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POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA 5

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POLÍTICA EXTERNA 
BRASILEIRA 
CONTEMPORÂNEA 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Kauana Puglia 
 
 
CONVERSA INICIAL 
O surgimento de um sistema multilateral é um marco nas relações 
internacionais e estabeleceu novos parâmetros para a interação entre países. 
Esses parâmetros visam estabelecer tratados formais cujo objetivo é formar 
organizações governamentais internacionais e fóruns permanentes para laços 
diplomáticos e compromissos legais nos campos social, político, econômico e de 
segurança. 
Além disso, o estabelecimento de um sistema internacional que rege a 
ação coletiva e a propriedade comum compartilhada pela humanidade faz parte 
dessa agenda. O fundamento dessas iniciativas é a definição e a delimitação do 
escopo da cooperação internacional, que vem se desenvolvendo desde então, 
com foco no desenvolvimento de várias parcerias com povos de todos os países. 
Nesta aula, vamos entender o que é a cooperação internacional e como 
ela funciona, explorando as suas principais modalidades. Também vamos 
compreender como a cooperação internacional é feita em âmbito brasileiro, 
analisando os instrumentos do país para definir suas ações e observando quais 
países vem sendo o foco do Brasil para a realização de projetos. 
TEMA 1 – COOPERAÇÃO INTERNACIONAL: O QUE É E COMO FUNCIONA 
A disseminação da industrialização e modernidade para os países em 
uma sociedade global significa que, desde a Segunda Guerra Mundial, um dos 
aspectos mais marcantes das relações internacionais foi expandir a cooperação 
como uma abordagem institucionalizada pelos Estados. Dessa forma, os 
governos tornam-se parte de uma complexa rede de instituições que se 
concentram no que é comumente chamado de cooperação internacional (Sato, 
2010). No processo, esse termo foi estendido a todas as áreas, desde comércio 
e finanças até questões de segurança, meio ambiente, educação e saúde. 
1.1 O que é cooperação internacional? 
O art. 1 do primeiro capítulo da Carta das Nações Unidas cita o propósito 
das Nações Unidas e define o conceito de cooperação internacional, seus 
objetivos e formas: 
 
 
3 
3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os 
problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou 
humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos 
humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de 
raça, sexo, língua ou religião; 
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a 
consecução desses objetivos comuns. (Brasil, 1945) 
Assim, o conceito de cooperação possui diferentes componentes: 
sociedade, cultura, economia e humanitarismo. Isso permite que seja geralmente 
entendida como qualquer ação coletiva ou parceria entre países. Portanto, é 
necessário determinar seus objetivos dentro da Organização das Nações 
Unidas. 
Segundo Puente (2010), a ideia de cooperação foi chamada assistência 
técnica em 1948. O objetivo foi entender a cooperação como assistência 
prestada por certos países, enquanto outros recebiam tal assistência. Isso 
visaria promover melhorias para aqueles que têm maiores dificuldades. O país 
que fornecer assistência será o provedor, e o destinatário será o destinatário ou 
destinatário. No entanto, ainda é necessário determinar que tipo de assistência 
os países recebem e fornecem. 
Desde então, surgiram definições mais específicas de cooperação, nas 
quais podemos enfatizar a Cooperação para o Desenvolvimento e/ou 
Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (CID), a Cooperação 
Científica e Tecnológica (CC&T), e a Cooperação Humanitária (CH). No entanto, 
por exemplo, o CID pode ser dividido em: Cooperação Técnica Internacional 
(CTI), Cooperação Financeira (CF), Assistência Humanitária (HA) e Assistência 
Alimentar (AA) (Puente, 2010). 
Especialmente para a CID, os Estados definem agências especializadas 
para lidar com a cooperação. No Brasil, a Agência Brasileira de Cooperação 
(ABC), estabelecida em 1987, está vinculada ao Ministério das Relações 
Exteriores (MRE), sendo um órgão público responsável pela coordenação de 
ações de cooperação entre instituições públicas e privadas, como organizações 
não governamentais. 
TEMA 2 – MODALIDADES DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 
Iniciando pela CC&T, embora esse tipo de cooperação seja entendido 
como incentivo ao desenvolvimento, ela ainda é considerada um campo 
específico de cooperação internacional. Segundo Puente (2010), essa 
 
