Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LISTA 1 Equações Diferenciais - 2020.2 Definição de sequências Convergência de sequências Sequências monótonas; limitadas Exercício 1 As seguintes sequências têm um padrão natural de continuação. Usando tal padrão determine uma fórmula para o n−ésimo termo da sequência. (a) 1, 3, 5, 7, 9, . . . (b) 99, 199, 299, 399, 499, . . . (c) 23 , 3 2·4 , 4 3·5 , 5 4·6 , 6 5·7 , . . . (d) − 12 , 2 5 ,− 3 8 , 4 11 ,− 5 14 , . . . Exercício 2 Verifique se as sequências são crescentes, decrescentes ou não-monótonas. Determine também se são limitadas superiormente e inferiormente. (a) { n 2n+ 1 } (b) { (−3)n n } (c) { 3n n! } para n ≥ 3 (d) { nn n! } (e) { n2 − 1 n2 + 1 } (f) { 1− (−1)n 5 } Exercício 3 (a) Toda sequência limitada tem limite? Explique. (b) Toda sequência que tem limite é limitada? Explique. (c) Toda sequência monótona é convergente? Explique. (d) Toda sequência convergente é monótona? Explique. Exercício 4 Verifique que as sequências {an} abaixo são decrescentes e tem limitante inferior. O que você pode dizer a respeito da convergência destas sequências? (a) an = n 3n (b) an = 1 · 3 · 5 · · · (2n− 1) (2n)n Exercício 5 Verifique se as sequências são convergentes ou divergentes: (a) { en n3 } (b) { 3 + 5n2 n+ n2 } (c) { sen (nπ 2 )} (d) { ln(n) n2 } (e) { sen(2n) 1 + √ n } (f) {( n n+ 1 )n} (g) { (−1)n2 } (h) { 2nn! (2n+ 1)! } (i) { 1− cos(2n) 2n } (j) { n! + n2 2n! + n } (k) { e2n (1 + 2en)2 } 1 Exercício 6 Dados a1, c ∈ R e b1 > 0, considere as sequências (an)n≥1 e (bn)n≥1 dadas pelas relações: (a) an+1 − an = c (b) bn+1 = c · bn. Determine (dependendo de a1, b1 e c), se as sequências (an) e (bn) são monótonas (crescente ou decrescente) e calcule, caso existam, seus limites quando n→∞. Exercício 7 Considere a sequência de Collatz (an) definida por a0 = 24 e an+1 = {an 2 se an for par 3an + 1 se an for ímpar Ela é limitada? Monótona? Convergente? E se fosse a0 = 23, que respostas mudariam? Solução do Exercício 1 (a) an = 2n+ 1 para n ≥ 0 (b) an = 99 + n · 100 para n ≥ 0 (c) an = n (n− 1)(n+ 1) para n ≥ 2 (d) an = (−1)n n 2 + 3(n− 1) para n ≥ 1 Solução do Exercício 2 (a) Os primeiros termos da sequência são 1 3 , 2 5 , 3 7 , . . . . Podemos verificar que 1 3 < 2 5 < 3 7 . Isto sugere que a sequência é estritamente crescente. De fato, para todo n, n 2n+ 1 < n+ 1 2(n+ 1) + 1 ⇐⇒ n(2n+ 3) < (n+ 1)(2n+ 1) ⇐⇒ 2n2 + 3n < 2n2 + 3n+ 1 ⇐⇒ 0 < 1 Como vale esta última desigualdade, vale a primeira, o que significa que a sequência é crescente. Agora, em relação à limitação da sequência, observamos primeiro que todos os termos da sequência são positivos (0 < n 2n+ 1 ). Logo ela é limitada inferiormente. Por outro lado, temos que n < 2n+ 1 para todo n. Isto implica que n 2n+ 1 < 1 para todo n. Logo a sequência é limitada superiormente. (b) Os primeiros termos da sequência são −3 1 , 9 2 , −27 3 , . . . . Observamos que o termo an é maior que 0 se n é par e menor que 0 se n é ímpar. Logo a sequência não pode ser nem crescente nem decrescente. Logo ela não é monótona. Agora, chamando bn = 3n n , note que an = (−1)nbn 2 Queremos estudar o comportamento da sequência {bn}. Observe que 3n = en