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Sejam bem-vindos! ENGENHARIA CIVIL Obras de terras e contenções Engenharia Civil Obras de terra e contenções Prof. Alan de Paula Almeida E-mail_alan.almeida@fmu.br Aula 3 Obras de terra e contenções na engenharia Teoria de Rankine O muro de arrimo são estruturas de contenção ou seja para conter um determinado terrapleno ou aterro, exemplo, podem ser de vários tipos ou materiais o principio de um muro de gravidade é combate ao seus empuxos pelo seu peso próprio e portanto este é o seu principio de atuação. E. Ativo E. Ativo E. Passivo E. Passivo N.T N.T Teoria de Rankine (1857) Segundo Wikipédia (2018), William John Macquorn Rankine (1820-1872) foi um polímata escocês, tendo concluido o curso de Engenharia Civil em 1838. Na Engenharia Civil desenvolveu técnicas na área da mecânica dos sólidos como a teoria dos empuxos de solos, apresentada em 1857, com algumas observações diferentes da teoria de Coulomb (1776). Teoria de Rankine (1857) Os processos clássicos utilizados para a determinação dos empuxos de terra utilizam-se dos métodos de equilíbrio limite. Nestes métodos admite-se que a cunha de solo situada em contato com a estrutura de suporte esteja num dos possíveis estados de plastificação, ativo ou passivo - ele considera a totalidade da massa de solo em estado de equilíbrio plástico. Esta cunha tenta deslocar-se da parte fixa do maciço e sobre ela são aplicadas as análises de equilíbrio dos corpos rígidos (indeformável). A análise de Rankine se apóia nas equações de equilíbrio interno do maciço. Estas equações são definidas para um elemento infinitesimal do meio e estendida a toda a massa plastificada através de integração ao “longo de sua altura”. Teoria de Rankine (1857) Sendo a parede vertical considerada perfeitamente lisa (sem atrito, inicialmente) a distribuição de pressão junto ao muro crescem linearmente com a profundidade e no caso de solos não coesivos o ponto de aplicação se situa a uma distância vertical de 1/3 da altura do muro e sua resultante é determinada pela área do diagrama. Teoria de Rankine (1857) Rankine, no desenvolvimento de sua teoria impõe algumas condições iniciais pressupostas como fundamentais para os primeiros passos da análise da resistência ao cisalhamento das massas de solos. São elas: a) O solo do terrapleno considerado é areia pura seca (sem coesão) homogênea em todo o espaço semi-infinito considerado; b) O terrapleno é constituído de uma camada única e contínua de mesmo solo e sua superfície superior é horizontal (solo homogêneo); c) O atrito entre o terrapleno e o paramento vertical do plano de contenção é considerado nulo; d) O terrapleno não tem nenhuma sobrecarga (concentrada, linear ou distribuída). Teoria de Rankine (1857) Condição do empuxo ativo Figura – Empuxo ativo: Estado de tensões e plano de ruptura Teoria de Rankine (1857) A condição inicial de Rankine impõe a condição de c = 0 (coesão nula). Tomando-se a equação analítica da rutura, temos: Teoria de Rankine (1857) Condição do empuxo passivo Figura – Empuxo passivo: Estado de tensões e plano de ruptura Teoria de Rankine (1857) Teoria de Rankine (1857) Para os diversos valores de ɸ, apresenta-se na Tabela 6.7 os coeficientes de empuxo ativo e passivo, segundo a teoria de Rankine. Tabela – Coeficientes de empuxo ativo e passivo de Rankine, em função de ɸ Teoria de Rankine (1857) Outras considerações (diferentes das condições iniciais impostas pela teoria) Mantendo-se a mesma conceituação de Rankine quanto aos coeficientes de empuxo, sairemos agora das condições iniciais (ideais). As considerações serão abordadas para a condição ativa mas, por similaridade, podem ser consideradas para condição passiva. Teoria de Rankine (1857)No caso de haver sobrecarga no terrapleno No caso de se considerar a ocorrência de uma sobrecarga uniformemente distribuída no terrapleno, com intensidade “ q” (Figura), pode-se transformar esta sobrecarga em uma altura equivalente de solo da camada (h0). Figura – Diagrama de tensões considerando uma sobrecarga no terrapleno Teoria de Rankine (1857)No caso de haver sobrecarga no terrapleno Teoria de Rankine (1857) No caso de considerar o solo também coesivo No caso de se considerar a ocorrência de fração fina (argilosa) no solo, o que implica em também considerar a coesão “C” no cálculo, a equação analítica da rutura permanece completa. Ou seja: Teoria de Rankine (1857) No caso de considerar o solo também coesivo O diagrama de tensões corresponde ao ilustrado na Figura. Pela equação anterior vê-se que haverá um ponto em que σh = 0. Esse