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MATERIAIS TÊXTEIS PROFESSORA Dra. Paula Piva Linke MATERIAIS TÊXTEIS 2 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha, Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento Alessandra Baron, Head Produção de Conteúdo Rodolfo Pinelli, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Conteúdo Sandra Franchini, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Melina Belusse Ramos, Designer Educacional Yasminn Talyta Tavares Zagonel, Agnaldo Ventura, Revisão Textual Érica Fernanda Ortega, Felipe Veiga da Fonseca Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; LINKE, Paula Piva. Materiais Têxteis. Paula Piva Linke. Maringá - PR.:UniCesumar, 2017. Reimpressão 2020. 178 p. “Graduação em Design - EaD”. 1. Materiais. 2. Têxteis. 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0863-0 CDD - 22ª Ed. 677 Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecida como uma instituição universitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada. Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, Kátia Solange Coelho Diretoria Operacional de Ensino Fabrício Lazilha Diretoria de Planejamento de Ensino de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas autora Dra. Paula Piva Linke Doutora em Ciência Ambiental pelo Procam (USP) com bolsa Capes, desenvolve pesquisa na área do Moda e Sustentabilidade. Mestre em História pela Univer- sidade Estadual de Maringá (UEM). Especialista em História e Sociedade (UEM) e em Moda (Cesumar). Graduada em Moda pelo Cesumar. Professora do curso de Moda, Artes Visuais e Jornalismo no ano de 2013, em 2014 atuou somente no curso de Moda do Unicesumar nas disciplinas de História da Moda e Laboratório de Criação. Atua na educação a distância da Unicesumar nas áreas de história da moda e desenho de moda. Realiza pesquisas na áreade sustentabilidade e moda, bem como Moda e cultura. Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir: http://lattes.cnpq.br/1818751167908774 MATERIAIS TÊXTEIS Paula Piva Linke Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de materiais têxteis. O obje- tivo dessa disciplina é lhe apresentar a cadeia de produção do setor têxtil, que se inicia com a produção da fibra até a confecção do tecido. Para dar conta da conteúdo proposto, este livro foi dividido em cinco unidades, são elas: ‘A cadeia de produção do setor têxtil: fibras e filamentos têxteis’; ‘Fiação’; ‘Tecelagem’; ‘Malharia e não-tecido’ e, por fim, ‘Beneficiamento’, acabamentos e tecidos. Por meio da leitura dessas cinco unidades, você terá a oportunidade de entender como funciona toda a cadeia têxtil. Na primeira unidade, intitulada ‘A cadeia de produção do setor têxtil: fibras e filamentos têxteis’, você terá uma apresentação breve de todo o setor têxtil e seus processos, para então dar início ao processo de construção dos tecidos, que se inicia com as fibras têxteis, classificadas em naturais, sintéticas e artificiais. Após conhecer esses três grupos de fibras e as características de cada uma delas, serão apresentados na segunda unidade os processos de fiação: como se dá a transformação das fibras em fio. Na sequência, nessa mesma unidade você tam- bém conhecerá alguns fios especiais e suas características, como o fio fantasia, por exemplo. Na terceira unidade, você verá como se dá a transformação dos fios em tecidos por meio do processo de tecelagem, que produz os tecidos planos. Além disso, você também conhecerá alguns tecidos e como estes são classificados, quanto à forma de tecelagem e demais características. Na sequência, na quarta unidade, será apresentada a malharia: processo responsá- vel pela produção de tecidos com maior elasticidade. Também serão apresentados os não tecidos, materiais têxteis provenientes de outros processos de fabricação. Um ponto a ser destacado nessa unidade é os tecidos inteligentes, tecidos com benefícios diferenciados como impermeabilização, antichamas etc. Por fim, na última unidade, você será informado sobre os processos de beneficia- mento e acabamento que proporcionam melhor aspecto comercial aos tecidos. O tingimento, estamparia e lavanderia também serão abordados, assim como as normas para etiquetagem e os símbolos usados, finalizando uma breve reflexão sobre as questões ambientais que permeiam o setor têxtil. Boa leitura. sumário UNIDADE I A CADEIA DE PRODUÇÃO DO SETOR TÊXTIL FIBRAS E FILAMENTOS TÊXTEIS 14 A Cadeia de Produção do Setor Têxtil 19 Fibras Naturais 29 Fibras Artificiais 35 Fibras Sintéticas UNIDADE II FIAÇÃO 54 Fios 58 Fiação Penteada, Anel e a Rotor 62 Classificação de Fios UNIDADE III TECELAGEM 82 Tecelagem 88 Padronagens 95 Tecidos e Suas Características UNIDADE IV MALHARIA E NÃO-TECIDO 114 Malharia 125 Tecidos Inteligentes UNIDADE V BENEFICIAMENTO, ACABAMENTOS E TECIDOS 144 Beneficiamento e Acabamento 148 Estamparia e Lavagens 156 Simbologia de Conservação de Artigos Têxteis 163 Têxteis e Meio Ambiente 178 Conclusão Geral Professora Dra. Paula Piva Linke Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A cadeia de produção do setor têxtil • Fibras naturais • Fibras artificiais • Fibras sintéticas Objetivos de Aprendizagem • Descrever todo o processo de produção da cadeia têxtil. • Apresentar todas as fibras naturais e suas características. • Mostrar todas as fibras artificiais e suas características. • Apontar todas as fibras sintéticas e suas características. A CADEIA DE PRODUÇÃO DO SETOR TÊXTIL: FIBRAS E FILAMENTOS TÊXTEIS I unidade INTRODUÇÃO Seja bem-vindo(a), aluno(a) de ensino a distância da Unicesumar. É com imenso prazer que o recebo na disciplina de Materiais têxteis, ini- ciamos nossa aula conhecendo o setor de produção da cadeia têxtil e em seguida veremos todos os materiais utilizados na confecção dos tecidos, elemento utilizado como suporte para dar forma à roupa. O objetivo aqui é apresentar inicialmente toda a cadeia de produção do setor têxtil, que se inicia com a produção da fibra e se estende à con- fecção de produtos do vestuário e comercialização. No entanto, nesta disciplina, não lhe será apresentado com mais de- talhes o setor de confecção, a intenção é lhe mostrar a extensão do setor produtivo que envolve a moda. Após conhecer a extensão da cadeia têx- til, serão apresentadas as fibras que proporcionam a fabricação dos mais variados tecidos e materiais têxteis, ou seja, de tecidos a cordas e tapetes. Existe uma grande variedade de fibras têxteis que são classificadas em três grupos: naturais, artificiais e sintéticas. Na segunda parte desta unidade, você conhecerá quais são as fibras naturais, como são classificadas e quais as características que apresen- tam e que vão aparecer nos tecidos. Dentre essas fibras, destacam-se o algodão e a lã, presentes em grande parte do vestuário. Em seguida, partimos para as fibras artificiais, que são aquelas fabri- cadas em laboratórios por meio de efeitos químicos. Essa fibras também apresentam características específicas, sendo uma das mais famosas a viscose. Assim como as naturais, essas fibras são largamente utilizadas na fabricação de tecidos, podendo ser misturadas a outros materiais, os sintéticos ou naturais. Por fim, veremos as de material sintético, que são aquelas fabrica- das com produtos oriundos do petróleo e/ou polímeros, por exemplo, o poliéster e demais materiais. Tais fibras são empregadas na confecção do vestuário em larga escala, principalmente em roupas para academia. MATERIAIS TÊXTEIS 14 A Cadeia de Produção do Setor Têxtil Caro(a) aluno(a), antes de explicar todo o processo de construção de um tecido, que é o objetivo desta disciplina, você precisa conhecer a estrutura da ca- deia têxtil, pois a partir dessa visão geral, cada tema será abordado com mais facilidade. Não podemos nos esquecer de que a produção do setor têxtil se insere dentro do universo da moda, que apresenta outras questões que não apenas pro- dução, que transcende a cadeia têxtil ao englobar outros setores que lhes fornecem suporte. Ao falar de moda, estamos nos referindo a um processo que vai da produção e plantio de se- mentes para a obtenção da matéria-prima dos substratos têxteis até a milhões de trabalhadores e suas variadas funções em diversos países do mundo – de lavadores a top-models. Enquanto campo do fazer, é uma indústria que necessita de insumos e produtos específicos, como linhas, agulhas, máquinas de lavar, teares industriais, óleos, adstringentes, solventes, branqueadores, lixas, tintas, corantes, resinas, metais, papéis, plásticos, filmes, agentes, arados, pesticidas, fer- tilizantes, etc. (BERLIM, 2012, p. 26). DESIGN 15 A afirmativa da autora parece exagerada, mas ex- pressa muito bem a complexidade do setor de pro- dução têxtil. Ao falar de arados e pesticidas, por exemplo, Berlim (2012) se refere ao plantio das fi- bras naturais como o algodão, portanto, pensar o setor têxtil requer conhecer um pouco sobre todos esses processos que envolvem os tecidos. Para Berlim (2012, p. 27), “o setor têxtil pode ser definido como aquele que transforma fibras em fios, fios em tecidos planos