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TCC - A INCIDÊNCIA DAS FALSAS MEMÓRIAS NO RECONHECIMENTO DE PESSOAS UMA ANÁLISE DO ARTIGO 226 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E AS FORMAS DE REDUÇÃO DE DANOS

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ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE ENSINO 
 
 
 
 
HERIKSON HANDREY DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INCIDÊNCIA DAS FALSAS MEMÓRIAS NO RECONHECIMENTO DE 
PESSOAS. UMA ANÁLISE DO ARTIGO 226 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
E AS FORMAS DE REDUÇÃO DE DANOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOINVILLE 
2018
 
 
 
HERIKSON HANDREY DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INCIDÊNCIA DAS FALSAS MEMÓRIAS NO RECONHECIMENTO DE 
PESSOAS. UMA ANÁLISE DO ARTIGO 226 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
E AS FORMAS DE REDUÇÃO DE DANOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia submetida à banca examinadora do 
curso de Direito da Faculdade Guilherme 
Guimbala, da Associação Catarinense de Ensino, 
como requisito parcial para obtenção do grau de 
Bacharel em Direito. 
 
Orientador: Vagner Casagrande 
 
 
 
 
 
 
JOINVILLE 
2018
 
 
 
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
 
 
A presente monografia de conclusão de Curso de Direito da FACULDADE GUILHERME 
GUIMBALA, elaborado pelo graduando HERIKSON HANDREY DOS SANTOS, sob o 
título A INCIDÊNCIA DAS FALSAS MEMÓRIAS NO RECONHECIMENTO DE 
PESSOAS. UMA ANÁLISE DO ARTIGO 226 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
E AS FORMAS DE REDUÇÃO DE DANOS, foi submetido em _____de __________de 
2018 à Banca Examinadora, obtendo a média final _____ 
(______________________________________), tendo sido considerada aprovada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Joinville, _____ de _________________ de 2018. 
 
 
 
 
 _________________ __________________ ___________________ 
 Prof. Prof. Prof. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
 
Dedico este trabalho aos meus pais Ary dos Santos Filho e Zelair 
Batista dos Santos, pois sem eles este trabalho e muitos dos meus 
sonhos não seriam realizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradecimentos 
 
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer aos meus pais Ary dos 
Santos Filho e Zelair Batista dos Santos, por todas as vezes que se 
sacrificaram para que eu pudesse ter a oportunidade de seguir em 
busca de meus sonhos e metas. Nem sempre foi fácil ou simples, mas 
através de seus exemplos e dedicação eu pude dar mais um passo. 
Em segundo lugar aos meus amigos, dizem que não é preciso ter 
muitos amigos, mas sim, que os poucos que tivermos em vida sejam 
os melhores possíveis. Dito isso só me resta agradecer a Nathani 
Cristina Cardoso Matias e Vania Reis, a primeira por toda a 
companhia, conversas, risadas, discussões, mas principalmente pela 
pessoa que é sempre foi sincera e honesta, não sabe esconder quando 
esta chateada ou frustrada, sem saber que é isso que a torna única e 
especial. A segunda me ensina pelo exemplo, não importa o quanto 
precise fazer para alcançar um objetivo, ela o faz, no mais fica meu 
agradecimento pelas conversas e apoio de sempre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa 
própria substância, já que viver é ser livre.” 
 
Simone de Beauvoir
 
 
 
DECLARAÇÃO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
 
 
 
 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte 
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Faculdade Guilherme Guimbala, a 
Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer 
responsabilidade acerca do mesmo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Joinville (SC), _____ de _________________ de 2018. 
 
 
 
HERIKSON HANDREY DOS SANTOS 
Graduando 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Um dos meios de provas mais utilizados no processo penal brasileiro são as provas 
testemunhais, mais especificamente no reconhecimento de pessoas ou coisas. Isso ocorre por 
falta de recursos e estruturas técnicas para formação e coleta de outros meios probatórios. A 
problemática reside, na valoração excessiva deste meio de prova, as memórias humanas não 
são como uma câmera fotográfica ou uma filmadora, não possuindo tanta exatidão quanto à 
confiança do próprio individuo o faz acreditar. As falsas memórias são um fenômeno que 
ocorre quando a pessoa lembra-se de fatos que nunca aconteceram, acontecimentos que nunca 
presenciou e de regiões e lugares que jamais esteve, ou quando a lembrança que possui não 
condiz com a realidade fática. O presente trabalho tem como objetivo demonstrar como a 
incidência das falsas memórias é mais comum do que se imagina e como a mesma pode 
interferir nas decisões da seara penal, bem como a forma de redução dos danos. 
 
Palavras-Chave: Falsas Memórias. Provas testemunhais. Reconhecimento de pessoas ou 
coisas. Memórias humanas. Redução dos danos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
One of the most commonly used means of proof in Brazilian criminal proceedings is 
witnessing evidence, more specifically in the recognition of persons or things. This is due to 
lack of resources and technical structures for training and collecting other evidence. The 
problem lies in the excessive valuation of this evidence, human memories are not like a 
camera or a camcorder, not having as much accuracy as the confidence of the individual 
himself makes him believe. False memories are a phenomenon that occurs when the person 
remembers facts that never happened, events that he has never witnessed and regions and 
places that he has never been, or when the memory he possesses is not in keeping with the 
factual reality. The present work aims to demonstrate how the incidence of false memories is 
more common than one imagines and how it can interfere in the decisions of the criminal 
court, as well as the way of reducing damages. 
 
Key-words: False Memories. Witness tests. Recognition of people or things. Human 
memories. Reduction of damage. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
CRFB/88 Constituição da República Federativa do Brasil 
CLT Consolidação das Leis Trabalhista 
CAT Comunicação de Acidente de Trabalho 
CID Classificação Internacional de Doenças 
CTASP Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público 
INSS Instituto Nacional do Seguro Social 
NTEP Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
CAPÍTULO 1 .......................................................................................................................... 15 
1. INTRODUÇÃO AO PROCESSO PENAL ..................................................................... 15 
1.1. SISTEMAS DE PROCESSUAIS PENAIS ................................................................... 15 
1.1.1. Sistema Inquisitório ................................................................................................ 16 
1.1.2. Sistema Acusatório ................................................................................................. 17 
1.1.3. Sistema Misto ......................................................................................................... 17 
1.2. TERMINOLOGIA DA PALAVRA PROVA ............................................................... 19 
1.2.1. Prova como atividade probatória ............................................................................ 19 
1.2.2. Prova como Resultado ............................................................................................ 20 
1.2.3. Prova como Meio.................................................................................................... 201.3. PRINCÍPIOS GERAIS DAS PROVAS ........................................................................ 20 
1.4. A VALORIZAÇÃO EXCESSIVA DAS PROVAS ORAIS ......................................... 21 
1.5. SISTEMAS DE VALORAÇÃO PROBATÓRIA ......................................................... 22 
1.6. LIMITAÇÕES A AVALIAÇÃO DE PROVAS ........................................................... 23 
1.7. A PROVA TESTEMUNHAL ....................................................................................... 26 
1.7.1. Classificação das Testemunhas............................................................................... 26 
1.7.2. Características da prova testemunhal. ..................................................................... 27 
1.8. O RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS ................................................... 28 
1.8.1. O Peso do Reconhecimento Enquanto Prova ......................................................... 31 
 
CAPÍTULO 2 .......................................................................................................................... 32 
2. INTRODUÇÃO A NEUROCIÊNCIA .............................................................................. 32 
2.1. TEORIAS DA FRENOLOGIA E TEORIA DO CAMPO AGREGADO..................... 33 
2.2. O SISTEMA NERVOSO .............................................................................................. 34 
2.3 O SISTEMA LIMBICO ................................................................................................. 37 
2.4 O FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO ..................................................... 37 
2.5 A MEMÓRIA ................................................................................................................. 38 
2.6 NOÇÕES SOBRE OS NEURÔNIOS ............................................................................ 39 
2.7. TIPOS E FORMAS DE MEMÓRIAS .......................................................................... 40 
2.8. FALSAS MEMÓRIAS .................................................................................................. 41 
2.8.1. Taxonomia das Falsas Memórias............................................................................ 43 
2.8.2. Teorias Explicativas Sobre Falsas Memórias ......................................................... 43 
 
 
 
 
CAPITULO 3 .......................................................................................................................... 45 
3. A INCIDÊNCIA DAS FALSAS MEMÓRIAS NAS PROVAS PENAIS ...................... 45 
3.1. OS REFLEXOS DAS FALSAS MEMÓRIAS NO RECONHECIMENTO ................. 46 
3.2. CAUSAS DE CONTÁGIO DAS PROVAS ORAIS ..................................................... 49 
3.3. A PASSAGEM DO TEMPO ......................................................................................... 50 
3.3. ENTREVISTA COGNITIVA ....................................................................................... 52 
3.3.1. Etapas da entrevista cognitiva ................................................................................ 54 
3.4. A INFLUÊNCIA DAS ROTINAS E DOS HÁBITOS NA MANIFESTAÇÃO DAS 
FALSAS MEMÓRIAS ......................................................................................................... 56 
3.5. JULGAMENTO DA APELAÇÃO CRIMINAL n. 0007342-93.2003.8.24.0008 ........ 56 
 
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 61 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 63 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
INTRODUÇÃO 
 
