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MANUAL DE FÍSICA ESTATÍSTICA Universidade Pedagógica Faculdade de Ciências Naturais e Matemática Departamento de Física Direitos de autor (copyright) Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade de reprodução deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos seus Autores. Universidade Pedagógica Rua Comandante Augusto Cardoso, no 135 Telefone: 21-320860/2 Telefone: 21 – 306720 Fax: +258 21-322113 Agradecimentos À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na produção dos Módulos Ao Instituto Nacional de Educação à Distância (INED) pela orientação e apoio prestados. À intermón-Oxfarm pelo financiamento para a produção deste Módulo. Ao CEAD pela coordenação e operacionalização de todo o processo de Produção do módulo. Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado em todo o processo. Ficha Técnica Autores: Jó Capece Desenho Instrucional: Suzete Buque Revisão Linguística: Alice Sengo Maquetização : Aurélio Armando Pires Ribeiro Ilustração: Aurélio Armando Pires Ribeiro i Índice MANUAL DE FÍSICA ESTATÍSTICA 1 Visão geral 1 Bem-vindo ao Módulo de Física Estatística ..................................................................... 1 Objectivos do curso .......................................................................................................... 3 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 3 Como está estruturado este módulo .................................................................................. 4 Ícones de actividade .......................................................................................................... 5 Habilidades de estudo ....................................................................................................... 6 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 6 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................. 7 Avaliação .......................................................................................................................... 7 PARTE I: TERMODINÂMICA CLÁSSICA 9 Unidade 1 10 Descrição Estatística dos Sistemas de Partículas ............................................................ 10 Introdução .............................................................................................................. 10 Lição nº 1 12 Teoria de Probabilidade .................................................................................................. 12 Introdução .............................................................................................................. 12 Sumário ........................................................................................................................... 18 Exercícios ........................................................................................................................ 18 Lição nº 2 20 Métodos de descrição dos corpos macroscópicos ........................................................... 20 Introdução .............................................................................................................. 20 Sumário ........................................................................................................................... 25 Exercícios nº 1 ................................................................................................................ 25 Lição nº 3 29 Conjunto Canónico e Grand Canónico ........................................................................... 29 Introdução .............................................................................................................. 29 Sumário ........................................................................................................................... 42 Exercícios ........................................................................................................................ 43 Lição nº 4 47 Potenciais Termodinâmicos ............................................................................................ 47 Introdução .............................................................................................................. 47 ii Sumário ........................................................................................................................... 58 Exercícios ........................................................................................................................ 59 Unidade 2 68 Medições Macroscópicas ................................................................................................ 68 Introdução .............................................................................................................. 68 Lição nº 1 71 Temperatura Absoluta: Lei Zero da Termodinâmica ..................................................... 71 Introdução .............................................................................................................. 71 Sumário ........................................................................................................................... 74 Exercícios ........................................................................................................................ 75 Lição n° 2 76 Trabalho e Energia Interna: 1ª Lei da Termodinâmica ................................................... 76 Introdução .............................................................................................................. 76 Sumário ........................................................................................................................... 84 Exercícios ........................................................................................................................ 85 Auto-avalia .................................................................................................................... 85 Lição n° 3 87 Capacidade Calorífica e Calor Específico ...................................................................... 87 Introdução .............................................................................................................. 87 Sumário ........................................................................................................................... 93 Exercícios ........................................................................................................................ 93 Lição n° 4 96 2ª Lei da Termodinâmica e suas aplicações .................................................................... 96 Introdução .............................................................................................................. 96 Sumário ......................................................................................................................... 108 Exercícios ...................................................................................................................... 108 Lição n° 5 113 3ª Lei da Termodinâmica .............................................................................................. 113 Introdução ............................................................................................................ 113 iii Sumário ......................................................................................................................... 119 Exercícios ...................................................................................................................... 119 PARTE II 123 FÍSICA ESTATÍSTICA 123 Unidade 3 124 Termodinâmica Estatística............................................................................................ 124 Introdução ............................................................................................................ 124 Lição n°1 128 Ideias fundamentais da teoria cinético – molecular: ..................................................... 128 Introdução ............................................................................................................ 128 Sumário ............................................................................................................... 135 Exercícios ...................................................................................................................... 135 Lição n° 2 137 Determinismo e Probabilidade ...................................................................................... 137 Introdução ............................................................................................................ 137 Sumário ......................................................................................................................... 141 Exercícios ...................................................................................................................... 142 Lição n° 3 145 TEORIA CLÁSSICA E QUÂNTICA DA CAPACIDADE TÉRMICA DOS CORPOS SÓLIDOS ...................................................................................................................... 