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TCC Dominique Morem

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2019 
Universidade Federal de Juiz de Fora 
 
Instituto de Ciências Humanas / Departamento de Geociências 
Curso de Geografia 
 
 
 
 
 
 
Dominique Brunno de Castro Morem 
 
 
 
 
 
 
 
O NÃO-ACESSO A ÁGUA NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA - 
MG 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JUIZ DE FORA 
2019 
Dominique Bruno de Castro Morem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O NÃO-ACESSO A ÁGUA NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA - MG 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Programa de 
Graduação em Geografia, da 
Universidade Federal de Juiz de 
Fora, para a obtenção do título 
de Bacharel em Geografia. 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Pedro José de Oliveira Machado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JUIZ DE FORA – MG 
 
Dominique Bruno de Castro Morem 
 
 
 
 
O NÃO-ACESSO A ÁGUA NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA - MG 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Programa de 
Graduação em Geografia, da 
Universidade Federal de Juiz de 
Fora, para a obtenção do título 
de Bacharel em Geografia. 
 
 
 
 
Aprovada em: / / . 
 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
 
 DSc. 
 
 
 Pedro José de Oliveira Machado 
Professor na Universidade Federal de Juiz de Fora 
 
 MSc. 
 
 
Ygor Azevedo Soares de Souza 
Mestre pela Universidade Federal de Juiz de Fora 
 
 
 MSc. 
 
 
 Waltencir Menon Júnior 
Mestre pela Universidade da Federal de Juiz de Fora. 
 
Resumo 
 
 
Estimativas médicas apontam que a água constitui entre 50% a 60% da massa 
corporal de um ser humano adulto. Enquanto um componente natural do corpo 
humano e, um elemento indissociável das relações Homem/Meio e 
Homem/Homem, a água se mostra essencial a tudo que diz respeito 
humanidade. Contudo, apesar de ser um elemento essencial à raça humana, 
muitas pessoas ainda hoje em pleno século XXI são privadas de ter acesso a 
água potável. Tal privação pode se dar por diversos fatores, que vão desde 
fatores ambientais – como secas prolongadas por exemplo - até fatores de 
ordem pública, como a má gestão de recursos hídricos por parte de governos. 
Independentemente de qual fator seja o agente causador do não-acesso, 
pesquisar onde estão as populações atingidas pela falta d’água e especializar tal 
problema representam o primeiro passo para o surgimento de novas pesquisas 
e proposições de politicas públicas para resolver a questão da água. O presente 
TCC vem justamente com esta finalidade: descobrir onde estão e como se 
abastecem as populações que vivem à margem do acesso a rede geral em Juiz 
de Fora. 
 
Palavras-chave: Abastecimento de água; Saneamento básico; 
Recursos Hídricos. 
 
DEDICATÓRIA 
Dedico este trabalho à minha família: aos meus pais Ibsen Morem (meu 
Peixinho de Vala) e Letícia de Castro (minha Oncinha de Batom) que sempre se 
mantiveram presentes e atuantes em minha vida, à minha Tia Lenise que mesmo 
morando longe sempre esteve ao meu lado, à Belita que sempre foi uma ótima 
madrasta para mim e... especialmente, aos meus avós que nunca duvidaram do 
meu potencial e que sempre lutaram pelo meu bem-estar acima de tudo. Vô 
Celso e Vó Ceci, este TCC é para vocês! 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
É, parece que finalmente a garotinha caipira, criada do interior do Brasil, 
cresceu e realizou sonho de entrar para a universidade, de ter uma formação e 
de ver que é capaz de construir algo. Mas a construção dessas 122 páginas, a 
construção desse sonho – eu nunca imaginei que conseguisse escrever tanto 
sobre um tema – não seria possível sem a ajuda de alguns anjos que Deus botou 
no meu caminho... 
Agradeço ao meu orientador, Prof. Pedro Machado, por em momento 
nenhum ter desistido de me orientar; mesmo quando eu estava extremamente 
atrasada ele se manteve firme e forte me apoiando, orientando e cativando à 
seguir. Gostaria de mandar um agradecimento eterno aos amigos Francisco 
Carlos Moreira Gomes, Angel Loo, André Luiz Baldutti Campagnacci, Lídia 
Helena Souza, Carolina Pereira, Luciano Caramez, Luiz Otávio Marques e Luiz 
Gustavo Juvenal da Silva. Quero que saibam que vocês são pessoas que de fato 
fazem um mundo melhor, obrigada por terem me ajudado quando eu mais 
precisei, não tenho nem palavras para descrever a gratidão que sinto por vocês! 
Agradeço também ao Engenheiro Francisco Araújo (da Cesama), ao Sr. 
Gianechini (da Cesama) e ao Geógrafo Eduardo de Oliveira Santos (da 
Prefeitura de Juiz de Fora) por toda a ajuda e empenho para com a minha 
pesquisa, vocês são maravilhosos! 
Agradeço a minha família por sempre primar pela minha educação, aos 
meus pais por terem me ensinado todos os valores que eu tenho hoje, aos meus 
avós por sempre estarem ao meu lado nos bons e nos meus momentos, aos 
meus amigos que estão sempre torcendo por mim e me motivando, aos 
laboratórios LGA (Laboratório de Geoprocessamento Aplicado) e TERRA 
(Temáticas Especiais Relacionadas ao Relevo e a Água) por terem me recebido 
e me acolhido tão bem, à UFJF por me dar a oportunidade de estudar, e a minha 
Tia por simplesmente existir, porque ela é maravilhosa. 
Capivara mato-grossense está acabando a faculdade, é hora do Mato 
Grosso brilhar! 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1: Shape fornecido pela PJF, contendo a última divisão territorial pela qual o município de 
Juiz de Fora passou.................................................................................................................................... 6 
Figura 2: Marcação de pontos no Google Earth. ...................................................................................... 7 
Figura 3: Vetorização de Imagem no software Inkscape ......................................................................... 8 
Figura 4: Conversão dos vetores do formato .SVG para .TTF ................................................................ 9 
Figura 5: Máscara embranquecida para dar ênfase ao bairro em que se está trabalhando ............... 10 
Figura 6: Vetor traçado no Google Earth ................................................................................................ 11 
Figura 7: Uma das contagens de construções realizada ....................................................................... 12 
Figura 8: Ida a campo para descoberta de tipo de abastecimento. Foto tirada na Favelinha da 
FACIT. ........................................................................................................................................................ 14 
Figura 9: Esquema de abastecimento de água proposto para Juiz de Fora por Baeta Neves e 
Saturnino de Brito em 1915 ...................................................................................................................... 20 
Figura 10: Mapa contendo os mananciais de interesse ou já utilizados para abastecimento de água 
em Juiz de Fora, em 1915 ......................................................................................................................... 20 
Figura 11: Construção da represa Dr. João Penido. Ano 1936 ............................................................. 24 
Figura 12: Esquema com fotos da Colônia São Firmino após inundação para a Represa de Chapéu 
D’Uvas (data não informada) ................................................................................................................................ 26 
Figura 13: Construção da Adutora Menelik de Carvalho, em 1969, vista por outro ângulo. .............. 30 
Figura 14: Inauguração da Represa de Chapéu D’Uvas em 1994 ......................................................... 33 
Figura 15: Rachadura encontrada na ETA Walfrido Machado Mendonça, no Distrito Industrial. ...... 35 
Figura 16: Vista área do Distrito de Torreões ......................................................................................... 38 
Figura 17: Rua no distrito de Torreões ................................................................................................... 38 
Figura 18: Distrito de Rosário de Minas. Ano 201 ..................................................................................40 
Figura 19: Estrutura arquitetônica antiga em Rosário de Minas. Ano 201 ........................................... 40 
Figura 20: O casarão da Família Matta, arquitetura do século XX. ....................................................... 41 
Figura 21: Imagem do distrito de Sarandira ........................................................................................... 42 
Figura 22: Distrito de Monte Verde .......................................................................................................... 43 
Figura 23: Distrito de Monte Verde .......................................................................................................... 44 
Figura 24: Imagem da Sede do distrito de Penido ................................................................................. 46 
Figura 25: Imagem da Sede do distrito de Penido ................................................................................. 46 
Figura 26: Imagem de rua no distrito de Caetés de Minas .................................................................... 48 
Figura 27: Praça em Caetés de Minas .................................................................................................... 48 
Figura 28: Imagem de rua com construções antigas em no distrito de Valadares ............................. 50 
Figura 29: Mercearia em Valadares ......................................................................................................... 50 
Figura 30: Vista do alto do morro da vila sede de Humaitá ................................................................... 52 
Figura 31Vista parcial da vila de Humaitá ............................................................................................... 52 
Figura 32: Mapa referente à situação de água na sede e nos distritos de Juiz de Fora ..................... 55 
Figura 33: Situação do abastecimento de água na sede e nos distritos de Juiz de Fora/MG ............ 56 
Figura 34: Ocupação da BR-40 (região próxima ao Expominas, perto do trevo de Torreões) – 
Bairro: Cruzeiro de Sto. Antônio ............................................................................................................. 64 
Figura 35: Mapa da localização do bairro Granjas Triunfo .................................................................... 65 
Figura 36: Mapa da localização da Favelinha da FACIT (bairro Cidade do Sol) .................................. 66 
Figura 37: Mapa de localização da do bairro Salvaterra: a parcela não abastecida fica do Center Car 
para frente, em direção a rodovia) ........................................................................................................... 67 
Figura 38: Mapa de localização do Granjeamento Rural Vale da Serra (do outro lado da BR-040, ao 
lado do bairro Parque Jardim da Serra) .................................................................................................. 68 
Figura 39: Localidades sem abastecimento da rede geral da CESAMA após a BR-040. .................... 69 
Figura 40: Valão na Ocupação do Trevo de Torreões............................................................................ 70 
Figura 41: Rua na Ocupação do Trevo de Torreões. Ano 2019 ............................................................ 71 
Figura 42: Ocupação do Trevo de Torreões ........................................................................................... 72 
Figura 43: Rua ‘asfaltada’ por pedras no polígono da Rua Nair Mendes Nunes ..................................... 74 
Figura 44: Foto de casa sendo construída no Bairro Granjas Triunfo ................................................ 75 
Figura 45: Foto de casa sendo construída no Bairro Granjas Triunfo ................................................ 76 
Figura 46: Localização do bairro Granjas Triunfo .................................................................................. 77 
Figura 47: Tipo de abastecimento alternativo utilizado por moradores da Favelinha da FACIT....... 79 
Figura 48: Mapa de localização dos pontos visitados ........................................................................... 81 
Figura 49: Tipos de abastecimentos encontrados nos pontos visitados ............................................ 82 
Figura 50: Estabelecimento consultado em trabalho de campo ........................................................... 83 
Figura 51: Estabelecimento consultado em trabalho de campo ........................................................... 83 
Figura 52: Estabelecimento consultado em trabalho de campo ........................................................... 84 
Figura 53: Localidade não abastecida - Granjeamento Rural Vale da Serra ........................................ 86 
Figura 54: Entrada para o condomínio Ecológico Estrada Real. .......................................................... 87 
 
