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Razões de Recurso em Sentido Estrito

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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1° Vara Criminal do Tribunal do Júri de Caruru-PE
Comarca ...
Processo n.º ...
MARCUS, já qualificado nos autos da ação penal em epígrafe, movida pelo Ministério Público Estadual, vem por meio de seu advogado que esta subscreve, vem, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 581, inciso IV, do Código de Processo Penal, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, apresentando, desde logo, suas razões recursais para a reforma da decisão.
Requer, ainda, uma vez recebido e processado o recurso, a retratação de Vossa Excelência, com base no artigo 589 do Código de Processo Penal, ou, em caso negativo, a sua remessa à Superior Instância para análise e julgamento.
Nesses termos, pede deferimento.
Caruaru, 25 de novembro de 2021.
Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO 
COLENDA CÂMARA CRIMINAL
EMINENTE PROCURADOR DE JUSTIÇA
Processo criminal n.º ...
Recorrente: Marcus
Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
1. DOS FATOS
Marcus é um artista de 20 anos de idade, cujo o seu sonho é ser um cantor sertanejo. Devido sua semelhança sempre é confundido com o cantor de música sertaneja, Paulo Pedro. Todavia, por sua condição se apresenta apenas em pequenos bares da sua cidade, Teresina. Decidido a fazer sucesso resolveu viajar até Caruaru-PE e usando sua semelhança com o cantor famoso apresentou-se em vários estabelecimentos. 
Um empresário da cidade, ao saber da presença do grande cantor, logo contratou para uma grande festa de 15 anos de sua filha. A festa foi realizada em 12/02/12. Dois dias depois do aniversário a autoridade policial da cidade de Caruaru tomou ciência e instaurou IP para apurar o ocorrido. Ouvido perante a delegada, o empresário disse não saber que o jovem não era o cantor famoso, pois desde o primeiro contato Marcus se apresentou como Paulo Pedro, arrematando que pagou a quantia de R$55.000 pela apresentação. Em seu interrogatório Marcus permaneceu em silencio. Concluído o IP, os autos foram ao MP que ofereceu denúncia pela prática do crime de estelionato.
O réu foi denunciada pelo Ministério Público pela prática do crime delito de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal Brasileiro, é legalmente definido como “obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”.
2. DO DIREITO
2.1. DA ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE DA CONDUTA: AUSÊNCIA DE DOLO.
Para caracterização do delito previsto no art. 171, caput do CP, é imperiosa a comprovação de que o agente tinha por objetivo concretizar todos os elementos contidos no tipo do art. 171 do CP: “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento”. O Ministério Público não obteve êxito em comprovar, sem sombra de dúvidas, que o réu tinha o dolo específico de causar prejuízo alheio quando da consumação do suposto delito. 
Por fim, não há provas, que permitem afirmar que o réu teve a intenção de perpetrar a conduta prevista no tipo do artigo 171, caput, do Código Penal – estelionato. No caso específico de Marcus, este não se qualificou com o crime delito estelionato, pois ele atribuiu o trabalho no dia e local indicado no contrato, não deixou de servir seu o contrato estipulado pelas partes. 
No caso, deve-se privilegiar o princípio in dubio pro reo eis que seria uma verdadeira afronta aos postulados do Estado Democrático de Direito permitir que uma pessoa seja condenada criminalmente com base em meros indícios de que perpetrou sua conduta com o dolo específico de prejudicar a suposta vítima do delito de estelionato.
2.2. Da desclassificação
Quanto ao suposto crime de estelionato, o caso enseja a absolvição sumária do réu, por atipicidade do fato, uma vez que a conduta imputada não preenche as elementares do art. 171 do Código Penal: "Não verifica que o réu tenha agido dolosamente para obter vantagem ilícita, induzindo ou mantendo as vítimas em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudento". Seguinte, observando que, pelo que consta dos autos, "a vítima celebrou o contrato de prestação de serviços com o acusado.
 Desclassificação do crime de estelionato, em face do princípio do in dubio pro reo, quando os elementos probatórios não forem suficientes para sustentar uma decisão condenatória. Uma vez que não restou demonstrado que o acusado iniciou os atos executórios para a consumação do crime, sendo impuníveis eventuais atos preparatórios por ele praticados. 
3. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
a) No mérito, o seu provimento, a fim de que seja operada a desclassificação do delito crime de estelionato, uma vez que a conduta imputada não preenche as elementares do art. 171 do Código Penal.
b) Absolve-se o réu do crime de estelionato, em face do princípio do in dubio pro reo, quando os elementos probatórios não forem suficientes para sustentar uma decisão condenatória. 
c) Mantém-se a absolvição do réu, uma vez que não restou demonstrado que o acusado iniciou os atos executórios para a consumação do crime, sendo impuníveis eventuais atos preparatórios por ele praticados.
Nesses termos, pede deferimento.
Caruru, 25 de novembro de 2021.
Advogado...
OAB...

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