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microbiologia - tuberculose; itu; stapy

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 MICROBIOLOGIA [ CASO5 ] 
CASO CLÍNICO 5 SEMANA PADRÃO: 
INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO (ITU)
SISTEMA URINÁRIO – TRAJETO DA URINA 
A urina é produzida nos rins, passa pelos 
ureteres é armazenada temporariamente na 
bexiga e posteriormente lançada para o 
exterior do corpo via uretra. 
A formação da urina ocorre na região dos 
rins chamadas de néfrons. Inicialmente, 
ocorre o processo de filtração no interior do 
corpúsculo renal. O sangue que chega aos 
glomérulos está em alta pressão e o glomérulo 
atua como uma membrana semipermeável, 
garantindo que parte do plasma passe para o 
interior da cápsula (filtração). O filtrado 
formado é semelhante ao plasma 
sanguíneo, porém não possui proteínas. 
O filtrado segue, então, para os túbulos renais, 
onde passa pelos processos de reabsorção e 
secreção. Na reabsorção, algumas 
substâncias são reabsorvidas para o sangue, 
enquanto no processo de secreção, 
substâncias são adicionadas ao filtrado. A 
reabsorção é importante, pois garante que 
água, íons e glicose, por exemplo, sejam 
reabsorvidos. A urina é resultado, portanto, 
dos processos de filtração glomerular, 
reabsorção tubular e secreção tubular. 
Após passar pelo túbulo renal, a urina segue 
para o ducto coletor, que leva o composto até 
a pelve renal (porção superior do ureter), 
saindo do rim, portanto, via ureter. Como dito 
anteriormente, do ureter, a urina segue até a 
bexiga, onde é armazenada e depois 
eliminada pela uretra. 
 
 
 
TIPOS DE ITU: 
ITU ALTA – Pielonefrite 
ITU BAIXA – Cistite 
 
A infecção do trato urinário (ITU) é 
habitualmente dividida em 2 tipos: 
CISTITE 
▪ Aspecto da urina: turva e pode estar 
avermelhada 
▪ Disúria 
▪ Polaciúria 
 ▪ Febre não é comum 
2 
 
 ▪ Dor suprapúbica 
 
PIELONEFRITE 
▪ Quadros de cistite 
▪ Febre elevada (superior a 38ºC), calafrios e 
dor lombar (TRÍADE CLÁSSICA). 
 
IST: Infecção sexualmente transmissivel 
Uretrite – Neisseria e agentes não 
gonocócicos Chlamydia, Mycoplasma e 
Ureaplasma 
 
Urocultura (EXAME DEFINIDOR DE 
DIAGNÓSTICO): Cultura da urina - 
característica da colônia, prova bioquímica, 
microscopia pela coloração de Gram e 
antibiograma. 
 
Hemocultura – o cultivo da bactéria no 
sangue. 
 
Antibiograma – Serve para verificar qual 
antibiótico a bactéria apresenta sensibilidade. 
 
Patógenos associados à ITU: 
Mais comuns: UPEC, Klebsiella e Proteus 
 
- Escherichia coli uropatogênica (UPEC) 
É o principal patógeno causador (70 a 95% ) 
ITU não complicados e 50% de ITU 
relacionados ao uso de cateter vesical. 
Outros Bacilos Gram-negativos: 
 - Proteus mirabilis, 
- Klebsiella pneumoniae, 
 - Enterobacter aerogenes, 
 - Pseudomonas aeruginosa 
Cocos 
Gram-positivos (Staphylococcus saprophyticus 
em até 10% dos casos e Enterococcus spp.) 
podem estar envolvidos. 
 
Agentes etiológicos/morfologia/ 
carcateristicas bioquímicas. 
 
