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Endocrinologia animal


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Endocrinologia animal
INTRODUÇÃO
Os sistemas corporais dos vertebrados são controlados por dois sistemas principais: o sistema nervoso e o sistema hormonal (também chamado de sistema endócrino).
Sistema endócrino tem como principal função, o controle do metabolismo do organismo, que é feito através de glândulas que secretam os hormônios. Este sistema está intimamente ligado ao sistema nervoso, onde a maioria das glândulas só secretam hormônios em grau significativo, em resposta a estímulos nervosos.
Glândulas endócrinas: masculinas e femininas
HORMÔNIOS
Hormônios, nada mais são, do que, substâncias químicas secretadas nos líquidos internos do corpo (vertebrados) por uma célula ou grupo de células que exercem efeito fisiológico de controle sobre outras células do corpo.
· Hormônios locais: Acetilcolina, Secretina, colecistocinina, dentre outros. 
· Hormônios gerais: Hormônio do crescimento, hormônio tireoidano, corticotropina, hormônios ovarianos, dentre muitos outros.
Regulação Hormonal dos Invertebrados
O sistema hormonal mais conhecido é dos artrópodes, especialmente crustáceos e insetos.
Nos crustáceos são glândulas endócrinas de alguns órgãos e glândulas androgênicas. Situados na cabeça, estes órgãos produzem um hormônio que estimula a muda. Localizadas junto aos dutos espermáticos, as glândulas androgênicas estão envolvidas com o desenvolvimento das gônadas.
São glândulas endócrinas de insetos: 
· Corpo alado;
· Glândula da muda.
Situado na cabeça, o corpo alado secreta a neotina, hormônio que promove o crescimento e a diferenciação das larvas. As glândulas de muda, que aparecem na cabeça ou no tórax, produzem a ecdisona, o hormônio da muda.
Regulação Hormonal dos Vertebrados
O sistema endócrino dos vertebrados é bastante complexo. O número de glândulas endócrinas que o formam é muito superior ao verificado nos invertebrados. Os hormônios produzidos por essas glândulas influenciam praticamente todas as funções dos demais sistemas não-endócrinos do organismo.
Freqüentemente o sistema nervoso interage com o endócrino, formando mecanismos reguladores bastante precisos. O sistema nervoso pode fornecer ao endócrino a informação sobre o meio externo, ao passo que o sistema endócrino regula a resposta interna do organismo a esta informação. 
Além de exercerem efeitos sobre órgãos não-endócrinos, alguns hormônios dos vertebrados atuam sobre outras glândulas endócrinas, comandando a secreção de outros hormônios: algumas glândulas, por exemplo, só produzem hormônios quando estimuladas por hormônios produzidos por outras glândulas. Esses hormônios, que estimulam a secreção de hormônios em outras glândulas endócrinas, são denominados hormônios trópicos. 
Principais hormônios trópicos dos vertebrados são produzidos pela hipófise. 
·  Tereoidotrópicos: atuam sobre a glândula endócrina tireóide;
· Andrenocortitrópicos: atuam sobre o córtex da glândula endócrina adrenal (ou suprarenal);
· Gonadotrópicos: atuam sobre as gônadas masculinas e femininas.
Glândulas endócrinas:
· Hipófise
· Tireóide
· Paratireóides
· Supra-renais ou adrenais
· Pâncreas
· Gônadas
· Existem também hormônios que são secretados pelo: Estômago, Intestino e Rins.
 Hormônios da hipófise 
Também denominada de glândula pituitária, aloja-se numa pequena cavidade no assoalho do crânio, na base do encéfalo. 
Por exercer múltiplas funções é conhecida como a glândula mestra do organismo. É dividida em duas partes: adenohipófise ou hipófise anterior e neurohipófise ou hipófise posterior, entre essas duas partes situa-se uma reduzida área, a hipófise intermediária.
 Hormônios da adenohipófise ou hipófise anterior
· Somatatrofina ou hormônio de crescimento
Promove o aumento do número e tamanho das células, principalmente nos ossos. A hiperfunção provoca, quando ocorre precocemente, o gigantismo; ocorrendo mais tardiamente determina a acromegalia. As deficiências resultam no nanismo.