e malhas em uma infinidade de produtos”. Essa infinidade de produtos vai muito além da produção de vestuário, ela consegue abarcar outros setores e produtos, tais como: [...] peças de vestuário, roupas de cama e mesa, substratos têxteis para a indústria automobilísti- ca usar em cintos de segurança e air-bags, sacos de estocagem para a agricultura, roupas espe- ciais para bombeiros, tendas, paraquedas, velas de barco, gazes para uso hospitalar, estofados de uso doméstico, etc (BERLIM, 2012, p. 27). Os artigos têxteis estão em todos os setores industriais,e têm significativa importância no setor de decoração de interiores, pois é por meio de tecidos que são estofados muitos móveis, como sofás, cadeiras, poltronas. Além disso, destacam-se também as corti- nas, persianas e demais peças ligadas à cama, mesa e banho que se apresentam nos mais diversos espaços. O setor têxtil engloba muito mais do que a simples produção de roupas. Fonte: adaptado de Berlim (2012). SAIBA MAIS Observa-se, portanto, que os produtos têxteis são variados e abrangem uma grande quantidade dos bens que consumimos. Essa produção não apenas gera uma grande variedade de produtos, que em muitos casos têm um ciclo de vida curto, mas, face à diversidade dessa produção, também pode causar impactos consideráveis sobre o meio ambiente. A produção de têxteis foi uma das atividades mais poluidoras do último século e foi tema de várias pesquisas que recaíram em especial so- bre seus principais impactos: a contaminação da água e do ar. Além de demandar muita ener- gia na produção e transporte de seus produtos, a indústria têxtil polui o ar com emissões de gazes de efeito estufa, as águas com as quími- cas usadas nos beneficiamentos, tingimentos e irrigação de plantações; e o solo, com pesticidas de alta toxidade. Além disso, os resíduos que permanecem nos produtos podem contaminar quem os usa (BERLIM, 2012, p. 33). Normalmente se associa a indústria têxtil à moda e passarelas, mas ela causa impactos significativos sobre o meio ambiente. Lembre- -se que é preciso refletir sobre os problemas ambientais, visto que estamos em um mundo em crise e isso também faz parte do processo de atuação do profissional de moda. (Lilyan Berlim) REFLITA MATERIAIS TÊXTEIS 16 A afirmativa da autora sobre os impactos que essa cadeia provoca devido à sua produção demonstra que ela é bastante complexa e também extensa. Essa cadeia se inicia com as fibras e filamentos – que podem ser naturais, artificiais ou sintéticas – , fiação, tecelagem, malharia, beneficiamento de teci- dos, aviamentos, confecção que se divide em linha lar, vestuário e tecidos para sacaria, automotivos dentre outros. Por fim, temos as vendas: exportação, varejo físico, vendas por catálogo, vendas eletrônicas, e a chegada ao consumidor final (PRADO, 2014). Na figura abaixo, podemos observar toda a es- trutura do setor têxtil e como se dá a sequência lógi- ca de produção. Figura 1 - Diagrama da estrutura produtiva e de distribuição têxtil e de confecção Fonte: Pimentel (2013, p. 3). DESIGN 17 Nesta imagem, além da produção do tecido, en- contra-se a confecção, fase final da cadeia têxtil, responsável pela fabricação das roupas. No entan- to, o que deve ser destacado nessa figura é justa- mente a quantidade de setores que dão suporte ao setor têxtil, como a indústria química, maquinário, escolas para formação de profissionais (PIMEN- TEL, 2013). Para você, aluno(a), o que interessa aqui é o setor de produção do fio ao tecido acabado, ou seja, todos os materiais como fibras têxteis utilizadas nos pro- cessos de fiação e transformação do fio em tecido. A cadeia têxtil se inicia com a produção de fi- bras, que são divididas em fibras sintéticas (nylon, poliéster, lycra e polipropileno), artificiais (viscose, acetato) e naturais, que se dividem em vegetal (algo- dão, rami, linho, juta), animal (seda, lã) e minerais (basalto e amianto) (CHATAIGNIER, 2006). Após a obtenção da fibra, inicia-se o processo de fiação, que consiste em unir fibras e transformá-las em filamentos longos, que são os fios. Em muitos casos, ocorre a junção de diferentes fibras em um único fio, que passam a ser chamados de fios mistos. Deve-se ressaltar também que cada fibra exige um processo de fiação que se adapte às suas característi- cas (CHATAIGNIER, 2006). Com os fios já prontos, inicia-se o processo de tecelagem que consiste na junção de fios para a construção do tecido; esse processo pode ser feito de duas formas: por meio da tecelagem ou da ma- lharia. “Os tecidos planos são aqueles obtidos pelo entrelaçamento de dois conjuntos de fios (urdume e trama) formando um ângulo de 90º” (CHATAIG- NIER, 2006, p. 43). De acordo com a forma de entrelaçamento dos fios, é possível obter tecidos com diferentes caracte- rísticas. Esse processo de tecelagem produz tecidos sem elasticidade, tais como brim, fustão, veludo, li- nho, cetim, tricoline dentre tantos outros. A malharia é outro processo de tecelagem que produz tecidos com elasticidade, as chamadas ma- lhas. “Tecidos de malha são aqueles formados por laços que se interceptam e se apoiam lateral e verti- calmente, proveniente de um ou mais fios, como por exemplo, o jérsei e o tricô” (CHATAIGNIER, 2006, p. 44). Esses tecidos apresentam como característica a elasticidade que os permite expandir e retornar ao tamanho normal sem alteração das dimensões. Após a finalização do tecido, inicia-se o processo de beneficiamento e acabamento dele. O beneficia- mento é um processo extenso e envolve uma série de tratamentos que buscam melhorar as características do tecido, como a textura, e, em seguida, são feitos os acabamentos finais do tecido. Acabamento propriamente dito: significa uma série de processos e tratamentos variados sub- metidos a um tecido que dessa forma, torna-se apto para receber, após a tecelagem, a tinturaria e a estampagem. Como o nome indica, é um processamento final com o objetivo de tornar o tecido adequado ao seu uso específico, além de eliminar possíveis defeitos (CHATAIGNIER, 2006, p. 53). Com o tecido finalizado e pronto para comerciali- zação, inicia-se o processo de confecção do vestuá- rio, que consiste no desenvolvimento e construção de uma peça do vestuário. Junto com esse processo, vêm ainda outros acabamentos para a peça pronta, como a lavanderia utilizada em tecidos jeans para dar efeitos diferenciados à peça e a estamparia, apli- cada antes da sua montagem. Após a finalização do produto, inicia-se o processo de comercialização. A estrutura do setor de confecção pode ser ob- servado na figura a seguir. MATERIAIS TÊXTEIS 18 Figura 2 - Fluxograma dos Principais Processos de Confecção Fonte: Guimarães e Martins (2010, p. 192). Ao apresentar esse fluxograma, a intenção é de fa- zê-lo perceber que todo o processo de produção do tecido serve para abastecer a indústria da moda, res- ponsável pela confecção do vestuário. É de suma importância que você aprenda e com- preenda como se dá a fabricação de tecidos e suas características, pois um bom estilista deve conhecer os tecidos, suas características e saber como usá-los. DESIGN 19 Fibras Naturais Primeiramente, antes de falarmos das fibras naturais, sua classificação e características, você precisa en- tender que existe uma grande variedade de materiais que podem ser utilizados na fabricação de tecidos. Fibras têxteis são materiais filamentosos o que permite sua transformação em fios, e, portanto em tecidos. São caracterizados por sua flexibi- lidade e finura, possuindo um comprimento muito maior que sua espessura, o que resulta num produto que pode ser enrolado e desenro- lado de forma organizada (CASSEL et al., 2002, p. 01). Essas fibras são classificados em três grandes grupos: as fibras naturais, artificiais e sintéticas (CHATAIG- NIER, 2006). Neste nosso tópico, preocuparemo- -nos com as fibras naturais, que são aquelas fabrica- das por meio de elementos encontrados na natureza. Para Sissons (2012), as fibras naturais são divi- didas em grupos, sendo as mais comuns as vegetais e animais. Para Chataignier (2006), existe ainda, no grupo das fibras naturais, as minerais. Para a autora, as fibras se dividem em vegetal (algodão, rami, linho, juta), animal (seda, lã) e minerais (basalto e amian- to). Observe na Tabela 1 a divisão dessas fibras. MATERIAIS TÊXTEIS 20 FIBRAS NATURAIS Animais Lã e pêlos Angorá Cashemira Coelho Lã de Ovelha Mohair Pêlos grossos Cabra Seda Seda CultivadaSeda Silvestre Minerais Amianto (asbesto) Crisotila Crocidolita Vegetais De Caules Cânhamo Juta Linho Malva Ramí De Folhas Caroá Sisal Tucum De Frutos e Sementes Algodão Côco Tabela 1 - Fibras naturais Fonte: Kuasne (2008, p. 09). DESIGN 21 É possível observar que existe uma grande variedade de fibras naturais, e algumas delas receberão maior atenção. Primeiramente apresentam-se as fibras na- turais vegetais como o algodão, linho, rami, cânha- mo, juta e sisal. Posteriormente serão apresentadas as fibras animais, como a lã e a seda, e, por fim, as minerais, como o amianto e o basalto. As fibras de origem vegetal são aquelas prove- nientes de