Desde os primórdios, o cérebro tem sido objeto de fascínio para o homem, mais 
especificamente a memória e o seu funcionamento tem despertado grande interesse de 
diversos campos de conhecimento. Apesar disso, os estudos sobre a memória tiveram grande 
expansão e desenvolvimento somente na ultimas décadas. 
Ao se adentrar neste vasto mundo, muitos mitos foram criados e desmentidos, como 
por exemplo, o mito da memória fotográfica, hoje se sabe que a memória humana não 
funciona como uma câmera fotográfica ou uma filmadora. Os processos cognitivos 
relacionados a memória são formados por conta de uma comunicação eletroquímica entre 
neurônios e os pontos de ligação entre os mesmos são chamados de sinapses. Dentro deste 
processo não há armazenamento sons, imagens ou lembranças, mas sim sequências de 
ativação. 
O problema se manifesta quando requisitamos ao nosso cérebro recordar de algum fato 
ou coisa, neste momento, as sequências podem apresentar lacunas. As lacunas são 
preenchidas pelo cérebro resultando em recordações que, na verdade, nunca ocorreram, a isso 
é denominado de Falsas Memórias. 
Dentro da seara do direito brasileiro, mais especificamente do Direito Processual 
Penal, a prova mais utilizada é a prova testemunhal, como acontece no reconhecimento de 
pessoas, coisas, testemunhos, etc. Isso ocorre por conta da precariedade das Policias, em 
virtude disso e da obrigatoriedade de uma resposta rápida a sociedade, prioriza-se o referido 
meio de prova em detrimento de outros com maior tecnicidade e cientificidade. 
Considerando que o Código de processo penal é de 1941 e as deficiências estruturais, 
governamentais e cientificas da investigação policial no país, é comum que a autoridade 
policial utilize a prova testemunhal como principal forma de apuração da materialidade e 
autoria delitiva. Porém, entre a pratica do fato e a coleta do depoimento, ou ainda, pela forma 
como o interrogatório é conduzido, este meio de prova pode acabar viciado, deste fato 
resultam duas problemáticas. 
A primeira consiste em fundamentação do Inquérito Policial sobre base frágil, visto 
que o testemunho pode ser deficiente, podendo ser modificado pelo transcurso do tempo ou 
sugestionado pelo responsável pelo interrogatório. Já a segunda acontece na conclusão do 
processo em que, alicerçado em base débil, a persecução penal não conseguiu se aproximar de 
uma realidade fidedigna dos fatos, resultando em condenações injustas e ilegais, e por 
consequência, a liberdade do real autor do crime. 
14 
 
É preciso se discutir a confiabilidade da prova testemunhal durante o reconhecimento 
de pessoas ou coisas e sua importância dentro da persecução penal, uma vez que a mesma tem 
por objetivo a formação do convencimento do magistrado e a possível condenação de alguém. 
Este tipo de prova expõe fragilidades, considerando que as lembranças são um processo 
mnemônico suscetível a falhas e contaminações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
CAPÍTULO 1 
 
 
1. INTRODUÇÃO AO PROCESSO PENAL 
 
Faz-se necessário, para uma maior compreensão sobre o tema, alguns apontamentos 
iniciais sobre o funcionamento do processo penal brasileiro. Ao se analisar o paragrafo único 
do artigo 1º da Constituição Federativa do Brasil e que trás o seguinte texto normativo: “Todo 
poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos 
termos desta Constituição” (BRASIL, 1988). Após a leitura desta frase se nota que o 
Constituinte originário tinha em seu consciente a manutenção do poder nas mãos do povo, 
sendo o Estado um titular desse poder em decorrência de uma vontade popular. 
Este poder conferido ao ente Estado não é absoluto, pois o mesmo deve respeitar o 
ordenamento jurídico então vigente, o que ocasiona em uma limitação ao poder estatal. Ao se 
adentrar especificamente na esfera penal é preciso compreender que a mesma é formada por 
três elementos distintos: o poder, que se caracteriza pelo poder atribuído, por vontade popular, 
ao Estado para que o mesmo exerça o jus puniendi; o direito que são os próprios direitos e 
garantias fundamentais concedidas aos cidadãos pela constituição federal; por fim temos o 
processo que é o instrumentoutilizado pelo Estado como forma de garantir o respeito as 
garantias individuais e o cumprimento efetivo do jus puniendi. 
 
 
1.1. SISTEMAS DE PROCESSUAIS PENAIS 
 
Conforme o conhecimento da humanidade foi evoluindo, da mesma forma foi 
necessário uma maior especialização e aperfeiçoamento. Desta forma todos os elementos 
qualificadores do conhecimento, a saber: os conceitos, normas, regras e princípios, foram 
retirados e um núcleo genérico e reunidos em um sistema integralizado. 
Andrade (2013, p. 36) fala que o significado de sistema e seu sentido mais amplo 
direcionam para a existência de uma concentração de conhecimentos humanos em áreas 
especificas e especializadas, fazendo surgir dentro desta determinada área de conhecimento 
novas divisões. Gerando a existência de microssistemas ou subsistemas ligados ao sistema 
mais amplo, fato este característico de sistemas jurídicos. 
16 
 
 
1.1.1. Sistema Inquisitório 
 
Apesar de já se manifestar de forma embrionária durante as épocas e períodos do 
direito romano, a consolidação e perpetuação do referido sistema só foi possível graças ao 
acolhimento do Cristianismo como religião oficial. Razão esta que permitiu a sobrevivência 
do Sistema Inquisitivo mesmo com a queda do Império Romano, pois o mesmo foi anexado e 
difundido através do direito canônico. (ANDRADE, 2013, p.279) 
Segue o autor explicando que com a estabilidade proporcionada pelo sistema politico 
romano juntamente com as tradições populares, se desenvolveu um sistema de direito local. A 
persecução penal se assemelhava ao sistema acusatório, porém, possuía uma forma diferente 
da encontrada em Atenas, também no mesmo período. 
Andrade (2013, p. 279) explica que uma característica era a do ofendido ou seus 
familiares serem os legitimados para fazer a acusação, a solução de conflitos não se dava por 
uma tentativa de reedificar a verdade dos fatos, mas sim se valer de provas verbais, físicas e 
sociais. O papel de Juiz era exercido pelo soberano ou um intercessor (designado pelo 
monarca ou seus conselheiros). 
A existência do referido direito local, gerou um conflito entre os senhores feudais e a 
monarquia, tal fato se dava pela ultima tentar estabelecer mudanças profundas na organização 
politica, procurava centralizar todo o poder unicamente em suas mãos. Essa disputa interna 
terminou com os soberanos como vencedores nascendo a partir dai, a organização politica 
denominada de Absolutismo ou Monarquia Absolutista. (ANDRADE, 2013, p. 280) 
Explica Andrade (2013, p. 280) que para ser possível atingir a centralização nas 
mãos do monarca, foi preciso uma reforma no sistema de processamento, onde se retirava o 
poder dos senhores feudais e o unia todo na figura do rei. Na busca por esse sistema se 
encontrou no Direito Canônico o modelo que melhor se adequava as necessidades dos 
soberanos. 
Após isso, o sistema inquisitivo se expandiu e se consolidou rapidamente pela 
Europa, com grande ajuda das igrejas católicas, sua aplicação integral ou não, dependia muito 
de qual era o tamanho da influência das igrejas na região, por conta disso originou-se 
diferentes formas de regulamentação do Sistema Inquisitivo. (ANDRADE, 2013, p. 281) 
Acerca do Sistema Inquisitivo em si, destaca-se como sua característica mais 
marcante a união em uma única pessoa das funções de acusar, defender e julgar. Sem a 
necessidade de uma acusação prévia, podendo o processo criminal se iniciar de forma ex 
officio. (NUCCI, 2016, p. 75) 
17 
 
 
Destaca Avena (2015, p. 10) que no sistema inquisitivo não se fala em paridade de 
armas, ou seja, não existe igualdade entre as partes. A defesa, quando possível, não possuía 
muitas formas de resguardar, haja vista, a inexistência de Contraditória ou Ampla defesa. 
 
 
1.1.2. Sistema Acusatório 
 
Os estudos quanto ao Sistema Acusatório, anteriores a 1990, em regra tinham como 
foco principal os estudos dos direitos Atenienses e Romano, também denominados de Direito 
Clássico. Após os anos noventa, a Alemanha passou a adotar um novo padrão processual, 
modificando da doutrina processualista tradicional do Sistema Misto Europeu, o referido 
sistema consistia na adoção de uma das características mais marcantes do Sistema Acusatório, 
em que durante as investigações criminais, anteriormente regidas por um Juiz-instrutor, 
passaram para o Ministério Público. (ANDRADE, 2013, p. 57) 
Observa Avena (2015, p.9) que em todos os regimes democráticos, tem como 
sistema vigente o Sistema Acusatório que tem como característica basilar a distinção entre 
acusar, defender e julgar, onde as mesmas ficam destinadas a pessoas também distintas. O 
termo acusatório que nomeia o sistema vem do ato em que ninguém poderá ser chamado em 
juízo sem prévia acusação tendo esta que destacar todo o fato narrado com todas as suas 
circunstâncias. 
Dentro do Sistema Acusatório dois princípios ganham grande força e se destacam os 
princípios do Contraditório e da Ampla Defesa, em virtude dos referidos princípios é que 
existe a garantia da defesa se manifestar unicamente com a existência de uma peça acusatória. 
Outro importante aspecto do Sistema Acusatório é o estrito cumprimento do modelo legal 
adotado no país. Em regra, os mesmos serão públicos, salvo exceções legalmente previstas. 
(AVENA, 2015 p. 9). 
 