Tirotrofina ou hormônio tireotrófico (TSH).
· Estimula a glândula tireóide.
Adrenocorticotrofina ou hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). Atua sobre as glândulas adrenais estimulando o crescimento e a secreção.
· Gonodotrofinas ou hormônios gonadotróficos
Compreendem:
- Folículo-estimulante (FSH) age sobre a maturação de óvulos e espermatozóides;
- Luteinizante (LH) determina a ovulação e formação do corpo amarelo;
-Luteotrofina ou prolactina (LTH) atua na manutenção do corpo amarelo e na produção do leite.
Hormônios da neurohipófise ou hipófise posterior
· Vasopressina ou hormônio antidiurético (ADH)
Aumenta a absorção de água nos túbulos renais, o que determina menor quantidade de eliminação de urina. A falta desse hormônio provoca a diabete insípida, com eliminação de grande quantidade de urina diluída e muito clara.
· Oxitocina
Hormônio que provoca a contração uterina durante o parto; também age sobre a ejeção do leite nas glândulas mamárias.
Hormônios da hipófise intermediária
Em peixes, anfíbios e répteis, a hipófise intermédia secreta a intermedina ou hormônio estimulante dos melanócitos (MSH) que dispersa o pigmento dos cromatóforos, alterando a cor da pele.
Hormônios da tireóide
A glândula tiróide ou tireóide é formada por dois lobos, um de cada lado da laringe, unidos pelo chamado istmo. A tireóide produz dois hormônios: triiodotironina e tiroxina que regulam o metabolismo celular.
O hipotireoidismo, ou seja, a insuficiência da tireóide provoca, na criança, o cretinismo com retardamento mental sério. Nos adultos determina o mixidema com pele grossa, metabolismo baixo e letargia mental.
A excessiva atividade da tireóide provoca o hipertireoidismo com alto metabolismo, taquicardia, tremor e nervosismo.
O bócio ou papo é um aumento exagerado da glândula devido a um hipo ou hiperfuncionamento da mesma. O chamado bócio endêmico é acarretado pela deficiência de iodo necessário para a formação da tiroxina. Como medida profilática adiciona-se iodo ao sal de cozinha.
Hormônios das paratireóides
As paratireóides são pequenas glândulas situadas logo atrás das tireóides. Secretam o paratormônio que regula o metabolismo do cálcio e do fósforo. 
A deficiência provoca a tetania com contrações musculares. 
O hiperparatireoidismo causa excessiva mobilização de cálcio dos ossos, levando ao aparecimento de deformações ósseas e fraturas freqüentes. Há eliminação de cálcio e fósforo pela urina, podendo haver formação de cálculos renais devido a um depósito de cálcio.
Hormônios das adrenais
As glândulas adrenais ou supra-renais estão localizadas acima dos rins no homem ou próximo aos mesmos, na maioria dos vertebrados. Constam de duas partes, a interna chamada de medula e a externa que corresponde ao córtex.
A medula da supra-renal secreta adrenalina ou epinefrina e noreradrenalina ou norepinefrina usada para colocar o organismo na chamada situação de emergência. Esses dois hormônios aumentam a intensidade do metabolismo e o nível de glicose no sangue, acelerando os ritmos cardíaco e respiratório. Produzem vasoconstrição no tubo digestivo e vasodilatação nos músculos esqueléticos, aumentando a atividade muscular.
Os principais hormônios do córtex supra-renal são: 
· A aldosterona é chamada de mineralocorticóide por regular os níveis de Na+ e K+ no sangue.
· A cortisona atua no aumento da glicose no sangue, daí ser chamado de glicocorticóide. Também favorece a utilização de gorduras para fins energéticos e exerce ação antiinflamatória.
· A corticosterona tem função mineralocorticóide e pequena atividade glicocorticóide.
Dá-se o nome de hipoadrenalismo à insuficência dos hormônios corticoadrenais e provoc a doença de Addison, cujo quadro clínico é emagrecimento, astenia, escessiva pegmentação da pele e alterações gastrintestinais com võmitos e diarréia.