Escherichia coli (UPEC) – 
Bacilo 
Gram negativo 
Lactose positiva - fermenta lactose, 
citrato positivo; 
 
Proteus Mirabilis 
Bacilo 
gram negativo 
Lactose negativa (não fermenta lactose) 
Urease positiva - degrada uréia formando 
amônia, deixando o meio alcalino, precipita Mg 
e Ca na forma de cristais c/ formação de 
cálculos; 
 
Klebsiella pneumoniae 
Bacilo 
gram negativo 
Lactose positiva (fermenta lactose) 
citrato positive; 
 
Enterobacter aerogenes 
Bacilo Gram 
Lactose positiva (fermenta lactose) 
citrato positive; 
 
Pseudomonas aeruginosa 
Bacilo 
Gram negativo - Não fermentador; 
 
3 
 
Staphylococcus saprophyticus 
Coco 
Gram + 
Catalase positiva; 
 
Enterococcus faecalis 
Coco 
Gram + 
Catalase negativa, 
resistente à optoquina; 
 
Candida albicans Oval (fungo) 
 
Fatores de virulência geral das bactérias: 
Pili – adesinas 
Toxinas 
Biofilme 
Capsula – mais aderida 
Plasmídeo – pedaço de DNA (material 
genético) que guarda os super poderes das 
bactérias. 
Flagelo – se locomover melhor 
 
1 - Proteus mirabilis – 
CAUSA CÁLCULO 
características gerais 
Pertence à família Enterobacteriaceae 
▪ 5 espécies (P. mirabilis (mais virulento), P. 
penneri, P. vulgaris, P. myxofaciens e P. 
hauseri) 
▪ Habita o trato intestinal, de onde coloniza a 
região periuretral e então ascende à bexiga, 
causando bacteriúria sintomática e/ou 
assintomática. 
▪ Características morfológicas: 
bacilo Gram negativo, 
flagelos peritríquios - fenômeno “swarming” 
uma diferenciação celular que facilita a 
movimentação e é importante no processo 
infeccioso. 
anaeróbio facultativo. 
 ▪ Características bioquímicas: 
urease positiva - hidrolisa uréia com produção 
de amônia e dióxido de carbono, 
lactose negativa. 
Fímbrias: - fímbria tipo IV, é manose-
resistente 
Proteus-like (MR/P). – 
fímbria tipo III ou fímbria manose-resistente 
Klebsiella-like (MR/K), 
Flagelos: fenômeno de swarming - esse tipo 
de motilidade é denominado de swarming. 
Urease: hidrolisa a uréia; 
Cápsula: Acelera a formação de cristais de 
estruvita e que esse efeito é correlacionado 
com a baixa afinidade dessa cápsula por Mg2 
+. A fraca ligação de Mg2 + pela cápsula 
facilita o desenvolvimento de cristais de 
estruvita, pois os íons magnésio sendo 
acumulados, podem ser prontamente liberados 
do LPS para a formação de cálculos. 
Biofilme - é uma comunidade de bactérias 
aderidas a uma superfície biótica e/ou abiótica, 
envoltas por uma matriz polimérica produzida 
por elas mesmas, e essa associação promove 
vantagens de sobrevivência, como resistência 
a antimicrobianos, proteção contra anti-
sépticos, desinfetantes, bacteriófagos e 
mecanismos de defesa do hospedeiro. 
Fatores de virulência: fimbria, enzima uréase, 
 
 
 
4 
 
Patogênese 
1- Adsorção de proteínas do hospedeiro. 
Isso é dependente, de temperatura (febre) e 
da composição da urina; 
2- Formação do filme primário, quando 
moléculas são depositadas no substrato 
protéico; 
3- Aproximação e adesão bacteriana inicial. 
A partir desse ponto o processo é irreversível; 
4- Colonização, crescimento e formação do 
biofilme bacteriano. A bactéria torna-se 
imobilizada na matriz polissacarídica e iniciam 
a produção de urease; 
5- O pH urinário e do biofilme aumenta 
devido à produção dos íons amônio; 
 6- Os íons Ca2+ e Mg2+ são atraídos para a 
matriz. Este fato e a solubilidade diminuída do 
fosfato de cálcio e da estruvita resultam na 
próxima etapa; 
7- Precipitação de cristais; 
 
Tipos de cálculo renal 
Existem vários tipos de cálculos renais. 
A alteração do pH da urina facilita a 
precipitação de algumas substâncias que 
precipita a formação de cálculos. 
Cálculos de Estruvita: Esses são chamados 
de “cálculos de infecção” e são compostos por 
uma mistura de magnésio, amônia, fosfato e 
carbonato de cálcio. Alguns tipos de bactérias 
formam amônia, elevam o pH, deixando a 
urina mais alcalina e promovendo a formação 
de estruvita. 
 
