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TEORIA PIAGETIANA AULA 04 – Método Clínico Piagetiano: concepção e características METODO CLÍNICO PIAGETIANO - Os métodos clínicos tem como antecedentes os estudos entre o Piaget e o Binet – Escala de desenvolvimento para classificação de crianças com déficits. Um pedido da secretaria da Educação do governo Francês. - A proposta era identificar os déficits para ajudar no projeto de educação da criança, mas hoje em dia eles foram traduzidos em segregação entre as crianças com diferentes pontuações. - Piaget não liga para os testes, mas para o processo de erros ao realizar atividades. - O louco precisava ser ouvido, ajudou a desenvolver a entrevista para desenvolver a fala. Acesso aos processos internos do outro através da fala. Entrevista como alternativa de modelo de pesquisa infantil. Antes eram feitos por observação de situações naturais, descrevendo comportamentos. - Piaget agrega ao processo de participação na observação espontânea, através da entrevista você pede para a criança descrever o passo a passo de como resolveu determinada situação problema. Não é mais uma observação espontânea e sim uma observação assistida. - Método de Piaget é experimental qualitativo. Avaliação qualitativa através da entrevista para identificar as estruturas cognitivas de cada estágio. O método tem que traduzir os estágios do desenvolvimento em testes práticos. CONTEXTO DE ELABORAÇÃO - Anos 20, os testes eram feitos através da observação pouco sistemática e com provas padronizadas para diagnóstico. - A partir do trabalho de Piaget, o mesmo sempre caminhou buscando universalidades e generalizações do sujeito epistemológico, e não de um indivíduo específico. Analisando a gênese a partir da Psicologia Genética. - Piaget Trabalhou com Simon na padronização das escalas de Burt. - Piaget se colocou alguns problemas, por que alguns itens dos testes eram tão difíceis de serem respondidos para determinada faixa etária. Por que os erros eram tão sistemáticos, as crianças diferentes erravam de maneira muito parecida nos mesmos itens. - Piaget questionava as crianças pelas justificativas das suas respostas. Aí surge o método clínico de Piaget. ETAPAS DO MÉTODO CLÍNICO - 1920-1930: elaboração do método, com pesquisas sobre a representação do mundo na criança. - 1930-1940: observação crítica através de estudos das origens da inteligência. - 1940-1955: método clínico e formalização através do estudo das operações mentais concretas e formais. - 1955 em diante: desenvolvimentos recorrentes. PRIMEIROS ESBOÇOS - As crianças tem dificuldade para entender noção de parte. - As crianças tem dificuldade de interpretar enunciados. Primeiro livro: A linguagem e o pensamento na criança: observações das produções verbais espontâneas das crianças. - Segundo livro: O juízo e o raciocínio na criança. Relações lógicas através da linguagem. Aparecem mescladas provas mais ou menos padronizadas e observações ao lado de conversas abertas com as crianças sobre alguns métodos. MÉTODO NÃO-VERBAL - Método não verbal, apenas observacional. Estudo da inteligência antes do surgimento da linguagem, o que rendeu vários livros. - 1936: O nascimento da inteligência na criança. - 1937: A construção do real na criança. - 1945: A formação do símbolo na criança. MANIPULAÇÃO E FORMALIZAÇÃO - Trazer situações problemas para a criança articular uma resposta. Lógica formal é tido como uma metáfora para a organização do raciocínio humano vai se constituindo ao longo do tempo. Como resolvemos problemas através do desenvolvimento cognitivo. - Estruturas logicas subjacentes ao pensamento do sujeito: grupos, agrupamentos, redes... - Criação de situações problemas manipuláveis que se referem a determinados conceitos para ver como a criança resolve, através de uma entrevista vai se entendendo. DESENVOLVIMENTOS POSTERIORES - Novos problemas vão surgindo, com o surgimento do instituto, vários pesquisadores se juntaram para dar um desenvolvimento ao método. - Inhelder, uma das maiores colaboradoras para o método. - Constância do método: as diferenças dependem mais do tipo de problema que da estratégia de pesquisa utilizada. CARACTERIZAÇÃO DO MÉTODO - O que não está presente (está por trás) do que o sujeito pensa e faz. É um procedimento para investigar como as crianças pensam, percebem, agem e sentem, que procura descobrir o que não é evidente no que os sujeitos fazem ou dizem, o que está por trás da aparência de sua conduta, seja em ações ou palavras. - o que diferencia de outros métodos é a intervenção sistemática do experimentador diante da atuação do sujeito e como resposta às suas ações ou explicações. - O experimentador deve sempre se perguntar o significado das condutas do indivíduo e seu desenvolvimento cognitivo. A voz da criança é privilegiada nesse processo, pois elas eram ouvidas. PRESSUPOSTOS - Menos interesse pelo sujeito individual, mas nas características gerais de pensar