 
4 
particularidade está relacionada a procedimentos focados na transferência de 
ciência e tecnologia. O setor realiza atividades com a chamada P&D (pesquisa 
e desenvolvimento). 
Os agentes envolvidos na CC&T são estatais e não estatais: 
universidades, setores de produção industrial e agrícola, instituições de pesquisa 
etc. O financiamento de projetos pode ser público ou privado e pode orientar o 
setor de ciência e tecnologia por meio de políticas gerais de desenvolvimento ou 
setores estratégicos através de políticas específicas. 
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) é responsável pela 
CC&T e pelos planos internacionais e nacionais do setor. Para o Brasil, existem 
três formas principais de cooperação nesse setor: planos científicos e projetos 
de cooperação internacional; programas bilaterais de cooperação científica e 
tecnológica e projetos regionais; e parcerias ou ações estabelecidas diretamente 
entre cientistas (Baumann, 2013). 
Para definir esses projetos e suas áreas prioritárias, cada país possui um 
processo de tomada de decisões que limitarão suas áreas de investimento. Para 
o Brasil, o setor contemplado é a agenda de desenvolvimento social e educação. 
A definição da pauta prioritária de CC&T passa pelo MCTI, pelo Ministério das 
Relações Exteriores (MRE), pelo Ministério da Educação (MEC) e por agências, 
como Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) 
e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). 
Além disso, a CC&T envolve muitos participantes nacionais e 
internacionais e apoia firmemente o CID, a forma mais abrangente e complexa 
de cooperação internacional. Segundo Puente (2010, p. 41), o CDI pode ser 
classificado com base em quatro critérios: 
1. Origem: pública ou privada; 
2. Canais de execução: bilateral, trilateral, multilateral ou descentralizada 
(ONGs em geral); 
3. Instrumentos: Cooperação técnica internacional (CTI), cooperação 
financeira (CF), assistência humanitária (AH) e ajuda alimentar (AA); 
4. Nível de desenvolvimento dos países envolvidos: países desenvolvidos 
(Norte), países em desenvolvimento (Sul) e países de menor 
desenvolvimento relativo (Sul). 
 
 
 
5 
No que se refere às modalidades, a classificação pode ser assim 
estabelecida (Brasil, 2014a): 
• Cooperação Técnica Internacional (CTI): assistência ao desenvolvimento 
baseada no aprimoramento da capacidade do país receptor, visando 
melhorar a autonomia por meio de projetos multidimensionais 
interdependentes e a exploração de capacidades endógenas com o apoio 
de fornecedores parceiros; 
• Cooperação Financeira (CF): assistência na forma de empréstimos e 
investimentos não reembolsáveis, contribuições e materiais financeiros 
para desenvolvimento e crédito concessionário; 
• Assistência Humanitária (AH): assistência prestada em tragédias 
humanitárias naturais ou provocadas pelo homem, destinadas a amenizar 
condições extremas e dificuldades de sobrevivência; 
• Ajuda Alimentar (AA): assistência relacionada à demanda humanitária de 
suprimento de alimentos para garantir segurança alimentar ou crédito 
preferencial no momento da compra. 
Entre essas modalidades de CID, o CTI é o mais complexo. Esse conceito 
e seu modelo têm sido constantemente desenvolvidos, envolvendo CTI 
tradicional (cooperação Norte-Sul, ou cooperação vertical) e CTPD (cooperação 
Sul-Sul, ou cooperação horizontal). 
2.1 Cooperação Técnica Internacional (CTI)e a Cooperação Técnica entre 
Países em Desenvolvimento (CTPD) 
Até 1970, a CTI tradicional dominava as relações internacionais. Porém, 
devido à ascensão e consolidação dos países do sul e à influência de conceitos 
de desenvolvimento multidisciplinar (social, ambiental, político e econômico), o 
CTI e o CTPD tornaram-se cada vez mais próximos. 
O CTI é definido como uma ferramenta auxiliar para o desenvolvimento 
dos países receptores, com o objetivo de promover mudanças estruturais em 
sua dinâmica por meio do intercâmbio e compartilhamento de experiências entre 
os países participantes. Esses processos são projetados para ter um impacto 
positivo nos países destinatários e permitir a criação de seus próprios padrões 
de crescimento (Brasil, 2014a). Assim, 
 