plantas. Elas podem se originar de se- mentes e frutas como as fibras de algodão; de cau- les como linho, rami e juta; e de folhas como o sisal (UDALE, 2015). Vejamos a seguir as especificidades de cada uma delas. O algodão é a fibra natural mais utilizada no mercado da moda. “O algodão é usado como fibra têxtil há mais de 7.000 anos, podendo dizer-se que está ligado à origem mais remota do vestuário e à evolução da produção de artigos têxteis” (KUASNE, 2008, p. 21). Ela “é uma fibra macia, felpuda e cresce em volta da semente da planta” (UDALE, 2015, p. 47). Obser- ve na imagem a seguir a planta de algodão. Figura 3 - Planta de algodão Fonte: Shutterstock. MATERIAIS TÊXTEIS 22 A planta do algodão solta pequenas plumas brancas, como pode ser observado na Figura 3, e são dessas plumas que são extraídas as fibras do algodão. Udale (2015) ressalta que a grande utilização dessa fibra no mercado da moda se deve à sua gran- de versatilidade, pois permite a fabricação de uma grande variedade de tecidos, como, por exemplo, o jeans. A fibra do algodão pode ser longa e uniforme ou curta; quanto mais longa a fibra, melhor a quali- dade do algodão e mais caro o produto. Essa fibra é altamente hidrófila, o que proporciona uma boa ab- sorção de água, secando com facilidade. Além disso, devido a essa característica, ela permite que a pele respire, sendo muito adequada para climas quentes (CASSEL et al; 2002; SISSONS, 2012). Outra fibra que merece destaque é o linho. As- sim como o algodão, o linho foi utilizado desde os tempos mais antigos, mais especificamente pelos egípcios que fabricavam belas peças na cor branca com o linho que crescia em abundância na região (LAVER, 2001). O linho também é uma fibra de origem vegetal que se origina do caule de uma planta, possuindo características bem próximas às do algodão (UDA- LE, 2015). Observe a planta na figura abaixo. Figura 4 - Linho Fonte: Shutterstock. DESIGN 23 O Linho era um dos tecidos mais utilizados no Antigo Egito, sendo o tecido adequado para o calor do deserto. As roupas mais caras eram feitas com linho, sendo esse um privilégio do Faraós e sua corte usar o linho de melhor qualidade. As roupas eram compostas por retângulos de tecido que eram plissados por meio de torção após a lavagem do tecido e então enrolados sobre o corpo e presos por alfinetes dando origem a diversos trajes. Fonte: adaptado de Laver (2001). SAIBA MAIS Observe que diferentemente do algodão, que produz a fibra por meio de suas plumas, o linho é extraí- do do caule no início da floração, produzindo fibras mais longas, entre 90 cm e 120 cm (KUASNE, 2008). Por se originar de um caule, essa fibra apresenta-se longa, com elevado brilho natural. A produção dessa fibra é anual, o que explica também o seu alto preço, visto que existem certos cuidados a serem considerados na produção, já que um caule de linho produz apenas ¼ de sua massa em fibras, ou seja, apenas 25% da planta será utilizada como fibra têxtil (KUASNE, 2008). Outro ponto a se destacar é o conforto: ela pos- sibilita uma boa absorção de umidade, sendo muito utilizado no vestuário e em roupas de cama, contu- do amarrota-se com muita facilidade, o que exige certos cuidados com o tecido, que sofre tratamentos para evitar o amarrotamento (CASSEL et al, 2002). Outra fibra comum é o Rami que é uma planta de caule como o linho, mas que, ao contrário deste, produz grandes quantidades. O rami é uma planta perene, isto é, de cultura permanente, que pode produzir, sem renova- ção, por cerca de 20 anos. A planta apresenta uma cepa de onde partem as hastes que podem atingir, em terrenos apropriados, entre 2 e 3 metros de altura. Permite, em média, 3 a 4 cor- tes por ano (KUASNE, 2008, p. 28) Essa fibra apresenta uma alta produtividade como ressaltou a autora, contudo Chataignier (2006) des- taca que sua utilização apresenta-se restrita, princi- palmente devido às suas características em relação ao toque, pois é mais rústica que o linho, mostran- do-se áspera. As fibras de rami são longas, entre 1,5 e 2 m de comprimento e muito utilizadas para a confecção de tecidos para decoração, pois é mais resistente e longa, o que possibilita a fabricação de uma maior quantidade de produtos (KUASNE, 2008). Kuasne (2008) destaca que essa fibra absorve corantes com facilidade o que possibilita cores vi- vas e intensas. Chataignier (2006) ressalta que o rami pode ser um bom substituto para o linho, pois quando os tecidos recebem os devidos acabamentos, apresentam as mesmas características que o linho, com maior qualidade devido ao comprimento da fi- bra e a sua alta produtividade. Observe na figura a seguir os fios de rami. MATERIAIS TÊXTEIS 24 Figura 5 - Rami Fonte: Shutterstock. O rami é muito utilizado na confecção de barbantes. Devido ao seu comprimento e resistência, essa fibra também tem outros usos além da decoração e vestu- ário, sendo muito utilizada na produção de barban- tes e linhas de costura, como afirma Kuasne (2008). Assim como o Linho e Rami, o Cânhamo tam- bém é uma fibra vegetal. “Planta herbácea cultivada pelo seu caule que fornece a fibra têxtil. Os métodos de extração da fibra são semelhantes aos do linho, embora mais rústicas possuem propriedades com- paráveis às do linho” (PEZZOLO, 2013, p. 123). Para Kuasne (2008, p. 27), “o cânhamo tem sido usado em quase todas as formas de aplicação têx- teis: tecidos finos, cortinas, cordas, redes de pesca, lonas, etc., além de misturado a outras fibras, natu- rais e/ou artificiais”. Essa fibra é bastante longa, podendo ultrapas- sar 2 m de comprimento. Sua rusticidade é marcada pela presença de pequenas escamas e farpas que a cobrem. Observe na figura 6 a fibra e sua planta. Ao contrário das fibras que vimos até aqui, a juta é bem mais rústica, “proveniente do tecido externo ao lenho de plantas, ela se destina essencialmente à fabricação de sacos, embalagens, cordas, tecidos para revestimento mural ou tapetes de baixo custo” (PEZZOLO, 2013, p. 123). Por ser extraída de um caule mais lenhoso, como afirma Pezzolo (2013), a fibra de juta é mais rústica, sendo bastante extensa e podendo variar entre 1,5 m e 3 m de comprimento. Kuasne ressalta que “a fibra de juta apresenta, geralmente, um brilho sedoso e, quando compa- rada ao linho, é mais quebradiça, o que a impede de ser transformada em fios finos, já que os feixes não se separam tão bem no sentido longitudinal” (2008, p. 27). Figura 6 - Cânhamo Fonte: Shutterstock. DESIGN 25 Devido à sua pouca resistência, a juta permi- te apenas a fabricação de materiais náuticos, pois é necessário fios mais grossos para dar estabilidade à fibra, assim ela é muito empregada na confecção de sacaria. Observe na Figura 7 uma trama de juta. As fibras do sisal são retiradas de suas folhas, uti- lizadas para fabricação de cordas, barbantes e tapetes rústicos devido à sua resistência (PEZZOLO, 2013). Essa fibra apresenta aspectos rústicos o que di- ficulta a sua utilização na fabricação de fios finos e delicados, necessários para a fabricação de produtos mais nobres como os tecidos. O comprimento varia entre 60 e 160 cm. Apre- sentam excelente resistência à ruptura e ao alongamento, além de notável resistência à água. É usada notadamenteem cordoalha, sola- dos de alpargatas, indústria de colchões de mo- las, sacolas, sandálias, cestos, escovas (KUAS- NE, 2008, p. 28). Observe na Figura 8 a planta da fibra de sisal e sua fibra. A fibra do sisal também pode ser utilizada em artesanatos variados, como mostra a imagem. Essas são apenas algumas da fibras naturais ve- getais existentes na indústria têxtil. Existem ainda outras plantas que possibilitam a fabricação de fibras têxteis, mas essas são as mais utilizadas, especial- mente o algodão e o linho. Figura 7 - Juta Fonte: Shutterstock. Figura 8 - Sisal Fonte: Shutterstock. As fibras mais rústicas têm uma atuação im- portante no setor têxtil, podendo ser utiliza- das na decoração e mesmo na produção arte- sanal ou tapeçaria. A forma de empregá-la é o que garante a qualidade estética do produto. REFLITA MATERIAIS TÊXTEIS 26 Além das fibras naturais vegetais, há também as na- turais animais, que são aquelas fabricadas por meio do pêlo dos animais, sendo a mais conhecida delas a lã (SISSONS, 2012). Chataignier (2006) destaca que a lã pode ser obtida de outros animais além da ovelha como: lhama, alpa- ca, cabra, camelo e a vicunha. Cada um desses animais produz um produto característico, no entanto, a ovelha é a mais utilizada para a fabricação desse material. A Lã é a fibra animal mais antiga utilizada na história da humanidade, com datas por volta de 9.000 a.C. A atividade de pastoreio se tornou co- mum em civilizações como Mesopotâmia localizada no Oriente Médio (PEZZOLO, 2013). Figura 9 - Lã de ovelha Fonte: Shutterstock. Sua utilização ultrapassou séculos de história até os dias atuais, sendo largamente utilizada na fabrica- ção de roupas para inverno. Dá-se o nome de lã ao revestimento piloso na- tural dos ovinos vulgarmente chamado carnei- ros, ovelhas, borregos ou cordeiros. Esta desig- nação pode também ser utilizada em conjunto