou não atuar na área da Educação Física, sob o argumento de proteger o mercado de trabalho dos profissionais da área, já que pessoas sem uma formação adequa- da atuavam nas diferentes áreas da Educação Física� O fato de haver profissionais sem formação atuando no mercado de trabalho comprometia as aulas de Educação Física, pois as atividades desenvolvidas tinham baixa qualidade� FIQUE ATENTO O papel do Confef é garantir à sociedade que o direito constitucional de ser atendida na área de atividades físicas e esportivas seja exercido por profissionais de Educação Física. Seus va- lores são: Tradição, Legitimidade, Comprome- timento, Cooperação, Tolerância, Democracia, 7 Saber profissional, Responsabilidade social e Solidariedade� Um ponto polêmico muito discutido quanto à re- gulamentação do exercício profissional na área da Educação Física é como proceder com relação àque- les que trabalhavam na área sem a devida formação antes da vigência da Lei n� 9696/1998� Assim, foi definido no seu artigo 2 que apenas serão inscri- tos nos Conselhos Regionais de Educação Física os profissionais que tiverem diploma reconhecido dos cursos de Educação Física e os que, até a data do início da vigência da lei, tenham comprovado o exercício em atividades próprias dos Profissionais de Educação Física conforme termos estabelecidos pelo Confef� Dessa forma, fica claro que apenas os profissionais com diploma autorizado de Educação Física podem ser aceitos como profissionais regulamentados, além de ser possível também que os profissionais que já exerciam atividades características dos profissionais de Educação Física, antes da promulgação, rece- bessem do Confef uma autorização, com algumas particularidades, para trabalharem com atividades que já realizavam anteriormente� Essa solução (descrita no inciso 3 do artigo 2) está correta do ponto de vista jurídico, pois possibilita a transição de um estado jurídico a outro, respeita o direito adquirido que é constitucionalmente assegu- rado, além de promover uma adaptação daqueles 8 que exerciam as atividades profissionais sem terem conhecimentos formais sobre o assunto� FIQUE ATENTO Entre as resoluções editadas pelo Confef e dire- cionadas aos profissionais que atuavam na área da Educação Física sem formação, está a Re- solução 045/2002, determinando qual deve ser a frequência em programas desenvolvidos pelo Conselho Regional de Educação Física (Cref) em parceria com as Instituições de Ensino Superior, comênfase em conhecimentos pedagógicos, éti- cos e científicos, assim como na responsabilida- de no exercício profissional. O curso envolve se- minários e a participação em eventos esportivos� Se, por acaso, uma pessoa sem a devida formação estiver exercendo a profissão, ela pode responder por exercício irregular de profissão; caso esteja vincula- da a um estabelecimento, este também responderá subsidiariamente� Após determinar qual entidade ficaria responsável pela regulamentação profissional, o legislador des- creveu as competências e áreas em que o profissio- nal regulamentado teria licença para atuar� Assim, no artigo 3 consta que “compete ao Profissional de Educação Física coordenar, planejar, programar, super- visionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e assesso- 9 ria, realizar treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto”� O Confef dispôs sobre a Intervenção do Profissional de Educação Física, através da Resolução n� 046/2002, determinando que esse profissional é apto a atuar em atividades físicas, nas suas diversas ma- nifestações (ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, ativida- des rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios etc.), fican- do responsável por prestar serviços que propiciem o desenvolvimento da educação e da saúde� O profissional que descumprir o determinado no Código de Ética (art� 12) será punido com advertência escrita, com ou sem aplicação de multa; censura públi- ca; suspensão do exercício da profissão; cancelamento do registro profissional e divulgação do fato. Entre as competências do Confef, inicialmente, questionou-se sobre a responsabilidade da entidade em regular as atividades dos professores da área escolar� No en- tanto, no artigo 2 da Resolução 46/2002, referente à especificação profissional, encontra-se descrito sobre a regência/docência em Educação Física� Cabe, portanto, ao profissional identificar, planejar, programar, organizar, dirigir, supervisionar e lecionar conteúdos da Educação Física em todos os níveis de ensino (básica, infantil, médio e