Figura 55: Portaria do condomínio Ecológico Estrada Real. ................................................................ 88 
Figura 56: Tipo de abastecimento utilizado pelo condomínio Ecológico Estrada Real. ..................... 89 
Figura 57: Entrada para o condomínio Pomar da Serra ........................................................................ 91 
Figura 58: Portaria do condomínio Pomar da Serra .............................................................................. 91 
Figura 59: Tipos de abastecimento alternativo utilizado no Condomínio Pomar da Serra ................ 92 
Figura 60: Vista noturna de rua no Chácaras Passos Del Rey ............................................................. 93 
Figura 61: Tipos de abastecimentos alternativos utilizados pela Chacará Passos Del Rey .............. 94 
Figura 62: Estrada para Vargem Alegre, sem iluminação pública ........................................................ 95 
Figura 63: Entrada para pousada em Vargem Alegre ............................................................................ 96 
Figura 64: Tipos de abastecimentos alternativos utilizados pela Vargem Alegre .............................. 97 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1: População dos distritos de Juiz de Fora. .............................................................................. 57 
Gráfico 2: Condição do abastecimento de água nos distritos .............................................................. 60 
Gráfico 3: Tipo de abastecimento de água presente em cada distrito. ................................................ 61 
Gráfico 4: Número de construções identificadas na contagem ............................................................ 98 
Gráfico 5: Estimativa populacional aproximada para as zonas de não-acesso. ................................. 99 
 
LISTA DE SIGLAS 
AEIS - Áreas de Especial Interesse Social 
ARSAE/MG - Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de 
Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais. 
CDI - Companhia de Distritos Industriais de Minas Gerais 
CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais S.A. 
CESAMA - Companhia de Saneamento Municipal 
CM/JF – Câmara Municipal de Juiz de Fora 
DAE – Departamento Municipal de Água e Esgoto 
DNOS – Departamento Nacional de Obras de Saneamento 
EMPAV - Empresa Municipal de Pavimentação e Urbanização 
ETA – Estação de Tratamento de Água 
FUNALFA - Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
JF – Juiz de Fora 
PJF – Prefeitura de Juiz de Fora 
PLANASA - Plano Nacional de Saneamento 
SINÁGUA - Sindicato dos Empregados da Indústria, Serviços de Purificação e 
Distribuição de Água e Serviços de Esgoto de Juiz de Fora 
UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora 
UHE – Usina Hidrelétrica 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1 
Quem faz o saneamento no município ............................................................ 3 
METODOLOGIA .................................................................................................4 
UM BREVE HISTORICO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM JUIZ DE FORA
 ......................................................................................................................... 14 
Primeira Fase: Do primeiro contato com o abastecimento de água ao 
surgimento do DAE ....................................................................................... 15 
Segunda Fase: Surge o DAE ........................................................................ 26 
Terceira Fase: a fundação da CESAMA ....................................................... 31 
O NÃO ACESSO A ÁGUA EM JUIZ DE FORA ................................................ 37 
Aspectos gerais dos distritos e a situação do abastecimento em cada um 
deles ............................................................................................................. 37 
1. Distrito de Torreões ............................................................................. 37 
1. Distrito de Rosário de Minas ............................................................... 39 
2. Distrito de Sarandira ............................................................................ 41 
3. Distrito de Monte Verde de Minas ....................................................... 43 
4. Distrito de Penido ................................................................................ 45 
5. Distrito de Caetés de Minas ................................................................ 47 
6. Distrito de Valadares ........................................................................... 49 
7. Distrito de Humaitá de Minas .............................................................. 51 
Abastecimento em outras localidades ....................................................... 53 
O não-acesso a água no núcleo urbano de Juiz de Fora .............................. 62 
1. Ocupação do Trevo de Torreões......................................................... 70 
2. Bairro Granjas Triunfo ......................................................................... 73 
3. Favelinha da FACIT ............................................................................ 78 
5. Granjeamento Vale da Serra ............................................................... 84 
6. Condomínio Ecológico Estrada Real ................................................... 87 
7. Condomínio Pomar da Serra ............................................................... 90 
8. Chácaras Passos Del Rey .................................................................. 93 
9. Vargem Alegre .................................................................................... 95 
CONCLUSÃO ................................................................................................. 100 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 103 
ANEXOS ........................................................................................................ 109 
QUESTIONÁRIO......................................................................................... 110 
TABELA COM ZONAS DE OCUPAÇÃO SUBNORMAL EM JUIZ DE FORA 
.................................................................................................................... 111 
1 
INTRODUÇÃO 
 
“Quando olhei a terra ardendo 
Qual fogueira de São João 
Eu perguntei a Deus do céu, ai (x2) 
Por que tamanha judiação 
 
Que braseiro, que fornalha 
Nem um pé de plantação 
Por falta d'água perdi meu gado (x2) 
Morreu de sede meu alazão 
 
Até mesmo a asa branca 
Bateu asas do sertão 
Entonce eu disse, adeus Rosinha (x2) 
Guarda contigo meu coração 
 
Hoje longe, muitas léguas 
Numa triste solidão 
Espero a chuva cair de novo (x2) 
Pra mim voltar pro meu sertão” (GONZAGA-NASCIMENTO & TEIXEIRA, 1947) 
 
Certamente quando o Rei do Baião - Luiz Gonzaga – compôs a canção 
‘Asa Branca’ este não imaginava o impacto social e muito menos o impacto 
científico que sua canção teria. ‘Asa branca’ é muito didática tanto em termos 
antropológicos – pois traz muito do modo de vida sertanejo – quanto em termos 
geográficos, pois a canção diz muito sobre a relação homem-natureza, 
especialmente no que tange a relação homem-água. 
A partir da canção se torna nítida a essencialidade da água à vida 
humana, às atividades humanas (como a pecuária e a agricultura por exemplo) 
e até mesmo a influência desta nas migrações humanas em busca de melhores 
condições de vida, ainda que mínimas. Durante todo o cantar da música um 
tópico se mostra central, e este é: o quanto o não-acesso à água pode afetar o 
homem e o seu viver. 
2 
O não-acesso a água não se mostra presente somente no sertão 
nordestino, inclusive, esta falta d’água pode estar mais próxima do que se pode 
imaginar... possivelmente na mesma cidade ou localidade tanto de quem lê, 
quanto – e principalmente – de quem aqui escreve. 
O não-acesso a água não é uma doença, mas certamente é tão 
pandêmico quanto o mais pandêmico dos males. A sede e as doenças de 
veiculação hídrica certamente já mataram e seguem a matar muito mais gente 
do que peste negra matou em seus anos de ápice. 
Os vetores que disseminam a falta d’água são muito mais difíceis de 
serem controlados do que os ratos e pulgas que disseminaram a peste bubônica 
outrora. Tal dificuldade ocorre por inúmeros fatores ambientais, como a falta de 
chuvas, fatores financeiros como a falta de verbas para a instalação de 
estruturas sanitárias, fatores humanos como a ineficiência, excesso de 
burocracia e má vontade do poder público em levar saneamento aos domicílios 
e aos ‘cantões’ do Brasil. 
E assim, aos poucos, com o passar do texto, o leitor (a) vai se 
perguntando “Será que alguém não tem acesso a água na minha cidade? Em 
que bairro essa pessoa mora? E se não tem água no bairro, como as pessoas 
que moram nele fazem para se abastecer? ” Essas e outras perguntas, assim 
como surgem agora à cabeça do leitor, um dia também surgiram na mente de 
quem aqui escreve, e foram elas que motivaram a realização de toda a pesquisa 
que resultou na presente monografia. 
O objetivo geral da presente pesquisa é justamente responder a questão: 
onde estão as localidades de não acesso a água de Juiz de Fora (lugar onde a 
autora mora já há quatro anos)?. Enquanto objetivo especifico, buscar descobrir 
como as localidades que não são atendidas se abastecem. Cabe aqui frisar que 
a presente pesquisa não tem por objetivo descrever com detalhes quem são os 
sujeitos não abastecidos ou como estes se sentem em relação ao não 
abastecimento. 
Os sujeitos do não acesso e o seu sentir merecem uma pesquisa própria, 
voltada mais especificamente para o cunho social, justamente por serem 
relevantes demais. O foco da presente pesquisa está mais voltado em 
3 
especializar os casos de não acesso a agua em Juiz de Fora, abrindo caminho 
assim para que futuras pesquisas, das mais diversas autorias, de cunho social 
ou não, possam ser desenvolvidas em cima dessa espacialização. 
Quem faz o saneamento no município 
 
Pensando na colocação de Souza (2018, p.16) em sua dissertação, de que: 
[...] é adequado que o Estado, a quem incumbe a 
satisfação do bem-estar social, passe a gerenciar a água 
como forma de estabilizar a crise e promover justiça social 
(art. 3º da CF)” (VIEGAS, 2008, p.17 apud SOUZA, 2018, 
p.16) ao mesmo tempo em que sejam consolidadas formas 
de descentralização e instâncias de participação e controle 
social da gestão hídrica. 
 
