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Fisiopatologia da Reprodução animal / Macho

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ANIMAIS
DOCENTE: ALEXANDRE RODRIGUES SILVA
EDNARDO BASTOS ALEXANDRE
THAYNARA FERREIRA REGINALDO
RESUMO: FISIOPATOLOGIA DA REPRODUÇÃO/ MACHO
MOSSORÓ/RN
2021
MORFOFISIOLOGIA REPRODUTIVA DO MACHO
O sistema genital masculino
O sistema genital do macho é composto pelo escroto, pelos testículos, epidídimos, ductos
deferentes, glândulas acessórias, uretra, pênis e prepúcio. Nos machos, existem algumas vantagens em
relação ao sistema genital feminino, assim do ponto de vista anatômico, quase todos os órgãos que
constituem o sistema reprodutor masculino são exteriorizados, o que pode facilitar a avaliação
andrológica. Já na fêmea, com todos os seus órgãos genitais internalizados, essa avaliação é muito
mais invasiva. Além disso, os machos exteriorizam seus gametas, algo que nas fêmeas é interiorizado,
sendo, portanto, mais fácil de se identificar situações de infertilidade no macho em relação à fêmea.
Os machos podem ser classificados de acordo com seus testículos em: testicôndios (testículos
posicionados próximo aos rins), marsupiais ( posicionados em um escroto cranial ao pênis), descentes
ascrotais (descem para a região inguinal sem formação de escroto) e descentes escrotais (se
posicionam dentro do escroto). Sendo esse último, o tipo de testículo dos animais domésticos.
Nesses animais acontece um processo denominado descenso testicular, onde ocorre a
descencia dos testículos desde sua posição abdominal original caudal ao rim, até a região inguinal.
Essa descida é guiada pelo ligamento suspensório cranial, localizado na parte superior do testículo
ligando essa gônada ao rim, e pelo ligamento inferior (Gubernaculum testis). A testosterona e a
substância inibidora mulleriana desencadeiam a produção de um fator de crescimento, chamado fator
semelhante à insulina 3 e promove uma edemaciação do Gubernaculum testis, que ao longo do
processo vai se tornando menor e edemaciado puxando o testículo caudalmente para a região do anel
inguinal.
Paralelo a isso, o ligamento suspensório cranial deve se estender, auxiliando na descida
testicular. Para os testículos se fixarem dentro da bolsa testicular, há necessidade que o peptídeo
semelhante a calcitonina também haja sobre este processo. Logo após esta ação, é necessário que a
testosterona promova o fechamento do anel inguinal para que não ocorra a volta das gônadas para a
cavidade abdominal.
A descencia testicular ocorre em momentos diferentes de acordo com a espécie. Nos bovinos,
caprinos e ovinos ocorre na metade da vida fetal, já nos equinos, suínos e felinos ao final e nos
caninos acontece até os 45 dias após o nascimento. Em relação ao fechamento do anel inguinal, nos
bovinos, caprinos, ovinos e suínos ocorre o nascimento, nos equinos e felinos na puberdade, enquanto
que nos cães acontece entre 02 a 04 meses de vida.
O escroto
Estrutura musculocutânea que envolve e protege os testículos e os epidídimos, mantendo a
temperatura adequada para que ocorra o processo de espermatogênese e maturação espermática.
É a termorregulação testicular que mantém essa temperatura ideal dos testículos, devendo
estar sempre entre 4 a 7° C abaixo da temperatura orgânica do indivíduo. Sua localização dentro do
escroto já é um fator importante, sendo essa estrutura protetora pobre em tecido adiposo, não havendo
portanto, a retenção de calor. Além disso, essa pele é rica em glândulas sebáceas e sudoríparas, que
favorecem a dissipação do calor.
Abaixo da pele encontra-se a túnica dartos, também importante para a termorregulação, Essa
trabalha em conjunto com o músculo cremaster, porém com funções diferentes. Essa estrutura tem
capacidade de promover o enrugamento ou distensão da bolsa testicular de acordo com a temperatura
externa. Já o músculo cremaster não funciona no escroto, pois está ligado diretamente ao testículo.
Assim, em uma ocasião de muito frio o músculo cremaster encolhe e puxa o testículo até próximo a
cavidade pélvica, para que se conserve a temperatura, já em altas temperaturas ocorre o afastamento
dos testículos da região pélvica, preservando a funcionalidade das gônadas.
Outra forma de termorregulação testicular é o plexo pampiniforme, o qual consiste no
enovelamento das veias testiculares ao redor da artéria testicular, formando o chamado mecanismo de
contracorrente. Dessa forma, como a artéria leva sangue com temperatura corporal para os testículos,
o mecanismo de contracorrente das veias se enovelam ao redor da artéria, trocando calor e diminuindo
a temperatura do sangue que chega.
Os testículos
São as gônadas masculinas de formato oval, na maioria das espécies domésticas, com exceção
do gato, e possui duas funções: produção de gametas (função exócrina) e produção de hormônios
esteróides (função endócrina). Ambas as funções são reguladas por três diferentes controles: 1.
Circuito longo: hipotálamo, hipófise, gônada. 2. Circuito curto: hipotálamo-hipófise. 3. Circuito extra
curto ou parácrino: entre o túbulo seminífero (células de Sertoli-células germinativas) e tecido
intersticial (células de Leydig, fluido intersticial e vários outros componentes químicos e celulares)
(SILVA, 2020).
É revestido e separado internamente pela túnica albugínea, dividindo a gônada em lóbulos
com um conjunto de tubos no seu interior, denominados túbulos seminíferos. A parte central é
chamada de mediastino testicular, região em que chegam as artérias e a inervação e de onde saem as
veias testiculares. Além disso, encontra-se também a confluência dos túbulos seminíferos. Com isso,
essa rede testicular recebe os espermatozoides oriundos dos túbulos seminíferos e manda para o
epidídimo por meio dos ductos eferentes. Dentro do testículo os espermatozoides ainda não se
movimentam, por isso são alocados através de micro-contrações realizadas pelas células mióides que
se localizam em volta dos túbulos seminíferos.
A posição dos testículos no escroto e a direção do seu eixo longitudinal em relação ao corpo
variam com as espécies. Nos ruminantes são pendulares com seu eixo longitudinal em posição
vertical; nos equinos e caninos o eixo longitudinal se aproxima muito da horizontalidade; e no porco o
eixo se encontra diagonal (SILVA, 2020).
Os túbulos seminíferos
Estruturas compostas pelas células intersticiais e mióides, células de Sertoli e células da
linhagem germinativa (espermatogônia, espermatócito I, espermatócito II, espermátide e
espermatozoide). Nos bovinos há muito pouco tecido conjuntivo ao redor desses túbulos, já nos
carnívoros o normal é ser mais espesso.
Nesses túbulos ocorre o processo de espermatogênese, ou seja, a transformação da
espermatogônia em espermatócito I, então em espermatócito II, em espermátide e por fim, em
espermatozoides já prontos, que serão reunidos pela rete testis e enviados aos ductos eferentes,
desembocando na cabeça do epidídimo. A espermatogênese é ativada nos machos somente na sua
puberdade e sua duração é diferente de acordo com a espécie: bovinos 60 dias, ovinos 42,3 dias,
caprinos 47,7 dias, equinos 55 a 57 dias, suínos 40 dias, caninos 56 a 61 dias e felinos 46,8 dias. A
produção espermática acontece nos testículos, porém a maturação só ocorre no epidídimo.
As células de sustentação (células de Sertoli) se colocam juntamente na base do túbulo
seminífero, formando a Barreira Hemato-Testicular impedindo que o sistema imunológico do animal
entre em contato com as células da linhagem germinativa e forme o anticorpo antiesperma. Também
sustentam todas essas células, oferecendo o ambiente adequado para o desenvolvimento espermático
seja nutrindo, fagocitando eventuais gametas danificados e restos celulares ou secretando proteínas de
ligação com andrógenos (aumentando a concentração de testosterona nos túbulos seminíferos). Ainda
secretam inibina e activina e hormônios anti-mullerianos durante a diferenciação sexual do embrião,
por volta da sexta semana de gestação.Paralelamente existem as células intersticiais (células de Leydig), que tem como função a
produção de andrógenos e hormônios de grande importância para as demais funções reprodutivas de
um macho.
Os testículos na produção de hormônios
Nos testículos, os andrógenos são produzidos pelas células de Leydig, enquanto que a inibina
e a activina são produzidas pelas células de Sertoli. Assim, tanto o macho como a fêmea possuem
todos os hormônios esteróides. A célula de Sertoli produz muito estrógeno, pois este é importante para
a formação dos receptores da ocitocina que desencadeia a contração dos túbulos seminíferos.
A progesterona é o precursor de todos os andrógenos e dos estrógenos. Sendo nos machos
biologicamente mais ativos os andrógenos, principalmente a testosterona. Os andrógenos participam
na diferenciação sexual (estimula o ducto de Wolff a formar a parte genital interna), na descencia
testicular e também na formação e manutenção das características sexuais secundárias. Também,
estimulam a espermatogênese nas espécies domésticas e realizam funções sistêmicas, como o
desenvolvimento muscular, estabilidade da pele, retenção de cálcio na matriz óssea, balanço
hidro-eletrolítico, funções cardiovasculares, etc.
A inibina, como o nome já sugere, inibe a produção do FSH e a activina estimula a produção
do FSH, sendo este muito importante para o controle da função das células de Sertoli.
Regulação endócrina
Até a puberdade não existe uma conexão entre o eixo hipotalâmico-hipofisário-testicular,
dessa forma a medida que o macho entra em puberdade, existe o aumento da função testicular com a
produção da testosterona, começando então, a ocorrer a regulação endócrina da reprodução do macho,
sendo a mesma para os machos de qualquer espécie.
