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Reflexões sobre o conceito de política- Schmitter Philippe

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I - Fundamentos da política e da sociedade brasileira
SCHMITTER, Philippe C. Reflexões sobre o Conceito de Política.
Na contemporaneidade, a ciência política tem como forte anseio a preocupação em ser científica, com fortes implicações metodológicas e teóricas, o que acaba por limitar, por diversas vezes, a área e fazer com descobertas sem grande relevância tenham prioridade. Assim, se faz necessária outra visão da ciência política, que trata particularmente de um setor do comportamento humano, diferenciando-se de outros comportamentos e fenômenos sociais.
As definições de política como arte e ciência do Estado ou governo, ou ainda, como a organização sistemática dos fenômenos ligados ao Estado se limitam e não incluem organizações que intervém na administração e no funcionamento estatal. Mas é necessário abandonar tais conceitos limitados por definições mais abstratas. Como foco da ciência política, temos as discussões entre termos como ‘’poder’’, ‘’autoridade’’ e ‘’influência’’.
O significado de ‘’poder’’, nesse contexto, está fortemente ligado à
 necessidade de se conservar o Estado íntegro, principalmente com relação à
 conservação das classes, incluindo até mesmo o uso da violência e dominação da força física que faz-se necessária para manter a organização política da sociedade. O foco do politista (aquele que se ocupa da política partidária e por meio dela recebe subsídios) é, sem dúvidas, a luta para obter ou reter poder, exercendo influência sobre o próximo.
 	Já a influência se faz mais abrangente, posto que é um conjunto de formas de dominação utilizado pelos atores políticos. Apresenta uma desigualdade dispersa, já que o grau de influencia depende dos recursos disponíveis e da vontade de utilizá-los. 
	A autoridade faz uma relação entre o poder legítimo e a influência, como uma forma específica de dominação social. Uma autoridade é obedecida voluntariamente porque a sua imagem faz transparecer a ideia que suas decisões são as mais apropriadas para a sociedade assim como as repartições são as mais justas e naturais.
	Dessa maneira, a definição de ciência política mais apropriada faz jus à
 análise e explicação das relações estabelecidas entre as autoridades e os indivíduos, assim como as relacionadas à coletividade. O que representa essa estrutura é o Estado e o governo, que tem o direito do uso da força física para fazer ser respeitada a estrutura social na qual o indivíduo se insere quando admite sua humanidade.
	O campo de investigação da política como processo social tem como foco de análise a formulação das decisões, os motivos, resultados e impactos de uma certa conduta. A alocação da autoridade, assim como seus valores, deve ser influenciável na atribuição de poder na administração pública.
	O funcionalismo político pode ser entendido como um requisito para o bom funcionamento do sistema ou uma tarefa a ser realizada para manutenção da estrutura bem como para a realização de objetivos coletivos que visem o bem-comum. Seus diversos graus de complexidade englobam a função de resolver conflitos, e, embora esse significado dê a falsa impressão de que a política consegue extinguir todos os conflitos, ela pode transformá-los para que prejudiquem o mínimo possível a estrutura social e a coletividade.
	A política como solução de conflitos é, por vezes, interpretada de forma errônea, posto que passa-se a idéia de que todos os conflitos são solucionados. O que acontece é a canalização destes, ou até mesmo a transformação para que o impacto social seja menor e afete o menos possível a coletividade.	
 Para que um ato social se torne político, ele precisa respeitar algumas condições. A primeira é com relação ao antagonismo de interesses que deve haver por diferentes grupos ou indivíduos, potencializando os objetivos e tornando as exigências válidas. A outra condição requer o reconhecimento mútuo das limitações com relação ao que é exigido e suas implicações, o que gera um alto grau de integração e cooperação. Atos que aconteçam num ambiente sem qualquer manifestação antagonista não são qualificados como políticos, assim como os de dominância puramente repressiva ou violenta (falta de resoluções políticas ou o seu fracasso).
	A sociedade política, que é composta por seres heterogêneos tem a dominância como forma de, primeiramente reconhecer os diferentes interesses, e conter os conflitos dentro do quadro social, e também ‘’impor’’ através da autoridade que o Estado possui, a integração das decisões e crenças comuns. É um esforço para fazer governar a justiça e a ordem, assim como o interesse geral. 
	‘’A partir do momento em que uma sociedade cresce o suficiente para que seus membros necessitem pautar seu comportamento por normas gerais, cuja aplicação deve ser imposta por uma autoridade que não deriva a sua legitimidade de vínculos de parentesco, está-se em face de um embrião de organização política, (...) necessitará organizar-se politicamente a fim de que seus conflitos internos não a tornem inviável (...)’’ Celso Furtado.

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