com o nome de outro animal, em substituição da palavra “pêlo”, como por exemplo, lã de al- paca, lã de camelo, lã de vicunha, lã de moer (KUASNE, 2008, p. 29). Veja um exemplo de fibra de lã na imagem ao lado. A lã é obtida por meio da pelagem da ovelha; assim, ela precisa ser extraída de forma adequada, ou seja, por meio da tosquia. Tosquiar a ovelha cor- responde a retirar o velo, ou seja, toda a pelagem de maneira a formar um tapete de pelos. Cada parte da ovelha possui suas características que vão influen- ciar na qualidade da lã (PEZZOLO, 2013). Após retirada do animal, a lã apresenta-se ondu- lada, como mostra a Figura 9, sendo esta uma carac- terística comum da lã. Veja a seguir algumas outras características desse material descritas por Kuasne (2008, p. 30). • O comprimento das fibras para lã cardada va- ria de 50 a 150 mm. • As fibras finas e médias apresentam um bri- lho superior ao das fibras grossas. Fibras com elevado brilho têm aparência semelhante às da seda. • Apresentam excelente alongamento e elasti- cidade. • A lã é muito flexível, tem bom toque e é bas- tante confortável, possuindo uma boa reten- ção de água. • Deve-se evitar a lavagem dos artigos confeccio- nados com lã em máquinas de lavar, não fric- cioná-los, não torcê-los e usar sabões neutros. DESIGN 27 Como dito pela autora, a fibra de lã é relativamente pequena ao compararmos com as vegetais; no en- tanto, ela permite um bom processo de fiação. Ela é muito utilizada na confecção de roupas de inverno, pois são excelentes isolantes térmicos, proporcio- nando a manutenção do calor do corpo (KUASNE, 2008). A seda, assim como a lã, é um fibra natural ani- mal; no entanto, ela não se origina de um animal propriamente dito, mas sim de uma pequena lagarta (PEZZOLO, 2013). A seda é feita por uma pequena lagarta que, ao passar pelo processo de metamorfose, constrói um casulo composto por um único fio. A seda é justa- mente o fio que compõem o casulo da lagarta (CHA- TAIGNIER, 2006). Observe a Figura 10 ao lado com o casulo e o fio de seda. Os fios de seda podem apresentar a coloração branca, amendoada ou amarelada dependendo da alimentação da lagarta. A seda é um dos tecidos mais antigos do mundo e teve sua origem na China por volta de 2.500 a.C., havendo inclusive uma lenda sobre seu surgimento (PEZZOLO, 2013). Conta-se que uma princesa chinesa passeava em um bosque de amoreiras e em seu passeio caiu sobre ela um casulo com alguns fios brilhantes. Encantada com a beleza do fio, que brilhava com a luz, a prin- cesa o levou ao palácio e a partir de então foi criado o tecido de seda. Esse segredo foi guardado a sete chaves, pois o tecido passou a ser comercializado e adquiriu importância no Oriente (CHATAIGNIER, 2006). Além da China, a civilização Bizantina se tornou uma importante produtora na Idade Média. Produ- ção essa que se estendeu para a Itália a partir do sécu- lo XIII, depois para a França. Atualmente os maiores Figura 10 - Casulos de seda Fonte: Shutterstock. produtores de seda são: China, Índia, Coréia do Sul, Brasil, Itália e França (CHATAIGNIER, 2006). Chataignier (2006) afirma que dentre as princi- pais características da seda pode citar: • Tem resistência de razoável a forte. • Bom caimento. • Brilhante e agradável ao toque. MATERIAIS TÊXTEIS 28 • Absorve água com facilidade. • Absorve corantes com facilidade. • Não suporta alvejantes a base de cloro. • Possui boa elasticidade. • Não suporta a luz do sol, podendo manchar se exposta por longos períodos. • Pode ser atacada por traças. É possível produzir uma imensa variedade de teci- dos de seda, que podem ser empregados no vestu- ário, decoração, cama, mesa e banho, e demais seg- mentos do vestuário. Uma das principais características da seda é o seu brilho. Observe A FIGURA 11 acima um exem- plo de tecido. Figura 11 - Brilho do tecido de seda Fonte: Shutterstock. DESIGN 29 Fibras Artificiais Assim como as fibras naturais, existem também aquelas artificiais. Udale (2015, p. 53) descreve as fibras artificiais como: “fibras derivadas de celulose, que por meio de processos de manufatura química são transformados em novas fibras”. O desenvolvimento e utilização dessas fibras se deu somente no século XX, quando as tecnologias e pesquisa desenvolvidas possibilitaram o descobrimento de novas tecnologias que foram aplicadas às diversas áreas do co- nhecimento, inclusive ao setor têxtil (KUASNE, 2008). Assim como as naturais, existe uma grande va- riedade de fibras artificiais. São elas: Acetato, Algi- nato, Borracha, Carbono, Caseína, Cupro, Metálica, Liocel, Modal, Triacetato, Vidro, Viscose, Raiom (RIBEIRO, 1984). Nesta unidade você verá as ca- racterísticas e usos para cada uma delas. Uma grande quantidade dessas fibras (Acetato, Cupro, Liocel, Modal, Triacetato, Viscose e Raiom) é produzida por meio da celulose, material prove- niente da madeira (PEZZOLO, 2013). Vejamos as MATERIAIS TÊXTEIS 30 características de cada uma delas e posteriormente veremos as fibras não celulósicas (Alginato, Borra- cha, Carbono, Caseína, Metálica e Vidro). Observe na figura a seguir a estrutura da celulose: Figura 12 - Celulose Fonte: Shutterstock. O Acetato, também conhecido como acetato de ce- lulose, foi desenvolvido durante a Primeira Guerra Mundial como revestimento para asas de aeronaves e depois transformado em fibras. Pode ser feito por meio da celulose da madeira ou por restos das plu- mas de algodão, possui a mesma aparência da seda, mas não seu toque (UDALE, 2015). De acordo com Kuasne (2008, p. 62), pode ser utilizado em: forro de roupa, tecidos para vestidos, panos para guarda-chuva, gravatas, fios de enfeites, roupas finas. A fibra de Cupro é obtida por meio de um pro- cesso de regeneração da celulose. Essa fibra possui o aspecto e o toque da seda, maciez e brilho, assim como absorve corantes com facilidade. É muito in- dicada para a produção de tecidos para vestuário e para a decoração (AGUIAR NETO, 1996). Recentemente foi desenvolvida uma fibraecolo- gicamente correta e biodegradável, o Tencel, nome comercial da fibra de Liocel (UDALE, 2015). De acordo com Kuasne (2008, p. 53), o Liocel é uma nova “fibra natural, a primeira fibra nova em mais de 30 anos. Ela é fabricada inteiramente da ce- lulose natural encontrada na polpa da madeira, que se origina de árvores cultivadas em fazendas espe- ciais para este objetivo”. Os materiais têxteis são responsáveis por gran- des impactos sobre o solos e as águas. Pensando em produtos sustentáveis, foi desenvolvida essa fibra, cujas características incluem: • resistência; • apresenta baixo encolhimento na água; • boa estabilidade; • toque macio e suave; • caimento fluido e flutuante, leve; • absorve corantes com facilidade. Todas essas características permitem à fibra grande versatilidade nos tecidos fabricados, pois o conforto e resistência são uma marca registrada. Ela pode ser empregada na confecção de peças de vestuário, na decoração e na linha lar em roupas de cama. De acordo com Kuasne (2008, p. 51), a fibra de Modal são “fibras de celulose regenerada normalmente fabricadas pelo processo Viscose, que possuem elevada tenacidade e alto módulo de elasticidade a úmido”. O processo de fabricação segue o mesmo da viscose. As principais características desse material se re- ferem a conforto, maciez e suavidade. Além disso, essa fibra absorve água com muita facilidade e seca mais rápido que o algodão, o que proporciona fres- cor às peças confeccionadas com tecidos produzidos com essa fibra (PEZZOLO, 2013). DESIGN 31 Cabe destacar ainda que essa fibra pode ser misturada a outras fibras com a finalidade de ob- ter tecidos com características diferenciadas. Como exemplo, pode-se citar que a combinação do Modal e do Algodão (50% de cada fibra do tecido) faz que o tecido de algodão ganhe brilho sedoso, maior viva- cidade nas cores e maciez (PEZZOLO, 2013). Essa fibra também pode ser combinada com ou- tros materiais como: acrílico, strech, cotton, crepe, linho e promodal. Cada uma dessas misturas garan- te características diferenciadas ao tecido (PEZZO- LO, 2013). Essa fibra pode ser empregada na fabri- cação de materiais diversos, principalmente tecidos finos e compostos. Outra fibra relevante é o Triacetato, que também é uma fibra de celulose. “Fibra artificial celulósica, obtida da polpa de madeira ou dos linters de algo- dão, é um material termoplástico, podendo ser for- necido ao mercado na forma de fibra cortada, e/ou filamentos contínuos” (KUASNE, 2008, p. 63). Essa fibra apresenta características bastante marcantes referentes ao brilho, calor e resistência. O triacetato apresenta brilho elevado, que pode desa- parecer se este for colocado em água muito quente. Quanto ao calor, cabe destacar que essa fibra é ideal para fazer drapeados, plissados e vincos permanen- tes, pois o calor provoca modificações plásticas per- manentes nessa fibra (KUASNE, 2008). Outro ponto a ser destacado, ainda, é a resistên- cia às rugas, pois suas características se aproximam das fibras sintéticas, ou seja, o ferro de passar é pra- ticamente dispensado (KUASNE, 2008). Uma