Então o hipotálamo estimula a hipófise através do GnRH, fazendo com que haja produção e
liberação de FSH. Este agirá sobre as células de Sertoli, produzindo a proteína ligadora de andrógeno
(ABP), assim, a medida que o LH age sobre as células de Leydig produz-se testosterona, esta é levada
para dentro do túbulo seminífero para atuar sobre a espermatogênese. A testosterona se auto-regula,
fazendo chamado feedback negativo com o eixo hipotalâmico-hipofisário, conhecido como alça longa
de controle da regulação endócrina do macho, regulando os níveis desse hormônio com a cessação da
liberação de LH e FSH. Quando a testosterona baixa, esse mecanismo é ativado novamente.
Existe outro mecanismo de controle, que é através da inibina, esta inibe o FSH reduzindo o
efeito sobre as células de Sertoli produzindo menos estrógenos, porém quando reduz demais as células
começam a produzir a activina que irá estimular o FSH, para que então se inicie o processo
novamente.
Os epidídimos
Órgãos tubulares enovelados localizados posteriormente aos testículos no escroto e que
desembocam na base do ducto deferente. É responsável pelo transporte, maturação e armazenamento
dos espermatozóides, sendo dividido em cabeça, corpo e cauda. A cabeça recebe os ductos eferentes
que levam os espermatozóides produzidos nos testículos, no corpo acontece a maturação espermática
e na cauda são armazenadas essas células já prontas. Além da maturação, transporte e
armazenamento, os epidídimos são responsáveis pela nutrição e proteção espermática. Também
fagocitam espermatozoides envelhecidos.
A maturação espermática é um conjunto de eventos que resultam nas células totalmente
prontas para que haja a interação dela com o oócito da fêmea. Durante esse evento há a modificação
estrutural do acrossoma, a perda de restos citoplasmáticos, estabilização da condensação da
cromatina, adição de proteínas membranares e o ganho da motilidade espermática, mesmo que ainda
não tão acelerada.
Os espermatozoides prontos permanecem na cauda do epidídimo até o momento da
ejaculação, onde ocorrerá contrações rítmicas dessa estrutura e do ducto deferente, fazendo com que
se movam por este ducto até a região da uretra, onde entrará em contato com o plasma seminal, que é
o produto das glândulas acessórias. A região de transporte do espermatozóide é conhecido como
cordão espermático e é formado pela artéria testicular, veias testiculares do plexo pampiniforme,
músculo cremaster e ducto deferente.
As glândulas acessórias
Estruturas produtoras de várias secreções que funcionam como nutrientes e meio de transporte
para os espermatozoides, se misturam com os gametas masculinos durante sua a passagem pela uretra.
São basicamente três: glândulas vesiculares (são pares localizados na cavidade pélvica, de formato
alongada e lobada), glândulas bulbouretrais (arredondadas em forma de noz com uma densa cápsula)
e próstata (possuem duas porções: o corpo e porção disseminada).
A próstata é a única presente em todas as espécies. A situação, tamanho e quantidade de
líquido produzido por cada uma destas glândulas varia entre as espécies domésticas, bem como o
volume da ejaculação também é variável entre as espécies (SILVA, 2020).
Essas glândulas em conjunto produzem o plasma seminal, Com isso, as glândulas vesiculares
contribuem com a produção de açúcares e aminoácidos, ácido cítrico e ergotionina, prostaglandina e
ferro. As glândulas bulbouretrais produzem galactose e sialomucina, já a próstata produz fosfatases,
zinco, colesterol, enzimas e diversas prostaglandinas. O plasma seminal tem função de mediar a
capacitação espermática e impulsionar a motilidade, dando ao espermatozóide a capacidade de
interagir com o ovócito. Além disso, neutraliza metabólitos espermáticos, tem ação antimicrobiana,
faz limpeza da uretra e atua como coagulante após a ejaculação.
Uretra
Canal comum ao sistema reprodutor e urinário, responsável pelo transporte espermático
durante o processo de ejaculação. É dividida em uretra prostática (se localizando dentro da próstata),
pélvica (região entre a próstata e o pênis) e peniana (que passa por dentro do pênis se exteriorizando).
Pênis
É o órgão copulador masculino que compreende três porções: a base, o corpo e a glande. É
extremamente rico em tecido especializado, chamado tecido conjuntivo trabecular com capacidade de
se expandir, possui tanto um corpo esponjoso na base da região inferior, quanto os corpos cavernosos
na região superior. Existem diferentes tipos de pênis, dessa forma, os ruminantes e os suínos
apresentam o tipo fibroelástico, já os equinos, cães e gatos possuem o pênis do tipo vascular. Essas
características determinam processos diferentes no mecanismo de ereção nesses animais.
No pênis fibroelástico a ereção ocorre por distensão da flexura sigmóide, assim, na hora da
ereção o músculo retrator do pênis relaxa, desfazendo o “S” peniano e exterioriza o órgão para que
haja a cópula e então a ejaculação. Já nos animais de pênis vascular a ereção é por ingurgitamento do
tecido trabecular, onde se estende quando o animal está em ereção. Assim, os sinais nervosos por
estímulo sensorial promovem a contração dos músculos na base peniana, paralelamente a isso ocorre
o relaxamento do músculo retrator do pênis, aumentando a irrigação sanguínea no órgão levando a
dilatação do tecido erétil. Com a contração dos músculos na base peniana ocorre a oclusão do retorno
venoso, promovendo a ereção.
O pênis dos animais apresentam diferentes peculiaridades. O cão tem o osso peniano, e é
considerado que a glande abrange desde a ponta do pênis até o bulbo em sua parte posterior. No caso
do gato, além de ter o osso peniano, a glande está rodeada por 100 a 200 papilas cornificadas (SILVA,
2020).
Padrões de comportamento sexual masculino
Começam a partir de uma exibição e corte, onde há a captação dos feromônios da fêmea pelo
macho que tenta então conquistá-la. Após essa captação de feromônios, inicia-se o processo de ereção
e protusão do pênis, que pode ser seguido pela monta e a penetração. Na cópula, ocorre os impulsos
pélvicos, sendo estes importantes para que a mucosa peniana estimule a mucosa vaginal e vice-versa,
culminando no estímulomáximo que leva a ejaculação. Após o animal desmontar, passa pelo período
refratário, impedindo que haja uma nova ereção.
A ejaculação
É uma ação física em resposta a estímulos nervosos que levam a contrações musculares,
provocando a saída do sêmen pelo canal uretral. Acontece a partir de duas etapas: emissão e expulsão.
Na emissão ocorre a contração do epidídimo e ducto deferente, com passagem de espermatozoides
para a uretra, logo se misturam com o plasma seminal, formando assim, o sêmen. Já na fase de
expulsão, ocorre a contração rítmica da musculatura dos órgãos genitais e a passagem dos espermas
do meio interno para o meio externo.
A deposição do sêmen no sistema reprodutor feminino acontece em regiões diferentes,
dependendo do tipo de ejaculação de cada espécie. Nos bovinos e caprinos a deposição é intracervical
e nos ovinos e caninos é intravaginal. Já nos equinos e suínos é intrauterina e intravaginal/cervical nos
felinos.
Prepúcio
Estrutura localizada ao redor do pênis composta por uma dupla invaginação da pele do
abdome inferior que recobre a glande e o pênis. O prepúcio é primariamente ligado ventral ao pênis
por meio do frênulo peniano.
É um órgão retrátil que protege o meato urinário quando o pênis não está ereto, possui
glândulas especializadas na produção de esmegma, uma secreção que lubrifica a glande peniana,
sendo também rico em glândulas epiteliais modificadas produtoras de feromônios.
AVALIAÇÃO ANDROLÓGICA EM GRANDES ANIMAIS
A avaliação andrológica é considerada um exame semiológico que estuda as estruturas que
compõem o sistema genital masculino e suas respectivas funções. Com isso, o Médico Veterinário
determina as abordagens para identificar a aptidão reprodutiva através da realização da anamnese,
exame físico, coleta e avaliação de sêmen e exames complementares.
Anamnese
Etapa de diálogo do Médico Veterinário com o proprietário, importante para conduzir a
avaliação andrológica do animal, o diagnóstico da patologia, prognóstico e tratamento. A partir da
anamnese, torna-se possível adequar a abordagem clínica de acordo com a espécie avaliada e também
conhecer os motivos que ocasionaram a solicitação do exame. Para isso, é necessário identificar
espécie, idade, manejo, presença de doenças prévias ou atuais, uso de fármacos e o histórico
reprodutivo do animal.
Após a identificação da espécie, é importante determinar a idade, assim é possível caracterizar
a reprodução do animal avaliado. Na infância, os animais são muito jovens, ou seja, ainda não
conseguem se reproduzir, já na puberdade, há a ativação da espermatogênese que torna-se eficiente
gradativamente, sendo que inicialmente há a produção de espermatozóides defeituosos e em
concentrações baixas, aos poucos há o estabelecimento do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal,
fazendo com que esses animais ao final da puberdade atinjam a maturidade sexual. Durante a
maturidade ocorre o ápice de produção espermática dentro dos parâmetros adequados e por fim, na
senilidade, os machos apresentam queda na produção espermática e na libido.
O manejo dos animais também é um importante fator que influencia na reprodução, seja
nutricional, sanitário ou ambiental. A nutrição deve ser adequada e fornecer um bom aporte para que
não haja prejuízos na reprodução, existem alguns nutrientes que são importantes para esse processo,
por exemplo: selênio, vitamina A, vitamina E, entre outros. No manejo sanitário é preciso identificar
qualquer doença prévia ou atual que acomete o animal avaliado, evitando possíveis problemas na
reprodução, por isso é preciso que o reprodutor seja examinado e esteja livre de ecto e endoparasitas.
Já o manejo ambiental está relacionado a ambiência, ou seja, a temperatura, a umidade e um ambiente
livre de estresse, sendo essencial para que não ocorra problemas na atividade gonadal, visto que esses
fatores afetam o processo reprodutivo desses animais.