ln 3. Para determinar limn→∞ en ln 3 n , observe que se trata de uma indeterminação do tipo “ ∞ ∞". Portanto, podemo usar a regra de L’Hôpital obtendo que lim n→∞ en ln 3 n = lim n→∞ ln 3en ln 3 1 =∞ Temos assim que a sequência {bn} vai para infinito. Como an = (−1)nbn, temos que an = bn (para n par) ou an = −bn (para n ímpar). Assim a sequência {an} não é limitada inferiormente nem superiormente. (c) Os primeiros termos da sequência são 27 6 , 81 24 , 243 120 , . . . . Podemos verificar que 27 6 > 81 24 > 243 120 . Isto sugere que a sequência é estritamente decrescente. De fato, 3n n! > 3n+1 (n+ 1)! ⇐⇒ (n+ 1)! n! > 3n+1 3n ⇐⇒ n+ 1 > 3 ⇐⇒ n > 2 Logo a sequência a partir de n = 3 é estritamente decrescente. Usando este fato, podemos concluir que 3n n! ≤ 27 6 para todo n ≥ 3. Ou seja, a sequência é limitada superiormente. Por outro lado, todos os termos da sequência são positivos, o que implica que ela é limitada inferiormente. (d) A sequência é estritamente crescente, pois nn n! < (n+ 1)n+1 (n+ 1)! ⇐⇒ n n n! < (n+ 1)n n! ⇐⇒ nn < (n+ 1)n. Portanto, a sequência é limitada inferiormente. Por outro lado, a sequência não é limitada superiormente, pois nn n! = n n · n n− 1 · n n− 2 · n n− 3 · · · · n 2 · n 1 > 1 · 1 · 1 · 1 · · · · · 1 · n = n (e) A sequência é estritamente crescente. Pode verificar mostrando diretamente que an < an+1 ou usando a função f(x) = x2 − 1 x2 + 1 . Como é crescente, é limitada inferiormente. Por outro lado, notemos que vale n2 − 1 < n2 + 1 para todo n, logo n 2−1 n2+1 < 1 para todo n. Assim, a sequência é limitada. (f) Para n par, 1−(−1) n 5 = 0. Para n ímpar, 1−(−1)n 5 = 2 5 . Logo a sequência não é monótona, mas é limitada. Solução do Exercício 3 (a) Não. Por exemplo, an = (−1)n é limitada mas não tem limite. (b) Sim. Informalmente: se a sequência tem limite L, a partir de algum índice ela fica entre (digamos) L−0.1 e L + 0.1, e portanto este “rabo” da sequência é limitado. Como sobram apenas uma quantidade finita de termos antes daquele índice (e qualquer conjunto finito de números é limitado), a sequência como um todo tem que ser limitada também. (c) Não. Por exemplo, bn = n é monótona mas diverge. (d) Não. Por exemplo, cn = (−1)n/n, ou seja, (cn) = −1, 1/2,−1/3, 1/4, ... não é monótona mas converge para 0. 3 Solução do Exercício 4 (a) Os primeiros termos da sequência são 1 3 , 2 9 , 3 27 , . . . . Podemos verificar que 1 3 > 2 9 > 3 27 . Isto sugere que a sequência é estritamente decrescente. De fato, para todo n, n 3n > n+ 1 3n+1 ⇐⇒ 3 n+1 3n > n+ 1 n ⇐⇒ 3 > n+ 1 n ⇐⇒ 3n > n+ 1 ⇐⇒ 2n > 1 Como vale esta última desigualdade, vale a primeira, o que significa que a sequência é decrescente. Por outro lado, todos os termos da sequência são positivos, logo a sequência é limitada inferiormente. Pelo teorema da sequência monótona, temos que a sequência {an}é convergente. (b) Vamos entender primeiro como estão definidos os termos de esta sequência. Lembremos que an = 1 · 3 · 5 · . . . (2n− 1) (2n)n No numerador aparecem multiplicados os primeiros números ímpares, começando desde 1 até 2n− 1. Para n = 1, 2n− 1 = 2 · 1− 1 = 1, portanto na fórmula acima, no numerador só vai ter o termo 1. Não vai aparecer nem 3 