O hiperadrenalismo causa a doença de Cushig caracterizada por obesidade do rosto e tronco, hipertensão arterial e transtornos psíquicos, com võmitos e diarréia também.
Hormônios do pâncreas
O pâncreas é uma glândula anfícrina ou mista formadas por dois tipos de estruturas:· Os ácinos têm função exócrina, produzindo e secretando o suco pancreático, constituído por enzimas digestivas, já estudadas.
· As ilhotas de Laugerhans são células de secreção interna (endócrinas). Cerca de 70% das ilhotas são células beta, que produzem insulina, sendo as restates as células alfa que secretam o glucagon.
 A insulina, e o glucagon são hormônios protéicos, cuja função é regular o nível de glicose no sangue.
· Insulina
O pâncreas libera insulina quando o nível de glicose no sangue é elevado. A insulina controla a produção de glicogênio no fígado e estimula o consumo de glicose, facilitando a sua penetração nas células.
A secreção de insulina diminui quando cai o nível de glicose no sangue.
A falta de insulina, determinada pelo mau funcionamento do pâncreas, produz uma enfermidade conhecida por diabetes mellitus, geralmente causada por fatores genéticos.
· Glucagon
É um hormônio cuja função é aumentar o nível de glicose no sangue, tendo uma ação contrária à da insulina.
Estimula a glicogenólise, isto é, a transformação de glicogênio em glicose, fenômeno que ocorre no fígado e libera glicose no sangue. O aumento do nível de glicose inibe a secreção do glucagon.
Hormônios das gônadas
As gônadas ou glândulas sexuais, denominadas testículos nos homens e ovários nas mulheres, exercem duas funções: formação de gametas e produção de hormônios sexuais.
· Testículos
Os testículos são formados por grande quantidade de tubos seminíferos, nos quais são produzidos os espermatozóides.
Entre os tubos seminíferos aparecem as células de Leydig o células intersticiais produtoras da testosterona, o hormônio sexual masculino.
Os principais efeitos da testosterona são o desenvolvimento dos órgãos sexuais e o aparecimento dos caracteres sexuais secundários.
O hormônio estimulante das células intersticiais (ICSH) é produzido na hipófise anterior.
· Ovários
Os hormônios produzidos no ovários são os estrógenos e a progesterona.
Os estrógenos, hormônios sexuais femininos produzidos nos folículos ovarianos e estimulados pelo FSH. São responsáveis pela regulação do ciclo menstrual e pelo desenvolvimento dos caracteres seuxais secundários que aparecem durante a puberdade; também provocam o fenômeno do estro ou cio nas fêmeas dos mamíferos.
A progesterona é produzida pelo corpo amarelo que se forma no folículo de Graaf após a ovulação. A principal função de progesterona é a preparação do organismo feminino para a gestação, isto é, prepara o útero para a recepção e o desenvolvimento do embrião. A produção da progesterona é estimulada pelo LH.
DISRUPTORES ENDÓCRINOS
O termo Disruptores Endócrinos (DE) ou Endocrine Disruptors (em inglês), foi convencionado em 1991 nos EUA. Também são conhecidos como Desreguladores Endócrinos ou ainda Interferentes Endócrinos. 
Os DE são agentes e substâncias químicas que podem ser naturais ou produzidas pelo ser humano. Estas substâncias produzem alterações no sistema endócrino de seres humanos e animais quando em contato com eles.
 Durante milhares de anos, os organismos dos animais e humanos sofreram adaptações para interagirem com os disruptores endócrinos naturais, encontrados em vegetais, cereais e frutas. Contudo, estes disruptores não conseguem se acumular em nosso corpo e são excretados de forma natural. Mas isto não ocorre em produtos químicos que mimetizam os hormônios do nosso corpo, pois tais produtos se acumulam em tecidos gordurosos, não são eliminados e passam a agir como se fossem os hormônios segregados pelas glândulas, “tomando” o seu lugar e alterando o funcionamento do corpo humano.
