Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Exame Andrológico Introdução Partes funcionais do sistema reprodutor masculino: • Bolsa escrotal • Testículos • Epidídimos • Plexo pampiniforme • Canal deferente • Glândulas anexas • Pênis • Prepúcio Considerando essa anatomia nós podemos notar algumas diferenças entre as espécies como o eixo longo do testículo que se mostra de diferentes formas nos animais. Nos ruminantes, o eixo longo do testículo é vertical logo, a bolsa escrotal é localizada ventralmente à virilha na região inguinal. Os garanhões por sua vez, o eixo longo é horizontal, logo a bolsa escrotal é mais próxima ao corpo estando em uma região intermediária. Nos cachaços, o eixo longo do testículo é oblíquo e, embora também fique próximo ao corpo, a região de localização é a perineal. Nos gatos, os testículos são localizados na região perianal. Nos cães, o eixo longo é relativamente oblíquo, porém a bolsa escrotal é localizada na região inguinal. Bolsa escrotal É formada por uma túnica denominada “Túnica Dartos”, tecido fibroelástico subcutâneo que possui uma musculatura lisa responsável pela termorregulação testicular. Além disso, há também a presença de pelos, gordura, numerosas glândulas sudoríparas e sebáceas. A integridade da bolsa escrotal é fundamental para proteção dos testículos. Além disso contribuem na termorregulação já que os testículos devem estar 2º a 4º a menos do que a temperatura corporal para que ocorra adequadamente a espermatogênese e espermiogênese. MECANISMOS QUE REALIZAM A TERMORREGULAÇÃO TESTICULAR: 1. Espessura de pele do escroto por meio da contração ou relaxamento da túnica dartos. 2. Músculo cremaster (expansão do músculo oblíquo interno do abdômen) que contrai para aproximar os testículos da parede abdominal ou relaxa para afastar; 3. Plexo pampiniforme que é formado pela artéria testicular, veias testiculares havendo um mecanismo contracorrente havendo troca de calor entre sangue venoso e arterial. Na imagem acima também é possível observar o epidídimo que é composto por cabeça, corpo e cauda. Através da cauda sai o ducto deferente que passa ao lado do plexo pampiniforme. Essa região de plexo pampiniforme + ducto deferente é denominada funículo espermático. Testículos Possui função exócrina em que há a produção de gametas e função endócrina havendo produção de testosterona. Nos testículos há a presença dos túbulos seminíferos que é o local em que ocorre a espermatogênese. No túbulo seminífero há células de sustentação chamadas de células se Sertoli que favorecem a espermatogênese e também há as células epiteliais que são germinativas. No interstício do parênquima testicular há as células intersticiais também chamadas de células de Leydig que são produtoras de andrógenos: testosterona. Glândulas sexuais acessórias Uma das partes em que mais há variação entre as espécies em presença, formato e tamanho. PRÓSTATA: é uma glândula única localizada ao redor da uretra. Está presente em todas as espécies e é possível avalia-la no exame andrológico; GLÂNDULA VESICULAR: está presente em suínos, equinos e ruminantes; GLÂNDULA BULBOURETRAL: está presente em par nos suínos, equinos, ruminantes e felinos; AMPOLAS DOS DUCTOS DEFERENTES: é ausente no suíno Pênis FIBROELÁSTICO: há poucos espaços sanguíneos e muito tecido fibroelástico garantindo uma consistência mais firme. Está presente em ruminantes e suínos, onde podemos localizar a flexura sigmoide que se forma quando o pênis está em repouso. Quando o animal entra em ereção, a flexura é desfeita não sendo dependente do aporte sanguíneo para isso. MUSCULOCAVERNOSO: há espaços sanguíneos mais largos e pouco tecido fibrielástico. Há a necessidade e aporte sanguíneo para que haja ereção. Está presente nos equinos, cães e gatos. EXAME ANDROLÓGICO O exame andrológico é realizado quando queremos comercializar reprodutores ou também para avaliarmos o potencial reprodutivo pré estação de monta. Podemos também realizar o exame andrológico para diagnosticar sub ou infertilidade, realizar o diagnóstico de ocorrência da puberdade além de podermos selecionar reprodutores para exposições e feiras em que será avaliada a capacidade sexual dos machos. O exame andrológico avalia a saúde geral, saúde hereditária pois podemos diagnosticar patologias hereditárias havendo a necessidade de retirada da reprodução. Podemos avaliar também a saúde genital, potência coeundi (capacidade do animal de realizar a cópula) e generandi (capacidade de geração de decendentes por meio de gametas viáveis). Etapas de uma consulta: 1. Identificação do paciente (nome, idade, raça) 2. Anamnese e obtenção do histórico; 3. Exame físico geral para avaliar se não estamos frente a uma emergênia; 4. Exame físico específico focando no trato reprodutivo; 5. Exames complementares (se necessário) 6. Diagnóstico; 7. Prognóstico; 8. Tratamento; 9. Medidas de prevenção e controle. FICHA ANDROLÓGICA: 1. Nome, número, registro, filiação, particularidades, resenha (equinos); 2. Espécie; 3. Raça; 4. Cor da pelagem; 5. Sexo; 6. Idade; 7. Utilidade; 