A ocorrência de doenças prévias ou atuais também deve ser descrito ao veterinário na
anamnese, pois pode haver interferência no processo de espermatogênese, gerando espermatozóides
defeituosos. Além disso, é importante ressaltar que após a cura clínica, o ideal é esperar no mínimo
um ciclo de maturação espermática (em torno de 14 dias) para que o animal retorne a atividade
reprodutiva.
Os fármacos administrados previamente aos machos também podem interferir na reprodução.
Os corticóides, por exemplo, causam um efeito negativo sob a produção dos hormônios reprodutivos
endógenos e atuam na hipófise reduzindo a produção de LH (hormônio luteinizante) gerando falha na
reprodução. Os esteróides possuem a mesma ação dos corticóides sobre a reprodução, e durante o uso
desse medicamento pode haver a atrofia dos testículos, já que o organismo está recebendo hormônio
exógeno, e se não for realizado o exame adequado, o testículo não retorna a sua função ou demora o
retorno da atividade normal. Ademais, outro grupo de medicamentos que causam prejuízos à
reprodução são os antifúngicos que causam problemas quando administrados na infância. Por isso, é
importante avaliar a vida do animal desde filhote.
O histórico reprodutivo é essencial para a avaliação andrológica, é necessário conhecer sobre
os acasalamentos prévios do animal, identificar se foram produtivos ou improdutivos, sendo
observados de forma ordenada e cronológica. Além de informações sobre o macho, é importante obter
informações também sobre o histórico das fêmeas acasaladas, pois o problema pode ser decorrente da
fêmea. Os manejos reprodutivos prévios devem ser informados ao Médico Veterinário, assim como a
forma que foram realizadas as montas (livres ou controladas) e se foi necessário realizar coleta de
sêmen e Inseminação Artificial.
Avaliação do comportamento reprodutivo
Os padrões de comportamento reprodutivo devem estar presentes em todos os machos,
inclusive naqueles doadores de sêmen, pois são características obrigatoriamente da manifestação dos
níveis de testosterona. Portanto, nunca deve ser selecionado para a reprodução animais que possuem
falhas no comportamento sexual.
Os comportamentos reprodutivos que os machos devem apresentar para que sejam utilizados
na reprodução são: exibição e corte, ereção e protrusão do pênis, monta e penetração, impulsos
pélvicos, ejaculação, desmonta e período refratário.
Nos ruminantes há um teste para avaliação do comportamento sexual, que atribui escore de 1
a 3. O teste consiste em colocar o animal em um recinto com uma fêmea em cio e alimentação
abundante. Um macho com libido normal direciona-se para a fêmea (escore 3), já um macho que fica
em dúvida entre a fêmea em cio e o alimento ou escolhe o alimento e depois vai para a fêmea, pode
ser utilizado na reprodução, porém com cuidados, sendo necessário realizar dosagem hormonal para
checar os níveis de testosterona (escore 2). Há ainda o macho que direciona-se para a comida e não se
interessa pela fêmea, esse deve ser excluído da reprodução, pois o instinto sexual/libido deve ser
superior ao instinto de saciedade (escore 1).
Comportamento reprodutivo dos touros e demais ruminantes
Os touros e demais ruminantes apresentam o comportamento de cheirar e lamber a fêmea,
como forma de interação, enquanto isso a fêmea encontra-se calma e parada. Em seguida, o macho
posiciona-se para realizar a monta e sinaliza para a fêmea ficar na posição mais adequada para que
ocorra o acasalamento. Há, então, a protrusão do pênis, indicando o início da ereção, e a fêmea exibe
o comportamento de tentar montar no macho (reflexo natural típico de vacas e cabras). Ocorre a
monta, a penetração e a ejaculação (em jatos, sendo cervical nos bovinos e caprinos e intravaginal nos
ovinos). Os ruminantes demonstram se houve ejaculação dando um salto ao fim da monta. Alguns
fatores influenciam na ocorrência dos acasalamentos, como a idade e a competição entre machos,
principalmente nos caprinos.
Nessas espécies o órgão vomeronasal é bastante desenvolvido, está localizadono teto da
cavidade oral e tem como função captar feromônios, já que é um órgão sensorial. Essa característica é
observada nos machos que sinalizam levantando o lábio superior.
Comportamento reprodutivo do garanhão
O garanhão posiciona-se próximo a fêmea, faz a protrusão e ereção do pênis e realiza o
acasalamento. Na prática os acasalamentos dos equinos é realizado de forma controlada, pois a fêmea
após a cópula pode machucar o macho escoiceando-o podendo até levar esse animal à óbito.
Comportamento reprodutivo do varrão
As fêmeas apresentam a característica de lordose e ficam paralisadas. O macho percebe que a
fêmea está no cio e escoiceia para demonstrar a marcação de território. Em seguida, ele inicia o
processo de protrusão do pênis e realiza a monta, com um impulso pélvico maior para que haja o
encaixe da glande peniana (formato de parafuso) na cérvix da suína (formato de rosca). Durante a
penetração a fêmea continua parada e a duração da monta é longa devido a grande quantidade de
volume ejaculado.
Exame geral clínico
É realizada a avaliação da constituição física do animal, já que nos ruminantes, equinos e
suínos possuem dimorfismo sexual pronunciado. Sendo assim, a constituição física do macho é um
reflexo da testosterona, pois esse hormônio contribui com o desenvolvimento muscular e o formato do
corpo do macho que é definido como aspecto leonino, ou seja, apresenta o tórax mais desenvolvido
em relação aos quadris. Então, essa é uma característica importante na seleção do reprodutor.
Ainda nessa etapa, é necessário avaliar as mucosas e funções vitais (temperatura, frequência
cardíaca e frequência respiratória), o estado nutricional desses animais, já abordado anteriormente na
anamnese, e as atitudes (comportamentos não reprodutivos).
Exame específico do sistema reprodutor
Avaliação dos órgãos do sistema genital masculino: escroto, testículos, epidídimos e cordão
espermático, pênis e prepúcio e glândulas acessórias.
Avaliação do escroto
Deve ser realizada de forma comparativa, avaliando primeiramente a mobilidade do escroto
em relação aos órgãos internos, o ideal é que não haja aderência, nódulos e lesões em toda sua
extensão, por isso é importante palpar e movimentar os testículos contidos dentro do escroto. A
superfície dessa estrutura deve possuir espessura uniforme em toda sua extensão, ou seja, não deve
haver locais de espessamento, pois isso é indicativo de fibrose que pode estar associada a inflamação
ocorrida no passado.
Os ruminantes, principalmente os caprinos, apresentam como particularidade a bipartição
escrotal que pode ser avaliada durante o exame do escroto. Os estudos a respeito das vantagens e
desvantagens dessa bipartição são contraditórios, alguns estudiosos afirmam que animais que possuem
a bolsa testicular bipartida possuem facilidade de realizar a termorregulação dos testículos que,
consequentemente, influencia na espermatogênese, já que haveria um maior aporte de produção
espermática. No entanto, a maioria dos autores descrevem que não existe diferença entre um animal
nas mesmas condições ambientais com bolsa testicular íntegra ou bipartida, já que há outros
mecanismos termorregulatórios eficientes que compensam esse processo.
Nos ruminantes é possível avaliar o perímetro escrotal, visto que essa medida possui relação
com a produção espermática. Isso ocorre devido à disposição histológica dos testículos, pois há pouco
tecido intersticial entre os túbulos seminíferos, assim, essas estruturas funcionais ocupam mais de
90% do volume testicular, diferente de outras espécies. É importante que a medição esteja de acordo
com o ideal para a espécie.
Avaliação dos testículos
Inicia-se a partir da palpação da bolsa testicular, identificando se os testículos estão presentes
em seu interior. Então, ao palpar a pele externa avalia-se também epidídimo, testículo e cordão
espermático.
O tamanho dos testículos tem que ser condizentes com a idade do animal, o formato deve ser
oval e simétricos (a diferença entre os testículos não deve ser superior a 0,1 centímetro). A
consistência deve ser firme (“bíceps contraído”) e o animal durante o exame não deve apresentar
sinais de dor, exceto em casos de machos que não são acostumados a ser palpados, pois eles podem
ter certa sensibilidade e ficar incomodados durante a avaliação.
É importante realizar a biometria testicular, antigamente era necessário paquímetro e fita
métrica para obter as dimensões dos testículos, entretanto, com o avanço da ultrassonografia, a sonda
de ultrassom passou a ser utilizada para avaliar essas dimensões testiculares e identificar se obedece
as referências para as espécies. Além disso, por meio da ultrassonografia é possível determinar a
ecotextura e ecogenicidade do parênquima testicular.
Os animais não devem apresentar alterações no parênquima testicular, pois isso afeta as
funções das gônadas (produção de hormônios e gametas).
Avaliação dos epidídimos e cordão espermático
Nos epidídimos é necessário avaliar as três regiões (cabeça, corpo e cauda), nos equinos essa
avaliação é difícil de ser realizada, pois eles possuem o ligamento do epidídimo ao testículo frouxo,
confundindo o profissional durante a palpação. Nesse exame é importante também observar o
tamanho dessas estruturas e a consistência, que deve ser firme. O animal não deve apresentar dor e
nódulos.
A avaliação do cordão espermático é realizada através da palpação da região superior da bolsa
testicular, realizando movimentos de “beslicamentos” para sentir a presença dessa estrutura. Assim, o
Médico Veterinário compara os dois cordões, analisando a espessura, sensibilidade e simetria.
Avaliação do pênis e prepúcio
No prepúcio há a presença de glândulas produtoras de esmegma, secreção que lubrifica o
pênis, mas que também é considerado um reservatório de bactérias e protozoários, quando há um
aumento na proliferação de microrganismos. Diante da elevação na produção do esmegma, torna-se
importante avaliar a secreção prepucial.