2 - Escherichia coli Uropatogênica (UPEC) 
Pertence à família Enterobacteriaceae 
▪ Sorogrupos prevalentes: O1, O2, O6, O18 
e O75 / Sorotipo importante: O18:K1:H7 
Capsula (K), flagelo (H), antígeno 
polissacarídeo (O) 
▪ Características morfológicas: 
Bacilo 
gram negativo 
não formador de endósporo, 
geralmente móvel 
anaeróbio facultativo 
▪ Características bioquímicas: 
lactose positiva, 
glicose positiva, 
catalase positiva 
Lipídeo A do LPS (Endotoxina): febre, 
vasodilatação e inflamação 
A UPEC tem origem intestinal. 
 
– fatores de virulência 
PIELONEFRITE – SEPSE – ÓBITO 
FIMBRIA – para aderir 
CAPSULA – Aderir e escapar da fagocitose 
HEMOLISINA – para formar poros em 
macrófagos e células de defesa 
CITOXINAS – destrói as células epiteliais e 
necrosa o epitélio. 
- FÍMBRIA TIPO 1: adesão ao epitélio vaginal 
e da bexiga / formação de BIOFILMES e 
invasão celular (INTRACELULARFACULTATIVO) 
- FÍMBRIA P: adesão ao epitélio renal também 
-FLAGELO: permite que as bactérias se 
movam de forma ascendente no trato urinário, 
desde a bexiga até os rins. 
- CITOXINA 
5 
 
 - EXOTOXINA α-HEMOLISINA: esfoliação 
das células da bexiga, apoptose e lesão 
tecidual (permite 
- EXOTOXINA CNF 1 (Fator Citotóxico 
Necrotizante tipo 1): ação necrotóxica 
(apoptose). Na bexiga, contribui para invasão 
do epitélio. 
1. Adesão ao epitélio da bexiga - através da 
fímbria do tipo 1 e também pode ser pela 
fímbria P 
2. Invasão na célula epitelial, através da 
fímbria do tipo 1. 
3. Multiplicação bacteriana intracelular 
(INTRACELULAR FACULTATIVA). 
Formação de comunidades bacterianas 
(proteção contra o sistema imune) 
4. Esfoliação (degradação de células 
epiteliais) e apoptose: causado pela exotoxina 
α-hemolisina, aumentando a disseminação da 
UPEC. 
Algumas comunidade bacterianas 
intracelulares continuam intactas (possível 
causa de infecção recorrente) 
Bactérias flageladas podem sair da 
comunidade e voltar para o lúmen vesical ou 
podem invadir células adjacentes. Nesse 
momento, há migração de leucócitos PMN. 
Infecções não tratadas podem progredir de 
forma ascendente até alcançar os rins e 
próstata. 
Expressão de flagelos e fímbria P (papel 
importante na aderência ao epitélio renal). A 
inflamação é mediada por citocinas, cuja 
produção é induzida pelo antígeno O, α-
hemolisina etc. Pode atravessar epitélio renal, 
atingir corrente sanguínea. 
 
PATOGENESE 
RIM – PIELONEFRITE 
Adesão 
Multiplicação 
Pode ocorrer disseminação no sangue – 
SEPSE; 
 
BEXIGA – CISTITE 
Adesão; 
Invasão intracelular 
Multiplicação 
Esfoliação 
Pode ocorrer disseminação tecidual junto ao 
rim. 
 
Rotas de infecção (ascendente e 
hematogênica) 
Infecção por via ascendente é a principal 
forma de infecção do trato urinário, sendo 
observada a ascensão dos micro-organismos 
pela uretra, podendo atingir a bexiga, ureteres 
e os rins. 
É muito comum que bactérias que vivem no 
intestino humano entrem em contato com a 
uretra e causem a infecção por essa via. 
A via hematogênica ocorre devido a intensa 
vascularização do rim podendo o mesmo ser 
comprometido em 
qualquer infecção sistêmica; é a via de 
eleição para ITU por alguns micro-organismos 
como Staphylococcus aureus, Mycobacterium 
tuberculosis, sendo também a principal via das 
ITU em neonatos. 
Alguns patógenos provenientes da via 
hematogênica: 
▪ S. aureus 
 ▪ M. tuberculosis 
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▪Leptospira interrogans (Leptospirosezoonose) 
 
ROTA ASCENDENTE – 
 E. coli UPEC (presente no intestino) 
atinge a uretra / cateter vesical etc. 
 