 
É propício dizer que quem faz a gestão do saneamento em Juiz de Fora 
é o Estado, na figura de uma empresa pública, que é a Cesama (Companhia 
de Saneamento Municipal). Certamente ter uma companhia municipal no 
controle do abastecimento de água e coleta de esgoto da cidade fez e faz toda 
a diferença na democratização das redes. 
A empresa, fundada em 1990, conseguiu - em 2009 - levar Juiz de Fora 
a 24° colocação no ranking de qualidade de saneamentodas 81 cidades com 
mais de 300 mil habitantes no Brasil (TRATABRASIL, 2010, p.8); graças aos 
espantosos 97,9% de abastecimento de água e 97,2% de coleta de esgoto que 
JF tinha na época de acordo com o ranking. 
No entanto, as estatísticas colocadas pelo Instituto Trata Brasil em 2009 
para o hoje já não são mais fiéis, em números divulgados pela própria companhia 
em março de 2019 – 10 anos depois – os percentuais de atendimento caíram e 
totalizam 94,8% de população com água tratada e 93,7% de população servida 
com coleta de esgoto (CESAMA, 2019). Talvez isso tenha se dado pela 
acelerada expansão urbana da cidade nesse período e pela constante chegada 
de novos migrantes – a população do município saltou de 
516.247 em 2010 para cerca de aproximadamente 568.873 em 2019, de acordo 
com IBGE (2010) - que vieram fazer de Juiz de Fora seu lar. 
4 
Partindo-se dos percentuais de acesso a agua anteriormente colocados, 
cabe responder à questão de onde estão localizados os 5,2% da população 
não abastecidos pela Cesama. É o que será visto nos capítulos seguintes, mas 
não sem antes embarcar em uma breve compreensão de como se deu o 
saneamento na maior cidade da Zona da Mata mineira até hoje. 
 
METODOLOGIA 
 
A pesquisa para o presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) se 
deu em duas frentes de atuação principais: a primeira, realizando leituras sobre 
temas ligados a escassez e acesso a água no Brasil, saneamento básico e 
abastecimento de água; e a segunda, fazendo o levantamento de dados de 
populações possivelmente atingidas com o não-acesso a água no município de 
Juiz de Fora, para a posterior elaboração de mapas e gráficos. 
Enquanto revisão bibliográfica sobre o tema, foram realizadas leituras de 
capítulos de artigos, livros, dissertações, monografias, teses, reportagens de 
jornais, e informativos da Cesama. Para se inteirar do tema escassez da água 
e saneamento foram consultados, por exemplo, os livros ‘Água: escassez e 
conflitos no império da sede’ (de Maurício Waldman), e ‘Ângulos da água’ 
(Organizado por Francisco Barbosa), além de outros. Também serviram para dar 
uma luz sobre a temática dissertação ‘Violação do Direito a água no Brasil’ e a 
monografia ‘Guerra por água: crise, conflitos e justiça ambiental’ (ambas de Ygor 
Azevedo Soares Souza, de 2018 e 2015 respectivamente). 
Além da consulta a obras envolvendo os temas gerais, também foram 
feitas leituras voltadas a temas mais específicos, como por exemplo o livro 
‘Abastecimento de água em Juiz de Fora: síntese de uma trajetória de 150 
anos’ (de Rubens Mello) – servindo de sólida base para o capítulo sobre o 
histórico do abastecimento de água em Juiz de Fora – e a tese ‘Diagnóstico 
Ambiental e Ordenamento Territorial – instrumento para a gestão da bacia de 
Contribuição da Represa de Chapéu D’Uvas/MG’ (de Pedro José de Oliveira 
Machado, 2012) – para a consulta de informações específicas da Represa de 
Chapéu D’Uvas. 
5 
Para a produção dos dados, mapas e gráficos, foi realizada, inicialmente, 
uma busca por dados de zonas de ocupação subnormal (ZOS) em Juiz de Fora, 
tendo em vista que essas tradicionalmente são as áreas mais atingidas pelo não 
acesso a água. A maior parte das ZOS foi levantada em consulta a obra de 
Tavares (2006) denominada ‘Atlas social de Juiz de Fora’, mas além desta, 
outras também ofereceram localidades novas, como a de Mendes (2009, p.49) 
que trouxe mais cinco assentamentos e a pesquisa de Sá et al (2009, p.15) que 
também indicou mais quatro zonas de auto ocupação. 
Além de consultar livros, a discente também entrou em contato com a 
Subsecretaria de Planejamento do Território e Fiscal (pertencente a Secretaria 
de Planejamento de Juiz de Fora – SEPLAG/JF). Ao entrar em contato, a 
SEPLAG recomendou consultar o Plano Municipal de Habitação, disponível em 
PJF (2016)1 e lá foram encontradas novas AEIS (áreas de especial interesse 
social). 
Esgotadas todas as fontes possíveis, foram então montadas duas 
planilhas: uma para localidades na cidade (vide anexo I) contendo região de 
planejamento, unidade de planejamento, bairro, nome da ocupação e referência 
espacial da ocupação; e outra para a zona rural (vide anexo II), contendo os 
nomes das sedes dos distritos e de outras localidades situadas neles. 
Como estavam ocorrendo dificuldades para encontrar a localização exata 
de algumas localidades, recorreu-se novamente a prefeitura, e o DAGI 
(Departamento de Gestão de Informação) – pertencente a secretaria de 
desenvolvimento social – foi procurado para se descobrir onde estavam essas 
áreas. O DAGI fez uma busca pelas localidades, e de 28 apenas não conseguiu 
obter a localização de 6 localidades. Essas seis localidades foram descartadas. 
De uma tabela com 109 dados – formados por ZOS e AEIS – oito 
localidades foram deletadas da tabela: seis por não terem sido encontradas 
pelo DAGI, uma por se ter notícia de que foi extinta - a ocupação da BR – 040, 
localizada entre a rodovia e o final do bairro de Benfica - e outra por estar fora 
1 PJF – Prefeitura de Juiz de Fora. Plano Municipal de Habitação. Ano 2016. Disponível em:< 
https://www.pjf.mg.gov.br/conselhos/cmh/plano_municipal/index.php>. Acesso em 19 nov 2019. 
https://www.pjf.mg.gov.br/conselhos/cmh/plano_municipal/index.php
6 
do município de Juiz de Fora (descobriu-se que a ocupação Vila Barroso está na 
verdade dentro da área de Ewbank da Câmara). 
Com isto, já era possível então partir para uma reunião com a equipe 
técnica da Cesama. As tabelas foram levadas à reunião, e lá a equipe marcou 
quais localidades eram ou não – tanto na cidade quanto nos distritos - 
abastecidas pela rede da Cesama. Coletadas as informações e findada a 
reunião, partiu-se então para a criação dos gráficos e dos mapas. 
No que diz respeito aos mapas, inicialmente, cabe aqui dizer que todos os 
mapas elaborados para o presente TCC foram construídos por meio do software 
ArcGis, da empresa ESRI. Além disso, todos eles foram feitos com base no 
datum SIRGAS 2000, para a zona 23. O sistema de coordenadas utilizado foi a 
Unidade Transversa de Mercator (UTM), de coordenadas planas. 
Para a construção de ambos os mapas distritais foi utilizado o shape da 
divisão territorial do município de Juiz de Fora, de acordo com a lei de 25 de 
outubro de 2018. Este, foi fornecido pela PJF, como mostra na Figura 1: 
 
 
Figura 1: Shape fornecido pela PJF, contendo a última divisão territorial pela qual o município de Juiz de 
Fora passou. 
Fonte: PJF, 2019 
 
Para a construção do primeiro mapa, o shape do município foi colorido 
de acordo com as classes de abastecimento inseridas em sua tabela de 
7 
atributos, sendo elas: abastecido, desabastecido e em transição. Feito isso, 
passou-se a colocação dos pontos de localização das sedes (vide figura 2), 
obtidos através do processo de marcação de pontos no software Google Earth. 
Os pontos foram reunidos em uma pasta, ainda no Google Earth e salvos no 
formato .KML em um pen drive. Posteriormente, o arquivo em .KML foi aberto no 
ArcGis e devidamente convertido de WGS 84 – datum o qual ele vem 
programado do Google Earth – para SIRGAS 2000. 
Feito isso, foi inserido um mapa base fornecido pelo próprio ArcGis, e 
então realizadas as colocações de elementos básicos de mapas, como: legenda, 
título, grade de coordenadas, escala e uma caixa de texto contendo a autoria, 
datum utilizado, tipo de projeção, data etc. Para a construção do mapa índice foi 
utilizado um shape com a divisão de limites político-estaduais do Brasil, 
conseguido por meio da base cartográfica online do IBGE. Depois, foi feita a 
introdução do shape de JF neste e dado o devido zoom para a região divisa 
Minas Gerais-Rio de Janeiro, para melhor situar Juiz de Fora. 
 
Figura 2: Marcação de pontos no Google Earth. 
Fonte: PJF & Google Earth, 2019 
 
 
No segundo mapa distrital os shapes introduzidos foram exatamente os 
mesmos,diferenciando apenas os processos de disposição de dados destes, 
pois, para o segundo mapa: 
8 
 O shape com a divisão territorial distrital do município não foi classificado 
de acordo com o abastecimento presente na sede de cada distrito. Tal 
shape foi guardando-se todo em uma só cor, mantendo-se as divisas e 
os rótulos com os nomes dos distritos municipais. 
 Para o shape de pontos aplicado foram criados novos vetores para 
designar tanto o tipo de abastecimento do distrito (mina, poça-artesiano, 
caminhão-pipa, sistema completo com ETA compacta) como também se 
o distrito em questão era ou não abastecido pela Cesama. 
Para a criação dos vetores que seriam utilizados no shape de ponto do 
mapa foi realizado o seguinte processo: 
Foram coletadas as imagens de interesse na internet, e depois de salvas 
em uma pasta, estas foram abertas e vetorizadas por meio do software Inkscape 
(vide figura 3). 
 
Figura 3: Vetorização de Imagem no software Inkscape. 
Fonte: Inkscape, 2019. 
 