Em seguida, é preciso retrair o prepúcio e expor o pênis, porém os ruminantes que estiverem
iniciando a puberdade não conseguem retrair o pênis devido à presença do frênulo peniano. Se o
ruminante adulto apresentar a persistência dessa estrutura é característico de patologia. Após a
exposição do pênis, deve-se observar a conformação da glande peniana nas diferentes espécies e
identificar se há correspondência com as referências normais. Ademais, o tamanho do pênis também
deve ser analisado, pois ajuda a determinar se o animal conseguirá realizar a cópula de maneira
apropriada, assim como o macho deve apresentar a mucosa rosada, sem lesões e indolor.
Avaliação das glândulas acessórias
Apenas realizada se houver desconfiança de patologias, já que o acesso é invasivo, sendo
realizado por via transretal. A coleta do plasma seminal auxilia em sua avaliação e na decisão se
necessita do exame direto ou não.
Coleta e avaliação de sêmen nos bovinos
É comum nessa espécie realizar a coleta por meio da vagina artificial, dispositivo que tem
como função mimetizar as condições de temperatura e pressão do trato genital feminino. Como os
animais são extremamente sensíveis a variação dessas condições, se não estiver adequado eles não
realizam a ejaculação.
A vagina artificial possui em sua estrutura uma válvula que permite a adição de água aquecida
a 42°C (como a temperatura reduz rapidamente, quando o macho for inserir o pênis estará na
temperatura de, aproximadamente, 38°C). Assim, quando o animal percebe que as condições de
temperatura e pressão são adequadas, ele realiza o comportamento sexual e ejacula o sêmen no
interior de um tubo. Nessa técnica é necessário o uso de uma fêmea em cio natural ou induzido como
manequim, visto que haverá a liberação de feromônios que despertam o interesse sexual do macho,
durante a monta, para a coleta de sêmen ser realizada, o Médico Veterinário desvia o pênis do animal
para o interior da vagina artificial.A coleta do sêmen também pode ser realizada por eletroejaculação, para isso é necessário um
equipamento (eletroejaculador) que emite sinais elétricos por meio de uma sonda que é colocada
transretal, sendo necessário uma contenção adequada do animal. Primeiramente, realiza-se a palpação
do reto do macho, retira as fezes, em seguida introduz a sonda e promove o estímulo elétrico.
É importante ressaltar que os bovinos destinados a centrais de inseminação, desde quando são
bezerros são condicionados para a coleta pela vagina artificial, porque como a eletroejaculação nessa
espécie é feita sem anestesia, apenas com a contenção física, torna-se muito estressante. Sendo
indicada somente em casos em que o macho nunca foi doador de sêmen, então ele não é condicionado
ao uso da vagina artificial.
Características seminais desejáveis nos bovinos e bubalinos
Nos bovinos, o sêmen possui o volume de 5 a 8 mL, com coloração branca/marfim (pode ser
amarelado, porque esses animais produzem naturalmente alguns carotenóides) e odor sui generis.
Devido a alta concentração de espermatozóides movimentando-se juntos, eles acabam apresentando
movimento massal (típico de ruminantes) maior que 3, a motilidade espermática é de 70%, o vigor
(força de movimentação) é dado em uma escala de 0 a 5 e deve ser superior a 3, a concentração
espermática é de 350 milhões de espermatozóides por mL. Já o número total de espermatozóides
ejaculados (concentração x volume) é de 3 a 5 bilhões, sendo que 70% desses espermatozóides devem
apresentar morfologia normal.
O sêmen dos bubalinos é caracterizado por possuir um volume de 2 a 8 mL, mesma
coloração, odor, movimento massal, motilidade espermática e vigor do ejaculado dos bovinos. A
concentração espermática deve ser 200 milhões de espermatozóides por mL, o número de
espermatozóides ejaculados é de, aproximadamente, 1 bilhão, sendo que 70% deles devem ter a
morfologia normal.
Coleta e avaliação de sêmen nos ovinos e caprinos
A coleta do sêmen dessas espécies é realizada por meio da vagina artificial, que é similar a
utilizada em bovinos, porém sendo menor. Todos os cuidados e técnicas empregadas no uso dessa
prática em bovinos, também deve ser executada com os ovinos e caprinos. Além disso, pode ser feita
a coleta por eletroejaculação, sendo até mais utilizada nesses animais.
Características seminais desejáveis nos ovinos e caprinos
Os ovinos possuem volume ejaculado maior do que os caprinos, variando de 0,5 a 3 mL, isso
ocorre, principalmente, porque os ovinos realizam ejaculação intravaginal e precisam assegurar que os
espermatozóides vão ser direcionados para a cérvix e conseguirão adentrar o trato genital feminino. A
coloração é branca/marfim, com odor sui generis, movimento massal deve ser superior a 3, a
motilidade espermática é de 80%, o vigor esperado é maior que 3, a concentração espermática varia
de 1 a 3 bilhões de espermatozóides por mL e o número de espermatozóides ejaculados deve ser de 3
a 5 bilhões, com morfologia normal superior a 80%.
Já os caprinos apresentam volume ejaculado de 0,5 a 1,5 mL, coloração, odor, vigor, número
de espermatozóides no ejaculado com morfologia normal igual aos ovinos. Destacando que o
movimento massal é mais pronunciado nessa espécie (superior a 4) e a concentração espermática varia
de 2 a 5 bilhões de espermatozóides por mL.
Coleta e avaliação de sêmen nos equinos
Também utiliza-se a vagina artificial, porém esse equipamento possui algumas diferenças do
usado nos ruminantes Apesar de não haver modificações internas na vagina artificial, no seu exterior é
necessário uma alça, já que o pênis do equino é do tipo vascular é preciso uma força maior para
segurar a estrutura durante a coleta.
No processo é essencial a presença da fêmea androgenizada e uma manequim mecânica, pois
as fêmeas podem escoicear os machos e machucá-los, por isso eles são condicionados a montar em
uma manequim mecânica em que é colocado urina sob ela, para ficar com o odor da fêmea. No
prepúcio do garanhão há um divertículo que permite a deposição exagerada de esmegma com
concentração elevada de bactérias, por isso é importante que quando ocorrer a exposição e protrusão
do pênis, seja realizada uma assepsia para diminuir a quantidade de microrganismos no sêmen, pois a
principal fonte contaminante do ejaculado é o próprio pênis.
Nos equinos é preconizada outra forma de coletar o sêmen: coleta química (farmacológica),
que pode ser realizada, por exemplo, em animais que sofreram acidentes. Nesta técnica, é
administrado fármacos de ação alfa-adrenérgica que estimulam os receptores neuronais que
promovem a emissão e ejeção na ejaculação. Podem ser utilizados a imipramina, a detomidina e a
xilazina.
Características seminais desejáveis nos equinos
Os espermatozóides dos garanhões são mais elipsóides e menores quando comparados aos das
demais espécies. A fixação da cauda na peça intermediária é lateralizada, o que favorece o movimento
circular dos espermatozóides e influencia na taxa de motilidade espermática, em que somente 60%
apresentam movimentos progressivos. O volume do ejaculado é bastante elevado, variando de 40 a 60
mL, o sêmen apresenta duas frações (primeira - espermática e a segunda - gel), a cor é
branca/acinzentada, odor sui generis, não há movimento massal, o vigor é superior a 3, a concentração
espermática é de 100 a 200 milhões por mL, o número de espermatozóides ejaculados é de,
aproximadamente, 7 bilhões com 70% de morfologia normal.
Coleta e avaliação de sêmen nos suínos
O método de coleta de sêmen utilizado nos suínos é a manipulação peniana ou técnica da mão
enluvada em que o macho deve ser condicionado a montar na manequim mecânica, contendo o odor
da fêmea, e o coletador é responsável por puxar com cuidado a glande peniana até que se desfaça a
flexura do pênis e ocorra a ejaculação, então o sêmen é depositado no copo coletor.
Características seminais desejáveis nos suínos
O volume ejaculado nos suínos é o maior dentre as espécies animais, variando de 50 a 600
mL, assim como nos equinos, o sêmen desses animais possui frações (primeira - pobre em
espermatozóides, a segunda - rica em espermatozóides e a terceira - gel). As características de cor,
odor, movimento massal e vigor são iguais àquelas observadas nos garanhões. Já a motilidade
espermática deve ser acima de 70%, com concentração de 200 a 400 milhões de espermatozóides por
mL, o número de espermatozóides no ejaculado é de, aproximadamente, 60 bilhões e cerca de 70%
apresentam morfologia normal.
AVALIAÇÃO ANDROLÓGICA EM PEQUENOS ANIMAIS E ANIMAIS SELVAGENS
A avaliação andrológica consiste no exame semiológico da estrutura e função do sistema genital
masculino. Para isso deve-se seguir o plano de exame com a anamnese, o exame físico, a coleta e a
avaliação do sêmen do animal, assim como os exames complementares.
Anamnese
Primeiramente é importante saber o motivo pelo qual o proprietário levou seu animal para a
avaliação andrológica. Isso é importante pois poderá direcionar o médico veterinário a como agir com
aquele animal. Também deve-se ter atenção com a idade do animal, ao manejo sanitário e nutricional
ao qual o mesmo foi submetido, às doenças prévias ou atuais que possa ter tido e aos fármacos
administrados. Ainda, é de grande importância ter conhecimento sobre o histórico reprodutivo desse
indivíduo.
Dessa maneira, Segundo Johnston (2001, apud SANTOS et al., 2016) questiona-se sobre o
sucesso ou insucesso em cópulas anteriores, bem como sobre as fêmeas acasaladas (idade, fertilidade
e prolificidade), além do tipo de manejo reprodutivo utilizado (inseminação natural ou artificial).
Procura-se saber sobre qualidade seminal, se já coletado e avaliado, bem como os resultados de
exames realizados previamente, como sorologia para brucelose canina, cultura e citologia do fluido
seminal.