8. Procedência; 9. Peso ANAMNESE: 1. Queixa principal: seleção de padreadores; avaliação pré estação de monta; falhas reprodutivas (fêmeas vazias) – podemos perguntar quantas vacas o criador coloca pra cada touro; dificuldade/ falha na monta; alterações em prepúcio/ escroto/ pênis 2. Condições de manejo e alimentação; 3. Condição sanitária; 4. Vacinação; 5. Vermifugação; 6. Controle de ectoparasitas 7. Histórico médico 8. Comportamento dos órgãos 9. Histórico familiar e do rebanho 10.Histórico de estações de monta anteriores 11. Manejo e acasalamento atual; 12. Produção de descendentes; 13.Doenças reprodutivas prévias (tratamento) EXAME FÍSICO GERAL 1. Nível de consciência; 2. Alterações de atitude; 3. Alterações posturais e de locomoção; 4. Escore de condição corporal; 5. Contorno abdominal; 6. Avaliação geral da pele e pelame; 7. Sudorese; 8. Aprumos; 9. Acuidade visual 10. Características respiratórias 11. Padrão racial 12. Temperamento; 13. Masculinidade 14. Frequência respiratória; 15. Frequência cardíaca; 16. Temperatura; 17. Avaliação de mucosas e linfonodos; Exame físico específico Avaliamos escroto, pênis, prepúcio, testículos, epidídimos e glândulas acessórias. Exame Externo avaliamos todos os órgãos que é possível avaliarmos. BOLSA ESCROTAL Começamos pela bolsa escrotal em que iremos inspecionar analisando posição, simetria, aumento de volume e condição da pele. Após inspeção realizamos a palpação em que analisamos a consistência, sensibilidade, temperatura e mobilidade. Avaliamos então a biometria escrotal em que fazemos a medida da circunferência escrotal com o auxílio de uma fita métrica. A circunferência escrotal é muito importante já que está relacionada com o tamanho do parênquima testicular que quanto maior, mais túbulos seminíferos e mais produção de espermatozoides haverá. Além disso, reprodutores com maior perímetro escrotal irão formar descendentes mais precoces quanto a entrada na puberdade sendo uma característica de alta herdabilidade. Podemos realizar a biometria escrotal com o paquímetro em que veremos largura, altura e comprimento testicular. PÊNIS E PREPÚCIO Avaliamos se há lesões, aspecto de mucosa, presença de secreção ou aumento de volume. Animais com pênis fibroelástico conseguimos avaliar o pênis com o animal em repouso, porém animais compênis musculocavernoso só conseguiremos inspecionar durante a colheita de sêmen em que o animal irá entrar em ereção. Quando expomos o pênis podemos observar se há áreas de fibrose ou diminuição do óstio prepucial dificultando exposição do pênis para cobertura. Exame Interno TESTÍCULOS Avaliamos simetria, tamanho, mobilidade, sensibilidade e consistência. A consistência testicular é de extrema importância pois se estiver muito firme estaremos tratando de animais jovens ou por conta de hipoplasia ou degeneração testicular de forma crônica em que os testículos irão perder os túbulos seminíferos. Testículos muito moles e sem elasticidades estão relacionados a idade avançada ou a degeneração testicular podemos classificar de 1 a 5 sendo 1 extremamente rígido e 5 extremamente flácido e sem elasticidade. Podemos realizar um exame complementar que seria uma inspeção indireta em que podemos fazer uma avaliação ultrassonográfica no testículo em que avaliamos parênquima e medição de parênquima e epidídimo. FUNÍCULO ESPERMÁTICO Palpamos buscamos avaliar mobilidade, consistência, presença de nódulos, hematomas ou abcessos. Iremos palpar o polo dorsal do testículo até a entrada do anel inguinal inferior. GLÂNDULAS ANEXAS Avaliamos por meio da palpação retal buscando principalmente a próstata (pequenos ruminantes e pequenos animais) avaliando tamanho, consistência, sensibilidade. Em grandes animais realizamos a palpação retal e então podemos sentir as glândulas. Métodos de imagem: US em pequenos animais para diagnosticarmos hiperplasia prostática benigna (HPB) buscando avaliar simetria, tamanho, aspecto e alterações. Avaliação de comportamento e libido Após realizarmos o exame físico devemos avaliar o comportamento do animal verificando se o animal tem libido (disposição e avidez para montar), potência e dominância e capacidade de monta (habilidade e capacidade para realização). A libido tem relação com a qualidade do sêmen pois tem relação com a testosterona que é importante para a espermatogênese. Existem tabelas relacionados a escore de libido, comportamento sexual e capacidade de monta. Espermiograma É um exame complementar obrigatório no exame andrológico. Precisamos coletar o sêmen, avaliar macroscópica e microscopicamente. Ao final podemos classificar o potencial reprodutivo como satisfatório, insatisfatório (permanente) ou questionável (há um problema que pode ser resolvido, mas que no momento o torna inapto para reprodução). A validade de um exame andrológico é de 60 dias já que é a duração completa de uma espermatogênese, logo se o animal for classificado com potencial reprodutivo questionável, devemos tratar e após 60 dias ao final do tratamento realizamos um novo exame andrológico.
Compartilhar