superior)� 10 A Resolução n. 23/2000 descreve a regulação, fisca- lização e orientação dos profissionais e das pessoas jurídicas que ofereçam atividades físicas, desportivas e similares, estabelecendo finalidades e atribuições. Determina ainda que empresas estejam registradas nos Cref da jurisdição, conforme previsto no inciso 4, do artigo 56, do Estatuto do Confef� De acordo com Confef, as empresas prestadoras de serviços em atividades físicas, desportivas e simila- res têm o dever legal de garantir que as prestações desses serviços aconteçam sob a responsabilidade de um profissional de Educação Física devidamente qualificado e registrado no Conselho. Se, por acaso, a empresa vier a contratar profissionais não regula- mentados, pode ser punida com advertência escrita, multa, censura, suspensão e proibição de atuar, sem prejuízos de outras sanções cabíveis. No que diz respeito à ampliação das áreas de atua- ção da Educação Física, é um assunto causador de muita polêmica� Houve uma manifestação contrária a isso, principalmente por parte dos profissionais da dança, que se posicionaram contrários à colocação da dança como área privativa da Educação Física, alegando que o Confef não tem competência para legislar, fiscalizar e orientar outra categoria profissio- nal que não está agregada por lei à sua área. Aliás, não só os profissionais da dança se manifestaram contrários à obrigação de se subordinarem ao Confef, como também os profissionais envolvidos com ioga, artes marciais etc� 11 O Confef posiciona-se fazendo referência à ativida- de física como qualquer movimento humano� Logo, dança, ioga e lutas são consideradas atividades físi- cas� Porém, na dança a atividade física é apenas um meio para uma expressão artística, a ioga é definida como uma atividade que envolve exercícios princi- palmente respiratórios e de concentração, e as artes marciais, embora envolvam movimentos corporais, têm ensinamentos teóricos que consolidam a forma como o artista marcial deve se comportar perante diferentes situações. Assim, resguardados por tais argumentos, esses profissionais não se submetem à supervisão do Cref, ainda que a decisão não esteja de acordo com o posicionamento do Confef� Trata-se de uma decisão em conformidade com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ)� REFLITA Uma professora de zumba natural do estado do Mato Grosso foi autuada pelo Conselho Regional de Educação Física de São Paulo por atuar sem diploma� A professora acionou a Justiça Federal e conseguiu uma liminar para continuar dando suas aulas de zumba� Professores de dança não precisam ter formação em Educação Física, pois suas atividades são consideradas artísticas e cul- turais. Entretanto, o Conselho profissional recor- reu, sob a alegação de que as aulas oferecidas sob a certificação da marca Zumba Fitness são 12 aulas de ginástica aeróbica, por isso, deveriam ser ministradas por um profissional de Educação Física para garantir a segurança dos estudantes� Diante do exposto, você acredita que as diversas modalidades de dança fitness, como Zumba, Fit dance, Power dance etc�, por serem praticadas no intuito de condicionamento físico, devem ser ministradas por profissionais de Educação Físi- ca registrados no Conselho da classe de acordo com a Lei n� 9�696/1998? No que diz respeito à exigência do Cref para profissio- nais que atuam como professores, foi determinado por uma liminar que não precisam da regulamenta- ção, considerando ser suficiente para a prática da do- cência um diploma expedido por uma instituição de ensino superior� Assim, foi editada uma lei estadual em São Paulo, em seu Artigo 2 consta que “Somente profissionais devidamente habilitados, portadores de licenciatura plena em educação física, podem ministrar a disciplina de Educação Física”� Estabeleceu-se, com isso, a exclusão do registro e da fiscalização por parte do Confef: a) dos professores habilitados, registrados e ad- mitidos ao trabalho na forma de legislação de ensi- no vigente, desde que exerçam somente atividades docentes; b) dos mestres, instrutores e monitores de inicia- ção e especialização desportiva e da cultura física 13 credenciados, registrados e fiscalizados por suas federações e confederações; c) não são consideradas atividades de Educação Física, para os efeitos desta lei, as formas de expres- são referidas à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasilei- ra, isto é, os profissionais de danças, artes marciais, ioga, capoeira, circo etc� 14 LICENCIATURA E BACHARELADO: DIFERENÇA Neste tópico, identificaremos