 
1.1.3. Sistema Misto 
 
Com a sobrevida do sistema inquisitivo pela igreja católica, baseado na ideologia de 
que o homem era um pecador por natureza e por isto a verdade era ocultada quando o mesmo 
era inquerido. O referido aspecto fui utilizado para fundamentar torturas, onde estas acabaram 
se destacando como fato marcante do Sistema Inquisitivo. A justificativa para a pratica de 
18 
 
 
torturas se encontrava na utilização deste meio como forma de se obter a verdade, uma vez 
que a dor provocada só teria fim com a confissão. (ANDRADE, 2013, p. 409) 
Por conta disto e dos mais variados tipos de erros judicias, se iniciou no século 
XVIII, um movimento que posteriormente viria a se conhecido como Movimento Iluminista, 
que tinham como finalidade especifica o fim do Sistema Inquisitivo. (ANDRADE, 2013, p. 
410) 
Segue o autor explicando que as figuras centrais do movimento iluminista, se 
destacam Montesquieu, Rousseau, Verri, Voltaire e Becarria, que tinham como missão 
principal a busca pela igualdade entre os homens, extinção da tortura, complacência religiosa 
e um sistema processual similar ao acusatório romano. 
Conforme Andrade (2013, p. 410) Os acontecimentos e questionamentos do período 
formaram a base para a Revolução Francesa. Posteriormente, mais precisamente no ano de 
1789, a Declaração dos Direitos do Homem e Cidadão trouxeram em seu bojo alguns 
princípios de grande importância para o meio jurídico, a saber: Princípio da Legalidade e da 
Presunção de Inocência. Tais acontecimentos destacaram a importância de uma reforma 
processual como prioridade, fato este que marcou os debates na Assembleia Constituinte pós-
revolucionária. 
Após extensos debates duas propostas foram feitas durante a Assembleia 
Constituinte, ainda no ano de 1789, a primeira delas defendia uma permanência do Sistema 
Inquisitivo, já a segunda e vitoriosa a adoção do Sistema Acusatório no modelo adotado pelos 
romanos este com uma maior participação popular. (ANDRADE, 2013, p. 411) 
Explica Andrade (2013, p. 413) que a adoção do novo sistema não demorou a 
destacar os mesmos problemas do sistema acusatório romano, que consistia em julgamentos 
públicos onde a legitimidade acusatória recaia sobre os cidadãos comuns, o que os tornava 
sujeitos a ameaças dos acusados, seus familiares e amigos. Com o intuito de resolver essa 
discrepância foi proposta a necessidade de se preservar uma figura como o acusador e este 
seria público e também a criação de uma fase previa ao julgamento, com um caráter mais 
rígido. Surgindo a partir dai o que viria a ser conhecido como SistemaMisto. 
 Destaca Avena (2015, p. 10) que o Sistema Misto clássico se define como um 
modelo processual intermediário, entre os Sistemas Inquisitivo e Acusatório. Isto se dá pela 
miscigenação entre o respeito às garantias constitucionais, típico do sistema acusatório e 
características típicas do sistema inquisitivo, como por exemplo, um procedimento pré-
processual denominado de Inquérito Policial. 
19 
 
 
1.2. TERMINOLOGIA DA PALAVRA PROVA 
 
A terminologia da palavra prova pode ser dividida, para uma maior compreensão, em 
dois sentidos. Um amplo e outro estrito. No primeiro sentido (Amplo) a palavra prova 
significa, constatar a veracidade de uma proposição incidente sobre um fato acontecido no 
mundo real. Já o segundo sentido (Estrito) possui várias definições possíveis, sendo 
necessário à análise de suas premissas básicas terminológicas. (BRASILEIRO, 2014, p. 549) 
Explica Brasileiro (2014, p. 549) Etimologicamente a palavra prova, possui o mesmo 
limiar de probo, que deriva do latim probatio e probus, trazendo a ideia de exame, aprovação, 
verificação ou confirmação. O ato de provar algo, constitui uma atividade intelectual que 
busca a procura pelo verdadeiro conhecimento. Existem três significados possíveis da palavra 
prova. 
 
 
1.2.1. Prova como atividade probatória 
 
Segundo Brasileiro (2014, pág. 549) 
 
Consiste no conjunto de atividades de verificação e demonstração, mediante 
as quais se procura chegar à verdade dos fatos relevantes para o julgamento. 
Nesse sentido, identifica-se o conceito de prova com a produção dos meios e 
atos praticados no processo visando ao convencimento do juiz sobre a 
veracidade (ou não) de uma alegação sobre um fato que interesse à solução 
da causa. 
 
Sobre este aspecto, se percebe que existe para as partes um direito à prova, sendo 
este uma decorrência natural do direito de ação, não se limitando a uma simples proposição 
ou produção de provas, mas sim, na possibilidade de influenciar no convencimento do 
Magistrado. 
Tal fato, deriva da obrigação estatal, de não apenas garantir as partes o direito a 
utilização de provas possíveis e necessárias para fundamentar suas alegações durante o 
processo, mas também possibilitar as partes todos os recursos para a apresentação da matéria 
probatória, submetendo as mesmas ao crivo do contraditório, assegurando assim as garantias 
dispostas na Constituição Federal. 
 
 
20 
 
 
1.2.2. Prova como Resultado 
 
De acordo com Brasileiro (2014, p. 550) caracteriza-se pela formação da convicção do 
órgão julgador no curso do processo quanto à existência (ou não) de determinada situação 
fática. É a convicção sobre os fatos alegados em juízo pelas partes. 
Neste segundo aspecto, a prova tem como característica a demonstração ao 
Magistrado de que um determinado fato possui uma maior probabilidade de ter acontecido da 
forma como foi comprovada no processo. Não se é capaz de alcançar uma verdade 
inquestionável sobre fatos que já aconteceram, mas é possível, diminuir as dúvidas quanto a 
um acontecido duvidoso no processo. 
 
 
1.2.3. Prova como Meio 
 
Define Brasileiro (2014, Pág. 550.) que “São os instrumentos idôneos à formação da 
convicção do órgão julgador à cerca da existência (ou não) de determinada situação fática.”. 
O terceiro sentido possível relaciona-se aos instrumentos que serão utilizados pelas 
partes, durante o processo, para persuadir o magistrado, sobre a possibilidade de determinado 
fato ter ou não acontecido, da forma como foi exposta. 
 
 
1.3. PRINCÍPIOS GERAIS DAS PROVAS 
 
O código de processo penal considera, quanto à produção de provas, alguns 
princípios gerais que norteiam todos os tipos probatórios. O primeiro princípio em destaque é 
o princípio do Contraditório, segundo o mesmo qualquer prova que for produzida por uma das 
partes é passível de uma contraprova. (AVENA, 2015, p. 36) 
O segundo é o princípio da comunhão conforme o mesmo uma vez que uma prova é 
anexada aos autos do processo, a mesma deixa de pertencer à parte que a produziu e passa a 
poder ser utilizada a todos. 
O terceiro é o princípio da oralidade segundo o mesmo as provas devem ser 
materializadas oralmente dentro do processo, possibilitando assim ao magistrado e as partes 
participarem da realização da prova, ressalta-se que o mesmo deve ser priorizado sempre que 
houver a possibilidade da reprodução da prova em audiência. Segundo Avena (2015, p. 459) o 
21 
 
 
princípio da oralidade vai além de um mero principio, sendo também uma forma de condução 
processual, subdividindo-se em outros dois princípios: Subprincípio da Concentração segundo 
o qual a convecção de provas deve ser centralizada unicamente em uma audiência. Cumprir 
tal subprincípio é uma forma de padronizar o ordenamento, uma vez que, isso já se encontra 
previsto no artigo 81 da lei 9.099/95 e no procedimento ordinário, tribunal do júri e 
procedimento sumário, respectivamente artigos 400,411 e 431 do código de processo penal. O 
segundo Subprincípio é o da Imediação, segundo qual estabelece que é preferível que o 
magistrado tenha contato físico com as provas, como uma forma de melhor fixa-las em sua 
memória. 
Explica Avena (2015, p. 459) que o quarto é o princípio da publicidade, pela 
natureza do processo penal ser uma concessão do poder popular ao Estado, é natural que as 
provas possam ser disponibilizadas aos cidadãos, isso para garantir um maior credito ao 
procedimento administrativo da Justiça. 
O quinto é o princípio da autorresponsabilidade das partes, conforme Avena (2015, 
p. 460) as partes assumem de forma intrínseca a responsabilidade e consequências pela 
inatividade, erros e negligências quanto às provas que seguem suas alegações. 
Por fim, define Avena (2015, p. 460) que o sexto é o princípio da não 
autoincriminação, segundo o mesmo ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. 
 
 
1.4. A VALORIZAÇÃO EXCESSIVA DAS PROVAS ORAIS 
 
O ordenamento jurídico processual, mais especificamente o processo penal, depende 
em demasia das provas verbais como forma de convencimento do magistrado. Porém, tal 
mecanismo de geração probatória trás como premissa as recordações de fatos, faces, pessoas e 
ambientes. Em decorrência deste peso concentrado no instituto do reconhecimento, é que a 
referida prova deve ser analisada com maior precaução, a fim de se evitar possíveis injustiças. 
(DI GESU, 2014, p. 69) 
Toda prova possui uma finalidade persuasiva e um limite de poder judicial 
considerando sua relevância e valoração. 
Di Gesu (2014, p. 69)) diz que provar, dentro de um processo, é persuadir o juiz a 
convicção de que determinado fato aconteceu como lhe foi exposto. Isso significa que dentro 
de um processo a parte acusadora deve apresentar um conjunto probatório que apresente nos 
autos a presença de elementos materiais dos fatos alegados e a sua conexão com o acusado, 
22 
 
 
comprovando sua culpabilidade. Com isso tem como finalidade forma um juízo de 
convencimento ao magistrado, para que tenha sua pretensão atendida. 
Desta análise se revela uma problemática, o juiz tem unicamente o contato com o que 
lhe é apresentando pelas partes, não possuindo uma visão direta sobre os fatos. Significando 
dizer que o magistrado pautará sua decisão em meios indiretos de provas. 
Assim, Cordeiro apud Di Gesu (2014, p. 71) a atividade de investigação judicial tem 
por base acontecimentos passados, onde sua reconstituição fática somente é possível por 
meios indiretos. 
 