145 Introdução ............................................................................................................ 145 Sumário ......................................................................................................................... 151 Exercícios ...................................................................................................................... 151 Lição n°4 155 TEORIA QUÂNTICA DE DEBYE ............................................................................. 155 Introdução ............................................................................................................ 155 Sumário ......................................................................................................................... 159 Exercícios ...................................................................................................................... 160 Lição n° 5 163 Estatística de Maxwell - Boltzmann ............................................................................. 163 Introdução ............................................................................................................ 163 iv Sumário ......................................................................................................................... 179 Exercícios ...................................................................................................................... 179 Lição n° 6 195 Estatística de Bose - Einstein ........................................................................................ 195 Introdução ............................................................................................................ 195 Sumário ......................................................................................................................... 202 Exercícios ...................................................................................................................... 202 Lição n° 7 210 Estatística de Fermi–Dirac ............................................................................................ 210 Introdução ............................................................................................................ 210 Sumário ......................................................................................................................... 220 Exercícios ...................................................................................................................... 222 1 Visão geral Bem-vindo ao Módulo de Física Estatística O Módulo de Física Estatística oferece oportunidade para você estudar os sistemas com muitíssimas partículas de que são exemplo, os átomos de um gás ou de um líquido, os fonões dum sólido ou os fotões num plasma. O objectivo fundamental da Física Estatística consiste em deduzir as propriedades macroscópicas dos sistemas a partir das propriedades microscópicas dos seus constituintes. Para atingir este objectivo o caro estudante precisa de revisitar alguns conteúdos da Termodinâmica, tais como: “Trabalho”, “Temperatura Absoluta”, “Capacidade Calorífica e Calor Específico”, “Entropia” e os “Potenciais Termodinâmicos: Energia Interna, Energia Livre de Helmholtz, Entalpia e o Potencial de Gibbs”. Neste módulo, vamo-nos concentrar no sistema de partículas macroscópicas, onde você vai estudar a descrição estatística de sistemas em termos de probabilidade e do comportamento da densidade de estados que ajudam a medir os parâmetros macroscópicos, como o “Calor”, a “Temperatura absoluta” e a “Entropia”. Deste modo, você vai adquirir algumas ferramentas que lhe permitirão fazer cálculos das propriedades macroscópicas de um sistema em equilíbrio a partir do conhecimento da sua constituição microscópica, para depois fazer a sua aplicação na termodinâmica macroscópica e na distribuição de sistemas de partículas. O Módulo comporta as seguintes unidades: 2 PARTE I: Termodinâmica Clássica 1. Descrição estatística dos sistemas de partículas Teoria de Probabilidade; Métodos de descrição dos corpos macroscópicos; Conjuntos Canónicos e grand Canónico; Potenciais Termodinâmicos. 2. Medições Macroscópicas Temperatura Absoluta: Lei Zero da Termodinâmica; Métodos de descrição dos corpos macroscópicos; Trabalho e Energia Interna: 1ª Lei da Termodinâmica; Capacidade calorífica e calor específico; 2ª Lei da Termodinâmica e suas aplicações e 3ª Lei da Termodinâmica. PARTE II: Física Estatística 3. Termodinâmica Estatística Ideias fundamentais da Teoria Cinético Molecular: Princípio do caos molecular; Determinismo e Probabilidade; Teoria Clássica e Quântica da Capacidade Térmica dos Corpos Sólidos; Teoria Quântica de Debye; Estatística de Maxwell – Boltzmann; Estatística de Bose – Einstein e Estatística de Fermi – Dirac 3 Objectivos do curso Quando terminar o estudo deste módulo, o caro estudante será capaz de: Objectivos Reconhecer a distribuição estatística dos sistemas de partículas e de sua solução de equilíbrio; Compreender o conceito de temperatura, de calor e de energia interna e da entropia; Entender o fundamento e as leis da termodinâmica estatística; Entender os parâmetros macroscópicos e suas medidas; Entender a aplicação da termodinâmica estatística e macroscópica; Entender a função de partição; Compreender sob que condição é aplicável a estatística quântica de Maxwell – Boltzmann; Distinguir entre as três estatísticas quânticas (Maxwell – Boltzmann, Bose – Einstein e Fermi Dirac); Aplicar as estatísticas quânticas na resolução de problemas concretos. Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para todos os estudantes que se encontram a fazer o Curso de Licenciatura e Ensino de Física e que tenham concluído com êxito o nível de Bacharelato em Ensino de Física. Com efeito, esperamos que você esteja dentro deste grupo. 4 Como está estruturado este módulo Todos os módulos dos cursos, produzidos pela Universidade Pedagógica, encontram-se estruturados da seguinte maneira: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começaro seu estudo. Conteúdo do curso / módulo O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade, incluindo actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais actividades para auto-avaliação. Outros recursos Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais que pode explorar. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sites na internet. Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade. Assim, sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver as tarefas, assim como instruções para completá-las. Estes elementos encontram-se no final do módulo. Comentários e sugestões Esta é o espaço reservado para si, caro estudante, para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo. 5 Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Acerca dos ícones Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia. Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada um com uma descrição do seu significado e da forma como nós interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao longo deste módulo. Comprometimento/ perseverança Actividade Resistência, perseverança Auto-avaliação “Qualidade do trabalho” (excelência/ autenticidade) Avaliação / Teste “Aprender através da experiência “Exemplo / caso Paz/harmonia Debate Unidade/relações humanas Actividade de grupo Vigilância / preocupação Tome Nota! “Eu mudo ou transformo a minha vida” Objectivos [Ajuda-me] deixa- me ajudar-te” Leitura “Pronto a enfrentar as vicissitudes da vida” (fortitude / preparação) Reflexão “Nó da sabedoria” Terminologia Apoio / encorajamento Dica 6 Habilidades de estudo A Física, como uma disciplina que descreve os fenómenos e processos na natureza, foi bem sucedida no desenvolvimento de modelos teóricos que descrevem os processos e fenómenos que vão desde as partículas subatómicas até os corpos celestes em galáxias. A Física Estatística dá uma compreensão racional à Termodinâmica em termos de partículas microscópicas e suas interacções. Permite o cálculo das propriedades macroscópicas a partir das considerações microscópicas. Além disso, as ferramentas e métodos desenvolvidos em Física Estatística são usados extensivamente em áreas de investigação de fronteira para compreender os sistemas não-lineares. O caro estudante irá nota, pois, que material apresentado neste módulo é altamente sequencial. Assim, você precisa acompanhar as actividades na ordem em que estão apresentadas no módulo. Se você não entender alguma coisa relacionada com as matérias obrigatórias deverá fazer anotações no seu bloco e consultor o tutor do módulo, utilizando as vias disponíveis no programa de Ensino à Distância. Nos últimos anos, diversas pesquisas têm mostrado que os estudantes que fazem melhor a física (e outras disciplinas) são aqueles que se envolvem activamente no processo de