 
Leptospirose 
 patógeno da via hematogênica. 
Espiroqueta, 
Gram negativa, com 2 endoflagelos. 
Transmissão: penetração da bactéria, 
proveniente de água contaminada com urina 
de rato, em pequenas abrasões na pele ou 
mucosas. 
Diagnóstico: teste sorológico ou detecção do 
microorganimo ou seu DNA em amostras de 
sangue, urina ou outros fluidos. 
CONTATO COM ÁGUA CONTAMINADA; 
PERIODO DE INCUBAÇÃO: 1 OU 2 
SEMANAS; 
INFECTA CÉLULAS FAGOCÍTICAS, 
INVADINDO O SISTEMA IMUNE; 
SINTOMAS: DOR DE CABEÇA, DOR 
MUSCULAR, CALAFRIOS E FEBRE; 
DIAS DEPOIS, OS SINTOMAS AGUDO 
DESAPARECEM E A TEMPERATURA 
VOLTA AO NORMAL; 
APÓS ALGUNS DIAS, A FEBRE PODE 
RETORNAR; 
INSUFICIÊNCIA RENAL. 
Grupos de risco (principais) 
▪ Crianças até 6 anos de idade. 
▪ Mulheres (padrão anatômico) / jovens e com 
a vida sexual ativa 
▪ Adultos idosos com mais de 60 anos 
(hiperplasia prostática benigna) 
Padrão anatômico feminino Uretra mais curta 
e pouca distância entre a vagina e o ânus 
 
A - ITU não complicada 
▪ Geralmente em quadros de pielonefrite 
▪ Falhas terapêuticas 
▪ Alterações estruturais ou funcionais do trato 
urinário 
▪ Desenvolvida em ambiente hospitalar (ex. 
Pseudomonas) 
▪ Patógenos comuns: bactérias gram positivas 
e gram negativas com elevada frequência de 
organismos multirresistentes. Ex.: 
Enterobactérias produtoras de Beta 
Lactamases de Espectro Estendido (ESBL – 
E. coli, Klebsiella) 
 
B - ITU de repetição (comum: E. coli) b) ITU 
complicada (fator de virulência microbiano X 
resposta imune humana) 
 ▪ Geralmente em quadros de cistite ▪ Sistema 
urinário sem alterações 
 ▪ Imunocompetentes 
▪ Patógeno comum: E. coli 
 
Obs.: Um MULHER é considerada portadora 
de ITU de repetição quando acometido por 3 
ou + episódios de ITU no período de 1 ano. O 
HOMEM quando ocorre 2 ou + episódios de 
ITU no período de até 3 anos. 
 
Profilaxia na ITU 
 ▪ Higiene pessoal, incluindo a higiene íntima 
no sentido ântero-posterior do períneo, evita a 
migração de bactérias da região anal para a 
região periuretral 
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▪ Aumento da ingestão hídrica : 1,5 a 2 litros 
de água /dia contribui para a lavagem vesical e 
dificulta a aderência da bactéria ao tecido 
vesical 
▪ Micção com intervalos mais curtos evita a 
estase urinária, que contribui para a 
proliferação de micro-organismos 
▪ Prevenção contra doenças em que os 
patógenos atingem o rim por via hematogênica 
 
Mecanismo de controle da patogenicidade 
▪ pH da urina (concentração de ureia elevada) 
(normal de 5 a 6) 
▪ Osmolaridade urinária elevada 
▪ Fluxo urinário 
 ▪ Válvula fisiológica no ureter que impede o 
fluxo reverso da urina para o rim 
 ▪ Secreções prostáticas 
▪ Inibidores de adesão: uromodulina* ou 
proteínas Tamm-Horsfall produzidas nos rins e 
excretada na urina e mucopolissacarídeos 
secretados pelo uroepitélio 
▪ Resposta imune (migração de fagócitos, 
principalmente neutrófilos). 
 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
ORIENTADORES DE ESTUDO: 
1 - Analisar a forma e coloração de Gram de 
Proteus mirabilis; 
bactéria gram-negativa, Anaeróbia facultativa, 
em forma de bastonete, com motilidade e 
capaz de produzir grandes quantidades de 
urease. 
 