Avaliação do comportamento reprodutivo / Cães
Nos cães existe uma relação muito próxima do comportamento de dominância como
comportamento sexual, com isso, utilizam esse comportamento sexual para estabelecer suas
hierarquias. Então, quando o cão encontra uma cadela no cio, ele tenta ser o mais dominante possível
para poder ter domínio sobre a fêmea, então levanta seu pescoço e sua cauda, parecendo maior do que
ela. Logo, a cadela baixa as orelhas e coloca a calda de lado, caracterizando um comportamento de
submissão.
É importante observar se o macho não apresenta comportamento submisso, porque caso
apresente, a fêmea não permitirá ser acasalada. A respeito do manejo reprodutivo dos cães, o correto
seria levar a fêmea até onde o macho vive, pois no seu território ele expressará maior libido e
dominância.
Sabe-se que no pênis do cão existe uma estrutura óssea denominada osso peniano, sendo
importante devido a presença do bulbo peniano, que deve entrar em ereção completa somente após a
cópula. Ou seja, com o osso peniano, o cão é capaz de penetrar seu órgão na vagina da fêmea mesmo
não estando em ereção, o cão é o único animal a realizar a penetração sem o pênis estar totalmente
ereto. Se por acaso acontecer de entrar em ereção antes de completar a monta, não conseguirá fazer a
ultrapassagem dessa estrutura pela vagina da cadela e, consequentemente, não ocorrerá a ejaculação
completa dentro do trato genital da fêmea.
Após a penetração, acontece então o ingurgitamento do bulbo peniano, este interage com a
musculatura circular da região mais caudal da vagina, acontecendo portanto, uma coestimulação em
ambos os indivíduos, isso faz com que o animal fique no chamado coito travado. Para melhor conforto
o macho desce de cima da fêmea, invertendo seu pênis para trás. O tempo desse processo pode variar
de acordo com o animal, podendo passar de 5 minutos a uma hora. Esse tempo é importante para o
sucesso no acasalamento, já que a ejaculação do cão é em gotejamento.
Particularidades do cão
O cão possui uma estrutura no seu pênis conhecido como bulbo peniano e um osso que dá
estabilidade a esse órgão. Assim, devemos ter conhecimento sobre essas estruturas, principalmente ao
manipular esse órgão. Essas estruturas estão presentes nessa espécie para que aconteça o acasalamento
e se concretize o coito travado. O escroto do cão é pendular, e a respeito das glândulas anexas, ele só
possui uma que é a próstata, sendo bem similar a do homem.
Avaliação do comportamento reprodutivo nos gatos
O gato também tem peculiaridades em seu comportamento sexual, um desses é promover jatos de
urina para liberar seus feromônios e marcar seu território. Outro é que para realizar a cópula, ele
reverte frontalmente seu pênis, também morde o pescoço da gata para evitar ser agredido por ela ao
final da cópula.
O macho induzirá a fêmea à ovulação a partir dos espículos contidos no seu pênis durante a
penetração, então quando induzida, a gata emite uma vocalização característica, que é resultante de
um impulso nervoso oriundo dos mecanorreceptores contidos na sua vagina, isso indica que houve
ovulação. Das 37 espécies de felídeos, apenas o gato maracajá não possui ovulação induzida. O
processo de cópula nos gatos é relativamente rápido, se repetindo de sete a dez vezes dentro de um
intervalo de uma hora.
Particularidades do gato
A primeira particularidade são seus espículos penianos, estas estruturas são totalmente
dependentes de andrógenos. Esses espículos só se desenvolvem a partir da puberdade, assim como a
fixação dos seus testículos no escroto.
Antes da puberdade, seu pênis se encontra preso dentro do prepúcio pelo frênulo peniano, logo
ocorre o debridamento desse pênis-prepúcio com a exposição do órgão. A respeito das glândulas
acessórias, esses animais possuem dois tipos: a próstata e as glândulas bulbouretrais, não sendo tão
comum relatos de problemas nessas estruturas nessa espécie.
Avaliação do grau de consanguinidade
É importante acompanhar o grau de consanguinidade, pois em determinado grau pode levar a
perda da qualidade espermática. No entanto, em certo nível, favorece a fixação de algumas
características, mas se não acompanhado adequadamente pode levar a alterações indesejáveis na
reprodução desses animais.
Exame clínico geral
Tem como objetivo identificar doenças sistêmicas que afetem negativamente a fertilidade do
macho e doenças hereditárias, pois estas podem tornar o cão indesejável para reprodução. Se a queixa
for libido reduzida ou dificuldade à cópula deve-se avaliar com mais cuidado o sistema
músculo-esquelético e neurológico, especialmente (JOHNSON, 2006).
No exame clínico geral é importante observar a constituição física do animal, apesar de no geral
não ser tão simples de se diferenciar em pequenos animais. Deve-se também examinar as mucosas e
as funções vitais, assim como avaliar o estado nutricional desses animais e as atitudes que realizam.
Exame específico do sistema reprodutor
Nesse exame se avalia especificamente o escroto, os testículos, o epidídimo e o cordão
espermático, o pênis, o prepúcio e as glândulas acessórias. O escroto deve apresentar certa
mobilidade em relação aos testículos e ter uma espessura uniforme. Já o prepúcio deve ser facilmente
tracionado em direção caudal ao bulbo peniano, e não apresentar sinal de aderência.
De forma conjunta, os testículos, epidídimos e cordões espermáticos devem ser avaliados quanto
à presença ou ausência, localização, dimensões, consistência, simetria, mobilidade e sensibilidade. Os
testículos e epidídimos são facilmente diferenciados à palpação, principalmente pela cauda ser
ligeiramente mais firme. Caso não seja fácil diferenciá-los à palpação, um ou ambos apresentam
anomalias (Santos et al. 2016)
O pênis deve ser exposto para observação de algum sinal de inflamação ou trauma. A glândula
prostática pode ser avaliada caso o ejaculado apresente alteração, como a hemospermia, por exemplo.
Coleta e avaliação de sêmem nos cães
Nesses animais a coleta é feita por manipulação digital, sendo que existem outros métodos,
como a vagina artificial, porém não é tão usual por conta do sêmem do cão ser altamente sensível ao
látex. Outra técnica é a eletroejaculação, mas também não é utilizado no dia a dia nesses animais.
Durante o processo de manipulação digital, se massageia a região do bulbo peniano para que
possa entrar em ereção e que haja então a ejaculação. A coleta é feita com o auxílio de um funil e
tubos graduados, que servem para separar as frações do sêmem do cão, já que é ejaculado em três
frações (pré-espermática, espermática e líquido prostático), sendo apenas a segunda rica em
espermatozoides. A presença de uma fêmea no cio pode facilitar a coleta e auxiliar na avaliação da
libido (Feldman e Nelson, 2004).
Características desejáveis do sêmem do cão
O volume seminal pode variar de 1,5ml, geralmente em raças toy, a 80 ml, em raças gigantes. É
dividido em três frações: 1° pré-espermática, 2° espermática e 3° líquido prostático. A cor deve ser
branca ou acinzentada, de odor característico com movimento massal ausente, porém na prática esse
movimento pode ser encontrado em alguns casos.
A motilidade (percentual de espermatozoides móveis) mínima exigida é de 70%, vigor
(qualidade do movimento dos espermatozoides móveis) no mínimo 3 numa escala de 1 - 5,
concentração de espermatozoides/ml acima de 200 milhões com morfologia normal igual ou superior
a 70%.
Coleta de sêmen nos gatos
Nesses animais a coleta é feita por vagina artificial em laboratórios que trabalham com pesquisas
de cães e gatos ou ainda, em gatis profissionais, onde os gatos são condicionados a serem coletados
seu sêmen por esse método. A eletroejaculação é utilizada em casos de necessidades na rotina, para
isso o animal é anestesiado para que então seja realizado o procedimento.
Características desejáveis do sêmen do gato
O volume do ejaculado do gato varia de 0,12 a 0,25ml, deve ter coloração branca e odor
característico, sem movimento massal, porém pode ser observada quando a coleta é feita por vagina
artificial.A concentração deve ser igual ou superior a 200 milhões, com morfologia normal de no
mínimo 50%. A motilidade espermática deve ser igual ou superior a 60%, sendo baixa pois essa
espécie carrega muitos defeitos espermáticos em si. Por esse motivo os gatos acasalam várias vezes
dentro do intervalo de uma hora, servindo para garantir uma concentração maior de espermatozóides
normais.
Animais silvestres e coleta de sêmen
O método de escolha para se coletar o sêmen desses animais é por eletroejaculação,
principalmente porque o animal deve estar anestesiado para sua segurança e a de quem está
manipulando. A respeito da contenção física, o ideal é que seja feito o mais rápido e tranquilo
possível, para que não provoque estresse ao animal e, consequentemente, prejudique a qualidade dos
seus espermatozoides. Assim, na maioria desses indivíduos a contenção física só é realizada após a
contenção anestésica. Dessa forma, é importante ter conhecimento a respeito do anestésico usado e
sobre a dose administrada, para que não haja nenhuma interferência na amostra coletada.
As sondas da eletroejaculação possuem eletrodos longitudinais ou em anel e são de diversos
tamanhos, para que possam ser utilizados em animais de diferentes portes. O tipo de eletrodo utilizado
vai depender de como está disposto o plexo sacral de cada espécie, já que a eletroejaculação consiste
em aplicar uma descarga elétrica sobre o plexo sacral para desencadear os reflexos que levam a
emissão e a ejeção do sêmen. A onda elétrica utilizada também varia de acordo com a resposta da
espécie, podendo ser quadrática (produz impulsos abruptos + e -) ou senoidal (elevação e queda suave
dos impulsos elétricos). Também deve-se conhecer a resposta ao estímulo elétrico em cada espécie, se
responde melhor ao estímulo contínuo ou ao seriado.
Exames complementares
Os exames complementares incluem a radiografia, a ultrassonografia, a biópsia testicular,
dosagens de hormônios (testosterona, progesterona e estrógenos, gonadotrofinas FSH e LH,
hormônios tireoideanos e hormônios adrenais), exames microbiológicos (brucelose, leptospirose,
listeriose, herpesvírus e outros - do sangue, secreções prepuciais e sêmen). E ainda, pode ser realizada
a cariotipagem do indivíduo.