nem 5 nem nenhum outro número ímpar. Portanto, segundo a fórmula de an, a1 = 1 2 Para n = 2, 2n− 1 = 2 · 2− 1 = 3, portanto na fórmula acima, no numerador só vai ter o produto de 1 e de 3. Não vai aparecer nem 5 nem nenhum outro número ímpar. Portanto, segundo a fórmula de an, a2 = 1 · 3 42 Para n = 3, 2n− 1 = 2 · 3− 1 = 5, portanto na fórmula acima, no numerador só vai ter o produto de 1, de 3 e de 5. Não vai aparecer nenhum outro número ímpar. Portanto, segundo a fórmula de an, a3 = 1 · 3 · 5 63 E desta mesma maneira podemos determinar todos os termos da sequência. Podemos verificar facilmente que vale a1 > a2 > a3. O termo n+ 1−ésimo da sequência é an+1 = 1.3.5. · · · (2n− 1) · (2(n+ 1)− 1) ((2(n+ 1))n+1 = 1.3.5. · · · (2n− 1) · (2n+ 1) 2n+1(n+ 1)n(n+ 1) Então an+1 < an ⇐⇒ 1.3.5. · · · (2n− 1) · (2n+ 1) 2n+1(n+ 1)n(n+ 1) < 1.3.5. · · · (2n− 1) 2n(n)n ⇐⇒ 1.3.5. · · · (2n− 1) · (2n+ 1)2 nnn 1.3.5. · · · (2n− 1)2n+1(n+ 1)n(n+ 1) < 1 ⇐⇒ (2n+ 1) 2(n+ 1) nn (n+ 1)n < 1 ⇐⇒ 2n+ 1 2n+ 2 ( n n+ 1 )n < 1 E esta última desigualdade vale porque 2n+ 1 2n+ 2 < 1 e n n+ 1 < 1 (se n n+ 1 < 1, então ( n n+1 )n < 1). Portanto a sequência é decrescente. Como todos os termos da sequência são positivos, a sequência é limitada inferiormente. Pelo teorema da sequência monótona, temos que a sequência {an}é convergente. 4 Solução do Exercício 5 (a) Observe que se trata de uma indeterminação do tipo "∞∞". Portanto, podemo usar a regra de L’Hôpital obtendo que lim n→∞ enn3 = lim n→∞ en 3n2 Usando a regra de L’Hôpital mais duas vezes temos que lim n→∞ en n3 = lim n→∞ en 3n2 = lim n→∞ en 3 · 2n = lim n→∞ en 3 · 2 · 1 =∞ Assim a sequência diverge. (b) Dividindo numerador e denominador pela maior potência que aparece no denominador, temos lim n→∞ 3 + 5n2 n+ n2 = lim n→∞ 3 n2 + 5 1 n + 1 = 5 1 = 5 pois lim n→∞ 3 n2 = lim n→∞ 1 n = 0. (c) sen(0) = 0, sen(π/2) = 1, sen(π) = 0, sen(3π/2) = −1· e sen(θ + 2π) = sen(θ). Portanto, a sequência vai repetindo os valores 0, 1,−1. Desta forma a sequencia não converge. (d) ln(n)n2 é uma indeterminação do tipo " ∞ ∞". Assim podemos usar a regra de L’Hôpital: lim n→∞ ln(n) n2 = lim n→∞ 1 n 2n = lim n→∞ 1 2n2 = 0. Portanto, a sequência é convergênte. (e) Observe primeiro que para todo n ∈ N vale −1 ≤ sen(2n) ≤ 1 e então −1 1 + √ n ≤ sen(2n) 1 + √ n ≤ 1 1 + √ n Agora, lim n→∞ −1 1 + √ n = 0 e lim n→∞ 1 1 + √ n = 0. Então pelo teorema do Confronto, temos que lim n→∞ sen(2n) 1 + √ n = 0. (f) Os termos da sequência do exercício são f(n), onde f(x) = ( x x+ 1 )x . Vamos estudar o comportamento de f(x), quando x vai para infinito, pois se limx→∞ f(x) existir, então limx→∞ f(x) = limn→∞ f(n). Para calcular limx→∞ f(x), vamos reescrever f(x), f(x) = e x ln ( x x+ 1 ) Agora, escrito assim, para calcular limx→∞ f(x) é suficiente calcular o limite do expoente que aparece na expressão de f(x). lim x→∞ x ln ( x x+ 1 ) é uma indeterminação do tipo∞·0. Como queremos usar L’Hôspital, vamos reescrever esta expressão e calcular o limite da seguinte maneira lim x→∞ x ln ( x x+ 1 ) = lim x→∞ ln ( x x+1 ) 1 x =︸︷︷︸ Aplicando l’Hõspital lim x→∞ x+1 x 1 (x+1)2 − 1x2 = lim x→∞ − x x+ 1 =︸︷︷︸ Aplicando l’Hõspital −1 5 Usando o valor deste limite