Terminadas as vetorizações, os vetores das imagens então foram levados 
ao site Glyphter para serem convertidos do formato .SVG – próprio do Inkscape 
– para o formato .TTF (vide figura 4). O objetivo de se passar os vetores para o 
formato .TTF é fazer com que o computador passe a reconhecer os vetores como 
fontes e assim possibilite ao ArcGis abri-los como símbolos. 
9 
Os vetores foram convertidos no Glyphter, em formato compactado. Por 
meio do WinRar foi feita a extração do arquivo para uma pasta no pen drive, e 
o arquivo .TTF foi copiado. Então, foi aberto o Painel de Controle do computador, 
e neste, encontrada a divisão ‘Fontes’, onde foi colado o arquivo 
.TTF do Glyphter. Pronto, agora os vetores já seriam devidamente reconhecidos 
pelo ArcGis e poderiam ser abertos e utilizados normalmente por este. 
Para os mapas das zonas não abastecidas na cidade, indicando a 
localização destas em seus bairros, foi utilizado um shape contendo a divisão de 
bairros de Juiz de Fora, fornecido pela Prefeitura. Com o shape em mãos, foram 
marcados pontos no Google Earth para as seis zonas não abastecidas. Ao shape 
do município foi aplicada uma máscara embranquecida (vide figura 4), para 
deixar o bairro da zona em evidencia. 
 
Figura 4: Conversão dos vetores do formato .SVG para .TTF 
Fonte: Glypher, 2019 
 
Dada a evidencia nos bairros, os shapes de ponto foram então aplicados, 
via processo de conversão de arquivos do Google Earth para o ArcGis, arquivos 
.KML para .SHP e conversão de datum – WGS 84 para Sirgas 2000 – como já 
explicado para casos anteriores. Para a finalização, um base map do ArcGis 
contendo imagens de satélite foi empregado, e os procedimentos protocolares 
se seguiram (fazer título, legenda, escala, etc.). 
10 
Para o segundo tipo de mapa urbano, foi dado um zoom para a escala 
local das ZOS - e de outras zonas não abastecidas - indicando alguns pontos 
de referência próximos às comunidades e granjeamentos, para mostrar de fato 
onde aquela zona não-abastecida se localizava. Para demarcar os pontos 
importantes nos bairros - pontos de referência por assim dizer - foram criados 
shapes de polígono para depósitos, centros de eventos e trevos que ficassem 
próximos às localidades, bem como de shapes de linha, para determinar as 
ruas que fazem o escoamento das zonas sem abastecimento. 
Para indicar a posição das zonas não-abastecidas foram criados vetores 
no Google Earth (vide figura 5) e transferidos para o ArcGis pelo mesmo processo 
usado para arquivos de ponto gerados no mesmo. Além disso, os vetores criados 
para os distritos também foram reutilizados para as zonas não abastecidas da 
cidade. 
 
Figura 5: Máscara embranquecida para dar ênfase ao bairro em que se está trabalhando. 
Fonte: ArcGIS 10.3, 2019 
 
Já para a elaboração dos gráficos, foi realizada a partir da contagem de 
construções – o termo ‘construções’ aqui é utilizado pois não se sabe se de fato 
todas as áreas construídas são residências, ou se são igrejas, ginásios, galpões, 
etc. - feita com o auxílio de imagens de satélite (via Google Earth) do ano de 
2019 para as localidades, vide figura 6. A metodologia de contagem de 
construções foi empregada também, de maneira semelhante, na tese de 
Machado (2012, p.140 a p.144) 
11 
 
Figura 6: Vetor traçado no Google Earth. 
Fonte: Google Earth, 2019. 
 
Logicamente que a contagem de construções a partir de imagens de 
satélite não é o método mais preciso para se contabilizar residências e 
populações, no entanto, não dispondo de recursos financeiros e de voluntários o 
suficiente para realizar um micro censo, este é o melhor que se pode alcançar 
com o que se tem. 
Já a projeção populacional feita para os gráficos, foi realizada levando- se 
em consideração a seguinte fórmula: 
 
 
�̃� 𝐦𝐦𝐝 ∗ 𝐍𝐜 = 𝐩𝐨𝐩𝐮𝐥𝐚çã𝐨 𝐞𝐬𝐭𝐢𝐦𝐚𝐝𝐚 
 
Onde: 
 
�̃�mmd: Média de moradores em domicílios particulares ocupados 
Nc: Número de casas no local 
A constante �̃�mmd utilizada equivale a média de moradores em 
domicílios particulares ocupados que o censo que IBGE (2010) calculou para 
Juiz de Fora, que era de 3,01 moradores por domicilio (Figura 7). 
12 
 
 
Figura 7: Uma das contagens de construções realizada. 
Fonte: Google Earth 
 
Posteriormente a esta etapa de contagem chegou-se a etapa dos 
trabalhos de campo: 
Para os campos foi contratado o serviço de um Uber para levar a discente 
nas localidades de maneira rápida e eficaz. Os campos (vide fig.8) se deram nos 
dias 23, 24 e 27 de novembro de 2019. Com um total de 21 entrevistas, sendo 
elas dispostas em: 
 4 entrevistas na Rua Cinco (em dois dias, 23 e 24) (com moradores). 
 1 entrevista no bairro Granjas Triunfo (no dia 23 de novembro, estava 
chovendo muito e não tinha ninguém na rua, foi difícil conseguir esta 
entrevista). (com moradores) 
 3 entrevistas na Ocupação do Trevo de Torreões. 
 3 entrevistas no Salvaterra (no Hotel Green Hill, Restaurante Salvaterra 
e Hospital de UNIMED). 
 4 entrevistas na Favelinha da FACIT (com moradores) 
 1 entrevista no Condomínio Ecológico Estrada Real (funcionário) 
 1 entrevista no Condomínio Pomar da Serra (funcionário) 
13 
 2 entrevistas na localidade Vargem Alegre. 
 2 entrevistas na localidade Passos Del Rey 
 
Para ir a campo já tendo um norte sobre o que perguntas às pessoas, foi 
elaborado um breve questionário que pode ser visto em na seção anexo deste 
Trabalho de Conclusão de Curso. 
Com a realização de um dos trabalhos de campo, mais precisamente o 
campo na Rua Cinco (que é uma ruazinha pequena que fica no final da Rua 
Archimedes Segatini no bairro Parque Independência), foi constatado que esta 
já era coberta pela Cesama, tanto em termos de coleta de esgoto quanto em 
termos de abastecimento de água. 
As andanças de campo não se restringiram apenas a Rua Cinco em si, mas 
se deram até o alto do escadão da ocupação, mesmo as casas mais distantes 
da rua, construídas em áreas bastante declivosas, eram conectadas à rede da 
Cesama. A constatação da conexão com a rede já de mostrou evidente pelos 
tampões vistos durante a subida do escadão, porém, ainda assim para confirmar 
o que se estava vendo, foram realizadas quatro entrevistas na rua: duas com 
moradores do alto do morro - sendo que uma das casas situava-se literalmente 
no final deste, próxima ao ponto mais alto do morro – e duas com moradores 
cujas casas davam suas fachadas para a Rua Cinco. Com isto, a Rua Cinco foi 
descartada dos mapeamentos (apesar de seus mapas já estarem prontos). 
14 
 
Figura 8: Ida a campo para descoberta de tipo de abastecimento. Foto tirada na Favelinha da FACIT. 
Fonte: acervo próprio, 2019. 
 
 
UM BREVE HISTORICO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM JUIZ DE 
FORA 
A evolução das cidades tem por condição sine qua non a existência de 
algum tipo de abastecimento de água à população, seja ele de água potável ou 
não.Essa demanda popular por água é atendida das mais diversas formas, que 
vão desde soluções individuais como poços em quintais de residências, às 
soluções coletivas como sistemas formais de abastecimento, com água tratada 
e encanada, fornecidos por companhias de saneamento (estatais ou privadas). 
Com Juiz de Fora não foi diferente: a cidade precisou estar próxima da 
água desde o seu surgimento. O crescimento do núcleo urbano tendo como 
ponto central o Rio Paraibuna demonstra muito bem essa relação. Antes de 
começar a abordar a história do abastecimento de água na cidade, três 
orientações precisam ser dadas: 
A primeira delas é que, com a finalidade de facilitar o entendimento do 
leitor(a), buscou-se dividir a história do abastecimento de água em Juiz de Fora 
em três fases, levando-se em consideração dois marcos temporais 
15 
importantes: a fundação do DAE (Departamento de Águas e Esgotos) e o 
surgimento da CESAMA (Companhia de Saneamento Municipal). 
A segunda orientação é: não se pretende com este capítulo elaborar um 
compêndio detalhado, com centenas de páginas sobre o tema. O capítulo 
pretende reunir apenas alguns pontos essenciais à historiografia do 
abastecimento de água na cidade e, portanto, não é a finalidade deste capítulo 
esgotar a temática. Sem mais delongas, parte-se daqui rumo a uma melhor 
compreensão sobre como se deu o abastecimento de água na cidade. 
E por fim, mas não menos importante, sem o livro “Abastecimento de água 
de Juiz de Fora: síntese de uma trajetória de 150 anos”, do brilhante ex- 
presidente da Cesama - e ex-presidente da Copasa também - Rubens Coelho 
de Mello, seria praticamente impossível desenvolver este capítulo. Sua obra, 
infelizmente, nunca foi publicada, pois foi escrita como um presente de Rubens 
para Itamar Franco - homem que também fez muito pelo saneamento da cidade 
– e, por isso, Mello não fez a menor questão de publicá-la. O capítulo certamente 
seria muito pobre em termos de informações historiográficas sobre o 
saneamento da cidade se não fosse por Rubens colocar no papel tudo o que 
sabia. Fica aqui o meu ‘muito obrigada’2 a esta pessoa que tanto contribuiu 
para o saneamento de Juiz de Fora. 
Primeira Fase: Do primeiro contato com o abastecimento de água ao surgimento 
do DAE 
 