 
6 
A cooperação técnica é um dos pilares da cooperação internacional. 
Seu foco é o desenvolvimento de capacidades entendido como a 
identificação, mobilização e expansão de conhecimentos e 
competências disponíveis no país parceiro, com vistas à conquista da 
autonomia local para o desenho e implementação de soluções 
endógenas para os desafios do desenvolvimento. (Brasil, 2013, p. 12) 
Ainda é necessário determinar quais projetos alcançarão os objetivos 
propostos de maneira mais satisfatória. Esse tipo de definição de projetos, na 
prática, é chamado de carteira de projetos: o termo refere-se a uma série de 
projetos que constituem uma agenda nacional de cooperação, tanto como 
destinatários do CTI quanto como prestadores. 
Para atingir esses propósitos, é essencial que haja uma interação 
substancial entre os países doadores e os beneficiários. Com relação ao primeiro 
item, a maneira pela qual os destinatários recebem ajuda e implementação pode 
ser vista como uma maneira de avaliar o sucesso ou o fracasso das iniciativas. 
Os países beneficiários precisam incorporar e implementar mudanças em 
grande medida, para que possam continuar recebendo propostas semelhantes 
de cooperação quando necessário. Por outro lado, o sucesso da cooperação 
pode fazer com que um país, até então destinatário, possa se tornar um 
fornecedor no futuro. Dessa forma, ele desempenhará um papel duplo: doadores 
e beneficiários da ajuda. 
No entanto, nem sempre houve a CTPD: este é um modelo relativamente 
novo de CTI. Com o empoderamento do Sul, esse modelo foi fortalecido desde 
1970. Mais do que CTI, a CTPD refere-se à consolidação da cooperação entre 
países do sul: cooperação técnica entre países em desenvolvimento. Essa 
cooperação é um marco no desenvolvimento de mecanismos de interação 
horizontal entre esses países. 
Para os países em desenvolvimento, o CTI tradicional é importante para 
o desenvolvimento do Sul, mas também apresenta problemas estruturais: 
primeiro, é apoiado por relações de poder assimétricas, que muitas vezes levam 
à implementação de políticas e posições dominantes. Em segundo lugar, os 
provedores de cooperação impõem muitas condições políticas e econômicas, o 
que torna quase impossível obter uma oferta de cooperação. Terceiro, de acordo 
com a visão do destinatário, a cooperação geralmente se concentra nas 
necessidades dos fornecedores e carece de compreensão da realidade local. 
Por outro lado, a CTPD visa superar esses obstáculos e apresenta 
algumas vantagens sobre o CTI tradicional: a assimetria entre as partes 
 