MÉTODOS DE ANÁLISE DE SÊMEN
A importância de realizar a avaliação do sêmen nos animais consiste em estimar a capacidade
fertilizante para cada espécie, propiciar a maximização dos resultados, apresentar fornecimento de
produtos de boa qualidade e possibilitar o descarte de amostras com baixos parâmetros.
A partir da avaliação é possível identificar características da amostra coletada, por exemplo,
se a concentração é suficiente, se há motilidade dos espermatozóides e se o sêmen pode ser utilizado
na inseminação artificial. Para predizer a fertilidade de um animal, é necessário avaliar o maior
número de parâmetros.
Características macroscópicas da avaliação seminal
São os primeiros parâmetros avaliados, as “impressões” observadas no material coletado.
Volume
O volume é expresso em mL, medido em tubos graduados e depende da espécie trabalhada,
raça, idade, frequência e método de coleta. Os valores de volume mais próximos dos fisiológicos são
aqueles coletados por vagina artificial, pois mimetiza as condições naturais. Espécies que apresentam
fração gel (equinos e suínos) devem ser considerados os valores expressos sem esta fração, já que há
interferência da preservação do sêmen.
Cor
Varia de acordo com a espécie, podendo ser branca, marfim, acinzentado ou amarelo citrino.
As variações na coloração indicam a presença de algumas substâncias contaminantes, como sangue,
pus, urina, células epiteliais, sujidades (comum em animais silvestres), entre outros. Se for observada
a contaminação da amostra, já pode ser realizado o descarte.
Aspecto
Dependente das concentrações espermáticas, quanto maior o número de espermatozóides na
amostra torna-se visível o aspecto esbranquiçado. Já se a concentração estiver baixa, a amostra
encontra-se mais aquosa. Pode ser classificada em: cremosa, leitosa, serosa e aquosa.
pH
A medição do pH é feita geralmente com uso de fitas teste, observando a mudança de
coloração de acordo com a acidez, neutralidade ou basicidade da amostra. Sendo que os valores ideais
devem ser próximos à neutralidade (pH 7) e algumas variações no pH pode ser indicativo de
enfermidades.
Características microscópicas da avaliação seminal
Após o sêmen possuir aspectos macroscópicos dentro da normalidade para cada espécie, é
realizada a avaliação microscópica.
Motilidade
É uma avaliação quantitativa em que o valor expresso, em porcentagem, do número total de
espermatozóides móveis, varia de 0 a 100%. É importante ressaltar que essa avaliação é subjetiva, ou
seja, o avaliador atribui uma nota a motilidade a partir do que ele observa no microscópio. Então, a
avaliação consiste em colocar uma gota do sêmen em uma lâmina previamente aquecida a 37°C
(devido a termossensibilidade de algumas espécies, principalmente os ruminantes) e observar ao
microscópio óptico na objetiva de 20x ou 40x. A concentração espermática deve ser visualizada, pois
se essa estiver muito elevada, deve-se diluir o sêmen com soro ou o diluente utilizado no
congelamento que altere a osmolaridade.
Vigor
Avalia qualitativamente como ocorre o movimento dos espermatozóides presentes na amostra
seminal, representando a intensidade do movimento espermático. É dado em um escore que varia de 1
a 5. No 1, esse movimento é exclusivamente oscilatório, a cabeça do espermatozóide fica parada e a
cauda dando voltas ao seu redor; no escore 2, o movimento é lento; o 3 é intermediário; o 4 é
progressivo retilíneo rápido e o 5 é progressivo retilíneo e muito rápido.
Turbilhonamento/movimento de massa
Avaliado somente em espécies que possuem alta concentração espermática, ou seja, nos
ruminantes. É o movimento em forma de ondas observado em uma gota de sêmen depositada em uma
lâmina previamente aquecida a 37°C, sendo visualizado ao microscópio óptico na objetiva de 10x. A
intensidade do movimento dos espermatozóides é obtida com base no vigor, motilidade e
concentração da amostra.
É uma avaliação subjetiva analisada variando o escore de 0 a 5, sendo 0 a ausência de
turbilhonamento e 5 o valor máximo.
Concentração espermática
Representa o número de espermatozóides por mL ou cm3. Pode ser afetada por fatores
extrínsecos (método de coleta, frequência de atividade sexual, condicionamento) e intrínsecos (idade,
tamanho e estado de higidez testicular).
É calculada utilizando a câmara de Neubauer, sendo necessário fazer uma diluição da amostra
com solução de formol-salina, citrato de sódio formalizado ou água destilada. Após esse processo,
homogeneiza a amostra diluída e coloca a lâmina em repouso horizontal, contando os
espermatozóides visualizados ao microscópio na objetiva de 40x ou 100x. A partir da contagem,
utiliza-se uma fórmula para calcular a concentração espermática.
Outro método para calcular esse parâmetro é fazendo uso do espectrofotômetro, porém é
pouco usual na rotina. Nessa técnica a leitura da concentração é feita através do grau absorbância da
luz no ejaculado, sendo informado a tramitância. É um procedimento rápido, entretanto, pode sofrer
influência de células de descamação, leucócitos e sujidades provocando uma leitura errada da
concentração.
Além dos métodos já abordados, há atualmente métodos computadorizados, como o CASA
(análise computadorizada de sêmen), em que a partir do fornecimento do volume da amostra é
calculada a concentração espermática.
Morfologia espermática
Pode ser avaliada por meio do microscópio óptico, contraste de fases ou pela fluorescência. A
técnica mais usual é através do microscópio e deve ser feita a visualização dos espermatozóides na
objetiva de 1000x para observar todas as estruturas. Conta-se 200 células e os corantes que podem ser
utilizados são a eosina-nigrosina, o rosa de bengala e o azul de bromofenol.Os defeitos dos espermatozóides podem ser classificados maiores ou menores e primários ou
secundários. Assim, os maiores são quando as anormalidades apresentam grande efeito na fertilidade
e os menores são os considerados de menor importância. Já os defeitos primários são os oriundos
durante a espermatogênese e os secundários ocorrem no espermatozóide já formado, durante o trânsito
no epidídimo e alterações ocorridas depois da ejaculação.
Na avaliação da morfologia espermática é importante conhecer as características normais do
espermatozóide da espécie analisada.
Integridade funcional e estrutural da membrana plasmática
A membrana plasmática desempenha diversas funções importantes como a manutenção da
homeostase, por ser uma barreira protetora, atua também no metabolismo celular, contribui na
capacitação, reação acrossomal, e manutenção da motilidade. É uma estrutura extremamente sensível
a injúrias ocasionadas pelo processo de criopreservação.
A integridade funcional é avaliada a partir do teste hiposmótico que analisa o transporte de
fluidos através da membrana plasmática intacta dos espermatozóides sob condições hiposmóticas até
o equilíbrio entre os compartimentos interno e externo. Nessa avaliação o espermatozóide é exposto a
uma solução hiposmótica (específica para as diferentes espécies) causando a expansão da célula
espermática e a cauda dobra-se devido ao influxo de fluidos, sendo observado no microscópio de
contraste de fases, no aumento de 40x ou 100x. A temperatura de incubação usada é de 37°C.
Para a avaliação estrutural da membrana plasmática, podem ser utilizados corantes vitais
(eosina-nigrosina e o azul de bromofenol) e sondas fluorescentes (Carboxifluoresceína, Hoechst 3342,
Iodeto de propídio e SYBR-14). Em estudos a campo, o método mais realizado é o uso dos corantes
vitais, por sua praticidade, já que na utilização de sondas fluorescentes é necessário um microscópio
de fluorescência e essa técnica é considerada mais subjetiva. Deve ser feita a contagem de 100 células
com a aplicação dos corantes vitais. Esses dois métodos apresentam como característica a
impermeabilidade.
Integridade do acrossoma
O acrossoma é importante para o funcionamento do espermatozóide, sendo a estrutura
responsável por iniciar a reação físico-química do processo de fertilização e por realizar a manutenção
das enzimas necessárias nesse processo.
A avaliação pode ser feito por meio da fluorescência, utilizando aglutininas (Pisum sativum
agglutinin - PSA e Arachis hypogea agglutinin - PNA) associadas a fluoresceínas (Isotiocianato de
fluoresceína - FITC) que se ligam a membrana acrossomal.
Função mitocondrial
As mitocôndrias têm que estar íntegras, pois são fonte de energia para os espermatozóides e
permite que eles consigam ter motilidade, sendo consideradas um dos importantes determinantes da
fertilidade do macho.
É avaliada por meio da fluorescência, podendo analisar o potencial da membrana
mitocondrial utilizando Rodamina 123, Mito Tracker Green FM (MITO) e JC-1. Outra técnica que
pode ser realizada para avaliar essa função é o 3,3 diaminobenzidina (DAB) que consiste em uma
ensaio citoquímico observado a partir da microscopia de contraste de fase, sendo possível classificar
os espermatozóides em classes (I - alta, II - intermediária, III - baixa e IV - inexistente).
Além disso, pode ser feita a medição dos níveis de ATP por meio da cromatografia líquida de
alta performance ou por dosagem usando kits comerciais para avaliar essa função mitocondrial,
ressaltando que essa técnica não é realizada usualmente.
Integridade da Cromatina Espermática
Avalia danos ocorridos na espermatogênese ou devido a estresse oxidativo, podendo
visualizar descondensação e fragmentação do DNA. Os métodos usados para visualizar se houve ou
não fragmentação são o Tunel, Cometa, Laranja de Acridina e Sperm Chromatin Structure Assay
(SCSA).
Análises de condensação de cromatina também podem ser feitas, assim, utiliza-se os corantes:
azul de Toluidina e azul de Anilina ou o fluoróforo: cromomicina A3 (CMA3). Esses são danos raros
de ocorrer e por isso é feita a contagem em 500 células espermáticas.