 
1.5. SISTEMAS DE VALORAÇÃO PROBATÓRIA 
 
Logo, recai sobre o magistrado a responsabilidade por valorar as provas, porém, é 
preciso se observar alguns critérios, que dependeram do sistema processual adotado. Quanto a 
análise das provas a doutrina, majoritariamente, pauta três sistemas, a saber: sistema da prova 
tarifada, sistema da intima convicção e sistema do livre convencimento motivado, também 
chamado de sistemade persuasão racional. 
Para Nucci (2015) no procedimento que é ligado ao sistema de prova tarifada ou 
valoração taxada, preexiste uma determinação valorativa para cada prova produzida dentro do 
processo, obrigando o magistrado a seguir critérios estabelecidos pelo legislador, além de 
reduzir a própria atividade de julgamento. Logo, o referido sistema pode ser compreendido 
como um sistema hierarquizado, que por determinar previamente o valor de cada prova, 
desconsidera as suas individualidades nos casos em concreto. Segundo Lopes (2016) a 
confissão era o meio de prova mais utilizado e tida como a prova absoluta, por conta disto o 
sistema de prova tarifada possui grave falha, eliminando a sensibilidade e eleições que seriam 
possíveis pelo magistrado. 
Destaca Nucci (2015) que o sistema de livre convicção ou sistema de intima 
convicção é o meio de valoração probatória em que ao magistrado inexiste a obrigação de 
motivar suas decisões, sendo este o sistema que impera o tribunal do júri, considerando que 
aos jurados não tem a obrigação de motivar sua decisão. Comparativamente o sistema de livre 
convicção é o completo oposto do sistema de prova tarifada, no primeiro o juiz não fica preso 
a uma regra preexistente o que não o obriga a fundamentar uma decisão nem a seguir um 
critério para analisar um prova, diferentemente do segundo. 
23 
 
 
Destaca Rangel (2015) que existe uma transferência de responsabilidade entre 
legislador e Juiz, o primeiro coloca sobre o segundo toda a obrigação de decidir, sem qualquer 
amarra legal, considerando apenas sua experiência pessoal e convicção particular. (apud. 
LIMA, 2017, p.4) 
O ultimo dos sistemas é chamado de persecução racional ou livre convencimento 
motivado. Segundo Nucci (2015) é um método misto, é o sistema majoritariamente adotado 
procedimento processual brasileiro, com fundamento no inciso IX, do artigo 93 da carta 
magna, destacando a permissão dada ao magistrado para que decida conforme seu 
convencimento, mas deve fundamenta-lo, com o intuito de demonstrar as partes e a 
comunidade o porque de sua decisão. Neste sistema não existe uma prova com maior peso 
que as demais, pois cada prova deverá ser analisada cada qual segundo sua relação com o caso 
concreto. 
 
 
1.6. LIMITAÇÕES A AVALIAÇÃO DE PROVAS 
 
Além dos limites impostos pelo sistema de persecução racional no sistema processual 
brasileiro, em que as decisões dos magistrados se baseiam em seu convencimento, existem 
também limitações para que a sentença seja considerada valida. Destaque para a Legalidade e 
a fundamentação das decisões baseado nas provas que se encontram nos autos processuais. 
As provas do processo criminal são produzidas durante a primeira fase da persecução 
penal, chamada de inquérito policial, apesar de ser uma fase claramente inquisitória é exigido 
o respeito aos limites legais, com a finalidade de certificar as garantias processuais e 
constitucionais, haja vista, a busca por adequar da melhor forma o combate a impunidade e 
distanciar-se das arbitrariedades por parte do Estado. 
Por força do principio constitucional da presunção de inocência o caput, do artigo 
156 do código de processo penal brasileiras trás a seguinte redação: “A prova da alegação 
incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício” (BRASIL, 1941). Como 
o sistema misto condensa a acusação Ministério Público, como forma de segurança, recai 
sobre o mesmo a responsabilidade de apresentar provas que contenham indícios mínimos de 
materialidade e autoria. 
Apesar da determinação legal, parte da doutrina processual brasileira, defende que é 
cabível a defesa se manifestar quanto as suas causas de justificação. Lopes (2016) defende 
que analisar os fatos sobre está ótica é um grande erro, uma vez que, se recai sobre o acusar a 
24 
 
 
reponsabilidade de demonstrar a autoria e materialidade delitiva, o acusado está com o 
beneficio da duvida, não necessitando este a justificar qualquer coisa a aquele. A existência 
dessa duvida quanto ao fato delitivo estar ligado ao acusado, é o que origina o principio do in 
dubeo pro réu, determinando que em caso de duvidas deve prevalecer o que melhor beneficio 
o réu. 
O principio da presunção de inocência acarreta duas regras ao Estado em relação ao 
acusado no processo, segundo Oliveira (2014) o poder publico deve observar duas regras, 
uma diz respeito ao tratamento do acusado onde o mesmo em momento algum do processo 
deve sofrer qualquer tipo de limitação quanto a sua pessoa, fundado apenas em uma 
possibilidade de condenação. A segunda é o fundo probatório que recai exclusivamente para a 
acusação, para a defesa o que resta é a comprovação de que inexistem elementos da pratica de 
um tipo penal. 
Sendo assim, a mera possibilidade de condenação não pode limitar de qualquer 
forma o acusado, visto que qualquer momento o mesmo pode ser inocentado. Também, 
destaca-se o fato de que o ônus probatório é totalmente da acusação. 
Ainda sobre limitações, se encontra o principio da não obrigatoriedade da produção 
de provas contra si mesmo ou também conhecido como direito ao silêncio. Explica Greco 
(2013) que por força deste princípio, consagrado no Pacto de São José da Costa Rica de 1992, 
uma possível condenação deve ser alicerçada em provas robustas, mesmo que o 
convencimento do Magistrado tenha se dado por completo, só existe legitimidade a 
determinação de sanções penais fundamentadas de forma lógica. 
Ainda como elemento limitante, existe o princípio do contraditório, tal princípio é 
considerado como uma para sistemas garantistas, como é o caso do brasileiro. Sua 
aplicabilidade quantos as provas se encontram no momento em que à produção probatória, 
esta deve passar pelo crivo do contraditório, sob pena de ser considerada uma prova válida 
para embasar uma sentença penal condenatória. Fundamenta Capez (2018) é de direito do réu 
saber sobre o que está sendo acusado para que assim possa contrariar a acusação. 
Cabe ressaltar que para que uma defesa tenha plenos efeitos ela deve ser técnica, isso 
quer dizer que a mesma deve ser acompanhada de um advogado, mesmo com a negativa do 
acusado. Esclarece Greco Filho (2013) que diferentemente de outros sistemas processuais 
penais, tais como o norte-americano e inglês onde existe uma permissão para que o réu tome 
para si a sua defesa, o mesmo não acontece com o sistema processual penal brasileiro, onde 
por força constitucional, é indispensável a presença de um professional, externando assim a 
previsão legal do cumprimento do Contraditório e da Ampla Defesa. 
25 
 
 
Outra importante limitação valorativa de provas é o princípio da inadmissibilidade de 
provas ilícitas. Prevista no texto constitucional no inciso LVI, do artigo 5º da carta magna a 
qual trás a seguinte disposição: “São Inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios 
lícitos” (BRASIL, 1988). Doutrinariamente é importante destacar a diferenciação entre provas 
Ilícitas e Ilegítimas, cabe ressaltar que a lei 11.690 de 2008, modificou o texto do artigo 157 
do código de processo penal, adequando-o a Constituição. Segundo Capez (2018) a ilicitude 
formal da prova, ou seja, as provas ilegítimas acontecem quando a prova é introduzida nos 
autos por procedimento ilegítimo o que a torna não aproveitável, mesmo que sua origem tenha 
sido licita. Já a ilicitude material, ou provas ilícitas, a ilicitude acontece na origem da prova, 
ou seja, a produção da referida prova se deu de forma ilegal. 
Ainda sobre o tema, destaca-se o entendimento de que além das provas que foram 
obtidas de forma ilícita não pode ser aceito no processo, o mesmo também ocorre com as 
denominadas ilícitas por derivação. São aquelas que mesmo que tenham nascidas licitas são 
de resultados derivados de provas ilícitas. Explica Leonardi (2017) que a não aceitação de 
provas ilícitas por derivação tem origem na Teoria dos frutos daárvore envenenada, que 
surgiu no direito norte-americano no ano de 1914 nos tribunais federais e em 1961 nas 
jurisdições estaduais. A referida teoria trás a ideia de que a mácula de uma fruta é transmitida 
aos demais frutos, no âmbito jurídico, um vicio em uma prova pode alcançar as demais que 
derivam desta. 
Outra importante limitação se encontra no artigo 155 do código de processo penal, 
trazendo o seguinte texto: 
 
 “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente 
nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas 
cautelares, não repetíveis e antecipadas”. 
 
Conforme dispõe o texto legal não pode o juiz fundamentar sua decisão em elementos 
informativos obtidos unicamente da investigação, sem que estes observem o contraditório e a 
ampla defesa, salvo aqueles que são considerados irrepetíveis ou antecipados relacionados 
cautelarmente. 
Assim, ressalta-se que quanto à valoração de provas existem determinados limites 
legais a serem respeitados por poder judiciário, órgãos de investigação e Ministério Público. 
O magistrado deve pautar suas decisões com seu convencimento, mas este deve ser 
devidamente fundamentado e considerando as provas que se encontram no processo conforme 
26 
 
 
pressupõe o sistema de valoração de provas adotado no Brasil que é o sistema do livre 
convencimento motivado. 
 