ponto corresponde a: Figura – Diagrama de tensões (ativo) considerando o solo coesivo e aspecto de fendas de tração que tendem a ocorrer nos solos Teoria de Rankine (1857)No caso de considerar o solo também coesivo Tem-se uma região de tensões de tração, inicial, de altura hI, devido a ocorrência de “C”, portanto, como os solos não resistem à tração, ocorrerão aberturas de “fendas” ou “trincas” de tração na sua superfície, como ilustrado na Figura. Figura - Aspecto de fendas de tração que evoluíram para escorregamento de terra - estabilização do talude Teoria de Rankine (1857)No caso de considerar o solo também coesivo Teoria de Rankine (1857)No caso de considerar o solo também coesivo Como se pode ver no diagrama das tensões acima, a área de tração será compensada por igual área de compressão, correspondente a mesma profundidade hI, equivalendo à profundidade da altura crítica. Teoricamente, na profundidade da altura crítica não há desenvolvimento de empuxo. Logo, essa é a altura em que se pode fazer um corte sem necessidade de estrutura de contenção ou escoramento, como ilustrado na Figura. Figura – Altura de escavação de vala sem necessidade de escoramento Teoria de Rankine (1857)No caso de considerar o solo também coesivo Tratando-se de solos argilosos, com possíveis variações de “C” no período de utilização, o IPT/SP recomenda que se adote um coeficiente de segurança, adotando-se hcrit = hI, em função de constatações práticas ou seja, a altura correspondente a fenda de tração. Assim, deve-se considerar a resultante de empuxo (Ea) como a tensão correspondente a representada pela área do triângulo hachurado da Figura, ilustrado por Caputo e Caputo (2017), que considera hI como z0. Figura – Resultante de empuxo ativo considerando o solo coesivo (Caputo e Caputo, 2017) Teoria de Rankine (1857)No caso de considerar o solo também coesivo Figura – Resultante de empuxo passivo considerando o solo coesivo Teoria de Rankine (1857)No caso de haver mais de uma camada Calculam-se a as tensões desenvolvidas em cada camada individualmente. O que ocorre é que no cálculo das tensões na camada 2, que se considera a camada 1 como uma sobrecarga sobre a camada 2, como no cálculo de tensões verticais, agora será multiplicado pelo K da camada em questão (2), uma vez que o comportamento na camada 2 vai ser diferente que na camada superior (1). Haverá então uma descontinuidade no gráfico, por haver alteração do coeficiente K. Figura – Diagrama de tensões considerando ocorrência de várias camadas (Ex. σ2>σ1) Teoria de Rankine (1857)No caso de haver mais de uma camada Teoria de Rankine (1857)No caso de ocorrer NA da camada Ressalta-se que o conceito do coeficiente K é uma relação de tensões efetivas como já destacado. Essa consideração já foi feita anteriormente quando se abordou a ocorrência de pressão neutra. No caso de ocorrência de pressão neutra “u”, devem-se calcular as duas parcelas de empuxo, conforme figura abaixo, sendo que para a camada sob NA está especificada as duas parcelas de contribuição (solo - efetiva + água), destacada a da água. Teoria de Rankine (1857)No caso de ocorrer NA da camada Costuma-se, na grande maioria dos casos, se fazer um sistema de drenagem no terrapleno, de maneira que a águanão desenvolva pressão neutra sobre o parâmetro vertical da estrutura de contenção, mas, supondo-se que por qualquer problema não se possa fazer a drenagem deve-se considerar o acréscimo desta pressão, como ilustrado. Figura – Diagrama de tensões considerando NA na camada (ɸ2 < ɸ2 - K2>K1 Teoria de Rankine (1857)No caso de ocorrer NA da camada Observe que na faixa do NA tem-se a pressão neutra agindo em valor integral considerando- se assim o coeficiente de empuxo da mesma igual a 1,0, por se tratar de um fluido (transmite a mesma pressão em todas as direções). Em relação à parcela do solo, γ2 é o peso específico submerso por se referir a tensão efetiva do solo. Teoria de Rankine (1857)No caso de considerar a inclinação do terrapleno Se a superfície livre do terrapleno tem uma inclinação β (Figura), os valores dos coeficientes de empuxos serão, segundo dedução analítica de Rankine, respectivamente: (com os seus pontos de aplicação ainda no terço inferior da altura h) Figura – Diagrama de tensões considerando o terrapleno inclinado Teoria de Rankine (1857)No caso de considerar atrito entre parâmetro vertical e solo Considerando a ocorrência de atrito entre o contato dos materiais da superfície do paramento vertical do muro e o solo que se encontra atrás deste, parte do empuxo que atua no paramento vertical será “usado” para vencer