aprendizagem. Com efeito, você deve desenvolver também, entre outras capacidades, a auto-independência, a iniciativa, a responsabilidade, a persistência, um estudo autónomo e o trabalho em equipa. Precisa de apoio? Durante qualquer processo de aprendizagem, as dúvidas e problemas são comuns ao longo de qualquer estudo. Em caso de dúvida numa matéria 7 tente consultar outros manuais sugeridos na bibliografia. Se tiver dúvidas na resolução de algumas tarefas, procure estudar os exemplos semelhantes apresentados no módulo. Se a dúvida persistir, consulte a um colega ou as dicas que aparecem no fim das unidades ou ainda o tutor que está à sua disposição no centro de recurso. Tarefas (avaliação e auto- avaliação) Você realiza todas asApresente aqui pormenores sobre as tarefas que o aluno terá de realizar. Por ex.: Como devem ser entregues as tarefas, a quem. Inclua também questões relacionadas com: utilização de materiais de pesquisa, regras de direitos de autor, plagiarismo, etc. Use sempre os recursos humanos e materiais disponibilizados para este módulo. Avaliação Ao longo deste módulo, serão realizados dois testes. No 1º teste você será avaliado nas seguintes unidades: Revisão dos conceitos fundamentais da Termodinâmica Clássica, Funções Termodinâmicas, Relações de Maxwell e Fundamentos de Probabilidade e Estatística; o 2º contemplará as seguintes unidades: Macroestados e Configurações, Distribuição de Maxwell-Boltzmann, Estatística de Maxwell-Boltzmann, Estatística de Bose – Einstein e a Estatística de Fermi – Dirac. O módulo terminará com um exame. Mas, além disso, no fim de cada lição, você será avaliado para que possa acompanhar a sua própria evolução. 9 PARTE I: TERMODINÂMICA CLÁSSICA 10 Unidade 1 Descrição Estatística dos Sistemas de Partículas Introdução Nesta unidade, você vai debruçar-se sobre a descrição estatística dos sistemas de partículas. A Descrição de um sistema de partículas é um esforço que a teoria aplica a um grande número de partículas. Aqui, é nosso interesse estudar as propriedades dos sistemas macroscópicos com enfoque para as funções termodinâmicas que queremos compreender ou deduzir. Entre outros elementos, usaremos os potenciais termodinâmicos para esta descrição. Portanto, você vai aprender nesta unidade os seguintes conteúdos: • Teoria de Probabilidade; • Métodos de descrição dos corpos macroscópicos; • Conjunto canónico e grand canónico; • Potenciais termodinâmicos. Objectivos Assim, ao completar esta Unidade, você será capaz de: Calcular a probabilidade de ocorrência dum evento; Usar o conceito de “Probabilidade” na descrição estatística dos sistemas de partículas; Determinar o valor médio dum dado evento e o respectivo desvio médio quadrático; Determinar a função de partição canónica e a de grand canónica; Determinar a probabilidade de um conjunto canónico e do conjunto grand canónico; Deduzir a função de partição canónica e a correspondente energia termodinâmica (média); Utilizar a função de partição para o cálculo de grandezas termodinâmicas; Determinar os Potenciais Termodinâmicos a partir das equações fundamentações da termodinâmica; Deduzir as Equações de Maxwell a partir das equações fundamentais da termodinâmica. 11 Terminologia A terminologia adequada para esta unidade é: Probabilidade P(A), valor médio e desvio médio quadrático, x, Coordenada Generalizada q e Impulso Generalizado p, micro estado r, probabilidade Pr, função de partição micro canónica e energia Er, o conjunto canónico e grand canónico, volume V, o número de partículas N, temperatura T, potencial químico , e pressão P, Energia Interna, E; Energia Livre, F; Potencial de Gibbs, G; Entalpia, H, Parâmetros Termodinâmicos: Temperatura, T; Volume, V; Pressão P e Entropia, S. 12 Lição nº 1 Teoria de Probabilidade Introdução Bem-vindo a esta lição. Nesta lição, o caro estudante vai aprender as noções básicas da Teoria de Probabilidade. Trata-se de noções você vai precisar ainda neste módulo, uma vez que ele se baseia nas teorias da Probabilidadee Estatística. Assim, ao completar esta lição, você será capaz de: Objectivos Definir o conceito de probabilidade; Calcular a probabilidade de ocorrência dum evento; Usar o conceito de “Probabilidade” na descrição estatística dos sistemas de partículas; Determinar o valor médio dum dado evento e o respectivo desvio médio quadrático. Terminologia Nesta lição, a nova terminologia com que você vai lidar é: Probabilidade P(A), valor médio e desvio médio quadrático, x. Que você entende por Probabilidade? Você precisa de recordar primeiro alguns conceitos de estatística e um destes conceitos é a frequência relativa. Que entende por frequência relativa? Frequência relativa é: É a relação entre todos os resultados favoráveis duma experiência e os casos possíveis dos experimentos. Deste modo, podemos definir a probabilidade P(A), como sendo: P(A) = 13 Da definição acima, segue o Axioma da Probabilidade que é definido de seguinte modo: um espaço amostral associado ao experimento associamos um número real representado por P(A) e denominado por Probabilidade de A que satisfaz os seguintes axiomas: 1. 0 ; 2. P(S) = 1; 3. Se os acontecimentos A e B são mutuamente excludentes, então P(A U B) = P(A) + P(B); 4. P( = P(A1) + P(A2) + P(A3)… + P(An) +….. Duma forma geral, o conceito de probabilidade é definido por: Pi = (1.1) Uma vez que nesta condição ocorre necessariamente um dos acontecimentos i, então é válida a seguinte expressão: (1.2) O que resulta no seguinte: (1.3) 14 A determinação da probabilidade Pi através de N lançamentos, pode ser efectuada de dois modos a que damos a designação de média temporal e de média de ensemble. Média temporal significa que o mesmo dado foi lançado N vezes nas mesmas condições. Na média de ensemble, consideramos N dados idênticos e para cada um dos lançamentos efectuados. Associado ao exemplo dos “dados”, de que resultou a expressão (1.1), podemos determinar o valor médio dado pela expressão: = (1.4) e o desvio médio quadrático: x = (1.5) 15 Exemplo Para uma melhor compreensão do conteúdo acima exposto, vamos tomar o seguinte exemplo que o irá ajudar para melhor percepção do mesmo: 1. Consideremos para um dado (ideal) a grandeza do sistema x = número de pintas, portanto, xi = i. Achar: a) Valor médio; = i = b) Desvio médio (x)2 = = Então, o desvio médio será: - = ≈ 1,7 2. a) Seja N = 10 o número total de estudantes. Determine a probabilidade de que pelo menos dois deles façam anos no mesmo dia. b) Qual deveria ser o valor de N para que a probabilidade de pelo menos dois estudantes fazerem anos no mesmo dia seja a de ½; . 16 Actividade Depois do exemplo acima exposto, o caro estudante vai agora realizar a actividade que abaixo se apresenta, que o permitirá uma melhor assimilação do conteúdo da lição. Esforce-se por realizá-la individualmente. E, em caso de alguma dúvida, consulte o seu grupo de trabalho e outros materiais auxiliares, incluindo o tutor do módulo! 1. Uma variável aleatória x é medida N vezes. Sejam x1, x2, …, xN os valores resultantes das medições. Daqui podem ser determinadas as grandezas: = e = Com N 2. Sabendo que: e a) (i) Mostre que, quando N → ∞, então: x0 = b) (ii) Mostre que quando N → ∞, então s = x 2. Um acontecimento aleatório Ak tem a frequência de ocorrência nk. Na experiência a podem ser realizados cinco acontecimentos aleatórios , , , , cujas frequências são 7,5,5,1,3 54321 nnnnn . Determinar: a) As probabilidades de ocorrência de cada acontecimento Ak: 5,4,3,2,1, kApp kk . = P = = P = = P = b) A posição média xex para a partícula, se Ak significa que uma partícula tem a posição kx no eixo ox , onde cmxcmxcmxcmxcmx 5,4,3,2,1 54321 . 17 ii) c) A energia média E e o desvio médio quadrático da energia E , se Ak significa que uma partícula tem energia Ek onde 0,3,1,5,2 34321 EeVEeVEeVEeVE eV ii) 18 Sumário Sumarizando, podemos destacar que, nesta lição, você aprendeu conteúdos sobre as noções básicas da Teoria da Probabilidade, já que o formalismo matemático deste módulo está assente na Teoria de Probabilidade e Estatística. Assim, começamos por definir o conceito de probabilidade, onde determinamos a probabilidade de ocorrência de um dado evento. Mais adiante, usamos o conceito de “Probabilidade” para descrição estatística dos sistemas de partículas, no fim da lição determinamos o valor médio de um dado evento e o respectivo desvio médio quadrático. Exercícios Auto-avaliação Depois da matéria dada sobre as noções básicas da Teoria da Probabilidade, você terá a seguir, a oportunidade de consolidar os seus conhecimentos, através dos exercícios que se seguem: 1. Defina o conceito de Probabilidade? Resposta: Probabilidade é a ocorrência de um evento A, ou seja, P(A) é definido como sendo, a razão entre os casos favoráveis e os casos possíveis, ou seja: P(A) = 2. Deduza a expressão para o cálculo da probabilidade de ocorrência dum evento? Resposta: Duma forma geral, o conceito de probabilidade é definido por: Pi = Uma vez que nesta condição ocorre necessariamente um dos acontecimentos i, então é válida a seguinte expressão: O que resulta em: 3. Deduza a expressão para o valor médio dum dado evento e para o desvio médio quadrático. 