e resolver um problema, ele era um epistemólogo. Os sujeitos tem uma concepção do mundo, ela é implícita, muitas vezes o sujeito não sabe explicar como ele está pensando, mas sua forma de agir diz sobre o processo cognitivo ocorrendo. - Entender quais termos a criança vai usar para explicar o mundo ao seu redor, na sua estrutura mental. Não incorrer em julgamentos de valor, não é inferior, é só diferente. - O experimentador deve ser bastante familiarizado na teoria, pois é nela que o sujeito vai encontrar as respostas das ações que a criança vai praticar. - A teoria vai ancorar o método experimental. MÉTODO CLÍNICO PIAGETIANO PARA AVALIAÇÃO DE CAPACIDADES COGNITIVAS INDIVIDUAIS - Agora não é mais generalização e sim a criança que me procurou no consultório. MÉTODO CLÍNICO - É uma forma de investigação da conduta infantil para entender algum problema trazido. São as provas piagetianas. Observando as condutas do adolescente e da criança pode compreender melhor o funcionamento cognitivo dos pacientes. - O método clínico vai propor uma postura de indagação, nosso principal instrumento vai ser a entrevista. Hipóteses teóricas da epistemologia genética, a teoria dos estágios. - O método clínico possui três processo básico de indagação: 1. Perguntas de exploração: para verificar se a criança entendeu o problema. Explorar a compreensão da criança sobre a pergunta que a gente está trazendo pra ela. 2. Perguntas de justificação: indagar as bases do raciocínio da criança. Indagar através do porquê, ou seja, o raciocínio que está por trás do posicionamento da criança. Conjuntamente, os dois tipos de pergunta vão ter como objetivo identificar o domínio e o objetivo do ponto de vista do sujeito que está sendo avaliado. - 3. Perguntas de contra-argumentação: buscam coerência ou contradição nas respostas que o sujeito dá. Testar a convicção da criança com perguntas que causem dúvidas. - No método clínico a criança, ao ser entrevistada dessa forma, é levada a refletir e a estruturar seu pensamento ou mesmo reestruturar sua base de raciocínio. - Conversando com a criança sobre determinado conteúdo que está investigando, o psicólogo pode leva-lo à compreensão do problema que lhe é proposto. Fazendo com que ela amadureça seu processo de raciocínio. DIREÇÕES PARA O USO DO MÉTODO CLÍNICO NA AVALIAÇÃO DA INTELIGÊNCIA 1. Preparação para o exame: o examinador deve compreender muito bem o conceito que vai ser avaliado; A escolha prévia das situações problemas permite que o examinador escolha a técnica que melhor se aplica; O examinador deve saber com antecedência os tipos de perguntas que deverá usar; verificar como as perguntas vão ser aplicadas. 2. Metodologia: O ambiente de aplicação deve ser calmo e oferecer conforto à criança; motivar para a tarefa e naturalidade; isso pode ser feito através da contextualização da realização da prova; se osujeito não processou devidamente a pergunta deve-se repetir a pergunta mudando seu formato; o examinador deve ficar atento ao raciocínio da criança; observação participante; o examinador deve aprender a não confluir pelo sujeito, deixando que o mesmo forme as suas próprias conclusões; obter as justificativas do sujeito às respostas dadas, elas podem permitir diferenciar as respostas dadas com convicção das respostas dadas ao acaso; verificar a certeza com que o sujeito responde; não pode ficar nenhuma ambiguidade nas respostas, porém de maneira tranquila, sem se tornar inquisitivo, como uma conversa. 3. Análise das respostas: interpretação dos resultados; a análise das respostas tem como objetivo encontrar uma explicação para todas as respostas dadas pelo sujeito. Esta explicação é possível apenas se formos capazes de encontrar a perspectiva a partir da qual o sujeito responde: “para que este sujeito respondesse dessa forma, ele só poderia pensar assim...”, ou seja, a consciência das respostas entre si; considerar a reação do sujeito durante contradições apontadas faz com que eu esclareça em que momento do estágio a criança está, se ele ainda está no início de algum estágio, ou se ele já está estabilizado em determinado estágio; se o sujeito perceber as contradições, observar modos de que eles utilizam para resolver as contradições; se eles perceberem as contradições mas não conseguem sair dela, ele está ainda em um momento inicial dos esquemas de ação, já se ele consegue identificar as contradições e contorna-las, ele este estável em um esquema de ação; se ele sequer conseguir identificar a contradição ele nem iniciou o desenvolvimento do esquema de ação; o examinador deve procurar esclarecer o papel de um elemento importante para a solução de um problema no raciocínio do sujeito; sabe-se que um elemento é importante através da base teórica; considerar a justificativa dada pelo sujeito para as suas ações, pois é através dela que o experimentador vai conseguir fazer uma análise do processo.
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