das fibras de celulose mais conhecidas é a Viscose, cujo processo de fabricação foi descoberto em 1892, dando início à produção de fios somente em 1905 (PEZZOLO, 2013). As fibras e fios de viscose possuem “característi- cas bem próximas aos do algodão como: absorção de umidade, resistência, maciez ao toque e caimento” (PEZZOLO, 2013, p. 129). De acordo com Kuasne (2008), devido a essas características, essa fibra é muito utilizada em uma grande variedade de produtos, tais como: • Tecidos para vestuário feminino, vestuário esportivo e forros. • Têxteis para o lar, como sejam toalhas de mesa e tecidos de estofamento de mobiliário. • Aplicações técnicas e industriais, como, por exemplo, telas para filtros, não tecidos e chu- maços. A autora prossegue afirmando os benefícios desse material: • Maior conforto, especialmente em climas quentes. Em contato com o corpo, transmite uma agradável sensação de suavidade e fres- cor. • Absorção de água elevada, importante em aplicações como toalhas de banho, artigos de limpeza, absorventes higiênicos etc. • Elevada transferência de calor, mais uma ca- racterística que torna a viscose adequada ao clima quente. • Em puro, apresenta um caimento fluido. Quando utilizada em conjunto com outras fi- bras, facilita a adequação do caimento à apli- cação. • Boa solidez das cores, por isso não desbota. • Toque suave e macio, permitindo a fabrica- ção de tecidos e malhas mais confortáveis. Apesar de sua grande utilização e dos benefício anteriormente citados, há que se destacar algumas questões. A viscose apresenta pouca resistência à água e ao calor excessivo, assim deve-se evitar lavar MATERIAIS TÊXTEIS 32 peças de viscose na máquina ou passar com ferro muito quente (KUASNE, 2008). Assim, há que se ter cuidado no processo de manutenção das peças de vestuário confeccionadas com esse material. O Raiom foi a primeira fibra artificial de celulose desenvolvida em 1885, quando ainda era chamado de seda artificial. O nome Raiom só foi estabelecido em 1924 (UDALE, 2015). Assim como as outras fibras de celulose, pos- sui maciez, modela-se com facilidade e resistência. Além disso, também absorve corantes com facilida- de, o que permite que ela tenha cores vibrantes e não desbote com facilidade (UDALE, 2015). Apesar de serem feitas com a celulose que é um material orgânico, as fibras artificiais ce- lulósicas ainda causam impactos ambientais, pois necessitam de uma série de processos químicos para ficarem prontas, o que gera resíduos variados e o corte de árvores. REFLITA Além dessas fibras que foram descritas acima, que são as fibras feitas a partir da celulose, existem ain- da aquelas oriundas de outras substâncias, são elas: Alginato, Borracha, Carbono, Caseína, Metálica e Vidro. A seguir, cada uma delas será apresentada. O Alginato não é um fibra empregada na con- fecção de tecidos, seu uso se restringe ao hospitalar, com a fabricação de curativos. A Algina é uma subs- tância gelatinosa sem cor. Ela é extraída das algas marinhas. Alginatos são transformados em curati- vos não tecidos por meio de processos têxteis (RI- BEIRO, 1984). A fibra de borracha é muito utilizada no setor têxtil. Ribeiro (1984) afirma que essa fibra permite Figura 13 - Extração do látex Fonte: Shutterstock. Figura 14 - Roupa de látex Fonte: Shutterstock. DESIGN 33 a fabricação de uma fibra altamente elástica. Nor- malmente é utilizada com outras fibras para fazer tecidos. O tecido de Látex tem propriedades de alta impermeabilização e limpeza a seco. É resistente ao calor e a luz. Veja na Figura 13 como ele é extraído das árvores, especialmente da seringueira. O tecido mais comum obtido a partir da borracha é o Látex, cuja aparência apresenta um brilho exagera- do, quase como vernis. Veja um exemplo na Figura 14. As fibras de carbono possuem alta resistência a abrasão e suportam altas temperaturas, podem ser empregadas em materiais têxteis para minimizar a possibilidade de incêndios; no entanto, ainda são pouco empregadas (CHATAIGNIER, 2006). A Caseína é uma fibra composta por proteínas do leite. Para a fabricação deste material, são neces- sários 100 litros de leite para a produção de 3 qui- los de fibras. Contudo, o material tem potencial, pois não possui corante, permite maior respiração da pele e é tão confortável e elegante quanto a seda (AGUIAR NETO, 1996). As fibras de metal eram utilizadas para a confec- ção de fios que eram aplicados às roupas por meio de bordados. Em 1950, Lurex fez de uma fibra de alumínio um tecido metálico (AGUIAR NETO, 1996). Observe a Figura 15. A mulher presente na Figura 15 está com um vestido cujo decote possui pedras preciosas em seu bordado, assim como um pequeno contorno borda- do com fios de ouro. Além das fibras de metal, há ainda as fibras de vidro.Estas fibras obtém-se por extrusão de vidro fundido. “As fibras de vidro possuem grande resistência mecânica, química e térmica, são de grande dureza, mas quebradiças. Para as poder fiar e tecer é neces- sário tratá-las com metilsilicone, que as torna flexí- veis” (KUASNE, 2008, p. 65). Figura 15 - Bordados com pedras preciosas e fios de Ouro - Idade Média Fonte: Shutterstock. De acordo com Kuasne (2008), as fibras de vidro são muito utilizadas em cortinas devido às suas pro- priedades térmicas e elétricas, pois são resistentes ao fogo e à eletricidade. A autora aponta as seguintes características para os tecidos que contém fibra de vidro: MATERIAIS TÊXTEIS 34 • não inflamabilidade; • não absorvência; • impermeabilidade; • resistência. Kuasne (2008, p. 65) destaca ainda que “o mais re- cente e importante desenvolvimento das fibras de vidro para uso industrial é o cordão de pneu”. Na imagem a seguir, você poderá observar um tecido com fibra de vidro, que apresenta brilho ca- racterístico. Figura 16 - Tecido com fibra de vidro Os fios de metal parecem ser uma novidade recente, mas não são: desde a antiguidade eram fabricados fios de ouro e prata com o intuito de fazer bordados para adornar as roupas. Foram muito utilizados na Grécia e em Roma, Bizâncio e até o século XVIII tanto no vestuário feminino, quanto masculino. Fonte: adaptado de Laver (2001). SAIBA MAIS DESIGN 35 Fibras Sintéticas As fibras sintéticas são originárias do petróleo e tam- bém do carvão mineral. Ao contrário das naturais que possuem séculos de história, essas fibras foram desen- volvidas recentemente, mais especificamente no final do século XIX, no entanto, seu uso só se voltou ao setor têxtil ao longo do século XX (PEZZOLO, 2013). Ao contrário das fibras naturais que possuem ca- racterísticas específicas, as sintéticas podem ser trata- das durante o processo de fiação, de forma a obter di- ferentes texturas e acabamentos para uma única fibra (CHATAIGNIER, 2006). Existe uma grande variedade de fibras sintéti- cas, dentre as mais conhecidas destacam-se 8, são elas: Acrílico, Elastano, Poliamida, Microfibra, Tactel, Supermicrofibra, Poliéster e Polipropileno (UDALE, 2015). A fibra de Acrílico foi desenvolvida na Ale- manha em 1948, sendo esse material derivado do petróleo, carvão mineral e cálcio. A marca res- ponsável pelo seu desenvolvimento foi a DuPont (UDALE, 2015). MATERIAIS TÊXTEIS 36 Esse material permite a confecção de tecidos com boa estabilidade dimensional, solidez e vivaci- dade das cores. Pois suas características, possibilita a fabricação de tecidos variados, sendo considerado o substituto da lã, além de também poder ser utilizado para a fabricação de peles falsas (PEZZOLO, 2013). A fibra de Acrílico pode ser empregada em vá- rios setores do vestuário, como adulto e infantil, contudo, há que se destacar que essa fibra forma pilling, bolinhas e ranhuras nas roupas. Cabe desta- car, ainda, que por ser uma fibra sintética, o Acrílico evita que a pele respire, tornando-se um pouco des- confortável (UDALE, 2015). Figura 17 - Fibra de acrílico imitando a lã Fonte: Shutterstock. O Elastano é uma das fibras mais conhecidas, pois está associada à elasticidade, muito utilizada em calças jeans para dar maior flexibilidade ao tecido (KUASNE, 2008). “É uma fibra química obtida do etano, inventada e registrada pela DuPont com a marca Lycra (PEZZOLO, 2013, p. 135). De acordo com Udale (2015), o Elastano foi lan- çado no mercado em 1959 e desde então tem sido utilizado em conjunto com outras fibras, com o in- tuito de aumentar o potencial de elasticidade do te- cido, visto que essa fibra pode se estender por até quatro vezes o seu tamanho sem se romper. Pezzolo (2013) ressalta que sua alta resistência a abrasão e a diversos produtos químicos faz que ela possa ser empregada em diferentes tecidos para usos variados, dentre eles: lingerie, roupas para praia e gi- nástica, em composição com algodão e outras fibras, o que possibilita maior conforto aos tecidos, que podem ser utilizados na confecção de roupas que se ajustam ao corpo sem a necessidade de costuras ou recortes extras. A Poliamida, também conhecida como Nylon, inicia sua história nos anos de 1935. É uma fibra composta por uma resina, a resina de poliamida. Logo que foi lançada essa fibra foi utilizada