19 Resposta: Associado à expressão Pi = Assim, podemos deduzir o valor médio como sendo: = Donde, o desvio médio quadrático se deduz como sendo: x = 4. Anuncie os “Axiomas sobre a Probabilidade” Resposta: a) 0 ; b) P(S) = 1; c) Se os acontecimentos A e B são mutuamente excludentes, então P(A U B) = P(A) + P(B); d) P( = P(A1) + P(A2) + P(A3)… + P(An) +….. 5. Dois leitores lêem um livro. O leitor A encontra 200 erros tipográficos, o leitor B encontra apenas 150. Dos erros de impressão encontrados, 100 são os mesmos. Faça uma estimativa do número de erros de impressão que ficaram por detectar? Sugestão: use o Diagrama de Vén: Leitor A=200 Erros Leitor B=150 Erros Cerros por detectar =? Resposta: Os números de erros que ficaram por detectar serão somente os erros do leitor A mais somente os erros do leitor B, ou seja, os erros de A diferentes de B e erros de B diferentes de A. Então, teremos A\B=100 erros e B\A=50 erros, Logo Cerros por detectar =A\B+B\A=(100+50) erros =150 erros Ficam 150 erros de impressão por detectar 100 100 A B 100100 50 20 Lição nº 2 Métodos de descrição dos corpos macroscópicos Introdução Na lição anterior, aprendemos sobre as noções básicas da Teoria de Probabilidade. Depois de você ter adquirido estas noções básicas, vamos agora dar um passo adiante, introduzindo um novo conteúdo temático a que chamaremos de “Métodos de descrição dos corpos macroscópicos”. Assim sendo, podemos afirmar que, a descrição de um sistema dos corpos macroscópicos é um esforço que a teoria aplica a um grande número de partículas. Assumindo que conhecemos a equação do movimento de partículas, o estado do sistema pode ser totalmente especificado, uma vez que a partícula é simultaneamente medida na posição q e no momento p. Em princípio, se conhecemos q e p, então podemos calcular o estado do sistema em todos os momentos posteriores, usandoa equação do movimento. Assim, ao completar esta lição, você será capaz de: Objectivos Definir o conceito de coordenada generalizada e de impulso generalizado; Definir o conceito de corpo macroscópico; Conhecer as propriedades do comportamento dos corpos macroscópicos; Conhecer os métodos para a descrição dos corpos macroscópicos; Determinar o estado de um sistema de muitas partículas; Calcular o estado do sistema em todos os momentos posteriores usando a equação do movimento. Terminologia A nova terminologia que você deve aprender é: q – Coordenada Generalizada e p – Impulso Generalizado. O que pensa sobre a forma de como é feita a descrição de um corpo macroscópico? E que grandezas estão envolvidas nesta descrição? Que métodos são usados nesta descrição. Nesta lição, vamos responder a estas e outras questões. 21 Você já aprendeu, na Mecânica Teórica, os conceitos de “coordenadas generalizadas” e “impulso generalizado”? Então, para a descrição de um corpo macroscópico precisamos de definir, em primeiro lugar, estes conceitos. Assim, entende-se por “coordenada generalizada”, simbolizada por letra q: Aos parâmetros independentes entre si que fixam de maneira unívoca a posição de um sistema mecânico no espaço e cujo número é igual ao número dos seus graus de liberdade. Lembre-se, pois, que! Se um sistema tiver s graus de liberdade, então, indicam-se coordenadas generalizadas pelo jogo: q1, q2, q3, …., qs Por outro lado, para introduzirmos o conceito de impulso generalizado, você precisa de lembrar sobre o conceito de “velocidade generalizada”. Assim: As velocidades generalizadas de um sistema são as derivadas da 1ª ordem em função ao tempo das coordenadas generalizadas, ou seja: 1, 2,…, s, Com efeito, o impulso ou a quantidade de movimento generalizado é definido como sendo: = p, Onde: L = T – U, chama-se função de Lagrange Depois desta breve introdução, vamos falar sobre os “Métodos de descrição dos corpos macroscópicos”, então responda: O que você entende por “corpo macroscópico? Corpo macroscópico é um sistema constituído por um grande número de partículas (átomos e moléculas). 22 Exemplo! Gás que está contido numa garrafa, líquido numa garrafa, gás na lâmpada, propriedades magnéticas dos corpos sólidos, comprimidos térmicos de corpos sólidos, condutibilidade térmica dos diferentes corpos, etc. Lembrete! Qualquer corpo ou sistema macroscópico tem fronteiras bem definidas. Tais fronteiras separam o nosso campo de estudo da vizinhança ou meio ambiente. Antes de falarmos sobre os métodos de descrição de partículas, comecemos por nos debruçar a sua essência. A descrição do corpo macroscópico revela que nós conhecemos as propriedades das partículas que o constituem e as suas leis de movimento e de interacção. O comportamento destas partículas obedece às seguintes propriedades: Movimentam-se com velocidade constante durante o choque; São desprezíveis o seu tamanho e a sua energia potencial de interacção; O número de equações corresponde ao número dos graus de liberdade que é 3n. Nestas condições, nós podemos descrever completamente o sistema aplicando a Equação de Hamilton através da função de Hamiltoniano. Esta descrição obedece aos seguintes métodos: Método Dinâmico: = ; = - , que constituem 6n Equações de Hamilton; onde é a velocidade generalizada e é a força primeira generalizada. - = 0, que constituem 3n Equações de Lagrange do 2º género. Tendo em conta que n = 2,7.10 9 .3 = 10 20 , então teremos 10 20 Equações para resolver, o que seria uma empreitada difícil mesmo para um sistema mais simples (gás ideal num cm 3 ). Assim, torna-se impossível usar o método dinâmico para a descrição das partículas, isto porque tal é inútil sob o ponto de 23 vista prático. Ademais, neste sistema, cada molécula sofre num segundo 10 9 colisões. Método Termodinâmico: Este método consiste na descrição dos fenómenos térmicos sem considerar a estrutura interna dos corpos macroscópicos. A termodinâmica opera com grandezas macroscópicas registadas por aparelhos que marcam a acção conjunta de todos os átomos. Quer dizer, o resultado médio das suas interacções. Método Estatístico: Este método é o que está fundado na Física Estatística ou na Teoria Cinético Molecular. A teoria cinético molecular descreve fenómenos térmicos com base na concepção de que todos os corpos são constituídos por diversas partículas que se encontram em movimento caótico e estão em interacção entre si. Esta teoria tem por objectivo, estabelecer a relação entre as leis de comportamento das várias moléculas com grandezas que caracterizam as propriedades dos corpos macroscópicos. Ao mesmo tempo, esta teoria é mais profunda e mais complexa que a Termodinâmica e permite fundamentar teoricamente todas as leis da Termodinâmica. Exemplo Posto isto, tomemos os seguintes exemplos para uma melhor compreensão! Uma partícula de massa m está livre para se mover numa dimensão. Seja q a sua posição coordenada e p o seu impulso. Suponha que esta partícula está confinada numa caixa, de modo a ser localizada entre q1(x) = 0 e q2(x) = L, e suponha também que a sua energia é conhecida e está no intervalo entre E e E + dE. Desenhe o espaço de fase clássico desta partícula, indicando as 1. regiões deste espaço, que são acessíveis à ela. (Veja a figura 2.1) 24 Actividade Chegados aqui, sugerimos que o caro estudante realize as actividades abaixo propostas, que o irão ajudar a melhor inteirar- se sobre o conteúdo acima exposto! 1. Um centavo é lançado 400 vezes. Encontre a probabilidade de obter 215 cabeças. p 0 L X Figura 2.1: Uma partícula livre de massa m e que se move na dimensão x e o momento p no intervalo entre x = 0 e x = L e com a energia entre E e E + dE. Solução: A partícula com a posição q e o momento p está entre q1(x) = 0 e q2(x) = L, a energia encontra-se entre E e E + dE. A dinâmica da partícula será dada por: E = O estado acessível no espaço de fase Ω(E ) = E e o número de estados que tem uma energia E no espaço de fase é dado por Estudo de Exemp P+ dp p 25 Dica Solução: Use a aproximação de gaussiana: P(n) exp Onde: N = 400, = 251, p= , q = 100 , Solução: P(251,400) P(251,400) Sumário Nesta lição, aprendemos os métodos de descrição dos corpos macroscópicos. Nesse contexto, começamos por definir os conceitos de coordenadas e impulso generalizado; o conceito de corpo macroscópico e falamos também sobre as propriedades que obedece ao comportamento destas partículas. Em relação aos métodos de descrição dos corpos macroscópicos, vimos que estes são três, designadamente, o dinâmico, o termodinâmico e o estatístico. Para a descrição dinâmica dos corpos macroscópicos recorremos à Equação de Lagrange. Foi por isso que começamos por definir os conceitos de coordenada e impulso generalizado. Exercícios nº 1 Auto-avaliação Realize os seguintes exercícios para você aferir o nível de percepção da matéria dada. 1. Defina os seguintes conceitos: a) Coordenadas generalizadas? Resposta: Entende-se por “coordenada generalizada”, simbolizada pela letra q aos parâmetros independentes entre si que fixam, de maneira unívoca, a posição de um sistema mecânico no espaço e cujo número é igual ao número dos seus graus de liberdade. 