 
1.7. A PROVA TESTEMUNHAL 
 
Entende-se por testemunha, a pessoa isenta e capaz, que, declara saber sobre os fatos 
alegados, frente à autoridade judiciaria, sendo que estes foram captados por seus sentidos, e 
possuem relevância para à decisão. Assim, o objetivo da prova testemunhal é trazer para o 
processo, informações que provém da percepção sensorial, de um terceiro chamando a depor. 
(BRASILEIRO, 2014, p. 651). 
 
 
1.7.1. Classificação das Testemunhas 
 
A doutrina dominante classifica as testemunhas em numerárias, extranumerárias, 
diretas, indiretas, referidas e informantes. 
Conforme Brasileiro (2014, p. 658) as testemunhas numerárias são aquelas que as 
partes definem no inicio do processo, e seu depoimento está sob compromisso legal. As 
extranumerárias são aquelas que podem ser ouvidas de oficio pelo Juiz (art. 208, caput, CPP), 
e não têm compromisso legal de dizer a verdade. 
Continua o autor a explicar de as testemunhas diretas são aquelas que testemunham 
sobre fatos que presenciaram ou visualizaram. Testemunhas indiretas são aquelas que não 
presenciaram o fato diretamente, mas ouviram falar sobre ele por meio de terceiros. Em regra, 
a testemunha é chamada a depor sobre fatos que tenha conhecimento pessoal, qualquer outro 
tipo de declaração será considerado como testemunho indireto, sendo ouvidas ou não a 
critério do Magistrado. 
As testemunhas informantes são as pessoas ouvidas, sem prestar o compromisso de 
falar a verdade. Definidas nos artigos 206 e 208 do código de processo penal. Cabe destacar 
que não respondem pelo crime de falso testemunho, uma vez que, são tratadas como 
informantes. (BRASILEIRO, 2014, p. 659) 
Por ultimo, aduz Brasileiro (2014, p. 659) determina-se testemunha referida aquela 
pessoa que foi referenciada por outra durante o processo. A testemunha referida pode ser 
27 
 
 
ouvida a pedido das partes ou de oficio pelo Juiz, conforme disposto no artigo 209, do código 
de processo penal. 
 
 
1.7.2. Características da prova testemunhal. 
 
Ao se analisar o código de processo penal, se pode definir como características da 
prova testemunhal: a judicialidade, oralidade, objetividade, retrospectividade e 
individualidade. (BRASILEIRO, 2014, p. 651) 
Explica Brasileiro (2014, p. 651) que a judicialidade determina que a testemunha seja 
a pessoa ouvida perante o juiz, sobre fatos apresentados no processo. Essa característica 
define que mesmo se a pessoa for ouvida na fase investigativa, a mesma deve reproduzir o 
depoimento em juízo, cumprindo as efetivas garantias constitucionais do contraditório e 
ampla defesa. 
A oralidade estabelece que o depoimento deva ser prestado, em regra, de forma oral, 
na presença do juiz e das partes, sendo que ao fim será redigido a termo. Cabe ressaltar que 
existem exceções a característica da oralidade. 
Conforme destaca Brasileiro (2016, Pág. 652.) 
 
Apesar de a regra ser a oralidade, o próprio CPP prevê algumas exceções: 1) 
De acordo com o art. 221, § 1º, certas autoridades poderão optar pela 
prestação de depoimento por escrito: nesse caso, para que seja preservado o 
contraditório e a ampla defesa, as perguntas, formuladas pelas partes e 
deferidas pelo juiz, lhes serão transmitidas por oficio; 2) Em se tratando de 
depoente mudo, surdo ou surdo-mudo, sua oitiva será realizada da seguinte 
forma(CPP, art. 223, paragrafo único, c/c art. 192): ao surdo serão 
apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente; ao 
mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito; ao 
surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo 
dará as respostas. Nesses casos, se o depoente não souber ler ou escrever, 
intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, a pessoa habilitada a 
entende-lo. 
 
A retrospectividade fixa que a testemunha é chamada ao processo para depor sobre 
acontecimentos passados e nunca para fazer previsões sobre fatos futuros.(BRASILEIRO, 
2014, p. 652) 
Continua o autor a explicar que a individualidade segue o previsto no artigo 210, 
caput, do código de processo penal, onde determina que cada testemunha seja ouvida de 
28 
 
 
forma individual pelo magistrado, sem que seu depoimento, seja visto ou ouvido por outra 
que não depôs ainda. 
A objetividade estabelece que, a testemunha deve depor somente sobre fatos 
pertinentes a causa em questão, devendo se abster de fazer juízos de valor. A menos que, tais 
juízos sejam indivisíveis à própria narrativa dos acontecimentos, segundo dispõe art. 213 do 
código de processo penal. (BRASILEIRO, 2014, p. 652) 
Ainda sobre a objetividade, a mesma sofre critica por parte da doutrina, 
fundamentada no entendimento de que o código trata a testemunha de forma objetiva, o que é 
um erro, haja vista, não ser possível excluir da pessoa da testemunha sua natureza enquanto 
ser humano, com suas vivências e experiências. Isso levanta a questão sobre a falibilidade do 
testemunho. 
Conforme observa Altavilla (1946, Pág. 54.) 
 
A testemunha não se define pelo texto do seu depoimento, mas do que é em 
si mesma, na sua qualidade de ser humano, sujeita a inúmeros fatores que 
entram na sua formação físico-psíquica-social. As influências internas ou 
externas fazem de si um agente da verdade ou um elemento pernicioso e 
confuso na engrenagem processual. 
 
 
1.8. O RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS 
 
Segundo Nucci (2017) o reconhecimento é o meio de prova em que uma pessoa 
comprova como certa a identidade de alguém ou qualidade de uma coisa. Para Avena (2017) 
reconhecimento abrange não somente vitimas ou testemunhas, como também acusados, numa 
pratica de identificação de um terceiro. Já Aranha (2016) explica que o reconhecimento é a 
confrontação entre elementos antigos e atuais que transportam a um juízo de identidade. 
Lopes (2017) explica que tudo que se pode perceber é reconhecível, ou seja, só existe 
reconhecimento daquilo que é percebido pelos sentidos. Os sentidos (visão, audição, paladar, 
tato e olfato) são a forma em que obtemos informações do meio em que nos encontramos e 
essas informações são levadas e processadas pelo o sistema nervoso central. Dentro do 
procedimento processual penal o sentido mais conceituado é o visual, porém, o código se cala 
aos reconhecimentos dependentes dos outros sentidos. 
Para Filho (2013) a prova derivada do reconhecimento é o meio mais falho entre 
todo, mesmo com a existência de um procedimento prévio para o seu cumprimento.Tal 
entendimento se confirma quando se considera as problemáticas que podem acontecer com 
29 
 
 
este meio de prova tais como: a ação do tempo, disfarce, má condições de observação, erros 
por semelhança, etc. 
 O reconhecimento não se restringe apenas a pessoas, sendo aplicado também para 
coisas e sua previsão é encontrada nos artigos 226 a 228 do código de processo penal, 
podendo acontecer tanto na fase pré-processual, quanto na fase processual. Segundo Lopes 
(2017) apesar de possuir uma previsão legal o ponto mais controverso é o não cumprimento 
do previsto por parte de magistrados e delegados de policia. 
Ainda sobre esse ponto destaca Lopes (2017) o quanto é perigoso o não respeito a 
previsão do dispositivo legal, fato este constatado quando o juiz inquere a testemunha ou 
vitima com a seguinte afirmação “ reconhece o réu ali presente como sendo o autor do fato”, 
essa arbitrariedade por si só já configura o total desrespeito a formalidade do ato probatório, 
que além de não respeito as regras processuais ainda fere o direito de não produção de provas 
contra si mesmo. 
O inciso I do artigo 226 do código de processo penal trás o seguinte texto “ A pessoa 
que tiver que fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deve ser 
reconhecida”. Conforme Nucci (2016) o procedimento de reconhecimento se inicia com o 
convite para a pessoa que fará o reconhecimento para que a mesma descreva a pessoa a ser 
reconhecida. Isso se dá para que o Magistrado possa atestar que o reconhecedor possui 
lembranças suficientes sobre o possível culpado, “por exemplo se descrever que a pessoa tem 
dois metros de altura, não pode, em seguida, reconhecer o autor do crime como um anão”. 
Posteriormente conforme prevê o inciso II do artigo 226 do código de processo 
penal, a pessoa a ser reconhecida deve ser colocada ao lado de outras, com características 
semelhantes, quando possível, e então o reconhecedor é solicitado a indica-lo. 
Tal procedimento é difícil para o reconhecedor conforme observa Nucci (2016) o 
reconhecedor precisa realizar um processo de comparação pelo qual vai buscar em sua 
consciência a imagem daquele que praticou o ato delitivo e a quem possui relevância no 
processo. Independente de uma vitima ou testemunha é preciso encontrar um padrão de 
confronto para retirar a identidade correta ou de se colocar em completa duvida, sendo 
incapaz de proceder com o reconhecimento. 
Ainda sobre destaca Nucci (2016) que a expressão “se possível” do artigo 226, inciso 
II, diz respeito ao requisito de colocação de pessoas semelhantes entre a pessoa a ser 
reconhecida, não guardando ligação com exigência de se ter varias pessoas lado a lado umas 
as outras. Não se pode realizar o reconhecimento de forma individualizada, pois se assim o 
fosse, não estaria constituído um reconhecimento, mas sim um testemunho. 
30 
 
 
Destaca Lopes (2017) que o código não dispõe sobre o numero máximo de pessoas 
para o reconhecimento, mas trás um número que não seja inferior a 5 (cinco), ou seja, quatro 
pessoas mais o imputado, buscando assim uma redução na margem de erro e maior 
credibilidade ao procedimento. 
Quanto aos traços físicos semelhantes, se deve buscar o menor nível de indução 
possível, para garantir isso o Magistrado deve observar entre as pessoas que comporão o 
reconhecimento atributos como porte físico, estatura, pele e cor de cabelo, etc. As vestimentas 
também necessitam de atenção por parte do Juiz, as mesmas não devem ter diferenças 
gritantes. 
Segundo Lopes (2017) observar essas formalidades garantem ao instrumento 
probatório do reconhecimento maior credibilidade, qualidade e confiabilidade ao sistema 
judiciário pátrio. 
É possível que o reconhecedor possa de alguma forma ter receio em realizar o 
procedimento. Nestes casos o inciso III do artigo 226 do código de processo penal prevê que 
se deve isolar o reconhecedor da pessoa a ser reconhecida. Sobre este tema explica Nucci 
(2016, Pág. 293): 
O crescimento do crime organizado e o fortalecimento do delinquente diante 
da vítima e da testemunha fazem com que o Estado garanta fiel aplicação da 
lei penal, protegendo aqueles que colaboram com a descoberta da verdade 
real. Assim, havendo fundamento plausível, é preciso que a autoridade 
policial – trata-se do reconhecimento na fase extrajudicial neste caso – 
providencie o isolamento do reconhecedor. Cumpre mencionar que tal regra 
já se tornou habitual nos processos de reconhecimento, o que deflui natural, 
em nosso entender, pelo aumento da criminalidade e da violência com que 
agem os delinquentes. 
 