esse esforço de atrito. Para se considerar esse valor do empuxo despendido na parede, adota-se inclinar a resultante de empuxo de um ângulo ϕ, em relação a horizontal (Figura abaixo), decompondo esse resultante em duas componentes normais entre si, ficando a horizontal menor que seu valor absoluto. O professor Pimenta Velloso em seu livro “Muros de Arrimo” adota os valores da Tabela Tabela - Valores de ângulo de atrito solo-muro recomendados por Pimenta Velloso Teoria de Rankine (1857)No caso de considerar atrito entre parâmetro vertical e solo Figura – Resultante de empuxo ativo (a) e passivo (b), considerando atrito solo/estrutura Exercício NT O muro de arrimo da figura está suportando um solo de peso especifico igual a 16 KN/m³ e com um coeficiente de empuxo ativo igual a 1/3. Pelo método de Rankine, qual será o valor do empuxo ativo sobre este muro? 6m O muro de arrimo são estruturas de contenção ou seja para conter um determinado terrapleno ou aterro, exemplo, podem ser de vários tipos ou materiais o principio de um muro de gravidade é combate ao seus empuxos pelo seu peso próprio e portanto este é o seu principio de atuação. E. Ativo E. Ativo E. Passivo E. Passivo N.T N.T Exercício NT Ea Não esquecem empuxo ativo, está empurrando o muro para derrubar... Formula de Rankine E = K γ h² 2K – Coeficiente de empuxo γ – Peso especifico do solo h² - Altura 6m Exercício NT 6m Ea K = 1/3 = 0,33 H = 6m γ = 16 kN/m³ E = K γ h² 2 = 0,33∗ 16∗ (6)² 2 = 95,04 KN/m Onde vai atuar Ea ( Empuxo ativo ) 1 3 ∗ ℎ 𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑟 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 1 3 ∗ 6 = 2𝑚 − 𝑞𝑢𝑒𝑟 𝑑𝑖𝑧𝑒𝑟 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑙𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑎 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑎 2 𝑚 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 2m Exercício Calcular o empuxo passivo e ativo do perfil geotécnico Areia γ = 20 Kn/m² Φ = 30º 3 m Argila γ = 18 Kn/m² Φ = 35º 12 m NT EaEp Empuxo ativo Ka = Tg² ( 45 - ϕ 2 ) = 0,27 Ea = 0,27∗18∗(12)² 2 = 350 Kn/m Empuxo passivo Kp = Tg² ( 45 + 30 2 ) = tg 60 2 = 3 Ep = Kp∗γ∗2 2 = 3 ∗ 20 ∗(3)² 2 = 270 Kn/m Exercício Considere um muro de concreto ciclópico (peso) com 3,0 m de altura, para contenção de uma areia, cujos parâmetros são apresentados na figura abaixo. Considere uma carga de “multidão” distribuída sobre o terrapleno, majorada em 50%, por motivo de segurança. Pede-se determinar, utilizando-se da teoria de Rankine: a) O diagrama de tensões de empuxo; b) A resultante de empuxo (E); c) O ponto de aplicação da resultante de empuxo (d) e d) Considerando o conceito de “momento de tombamento” Mtom = E.d, sendo d o “braço de alavanca” – distância na vertical do ponto de aplicação da resultante em relação ao ponto “A” de “rotação” do muro, calcule-o. σ = 1,9 t / m³ Φ = 30º Exercício a) O diagrama de tensões de empuxo (Ativo); Ka = Tg² ( 45 - ϕ 2 ) = Tg ( 45 - 30 2 ) = 0,33 Sobrecarga de multidão. Considerado 4 pessoas/m2. 1,5, temos: Obs. Com majoração de 50% equivale a 6 pessoas de 80 kgf/m2 σ v = 4 * 80 = 320 Kgf/m² = 0,32 t/m² = 3,2 kn/m² σ v = 3,2 * 1,5 = 4,8 Kn/m² Tensões no topo e na base do muro: σ topo = Ka * σ v = 0,33 * 4,8 = 1,6 kn/m² σ base = σ topo * 𝐾𝑎 * γ *H = 1,6 * 0,33 * 19 * 3,0 = 30,09 Kn/m² σ = 1,9 t / m³ Φ = 30º σ topo Exercício Diagrama de tensões de empuxo (a) e “croqui” das resultantes de empuxo (b): σh = ( kN/ m² ) Exercício Diagrama de tensões de empuxo (a) e “croqui” das resultantes de empuxo (b): σh = ( kN/ m² )1,6 3 ,0 1,6 1,5 1,0 E¹=4,8 E²= 30,09 σb = ( kN/ m² )30,09 1,9 Exercício b) A resultante de empuxo (E); E = E1 + E2 Exercício b) A resultante de empuxo (E); E = E1 + E2 E = B¹ x H + B2 x H 2 = 1,6 x 3 + 19 𝑥 3 2 = E = 33,3 kN/m (obs. Resultante corresponde a uma força, calculada para 1 metro linear de muro) 1,6 3 ,0 0 1,9 Exercício C) O ponto de aplicação da resultante de empuxo (d) e d = ? Aplicando a igualdade de momento total igual a soma dos parciais ... E * d = E1 * d1 + E2 * d2 33,3 * d = 4,8 * 1,5 + 30,09 * 1= 33,3 * d = 37,29 d = 1,12 m 1,5 1,0 E1 E2 4,8 30,09 Exercício d) Considerando o conceito de “momento de tombamento” Mtom = E.d, sendo d o “braço de alavanca” – distância na vertical do ponto de aplicação da resultante em relação ao ponto “A” de “rotação” do muro, calcule-o. Mtom = E.d Mtom = 33,3 * 1,12 = 37,30 kN/m Próxima Aula Aprenderemos sobre EMPUXO Analisar a influência dos diversos parâmetros do solo e da interação solo-estrutura em estruturas de contenção.
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