26 3. Discuta o sentido físico das equações de Hamilton: b) Velocidades generalizadas? Resposta: As velocidades generalizadas de um sistema são as derivadas da 1ª ordem em função do tempo das coordenadas generalizadas,ou seja: 1, 2,…, s, c) Impulso generalizado? Resposta: Impulso ou quantidade de movimento generalizado é definido como sendo a relação: = p, onde L = T – U chama-se função de Lagrange. 2. Justifique a seguinte afirmação: “Aplicando a equação de Lagrange do 2º género, podemos definir completamente o estado de um sistema e descrever as transformações neste sistema”. Comentário: para responder a esta questão, use ferramentas da Mecânica Analítica, com a dedução da Equação de Lagrange do 2º género no campo potencial. Resposta: A equação de Lagrange do 2º Género tem a forma: L = T – U Ou seja, a função de La Grange ou Lagrangiano é igual a diferença entre energia cinética e potencial do sistema. Uma vez que esta grandeza depende das coordenadas generalizadas (porque contém energia potencial) e velocidades generalizadas (porque contém energia cinética) e, no geral, depende do tempo, esta pode ser escrita de modo seguinte: L = L(qs ,t) Deste modo: O facto desta equação depender das coordenadas e do tempo, permite-nos concluir que, a partir dela, possamos definir completamente o estado mecânico de um sistema e descrever quaisquer transformações no mesmo. 27 Solução: Para discutirmos o sentido físico das equações acima, comecemos por examinar a equação de Lagrange para um sistema mecânico fechado: L = L(q, De seguida, determinemos o seu diferencial: dL = dq + pd dL = dq + d(p - = d(p - L) - dp - dq Assim, dH(p,q) = dp + dp Donde, Que representam as equações de Hamilton. Com efeito: Sentido físico H indica a energia total do sistema e pode ser escrita nos seguintes termos: H = p - L = T + U H(p,q) = T(p) + U(q) A segunda parcela da equação acima é nula, ou seja: = A velocidade é igual ao impulso dividido pela massa. Por outro lado: 28 = = - A primeira parcela da equação acima é nula, ou seja: = = = F (2ª lei de Newton) Sentido físico: as equações de Hamilton são equivalentes energéticos às leis de Newton e são simétricas relativamente às varáveis, ou seja: E as leis de energia de conservação de energia podem ser escritas de seguinte modo: = - + = 0 O que é equivale escever: = - + = 0 29 Lição nº 3 Conjunto Canónico e Grand Canónico Introdução Na lição anterior, o caro estudante teve a oportunidade de aprender os “Métodos de descrição dos corpos macroscópicos. Na presente lição, vamo-nos debruçar sobre “O conjunto canónico”. “O conjunto canónico” é uma forma de expor problemas em física estatística que consiste em, num dado sistema microscópico, fixar o seu número de partículas, o respectivo volume e temperatura. Imaginemos que se tem um sistema físico em contacto com um banho térmico. Isto quer dizer que está em contacto com uma grande massa a uma dada temperatura, e pelo princípio zero da termodinâmica, este sistema tende a estabelecer, com o decorrer do tempo, um equilíbrio termodinâmico com o banho. Nestas condições, a energia não está totalmente determinada, uma vez que que pode tomar uma série de valores. Desta forma, só podemos falar de probabilidade de que o sistema adopte uma determinada energia em função desta temperatura. Assim, ao completar esta lição, você será capaz de: Objectivos Definir o conceito de Função de partição micro canónica; Determinar a função de partição canónica e a de grand canónica; Determinar a probabilidade de um conjunto canónico e do conjunto grand canónico; Deduzir a função de partição canónica e a correspondente energia termodinâmica (média); Estabelecer as diferenças e as semelhanças entre o conjunto canónico e micro canónico; Definir o conceito de Conjunto Grand Canónico; Estabelecer a diferença entre o conjunto canónico e grand canónico; Utilizar a função de partição para o cálculo de grandezas termodinâmicas. http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%ADsica_estat%C3%ADstica http://pt.wikipedia.org/wiki/Volume http://pt.wikipedia.org/wiki/Temperatura http://pt.wikipedia.org/wiki/Termodin%C3%A2mica 30 Terminologia A terminologia que você vai utilizar é: micro estado r, probabilidade Pr, função de partição micro canónica e energia Er, o conjunto canónico e grand canónico, volume V, o número de partículas N, temperatura T, potencial químico , e pressão P. Assim, começaremos esta lição por introduzir o conceito de “Função de partição micro canónica (E, x)”. Esta função determina o estado de equilíbrio para uma dada energia. Por outro lado, podemos afirmar que a descrição estatística dum estado de equilíbrio efectua-se por meio dum conjunto (fictício) de muitos sistemas idênticos, nos quais o micro estado r ocorre com uma dada probabilidade Pr. Este pressuposto decorre do postulado fundamental que afirma que todos os micro estados acessíveis r de um sistema fechado são igualmente prováveis, ou seja: (3.1) A partir da relação (3.1), podemos afirmar que o conjunto canónico com probabilidade Pr é denominado micro canónico. A condição Pr = 1 determina a função de partição micro canónica , que é expressa por: (E, x) = (3.2) Neste contexto, imaginemos um sistema fechado que é constituído por um pequeno subsistema, à esquerda, e pelo restante sistema macroscópico B. Os dois sistemas podem trocar entre si calor. Nisto, a questão que se coloca é: “com que probabilidade Pr se encontra o pequeno subsistema no micro estado r com energia Er”? 31 Eis o esquema: Energia Er Micro estado r EB = E - Er B estados Figura 3.1. O sistema fechado é constituído por um pequeno subsistema, à esquerda, e pelo restante sistema macroscópico B. Atendendo à equação (3.1), a probabilidade Pr de um sistema fechado é dada como função da energia E e dos parâmetros externos x (por exemplo, volume V e o número de partículas N). A expressão para Pr em função da temperatura é dada por: Assim: O conjunto estatístico definido pelas probabilidades Pr(T,x) é denominado canónico. Os conjuntos microcanónico e canónico descrevem o estado de equilíbrio de sistemas com diferentes condições físicas subjacentes. Deste modo, para determinar as probabilidades Pr(T,x), procede-se de seguinte modo: 1. O sistema com microestados r é colocado em contacto térmico com um sistema muito maior (veja a figura 1). As probabilidades Pr(T,x) são de seguida obtidas aplicando o postulado fundamental ao sistema fechado. O sistema alargado comporta-se como um banho térmico em relação ao sistema de partida, visto que especifica a temperatura T. Com efeito, consideremos a condição: 32 Er « E (3.3) De acordo com a expressão (3.3), pode-se constar que a energia total deverá ser muito maior que o valor Er da energia do sistema em estudo. Como resultado, o sistema alargado deve ser macroscópico. 2. Determinemos os Pr(T,x). De acordo com o postulado fundamental, os (E) estados do sistema composto são igualmente prováveis. Quando o sistema inicial está no microestado, existem B(E – Er) estados acessíveis para o sistema B. O número de estados do sistema é igualmente B(E – Er). A probabilidade de, no conjunto de (E) estados, encontrar-se qualquer um dos B(E – Er) é dada por: Pr = (3.4) De acordo com a expressão (3.3), podemos desenvolver lnB(E – Er) em potência de Er do seguinte modo: lnB(E – Er) = lnB(E) – Er + …. = lnB(E) - Er + … (3.5) Assim, a partir de transformações algébricas, conclui-se que: B(E – Er) = B(E) (3.6) 33 Na expressão (3.6), o argumento x representa os parâmetros externos do sistema inicial. A partir das expressões (3.4) e (3.6) tem-se que: Pr(T,x) = (3.7) Tome Nota! 1. Na expressão(3.6), o factor de Boltzmann determina a probabilidade relativa do microestado r a uma dada temperatura; 2. Na expressão (3.7), o factor não depende de r e é obtido a partir de: = 1 (3.8) Donde se tem: Z(T,x) = (3.9) Assim, na expressão acima: A quantidade Z(T,x) chama-se função de partição canónica. O conjunto correspondente chama-se conjunto canónico ou também ensemble de Gibbs. Neste contexto e a partir da expressão acima, podemos calcular a energia termodinâmica (média). Tal energia é dada por: 34 E(T,x) = = (T,x) (x) (3.10) A tabela abaixo ajudá-lo-á a sintetizar as diferenças existentes entre os conjuntos microcanónico e canónico. Tabela 3.1: Tabela comparativa entre conjunto microcanónico e canónico Conjunto microcanónico Conjunto canónico Sistema fechado em equilíbrio. A energia E é dada e as probabilidades Pr(E,x) dependem da energia E e dos parâmetros externos x. Sistema em equilíbrio com um banho