Ressalta-se que a proteção acima citada, só se aplica a fase extrajudicial. Na fase 
judicial, por força do paragrafo único do artigo 226, não existe essa possibilidade. Em 
decorrência desta previsão a doutrina se divide quanto ao tema. A favor da temática justifica 
Espindola Filho (1960, Pág. 234) 
 
E, apenas, quando o reconhecimento dever efetivar-se perante o julgador, 
quer na fase da instrução criminal, quer na do plenário de julgamento, não 
haverá motivo de providenciar desse modo, pois o ambiente em que se 
realiza o ato e a presença do juiz constituirão elementos de garantias 
suficientes, para nada temer o reconhecedor. 
 
Contrário a este posicionamento, destaca Nucci (2016) que o disposto no paragrafo 
único não condiz com a realidade enfrentada no Brasil atualmente, não é racional e nem se 
31 
 
 
encontra justificativas para se obrigar a vitima ou a testemunha ficar frente a frente com um 
possível autor de pratica delitiva, onde as primeiras precisaram apontar o dedo ao segundo e 
possivelmente o indicar como o culpado. 
Procurando por um fim a questão explana Nucci (2016, Pág. 294) 
 
Portanto, cremos que o referido art. 226, parágrafo único, do CPP, deve ser 
interpretado em sintonia com as demais normas existentes, no processo penal 
brasileiro, inclusive sob o espírito de proteção trazido pela Lei 9.807/99, 
permitindo até mesmo a troca de identidade de pessoa ameaçada, para que 
seu depoimento seja isento e idôneo. Defendemos que a leitura deste 
dispositivo deve ser no sentido da possibilidade do reconhecimento em juízo 
ser feito, com ou sem o isolamento do reconhecedor, conforme as condições 
locais, enquanto, na policia, isolamento é obrigatório. 
 
 
Por fim o inciso IV do artigo 226 do código de processo penal prevê o fim do 
procedimento probatório com a redução a termo dos acontecimentos. Além do reconhecedor é 
preciso a presença e de duas testemunhas durante o reconhecimento, mais a autoridade 
policial. 
 
 
1.8.1. O Peso do Reconhecimento Enquanto Prova 
 
Como um meio de prova o reconhecimento possui seu peso, ou seja, dentro do 
processo ele pode ser utilizado como base de fundamentação para confirmação da 
materialidade e autoria de pratica delitiva. Porém, cabe ressaltar que tal prova pode ser 
produzida na primeira fase da persecução criminal, não sujeita assim ao crivo do 
contraditório, mesmo com a possibilidade de confirmação por parte das testemunhas presentes 
durante a oitiva, não deve ser o reconhecimento a única prova para confirmar um prisão ou a 
abertura de uma ação penal. 
Sobre o peso o reconhecimento enquanto meio probatório adverte Nucci (2016, Pág. 
294) 
 
[...] Se testemunhas podem mentir em seus depoimentos, é natural que 
reconhecedores também podem fazê-lo, durante o reconhecimento de 
alguém, Além disso, é preciso contar com o fator de deturpação da memória, 
favorecendo o esquecimento e proporcionando identificações casuísticas e 
falsas. O juiz jamais deve condenar uma pessoa única e tão somente com 
base no reconhecimento[...] 
32 
 
 
CAPÍTULO 2 
 
 
2. INTRODUÇÃO A NEUROCIÊNCIA 
 
O cérebro é sem sombra de duvidas a estrutura mais complexa conhecida no mundo, 
sendo ele que determina quem nós somos ou seremos. 
O planeta terra possui cerca de 4,5 bilhões de anos aproximadamente, e a primeiraforma de vida, segundo os biólogos seguidores das ideias evolucionistas, surgiu em menos de 
um bilhão de anos após a data estimada. Acredita-se que está forma de vida era unicelular 
procariótica, ou seja, não possuía um núcleo celular. O que mais se destaca nessa data é que 
os pesquisadores geofísicos acreditam que o resfriamento do planeta coincide com a 
existência da primeira forma de vida (AMTHOR, 2016, Pág. 12) 
Não se sabe ao certo os motivos que possibilitaram a evolução da vida, mas acredita-
se que se passou mais de um bilhão de anos para o aparecimento de uma nova forma de vida, 
as eucarióticas ou vida com núcleo celular. E mais um bilhão de anos para que as eucarióticas 
evoluíssem para uma estrutura multicelular. E por fim, mais um bilhão de anos para que enfim 
viessem a surgir os primeiros humanos. (AMTHOR, 2016, Pág. 12) 
Segundo AMTHOR (2016) quando se trata de organismos multicelulares a 
ambientação das células internas do grupo é diferente do conjunto de células externas. Por 
conta disso foi necessário que as células desenvolvessem um modo de se aprimorar e se 
comunicar. Compreender esse aprimoramento é essencial para que entenda como o Sistema 
Nervoso funciona. 
Explica AMTHOR (2016) que para o desenvolvimento da vida multicelular era 
preciso que as células obtivessem um grau de especialização dentro do conjunto celular. 
Sendo assim, as células eucarióticas se desenvolveram para regular a manifestação do DNA 
de formas distintas entre as internas e externas. Durante este processo substancias eram 
secretadas como uma forma de sinal para que células próximas respondessem. 
Conforme diz Darwin, a existência da vida só é possível quando acontece uma 
adaptação biológica dos organismos que compõem o ambiente, sendo assim, esclarece 
AMTHOR (2016) que alguns organismos multicelulares possuíam uma vantagem em relação 
aos outros por conseguirem se mover de forma mais rápida se valendo dos flagelos. Porém, ao 
se analisar o conjunto, não é possível que um organismo sobreviva com diferentes células, em 
diferentes lugares, com flagelos se movendo de forma desalinhada. Para corrigir esse 
33 
 
 
desequilíbrio um grupo de células se especializou em redes de comunicação. A comunicação 
entre redes se dava por meio de sinalização elétrica entre as redes internas quanto externas. 
 
Com o passar do tempo bolas de células começaram a evoluir para organismos mais 
complexos e passaram a ter neurônios tantos especializados quanto sensoriais. 
Destaca AMTHOR (2016, Pág. 15) 
 
“Cerca de meio bilhão de anos atrás, invertebrados, como os insetos, 
rastejaram para a terra firme para devorar as plantas que cresciam lá há 
milhões de anos. Mais tarde, alguns peixes pulmonados vertebrados se 
aventuraram na terra por breves períodos, quando poças de maré e outros 
corpos rasos de água secaram, forçando-os a se contorcerem para chegar a 
uma poça maior. Alguns gostaram tanto que acabaram ficando na terra quase 
o tempo todo e se tornaram anfíbios, alguns dos quais se transformaram mais 
tarde em répteis. Alguns dos répteis deram origem aos mamíferos, cujos 
descendentes somos nós.” 
 
 
O cérebro humano atual é conhecido como “neocórtex”, isso se dá por ser uma 
manifestação nova entre os mamíferos. Antes da existência dos mamíferos os animais 
existentes tais como répteis e pássaros possuíam um cérebro menor com poucas áreas que se 
ocupavam de processar informações sensoriais e gerenciar comportamentos. 
Observa AMTHOR (2016) que a evolução no cérebro dos mamíferos se deu pelo 
aumento exponencial dos circuitos específicos, passando processar além das informações 
sensoriais e comportamentais, também as motoras. Os neurocientistas não sabem precisar em 
qual momento o cérebro passou a crescer ao tamanho atual, considerando que espécies 
anteriores se saiam muito bem com cérebros menores, além do fato de que o aumento acaba 
gerando um maior esforço do organismo como pode ser visto no metabolismo. O cérebro 
humano corresponde a apenas 5% do peso total corporal, porém, ele sozinho consome cerca 
de 20 % do metabolismo corporal. 
 