as diferenças exis- tentes entre as configurações dos currículos dos cursos de licenciatura e bacharelado em Educação Física. Conheceremos quais são as especificações de cada formação, segundo as novas Diretrizes Curriculares Nacionais, em seguida, quais são as diferenças relacionadas ao campo de atuação no mercado de trabalho� A formação inicial em Educação Física passou por diversas transformações nos últimos anos, em fun- ção das novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), que a partir de uma reestruturação curricular atribuiu uma diferente configuração ao estabelecer as especificações relacionadas à licenciatura e ao bacharelado� De acordo com as DCN, no tocante às Resolução CNE/CP n� 1 e a n� 2 de 2002, os currículos dos cur- sos de licenciatura precisam considerar conheci- mentos das diferentes etapas da educação básica, preocupando-se também com questõesculturais, sociais e econômicas; conhecimentos sobre o de- senvolvimento humano e a própria docência� No que diz respeito à carga horária, a resolução determina que sejam cumpridas, ao menos, 2800 horas dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, incluindo o curso de licenciatura 15 em Educação Física, sendo que 400 horas devem ser destinadas a atividades práticas como compo- nente curricular e devem ser cumpridas ao longo do curso� Essas 400 horas de estágio curricular su- pervisionado devem ser cumpridas a partir da se- gunda metade do curso; 1800 horas para os conte- údos curriculares e 200 horas para outras atividades acadêmico-científico-culturais. Quanto aos currículos dos cursos de bacharelado em Educação Física, segundo a Resolução CNE/CES n� 7/20043, devem atender às demandas da formação ampliada e específica: ● A formação ampliada envolve os conhecimentos relacionados ao ser humano e à sociedade (Biologia do corpo humano, produção de conhecimentos cien- tíficos e tecnológicos), com vistas a proporcionar uma formação cultural abrangente que contribua po- sitivamente para a ação profissional, estabelecendo um diálogo com as demais áreas do conhecimento� ● A formação específica abrange os conhecimentos de Educação Física, as dimensões relacionadas à cultura do movimento humano, técnico-instrumental e didático-pedagógica, com vistas a qualificar o pro- fissional de Educação Física conforme os campos de intervenção� A carga horária mínima do curso de bacharelado em Educação Física, segundo a Resolução CNE/CES n� 4/20098, são 3200 horas, considerando que estágios e atividades complementares excedam 20% da carga 16 horária total do curso junto com a prática como um componente curricular, sem dissociar teoria e prática� Assim, diante das mudanças nas Diretrizes Curriculares no que diz respeito à formação na área da Educação Física, podemos entender que os cursos de licenciatura e bacharelado devem ser estrutura- dos como representações de campos de atuação diferentes, para que possam oferecer uma formação com características próprias� De acordo com Oliveira (2005), a nova configuração da área oferece maior satisfação aos anseios dos futuros participantes dos cursos, pois desde o início eles poderão estar mais próximos das estruturas de intervenção que escolheram, tanto no que se refere à licenciatura quanto ao bacharelado. As disciplinas das matrizes curriculares dos projetos pedagógicos devem caracterizar os cursos de licen- ciatura e bacharelado, não apenas pela nomenclatura, mas pelos objetivos, ementas, referenciais, discus- sões estabelecidas em sala de aula e carga horária em conformidade com as áreas de conhecimento� Para uma compressão mais abrangente, resumi- damente, a licenciatura forma professores aptos a atuar em diferentes etapas da educação básica, como componente curricular Educação Física� O ba- charelado, por sua vez, qualifica o estudante, futuro profissional, para intervir na sociedade por meio das diferentes manifestações da atividade física e es- portiva, incutindo na sociedade a busca pela adoção 17 de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável, estando impedido de atuar na educação básica� A Resolução CNE/CSE 7/2004 distingue as forma- ções entre bacharel e licenciado, uma vez que esta- belece que O Professor da Educação Básica, licenciatura plena em Educação Física, deverá estar qua- lificado para a docência deste componente curricular na educação básica, tendo como referência a legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como as orienta- ções específicas para esta formação tratadas nesta Resolução. Com isso, quem deseja atuar como professor de Educação Física na educação básica deve estar ciente de que precisa buscar o curso de licenciatura; quem deseja atuar nos demais nichos do mercado de trabalho específico da Educação Física deve procurar cursos de bacharelado� É preciso que a informação fique muito clara para o estudante, pois quem tiver formação em curso de licenciatura não poderá atuar na área do formado em curso de bacharelado e vice-versa, uma vez que são formações diferentes, e isso implica intervenções profissionais diferentes também. 