na con- fecção de roupas íntimas e meia calça. No entanto, devido à sua resistência ela também foi empregada em outros setores, como na fabricação de paraque- das, cordas, redes de pesca, telas, dentre outros pro- dutos (PEZZOLO, 2013). Esse material possui características que lhe pos- sibilitam diversas aplicações sejam elas no setor têx- til ou fora dele. Essa aplicações se devem aos diversos DESIGN 37 Figura 18 - Roupa de ginástica com Lycra Fonte: Shutterstock. tipos de tratamento que permitem a fibra se adaptar a diferentes usos. Kuasne (2008, p. 67) apresenta as seguintes características da fibra: • Brilho e aparência: filamentos normais, re- dondos, com aspecto levemente vítreo. • Conservação do calor: boa. • Elasticidade/resiliência: elevadas; maior que a de qualquer fibra natural; ocupa o primeiro lugar entre as fibras químicas. • Intumescimento: reduzido, contudo maior que nas fibras de poliéster. Por isso o tempo curto para secar. • Lavabilidade e solidez à fervura: as fibras PA(s) soltam a sujeira com facilidade. Em ge- ral, basta um banho morno com detergente. As temperaturas de fervura são suportadas. Devem ser evitadas as secagens por contato ou ao sol, posto que estas fibras amarelecem nestas condições. • Temperatura de passar a ferro: 120 a 140ºC. Passar com pano levemente umedecido ou usar ferro de engomar a vapor. • Teste de Combustão: ao aproximar fibras de PA da chama, elas se contraem rapidamente formando uma pequena bola de massa fun- dida. • Comportamento para com insetos nocivos: não apodrecem, resistem ao bolor e não são atacadas por insetos. As características citadas por Kuasne (2008) permi- tem a essa fibra, quando combinada a outras fibras naturais, artificiais ou mesmo sintéticas, uma grande variedade de usos. Observe na Figura 19 a fibra de poliamida. Figura 19 - Fibra de Poliamida ou Nylon Fonte: Shutterstock. MATERIAIS TÊXTEIS 38 A fibra de Poliamida revolucionou a Segunda Guerra Mundial, pois passou a ser utilizada na fabricação de paraquedas no lugar da seda. Sem o estoque de seda que vinha do Japão, os Estados Unidos da América procuraram uma fibra substituta e escolheram a poliamida devido a sua resistência. A DuPont passou a fornecer todo o seu es- toque para a fabricação de equipamentos e roupas militares. Fonte: adaptado de Pezzolo (2013). SAIBA MAIS A Microfibra é outra fibra de destaque e, como o nome já diz, “micro” se refere a filamentos extre- mamente finos de poliamida, poliéster ou acrílico que foram lançados no mercado nos anos de 1990 (PEZZOLO, 2013). De acordo com Kuasne, essa fi- bra pode ser utilizada em combinação com outros tecidos ou sozinha. A autora descreve as seguintes características: • alta flexibilidade; • brilho suave; • alta absorção de água e do óleo; • alta agilidade de limpeza; • grande área superficial e estrutura densa; • alta isolação do calor; • um tato especialmente suave e sedoso; • uma elevada comodidade ao uso e uma boa atividade respiratória; • um aspecto sedoso e uma estrutura espessa; • uma queda fluente, similar a das fibras natu- rais; • uma boa durabilidade. Todas essas características possibilitam a essa fi- bra diversos usos, tais como: “malharia, tecelagem, moda feminina, moda masculina e moda infantil, incluindo roupas íntimas, peças esportivas, meias e demais artigos” (PEZZOLO, 2013, p. 137). Cabe destacar aqui que o uso da Microfibra é bastante intenso na camisaria, principalmente em combinação com o algodão, pois essa fibra adicio- na ao algodão maior capacidade de secagem, maior maciez e principalmenteminimiza o amarrotamen- to (KUASNE, 2008; UDALE, 2015). Udale (2015) ressalta ainda que, dependendo da combinação da microfibra com outras fibras, ob- tém-se diferentes resultados. Tactel é uma marca registrada da DuPont, com- posto unicamente por Poliamida que permite alta secagem e transpiração. Devido a essas caracterís- ticas é muito utilizado na confecção de roupas mas- culinas para banho ou mesmo bermudas, como cal- ções e shorts de banho (PEZZOLO, 2013). Cabe destacar ainda que Tactel podem ser em- pregados na fabricação de uniformes, roupas espor- tivas como calças e jaquetas para o público masculi- no, feminino e infantil. A Supermicrofibra é uma variação da Microfi- bra, ou seja é muito mais fino do que a Microfibra, o que lhe garante várias características específicas o que permite confeccionar tecidos extremamente le- ves, macios e confortáveis (PEZZOLO, 2013). De acordo com Pezzolo (2013, p. 137), as princi- pais características dessas fibras são: • durabilidade; • facilidade de lavar; • secagem rápida; • dispensa ferro de passar; • mantém a coloração após várias lavagens; DESIGN 39 • toque agradável à pele; • permite a respiração da pele, mantendo o equilíbrio térmico. Assim como as demais fibras sintéticas, ela pode ser usada em conjunto com outras fibras ou sozinha, o que permite obter tecidos com diferentes texturas e usos. O Poliéster é a fibra mais barata encontrada no mercado, que tende a expandir seu uso devido ao preço e à capacidade de adquirir diferentes texturas e usos dentro e fora da cadeia têxtil, tornando-se a mais utilizada nesse setor (PEZZOLO, 2013). “Desenvolvida em 1941 a fibra de Poliéster é ob- tida do petróleo bruto ou do gás natural por meio de recursos não renováveis” (UDALE, 2015, p. 54). O autor afirma ainda que, apesar de apresentar-se Utilizar tecidos reciclados como o PET é uma boa oportunidade de pensar a produção têxtil e minimizar os impactos ambientais e utili- zação de materiais, buscando promover a sustentabilidade. REFLITA Figura 20 - Fibra de Poliéster Fonte: Shutterstock. como uma fibra de alto impacto ambiental, se ela for utilizada sozinha para a confecção de peças, elas po- dem ser recicladas. Além disso, também é possível obter essa fibra por meio da reciclagem de garrafas PET. Observe na imagem a seguir a aparência de uma fibra de Poliéster. MATERIAIS TÊXTEIS 40 Nesta imagem, observa-se que essa fibra tem a aparên- cia de pequenas plumas, as principais características desse material de acordo com Kuasne (2008, p. 69), são: • As fibras de poliéster possuem alta elastici- dade e são excelentes pela ótima estabilidade dimensional. • São termoplásticas, resistentes à ruptura e ao desgaste. • Sua solidez em estado úmido é igual à solidez em estado seco e apresentam alta resistência às influências da luz e condições climáticas, bem como aos insetos nocivos e à formação de bolor. • Tem boa resistência aos agentes químicos sintéticos e naturais. • Apresentam grande dificuldade ao tingimen- to e tem reduzido poder de absorver umida- de. • As fibras para fio fiado têm tendência pode- rosa a formar “pilling”. Existem, todavia, ti- pos pobres em “pilling”. Pezzolo (2013) afirma que devido a essas caracte- rísticas é possível desenvolver fibras para diferentes usos. Veja a seguir quatro exemplos apresentados por Pezzolo (2013): • Poliéster/Meryl: microfibra de poliéster e po- liamida - utilizado no vestuário em geral. • Fibra Tergal-Algodão: fibra curta acrescida a tecidos 100% algodão, utilizada em todo o setor de vestuário. • Fibra Tergal-Trech: fibra de poliéster utiliza- da na fabricação de não tecidos, combinada a fibras naturais ou artificiais para a fabrica- ção de cobertores, toalhas, tapetes, forrações de carpetes, fronhas e lençóis hospitalares e aventais. • Fibra Tergal-Lofty: desenvolvida para aplica- ção em mantas de enchimento como: vestuá- rio, edredons, travesseiros e brinquedos. Observa-se, portanto, que os usos do poliéster são variados de acordo como é combinado a outras fi- bras ou simplesmente modificado para ser utilizado para determinados fins. A última das fibra sintéticas é o Polipropileno, obtido por meio do propeno. Essa fibra apresenta pouca importância para o setor de vestuário. Sua maior utilização se dá na produção de sacarias, pois suas características proporcionam um bom armaze- namento e acondicionamento de produtos (PEZZO- LO, 2013). Na próxima unidade, veremos a transforma- ção de todas essas fibras em fios, classificando-os e apontando seus usos. Até a próxima. 41 considerações finais Neste encontro sobre a apresentação da cadeia têxtil e as fibras, a intenção, aluno(a), foi lhe apresentar a base para compreender como são confeccionados os tecidos, material que dará corpo e forma às suas criações. Ao lhe apresentar toda a estrutura do setor têxtil, desde a fibra à confecção, logo no início desta unidade, buscou-se inseri-lo um pouco no mundo dos tecidos, para então dar continuidade ao conteúdo, apresentando as fibras, o material base para a confecção dos tecidos. A cadeia de produção do tecido é extremamente ampla e complexa e se inicia com a produção da fibra, para então dar sequência até o produto final que é a roupa. Ao longo dessa disciplina, Materiais Têxteis, todos os processos até a elaboração do tecido lhe serão apresentados. As fibras são os materiais básicos que dão suporte aos tecidos, como vimos, elas são divididas em naturais, artificiais e sintéticas. As fibras naturais são aquelas pro- venientes da natureza, podendo ser de origem vegetal, como o algodão e o linho, ou animal, como a seda e a lã. As fibras artificiais são em sua maioria obtidas da celulose das árvores, como a viscose, por exemplo, no entanto, não podemos esquecer que elas também podem ser obtidas da borracha e de outros materiais (carbono e vidro). Essas fibras, assim como as naturais, podem ser utilizadas na confecção de uma grande variedade de tecidos, inclusive imitando outras fibras por meio de tratamentos. Por fim, temos as fibras sintéticas, que são aquelas derivadas do petróleo. Ao todo, foram-lhe apresentadas oito fibras com as mais variadas característica que po- dem ser empregadas em diversos setores da cadeia têxtil. As fibras mais conhecidas são a poliamida e o poliéster, por exemplo. Cada uma dessas fibras possui um papel significante na produção têxtil e que você verá ao longo dessa disciplina. 