 
2.1. TEORIAS DA FRENOLOGIA E TEORIA DO CAMPO AGREGADO 
 
No inicio da história das neurociências muitas teorias foram propostas com o intuito 
de explicar como o cérebro funciona. Dentre as teorias duas ganharam maior destaque, a 
teoria da frenologia e a teoria do campo agregado. 
34 
 
 
A teoria da frenologia surgiu em 1796, com o médico austríaco Franz Joseph Gall, 
antes, imperava o conceito de que as funções cerebrais tinham por base o pensamento 
filosófico de Galeno. Com o apoio da igreja católica as ideias de Galeno se difundiram por 
toda a Europa, o filosofo apresentou a doutrina ventricular segundo a qual o cérebro só 
exercia uma função, sendo esta exercida pelos ventrículos cerebrais. Galeno conceituava que 
eram regiões puras e como existiam três deles representavam a santíssima trindade manifesta 
no homem. 
Frenologia etimologicamente deriva das palavras phenos, que significa mente, e 
logos, que significa estudo. A teoria da frenologia buscava explicar o localizacionismo 
cerebral. Gall dividiu sua explicação em três partes, primeira Gall propõe que as faculdades 
intelectuais e morais dos seres humanos são a eles inatas, sendo assim, sua exteriorização 
necessita da organização cerebral. Segundo Gall diz que o cérebro é composto por 
subestruturas, cada qual responsável pela regulação de funções mentais especificas tais como 
o comportamento, as emoções e o pensamento. Terceiro Gall indicou que o desenvolvimento 
cerebral produz alterações na caixa craniana, mudando sua forma. 
A teoria do Campo Agregado vai ao outro extremo no que diz respeito ao 
funcionamento do cérebro. Segundo esta teoria o cérebro não é tem sua funções divididas em 
outras estruturas, mas é um único grande circuito neuronal e que suas capacidades e limites 
são definidos pelo seu tamanho total. 
Apesar de ser considerado um marco para a história das neurociências Gall teve 
diversas acusações contra ele levantadas, tais como pseudociência e charlatanismo. Em 
grande parte essas criticas derivaram da impossibilidade Gall em comprovar suas hipóteses 
por falta de robustas evidências cientificas. 
Segundo AMTHOR (2016) as teorias relacionadas ao campo agregado acreditavam 
que as estruturas internas do cérebro não possuíam grande importância ou relevância para a 
compreensão do seu funcionamento. 
 
 
2.2. O SISTEMA NERVOSO 
 
O sistema nervoso é formado pelo sistema nervoso central, que tem como 
componentes o cérebro, a retina e a medula espinhal, e o sistema nervoso periférico, composto 
por axônios motores e sensoriais que fazem a ligação do sistema nervoso central aos órgãos e 
35 
 
 
membros. Ainda sobre o sistema nervoso periférico faz parte do mesmo o sistema nervoso 
autônomo, responsável pela regulação dos processos de digestão e frequência cardíaca. 
Segundo observa AMTHOR (2016, Pág. 23) 
“A estrutura mais complexa do universo (que conhecemos) é a massa 
de 1,36kg dentro do crânio chamada cérebro. Ele consiste de cerca de 
100 bilhões de neurônios, que é mais ou menos a mesma quantidade 
de estrelas na nossa Via Láctea e o número de galáxias no universo 
conhecido.” 
 
Justamente por ser uma maquina extremamente complexa o cérebro é composto por 
diversas partes, e cada uma delas com as suas correspondentes subdivisões e que vão se 
subdividindo até se chegar aos neurônios que são sua estrutura mais básica. 
Neocórtex deriva de duas palavras, a primeira vem de Neo que significa novo e a 
segunda vem de Córtex que significa casca ou escudo. De acordo com AMOTHOR (2016) 
apesar de parecer, em primeira vista uma massa tridimensional com ranhuras, o neocórtex é 
como uma grande folha de tecido bem fino. Possuindo uma área de cerca de 0,140 metros 
quadrados. 
A maior diferença dos mamíferos para com os outros animais se encontra justamenteno tamanho do neocórtex. Sendo o do ser humano tão grande que vela quase todo o cérebro, 
ficando a mostra uma parte protuberante atrás chamada de cerebelo. É justamente por seu 
tamanho e quantidade de ligações que ele é o responsável pela maior parte das atividades 
mentais de natureza complexa e as quais nos definem como seres humanos. 
As ranhuras visíveis no neocórtex são denominadas de sulcos e o topo entre os sulcos 
são chamados de giros. Destaca AMTHOR (2016) que não existe uma diferença digna de 
destaque entre os tecidos dos sulcos e giros. No cérebro é comum se ter uma maior interação 
entre áreas próximas umas as outras, fato este que não impede uma comunicação com áreas 
mais distantes. 
Dentre as características mais marcantes ao se observar o cérebro é que o mesmo é 
composto de dois lobos, que são extremamente parecidos e são denominados de hemisférios 
direito e hemisfério esquerdo. O primeiro possui maioria de entradas do lado esquerdo do 
corpo, sendo responsável por este lado e também é melhor no reconhecimento de padrões 
visuais. Já o segundo possui maioria das entradas do lado direito do corpo, e além de cuidar 
deste lado também possui maior especialização em raciocínio e regras analíticas e linguagem. 
Aduz AMTHOR (2016) 
“Na maioria das tarefas, os dois hemisférios usam uma estratégia de 
dividir e conquistar, na qual o hemisfério esquerdo processa os 
36 
 
 
detalhes e o direito absorve o cenário geral. Os dois hemisférios estão 
conectados pelo maior trato de fibras do cérebro, o corpo caloso, que 
contém 200 milhões de fibras.” 
 
O neocórtex é dividido em quatro partes, chamadas de lobo frontal, lobo parietal, 
lobo occipital e lobo temporal. O primeiro cuja a nomenclatura explica se encontra frente do 
crânio, sua extensão vai da frente do crânio até um sulco chamado de sulco central. Já o giro é 
o córtex motor primário. A parte anterior ao lobo frontal é denominada de córtex pré-frontal. 
O lobo frontal esta ligado a expressão de comportamentos. Sendo o lobo pré-frontal 
o responsável pela maior parte dos aspectos de planejamento abstrato. Existe uma parte do 
lobo pré-frontal que é nomeada de córtex pré-frontal dorsolateral que possui enorme grau de 
importância e relação com a memória operacional. No centro do córtex pré-frontal 
dorsolateral se encontra o córtex pré-frontal ventromedial que guarda grande relação com o 
processo de tomadas de decisões e analise de riscos. 
O segundo é titulado de lobo parietal é quem recebe as informações de natureza 
sensórias capitadas pela pele e língua, bem como é o responsável pelo processamento dessas 
informações vindas de outros lobos ligados aos olhos e orelhas. 
O terceiro é o lobo Occipital, localizado na parte de trás do cérebro sendo o 
responsável pelo processamento das informações visuais, que são transmitidas ao cérebro 
pelas retinas por intermédio do tálamo. Conforme AMTHOR(2016) a existência de um lobo 
inteiro destinado aos processos visuais, demonstra a importância de se ter uma ampla precisão 
visual e de seu destaque entre os demais sentidos. 
O quarto e ultimo lobo é conhecido como Temporal, é neste lobo que ocorre a 
combinação das informações visuais e auditivas. 
Ainda sobre o sistema nervoso, mais especificamente abaixo do neocórtex, se 
encontra o Tálamo. De todas as formas de interação do córtex com o restante do cérebro a 
mais utilizada é o Tálamo. Este ultimo, juntamente com o hipotálamo, responsável por 
controlar as funções homeostáticas do corpo, formam o que é conhecido como diencéfalo. 
Explica AMTHOR (2016, Pág. 50) 
“A raiz da palavra tálamo vem do grego (tholos) e está relacionada ao 
hall de entrada de uma construção, então você pode pensar no tálamo 
como a entrada para o córtex. Praticamente todos os sinais dos 
sentidos são transmitidos por meio do tálamo, assim como os sinais de 
outras áreas subcorticais. Muitas áreas do neocórtex também se 
comunicam umas com as outras por meio do tálamo.” 
 
37 
 
 
 2.3 O SISTEMA LIMBICO 
 
Aduz AMTHOR (2016) que logo abaixo do neocórtex existem diversas áreas 
cerebrais subcorticais de grande importância, mas dentre todas, a mais importante é a rede de 
núcleos filogeneticamente antigos chamada de Sistema Límbico. Ao se dizer que o sistema 
límbico possui núcleos filogeneticamente antigos isso significa que estes núcleos existiram 
em espécies muito antigas que os mamíferos tais como répteis e pássaros. 
Segundo AMTHOR (2016, Pág. 52) 
 
“O sistema límbico evoluiu para incorporar a memória no controle geral de 
comportamento pelo hipocampo e pela amígdala. Essas estruturas de 
memória interagem não só com o neocórtex, mas também com um tipo mais 
antigo de córtex chamado córtex cingulado, ou, às vezes, de mesocórtex, um 
tipo de córtex que evoluiu como um controlador de alto nível, antes do 
neocórtex, para controlar o comportamento.” 
 
 
 
2.4 O FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO 
 
As divisões de todo o sistema nervoso estão baseadas nas funções dos neurônios. 
Estes que são células com a característica de processamento de informações. Cumpri destacar 
que dentre todos os sistemas nervosos de todos os seres tem basicamente quatro tipos de 
células funcionais básicas. A primeira são os neurônios motores, também conhecidos como 
efetuadores tem como função primordial a contração muscular, mediar comportamentos e 
estimulação de órgãos e glândulas. 
As segundas são os neurônios sensoriais, que tem como função básica informar todo 
o cérebro sobre o ambiente tanto interno quanto externo. As terceiras são os neurônios 
associativos, são o maior número dentre os tipos e tem como função de reconhecer e 
processar as informações oriundas dos sentidos, após isso, contrapor as informações com as 
memórias existentes se valendo disso para planejar e executar determinado comportamento. 
As quartas são chamadas de neurônios de comunicação e são os responsáveis por transmitir as 
informações entre as diversas áreas do cérebro. 
Explica AMTHOR (2016, Pág. 18) 
 
“O que realmente distingue o sistema nervoso de qualquer outro grupo de 
células funcionais é a complexidade das interconexões neurais. O cérebro 
humano tem cerca de 100 bilhões de neurônios, cada um com um conjunto 
único de cerca de 10 mil entradas sinápticas de outros neurônios, produzindo 
38 
 
 
cerca de um quadrilhão de sinapses. O número de estados distintos possíveis 
desse sistema é praticamente incontável.” 
 