O primeiro contato que Juiz de Fora (ainda Santo Antônio do Paraibuna) 
teve com o algum serviço de fornecimento público de água foi no ano de 1857, 
mais precisamente no dia 14 de janeiro. Nesse dia foi inaugurada a canalização 
de um pequeno curso d’água que se localizava junto ao denominado ‘rancho 
Macedo’, que levava as águas do riacho até o largo do Senhor dos Passos, 
onde a população podia apanhar a água e transportá-la até a suas casas 
(MELO, 2004, p.1). 
No dia 04 de fevereiro de 1883, a Câmara Municipal de Juiz de Fora 
encomendou o primeiro estudo voltado ao abastecimento de água para a 
2 Sei que o texto deve ser impessoal, e jamais o(a) autor(a) deve colocar no texto frases 
em primeira pessoa. Porém, creio que o agradecimento seja válido, e por isso quebrei, 
de leve, o protocolo. 
16 
cidade. Para a realização deste foram contratados dois engenheiros, sendo eles: 
Pedro Betim Paes Leme e Francisco Monlevade. Os engenheiros firmaram o 
compromisso de fazer estudos para redes de água e esgoto, incluindo todos os 
mananciais da cidade, de ambos os lados do rio Paraibuna. 
Os engenheiros contratados mediram a quantidade de água que cada 
manancial podia fornecer em um período de 24 horas e realizaram a análise das 
águas desses. Além disso, os profissionais executaram também o nivelamento 
exato de todas as ruas da cidade para a colocação de redes de esgotos, bem 
como os cálculos de suas respectivas vazões máximas, voltados aos períodos 
de chuvas torrenciais, com a determinação das velocidades necessárias às 
tubulações, para facilitar sua limpeza. Ao final do projeto, Paes Leme e 
Monlevade apresentaram as plantas e os cálculos construídos e utilizados ao 
longo deste, juntamente com o projeto final em si. 
Com a conclusão dos estudos de Paes Leme e Monlevade, chegou-se 
então o momento de executar as obras previstas. Para realizar tais obras o 
empreiteiro engenheiro Thomaz James Woods foi contratado, e em 19 de maio 
de 1887 foram inaugurados quatro chafarizes em pontos estratégicos de Juiz 
de Fora, e a cidade passou a contar com um sistema de abastecimento 
domiciliar, algo inédito até então. Sobre o novo sistema de abastecimento, Souza 
(2010, p.45), esclarece que: 
A água proveniente de três mananciais era chamada de “corrente de São 
Mateus” e foi trazida e canalizada até dois reservatórios construídos no bairro 
Alto dos Passos. Naquela época, foram colocadas penas d’água, que seriam 
limitadores de fornecimento de água com o objetivo de disciplinar o consumo. 
A pena d’água estabelecia assim, um limite máximo de entrada de água no 
domicílio, e o consumidor tinha que se ater a ele para aproveitá-la ao máximo, 
devendo ter uma caixa para acumular os excessos instantâneos não gastos. A 
partir de então, a cidade passou a ter água encanada. 
Em 1892, em visita a Juiz de Fora, o engenheiro francês G. Howyan - 
formado pela Escola de Pontes e Calçadas de Paris - se encanta pela cidade e 
resolve ficar por essas bandas. Cá estando, Howyan muito empolgado e 
apaixonado por Juiz de Fora resolveu elaborar, por conta própria, um plano de 
saneamento revolucionário – o plano em questão contemplaria a questão 
sanitária de maneira global, propondo soluções para o abastecimento de água, 
17 
esgotamento sanitário e drenagem pluvial - para Juiz de Fora. O projeto de 
Howyan previa, para abastecimento de água na cidade, a construção de uma 
barragem com capacidade de cerca de 1.700.000 m³ na cabeceira do córrego 
da Serra, a 3 km da cidade. 
Pois bem, terminada a fase de elaboração do plano o engenheiro francês 
resolveu submete-lo ao ‘Conselho de Intendência’ de Juiz de Fora, contudo o 
plano do engenheiro não cativou muitos membros do conselho. Se por um lado 
Howyan teve de enfrentar uma profunda frustração com a pouca atenção dada 
pelos membros do Conselho de Intendência ao seu plano, por outro passou por 
um momento de extrema felicidade ao ganhar o reconhecimento do Prefeito 
Francisco Bernardino e ser chamado e nomeado por este para ocupar a chefia 
do Departamento de Obras de Juiz de Fora, cargo em que Howyan ocupou até 
1894. Com o fim do mandato de Francisco Bernardino, Howyan precisou deixar 
o seu cargo na secretaria de obras. 
Quem sucedeu Bernardino no cargo prefeito foi João Penido Filho. João 
Penido detestava G. Howyan, e os dois ‘se alfinetavam’ com muita frequência na 
época em que Howyan chefiava o Departamento de Obras. João Penido, 
consumido por um rancor muito grande, assim que assumiu a prefeitura de Juiz 
de Fora buscou uma forma de arquivar o quanto antes o Plano Howyan. Para 
adotar tal atitude sem transparecer à população que estava fazendo isso por 
pura perseguição, Penido Filho submeteu o plano de Howyan ao Clube de 
Engenharia do Rio de Janeiro, que severamente o contestou e o condenou. Com 
o aval do Clube de engenharia, o prefeito Francisco prontamente arquivou o 
plano de Howyan. 
Mas o que exatamente gerou a contestação por parte do Clube de 
Engenheiros do Rio de Janeiro? Segundo Howyan (2004, p.14 e p.15) o alvoroço 
todo se deu por causa de: 
Basicamente dois pontos: o chamado Canal de Cintura, que pretendia construir 
uma rede de captação das águas pluviais que escorriam do Morro do 
Redentor, e a água potável, esta a ser captada de um açude artificial a ser 
criado, problema que os contrários achavam poder resolver as fontes e 
mananciais naturais. A “cintura” foi condenada por causa de um erro de cálculo, 
graças à referência dos números 2 e 3 no denominador da equação que o 
autor elaborou sobre a quantidade de a ser captada, questão que 
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Jo%C3%A3o_Nogueira_Penido_Filho&action=edit&redlink=118 
Francisco Bernardino considerou de somenos: “uma disparatada arguição de 
erro aritmético”. João Penido revidava: “Howyan não pretendia esgotos para 
a cidade, mas uma cidade para seus esgotos”. Na questão do abastecimento 
de água, considerava maior a ignorância de Howyan, e o acusava de tramar 
contra a saúde pública.) 
Arquivado o Plano Howyan, deve-se partir agora outra etapa também 
importante ao abastecimento de água de Juiz de Fora: na virada do século XIX 
para o século XX, no ano de 1900 mais precisamente, a municipalidade 
incorporou o córrego do Poço D’Antas ao sistema de abastecimento da cidade, 
colocando neste uma adutora de 3.320 metros, e com tubos de diâmetro variando 
de 150 a 200 mm. O projeto previa um acréscimo de mais 2.000 m³/dia, no 
entanto, em aferições realizadas em 1914 foi verificado que a adutora fornecia 
apenas 691 m³/dia, menos da metade do volume previsto em projeto (MELO, 
2004, p.4). 
Ainda seguindo relato do mesmo autor, no ano de 1912 a administração 
municipal construiu a adutora de Santa Cândida, captando e transportando água 
do manancial de mesmo nome. Esta tinha uma extensão de 5.300 metros, e 
contava com tubos de 200 e 225 mm de diâmetro (Mello, 2004, p.4) A adutora 
veio tanto para atender à crescente demanda por água da população, que se 
dava de maneira diretamente proporcional à expansão da cidade; quanto para 
compensar a crescente diminuição do volume fornecido pelos mananciais locais. 
Segundo Mello (2004, p.4) assim como a adutora do poço D’Antas, a de Santa 
Cândida também mostrou possuir menor vazão em relação ao que constava em 
seu projeto, pois originalmente previa-se um suprimento de mais 1.700 m³/dia, 
todavia na medição realizada em 1914, foi constatada uma vazão de apenas 814 
m³/dia nesta. 
Em 1915 o Sr. Oscar Vidal, que na época Presidia a Câmara Municipal, 
convidou o engenheiro sanitarista Francisco Rodrigues Saturnino de Brito e o 
engenheiro civil, de minas e metalurgia Lourenço Baeta Neves para 
desenvolverem um “Plano Geral de Saneamento da Cidade”. O plano foi levado 
a Câmara Municipal e o seu projeto final foi aprovado pela Resolução de nº 
696, de 26 de agosto de 1915 (MACHADO, 2011, p.2). 
19 
No relatório elaborado para o Plano Geral de Saneamento foi proposta a 
separação dos mananciais existentes no entorno de Juiz de Fora, assim como 
a divisão das áreas a serem atendidas por cada um deles. Além disso, os 
engenheiros checaram a qualidade das águas, averiguaram as condições 
naturais das bacias do município e apuraram a localização das mesmas (as 
bacias) na cidade. Todo esse estudo voltado ao abastecimento de água foi, na 
verdade, uma revisão da estrutura pré-existente na cidade, fazendo assim um 
grande complemento para melhor atender a população a longo prazo (ALBERTO 
& SOUZA, 2013, p.52). Para mais, no relatório os engenheiros também 
sugeriram novas ações ao poder público municipal voltadas a temas ligados ao 
saneamento, como por exemplo, no que diz respeito a implantação de 
hidrômetros no município. 
 
Feita a checagem da qualidade das águas, averiguação das condições 
naturais das bacias de Juiz de Fora e a apuração da localização de tais bacias 
na cidade, Baeta Neves e Saturnino de Brito sugeriram então manter os sistemas 
de abastecimento pré-existentes e acrescentar a captação de água em mais 
alguns mananciais, como por exemplo o córrego Yung, córrego São Pedro e o 
ribeirão do Grama (o esquema de abastecimento de água proposto por Brito & e 
Neves pode ser visto nas figuras 9 e 10). Aliás, os engenheiros não se ativeram 
aos estudos voltados às águas superficiais e foram para além desses, 
levantando também a possibilidade de utilizar as águas subterrâneas das 
várzeas do Rio Paraibuna. 
 