18 SAIBA MAIS A maioria dos estudantes do curso de Educação Física optava, inicialmente, pela licenciatura� Du- rante muito tempo, essa opção foi uma tradição, mas na última década vem crescendo a procura pelo bacharelado� Dentre os motivos que estão levando os estudantes a buscarem o bacharela- do, certamente encontramos o fato de ser uma carreira com considerável aumento do número de vagas no mercado de trabalho, devido à gran- de expansão das academias de ginástica e à legi- timação da educação física no campo da saúde� Saiba mais detalhes sobre a formação em Educação Física, mercado de trabalho, expansão da área, va- lorização do professor, grade curricular etc�, lendo a reportagem disponível em: https://g1.globo.com/ educacao/guia-de-carreiras/noticia/maioria-dos-di- plomas-em-educacao-fisica-sao-da-licenciatura-mas- -procura-pelo-bacharelado-tem-crescido-mais-veja-o- -raio-x.ghtml� 19 https://g1.globo.com/educacao/guia-de-carreiras/noticia/maioria-dos-diplomas-em-educacao-fisica-sao-da-licenciatura-mas-procura-pelo-bacharelado-tem-crescido-mais-veja-o-raio-x.ghtml https://g1.globo.com/educacao/guia-de-carreiras/noticia/maioria-dos-diplomas-em-educacao-fisica-sao-da-licenciatura-mas-procura-pelo-bacharelado-tem-crescido-mais-veja-o-raio-x.ghtml https://g1.globo.com/educacao/guia-de-carreiras/noticia/maioria-dos-diplomas-em-educacao-fisica-sao-da-licenciatura-mas-procura-pelo-bacharelado-tem-crescido-mais-veja-o-raio-x.ghtml https://g1.globo.com/educacao/guia-de-carreiras/noticia/maioria-dos-diplomas-em-educacao-fisica-sao-da-licenciatura-mas-procura-pelo-bacharelado-tem-crescido-mais-veja-o-raio-x.ghtml https://g1.globo.com/educacao/guia-de-carreiras/noticia/maioria-dos-diplomas-em-educacao-fisica-sao-da-licenciatura-mas-procura-pelo-bacharelado-tem-crescido-mais-veja-o-raio-x.ghtml DIRETRIZES GERAIS PARA EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS Neste tópico, estudaremos as diretrizes que regem a Educação Física e os Desportos, compreenden- do como essa disciplina deve ser trabalhada em ambiente escolar em todas as fases do ensino� Conheceremos também os documentos que auxi- liam escolas, equipes pedagógicas e professores na elaboração dos conteúdos e objetivos da Educação Física escolar� A Educação Física, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN n� 9�394/1996), é considerada um componente curricular obrigató- rio, assim, todos os estudantes da Educação Básica devem frequentar as aulas� Dentre as principais missões da escola, está a trans- missão de cultura e conhecimento� O conteúdo da Educação Física pode colaborar com a construção de um cidadão mais completo e consciente do seu papel na sociedade� Para que a Educação Física atinja seus objetivos, precisa acontecer segundo as diretrizes da educação brasileira� A primeira lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional surgiu em 1946, mas já passou por diver- sas reformulações. Na década de 1970, surgiu a Lei n� 5�692/1971� Ainda que tenha conservado alguns aspectos da lei anterior, aumentou a obrigatoriedade 20 escolar de quatro para oito anos de duração, bem como modificou a nomenclatura do ensino primário e do ensino médio, que passaram a se chamar ensino de 1º grau e ensino de 2º grau� Nas décadas de 1980 e 1990, o Brasil ampliou significativamente o acesso ao ensino fundamental obrigatório, aumentando o número de matrículas� Nos últimos tempos, houve um aumento da oferta do ensino médio e da educação infantil nos sistemas públicos, resultado da nova LDBEN, sancionada em 1996 (9�394/1996), que trouxe importantes mudan- ças, como a integração da educação infantil e do ensino médio como etapas da educação básica e também um paradigma curricular novo, segundo o qual os conteúdos oferecessemmeios para que os estudantes da educação básica desenvolvessem capacidades e competências, flexibilidade, descen- tralização e autonomia da escola associadas à ava- liação de resultados (BRASIL, 1996)� No tocante à Educação Física, estabeleceu-se que “a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos no- turnos” (BRASIL, 1996)� Dito de outra maneira, diante do fato de a educação básica abranger a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, fica claro que a Educação Física passa a ser exercida des- de as creches até a terceira série do Ensino Médio� 21 Dadas as determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n� 9�394/1996), no que tange à primeira etapa da educação básica (educa- ção infantil), as instituições de ensino devem recorrer ao Referencial Curricular Nacional (RCN), documento cujo objetivo é nortear os professores e as equipes pedagógicas na realização do trabalho destinado às crianças de 0 a 6 anos de idade� SAIBA MAIS O Referencial Curricular Nacional para a Educa- ção Infantil faz parte da série de documentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais elaborados pelo Ministério da Educação e do Desporto� Esse documento foi criado a partir de um amplo debate de abrangência nacional e representa importan- tes transformações na educação infantil. Acesse seus três volumes nos seguintes endereços: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_ vol1.pdf; http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/ pdf/volume2.pdf; http://portal.mec.gov.br/seb/ar- quivos/pdf/volume3.pdf. Para a Educação Infantil, o RCN é composto de três documentos: 1. Introdução� 2. Formação Pessoal e Social� 3. Conhecimento de Mundo, que é composto de seis documentos: Movimento, Música, Artes Visuais, 22 http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática� De acordo com o RCN, a presença do movimento na educação infantil é extremamente importante no processo de desenvolvimento das crianças, porém normalmente essas atividades são minis- tradas nas instituições de ensino pelos chamados professores polivalentes, não por profissionais de Educação Física� Essa situação se estabelece, porque o movimento muitas vezes é mal interpretado e desvalorizado nas creches e pré-escolas� No entanto, essa visão que ainda permanece em algumas instituições deve aca- bar definitivamente. Os conteúdos relacionados ao movimento devem obrigatoriamente fazer parte da rotina das institui- ções de educação infantil, por conta da importância da inserção de professores de Educação Física nesse nível de ensino que é reforçada para a melhoria da qualidade de ensino, uma vez que esses profissionais têm a devida qualificação para a função. O trabalho com o movimento na Educação Infantil deve contemplar a multiplicidade das funções e ma- nifestações do ato motor, proporcionando um amplo desenvolvimento dos aspectos específicos da mo- tricidade infantil, abrangendo atividades voltadas à ampliação da cultura corporal de cada criança, bem como à reflexão acerca das posturas corporais pre- sentes nas atividades cotidianas (BRASIL, 1998a)� 23 De acordo com o RCN, “a organização dos conteúdos, para o trabalho com movimento, deverá respeitar as diferentes capacidades das crianças em cada faixa etária, bem como as diversas culturas corporais pre- sentes nas muitas regiões” (BRASIL, 1998a, p. 15). Os conteúdos apresentados no RCN estão organi- zados em dois blocos: Expressividade e Equilíbrio e Coordenação� Para a melhor compreensão, segue a organização dos conteúdos segundo o Referencial Curricular Nacional representado na Tabela 1: Expressividade A expressividade subjetiva do movimen- to “deve ser contemplada e acolhida em todas as situações do dia a dia nas instituições de educação infantil, possi- bilitando que as crianças utilizem gestos, posturas e ritmos para se expressar e se comunicar”� Valoriza e estimula a intencionalidade e a criação na criança, fazendo gestos, modi- ficando e interpretando seus significados. Trabalha os conteúdos deste bloco com o envolvimento de atividades como brincadeiras de roda, mímicas, brincadei- ras de faz-de-conta, danças circulares, brincadeiras que envolvam o canto e o movimento ao mesmo tempo, priorizando as atividades que incentivem as crianças a explorarem os vários ritmos, espaços, movimentos, intensidades etc� 24 Equilíbrio e Coordenação Envolvem a valorização dos jogos mo- tores e as brincadeiras que estimulam a progressiva coordenação dos movimen- tos e o equilíbrio das crianças� Faixa etária de 0 a 3 anos: trabalhar com a exploração de diferentes posturas corporais, com a ampliação progressiva da destreza para deslocar-se no espaço e com o aperfeiçoamento dos gestos� Faixa etária de 4 a 6 anos: brincadeiras e jogos que envolvam correr, subir, escor- regar etc�; a manipulação de diversos materiais e