2 - Justificar os principais fatores de 
virulência de Proteus mirabilis, de UPEC e 
das principais bactérias causadoras de ITU. 
PROTEUS – fatores de virulência: Fimbrias, 
flagelos (fenômeno de Swarming), uréase 
(quebra de ureia, aumentando o ph da urina 
formando cálculos), capsula (facilita a 
formação de cristais de estruita). 
UPEC – fatores de virulência: flagelos, 
fimbrias, capsula, catalase positiva, exotoxina. 
PRINCIPAIS PARA ITU: 
E.coli (UPEC E UROPATOGENICA) 
Klebisiela 
Proteus Mirabilis 
Candida albicans (uso de sondas) 
Staphylococcus saprophyticus 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CASO CLÍNICO 
TUBERCULOSE 
Características gerais da Micobactérias 
• Bacilos pleomórficos: retos ou encurvados, 
filamentosos ou formas ramificadas. (0,2- 0,6 
µm por 1-10 µm) 
• Bacilos Álcool-ácido Resistentes (BAAR) 
• Aeróbios obrigatórios (estritos) 
• Sensível a ação de calor e radiação 
ultravioleta = sensível a luz solar 
 • Resistente à dessecação e ao ambiente 
escuro – podem sobreviver por anos no 
ambiente externo 
• Parede: Complexa Lipídeos (60% lipídeos) 
• produção destes lipídeos (Ácido micólico) 
 
Quais as diferenças entre as paredes das 
bactérias coradas por Gram e as BAAR? 
(A) Membrana plasmática Parede: 
(B) Peptidoglicano (PEG) 
(C) Arabinogalactana (AGA) - polissacarídeo 
ligado ao PEG 
(D) Lipoarabinomanana coberta por manose 
(LAM) - fator imunogênico 
(E) proteínas associadas à membrana 
plasmática e à parede celular (PT) 
(F) ácidos micólicos (AM) - ácidos graxos de 
cadeia longa (60-60 átomos de carbono) 
(G) moléculas de glicolipídios (GL) de 
superfície associadas aos ácidos micólicos 
 
Técnica de ZiehlNeelsen - Técnica utilizada 
para bactérias que não são coradas pela 
coloração de Gram (Mycobacterium e 
Nocardia). Essas bactérias são denominadas 
de Bacilos Álcool-ÁcidoResistentes (BAAR). 
- Na coloração de Ziehl-Neelsen, o calor atua 
como um mordente (fixador)físico enquanto o 
fenol (carbol da carbolfucsina) atua como 
mordente químico. 
- Na coloração de Kinyoun não requer 
aquecimento, “realizado a frio”. Requer alta 
concentração de fucsina. 
Mycobacterium tuberculosis 
• Principal agente de tuberculose no homem 
• parasita intracelular facultativo (macrófagos) 
 • Imóvel 
• Crescimento lento /Tempo de geração de 24 
horas 
• Sem Fatores de Virulência Clássicos 
• Virulência: Propriedades metabólicas e/ou 
estruturais: Fosfolipases, lipases, esterases e 
proteases; PknG (proteina kinase G) . 
• Componentes lipídios estão envolvidos na 
patogênese (Intracelulares facultativas e não 
são destruídos no interior dos fagócitos, evita 
fusão do fagossoma com o lisossoma). 
Então a capacidade de sobrevivência 
dentro do macrófago seria um fator de 
virulência do M. tuberculosis? 
Sim! A maioria das bactérias e micobactérias 
não patogênicas são rapidamente mortas 
quando fagossomo funde-se com lisossomos. 
• O M. tuberculosis permanece dentro dos 
fagossomos e a bactéria libera PknG (proteina 
kinase G) para bloquear a fusão do fagossomo 
com lisossomo. 
• As bactérias que não possuem gene pknG 
são rapidamente transferidas para os 
lisossomos e eliminadas. 
Transmissão - Somente pessoas doentes 
com tuberculose pulmonar e laríngea 
transmitem a doença. 
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Transmissão: Partículas infectantes 
- paciente com TB ativa (inflamação crônica e 
disseminação para novos hospedeiros): 
- Contato direto - Inalação de aerossol (tosse, 
espirro, fala) 
 - Perdigotos no ar: Suspenso por horas (alto 
contágio: 1 a 10 bacilos, suficientes para 
infecção) 
- Bacilos inalados: fagocitados por macrófagos 
alveolares Contágio Um indivíduo bacilífero de 
uma comunidade pode infectar entre 10 e 15 
pessoas num ano. Convivência aumenta a 
possibilidade de infecção. 
A formação de granulomas é uma das 
principais características clínicas da 
tuberculose 
• O M. tuberculosis permanece dentro dos 
fagossomos e iniciam sua replicação. 
• Formação devido presença de fagócitos, 
bacilos, células do parênquima pulmonar: 
Necrose sólida (caseosa) = REFÚGIO DE 
BACILOS 
• Formação de cavidade pulmonar - 
Disseminação através da tosse; 
• Disseminação extrapulmonar: Tuberculose 
miliar 
Vacina: BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) 
M. bovis atenuado : a vacina oferece 50% 
de proteção das principais formas , 68 % 
para meningoencefalite. 
 