42 atividades de estudo 1. O setor têxtil apresenta uma cadeia de produção bastante longa. Defina o que é o setor têxtil. 2. Ao contrário do que muitos imaginam, a produção de têxteis não envolve so- mente a passarela e a beleza, mas todo um setor produtivo. Descreva as ati- vidades que envolvem todo sistema produtivo têxtil. 3. As fibras são os materiais básicos para confecção do tecido. Marque a afirma- tiva que apresenta a definição correta de fibra. a. Fibras têxteis são materiais filamentosos o que permite sua transformação em fios e, portanto, em tecidos. b. Fibras são fios naturais que permitem sua transformação em fios e, portanto, em tecidos. c. Fibras têxteis são caules fibrosos o que permite sua transformação em fios e, portanto, em tecidos. d. Todas as alternativas estão corretas. e. Nenhuma das alternativas está correta. 4. Existem diferentes tipos de fibras: as naturais, artificiais e sintéticas. Referen- tes às fibras naturais, marque a alternativa correta. I. Existem fibras naturais de origem animal e vegetal. II. As fibras naturais vegetais são aquelas provenientes de plantas como algodão, linho, sisal e viscose. III. A seda é produzida por meio do casulo do bicho da seda. IV. A lã pode ser obtida da ovelha e de outros animais como a lhama. Marque a alternativa correta. a. Apenas I, II e III estão corretas. b. Apenas I e III estão corretas. c. Apenas I, II e IV estão corretas. d. Apenas II e IV estão corretas. e. Nenhuma das alternativas está correta.43 atividades de estudo 5. Há uma grande variedade de fibras artificiais. Referente a essas fibras, mar- que V para verdadeiro e F para falso. ( ) As fibras artificiais são divididas em celulósicas e não celulósicas. ( ) O Acetato pode ser utilizado para panos para guarda-chuva. ( ) O Triacetato é uma fibra obtida da polpa da madeira, assim se enquadra nas fibras não celulósicas. ( ) As fibras não celulósicas são: Alginato, Borracha, Carbono, Caseína, Metálica e Vidro. Marque a alternativa correta: a. V, V, V, F. b. F, V, V, V. c. V, F, V, V. d. V, V, F, V. e. Nenhuma das alternativas está correta. 6. Uma das fibras mais relevantes e utilizadas no setor têxtil, em se tratando das artificiais, é a viscose. Descreva as características e usos dessa fibra. 7. As fibras sintéticas são aquelas provenientes do petróleo. Marque a alterna- tiva que apresenta a fibra mais barata e utilizada no setor têxtil. a. Poliamida. b. Triacetato. c. Carbono. d. Microfibra. e. Nenhuma das alternativas está correta. 44 LEITURA COMPLEMENTAR Desde a Pré-História que os Homens vêm confeccionando a sua própria roupa. Os seus utensílios de costura eram principalmente sovelas e agulhas feitas em osso, espinhas, ma- deira e mais tarde o bronze. Com a racionalização do trabalho sentiu-se a necessidade de construir máquinas, máqui- nas estas que foram se desenvolvendo ao longo dos séculos. Durante muitos anos as má- quinas utilizadas eram a “Roca” e o “Fuso”, aparecendo mais tarde o “Rouet” (nos princípios do séc. XVI). No século XVIII, na Europa, antes do aparecimento do algodão, as fibras utilizadas eram a lã, o linho e a seda. Mas já nos fins do mesmo século os Ingleses conseguiram fabricar um tecido a que deram o nome de “JULINE”. Este tecido era composto de fios de algodão e de linho, sendo o seu sucesso tal que a sua fabricação era insuficiente para consumo, vendo-se as indústrias na necessidade de importar grande quantidade de fio produzido em outros países. Thomas Higgs foi o inventor da primeira fiandeira, a “Spinning-Jenny”, que tinha apenas seis fusos. Tendo sido aperfeiçoada mais tarde por James Hargreaves, a nova máquina não fabricava porém mais do que a trama (o urdume empregue nos tecidos era sempre um fio de linho). Higgs vendo o seu sucesso, resolve aperfeiçoar o seu invento, conseguindo inventar a “Fiandeira Contínua” para fiar o urdume, a qual deu o nome de “Throstte” ou “Watter Frame”. Em 1775, Samuel Compton, juntou as máquinas “Spinning Jenny” e “Throstte” e construiu a “Mule-Jenny”. Mas só passados cerca de vinte anos depois da invenção, é que esta máquina teve a sua verdadeira aplicação. 45 LEITURA COMPLEMENTAR Durante cerca de dois séculos os progressos não pararam na Inglaterra, França e E.U.A. Com o decorrer dos tempos surgiu a necessidade de se produzirem fibras artificiais. Tal fato surgiu, devido a produção de fibras naturais não acompanhar o ritmo do seu consumo. Estas fibras apareceram nos fins do século XIX. O iniciador de tal proeza foi o “Conde Hilaire de chardonet” quando em 1889 apresentou em paris amostras de seda artificial. Por volta de 1941, em Inglaterra, “J.R. Winfield” desco- briu a fibra de poliéster intitulada comercialmente de “Terylene” neste país e de “Dacron” nos E.U.A. A produção em grande escala desta fibra só começou em 1955 nas fábricas da I.C.I. Outra fibra sintética de grande importância é a conhecida pelo nome genérico de fibra acrílica. As fibras de náilon ou poliamida, as fibras de poliéster e as fibras acrílicas são atualmente as de maior utilização têxtil. Depois da Segunda Grande Guerra são introduzidas grandes melhorias nos sistemas de estiragem que permitem obter fios de melhor qualidade e com menos etapas de torção. Fonte: Kuasne (2008). MATERIAIS TÊXTEIS 46 Fio a fio: tecidos, moda e linguagem Gilda Chataignier Editora: Estação das Letras Ano: 2003 Sinopse: é um livro repleto de informações sobre os te- cidos. Suas histórias e origens, seus processamentos téc- nicos, seus usos e costumes, o fascínio ou a surpresa de identificar uma textura são pontu- ações importantes deste livro. O lado prático costura estética com comportamento e passa noções da arte de escolher tecidos diante de tendências profissionais ou desejos pessoais. Há indicações de quais os tecidos, cores e estampas eram utilizados em cada século da His- tória da Moda. E muitos metros a mais. Uma viagem sobre o universo têxtil, guiada por Gilda Chataignier, uma jornalista que possui o tecido em seu DNA. A moda dos polímeros e fibras sintéticas O vídeo faz uma apresentação de forma breve trazendo exemplos do que são as fibras sinté- ticas e em que tipo de roupas elas estão presentes. Em: <https://www.youtube.com/watch?v=t9D1fVAP65M> 47 referências AGUIAR NETO, Pedro Pita. Fibras Têxteis. Rio de Janeiro: SENAI-DN: SENAI-CETIQT: CNPQ: IBICT:PADCT: TIB, 1996. v 2. BERLIM, Lilyan. Moda e sustentabilidade: uma reflexão necessária. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2012. CASSEL, Gabriela Piageti; KINDLEIN JÚNIOR, Wilson; CHYTRY, Silvia; KUNZLER, Lizandra Ste- chman Quintana. Revisão das Principais Propriedades das Fibras Têxteis e Compilação de Inovações Geradas Devido ao Uso de Novos Materiais no Design de Moda. Congres- so Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento, 2002. CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras, 2006. GUIMARÃES, Bárbara; MARTINS, Suzana Barreto. Proposta de metodologia de prevenção de resíduos e otimização de produção aplicada à indústria de confecção de pequeno e mé- dio porte. Projética, v. 1, p. 184-200, 2010. KUASNE, Ângela. Fibras têxteis. Ministério da Educação: Secretaria de Educação Média e Tecnológica - Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina: Unidade de Ara- ranguá, 2008. Disponível em: <https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/8/88/Apostila_fi- bras.pdf>. Acesso em 08 jun. 2017. LAVER, James; CARVALHO, Glória Maria de Mello. A roupa e a moda: uma história concisa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001 PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4. ed. rev. e atual. São Pau- lo: Senac São Paulo, 2013. PIMENTEL, Fernando Valente. Seminário Internacional de inovação no setor têxtil: de- safios e novos rumos para a indústria da moda. ABIT. 2013. Disponível em: <http://www. sinditextilce.org.br/pdf/nic/estudo/SIIT_PALESTRA%203%20ABIT_Estrat%C3%A9gias%20 para%20o%20Fortalecimento%20da%20Cadeia%20Produtiva%20T%C3%AAxtil.pdf>. Aces- so em: 31 mai. 2017. PRADO, Marcelo Vilin. Relatório Setorial da Indústria têxtil Brasileira. Brasil Têxtil. IEMI: 2014. RIBEIRO, Luiz Gonzaga. Introdução à tecnologia têxtil. Rio de Janeiro: SENAI/CETIQT, 1984. SISSONS, Juliana. Malharia. Porto Alegre. Bookman, 2012. UDALE, Jenny. Tecidos e moda: explorando a integração entre o design têxtil e o design de moda. 2. ed. Porto Alegre. Bookman, 2015. 