e a continuidade da função exponencial, temos que lim x→∞ f(x) = lim x→∞ e x ln ( x x+ 1 ) = e−1. Portanto lim n→∞ ( n n+ 1 )n = lim n→∞ f(n) = e−1. Aqui termina a conta! Outra maneira mais simples de verificar o valor do limite, seria lembrando que lim n→∞ ( n+ 1 n )n = e. Então lim n→∞ ( n n+ 1 )n = lim n→∞ ( 1 n+1 n )n = 1 e . (g) Os termos da sequência são alternadamente iguais a 1 ou -1. Assim, a sequência é divergente. (h) Temos que 0 ≤ 2 nn! (2n+ 1)! = 2n (2n+ 1)(2n)(2n− 1) . . . (n+ 2)(n+ 1) ≤ 1 n+ 1 Pelo teorema do confronto, o limite da sequência é igual a 0. (i) Temos que 0 ≤ 1−cos(2n) ≤ 2 para todo n e lim n 1 2n = 0. Pelo teorema do confronto, lim n 1− cos(2n) 2n = 0. (j) Dividindo numerador e denominador por n! temos n! + n2 2n! + n = 1 + n(n−1)! 2 + 1(n−1)! Agora, para n ≥ 2, 0 ≤ n (n− 1)! = n n− 1 · 1 (n− 2)! ≤ 2 · 1 (n− 2)! Pelo teorema do confronto lim n n (n− 1)! = 0. Também vale que lim n 1 (n− 1)! = 0. Portanto, lim n n! + n2 2n! + n = 1 2 . (k) Dividindo numerador e denominador por e2n temos e2n (1 + 2en)2 = 1 1 e2n + 4 en + 4 Portanto, lim n e2n (1 + 2en)2 = 1 4 . Solução do Exercício 6 (a) Suponhamos que c = 0. Neste caso, an+1 = an para todo n ≥ 1 e portanto a sequência é constante. Toda sequência constante é monótona e tem por limite o valor da constante. Assumamos agora c 6= 0. Assim an+1 = an + c = an−1 + 2c = an−2 + 3c = · · · = a1 + nc. Então a sequência é monótona. Será crescente com limite ∞ quando c > 0 e decrescente com limite −∞ quando c < 0. 6 (b) Observe que bn+1 = c · bn = c2 · bn−1 = · · · = cnb1. Se |c| < 1, temos que limn→∞ cn = 0. Se 0 ≤ c < 1 = 0, a sequência (bn)n≥1 é decrescente e limn→∞ bn = 0. Se −1 < c < 0, a sequência não é monótona, pois vai alternando valores positivos e negativos. Mas ainda vale neste caso que limn→∞ bn = 0. Para estudar o caso |c| ≥ 1 devemos dividir em mais casos: Caso c = 1 temos que bn+1 = b1 para todo n ∈ N. Assim a sequência é constante e como antes, é monótona e o limite é o valor b1. Caso c > 1 temos que limn→∞ cn =∞ e assim (bn)n é crescente e limn→∞ bn =∞. Caso c ≤ −1 temos que não existe limite de cn (e portanto não existe limite de {bn}) pois a sequência oscila entre valores positivos e negativos. Neste caso a sequência não é monótona. Solução do Exercício 7 Iniciando por 24, a sequência seria 24, 12, 6, 3, 10, 5, 16, 8, 4, 2, 1, 4, 2, 1, 4, 2, 1, ... entrando no loop “4-2-1 ”. Por- tanto ela é limitada (entre 1 e 24), mas não é monótona nem convergente. Iniciando por 23, agora temos 23, 70, 35, 106, 53, 160, 80, 40, 20, 10, 5, ... e a partir daqui ela fica idêntica à sequên- cia anterior a partir do 5. Portanto novamente ela é limitada (entre 1 e 160), mas não é monótona nem convergente. Curiosidade: a conjectura de Collatz diz que, qualquer que seja a0 natural positivo, esta sequência mais cedo ou mais tarde recai no loop “4-2-1”. A conjectura foi confirmada computacionalmente para todos os valores de a0 até 268, mas sua veracidade ainda é um problema em aberto na Matematica (vide https: //en.wikipedia.org/wiki/Collatz_conjecture). 7 https://en.wikipedia.org/wiki/Collatz_conjecture https://en.wikipedia.org/wiki/Collatz_conjecture
Compartilhar