Avaliações adicionais de parâmetros cinéticos
Sistemas computadorizados - CASA
É feito utilizando hardware e software, de valor elevado, facilita a avaliação e permite analisar
diversos parâmetros. É possível, então, visualizar, digitalizar e analisar imagens sucessivas, a partir de
informações acuradas, precisas e significativas do movimento individual de cada célula. Além de
avaliar parâmetros cinéticos, consegue-se determinar também a concentração espermática e o
movimento da cabeça dos espermatozóides.
O funcionamento consiste em várias fotografias simultâneas para observar essas
características citadas anteriormente e realizar os cálculos necessários para obter os resultados. Dentre
os parâmetros avaliados estão: motilidade total, motilidade progressiva, velocidade média da trajetória
(VAP), velocidade linear progressiva (VSL), velocidade curvilínea (VCL), amplitude lateral da cabeça
(ALH), frequência de batimento cruzado (BCF), índice de progressão (STR), índice de linearidade
(LIN) e resumo estatístico das subpopulações.
A VAP é a média da rota feita pelo espermatozóide, a VSL calcula o trajeto em linha reta, a
VCL é o trajeto real percorrido por essas células, a ALH é quanto esse espermatozóide saiu da
trajetória observada, já a BCF é o quanto essa cabeça segue cruzando o caminho. O STR é o resultado
da relação entre a VSL e a VAP, enquanto o LIN é a relação entre a VSL e a VCL. Na avaliação dos
índices de progressão e linearidade é feita uma correlação com a fertilidade.
Teste de termorresistência
A amostra é incubada a temperatura corpórea (37°C) e observa-se por quanto tempo os
espermatozóides sobrevivem e em intervalos de tempo são feitas avaliações de alguns parâmetros,
como a motilidade e o vigor para visualizar a atividade espermática. Com isso, é possível estimar por
quanto tempo essas células sobrevivem no trato genital feminino, quando é feita a inseminação, por
exemplo.
Teste de interação espermática
Pode ser feita pela fecundação in vitro (FIV), mas não é muito usual, pois necessita da
disponibilidade de ovócitos, possui custo elevado e demanda tempo. Outras alternativas para avaliar
essa interação espermática é a ligação e penetração à zona pelúcida com ovócitos homólogos e
heterólogos ou a ligação à membrana perivitelínica do ovo de galinha, devido a presença de
glicoproteínas ortólogas da zona pelúcida.
DISTÚRBIOS REPRODUTIVOS EM MACHOS
Classificação dos distúrbios
Quanto à origem
Os distúrbios podem ser congênitos, o animal nasce com eles, podendo ser hereditários ou não,
ou adquiridos em que aparecem durante a vida útil do reprodutor.
Infecciosos ou não infecciosos
Sendo patologias que podem ou não infectar outros animais.
Quanto à localização da lesão
Podem ser pré-testiculares, testiculares ou pós-testiculares. Sendo os pré-testiculares problemas
endócrinos com origem no eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal. Os distúrbios que se originam no
testículo, são classificados como testiculares. Já os pós-testiculares são, por exemplo, obstruções no
epidídimo, na uretra ou no ducto deferente.
Quanto ao órgão acometido
Escrotais, testiculares, epididimárias, das glândulas anexas, do pênis e do prepúcio.
Quanto a sintomatologia clínica
Classificação moderna que engloba as demais abordagens. Possui quatro grandes categorias:
ausência de desejo sexual, impotência Coeundi, distúrbios na ejaculação e impotência Generandi.
Ausência de desejo sexual
A partir da puberdade, os testículos iniciam a produção de alto níveis de testosterona e outros
andrógenos que ao atingir a circulação agem diretamente no centro nervoso do comportamento do
macho, desencadeando três tipos de comportamentos relacionados à expressão de masculinidade:
territorialismo, agressividade e o desejo sexual (libido).
Esse distúrbio pode ser de origemgenética, sendo considerado de difícil compreensão, pois é
rara a ocorrência da redução total de libido. Geralmente ocorre a redução no grau de expressão de
libido e é necessário realizar uma anamnese detalhada e principalmente a análise hormonal
(andrógenos e hormônios tireoideanos), já que se confirmada a causa genética, o animal deve ser
retirado da reprodução.
É comum que a ausência de desejo sexual seja de origem não genética, assim, influenciada
por diversos fatores, sendo os principais: comportamento, nutrição, sanidade e ambiência. Quanto ao
comportamento, pode ser que o macho apresente inexperiência sexual, às vezes por ser introduzido
precocemente na reprodução e que ao atingir a maturidade expresse o comportamento reprodutivo
satisfatório. Outra situação é quando os animais são submetidos a experiências traumatizantes, por
exemplo, a fêmea machucar o animal durante a cópula. A senilidade pode ocasionar a redução do
desejo sexual, visto que com o avanço da idade, há a queda da resposta hormonal e,
consequentemente, prejuízos na reprodução, como a degeneração testicular (atrofia senil do testículo).
Já a exacerbação de uso, ocorre quando o animal é utilizado para a cópula numa proporção maior do
que ele pode aguentar, podendo demonstrar como efeito negativo a ausência de desejo sexual.
A nutrição ideal é requerida para que os eventos reprodutivos ocorram. Assim, machos
superalimentados ou subalimentados apresentam problemas, por exemplo, animais acima do peso
ficam cansados rapidamente dificultando a expressão do desejo sexual e as fêmeas têm dificuldade
para suportar o peso do macho. Já os animais subalimentados possuem deficiências de vitaminas (A e
E) e minerais (fósforo e cobalto) que interferem na manifestação do desejo sexual.
A sanidade é outro aspecto que pode influenciar na expressão de comportamento. Machos que
são acometidos por doenças sistêmicas ou processos dolorosos não apresentam desejo sexual. A
ocorrência de distúrbios hormonais gera a mesma consequência e podem ser ocasionados por
patologias de origem genética, por exemplo.
A ambiência também é um importante fator de origem não genética que pode causar ausência
de desejo sexual. Os machos de algumas espécies possuem estacionalidade reprodutiva, sendo eles:
gatos, cavalos, bodes, carneiros e búfalos. Então, já que as fêmeas desses animais não entram em cio
em determinada estação, os níveis de testosterona desses machos naturalmente caem, a produção
espermática e o comportamento sexual diminuem. Para que isso ocorra, o animal deve estar inserido
em uma região que favoreça a manifestação dessa estacionalidade. Assim como a sazonalidade e o
fotoperíodo, alguns outros fatores podem interferir no comportamento reprodutivo, como a
temperatura, a umidade e a disponibilidade alimentar.
Impotência Coeundi
Consiste na incapacidade de copular e apresentando diversas causas. Pode ocorrer por
distúrbios com origem no sistema musculoesquelético. O animal pode ter libido normal ou
ligeiramente diminuída, mas é incapaz de montar ou completar a cópula, devido a presença de lesões
em articulações, músculos e tendões que causam dor e impedem a realização da atividade reprodutiva.
Os distúrbios podem ter origem no prepúcio, geralmente relativos a inflamações ou situações
que levam a uma redução do óstio prepucial, como exemplos, há a fimose e a parafimose, ambas
causadas pela diminuição da abertura do prepúcio.
A fimose caracteriza-se pelo impedimento da protrusão do pênis, já a parafimose permite a
saída do pênis de dentro do prepúcio, mas impede o retorno, pois os vasos sanguíneos tornam-se mais
calibrosos e são preenchidos por sangue, havendo o enrijecimento do tecido trabecular e a ereção
peniana, no entanto, quando isso ocorre o pênis aumenta de tamanho e não consegue retornar devido a
redução existente no óstio prepucial que comprime a base das veias penianas. A parafimose é comum
em espécies que têm pênis de grandes dimensões, como os cavalos e os cachorros. A origem da
fimose e parafimose pode ser congênita ou adquirida (inflamações e neoplasias).
Além disso, os processos inflamatórios no prepúcio também podem causar problemas, dentre
esses, o animal pode apresentar a postite que é a inflamação prepucial aguda, a balanopostite que
consiste na inflamação conjunta do pênis e prepúcio e a acrobustite que é o processo inflamatório
crônico. As causas dessas patologias são a ocorrência de traumas, nos bovinos pode está relacionado a
Mycobacterium tuberculosis ou a vírus, como os causadores da Rinotraqueíte Bovina Infecciosa e
Vulvovaginite Pustular Infecciosa, podendo ocorrer surtos dentro das propriedades acometendo
machos e fêmeas.
O tratamento recomendado é o longo repouso sexual até que os animais estejam
completamente curados e não apresentem sinais clínicos, se houver suspeita de causa infecciosas deve
ser feita uma avaliação microbiológica e descarte desses animais. Entretanto, se a causa for
traumática, após o repouso sexual, deve-se fazer a lavagem com antisépticos, utilizar antibióticos
locais e sistêmicos e, se for necessário, realizar a correção cirúrgica.
O macho pode estar impedido de copular por distúrbios de origem no pênis, geralmente
ocasionados por processos traumáticos ou inflamatórios. Dentre esses distúrbios, destacam-se o
hematoma peniano que é decorrente de traumatismos; a fratura peniana que é mais comum nos
animais que possuem o pênis fibroelástico (carneiro, bode, touro e porco) por está constantemente
rígido e nos cães pela presença do osso peniano; e a balanite que é a inflamação do pênis, podendo ser
de origem traumática ou infecciosa. Os tratamentos são a correção cirúrgica, uso de antiinflamatório e
antibióticos e o repouso sexual.