Apesar do Plano Geral de Saneamento ter sido aprovado pela Câmara, 
este não pôde sair do papel, visto que o Estado passava por severa dificuldade 
financeira na época. Ironicamente, a mesma Câmara Municipal que antes 
aprovou o projeto de Baeta Neves e Saturnino de Brito, agora passou a dar 
prioridade a apenas algumas modificações de breve ação, visando atender 
somente as necessidades mais essenciais e imediatas da população, como por 
exemplo, adução das águas do córrego Yung. 
Em um gesto educado, no final de 1915, o novo presidente da câmara, 
Dr. José Procópio Teixeira, enviou uma carta ao engenheiro Saturnino de Brito, 
20 
esclarecendo a este sobre a dificuldade em executar o plano desenvolvido por 
ele e seu colega. Segundo Neves (1920, p.8 e 9), na carta Dr. Procópio dizia: 
Tendo de assumir a administração do Município a 1º de janeiro, e, devendo 
iniciar logo o abastecimento da cidade, de acordo com o plano sabiamente 
estudado por v. ex. e o Dr. Baeta Neves, penso que, no momento, atendendo 
à situação financeira do Estado, que nos fornecerá recursos, à dificuldade de 
material e à diferença de extensão, devemos inverter o aconselhamento, 
captando o ribeirão Linhares primeiramente, com 7.430 m.c. e a 4 quilômetros, 
sendo as desapropriações muito mais baratas... prefiro fazer por partes e com 
muita economia, até complementar todo o plano estudado. 
 
 
 
Figura 10: Mapa contendo os mananciais de interesse ou já utilizados para abastecimento de água em 
Juiz de Fora, em 1915. 
Fonte: Esteves (1915, p. 205).3 
 
 
 
 
 
3 ESTEVES, Albino. Álbum do Município de Juiz de Fora. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do 
Estado de Minas, 1915. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9: Esquema de abastecimento de água proposto para Juiz de Fora por 
Baeta Neves e Saturnino de Brito em 1915. 
Fonte: Esteves (1915, p. 205) 
21 
Mesmo depois de toda a frustração pela não execução das obras em 
decorrência das questões econômicas do Estado, Lourenço Baeta Neves, cinco 
anos depois do ocorrido (agora em 1920) foi novamente chamado pela 
municipalidade para rever a situação do abastecimento de água e da coleta de 
esgoto da cidade de Juiz de Fora. Nesta oportunidade o engenheiro escreveu o 
texto “Novo Abastecimento de Água da Cidade de Juiz de Fora: Parecer do 
Engenheiro Lourenço Baeta Neves”. Ao longo do documento, Baeta Neves 
explica que: 
[...] o novo abastecimento fez-se para reforço do existente, trazendo-se à 
rede de distribuição deste, por um conduto forçado que lhe injeta a respectiva 
contribuição, de águas do ribeirão Yung, que reunido ao do Linhares, vem de 
altos terrenos à margem esquerda do Paraibuna, a nordeste da cidade” 
(NEVES, 1920, p.3). 
Além disso, o engenheiro Neves ainda frisou em seu documento que as 
águas deveriam ser tratadas por um processo de filtração rápida, com a adução 
prévia de um coagulante apropriado, assim como propôs também que no novo 
plano de saneamento constasse uma represa elevando as águas a um nível 
conveniente (ALBERTO & SOUZA, 2013, p.57). 
No ano de 1933 assume a Prefeitura de Juiz de Fora uma das figuras que 
mais contribuiu para o saneamento desta cidade: o Prefeito Menelick de 
Carvalho. De mandato relativamente breve (em comparação com os mandatos 
atuais, que são de quatro anos), Menelick governou Juiz de Fora de 1933 a 1936, 
e esses breves três anos de mandato já foram o suficiente para que o mesmo 
marcasse a história da cidade. 
Quando assumiu o cargo, em 1933, o Prefeito Carvalho se deparou com 
uma grave situação de desabastecimento. Isso porque, segundo Mello (2004, 
p.6) Juiz de Fora tinha uma demanda de 15 a 16 mil m3/dia (o equivalente a uma 
vazão em segundos de 0,174 m³/s a o,845 m³/s) e um fornecimento de apenas 
8 mil m3/dia (convertendo para m³/s, daria 0,093m³/s). Para tentar resolver o 
problema, Menelick propôs a criação de um conselho consultivo, composto única 
e exclusivamente por pessoas de notório saber. Fundado o conselho, os 
membros então propuseram os estudos necessários para se 
22 
chegar a uma solução sobre qual era a melhor alternativa a ser adotada em 
relação ao abastecimento de água de cidade. 
Conseguidaa aprovação do relatório do Conselho, foi então criada uma 
‘Comissão Provisória do Abastecimento de Água’, por meio do Decreto n° 99 de 
30 de setembro de 1934, assinado pelo Prefeito Menelick de Carvalho. Chefiada 
pelo Engenheiro Hugo Vocurca Filho, a comissão propôs um projeto de 
abastecimento para a cidade com tamanha abrangência que não só possibilitava 
o abastecimento de todos os habitantes da cidade, como também contemplaria 
a população pelas próximas três décadas seguintes. 
No relatório construído pela comissão foram descritos todos os detalhes 
do projeto: desde os cálculos hidráulicos, levantamentos topográficos, até a 
determinação do tempo de decantação das águas do lago a ser formado, não só 
pelo material sólido em suspensão, mas também em termos bacteriológicos. O 
relatório estava um tanto quanto detalhado (MELO, 2004, p.13). 
Terminados os estudos da ‘Comissão Provisória de Abastecimento de 
Água’, partiu-se então para a fase de contratação dos projetos com o Engenheiro 
Henrique de Novaes. Passado o tempo de elaboração do projeto, em janeiro de 
1934, Novaes apresentou ao prefeito Menelick o seu parecer prevendo a 
açudagem do Ribeirão dos Pintos: “O ribeirão dos Pintos: com o favor imenso da 
açudagem poderá fornecer no fim de algum tempo [...] liquido mais facilmente 
tratável, e afinal de melhor qualidade do que o retirado do Paraibuna”. O 
tratamento das águas foi, de fato, um fator importante na escolha da melhor 
adução, ao se levarem em conta fatores de ordens econômicas (JULIANELLI, 
2011, p.139). 
Ainda dando seguimento a argumentação do engenheiro em favor do uso 
do Ribeirão dos Pintos (hoje em dia comumente conhecido como ‘córrego dos 
pintos’) para o abastecimento urbano, em relatório adicional intitulado “Os 
fundamentos técnicos do novo abastecimento de água de Juiz de Fora”, 
apresentado à Sociedade de Medicina e Cirurgia de Juiz de Fora, Henrique de 
Novaes afirma que: 
Penso, senhores haver eu, arrimado em testemunhos os mais autorizados, 
esclarecidos os dois pontos mais controvertidos de um problema de 
23 
abastecimento de água, a quantidade e a qualidade do líquido que será 
fornecido à população. Direi ainda que, do manancial eleito haver-se-ão dentro 
de um ano 24.000 m3/dia, da melhor água possível, bastando para 
120.000 habitantes. Com o dobrar da linha e da estação de tratamento 
abastecerão 240.000 habitantes. Daí a verdade afirmar que o Ribeirão dos 
Pintos (açude Dr. João Penido) será a bem dizer a solução definitiva do 
abastecimento de água local, mesmo abandonando-se as fontes atuais” 
(MELO, 2004, p.13 e p.14). 
Além de propor, como visto na fala anterior do eng. Henrique de Novaes, 
a criação de uma barragem, de uma adutora e de uma estação de tratamento de 
água no Ribeirão dos Pintos, o Eng. Novaes também sugeriu em seu projeto final 
de obras de abastecimento a criação de um reservatório de distribuição que seria 
disposto junto a estação de tratamento de água (este reservatório, tempos 
depois, quando as obras já tinham sido concluídas, foi dado o nome de 
Reservatório Henrique de Novaes). 
Dado o parecer do Engenheiro o Prefeito Carvalho lançou o Edital para a 
concorrência das obras. Via concorrência pública, foram selecionadas as 
empresas Leão Ribeiro & Cia (para operar a construção da adutora) e a 
Companhia Brasileira de Estradas Modernas (incumbida das construções da 
barragem e da estação de tratamento). Foram preparadas então as respectivas 
minutas de contrato, no entanto, por hora o processo manteve-se estagnado. A 
Prefeitura não gozava dos recursos necessários para o pagamento pelas obras 
na época, e a homologação de ambos os contratos se manteve pendente 
durante um período. 
Depois de passar por um verdadeiro calvário para tentar conseguir o 
empréstimo junto à Caixa Econômica Federal e contando com a ajuda do Dr. 
Joao Penido que conversou com o seu amigo Dr. Belens de Almeida, Diretor 
Geral da Fazenda à época, o perseverante Prefeito Menelick finalmente 
consegue o empréstimo para a realização das obras da barragem e das demais 
construções associadas a esta. Por conta da grande “mãozinha” dada pelo 
doutor na aquisição do empréstimo junto a caixa econômica para as obras da 
represa, hoje, como forma de homenagem, a mesma se chama “Dr. João 
Penido”. 
24 
Dado o financiamento, a barragem foi então construída (Figura 11) 
contando com as seguintes medidas: 80 metros de comprimento e 11,5 m de 
altura, com profundidade média 10 metros para a represa. A extensão do lago 
formado depois do represamento é de aproximadamente 8 quilômetros 
(CESAMA, 200?a, p.2). As águas que abastecem a represa vêm do Ribeirão dos 
Burros – também conhecido como Córrego dos Pintos - um afluente do Rio 
Paraibuna. 
Já a adutora construída para captar água desta possuía tubos de 0,60 m 
de diâmetro, com extensão total de 10 km sendo 60% em aço e 40% em tubos 
de concreto centrifugado, com vazão de 16.000 m3/dia (ou 0,185 m³/s), permitia 
o abastecimento dos 80.000 residentes na cidade na época. Dada a época de 
sua construção, a estação de tratamento dispunha de todas as tecnologias de 
ponta, inclusive contando com processo de desinfecção. Aproveitando a 
oportunidade das construções relacionadas a represa, a Prefeitura deu início 
também a construção das redes tronco e de distribuição (MELO, 2004, p.19). 
 