 
7 
envolvidas na cooperação é pequena; a troca de experiências comuns, que 
ajuda no desenvolvimento da agenda de cooperação e a maior integração entre 
as necessidades dos países doadores e receptores. 
TEMA 3 – BRASIL E A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 
Durante o século XX, o país foi um dos que mais contribuiu para a defesa 
do desenvolvimento sustentável e da CID no sistema das Nações Unidas, com 
uma atuação na Assembleia Geral, em organismos como o G-77 e o PNUD. 
Embora ainda seja um país receptor e beneficiário do CTI, o Brasil ainda 
é um dos doadores mais ativos do CTPD atualmente, sendo parte integrante da 
política externa e discussões diplomáticas para valorizar as formas de 
cooperação. Em termos de recebimento de assistência, os principais atores do 
país são organizações multilaterais, como a ONU, e agências como o PNUD. 
Bilateralmente, temos o Japão, a Alemanha e a Espanha. Em relação à 
prestação de assistência, o Brasil possui uma ampla gama de operações, com 
foco na África, nas Américas e na Ásia. 
3.1 Documentos e instrumentos para definir as ações em âmbito nacional 
Para o Brasil, a cooperação internacional é coordenada pela ABC, 
estabelecida em 1987 e vinculada ao MRE. Os primeiros esforços do Brasil 
nesse campo remontam à década de 1950, quando foi criado o Comitê Nacional 
de Assistência Técnica. Segundo Puente (2010), nas décadas de 1960 e 1970, 
a Subsecretaria de Cooperação Econômica e Técnica Internacional (Subin) 
passou a desempenhar as tarefas. Foi com a ABC, porém, que a ação brasileira 
de CTPD ganhou adensamento. 
Para definir perfil, projetos e parceiros, o Manual de Gestão da 
Cooperação Técnica Sul-Sul (CSS) da ABC afirma que 
A cooperação técnica Sul-Sul é entendida como o intercâmbio 
horizontal de conhecimentos e experiências originados nos países em 
desenvolvimento cooperantes. A ideia é compartilhar lições aprendidas 
e práticas exitosas disponíveis no Brasil, geradas e testadas para o 
enfrentamento de desafios similares ao desenvolvimento 
socioeconômico. (Brasil, 2013, p. 13) 
Oficialmente, de acordo com a legislação brasileira, para executar esses 
procedimentos, três marcos são explicitados: o jurídico, o político e o 
operacional. O CSS só pode ser alcançado se esses marcos forem alcançados. 
 
 
8 
Na estrutura jurídica do CSS, são inseridos os requisitos formais para a 
implementação do projeto, que é o Acordo Básico de Cooperação Técnica (ou 
Acordo de Cooperação para o Desenvolvimento ou Acordo Quadro), que 
formaliza internamente a CSS entre o Brasil e determinados parceiros. O 
governo brasileiro propõe um acordo e o Congresso o avalia. Se considerar 
positivo, o aprovará, permitindo implementar e distribuir seus meios. 
Por sua vez, a estrutura política envolve o nível de negociação, que inclui 
os acordos de intenções. Estes são documentos políticos, mas só podem ganhar 
visibilidade, conteúdo e aplicabilidade se acompanhados da descrição da 
estrutura jurídica e operacional. 
A estrutura operacional viabiliza o projeto, e o projeto é baseado nos 
pilares políticos e jurídicos mencionados, bem como nos recursos e ferramentas 
de gerenciamento necessários para executar o projeto. O primeiro requisito do 
marco operacional é definir arranjos de execução administrativa e financeira, que 
se referem ao pessoal que executa o projeto. 
Após identificar os agentes da cooperação, é necessário entrar na fase de 
implementação técnica. De acordo com o Manual de Gestão, ele envolve quatro 
instrumentos: programa, projeto, ação preparatória e ação simplificada. Este 
procedimento é o estágio inicial de planejamento e corresponde à concepção e 
à coordenação dos componentes de ação do CSS que compõem o projeto. Para 
a execução do projeto, a preparação e as ações simplificadas continuarão sendo 
realizadas por meio do uso de recursos, definição de atores, início e 
desenvolvimento de atividades. 
Para concluir as duas últimas etapas, é necessário considerar os fins e 
meios de um projeto. Os fins referem-se ao objetivo do projeto e aos resultados 
que ele produz. Os meios, por sua vez, são como tudo se realiza; produtos são 
as formas pelas quais se realizam as atividades; e insumos são os recursos 
necessários para gerar os produtos e as atividades. 
A fonte desses recursos depende de quem são os colaboradores: 
instituições brasileiras e países beneficiários, fundos e doações internacionais 
de países doadores ou recursos de instituições nacionais e internacionais (como 
organizações multilaterais). Os insumos também envolvem meios estruturais,como equipamentos, e o local de gerenciamento e execução de projetos e 
atividades relacionadas. Os beneficiários podem ser diretos (participantes ativos 
 
