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- -1 Caracterização da gestão escolar Caio César Sousa Marçal Introdução Quando lembramos do nosso tempo na escola, recordamos de muita coisa, não é mesmo? Porém, muitas vezes não atentamos como ela funciona. Iremos conhecer o conceito de gestão escolar, percebendo a escola e a sala de aula como o lugar que foca no cumprimento das políticas educacionais. Para tanto, vamos tratar sobre as definições e princípios da gestão escolar, sua relação com o fazer pedagógico, as concepções de organização e gestão escolar. Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer o conceito de gestão escolar, entendendo a escola e a sala de aula como o <i>locus</i> de materialização da política educacional.<b></b> Definições e princípios da gestão escolar O termo gestão procede de palavras latinas e expressam a ideia de “levar sobre si,gero, gessi, gestum, gerere carregar, chamar a si, executar, exercer, gerar”. Em outras palavras, gestão implica em ser responsável pelo cuidado de um bem comum (Mantay, 2009). Figura 1 - Pensando a gestão escolar Fonte: VLADGRIN, Shutterstock, 2018. Segundo Silva (2007), no contexto da gestão escolar, o foco principal “é fazer com que a vida dos seres humanos • - -2 Segundo Silva (2007), no contexto da gestão escolar, o foco principal “é fazer com que a vida dos seres humanos que passam por ela (escola) se torne mais promissora, mais digna, mais justa, mais humana” (SILVA, 2007, p. 21). Assim, o papel da gestão escolar é tratar de demandas relacionadas com o planejamento do trabalho da escola, bem como sobre o uso dos espaços físicos, como o bom uso dos recursos financeiros, humanos e pedagógicos. A gestão escolar envolve a mobilização de meios para alcançar os objetivos enquanto sua finalidade de educar pessoas. Tal finalidade envolve capacidade de organização, tanto em questões gerenciais e técnico- administrativas, como em questões pedagógicas. Enquanto um direito humano fundamental, a escola é de interesse público e que enreda toda a sociedade. Assim, a organização escolar se diferente da gestão de uma empresa e não deve estar submetida ao interesse do mercado, por exemplo. A Constituição de 1988 indicou os princípios que da educação brasileira. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) (Brasil, 1988, p. 277- 278). A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 9.394/96 é que institui e regulamenta as diretrizes gerais para a educação brasileira. A LDB define que a gestão escolar seja democrática, todavia considerando as peculiaridades regionais. É importante garantir tanto a participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico das escolas quanto a participação do corpo escolar e da comunidade local nos conselhos escolares. A LDB aponta que a gestão escolar também deve buscar padrão de qualidade e condições melhores de trabalho para os docentes (LIBÂNEO, 2013). FIQUE ATENTO A escola é de interesse de toda coletividade. A Constituição Federal afirma que que ela deve ser democrática, compartilhada e participativa. Sendo assim, os princípios norteadores da gestão escolar são a liberdade, o direito e a igualdade, que são as pedras fundamentais da educação pública de qualidade (COLARES; PACÍFICO; ESTRELA, 2009). - -3 Políticas públicas direcionadas à gestão escolar Quais são os problemas educacionais que devem ser superados no Brasil nos próximos anos? Para responder a essa questão, é necessário que saibamos quais as proposições formuladas sobre tais políticas públicas para a educação, já definidas pelo Conselho Nacional de Educação (CONAE). Figura 2 - A Educação enquanto Política Pública Fonte: Kzenon, Shutterstock, 2018. Nesse sentido, o atual Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela Lei n. 13.005, indica 10 diretrizes que devem ser cumpridas nos próximos dez anos: I - Erradicação do analfabetismo; II - Universalização do atendimento escolar; III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV - Melhoria da qualidade da educação; V - Formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se SAIBA MAIS Para falar sobre Educação e gestão escolar, é fundamental que o pedagogo compreenda a dimensão do acesso à educação como direito fundamental. Para se aprofundar mais sobre isso, leia o texto de Jamil Cury intitulado A educação básica como direito. - -4 V - Formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI - Promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País; VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX - Valorização dos (as) profissionais da educação; X - Promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental (BRASIL, 2014). Os impactos da gestão escolar no fazer pedagógico Uma gestão eficiente é aquela que conduz o processo de planejar e coordenar as ações do dia a dia da escola. Para tanto, é preciso considerar como ela impacta no fazer pedagógico escolar. Paro (2012) aponta que o alvo da escola está vinculado a transmissão de saberes de forma organizada e sistemática. EXEMPLO Na escola EMEF Sebastião Francisco O Negro, um meio usado para proporcionar uma gestão democrática são as assembleias escolares mensais. Em uma assembleia, debateu-se as metas do Plano Municipal de Educação de São Paulo. Enquanto as metas eram apresentadas, os alunos opinavam sobre cada tópico e de que modo esses podiam ser postos em prática. (ARCE; 2018) - -5 Figura 3 - Fazer pedagógico é também trocar experiências Fonte: Rido, Shutterstock, 2018. Nesse sentido, o fazer pedagógico promove o diálogo e a participação de todos aqueles que estão implicados no espaço escolar como forma de garantir o padrão de qualidade e do fomento de valores que humanizem todo corpo escolar, especialmente os discentes. Lück (2009) salienta que a relação entre a gestão escolar e o trabalho pedagógico deve ocorrer a partir dos docentes, pois esses são os sujeitos que promovem a prática pedagógica em sala, mas também ao lado dos estudantes e de todos os outros envolvidos da dinâmica escolar. As concepções de organização e gestão escolar Para Libâneo (2013), há duas visões diferenciadas, de ordem política, na educação. A primeira é a compreensão científico-racional, cuja abordagem é burocrática e tecnicista. A Escola é vista como uma organização inserida numa realidade objetiva e imparcial, que trabalha de modo racional para obter índices melhores de eficácia. A segundacompreensão é a sócio-crítica, a qual vê a escola como um lugar que integra seres humanos e que valoriza as interações sociais, levando em conta o contexto político e sociocultural. - -6 Figura 4 - A complexidade de organizar a escola Fonte: stockshoppe, Shutterstock, 2018. Libâneo (2013) também aponta quatro concepções: Concepção Técnico-Científica: baseada na hierarquia e na burocratização, é focada na racionalização do trabalho. Tem como marca a indicação detalhada de papéis e afazeres na escola, forte grau de divisão técnica, concentração de poder nas mãos do Diretor, estrutura rigidamente vertical e com maior destaque nos trabalhos do que nas relações interpessoais. Concepção Autogestionária: baseia-se na responsabilidade coletiva e na descentralização do poder decisório. Incentiva a participação direta e igual entre os componentes da escola. Valoriza as decisões coletivas em reuniões e assembleias, além da alternância no exercício de funções e a ênfase nas relações pessoais mais do em tarefas. Concepção Interpretativa: tem como base os conhecimentos subjetivos e as relações interpessoais. Nessa concepção, a instituição escolar não é uma disposição dada e objetiva. Privilegia menos a ação de organizar em si mesma em favor da ação coletiva organizadora. Coloca em primeiro plano a ação do caráter humano em detrimento ao caráter burocrático e estrutural normativo. Concepção Democrática-Participativa: centrada na relação de diálogo entre a Direção e os membros da comunidade na busca de objetivos iguais. Destaca o acompanhamento de ações assumidas coletivamente, sem abrir mão dos encargos pessoais; objetividade na forma de lidar com os assuntos da organização escolar, por meio de pesquisa concretas, ao mesmo tempo que considera sentidos subjetivos culturais; importância do diagnóstico e da avaliação de todo o sistema da escola para programar possíveis alterações de rumos; valorização igual entre as tarefas e as relações interpessoais. - -7 Fechamento Ao reconhecer os princípios e as diretrizes da Educação em nossas leis, percebe-se que gestão escolar deve observar o interesse social e os valores da democracia. Seu objetivo é fazer com que a escola humanize e potencialize a cidadania plena dos sujeitos. Sendo assim, suas diretrizes e concepções devem estar antenadas com os objetivos da educação enquanto um direito fundamental. Referências ARCE, P. Gestão Democrática na escola: comece já com as crianças. , São Paulo, 7 jun. 2018.Revista Nova Escola Disponível em: <https://gestaoescolar.org.br/conteudo/2022/gestao-democratica-na-escola-comece-ja-com-as- criancas>. Acesso em: 04/07/2018. BRASIL, . Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.Constituição da República Federativa do Brasil ______. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação-PNE e dá outras providências. , v. 26, 2014.Diário Oficial da União COLARES, M. L. I. S.; PACÍFICO, J. M.; ESTRELA, G. Q. : enfrentando os desafios cotidiano emGestão escolar escolas públicas. Curitiba: CRV, 2009. CURY, Carlos R. Jamil. A educação básica como direito. , v. 38, n. 134, p. 293-303, 2008.Cadernos de Pesquisa Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/v38n134/a0238134>. Acesso em: 04/07/2018. LIBÂNEO, J. C. teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Heccus, 2013.Organização e gestão da escola: LÜCK, H. . Curitiba: Positivo, 2009.Dimensões de gestão escolar e suas competências MANTAY, C. gestão democrática e qualidade da educação.Equipes diretivas do município de Esteio: Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação do Centro de Humanas, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2009. PARO, V. H. . 17. ed. São Paulo: Cortez, 2012.Administração Escolar – Introdução Crítica SILVA, J. B. Um olhar histórico sobre a gestão escolar. , v. 8, n. 1, p. 21-34, 2007.Educação em Revista FIQUE ATENTO Libâneo (2013) salienta que, enquanto a Concepção Técnico-Científica é marcada pela compreensão cientifico-racional, as Concepções Autogestionária, Interpretativa e Democrática- Participativa são influenciadas pela compreensão sócio-critica. https://gestaoescolar.org.br/conteudo/2022/gestao-democratica-na-escola-comece-ja-com-as-criancas https://gestaoescolar.org.br/conteudo/2022/gestao-democratica-na-escola-comece-ja-com-as-criancas https://gestaoescolar.org.br/conteudo/2022/gestao-democratica-na-escola-comece-ja-com-as-criancas http://www.scielo.br/pdf/cp/v38n134/a0238134 http://www.scielo.br/pdf/cp/v38n134/a0238134 - -1 História da gestão escolar no Brasil Caio César Sousa Marçal Introdução Você já imaginou como era a administração e a gestão da escola no tempo do Brasil Colônia? Nessa unidade temática veremos como se desenrolou ao longo dos anos a gestão escolar no Brasil, desde a época colonial até os dias de hoje. Ao final desta aula, você será capaz de: • entender a trajetória da gestão escolar analisando a história dessa função no Brasil. O início da história da gestão escolar no Brasil No Brasil, o início da educação está associado à chegada da Companhia de Jesus: ordem religiosa da Igreja Católica, organizada na Europa, em 1540, por Inácio de Loyola. A companhia, formada por padres jesuítas, buscava catequizar os índios para a religião católica. Nesse período, a gerência da escola era centrada na figura de um reitor, e o currículo baseado nos ensinos das primeiras letras (bê-á-bá), além de operações matemáticas simples. Os alunos mais destacados eram mandados a Portugal para concluir os estudos em Teologia. Já os filhos dos senhores de engenho eram enviados para estudar Direito ou Medicina (SHIGUNOV NETO; MACIEL, 2008). Figura 1 - Educação colonial Fonte: RPBaiao, Shutterstock, 2018 O método usado nas escolas pelos jesuítas era o . Ferreira Junior (2010) afirma que talRadium Studiorum • - -2 O método usado nas escolas pelos jesuítas era o . Ferreira Junior (2010) afirma que talRadium Studiorum metodologia era constituída de controle disciplinar rigoroso, memorização e em exercícios espirituais, como rezas. Porém, em 1759, o Marques de Pombal proibiu as atividades educacionais dos jesuítas, por meio de um Alvará Régio que os expulsavam do país. Assim, influenciada pelo pensamento iluminista, a Reforma Pompalina passou a gestão da escola para as mãos de um diretor de estudos indicado pela coroa portuguesa. Com a independência do Brasil de Portugal em 1822, instalou-se um novo ordenamento jurídico nacional, que manteve quase o mesmo modelo do gestão escolar do período colonial. No âmbito educação, a Constituição de 1824 indicava que o ensino primário seria gratuito a todos os cidadãos. O Império impôs o ensino da doutrina da Igreja Católica, então religião oficial do Estado. Em 1827, foi estabelecido um modelo de educação distinto entre meninos e meninas, em que elas eram proibidas de ter noções de geometria e operações matemáticas mais complexas, focando a formação escolar nas tarefas domésticas (FERREIRA JUNIOR, 2010). Figura 2 - O Império e a Educação Fonte: Vkilikov, Shutterstock, 2018. Em 1834, o Ato Adicional demarcou que o encargo da gestão, manutenção e a organização do ensino primário ficaria com as assembleias legislativas das províncias, enquanto a Monarquia se encarregaria do ensino superior (GONDRA; SCHUELLER, 2008). FIQUE ATENTO No Brasil Colônia houve dois momentos importantes: O primeiro foi o da presença Jesuíta, quando as escolas eram geridas pela Igreja Católica; a Reforma Pombalina, influenciada pelos ideais burgueses do iluminismo. O segundo