48 gabarito 1. O setor têxtil pode ser definido como aquele que transforma fibras em fios, fios em tecidos planos e malhas em uma infinidade de produtos. 2. Essa cadeia se inicia com as fibras e filamentos, que podem ser naturais, ar- tificiais ou sintéticas, fiação, tecelagem, malharia, beneficiamento de tecidos, aviamentos, confecção que se divide em linha lar, vestuário e tecidos para sa- caria, automotivos dentre outros. Por fim, as vendas: exportação, varejo físico, vendas por catálogo, vendas eletrônicas e a chegada ao consumidor final. 3. A. 4. C. 5. D. 6. As fibras e fios de viscose possuem “características bem próximas aos do al- godão como: absorção de umidade, resistência, maciez ao toque e caimento” (PEZZOLO, 2013, p. 129). De acordo com Kuasne (2008), devido a essas características, essa fibra é mui- to utilizada em uma grande variedade de produtos, tais como: • Tecidos para vestuário feminino, vestuário esportivo e forros. • Têxteis para o lar, como toalhas de mesa e tecidos de estofamento de mobiliário.• Aplicações técnicas e industriais, por exemplo, telas para filtros, não teci- dos e chumaços. 49 gabarito A autora prossegue afirmando os benefícios desse material: • Maior conforto, especialmente em climas quentes. Em contato com o cor- po, transmite uma agradável sensação de suavidade e frescor. • Absorção de água elevada, importante em aplicações como toalhas de ba- nho, artigos de limpeza, absorventes higiênicos etc. • Elevada transferência de calor, mais uma característica que torna a viscose adequada ao clima quente. • Em puro, apresenta um caimento fluido. Quando utilizada em conjunto com outras fibras, facilita a adequação do caimento à aplicação. • Boa solidez das cores, por isso não desbota. • Toque suave e macio, permitindo a fabricação de tecidos e malhas mais confortáveis. 7. E. Professora Dr.ª Paula Piva Linke Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Conceituar o que é fio e sua preparação para a fiação. • Descrever como se dá o processo de transformação da fibra em fio. • Descrever os principais fios e sua classificação. Objetivos de Aprendizagem • Fios • Fiação Penteada, Anel e a Rotor • Classificação de Fios FIAÇÃO II unidade INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo a mais uma unidade da disciplina de Materiais Têxteis. Nesta unidade, você dará continuidade ao apren- dizado que leva à construção dos tecidos. Após conhecer as fibras, você conhecerá os fios e como se dá a sua construção. Esta unidade encontra-se dividida em três partes. Inicialmente você compreenderá o que são os fios e como se dá o processo de preparação para a fiação. Em se tratando da fiação, você deve se lembrar que cada fibra tem suas características que irão influenciar no fio e seu processo de tece- lagem. Depois de conhecer esse processo, você entenderá como se dá o processo de fiação, mais especificamente a fiação penteada, anel e a rotor. Cada um desses processos tem suas características e particularidades e proporcionam a produção de fios com diferentes qualidades. Por fim, na terceira parte, você verá quais são os tipos de fios, sua classificação e utilização no setor têxtil. A classificação dos fios envolve uma série de questões como textura, formato dentre outros elementos. Isso também envolve o tipo de fibra que compõem o fio e o tipo de pro- cesso de fiação. Muitas vezes são elaborados fios especiais com o intuito de atender a uma determinada demanda de mercado ou então buscando desenvolver um produto diferenciado. A intenção é que você conheça alguns desses produtos e seus usos. Outro elemento que precisa ficar claro é que é possível misturar di- ferentes fibras para obter fios mistos, ou seja, fios de algodão e poliéster, entre outras possibilidades. A variedade de fios é bastante grande, assim serão apresentados aqui os mais representativos. Nesta unidade, a intenção é que você adquira o conhecimento neces- sário sobre os fios para que então possamos prosseguir para a tecelagem. Espero que isso o ajude em sua jornada na busca de conhecer o setor têxtil. Boa leitura! MATERIAIS TÊXTEIS 54 Fios Antes de começarmos a falar sobre o processo de construção do fio, aluno(a), cabe aqui apresentar o que são os fios, o que se entende por um fio têxtil. Em seguida, serão apresentados os processos de fia- ção e como ocorrem. De acordo com Cassel et al. (2002, p. 08), “os fios são materiais constituídos por fibras naturais, artifi- ciais ou sintéticas, e que são processados dentre as diversas operações de fiação. Esses são caracteriza- dos pela origem, processo, regularidade, diâmetro e peso”. A definição apresentada pela autora expressa não somente a ideia de que o fio é um elemento que deriva de um processo produtivo, mas também de que ele está ligado às fibras, o que lhe garante as ca- racterística da matéria utilizada ou da combinação de mais de uma delas. DESIGN 55 É importante que você saiba quais são as fi- bras e suas características, pois elas são a base dos fios e dos tecidos. Ao conhecê-las você entenderá muito sobre os usos do tecido e como mantê-lo. REFLITA Cabe ressaltar que as fibras possuem característi- cas variadas, especialmente em relação ao seu com- primento. Assim, um fio pode ser monofilamento, constituído por um único filamento, como o fio de seda, que possui comprimento bastante extenso, po- dendo chegar a 1.000 m. As fibras de nylon, acetato e poliéster também possuem quilômetros de compri- mento e formam esse tipo de fio (PEZZOLO, 2013). Figura 1 - Fio de seda Fonte: Shutterstock. MATERIAIS TÊXTEIS 56 O fio também pode ser multifilamento, ou seja, for- mado por um conjunto de dois ou mais filamentos, por exemplo, o fio de algodão, linho, juta, rami, den- tre outras fibras curtas que precisam ser agrupadas para formar o fio (PEZZOLO, 2013). Existem diferentes processos para a fiação, uma sequência de atividades que deve obedecer a uma ordem e estrutura para se obter o fio. Basicamente existem dois processos: a fiação anel e a fiação por rotor (open end) (RIBEIRO, 1984). Contudo, há ainda outros processos como a fia- ção penteada, como afirma Pereira (2009). No qua- dro abaixo, é possível visualizar os processos de fia- ção. Preparação à Fiação Abertura Automática ou Manual Batedores Cardas Passadores Fiação Penteada Reunideiras Penteadeiras Fiação Convencional Maçaroqueira Filatórios de Anéis Bobinadeiras/Conicaleiras Retorcedeiras Fiação Não Convencional (Open End) Filatórios Open End (Rotor) Quadro 1 - Fluxograma do processo de fiação Fonte: Pereira (2009, p. 20). Vejamos na sequência, no próximo tópico, cada um desses processos que aparecem no Quadro 1. Antes de se iniciar o processo de fiação, há que se preparar a fibra para tal processo. O processo de preparação consiste em: abertura automática ou manual, bate- dores, carda e passadores (PEREIRA, 2009). Muitas fibras, principalmente as naturais, como o algodão, por exemplo, após extraídas da planta são armazenadas em fardos. Devido a esse processo de armazenamento, é preciso separar as fibras e abri-las para a fiação. “A abertura é feita por um equipamen- to, automático ou manual, que coleta pequenas por- DESIGN 57 ções de cada fardo e as submete a batimentos para remoção de impurezas” (PEREIRA, 2009, p. 22). Ou seja, nesse processo o algodão entra na forma de plumas e sai na forma de flocos, sem impurezas como sementes, pequenos galhos e folhas (RIBEI- RO, 1984). Em seguida, há a cardagem: “o principal objeti- vo da cardagem consiste em separar as fibras umas das outras, libertando-as das impurezas que ainda possam estar na matéria-prima. A carda possibili- ta ainda uma mistura mais íntima das fibras” (PE- REIRA, 2009, p. 22), ou seja, as fibras curtas e mais alongadas que agrupam formando uma manta com dois tipos de fibras curtas e longas. Essa manta passa pela carda onde é transformada em fitas ao invés de permanecerem separadas. No processo de cardagem entre uma manta que é separada em fitas. Ribeiro (1984) destaca que os passadores são o último processo da preparação para a fiação. Essa etapa tem como “objetivo uniformizar o peso por unidade de comprimento, paralelizar as fibras por meio da estiragem e misturar as fibras” (PEREIRA, 2009, p. 22). Durante esse processo, o passador pega as 8 fitas que saem da carda e transforma em uma única fita, uniforme em espessura, formato e peso. Na pré-história o processo de fiação era rea- lizado manualmente, onde um chumaço de fibras (lã, algodão ou linho, por exemplo) era estirado e depois torcido. Nas antigas Grécia e Roma o processo de fiação era realizado por um aparelho chamado ROCA. Uma evolução da roca primitiva foi a invenção da roca com tambor onde a fiadora podia ficar sentada. Com a revolução industrial da Inglaterra, au- tomatizou-se o processo de fiação, transfor- mando as rocas em máquinas que chamamos nos dias de hoje de Filatórios.
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