térmico. A temperatura T é dada antecipadamente. As probabilidades Pr(T,x) dependem da temperatura T e dos parâmetros externos x. Para um sistema macroscópico constituído de uma única partícula Descrição de uma partícula que está isolada dos sistemas vizinhos como por exemplo numa caixa vazia termicamente isolada. Sendo Er os valores próprios de energia, teremos: ( ) = Com « . Para a largura relativa da distribuição () tem-se: ≈ 0 (3.12) Conclusão: no conjunto microcanónico a energia está distribuída de modo muito localizado em torno do valor médio = e são permitidas todas as possíveis localizações e direcções da quantidade de movimento. Descrição da partícula num banho térmico, por exemplo, uma molécula de ar escolhida aleatoriamente numa sala de aula, sendo T a temperatura da sala. A distribuição (r) de probabilidade de energia do estado r da partícula é uma função determinada pelo factor de Boltzmann e é dada por: (r) (3.11) O valor médio = e a largura desta distribuição são da ordem de grandeza de kBT com: ≈ 1 (3.13) Conclusão: no conjunto canónico a distribuição é não localizada e são consideradas todas as posições e possíveis valores de quantidade de movimento. Para uma só partícula, ambos os conjuntos descrevem situações bem distintas como mostram as equações (3.12) e (3.13). Isto é válido para um sistema com poucos graus de liberdade. Para um sistema macroscópico constituído de muitas partículas (N partículas idênticas independentes, com números quânticos r cujo sistema total possui os números quânticos r = (r1, …, rN) e energia: 35 Descrição de um sistema com N partículas, que está isolado dos sistemas vizinhos. Assim, para uma dada energia E, tem-se: W( )= E a largura relativa da distribuição é dada por: ≈ 0 (3.14) Conclusão: no conjunto microcanónico as N partículas podem possuir todas as possíveis posições e valores da quantidade de movimento compatíveis, com a condição de a Energia Total ser fixa. Descrição de um sistema de N partículas numa caixa que se encontra num banho térmico como, por exemplo, uma caixa cheia de gás na sala de aula. A distribuição de probabilidade para o estado r de energia Er resulta da expressão (3.8) e é dada por: W( ) = = (3.15) Enquanto na expressão (3.11), (r) é uma distribuição não localizada, a distribuição W(Er) é extremamente localizada, sendo que: = ≈ 0 (3.16) Conclusão: os factores de Boltzmann na expressão (2.15) descrevem as grandes flutuações de energia de cada partícula. As flutuações de energia total em torno do valor médio são, no entanto, muito pequenas. A energia E é definida de modo muito localizado, embora apenas seja fixa a temperatura T. Para um sistema macroscópico de muitas partículas, ambos os conjuntos possuem uma energia definida e esta é devidamente localizada conforme ilustram as equações (3.14) e (3.16). Caro estudante, até aqui estávamos a introduzir e explicitar o Conjunto Canónico, agora você vai aprender um outro conceito que é Conjunto Grand Canónico. No conjunto grand canónico, tal como no conjunto canónico, é fixada a temperatura no lugar da energia. Adicionalmente, é explicitado o potencial químico em vez do número de partículas. Assim, a Probabilidade Pr é dada como sendo: Pr = (3.15) Vejamos, então, o exemplo dum conjunto grand canónico (figura abaixo), que consiste num sistema fechado e constituído por um pequeno 36 subsistema, à esquerda, e por um sistema macroscópico B, à direita. E como já vimos, os dois sistemas podem trocar entre si calor e partículas. A questão que se coloca é: Com que probabilidade Pr, se encontra o pequeno subsistema no microestado r com energia Er e número de partículas Nr?. Er, Nr Micro estado r EB = E - Er , NB = N - Nr B estados Figura 3.2. O sistema fechado é constituído por um pequeno subsistema, à esquerda, e por um sistema macroscópico B, à direita. A nossa tarefa é a de determinar esta probabilidade! De acordo com o postulado fundamental, têm igual probabilidade todos os (E, N) estados do sistema composto. Quando o sistema inicial está no microestado r, então, existem (E - Er , N - Nr) estados acessíveis para o sistema B. O número de estados do sistema composto é também igual a (E - Er , N - Nr). A probabilidade de, na totalidade de (E, N) estados, encontrarmos qualquer um dos (E - Er , N - Nr) estados é: Pr = = C (E - Er , N - Nr) (3.16) Sob a condição de Er « E e Nr « N e desenvolvendo ln (E - Er , N - Nr) em potências de Er e Nr, obtemos: ln(E - Er , N - Nr) = ln (E, N) - - +… (3.17) 37 Com: = e - (3.18) Os termos indicados pelas reticências na expressão (3.17) são da ordem relativa de grandeza e , razão pela qual podem ser desprezados. Assim, obtemos: ln(E- Er , N - Nr) = ln E, N) (3.19) Neste contexto e a parir da expressão (3.16), obtemos: (3.20) Tome Nota Na expressão (3.20), a temperatura e potencial químico são fixados pelo sistema alargado, V é o volume do sistema inicial (ou os seus restantes parâmetros externos). Na mesma expressão, Y é fixado pela normalização Pr =1. Assim sendo, podemos representar: Y(T, V, ) = (3.21) Por conseguinte, na expressão acima: 38 A quantidade Y(T, V, ) chama-se função de partição grand canónica. Com as probabilidades Pr, podem ser calculados todos os valores médios, tais como a energia termodinâmica e o número de partículas. Estes valores são dados, respectivamente, por: E(T, V) = = (T, V, ) (V, ) e N(T, V, ) = = (T, V, ) (3.22) Tome Nota! As diferenças e analogias entre o conjunto grand canónico e os restantes conjuntos obtêm-se de modo análogo ao conjunto canónico. Em particular, no conjunto grand canónico, as flutuações na energia e no número de partículas são muito pequenas se o sistema for macroscópico e são da forma: = , = Para sistemas macroscópicos, não faz qualquer diferença se (E, V, N), (T, V, N) ou conjuntos discutidos é utilizado. 39 Estudo de Exemplo Depois da apresentação feita, apresentamos alguns exemplos com o objectivo de tornar a sua compreensão da lição cada vez melhor. Acompanhe com atenção! 1. Considere um gás monoatómico com temperatura absoluta T confinado num recipiente de volume V. A molécula só pode ser localizada nalgum lugar dentro do recipiente. Determine a distribuição canónica de um gás monoatómico que não esteja em interacção? A energia cinéticado gás monoatómico num sistema é dada por: E = m = Se a posição da molécula se encontra na faixa entre r e r + dr e o momento linear está entre P e P + dP, então, o volume no espaço de fase é dado por: d 3 rd 3 P=(dxdydz)(dp x dp y dp z ) A probabilidade de a molécula ter posição no intervalo entre r e r + dr e o respectivo momento linear no intervalo entre p e p + dp é dada por: P(r,p) Por outro lado, a probabilidade P(p)d 3 p de uma molécula ter um momento no intervalo entre p e p + dp é dada por: P (p) p = = C p Expressão em que p = mv e p = m v Então, a distribuição canónica será dada por: p = C 40 Dica Exemplo Dica Caro estudante, repare que a solução deste exemplo é análoga à expressão (3.9) que é a expressão do Conjunto Canónico ou da distribuição canónica, tinha reparado? Muito bem, então, avancemos o próximo exemplo. 2. Usando a distribuição canónica, escreva a força generalizada? Se o sistema depende do parâmetro externo x, então Er = Er (x) e da definição da força generalizada, temos que: Xr = − A expressão anterior é o valor médio da força generalizada e que podemos escrevê-la da seguinte forma: = Do que resulta: = O trabalho médio realizado é dado por: dW dx Onde, o parâmetro externo V é dado por: dW dv donde: = Que é a expressão para a força generalizada. Agora, compare este resultado com a expressão da força generalizada dada na 2ª lição, ou seja, = - . 41 Exemplo 3. Pode-se escrever a função termodinâmica em termos da função de partição. Derive a respectiva equação? A função de partição é dada por: Z(T,x) = Para que a expressão acima possa ser representada em termos de β, x desde Er = Er(x), esta deve ser reescrita em função destas variáveis. Ou seja, como sendo Z=Z (β , x), teremos: dln z Donde: dlnz = βdW − dβ O último termo da última expressão pode ser escrito em termos de mudança no invés da mudança em β. Assim, teremos: dlnZ = βdW − d( β )+ βd e d(ln Z + β ) = β (dW + d ) ≡ βdQ Usando a Segunda Lei da Termodinâmica, recebemos: dS = portanto, S ≡ k(ln Z + β ) TS ≡ kT ln Z + A partir da Energia Livre de Helmholtz F= – TS, teremos: F= − TS = -kT ln Z Uma vez que a função de partição é dada por: Z(T,x) = Se um sistema pode ser tratado na aproximação clássica, então a sua energia é dada por: E = E(q1,...qn, p1,..pn) que depende de algumas coordenadas e momentos generalizados da função f. Deste modo, função de partição no espaço de fase é dada por: Z = ∫…∫ 42 Actividade Caro estudante, como tem sido, depois dos exemplos propomos uma actividade para a consolidação. Com efeito, agora você vai ter a oportunidade de realizar as actividades abaixo, que lhe vão permitir uma melhor apreensão do que estudou nesta lição: 1. (a) Mostre que, no conjunto canónico, o desvio padrão E da energia, é dado por: = = Onde, a energia é definida pela expressão (3.10) (b) Mostre ainda que é positivo o calor específico a volume constante com: = e = , obtêm-se = a partir da equação = = Comentário: Use a lei dos grandes números: = 2. (a) Recorrendo à distribuição grand canónica, mostre que = T = T , donde resulta que = (b) Mostre que a compressibilidade isotérmica é necessariamente positiva, ou seja, que: = - Comentário: neste caso, considere Nd = VdP - SdT e escreva explicitamente a diferencial dP para P(V, T, N). A partir daqui obtenha . Utilize depois o facto de P = P = P(, T). Sumário Sumarizando, nesta lição, abordamos as distribuições canónica e grand canónica. No primeiro caso, para além de determinarmos a respectiva Probabilidade e a Energia Termodinâmica (Média), discutimos as principais diferenças entre o conjunto canónico e o conjunto microcanónico. No segundo caso, discutimos os conceitos sobre a distribuição de probabilidade e a determinação da Energia Termodinâmica (Média). Por fim, estabelecemos as principais diferenças entre a Distribuição Canónica e a Grand Canónica. 