objetos e a utilização dos recursos de deslocamento e das habilida- des básicas� Tabela 1: Organização do conteúdo segundo o RCN. Fonte: Adaptada de Brasil (1998a). O professor precisa estar atento à organização do ambiente em que as aulas acontecem, mas também à escolha dos materiais que serão utilizados, pois devem favorecer a descoberta e a exploração do movimento� De acordo com o RCN, o professor “deve refletir sobre as solicitações corporais das manifes- tações da motricidade infantil, compreendendo seu caráter lúdico expressivo” (BRASIL, 1998a, p� 39)� Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) foram elaborados pelo Ministério da Educação com o pro- pósito de nortear o trabalho dos professores das di- ferentes disciplinas do Ensino Fundamental e Médio, acrescentando qualidade ao ensino, objetivando for- mar estudantes mais participativos, críticos, autô- nomos e conhecedores dos seus direitos e deveres� Embora os PCN orientem o trabalho dos professores, é importante que se entenda que esses documentos 25 são flexíveis e devem ser adaptados considerando a realidade de cada região do Brasil� SAIBA MAIS Entre as propostas dos PCN, é importante que te- nhamos ciência de que tais documentos foram elaborados procurando respeitar as diversidades regionais, culturais e políticas características do nosso país, ao mesmo tempo, atentando-se à necessidade de construir referências nacionais comuns ao processo educativo em todas as re- giões brasileiras. Saiba mais estudando os docu- mentos sobre os ensinos fundamental e médio, acessando os seguintes endereços: http://portal. mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf; http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/intro- ducao.pdf; http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24. pdf. No que se refere à Educação Física no ensino funda- mental, as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais apontam para a importância da disciplina nesse nível de ensino, pois através dela os estudan- tes podem desenvolver diversas habilidades corpo- rais, tendo a oportunidade de participar de ativida- des como jogos, esportes, lutas, ginástica e dança desenvolvendo a expressão de sentimentos, afetos e emoções. 26 http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/introducao.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/introducao.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf Os PCN propõem a democratização, humanização e diversificação das práticas pedagógicas da área da Educação Física, buscandoampliar a visão somente biológica, para um trabalho que leva em conta as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos estudantes, uma vez que a Educação Física deve ser compreendida como uma cultura corporal, ou seja, como conhecimentos e formas de expressão que se modificam ao longo do tempo (BRASIL, 2001). Ao considerarmos as transformações pelas quais a Educação Física escolar vem passando, podemos considerar que seu propósito já ultrapassou a busca pela aptidão física e pelo rendimento nos esportes� Atualmente, seus conteúdos se voltam para o desen- volvimento de potencialidades dos estudantes, de maneira democrática e inclusiva, já que nenhum es- tudante pode ser privado dos conteúdos da Educação Física, uma vez que compõem um vasto patrimônio cultural que deve ser valorizado, explorado e desfru- tado por todos� A partir dos conhecimentos adquiridos nas aulas de Educação Física, espera-se que os estudantes valorizem as atividades e possam reivindicar o seu acesso a elas, aprendam a cultivar bons hábitos de alimentação, higiene, atividade corporal e con- quistem um senso crítico diante de alguns valores sociais, como padrões de beleza e saúde, ética do esporte profissional e sobre a questão de gênero (BRASIL, 2001)� 27 Quando a Educação Física é trabalhada com base na repetição de gestos técnicos, os estudantes ficam desmotivados e desinteressados em participar des- se tipo de aula� Portanto, os professores precisam deixar para trás esse formato de aula que se volta aos conteúdos que façam com que os estudantes reflitam sobre suas potencialidades corporais e se tornem capazes de exercê-las social e culturalmente significativa. FIQUE ATENTO Objetivos gerais de acordo com os PCN para a Educação Física no ensino fundamental: espera- -se que o estudante seja capaz de participar de atividades corporais, respeitando as diferenças físicas e pessoais de cada um; respeitar e ser so- lidário com os amigos; conhecer e valorizar as di- ferentes manifestações culturais e as