Tuberculose – Diagnóstico 
CLÍNICO 
•Contato com pessoas com BK (infecção – 
bacilíferos) 
•Sintomas e sinais sugestivos: •tosse seca ou 
produtiva por 3 semanas ou + 
•febre vespertina; perda de peso; sudorese 
noturna; dor de cabeça 
DIAGNÓSTICO 
•História de tratamento anterior para BK 
•Presença fatores de risco: pessoas que vivem 
com HIV (PVHIV), câncer, etilismo. 
1. Baciloscopia (escarro e coloração de 
BARR) 
2. Cultura (cultivo em ágar Lowestein 
Jensen) e teste de sensibilidade aos 
antimicrobianos 
3. Teste rápido molecular para tuberculose 
(TRM-TB) 
4. Raio X 
• pacientes adultos com sintomas respiratórios 
• pacientes com alterações ao RX 
Suspeita de TB pulmonar com exame direto 
negativo; 
• Diagnóstico de forma extra-pulmonares; 
• Casos suspeitos de resistência bacteriana às 
drogas (testes de sensibilidade a drogas). 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
ORIENTADORES DE ESTUDO: 
1- Caracterizar morfologicamente as 
bactérias M. tuberculosis. 
Bacilo - em forma de bastão – álcool acido 
resistente (retem a coloração) 
Aeróbio; 
Intracelular facultativo ( sobrevive e se 
multiplica no interior de células fagocitárias); 
Parede rica em lipídeos e acido micolico 
(facilita viver nos macrófagos) 
 
2- Descrever os mecanismos de 
patogenicidade de M. tuberculosis, 
formas de transmissão, métodos de 
diagnóstico, tratamento e profilaxia. 
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PATOGENICIDADE 
Bacteria aeróbia, após inalação por aerossóis 
que se propaga através do ar, contendo os bacilos 
expelidos por um doente com TB pulmonar ao 
tossir, espirrar ou falar em voz alta. Após a 
inalação o bacilo segue ate o pulmão 
(principalmente do lado direito que tem mais O2, 
vai para corrente sanguínea ou linfática para atingir 
outros órgãos. 
 