Figura 11: Construção da represa Dr. João Penido. Ano 1936. 
Fonte: Site Maria do Resguardo.4 
 
Em 1957 tem início o processo de construção da barragem de Chapéu 
D’Uvas. A empreitada seria construída com os objetivos de defender a cidade de 
enchentes do Rio Paraibuna, proporcionar um maior aproveitamento das 
4 Site Maria do Resguardo. Imagem disponível em: <http://www.mariadoresguardo.com.br/2015/03/construcao- 
da-represa-dr-joao-penido.html>. 
http://www.mariadoresguardo.com.br/2015/03/construcao-da-represa-dr-joao-penido.html
http://www.mariadoresguardo.com.br/2015/03/construcao-da-represa-dr-joao-penido.html
25 
UHEs da Cemig e de ser mais uma fonte de abastecimento de água para a Juiz 
de Fora, visando assegurar uma maior segurança hídrica ao município. 
Os benefícios que a represa traria a cidade em relação ao aumento de 
geração de energia elétrica, bem como servindo como um possível agente 
mantenedor do abastecimento em Juiz de Fora eram claros à população. 
Contudo, a prevenção das enchentes por vezes não é algo tão obvio, por isso, 
cabe aqui destacar que com a construção de Chapéu D’Uvas seria mais fácil 
controlar o nível do Rio Paraibuna, porque sua vazão poderia ser regularizada 
pela barragem em períodos de índices pluviométricos acentuados, ou em dias 
específicos em que a cidade encarasse eventos extremos. 
Retomando a história de construção da represa. Pois bem, uma obra que 
viria para trazer paz e tranquilidade aos juiz-foranos, ironicamente trouxe muita 
dor de cabeça aos governantes do município, pois o histórico das obras 
representou uma verdadeira via sacra, especialmente pelo tempo gasto para a 
conclusão das mesmas - visto que a barragem só foi concluída depois de 
espantosas quatro décadas. A construção da represa começou no governo de 
Juscelino Kubitschek (reforçando, em 1957) passou por inúmeras paralisações 
até ser retomada pela última vez no governo de Itamar Franco em 1992, e 
finalmente inaugurada em dezembro de 1994. 
A dificuldade da empreitada se deu logo no início do seu projeto, isso 
porque para viabilizar a construção da barragem foram realizadas uma série de 
desapropriações em áreas rurais habitadas pertencentes aos municípios de 
Ewbank da Câmara e Santos Dumont (TRIBUNA DE MINAS, 2017a), um dos 
exemplos de áreas rurais que passaram por desapropriação foi a Colônia São 
Firmino no município de Ewbank da Câmara, que foi alagado com a construção 
da represa (vide figura 12). 
26 
 
 
Figura 12: Esquema com fotos da Colônia São Firmino após inundação para a Represade Chapéu 
D’Uvas (data não informada). 
Fonte: Acervo pessoal de João Carlos da Silva, disponível no site ‘Maurício Resgatando o passado: a 
história de Juiz de Fora’5 
Além de problemas que naturalmente ocorreram por conta das 
desapropriações, outro fator que também influenciou o andamento do projeto 
foi o fato de que o país passou por muitos períodos de recessão e retomada 
financeira no decorrer da empreitada. Esses ‘altos e baixos’ econômicos pelos 
quais o Estado passou certamente influenciaram nas paralizações e retomadas 
da obra. 
Por fim, cabe trazer ao leitor algumas informações adicionais sobre a 
configuração da represa: a Cesama (200?b, p.2) detalha que Chapéu D’Uvas 
fica localizada a 50 quilômetros da nascente do rio que a abastece (o Rio 
Paraibuna), a mesma chega a ter 12 km² de espelho d’água, a conta um volume 
médio de 146 milhões m³ de água, podendo ter uma profundidade máxima 41 
metros. A represa possui um volume 11 vezes maior que o volume da Represa 
Dr. João Penido. 
Segunda Fase: Surge o DAE 
 
Sem dúvida alguma, 1963 foi um ano glorioso para a história do 
saneamento de Juiz de Fora. Isso porque dois eventos importantíssimos 
aconteceram neste: A fundação do DAE (Departamento Municipal de Água e 
Esgoto) e o início das obras de incorporação da Represa de São Pedro ao 
sistema de abastecimento público. Em 1963 finalmente Juiz de Fora passou a 
 
5 Maurício Resgatando o passado: a história de Juiz de Fora. Link para as imagens disponível em: 
<http://mauricioresgatandoopassado.blogspot.com/2016/02/represas-0-fotos.html> 
http://mauricioresgatandoopassado.blogspot.com/2016/02/represas-0-fotos.html
27 
ter um departamento próprio para tratar de seu saneamento, convém agora 
detalhar como se deu tal processo de criação do departamento. 
O DAE foi criado através da Lei municipal de nº 1.873, em 01 de agosto 
de 1963, durante a administração do prefeito Adhemar Resende de Andrade 
(MAGALHÃES, 2009, p.45). 
O departamento trouxe autonomia à gestão do abastecimento de água da 
cidade, e essa autonomia angariava mais recursos voltados aos investimentos 
necessários a área. Contraditoriamente, apesar de representar um marco na 
história do saneamento local e de trazer mais investimentos para a área, os 
primeiros anos do DAE não foram fáceis. 
O departamento contava com instalações muito modestas - apenas duas 
salas pequenas situadas no prédio do Lactário, na rua do Espírito Santo, no 
centro da cidade – e o seu corpo técnico não tinha à disposição equipamentos 
que permitissem a detecção de vazamentos, e, infelizmente não existiam 
cadastros confiáveis sobre as redes e adutoras construídas ao longo de todos 
esses anos (e por várias gestões). Faltavam mapas, plantas baixas, material 
técnico pregresso; havia uma escassez de informações muito grande e isso 
causava muitos transtornos, especialmente quando era necessária a realização 
de reparos na rede de abastecimento, geralmente quando se tratavam de 
reparos emergenciais (MELO, 2004, p.21). 
O eng. Itamar Franco – o primeiro Diretor geral do DAE e engenheiro com 
know-how imenso na área de saneamento, até por já ter trabalhado no DNOS 
(Departamento Nacional de Obras de Saneamento) - conta que era muito comum 
ter que ir a campo contando com a assistência de auxiliares; pois como já dito 
anteriormente, o corpo técnico não tinha equipamentos que permitissem a 
detecção de vazamentos. Os engenheiros e técnicos frequentemente contavam 
com a boa vontade de amigos e com boa memória de funcionários antigos. O Sr. 
Jovino é um exemplo disso, o mesmo era um funcionário longevo do DAE, e 
informava às equipes de reparo não só a localização dos tubos, como também o 
diâmetro dos mesmos. 
Além de reparos nas tubulações da rede de abastecimento, o DAE 
também teve outras missões a executar. A primeira delas, foi a realização da 
28 
contenção de um vazamento presente na Barragem do Poço D’ Antas, que se 
encontrava em situação precária na época. Outra missão que ficou a cargo do 
recém implantado departamento foi tocar a construção da Represa do São Pedro 
(também conhecida como Represa dos Ingleses). Segundo a Cesama (2000c, 
p.2) a mesma fica na Zona Oeste da cidade e se encontra dentro de uma área 
particular, cedida por meio de autorização de exploração ao serviço público. A 
barragem tem 5 de altura e 200 metros de comprimento, e foi construída para 
atender ao abastecimento os bairros da parte alta da cidade. 
Em 1967, em seu primeiro ano de mandato como prefeito, Itamar Franco 
convidou o eng. Marcello Siqueira para a direção do DAE. Siqueira – que tinha 
se formado em Engenharia civil e eletrotécnica pela UFJF quatro anos antes do 
convite do Prefeito Itamar – e Itamar Franco trocaram ideias e uniram forças para 
viabilizar a construção de uma segunda adutora para a Represa Dr. João Penido; 
visto que a mesma contava com uma vazão até 4 vezes à que vinha sendo 
aduzida para atender o núcleo urbano da época. Ou seja, água para atender à 
população existia em abundancia, entretanto faltava ampliar a adução. 
Segundo Mello (2004, p.22) a segunda adutora da represa contava com 
uma extensão de 10 km e com tubos de aço de 0,80m de diâmetro, e custou 
aproximadamente 15 milhões de reais em 2004, convertendo, foi construída a 
um custo de R$ 37.605.00,006 em valores atuais. A época o DNOS recebeu bem 
o projeto de construção da adutora, sem perder, no entanto, a sua burocracia 
tradicional. 
O período da gestão de Itamar Franco como prefeito de Juiz de Fora (1967 
– 1970) foi, sem dúvida alguma, muito produtivo em termos de melhorias 
voltadas ao saneamento, especialmente no tocante as melhorias focadas no 
abastecimento de água da cidade. Em seu livro – edição não publicada, 
pertencente ao acervo pessoal do falecido ex-prefeito Itamar Franco - Melo 
(2004, p. 23) fala um pouco mais sobre as obras realizadas no período: 
 
 
6 Atualização para valores de hoje realizada com base variação de custo para a construção de Rede 
de Água pela Sec. da Fazenda e Planejamento de São Paulo. A variação de preços foi realizada 
comparando valores médios de obras para set/2004 a set/2019. Variação financeira disponível em: 
<https://www.fazenda.sp.gov.br/IndObPubConsulta/Consultas/select.aspx>. 
https://www.fazenda.sp.gov.br/IndObPubConsulta/Consultas/select.aspx
29 
No período de 1967 a 1970, foram construídas importantes obras para o 
abastecimento de Juiz de Fora, como a construção da segunda Estação de 
Tratamento na Barragem João Penido, e da ETA Marechal Castelo Branco, 
com a produção de 600l/s de água tratada. Construção de rede Tronco Central, 
vários reservatórios, elevatórias, subadutoras, levando água para vários 
bairros e a construção da ETA do Poço D’ Antas e Estação Tratamento de São 
Pedro. Toda essa expansão só foi possível graças a nova adutora construída 
com capacidade de vazão superior a demanda, proporcionando a distribuição 
da água por toda a cidade. 
As obras da segunda adutora (vide figuras 13 e 14), tão sonhada por 
Franco e Siqueira, foram concluídas em 1969, e com esta, a cidade passou a 
contar então com uma adução de até 600 litros por segundo a mais (valor 
máximo que a segunda adutora podia captar). Por via da Lei de n° 2778, em 25 
de setembro de 1967, foi dado o nome de ‘Menelick de Carvalho’ a adutora em 
questão. Essa foi uma forma de homenagear o ex-prefeito Menelik de Carvalho, 
que assim como Itamar Franco, muito fez pelo abastecimento de Juiz de Fora. 
 