 
9 
do projeto em todas essas etapas) ou indiretos (correspondendo ao efeito 
multiplicador). 
A seguir, é apresentado um quadro relacionado a projetos estruturais, 
mostrando o foco da ação no campo social nas relações do Brasil com os países 
parceiros na África, nas Américas e na Ásia. 
Quadro 1 – Projetos estruturantes: África 
País Título Área 
Guiné-Bissau Centro de formação profissional 
Brasil-Guiné-Bissau/Fase II – 
Revisão B 
Educação 
Cotton-4 (Benin, 
Burkina Faso, Chade 
e Mali) 
Apoio ao desenvolvimento do 
setor algodoeiro dos países do 
cotton-4 
Agricultura 
Gana Centro de hemoterapia e doença 
falciforme Brasil-Gana 
Saúde 
Moçambique Capacitação em produção de 
medicamentos antirretrovirais 
Saúde 
Moçambique Implantação do centro de 
formação profissional Brasil-
Moçambique 
Educação 
Moçambique Apoio ao desenvolvimento urbano 
de Moçambique – Fase II 
Desenvolvimento urbano 
Moçambique UAB – Moçambique Educação 
Moçambique Modernização da previdência 
social de Moçambique 
Seguridade social 
São Tomé e Príncipe Centro de formação profissional 
Brasil-São Tomé e Príncipe 
Educação 
São Tomé e Príncipe Apoio ao programa de luta contra 
a tuberculose em São Tomé e 
Príncipe 
Saúde 
São Tomé e Príncipe Apoio ao desenvolvimento da 
produção de artesanato em São 
Tomé e Príncipe – Fases I e II 
Desenvolvimento social 
Senegal Apoio ao desenvolvimento da 
rizicultura no Senegal 
Agricultura 
Fonte. Brasil, 2014b. 
Quadro 2 – Projetos estruturantes: América Latina e Ásia 
País Título Área 
Jamaica Centro de formação e capacitação 
profissional Brasil-Jamaica 
Educação 
Paraguai Centro de formação profissional 
Brasil-Paraguai em 
Hernandárias – Fase IV 
Educação 
 
 
10 
País Título Área 
Bolívia Centro de formação profissional 
Brasil-Bolívia 
Formação profissional 
Caricom Implantação da plataforma Brasil-
Caricom de capacitação em 
agropecuária 
Agricultura e segurança 
alimentar 
Colômbia Centro de formação profissional 
Brasil-Colômbia 
Formação profissional 
Guatemala Centro de formação profissional 
Brasil-Guatemala 
Formação profissional 
Haiti Modernização e revitalização do 
centro de formação profissional 
Brasil-Haiti 
Formação profissional 
Haiti Escola técnica de saúde pública Saúde 
Haiti Nippes Agrícola Agricultura 
Timor-Leste Centro de Formação Profissional 
Brasil – Timor-Leste 
Formação profissional 
Fonte: Brasil, 2014b. 
TEMA 4 – COOPERAÇÃO INTERNACIONAL EM SEGURANÇA CIBERNÉTICA 
Em 2013, foi revelado por Edward Snowden, ex-membro da Agência 
Central de Inteligência (CIA) e ex-contratado da Agência de Segurança Nacional 
dos Estados Unidos (NSA), que os sistemas eletrônicos e telefônicos do Brasil 
eram alvos de espionagem por parte dos Estados Unidos. Com essa ameaça, 
foi possível perceber que as ações hostis no ciberespaço poderiam apresentar 
para o exercício de poder dos Estados. O sistema da segurança da informação 
possui brechas que podem levar ameaças como a prática da espionagem a 
penetrarem facilmente em seu campo, podendo não somente danificar o sistema 
de informação em si mas também a vida cotidiana material de muitos cidadãos 
e do próprio governo. 
Após o incidente, a relação bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos 
recuou por algum tempo. No entanto, em 2016, a estratégia usada pelo país 
brasileiro para superar essa situação foi a cooperação, o intercâmbio de 
informações e experiências entre os dois países, para permitir que o país ofereça 
uma resposta mais efetiva aos ataques do ciberespaço. Vale ressaltar que a 
posição do Brasil a esse respeito é interessante, porque o país entrou em contato 
com os Estados Unidos para adquirir tecnologia e conhecimento técnico para 
melhorar suas ferramentas de defesa e segurança, sem o prejuízo de 
afastamentos (Fagundes et al., 2019). 
 