diferentes pessoas de diferentes grupos sociais; conhecer ambientes saudáveis e se portar de forma higi- ênica, conhecendo condições dignas; conhecer padrões de beleza e estética, dentro da cultura evitando o preconceito gerado pela mídia; conhe- cer e organizar locais para que sejam promovi- das atividades corporais de lazer, tendo respeito com o cidadão (BRASIL, 2001)� Para que a Educação Física tenha um significado maior, é necessário inserir aos seus conteúdos ques- tões culturais e sociais. Os PCN incluíram em sua 28 proposta conteúdos que estão organizados em três blocos: 4. Esportes, Jogos, Lutas e Ginástica� 5. Atividades Rítmicas e Expressivas� 6. Conhecimento sobre o corpo� Esses três blocos têm vários conteúdos comuns, porém, têm também as suas especificidades. Confira a seguir um pouco mais sobre cada um deles� Esportes, jogos, lutas e ginástica Os jogos podem ter caráter competitivo, coopera- tivo ou recreativo, podem ser utilizados como uma forma de confraternização, de atividades cotidia- nas, passatempo ou diversão� Eles estão entre os jogos e as brincadeiras regionais, os jogos de salão, de mesa, de tabuleiro, de rua e as brincadei- ras infantis de modo geral� Consideram-se esportes como “práticas em que são adotadas regras de caráter oficial e competi- tivo, organizadas em federações regionais, nacio- nais e internacionais que regulamentam a atuação amadora e a profissional” (BRASIL, 2001, p. 48). Para a prática de determinados esportes, são ne- cessários equipamentos específicos e condições espaciais apropriadas, como campo, piscina, bici- cleta, ginásio, rede, bolas etc�; por exemplo, fute- bol de campo, basquete, handebol, tênis de mesa, hóquei, beisebol, atletismo, natação, etc� 29 De acordo com os PCN, as lutas “são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjulgado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determi- nado espaço na combinação de ações de ataque e defesa” (BRASIL, 2001, p� 49)� Em outras palavras, envolve as brincadeiras mais simples, por exemplo, o cabo de guerra e o braço de ferro, e também as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do caratê, dentre outras� As ginásticas, segundo os PCN, são técnicas de tra- balho corporal que, de modo geral, assumem um caráter individualizado com finalidades diversas; possuem diversas finalidades, como a preparação para outras modalidades, relaxamento, manutenção ou recuperação da saúde, convívio social, recreação, competição, percepção do próprio corpo etc� Nesse primeiro bloco de conteúdos, sugere-se tam- bém que o professor inclua informações relacionadas à origem, à história e às características dos esportes, jogos, lutas e ginásticas, além de promover perante os estudantes a valorização e a apreciação dessas práticas� Atividades rítmicas e expressivas As atividades rítmicas incluem “(...) as manifestações da cultura corporal que têm como características comuns a intenção de expressão e comunicação 30 mediante gestos e a presença de estímulos sonoros como referência para o movimento corporal” (BRASIL, 2001, p� 51)� Além das danças, devem-se trabalhar as brincadeiras cantadas; considerando a riqueza de manifestações rítmicas e expressivas existentes em nosso país, é preciso trabalhar as Danças Brasileiras (samba, baião, quadrilha, catira etc�); Danças Urbanas (rap, funk, pagode etc�); Danças Eruditas (clássicas, mo- dernas, contemporâneas etc�); Danças e coreogra- fias associadas a manifestações musicais (olodum, timbalada, escolas de samba, trios elétricos etc�); Brincadeiras de roda e cirandas� Esse conteúdo pode variar de acordo com o local em que a escola estiver inserida� Através das danças e brincadeiras, os estudantes po- dem conhecer as qualidades do movimento expres- sivo (forte/fraco, rápido/lento, duração, intensidade etc�); conhecer técnicas de execução de movimentos; ser capazes de improvisar, construir coreografias e aprender a valorizar as manifestações expressivas. A dança é uma das formas mais significativas de movimento, e o homem expressa seus sentimentos, emoções e a diversidade cultural existente em nosso país por meio da dança, ampliando as possibilidades de aprendizagem� 31 Conhecimento o corpo O conhecimento do corpo refere-se a conhecimentos e conquistas individuais que subsidiam as práticas corporais expressas anteriormente, bem como dão recursos para o indivíduo gerenciar sua atividade corporal de forma autônoma (BRASIL, 2001, p� 46)� Com isso, envolvem a compreensão dos aspectos anatômicos, fisiológicos, biomecânicos e bioquí- micos, que