 
Figura 13: construção da Adutora Menelik de Carvalho, 1969. 
Fonte: armazenada no Site Maria do Resguardo. Link para a imagem disponível em 
Acervo de Ronaldo Esteves Alvim, disponível em disponível em 
:<http://www.mariadoresguardo.com.br/2011/02/obras-da-adutora-menelick-de- 
carvalho.html> 
http://www.mariadoresguardo.com.br/2011/02/obras-da-adutora-menelick-de-carvalho.html
http://www.mariadoresguardo.com.br/2011/02/obras-da-adutora-menelick-de-carvalho.html30 
 
 
 
Figura 13: Construção da Adutora Menelik de Carvalho, em 1969, vista por outro ângulo. 
Fonte: armazenada no Site Maria do Resguardo. Link para a imagem disponível em 
Acervo de Ronaldo Esteves Alvim, disponível em disponível 
em::<http://www.mariadoresguardo.com.br/2011/02/obras-da-adutora-menelick-de- 
carvalho.html> 
 
 
No começo dos anos 1980 a Companhia de Distritos Industriais de Minas 
Gerais (CDI) planejou construir um Distrito Industrial no bairro de Benfica (zona 
norte). No projeto de obras do distrito estava prevista a construção, também, de 
um sistema próprio de captação de água do Ribeirão do Espírito Santo; este 
sistema foi planejado para atender as demandas por água das indústrias que ali 
se instalassem futuramente. E assim o foi feito: a empreitada tocou, 
concomitantemente, as obras de construção do distrito industrial em si, e do 
sistema de captação. A captação do sistema de Benfica era feita na margem 
direita do Ribeirão Espírito Santo – que é um afluente do Rio Paraibuna - e o 
sistema construído tinha capacidade de captar 200 l/s. 
Passados alguns anos da inauguração do distrito industrial, a Prefeitura 
de Juiz de Fora (PJF) percebeu que o consumo de água das indústrias ali 
instaladas era inferior ao volume de água captado pelo sistema do ribeirão do 
Espirito Santo. Com isso, a PJF teve a ideia de negociar a aquisição das 
instalações do sistema de captação junto a CDI. 
A negociação foi para frente e, findado o processo de compra, a Prefeitura 
então repassou o controle das operações e do fornecimento de água do sistema 
a DAE. A distribuição das águas foi feita de maneira a atender a 
http://www.mariadoresguardo.com.br/2011/02/obras-da-adutora-menelick-de-carvalho.html
http://www.mariadoresguardo.com.br/2011/02/obras-da-adutora-menelick-de-carvalho.html
31 
ambos os setores (industrial e popular): boa parte da água captada era 
repassada às indústrias em Benfica e, o excesso, foi interligado às redes de 
distribuição da cidade, proporcionando um reforço ao sistema de abastecimento 
pré-existente. Em 1984, a estação de tratamento de água que compunha o 
sistema de captação do ribeirão do Espírito Santo, conhecida até então como 
ETA CDI, passa a ser denominada ETA Walfrido Machado Mendonça (CM/JF, 
2015). 
Entre os anos de 1983 e 1988 foram desenvolvidos para Juiz de Fora dois 
planos diretores voltados ao saneamento sendo um o ‘Plano Diretor de 
Abastecimento de Água’ e o outro o ‘Plano Diretor de Esgotamento Sanitário'. 
Nessa época também houve a recuperação da primeira adutora da represa Dr. 
João Penido - que anos antes tinha sido desativada – pois Juiz de Fora estava 
vivenciando um crescimento populacional considerável e tinha de atender a 
demanda da população crescente. A antiga adutora retornou a operar aduzindo 
mais 120 l/s para o reservatório Henrique de Novais. 
Apesar de a ideia da antiga adutora retornar ao funcionamento 
representar algo positivo para a população, visto que a cidade agora contava 
com uma vazão maior em sua rede de distribuição, este fato devia ser observado 
com cautela, e mais do que isso, precisava ser visto como um sinal de alerta. 
Isso porque, com a reativação da primeira adutora, a Represa Dr. João Penido 
estava atuando com a capacidade de fornecimento no limite de vazão que lago 
permitia fornecer: com as duas adutoras em funcionamento, captando uma 
vazão de cerca de 800 l/s. Era preciso, mais uma vez, procurar por novas fontes 
de abastecimento para a cidade (MELO, 2004, p.24). 
Terceira Fase: a fundação da CESAMA 
 
A situação do abastecimento de água em Juiz de Fora se tornava, a cada 
dia que passava, mais complicada. Contudo, alguém que outrora já tinha feito 
muito pelo saneamento da cidade volta a aparecer em cena para reverter essa 
situação de iminente crise hídrica: Itamar Augusto Cautiero Franco era o nome 
dele. Em primeiro de outubro de 1990, pela Lei de n° 7.762 é criada a Companhia 
de Saneamento e Pesquisa do Meio Ambiente (CESAMA), que veio substituir 
ao DAE. A empresa era, obviamente, pública e contava com 
32 
autonomia tanto em âmbito financeiro quanto em âmbito administrativo (Souza, 
2010, p.45-46). 
A criação da Cesama e a quantidade de recursos financeiros que foram 
encaminhados ao abastecimento da cidade com a fundação desta sem dúvida 
alguma tiraram Juiz de Fora da ‘saia-justa’ hídrica em que se encontrava. O 
antigo chefe executivo da Cesama, Rubens Coelho de Melo, detalha muito bem 
esse momento ilustre da cidade em sua obra ‘Abastecimento de água em Juiz 
de Fora: síntese de uma trajetória de 150 anos’: 
Por determinação do então Sr. Presidente da República Itamar Franco, o 
Ministério da Integração Regional repassou, a fundo perdido para o antigo 
DAE, transformado em empresa Municipal de Saneamento, CESAMA, 
recursos na ordem de 20 milhões de reais, quando 1 real equivalia a 1 dólar, 
[...] para ampliação do Sistema do Ribeirão Espirito Santo, constando de 
captação, elevatória, ampliação da ETA e construção da 3ª adutora, em uma 
extensão de 14 km em tubos de aço com diâmetro variando de 0,80 a 1,20 m. 
Esta adutora proporcionou a ligação da ETA de Benfica [...] ao reservatório, 
também ampliados em 100%, Dr. Henrique de Novais (MELO, 2004, p.24 p.25) 
E o governo de Itamar Franco ainda foi além, conforme Rubens Melo declara: 
 
Ainda deixou no Ministério do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, valores que 
possibilitaram a construção da adutora da zona sul, o que permite através da 
elevatória da Avenida Independência, chamada Waldir Campos e o 
Reservatório da UF JF, chamado Luiz Fernando Surerus, abastecer toda a 
parte alta da cidade, bairro São Pedro e adjacências, uma vez que o 
manancial do córrego São Pedro estava totalmente esgotado. Esta é uma parte 
da cidade que teve grande expansão, e a carência de agua já limitava o seu 
desenvolvimento. Com essa ajuda substancial de recursos, pode a cidade de 
Juiz de Fora contar com o seu abastecimento de água suficiente (MELO, 2004, 
p.25). 
Juiz de Fora realmente estava vivendo um período de muita abundancia 
e prosperidade em termos de saneamento nos anos 1990: a fundação da 
Cesama, as obras de ampliação do Sistema do Ribeirão do Espirito Santo, a 
ampliação do reservatório Henrique de Novaes, a construção da adutora da zona 
sul e após décadas, a inauguração da represa de Chapéu D’Uvas - em 1994 
(Figura 15) - são exemplos disso. 
33 
Apesar de a represa Chapéu D’Uvas ter um volume de água 11 vezes 
maior do que o da represa Dr. João Penido, Juiz de Fora ainda não podia 
contar com o abastecimento desta, visto que faltava uma adutora para levar suas 
águas até uma ETA para serem então tratadas e distribuídas. A adutora ligando 
Chapéu D’Uvas a uma ETA só foi inaugurada em 2014. Mais para frente no 
capítulo, quando se chegar a 2014 na cronologia aqui estabelecida, tal episódio 
será contado com mais detalhes. 
Em 08 de maio de 2001, a Cesama altera a sua razão social por via da 
Lei municipal n° 10.000. Se antes a sigla da companhia significava ‘Companhia 
de Saneamento e Pesquisa do Meio Ambiente’, a partir de então passou a 
significar ‘Companhia de Saneamento Municipal’. A razão social da companhia 
foi mudada porque a mesma não tinha por objetivo a execução de atividades de 
planejamento e gestão ambiental do município, mas sim o planejamento e 
manutenção de sistemas de água e esgoto (CESAMA, 2006, p.1). Ainda em 2001 
a Companhia Municipal de Saneamento dá início as obras de implantação de 
sistemas de abastecimento de água – contando com ETAs compactas - nos 
distritos de Sarandira, Torreões e Valadares. 
 
Figura 14: Inauguração da Represa de Chapéu D’Uvas em 1994. 
Fonte Acervo pessoal de João Carlos da Silva, disponível no site ‘Maurício Resgatando o 
passado: a história de Juiz de Fora’7 
 
 
7 Maurício Resgatando o passado: a história de Juiz de Fora. Link para a imagem disponível em: 
<http://mauricioresgatandoopassado.blogspot.com/2016/02/represas-0-fotos.html>

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