 
11 
O Memorando de Entendimento (MdE) entre o Brasil e os Estados Unidos 
é um documento que especifica essas ações cooperativas entre os países 
(Brasil, 2012). O memorando de entendimento consiste em oito artigos e foi 
assinado em 8 de abril de 2016 na Flórida, Estados Unidos. As duas partes 
representadas são a Fundação Nacional da Ciência dos Estados Unidos e o 
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil. Esse documento 
representa a formalização e o progresso jurídico sobre questões de segurança 
cibernética entre os dois países (Fagundes et al., 2019). O Ministério das 
Relações Exteriores acredita que as iniciativas de cooperação técnica são 
ferramentas que promovem o desenvolvimento, o treinamento de pessoal e 
instituições, e levam a mudanças estruturais nas realidades socioeconômicas de 
seus países de destino (Brasil, 2012). 
De acordo com o memorando, o seu objetivo é promover a cooperação 
no campo da cibersegurança, integrando as leis e os regulamentos de cada país 
(art. 1.1) (Brasil, 2012). O memorando de entendimento não se destina a impor 
obrigações legais juridicamente vinculativas de acordo com o direito 
internacional e o direito nacional, e estará subordinado à disponibilidade de 
fundos e pessoal apropriados das partes (art. 1.2) (Brasil, 2012). 
Em linhas gerais, o art. 2 (Brasil, 2012) trata da promoção, cooperação e 
compartilhamento de projetos e parcerias entre instituições e empresas dos dois 
países para desenvolver melhores estratégias no campo do ciberespaço, 
políticas públicas e segurança cibernética. 
O art. 3 (Brasil, 2012) abrange atividades que promovem a cooperação, 
tais como o lançamento de chamadas conjuntas, o intercâmbio de visitas entre 
funcionários públicos, técnicos e especialistas; a realização de seminários e 
workshops, o intercâmbio de pesquisadores para fins educacionais, treinamento 
e cooperação mútua e outras atividades acordadas. 
Por sua vez, o art. 4 (Brasil, 2012) estipula que ambas as partes devem 
trabalhar juntas na preparação, envio e avaliação de chamadas, e a criação e a 
distribuição da propriedade intelectual fornecida por atividades conjuntas devem 
estar sujeitas às leis aplicáveis. As despesas arcadas do MdE devem ser 
suportadas por cada país (art. 5) (Brasil, 2012). 
Além disso, sem consentimento prévio, nenhuma das partes tem o direito 
de divulgar informações sobre o memorando de entendimento a terceiros, a 
menos que as informações sejam incluídas na legislação nacional de uma parte 
 
 
12 
(art. 6) (Brasil, 2012). Quaisquer diferenças possíveis devem ser resolvidas 
adequadamente entre as duas partes. Por fim, o art. 8 estipula que a cooperação 
começará após as duas partes assinarem o memorando de entendimento, com 
um período de cinco anos, a partir de 8 de abril de 2016. 
No geral, o MdE é consistente com as tentativas do Brasil de promover a 
cooperação técnica internacional, que é o principal tipo de cooperação realizada 
no exterior pelo Brasil (IPEA, 2017). 
TEMA 5 – COOPERAÇÃO SUL-SUL: O CASO HAITI 
A cooperação entre o Brasil e o Haiti é apoiada pelo Acordo Básico de 
Cooperação Técnica e Científica entre o Governo da República Federativa do 
Brasil e o Governo do Haiti, promulgado em novembro de 2004. Desde então, 
cerca de 15 projetos cooperativos foram implementados, além de muitas outras 
operações humanitárias e de emergência, para promover o desenvolvimento do 
povo haitiano em diferentes áreas, como agricultura, saúde, infraestrutura, 
esportes, nutrição, educação e desenvolvimento social (Brasil, 2016). 
Tendo por princípio a solidariedade na atuação internacional, após o 
terremoto que afetou o país, a cooperação com o Haiti foi fortalecida em janeiro 
de 2010. O governo brasileiro está disposto a apoiar o aumento do número de 
projetos de cooperação no Haiti em um dos momentos mais difíceis de sua 
história. A diversificaçãode campos e o aumento do número de agências de 
cooperação no lado brasileiro comprovam isso, o que tem um impacto positivo 
na cooperação e fortalece a cooperação com parceiros tradicionais (Brasil, 
2016). 
Em novembro de 2016, o Brasil e o Haiti assinaram um acordo de 
cooperação técnica para estabelecer um centro de treinamento profissional nos 
no país, nos moldes das escolas do Serviço Nacional de Aprendizagem 
Industrial (SENAI). De acordo com o acordo assinado pelo SENAI, o Ministério 
das Relações Exteriores (MRE), o Governo do Haiti, a Agência Brasileira de 
Cooperação (ABC) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
(PNUD), o país teria a expertise do Brasil para qualificar profissionais que seriam 
importantes para a reconstrução do país, atingido naquele ano por um furacão 
(Senai, 2016). A cooperação promove a introdução do emprego e o 
empreendedorismo no Haiti, que é a base necessária para garantir a 
reconstrução sustentável do país. 
 