3- Executar a técnica de coloração de 
Ziehl Neelsen; 
Há bactérias que são resistentes à coloração, 
mas que uma vez coradas vão resistir 
fortemente à descoloração. 
Às bactérias que possuem esta propriedade 
dizemos que são ácido-álcool resistentes. 
Esta característica é devida ao elevado teor 
de lípidos estruturais (ex. ácido micólico) 
na parede celular destas bactérias, que 
provoca uma grande hidrofobicidade, 
dificultando a ação dos mordentes e 
diferenciadores de corantes aquosos. 
A técnica de Ziehl-Neelsen evidencia esta 
ácido-álcool resistência. Segue o seguinte 
protocolo: Confeccionar o esfregaço seguindo 
as técnicas atuais de biossegurança; Cobrir a 
lâmina com fucsina fenicada (o mordente é 
o ácido fénico); Aquecer a lâmina até à 
emissão de vapores (é importante não deixar 
ferver); Aguardar 5 a 8 minutos; Lavar com 
água corrente; Cobrir a lâmina com álcool-
ácido 3% até descorar totalmente o esfregaço; 
Lavar com água corrente; Cobrir a lâmina 
com azul de metileno durante 1 minuto; Lavar 
com água corrente; Secar; Observar. 
A fucsina fenicada, atuando a quente, vai corar 
todas as células bacterianas e outras 
estruturas presentes no esfregaço de 
vermelho (o calor vai derreter os lípidos 
de membrana, tornando-a permeável). O ácido 
diluído em álcool aplicados vão descorar todas 
as bactérias exceto as ácido-álcool 
resistentes, que permanecem coradas de 
vermelho pela fucsina. Assim, ao serem 
observadas após coloração e contraste, com 
azul de metileno, encontraremos as bactérias: 
 Ácido-álcool resistentes: coradas de 
vermelho. 
 Não ácido-álcool resistentes: coradas 
de azul. 
 