43 Exercícios nº 1 Auto-avaliação Depois dos conteúdos teóricos que você adquiriu nesta lição, realize os seguintes exercícios: 1. Defina o conceito de Função de partição micro canónica? Solução: Pr = 1 determina a função de partição micro canónica , que é expressa por: (E, x) = 2. Deduza a expressão para a função de partição canónica e a correspondente energia termodinâmica (média)? Solução: A partir da expressão sobre Er, podemos desenvolver lnB(E – Er) em potência de Er de seguinte modo: lnB(E – Er) = lnB(E) – Er + …. = lnB(E) - Er + … A partir de transformações algébricas, conclui-se que: B(E – Er) = B(E) , onde o argumento x representa os parâmetros externos do sistema inicial e a partir da expressão anterior e da expressão Pr = , podemos escrever: Pr(T,x) = . Tendo em conta que determina a probabilidade relativa do microestado r a uma dada temperatura; e que o factor não depende de r e é obtido a partir da condição = 1, de que resulta: Z(T,x) = Que se chama função de partição canónica. O conjunto correspondente chama-se conjunto canónico ou também ensemble de Gibbs. A partir da expressão acima, pode-se determinar a energia termodinâmica (média): E(T,x) = = (T,x) (x) 3. Estabeleça diferenças e semelhanças entre o conjunto canónico e micro canónico? 44 Solução: A tabela abaixo estabelece as semelhanças entre o conjunto canónico e micro canónico Conjunto microcanónico Conjunto canónico Sistema fechado em equilíbrio. A energia E é dada e as probabilidades Pr(E,x) dependem da energia E e dos parâmetros externos x. Sistema em equilíbrio com um banho térmico. A temperatura T é dada antecipadamente. As probabilidades Pr(T,x) dependem da temperatura T e dos parâmetros externos x. Para um sistema macroscópico constituído de uma única partícula Descrição de uma partícula que está isolada dos sistemas vizinhos como, por exemplo, numa caixa vazia termicamente isolada. Sendo Er os valores próprios de energia, teremos: ( ) = Com « . Para a largura relativa da distribuição () tem-se: ≈ 0 (3.12) Conclusão: no conjunto microcanónico a energia está distribuída de modo muito localizado em torno do valor médio = e são permitidas todas as possíveis localizações e direcções da quantidade de movimento. Descrição da partícula num banho térmico, por exemplo, uma molécula de ar escolhida aleatoriamente numa sala de aula, sendo T a temperatura da sala. A distribuição (r) de probabilidade de energia do estado r da partícula é uma função determinada pelo factor de Boltzmann e é dada por: (r) (3.11) O valor médio = e a largura desta distribuição são da ordem de grandeza de kBT com: ≈ 1 (3.13) Conclusão: no conjunto canónico a distribuição é não localizada e são consideradas todas as posições e possíveis valores de quantidade de movimento. para uma só partícula, ambos os conjuntos descrevem situações bem distintas como mostram as equações (3.12) e (3.13). Isto é válido para um sistema com poucos graus de liberdade. Para um sistema macroscópico constituído de muitas partículas (N partículas idênticas independentes, com números quânticos r cujo sistema total possui os números quânticos r = (r1, …, rN) e energia: Descrição de um sistema com N partículas, que está isoladodos sistemas vizinhos. Assim, para uma dada energia E, tem-se: W( )= Descrição de um sistema de N partículas numa caixa que se encontra num banho térmico, como, por exemplo, uma caixa cheia de gás na sala de aula. A distribuição de 45 E a largura relativa da distribuição é dada por: ≈ 0 (3.14) Conclusão: no conjunto microcanónico as N partículas podem possuir todas as possíveis posições e valores da quantidade de movimento compatíveis, com a condição de a Energia Total ser fixa. probabilidade para o estado r de energia Er resulta da expressão (3.8) e é dada por: W( ) = = (3.15) Enquanto na expressão (3.11), (r) é uma distribuição não localizada, a distribuição W(Er) é extremamente localizada, sendo que: = ≈ 0 (3.16) Conclusão: os factores de Boltzmann na expressão (2.15) descrevem as grandes flutuações de energia de cada partícula. As flutuações de energia total em torno do valor médio são, no entanto, muito pequenas. A energia E é definida de modo muito localizado, embora apenas seja fixa a temperatura T. Para um sistema macroscópico de muitas partículas, ambos os conjuntos possuem uma energia definida e esta é devidamente localizada conforme ilustram as equações (3.14) e (3.16). 4. Defina o conceito de Conjunto Grand Canónico? Solução: O conjunto grand canónico é aquele em que é fixada a temperatura no lugar da energia. Adicionalmente, é explicitado o potencial químico em vez do número de partículas. 5. Estabeleça a diferença entre o conjunto canónico e grand canónico. Solução: As diferenças e analogias entre o conjunto grand canónico e os restantes conjuntos obtêm-se de modo análogo ao conjunto canónico. Em particular, no conjunto grand canónico as 46 flutuações na energia e no número de partículas são muito pequenas se o sistema for macroscópico e resumem na expressão: Pr = 6. Considere a decomposição da função de partição de um sistema que consiste em duas partes A' e A'', que interagem muito pouco uma com a outra. Se os estados de A' e A'' são rotulados, respectivamente por R e S, encontre a função de partição para o sistema total? Solução: ln Z ln Z ' ln Z '' Sugestão: Considere que, para a parte A’ a energia do estado r correspondente é E r e que para a parte A’’ a energia do estado r correspondente é E s ; depois tome em consideração que: Z onde 7. Dada uma função de partição arbitraria. Encontre: a) O valor da pressão média; Solução: = b) A energia média; Solução: N Sugestão: Comece por onsiderar que: c) A capacidade calorífica; Solução: CV R d) A entropia. Solução: S Sugestão: Considere que: S ≡ k(ln Z + β ), onde: β = N e lnZ = NlnV + - ln 47 Lição nº 4 Potenciais Termodinâmicos Introdução Depois de, na lição anterior, o caro estudante ter estudado os conjuntos (Canónico e Grand Canónico), na presente lição terá a oportunidade de aprender os Potenciais Termodinâmicos a eles associados. Você sabe, certamente, que, num sistema mecânico, a variação de energia potencial define o trabalho realizado por este sistema. Esta consideração vai levar em conta as seguintes condições: 1. W = - 2. Equilíbrio: que anuncia que, num campo potencial, quando temos um equilíbrio estável, a energia potencial é mínima. Na física, em geral, as grandezas cuja variação no processo determina o trabalho do mesmo chamam-se Potenciais. Deste modo, ao completar esta lição, você será capaz de: Objectivos Terminologia Determinar os Potenciais Termodinâmicos a partir das equações fundamentações da termodinâmica; Deduzir as Equações de Maxwell a partir das equações fundamentais da termodinâmica; Analisar a influência dos potenciais termodinâmicos nos diferentes isoprocessos, a partir da desigualdade fundamental da termodinâmica. Energia Interna, E; Energia Livre, F; Potencial de Gibbs, G; Entalpia, H, Parâmetros Termodinâmicos: Temperatura, T; Volume, V; Pressão P e Entropia, S. Como já foi referido, no estado de equilíbrio, os potenciais termodinâmicos possuem um valor mínimo. Porém, espontaneamente, podem ocorrer processos que são acompanhados por uma diminuição do potencial. A teoria de estabilidade térmica e a teoria dos potenciais termodinâmicos foram elaborados pelo cientista norte-americano Gibbs. Todos os potenciais termodinâmicos são funções de Estado e desempenham um papel muito importante na prática e estão resumidos na seguinte tabela: 48 Tabela 2: Potenciais Termodinâmicos Símbolo Designação E Energia Interna F Energia Livre G Potencial de Gibbs H Entalpia Por sua vez, o quadro seguinte estabelece uma função entre os Potenciais Termodinâmicos e os respectivos parâmetros: V T S P