O priapismo é a consequência de um distúrbio nervoso e consiste na paralisia do pênis,
levando à sua exposição contínua sem estimulação sexual. As causas mais comuns desta patologia
envolvem o uso de determinados medicamentos, como os anti-hipertensivos, antipsicóticos
(Clorpromazina e Clozapina) e anticoagulantes (heparina). O mecanismo que ocasiona o priapismo,
envolve lesão na coluna vertebral próximo à saída do plexo nervoso que controla a ereção e o uso das
drogas citadas que geram a oclusão da veia peniana, alterando o retorno sanguíneo e realizando a
manutenção contínua de sangue no interior do pênis do animal. O priapismo é um quadro emergente,
em que o tratamento deve ser feito a partir de uso de sedativos, relaxantes musculares ou
medicamentos que estimulem a circulação sanguínea. Além de colocar gelo no pênis, para tentar fazer
uma vasoconstrição direta.
Outra situação que é de origem peniana, é a persistência do frênulo peniano. Essa estrutura é
um feixe de tecido conjuntivo que une o prepúcio à parte ventral da glande e está presente em todas as
espécies. Em algumas espécies (ruminantes e felinos), o frênulo peniano se mantém até a puberdade,
quando os níveis elevados de andrógenos promovem a sua degeneração. Portanto, a patologia
caracteriza-se por animais adultos que ainda apresentam essa estrutura. É uma condição de caráter
genético, decorrente da falha nos níveis de testosterona, já que é esse o hormônio responsável por
desfazer o frênulo peniano. O tratamento cirúrgico, apesar de ser possível, não é recomendado e deve
ser feito o descarte reprodutivo.
As neoplasias também causam a incapacidade de copular. As principais são: o fibropapiloma
peniano que é comum em bovinos, transmitido pelo papilomavírus, caracterizado por verrugas no
pênis que exige o repouso sexual até que seja realizado o tratamento (raspagem do material,
maceração em soro fisiológico e auto-administrando no animal (autovacina) para agilizar a resposta
imunológica); o tumor venéreo transmissível, comum em cães, é considerada uma patologia
pós-cópula podendo se estender além do pênis, o tratamento é baseado no uso da Vincristina e é eficaz
se realizado precocemente, quando a doença ainda é somente venérea;e o carcinoma de células
escamosas, comum nos garanhões, atinge grandes proporções impedindo a cópula, é invasivo e possui
apenas o tratamento cirúrgico.
Distúrbios da ejaculação
O animal pode ser incapaz de ejacular (aspermia), ou seja, ele realiza a monta, faz todo o
processo copulatório, porém não ejacula. Pode ser causado por distúrbios neurológicos, em que há
falha na transmissão de impulsos nervosos associados à estimulação sexual e ejaculação, ou distúrbios
físicos, decorrentes de doenças degenerativas ou processos dolorosos.
Essa patologia tem sido mais descrita nos garanhões e a tentativa de tratamento, se a causa for
por distúrbios neurológicos, é feita com uso de agonistas alfa-adrenérgicos. No entanto, antes de
iniciá-lo, é importante avaliar se tem origem genética ou traumática para escolher a melhor conduta
clínica.
DISTÚRBIOS REPRODUTIVOS EM MACHOS
(Impotência Generandi)
A impotência Generandi diz respeito aos distúrbios que levam o indivíduo à incapacidade de
gerar prole. Esse animal tem capacidade de realizar a monta e copular, porém não gera filhos. Existem
quatro condições que levam a esse distúrbio: azoospermia, ejaculação alterada, ejaculação inadequada
e a produção espermática inadequada.
Azoospermia
Essa condição se caracteriza pela ausência de células espermáticas dentro do ejaculado. Isso pode
ser resultado de oclusões nos ductos de origem congênita ou adquirida. Na oclusão congênita o animal
já nasce com essa condição, normalmente esses defeitos são de caráter hereditário, pois muitas vezes
tem uma relação genética. As causas podem ser diversificadas como, por exemplo, a agenesia, ou
hipoplasia e aplasia segmentar. Já na oclusão adquirida dos ductos se destacam as causas traumáticas,
infecciosas, ou compressivas por neoplasias.
Aplasia segmentar
Diz respeito a ausência do desenvolvimento de algum segmento de um órgão tubular. É causada
por um gene recessivo de caráter hereditário e equivale a uma falha no desenvolvimento dos ductos de
Wolff. Sua ocorrência é mais frequente em bovinos, mas também pode acometer ovinos, caprinos,
suínos e caninos, é praticamente inexistente a ocorrência em equinos.
A aplasia segmentar pode ser unilateral (o indivíduo ainda pode se reproduzir, levando a
característica adiante) ou bilateral (o animal não se reproduz). Com isso, é importante a realização do
exame dos parâmetros semiológicos após a puberdade para verificar se o animal apresenta
concentração espermática normal, descartando a aplasia segmentar unilateral, por exemplo. O
prognóstico é desfavorável, sendo sugestivo a castração ou o descarte do animal da reprodução.
Espermatocele
Devido a aplasia segmentar ou outra condição que interrompa o trânsito espermático, pode
ocorrer a espermatocele, sendo esta uma dilatação cística do ducto epididimário com acúmulo de
espermatozóides. Com a progressão da espermatocele a parede do epitélio pode atrofiar e,
consequentemente, romper levando ao extravasamento de espermatozoides para o interstício. Isso
resulta na formação de um processo inflamatório conhecido como granuloma espermático.
Esse granuloma é um abscesso que contém macrófagos e outras células inflamatórias
desencadeadas por uma resposta imune contra os espermatozóides, quanto mais próximo da cabeça do
epidídimo, mais severa é a situação. As causas estão relacionadas a qualquer alteração no trânsito
espermático, anomalias congênitas como a aplasia segmentar, infecções locais seguidas de
estreitamento, traumatismos, adenomiose epididimária resultante de elevações estrogênicas. Pode
ainda ser consequente a uma vasectomia.
Os caprinos machos são os animais mais acometidos, não sendo tão comum em outras espécies.
Nos sinais clínicos, observa-se oligozoospermia (quando unilateral) ou azoospermia (quando
bilateral). Com o tempo o testículo do animal sofre atrofia progressiva. O prognóstico é desfavorável
com sugestão de descarte reprodutivo quando a origem é congênita.
Epididimite
Outra condição que impede o transporte espermático é a epididimite, que é a inflamação dos
epidídimos, normalmente é de origem infecciosa podendo também ser de origem traumática. Essa
inflamação coexiste com a orquite, sendo unilateral ou bilateral. As causas variam de acordo com a
espécie, nos bovinos observa-se a tuberculose e a brucelose, nos ovinos e caprinos a além da
brucelose tem-se a linfadenite caseosa, já nos equinos a Salmonella abortus equi e no cão cinomose,
brucelose e Leishmaniose.
Os sinais clínicos observados são: dor escrotal aguda, ejaculado contendo espermatozóides com
defeitos morfológicos secundários (origem na maturação espermática), edema escrotal, relutância ao
movimento, hiperemia e hipertermia local é possível exsudato mucopurulento em casos mais graves.
Para o tratamento, é importante investigar a causa primária da inflamação, assim, em casos de
brucelose ou tuberculose em bovinos, deve-se descartar o animal. No entanto, caso seja uma
cinomose em um cão, por exemplo, o tratamento conservativo pode ser realizado com a
antibioticoterapia (sulfonamida-trimetoprim, amoxicilina com ácido clavulânico e enrofloxacino) e o
uso de antiinflamatórios e terapia de suporte. Como tratamento radical, pode ser realizada a
orquiectomia.
Varicocele
Varicocele é uma dilatação anormal das veias do plexo pampiniforme e cremastéricos. A
etiologia ainda é desconhecida. Ao que tudo indica, a dilatação está relacionada à disfunção da veia
testicular com resultante aumento da pressão hidrostática local (LIMA, 2015).
Acomete com maior frequência os ovinos, já em equinos é ocasional e em bovinos é rara. Como
consequência, ocorre a degeneração testicular devido ao comprometimento do mecanismo de
contracorrente, sendo aconselhado o descarte do animal da reprodução.
Torção do cordão espermático
A etiologia dessa torção está relacionada ao testículo ectópico, como em casos de
criptorquidismo, por exemplo. Nessa condição o testículo pode se deslocar devido a movimentação
das vísceras, fazendo com que ocorra uma torção do testículo sobre seu próprio eixo, resultando na
torção do cordão espermático. É mais comum em cães do que em qualquer outra espécie, justamente
por essa ser a espécie mais afetada pelo criptorquidismo, seguido pelos suínos e equinos.
Como sinais clínicos se destacam: dor e distensão abdominal, vômitos, letargia e anorexia,
disúria, hematúria e pirexia, edema e dor escrotal. Como intervenção, os testículos devem ser
retirados, por conta da possibilidade de necrose desse órgão.
Funiculite
É um processo inflamatório do cordão espermático, caracterizado por infecção séptica dessa
estrutura, muito relacionada antigamente a sequelas de castração em granjas de porcos, os quais
adquiriam a infecção após o procedimento. Nos equinos têm-se relatado tanto a funiculite séptica
quanto pela contaminação por Strongylus spp.
Como complicação, pode-se observar a peritonite, devido ao extravasamento do material
contaminado para dentro do abdome do animal por conta do rompimento da estrutura. Além da
possibilidade de funiculite após uma castração mal realizada, contaminação por Clostridium tetani
também pode acontecer. Com isso, para prevenção deve-se ter muito cuidado ao se realizar esses
procedimentos cirúrgicos, no entanto, caso a funiculite já esteja instalada, o recomendado é retirar a
estrutura acometida.
Ejaculação alterada
A ejaculação alterada consiste na deposição inadequada do ejaculado, devido a alterações
congênitas, geralmente de origem genética que causam desvio no óstio uretral. Podendo se localizar
tanto na parte inferior do pênis (hipospadia), quanto na parte superior do pênis (epispadia), sendo esta
mais rara. O indivíduo acometido deve ser descartado da reprodução, porém o caso deve ser resolvido
com cirurgia em animais que não são destinados a reprodução, pois o acúmulo de urina no prepúcio
do animal pode predispor a infecções.
Retro Ejaculação
É outra forma de ejaculação alterada, se caracteriza

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