4- Diferenciar as técnicas de coloração: 
Ziehl Neelsen e de Gram. 
Coloração de Gram é baseado na capacidade 
das paredes celulares de bactérias Gram-
positivas de reterem o corante cristal violeta no 
citoplasma durante um tratamento com etanol-
acetona enquanto que as paredes celulares de 
bactérias Gram-negativas não o fazem. 
O método de coloração de Ziehl-Neelsen é 
utilizado para a detecção dos BAAR (bacilos 
álcool-ácido-resistentes. 
5- Explique porque as micobactérias e 
Nocardia se coram apenas pela 
técnica de Ziehl Neelsen e não se 
coram pela técnica de Gram? 
Devido ao elevado teor de lípidos estruturais 
(ex. ácido micólico) na parede celular destas 
bactérias, que provoca uma grande 
hidrofobicidade, dificultando a ação dos 
mordentes e diferenciadores de corantes 
aquosos. 
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CASO 
STAPHYLOCOCCUS AUREUS E 
STAPHYLOCOCCUS EPIDERMIDIS 
Os estafilococos são bactérias cocos Gram-
positivas, com arranjo dos cocos dispostas em 
cachos, bactérias não formadoras de esporos, 
imóveis e catalase positivos. 
Staphylococcus aureus são coagulase-
positivos, colonizadores das narinas e 
comumente encontrados na pele humana. 
Fatores de virulência: 
 enzimas como catalase e coagulase, 
 cápsula, 
 proteínas de superfície, 
 citotoxinas (como hemolisina, toxina do 
choque tóxico, superantigenos etc) 
 sendo considerados os mais virulentos 
do gênero. 
As espécies são diferenciadas pelo teste da 
coagulase, sendo S. aureus coagulase positiva 
e as demais espécies de estafilococos 
coagulase negativa (ECN). 
Os Staphylococcus epidermidis são 
coagulase-negativos, membros da flora normal 
da pele humana. 
Fatores de virulência: 
 biofilme, 
 lipases. 
A hemocultura é o exame realizado com o 
objetivo de isolar e identificar patógenos no 
sangue de um paciente que se supõe ter uma 
infecção, bacteremia, sepse, em que o sangue 
do paciente é inoculado em meio de cultura. 
Os estafilococos desenvolvem rapidamente 
resistência a numerosos antimicrobianos, 
podendo ser pormeio da bomba de efluxo, por 
resistência à meticilina (MRSA) e resistência à 
vancomicina (VRSA). 
É importante realizar o antibiograma, um teste 
de sensibilidade das bactérias aos antibióticos 
testados. 
BACTÉRIAS GRAM POSITIVAS - FATORES 
DE VIRULÊNCIA 
Staphylococcus aureus: 
cocos 
gram positivos em cacho 
Enzimas 
a) Catalase: conversão do peróxido de 
hidrogênio em água e oxigênio – impede a 
digestão intracelular. 
b) Coagulase impede a cascata normal da 
coagulação do plasma. Produção de fibrina . 
c) hialuronidase destrói ácido hialurônico – 
Toxinas : 
a) Hemolisinas (lisam eritrócitos; ação sobre 
musculatura lisa vascular) Doenças de pele 
associadas: Erisipela, celulite, impetigo 
bolhoso, impetigo não bolhoso, furúnculo, 
carbúnculo, foliculite, síndrome da pele 
escaldada, etc 
b) Citotoxina associadas a síndrome da pele 
escaldada – toxina exfolitativa - Cápsula; 
 - Proteína A: proteína de superfície que se 
liga à IgG impedindo a fagocitose 
- Lipoproteinas na parede induzem citocinas 
pró-inflamatórias; 
 - Ácidos teicoicos, lipoteicoicos – adesão, 
PAMP 
Staphylococcus Coagulase negativa : 
cocos 
gram positivos em cacho ex. S. epidermidis: 
infecção em próteses, cateteres e o mais 
frequente encontrado em hemoculturas. 
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 Catalase positiva; 
Coagulase negativa 
Streptococcus pyogenes : 
cocos 
gram positivos em cadeia Cocos em cadeia ; 
Beta hemolítico 
Aspectos clínicos importantes da ERISPELA: 
área afetada edemaciada, eritematosa, 
quente, de limites bem definidos, bordos 
elevados, com aspecto de casca de laranja, 
por vezes com vesículas, muito dolorosa. 
Faixas avermelhadas ao longo do trajeto dos 
vasos linfáticos. Comum em crianças e idosos 
(70% EM MEMBROS INFERIORES). Causa 
mais comum de infecção grave de tecidos 
moles em indivíduos saudáveis. 
 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
ORIENTADORES DE ESTUDO: 
1- Descrever o gênero Staphylococcus e 
diferenciar as espécies S. aureus e S. 
epidermidis. 
Staphylococcus - grupo de bactérias gram-
positivas que possuem formato arredondado, 
são encontradas agrupadas em cachos, 
semelhante a um cacho de uva e o gênero é 
chamado de Staphylococcus, são catalase 
positiva, ou seja, degradam peróxido de 
hidrogênio. 
S. aureus - Cocos gram positivos, Anaeróbio 
facultativo, Catalase positiva, Coagulase 
positiva, Exotoxina (depende de como ocorre a 
infecção, se for gastrointestinal é enterotoxina 
e se for uma infecção na pele por ex ela 
produz citotoxina, hemolisina), Semeado em 
ágar salgado, chamado sal manitol, Ágar 
DNAse positivo, Resistência microbiana: 
produz beta lactamase, enzima que degrada a 
penincilina e o gene MECA, que é encontrado 
em cepas resistentes a meticilina (MRSA) e 
codifica uma proteína que tem baixa afinidade 
para antibióticos betalactâmicos fazendo com 
que não ocorra a inibição da síntese da parede 
microbiana. 
S. epidermidis - Cocos gram positivos, 
Anaeróbio facultativo, Catalase positiva, 
COAGULASE NEGATIVA, Biofilme, Lipase, 
Ágar DNAse negativo, Sensível à novabiocina 
e optoquina. 
 
2- Investigar os fatores de virulência das 
espécies S. aureus e S. epidermidis. 
S. aureus – FATORES DE VIRULÊNCIA: 
Catalase, Coagulase, hialuronidase, 
Hemolisinas (toxinas), Cápsulas, Proteína A e 
- Ácidos teicoicos, lipoteicoicos. – 
S. epidermidis - Catalase positiva; Coagulase 
negativa. 
 
3 - Compreender os mecanismos de 
resistência de S. aureus aos antibióticos. 
Essa resistência era mediada pela aquisição 
de genes que codificavam enzimas, 
inicialmente conhecidas como penicilinases, 
e agora chamadas β-lactamases. 
1) alteração da proteína alvo de ação da 
droga, ou seja, das “PBP”s; 
2) produção de enzimas inativadoras, 
chamadas beta-lactamases

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