Saiba que: Existe uma regra que relaciona os Potenciais Termodinâmicos com os Parâmetros Termodinâmicos. Para tal, basta fixar um Potencial Termodinâmico (dentro do quadrado) com os parâmetros adstritos nos respectivos vértices. Por exemplo, para o potencial E (Energia Interna), temos nos seus vértices o volume V e a entropia S. Assim, teremos: E=E(S,V)…Energia Interna E em função da Entropia S e do Volume V Do mesmo modo, podemos estabelecer outras dependências (funções): F = F(V,T)…Energia Livre F em função do Volume V e da Temperatura T; G=G(T,P)…Potencial de Gibbs G em função da Temperatura T e da Pressão P; H(S,P)… Entalpia H em função da Entropia S e da Pressão P. De seguida, vamos encontrar as relações de Maxwell bem como os Potenciais de Gibbs. Vamos partir da 1ª Equação Fundamental da Termodinâmica: dE = TdS – PdV (4.1) Na expressão (4.1), dS e dV são coordenadas independentes e: F E G H 49 TdS = đQ e PdV = đW Introduzindo as derivadas parciais na equação (4.1), obtemos: = dS+ (4.2) Comparando as equações (4.1) e (4.2), tem-se que: T = (4.3) P = - (4.4) De seguida, calculando a segunda derivada parcial da Energia Livre E em função da Entropia S e do Volume V, teremos: = (4.5) A expressão (4.5) é 1ª Equação de Maxwell. Seguidamente, vamos encontrar o Potencial Termodinâmico F, (Energia Livre), a partir da equação (4.1). Nesta equação, temos a variável independente S (Entropia) que podemos omitir sob o sinal de diferencial e introduzir dT. Assim, aplicando as transformações de Legendre, podemos passar para as coordenadas independentes V e T. Para isso, vamos considerar: d(TS) = TdS + SdT (4.6) Fazendo uma subtracção membro a membro entre as equações (4.1) e (4.6), obteremos: dE - d(TS) = TdS – PdV – TdS – SdT d(E – TS) = – PdV – SdT A expressão entre parêntesis do 1º membro da equação é F = E – TS e esta grandeza física chama-se Energia Livre. Deste modo, podemos escrever: 50 dF = – PdV – SdT (4.7) A expressão (4.7) é a 2ª Equação Fundamental da Termodinâmica. Derivando a expressão (4.7) em função do volume V e da temperatura T, obtemos: dF(V,T) = dV+(4.8) Comparando as duas últimas equações, teremos: P = e S = Donde resulta que: (4.9) A expressão (4.9) é 2ª Equação de Maxwell. Agora vamos introduzir o Potencil de Gibbs. A partir da equação (4.7), podemos fazer as transformações de Legendre e obter: d(PV) = PdV + VdP (4.10) Assim, somando as equações (4.7) e (4.10) membro a membro, obtemos: d(F + PV) = -PdV – SdT + PdV + VdP ⇒ d(F + PV) = Vdp – SdT (4.11) A expressão entre parêntesis do primeiro membro da equação acima, ou seja, F + PV, chama-se “Potencial de Gibbs” G, ou seja, G = F + PV. 51 Por outro lado, sabe-se que F = E – TS ⇒ E – TS + PV = G. Deste modo e a partir da equação (4.11), podemos representar: dG = VdP - SdT (4.12) A expressão (4.12) chama-se 3ª Equação Fundamental da Termodinâmica para o Potencial de Gibbs. Agora vamos exprimir o Volume V e a Entropia S, a partir da equação (4.12). Assim teremos: V = e S = Donde resulta que: (4.13) A expressão (4.13) é 3ª Equação de Maxwell. Agora, a partir da equação (4.12), vamos fazer as transformações de Legendre. Assim, vamos ter: d(TS) = SdT + TdS (4.14) Adicionando membro a membro as equações (4.12) e (4.14), obtemos: d(G + TS) = VdP – SdT + SdT + TdS ⇒ d(G + TS) = VdP + TdS (4.15) A expressão entre parêntesis do primeiro membro da equação acima, ou seja, G + TS chama-se “Entalpia” H, ou seja, H = G + TS. Sabe-se que G = F + PV = E – ST + PV. Uma vez que H = G + TS ⇒ H = G + TS = F + PV + TS = E – ST + PV + TS ⇒ H = E + PV que é a expressão para Entalpia. Deste modo e a partir da equação (4.15), podemos escrever: dH = VdP + TdS (4.16) 52 A expressão (4.16) é a 4ª Equação Fundamental da Termodinâmica. E fazendo transformações análogas, recebemos: V = e T = Donde resulta que: (4.17) A expressão (4.17) é 4ª Equação de Maxwell. Representadas as equações, passemos a ilustrar como é que, a partir da desigualdade termodinâmica principal, os potenciais termodinâmicos influem nos isoprocessos. 1º Processo isocórico – isoentrópico A partir da desigualdade termodinâmica principal: TdS » dE + PdV, Podemos dividí-la por dt e obtemos: » + No processo isocórico – isoentrópico, teremos: = 0 (processo isoentrópico) e = 0 (processo isocórico). Assim, a desigualdade termodinâmica principal pode ser reescrita do seguinte modo: « 0, isto para processos reversíveis. Para os processos irreversíveis, teremos que: dE ‹ 0 ⇒ ‹ 0 ⇒ E2 - E1 ‹ 0 ⇒ E2 ‹ E1 Conclusão: O processo isocórico – isoentrópico ocorre espontaneamente com a diminuição do potencial “Energia Interna” E, que no estado de equilíbrio possui o valor mínimo. 2º Processo isocórico – isotérmico Partindo da mesma desigualdade: TdS » dE + PdV, 53 E usando o processo análogo ao anterior: » + No processo isocórico – isotérmico, teremos: = 0 e daí obtemos: » ⇒ « 0 ⇒ « 0 Conclusão: O isocórico – isotérmico ocorre espontaneamente com a diminuição do potencial “Energia Livre” F, que no estado de equilíbrio possui o valor mínimo. 3º Processo isotérmico – isobárico » + Como a pressão e a temperatura são constantes, podemos representar: » + ⇒ « 0 ⇒ « 0 Conclusão: O isotérmico – isobárico ocorre espontaneamente com a diminuição do “Potencial de Gibbs” G, que no estado de equilíbrio possui o valor mínimo. O processo isotérmico – isobárico é o mais usado na natureza porque a maioria dos processos na natureza ocorre à Pressão e Temperatura constantes. 4º Processo isobárico – isoentrópico » + Entropia constante, então: = 0 ⇒ + « 0 ⇒ « 0 54 Exemplo Exemplo ⇒ « 0 Conclusão: O isobárico – isoentrópico ocorre espontaneamente com a diminuição do potencial “Entalpia” H, que no estado de equilíbrio possui o valor mínimo. 1. Para duas variáveis independentes S e V e usando a equação fundamental da termodinâmica, derive o estado termodinâmico de um sistema homogêneo? Solução: Usando a dependência da Energia Interna da Entropia e do Volume: E = E (S,V) Diferenciando a função acima, teremos: dE = dS + dV A partir da equação fundamental da termodinâmica: dE = TdS − PdV De seguida, comparando as duas equações podemos obter: T = P = - Usando o diferencial de segunda ordem e tendo em conta que dE é um diferencial perfeito, E deve ser independente da ordem de diferenciação. Assim, teremos: = = - ⇒ - 2. Para duas variáveis independentes S e P e usando a equação fundamental da termodinâmica, derive o estado termodinâmico de um sistema homogêneo. Solução: A função termodinâmica independente é dada por: dE = TdS − PdV ⇒ dE = TdS − d(PV ) + VdP 55 ⇒ d(E + PV )= TdS + VdP A expressão H = E + PV chama-se Entalpia Fazendo uma dependência entre a Entalpia H e a Entropia S e a Pressão P, temos que: H = H (S, P) ⇒ dH = TdS + VdP Diferenciando a função: dH dS + A partir da equação termodinâmica: dH = TdS + VdP e comparando-a com a equação anterior, obtemos o seguinte: T = Uma vez que dH é um deferencial perfeito, podemos usar o respectivo diferencial de segunda ordem e H deve ser independente da ordem de diferenciação. Assim, é válido escrever: = = ⇒ = 56 Exemplo 3. Para duas variáveis independentes T e V e usando a equação fundamental da termodinâmica, derive o estado termodinâmico de um sistema homogêneo? Solução: A função termodinâmica independente é dada por: dE = TdS – PdV ⇒ dE = d(TS)− SdT − PdV ⇒ d(E − TS )=−SdT − PdV Fazendo F = E - TS, que chamamos de Energia Livre de Helmholtz, teremos: F = F (T ,V ) ⇒ dF =−SdT − PdV Diferenciando a função F = F (T ,V ), teremos: dF dV A partir da equação termodinâmica: dF =−SdT − PdV Assim, comparando as duas equações podemos obter: S − P − Uma vez que dF é um deferencial perfeito, podemos usar o respectivo diferencial de segunda ordem e F deve ser independente na ordem de diferenciação. Deste modo, é válido escrever: = = 57 ⇒ = Exemplo 4. Para duas variáveis independentes T e P e usando a equação fundamental da termodinâmica, derive o estado termodinâmico de um sistema homogêneo? Solução: A função termodinâmica independente é dada por: dE = TdS − pdV ⇒ dE = d(TS)− SdT −d( pV )+ VdP ⇒ d(E − TS + PV) = −SdT + VdP Fazendo G = E − TS + PV, onde G é a Energia Livre de Gibbs, é válida a relação: G = G(T,P) ⇒ dG =−SdT + VdP Diferenciando a função G = G(T,P), teremos: dG dP A partir da equação termodinâmica: dG =−SdT + VdP e comparando as duas últimas equações, teremos: S = - V = Uma vez que dG é um deferencial perfeito, podemos usar o respectivo diferencial de segunda ordem e G deve ser independente na ordem de diferenciação. Assim é válido escrever: = 58 = = Actividade Depois de você ter estudado a lição sobre os “potenciais termodinâmicos, realize as seguintes actividades, para consolidar a matéria dada: 1. Usando os parâmetros termodinâmicos independentes, P, V, T e S, preencha a seguinte tabela: Solução: Parametros independentes Relação termodinâmica principal Equação de Maxwell (S, V) dE = TdS − PdV
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