Já o neocortex, que é a parte que é geralmente vista do cérebro possui um conjunto 
de neurônios que formam um perímetro neural complexo denominada de minicoluna, sendo a 
mesma replicada milhões de vezes na superfície cortical. 
O cérebro é composto por diversas áreas especializadas que estão associadas a 
sentidos próprios tais como audição, motora e visual. A atividade das variadas áreas do 
cérebro não é dependente de uma estrutura especializada, como as minicolunas, mas sim das 
entradas e saídas das ligações. Observa AMTHOR (2016) ainda que de existir uma 
similaridade entre o córtex auditivo, visual e motor, o primeiro só é auditivo por receber a 
informação pelas entradas cóclea e por enviar essas informações auditivas para áreas 
associadas que a processaram desta forma. 
Diversas partes do cérebro também são constituídas de circuitos e módulos repetidos, 
mesmo sendo localizados em locais distintos. Dentre os diversos dois acabam por ganhar um 
maior destaque, a Medula Espinhal e o Cerebelo. O primeiro é um conjunto de circuitos 
extremamente similares que tem sua estrutura repetida por toda a sua extensão, da borda ao 
topo da medula. O segundo é mais visível uma vez que fica mais protuberante na parte 
traseira do neocórtex, sendo o seu conjunto de circuitos responsável pelo sistema motor, ou 
seja, pelo seu planejamento, execução e equilíbrio. 
 
 
2.5 A MEMÓRIA 
 
Na ideia de IZQUIERDO (2011, Pág. 18) “Memória” é todo o processo de aquisição,formação, conservação e evocação de informações por parte do cérebro. O primeiro também é 
conhecido como aprendizagem, uma vez que só é possível reter aquilo que foi aprendido. A 
ultima é reconhecida como lembrança ou recuperação, haja vista, se ser possível se lembrar 
do que foi armazenado e aprendido. 
Pode-se dizer que só existimos por conta do que lembramos, pensando sob a 
concepção do ser não é possível se fazer o que não conhecemos, nem transmitir o que não 
sabemos, em outras palavras aquilo que não temos como memórias. Analisando a memória 
em um aspecto amplo somos o que somos por conta do que lembramos, a distinção entre os 
indivíduos se faz pelo conjunto de memórias construídas por cada um, é o que torna cada um 
único no mundo. 
39 
 
 
Durante a vida a memória de cada individuo escolher o que lembrar e o que 
esquecer, essa totalidade de memórias é chamada de personalidade. 
Conforme IZQUIERDO (2011, Pág. 19) 
“Um humano ou um animal criado no medo será mais cuidadoso, 
introvertido, lutador ou ressentido, dependendo de suas lembranças 
especificas mais do que de suas propriedades congênitas. Nem sequer as 
memórias dos seres clonados (como gêmeos univitelinos) são iguais; as 
experiências de vida de cada um são diferentes. Uma vaca clonada de outra 
vaca terá mais ou menos acesso à comida do que a vaca original, ficará 
prenhe mais ou menos vezes, seus partos serão mais ou menos dolorosos, 
sofrerá mais a chuva ou o calor que a outra; e as duas não serão exatamente 
iguais, exceto pela aparência física.” 
 
A abundância de memórias é o que torna o ser em indivíduo, mas assim como a 
diversidade de animais o individuo não consegue viver muito bem sozinho, necessitando estar 
em um grupo. Esse convívio em grupo desenvolve no individuo a habilidade de comunicação, 
habilidade esta extremamente necessária para a felicidade, satisfação e segurança. 
Para que seja possível existir uma comunicação é preciso de indivíduos de um grupo 
compartilhem laços, estes geralmente ligados a afinidades e cultura. Esse compartilhar de 
memórias é o que define os povos, países e civilizações. Esta soma é chamada de história. 
 
 
2.6 NOÇÕES SOBRE OS NEURÔNIOS 
 
Para melhor compreender a memória é preciso um estudo prévio sobre os neurônios, 
uma vez que eles são os responsáveis por armazenar, evocar e modular a memória. Acredita-
se que o no cérebro humano existam cerca de oitenta bilhões de neurônios. 
Afirma IZQUIERDO (2011, Pág. 20) que os neurônios possuem prolongamentos e 
que estes por vezes podem possuir vários centímetros, é por meio destes prolongamentos que 
os neurônios constituem redes e conseguem se comunicar uns com os outros. Os 
prolongamentos que conseguem emitir informações na forma de sinais elétricos com outros 
são chamados de axônios. E sobre os axônios que se colocam essa informação são chamados 
de dendritos. 
Ainda sobre o tema, destaca IZQUIERDO (2011, Pág. 20) 
 
“ A „transferência” de informação dos axônios para os dendritos é feita 
através de substâncias químicas produzidas nas terminações dos axônios, 
denominadas de neurotransmissores. Os pontos onde as terminações 
axônicas mais se aproximam dos dendritos se chamam sinapses, e são os 
40 
 
 
pontos reais de intercomunicação de células nervosas. Do lado dendrítico, 
nas sinapses, há proteínas especificas para cada neurotransmissor, chamadas 
de receptores” 
 
 
2.7. TIPOS E FORMAS DE MEMÓRIAS 
 
As memórias podem ser classificadas de diversas formas, como quanto a sua função, 
quanto ao tempo e quanto ao conteúdo. Apesar destas classificações as que recebem maior 
destaque a atenção dos pesquisadores são as memórias de longa e curta duração. Para alguns a 
memória de curta duração nada mais seria do que o gatilho para o processo de formação das 
memórias de longa duração. 
Porém, resultados mais atuais têm direcionado para a existência de mecanismos 
distintos entre estas memórias, o que as fazem funcionar de forma independente bem como 
em estruturas diversas. O processo de construção das memórias não se limita ao momento em 
que se aprende algo ou da lembrança de um fato especifico. 
Existem também as memória de curto prazo, também conhecidas por memória de 
trabalho, para alguns pesquisadores o nome mais apropriado para essas memória seria central 
de gerenciamento. A memória de trabalho não possui apenas capacidade de armazenamento 
de informações, ela existe para contextualizar o sujeito e gerenciar o fluxo de informações que 
percorrem o cérebro. 
Segundo JUNIOR e FARIA (2015, Pág. 4) 
 
“A duração da memória de trabalho é ultrarrápida porque ela nos permite 
armazenar uma informação apenas enquanto estamos fazendo uso dessa 
mesma informação, ou seja, apenas enquanto certo trabalho está sendo 
realizado ou enquanto precisamos elaborar determinado comportamento. 
Quando queremos encomendar uma pizza, por exemplo, olhamos o número 
no imã da geladeira e conseguimos guardá-lo tempo suficiente para que 
possamos chegar ao telefone e discar o número. Quando a informação 
temporariamente armazenada deixa de ser útil, ela é descartada e, 
normalmente, esquecida. Portanto, é provável que esqueçamos o número de 
telefone da pizzaria alguns minutos após termos discado. A memória de 
trabalho também entra em ação quando estamos conversando com alguém e, 
para que possamos encadear as ideias para que a conversa tenha sentido, 
temos que nos lembrar (temporariamente) da última e da penúltima palavra 
que foram ditas para que a frase e, posteriormente, a conversa façam sentido. 
Ao fim do diálogo, normalmente nos esquecemos da maioria das palavras e 
nos lembramos somente de seu conteúdo” 
 
Já a memória de longo prazo, também conhecida por memória referencial ou remota, 
é a que tem o poder de arquivamento e consolidação, podendo durar por tempo 
41 
 
 
indeterminado. Para uma melhor compreensão as memórias de longa duração podem ser 
divididas em: Memórias Declarativas/Explicitas e Memórias Não Declarativas/Implícitas. As 
primeiras são aquelas que ficam facilmente disponíveis na consciência, podendo ser evocadas 
por palavras. Já a segunda são memórias que estão em um nível mais profundo da consciência 
podendo ser evocadas por ações. 
Conforme JUNIOR e FARIA (2015, Pág. 6) 
 
“É na memória declarativa que estão "guardados" os episódios de nossa 
infância, as imagens de uma viagem que fizemos há muito tempo e os 
conhecimentos adquiridos na escola. Sobre o conteúdo da memória 
declarativa, podemos subdividi-la em duas categorias: (a) memória 
episódica, que diz respeito a experiências passadas, a "episódios" de nossas 
vidas (uma viagem, um momento muito triste, o primeiro beijo etc.). A 
memória episódica guarda informações relacionadas a um determinado 
momento no tempo, sendo, portanto, responsável pela nossa autobiografia; 
(b) memória semântica, que diz respeito a conhecimentos não relacionados a 
tempo e espaço específicos. Trata-se de uma memória que não guarda 
momentos, mas sim fatos (e.g. o significado das palavras, os conhecimentos 
de biologia, as regras gramaticais de um idioma, símbolos etc.).” 
 
 
2.8. FALSAS MEMÓRIAS 
 
Com o passar dos anos, muitos estudiosos tem tomado interesse pelo estudo das 
falsas memórias, isso quer dizer, buscam compreender o porquê acabamos lembrando de fatos 
não ocorreram e qual o processo envolvido nisto. Estimulados pelas consequências de tal fato 
nas áreas clinicas e legais os estudos quanto às falsas memorias tem crescido com mais 
intensidade na última década, destacando-se no campo da Psicologia Experimental Cognitiva. 
No âmbito legal o crescimento do interesse pelas falsificações da memória está 
relacionado a indagações quanto à capacidade das pessoas em poderem relatar de forma 
fidedigna situações testemunhadas. Acontecimentos em infrações penais ligadas a vitimas de 
abusos físicos, sexual ou psicológicos, o reconhecimento ocular, entre outras, aumenta ainda

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