Muitas destas substâncias são persistentes no meio ambiente, acumulam-se no solo e são facilmente transportadas de suas fontes a longas distâncias. Os disruptores podem ser substâncias orgânicas ou inorgânicas e seu uso pode ser tanto em áreas urbanas ou rurais. Também podem aparecer como resíduos ou subprodutos derivados de usos industriais dos mais diversos. São encontrados em depósitos de lixo, contaminando solo, lençóis freáticos, mananciais de água para abastecimento público. Nas áreas hospitalares, o uso de alguns tipos de medicamentos e produtos para esterilização de equipamentos cirúrgicos já são comprovadamente citados como interferentes endócrinos e oferecem risco aos profissionais da área. 
Exemplos de DE são
· Agrotóxicos
· Pesticidas
· Metais como: mercúrio, cobre e chumbo (presentes em pilhas e baterias)
· Plastificantes como o bisfenol A (BPA) e ftalatos, usados frequentemente em potes de plástico domésticos
·  DDT, etc.
Ação Fisiologica dos Disruptores Endócrinos nos Vertebrados
Os disruptores endócrinos agem por mecanismos fisiológicos pelos quais substituem os hormônios do nosso corpo, ou bloqueiam a sua ação natural, ou ainda, aumentando ou diminuindo a quantidade original de hormônios, alterando as funções endócrinas (SANTAMARTA, 2001). Segundo Bowler & Cone (2001) muitas dessas substancias disruptoras endocrinas são transplacentárias, conseguindo atravessar a placenta durante a gestação e consequentemente atinge o feto, como exemplo temos o chumbo. Até o fim dos anos 50 os médicos acreditavam que tal barreira só podia ser ultrapassada por radiações, não acreditando que certos medicamentos, e agentes químicos, fossem capazes de ultrapassar a membrana, alcançando e causando reações adversas ao feto. 
Os disruptores tem efeitos bastante variáveis, alguns metais pesados afetam as funções enzimáticas, inibindo a ação das mesmas no organismos, tomam o lugar de certos hormônios que exerceriam as funções originalmente. O chumbo, por exemplo, toma  o lugar de uma enzima necessária para síntese de heme³, que leva o individuo a ter anemia. O arsênico por sua vez, forma complexos com enzimas inibidoras de ATP, o que altera o metabolismo corpóreo do individuo. Outro disruptor, que apresentou efeitos bastante graves, é o metilmercurio. As crianças que foram expostas a tal substancia - quando ainda estava no úteros de suas mães - apresentaram síndrome de paralisia cerebral com dando irreversíveis no cerebelo, córtex e gânglios cerebrais basais.
Alguns efeitos são:
· Redução da qualidade espermática;
· Atrofia testicular;
· Criptorquidia;
· Impotência;
· Redução da função do sistema imunológico e aumento de doenças infecciosas;
· Endometriose;
· Diminuição do QI de filhos nascidos de mães contaminadas;
· Alterações do ciclo menstrual;
· Puberdade precoce;
· Problemas comportamentais e neurológicos;
· Diferentes tipos de neoplasias;
· Hipotireoidismo;
· Aborto;
· Natimortos;
· Prematuridade;
· Hipospádia;
· Alterações das glândulas sebáceas.
Algumas prevenções:
· Não usar recipientes de plástico no microondas;
· Reduzir o uso de comida enlatada e preferir alimentos orgânicos;
· Só usar mamadeiras livres de bisfenol A (BPA);
· Evite dar para crianças pequenas mordedores ou brinquedos de plástico macio;
· Antes de comer peixe de água doce, certifique-se de que não existe nenhuma contaminação através dos órgãos governamentais;
· Evite usar pesticidas em casa, no lugar, use iscas e mantenha a casa limpa.
Palavras dos autores...
Bem, como foi apresentado o tema e principalmente os efeitos destes disruptores tanto para nós quanto para o meio ambiente e como a presença destes produtos químicos no solo e nas águas dos rios e no estuário é preocupante e influencia em nossas vidas, na medida em que há consumo de peixes e crustáceos por toda a população, principalmente a ribeirinha, assim como a plantação de verduras, legumes e frutas em diversas áreas contaminadas, principalmente nos bairros mais pobres e em áreas inadequadas para o cultivo.
Colaboradores
· Interatividade Adriel, Juliete, Rafael.
· Adriel Alves