 
13 
Em 2010, as Nações Unidas investiram um total de US$ 17 milhões no 
Fundo de Reconstrução do Haiti, criado pela Organização das Nações Unidas 
(ONU), pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelo Banco 
Mundial, quando o país foi destruído por um terremoto, matando 200.000 
pessoas e causando perdas de mais de US$ 10 bilhões (Senai, 2016). 
A agenda internacional do Senai possui três pontos principais nessa 
parceria: a transferência de tecnologia internacional para apoiar a agenda da 
indústria por meio de inovação e novas tecnologias educacionais; a promoção 
da cooperação Sul-Sul; e a prestação de serviços internacionais. O projeto foi 
implementado pelo departamento regional do Senai no Rio Grande do Sul, e as 
áreas de treinamento incluem ocupações com alta empregabilidade e 
necessidades econômicas locais, como construção civil, costura, energia de 
construção, marcenaria, mecânica automotiva e de motocicletas e metalurgia 
(Senai, 2016). 
NA PRÁTICA 
Para saber mais sobre as origens da Cooperação Sul-Sul, pesquise mais 
sobre a Conferência de Bandung, ocorrida em 1955. O início desse movimento 
ocorreu durante a Guerra Fria, quando os países que estavam insatisfeitos com 
as disputas dos países do Norte começaram a se aproximar. Eles não coincidem 
necessariamente com a disputa entre o capitalismo e o socialismo, mas tentam 
advogar a independência do processo de descolonização e do processo de 
desenvolvimento correspondente à própria realidade. 
Após a Conferência de Bandung, em 1955, vários países começaram a 
se reunir para formar essa nova forma de cooperação. Nesta reunião, realizada 
apenas entre 29 países da África e Ásia e cerca de 30 movimentos coloniais de 
libertação nacional, os dez princípios de Bandung foram assinados. Entre eles, 
estão explicitados os princípios de não interferência, não alinhamento e a 
necessidade de uma expressão clara para reduzir a desigualdade no sistema 
internacional. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, analisamos os principais conceitos e práticas relacionados à 
cooperação internacional, com foco na cooperação em ciência e tecnologia e 
 
 
14 
cooperação entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, e na 
cooperação Sul-Sul entre países em desenvolvimento. Além disso, observamos 
as informações sobre suas modalidades, parcerias, e introduzimos a relevância 
do papel do Brasil nesse setor. Também verificamos os métodos e regiões de 
cooperação em que o país desempenha um papel de destaque. 
Por fim, estudamos dois casos de cooperação internacional que o Brasil 
realiza. O primeiro deles é consolidado em parceria com os Estados Unidos, que 
promove a cooperação no campo da cibersegurança. Já a cooperação com o 
governo do Haiti promove, por meio da educação, a qualificação de profissionais 
que são importantes para a reconstrução do país. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
ANPG – Associação Nacional de Pós-Graduandos. Avança cooperação entre 
Brasil e Estados Unidos em segurança cibernética. ANPG, 15 abr. 2016. 
Disponível em: http://www.anpg.org.br/15/04/2016/avanca-cooperacao-entre-
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