devem ser trabalhadas as habilidades motoras, os conhecimento sobre alguns processos metabólicos de produção de energia, eliminação e reposição de nutrientes básicos, as alterações que ocorrem durante as atividades físicas (frequência cardíaca, queima de calorias, aumento da massa muscular, da força e da flexibilidade etc.) e o conhe- cimento relacionados à estrutura óssea e muscular, dentre outros� Devem ser trabalhados também os conhecimentos relacionados aos hábitos posturais e atitudes cor- porais, discutindo, por exemplo, sobre qual a postu- ra mais adequada para a realização de uma tarefa especifica etc. Nesse bloco, os conteúdos devem ser trabalhados de modo que o estudante desenvolva uma percepção, sendo capaz de analisar e compreender as altera- ções que ocorrem em seu corpo durante e depois de realizar as atividades� 32 Ao observarmos essa síntese, podemos compreender que todas as atividades sugeridas estão repletas de significados, e assim as aulas de Educação Física nos dias atuais oferecem ao estudante um ensino com mais qualidade diante da diversidade de conteú- do que proporciona diferentes vivências relacionadas às práticas corporais e seus significados. Compreendemos que o estudante, após sua longa passagem pelo ensino fundamental, ao chegar no ensino médio,tenha sólidos conhecimentos sobre a cultura corporal� Sendo assim, no que diz respeito ao trabalho a ser desenvolvido no ensino médio, de acordo com a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais, o professor de Educação Física deverá dar continuidade ao que foi desenvolvido no Ensino Fundamental nesse nível e também pautar-se em uma “melhor compreensão e utilização das formas de expressão, utilizando gestos e movimentos, seus significados, suas técnicas e táticas” (BRASIL, 1998b, p� 57)� FIQUE ATENTO Segundo os PCN, a Educação Física para o Ensi- no Médio tem como objetivo preparar o estudan- te como cidadão, aprimorar seus conhecimentos como pessoa humana, com formação ética, au- tonomia intelectual e crítica, tendo ampla visão dos conhecimentos tecnológicos e os processos teóricos e práticos (BRASIL, 1998b)� 33 A atividade física no ensino médio deve significar para o estudante uma prática atrativa, a fim de que ele possa praticá-la em seu cotidiano, criando assim um hábito saudável. Ao finalizar o ensino fundamen- tal, o estudante deve ter consciência da importância de seu papel dentro da sociedade, ou seja, deve estar ciente da cultura corporal e sua importância social� A Educação Física não pode limitar-se a conteúdos voltados ao esporte de competição, tentando en- grandecer o país através de medalhas, pois o am- biente escolar deve ser um espaço que promova a integração, a percepção do estudante diante das suas capacidades e dificuldades, sendo também um ambiente aberto para a opinião dos estudantes, estimulando a reflexão, já que o corpo é uma forma de expressão e comunicação� 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste e-book, estudamos de que maneira aconteceu a regulamentação da Educação Física no Brasil e como surgiu o Conselho Federal de Educação Física (Confef), instituição responsável por orientar e fisca- lizar o exercício das atividades dos profissionais de Educação Física� Pudemos refletir sobre as decisões do Confef em re- lação aos profissionais que exerciam a profissão sem a devida formação antes da vigência da Lei Federal n� 9696 de 1998� Na sequência, compreendemos quais são as compe- tências necessárias e as áreas em que o profissional de Educação Física regulamentado tem licença para atuar. Além disso, refletimos sobre o posicionamento do Confef em relação aos profissionais que atuam com atividades como a dança ou ioga, por exemplo, que reivindicam seu direito de não serem registrados no Conselho de Educação Física� Com isso, conhecemos quais são as diferenças entre os cursos de licenciatura e bacharelado, entendendo mais detalhadamente as especificações de cada for- mação e os campos de atuação que cada tipo abrange� Por fim, avaliamos as diretrizes que regem a Educação Física e os Desportos, quais são os do- cumentos que norteiam o ensino dessa disciplina nas instituições de ensino públicas e privadas e quais são as novas propostas de como a disciplina deve ser trabalhada nas escolas em todas as fases do ensino� 35 Referências Bibliográficas & Consultadas BARBANTI, V. J. et al� Esporte e atividade física, interação entre rendimento e qualidade de vida� São Paulo: Manole, 2002 [Biblioteca Virtual]. 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