foi o momento em que o estado tomou para si a gestão das escolas. (FERREIRA JUNIOR, 2010) - -3 As reformas educacionais no século XX Nos primeiros anos da República, que coincidem com o final do século XIX e início do século XX, começa o início da industrialização no Brasil e o surgimento do operariado brasileiro, há uma alteração importante no âmbito escolar: a criação da Escola Normal, conforme pontua Ferreira Junior (2010). A Escola Normal foi um meio para formar professores mais qualificados para a práticada docência. Assim, com o intuito de melhorar a parte pedagógica, criou-se o Grupo Escolar, que valorizava o ensino seriado, as classes homogêneas e concentradas em um mesmo prédio e sob uma única direção. Nesse contexto havia um professor para cada classe que contava com assistentes. Outras medidas foram tomadas para a educação pública: a obrigatoriedade de frequência nas aulas e a inspeção nas escolas. Figura 3 - Reformas educacionais no séc. XX Fonte: Donna Beeler, Shutterstock, 2018 Com a Revolução de 1930, uma nova realidade brasileira passou a exigir uma mão de obra especializada e, para isso, era preciso investir na educação. A publicação do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, pelo movimento da Escola Nova em 1932, buscou influenciar os rumos da política educacional. Com isso, houve uma disputa entre os escolanovistas, que defendiam uma escola laica, gratuita e obrigatória, dirigida pelo Estado, enquanto o clero católico defendia a obrigatoriedade do ensino confessional nas escolas públicas e exigia que o estado brasileiro financiasse esses colégios (XAVIER,2014). Com interesse de fortalecer o país para um novo momento urbano-industrial, foi implementada a “Reforma Francisco Campos”, que criou o Conselho Nacional de Educação, uma nova organização do ensino superior e a criação da Universidade do Rio de Janeiro (então capital federal) e alteração da organização do ensino secundário e do ensino comercial. Por pressão da Igreja Católica, o ensino religioso foi mantido. A Constituição de 1934 decretou que houvesse concurso público de títulos e provas para provimento do cargo de diretor do SAIBA MAIS O movimento escolanovista contava com grandes intelectuais, como Lourenço Filho e Anísio Teixeira. Para saber mais, leia o Artigo “Manifesto dos pioneiros da educação: um legado educacional em debate” de Xavier (2014). - -4 de 1934 decretou que houvesse concurso público de títulos e provas para provimento do cargo de diretor do Grupo Escolar, bem como delegou os estados fiscalizar e regulamentar as escolas (FERREIRA JUNIOR, 2010). Com o início do Estado Novo (1937 – 1945), houve a “Reforma Capanema”, que instituiu o Serviço Nacional de Aprendizagem, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, a Lei Orgânica do Ensino Industrial, do Ensino Secundário, do Ensino Comercial, do Ensino Primário, do Ensino Normal e Lei Orgânica do Ensino Agrícola. Tal proposta indicava uma escola voltada para as classes populares e outra para os filhos das elites (NUNES, 2006). A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) n. 4.024/1961 veio após 16 anos de debates intensos. Ela conservou a estrutura tradicional do ensino, porém sem criar um currículo nacional único. Menos centralizadora, as principais mudanças foram a probabilidade de acesso ao nível superior para egressos do ensino técnico e a criação do Conselho Federal de Educação (CFE) e dos Conselhos Estaduais de Educação. Em 1962, o CFE indicava as qualidades do diretor de escola: inspirar o corpo escolar com valores cristãos, pelo espírito cívico e democrático, além de demonstrar ser culto (FERREIRA JUNIOR, 2010). Figura 4 - Educação em tempos de repressão Fonte: Vilu, Shutterstock, 2018 O regime militar fez duas reformas educacionais: A primeira, em 1968, com a Lei n. 5.540 que reformulou a universidade; a segunda, em 1971, com a LDB n. 5.692, que instituiu o sistema nacional de 1 e 2 grau, criou e° ° incluiu como obrigatório no currículo a disciplina de educação moral e cívica e como disciplina optativa o ensino religioso. Esse período foi marcado pelo baixo nível das condições de trabalho e da formação de professores. FIQUE ATENTO No período Vargas houve a “Reforma Francisco Campos “, inspirada em grande parte pelos Movimento da Escola Nova, e a “Reforma Capanema”, que reproduzia a diferença das classes sociais da época. - -5 religioso. Esse período foi marcado pelo baixo nível das condições de trabalho e da formação de professores. Embora a educação fosse pública, os alunos das camadas sociais mais pobres tinham uma formação educacional fraca, isso os mantinham em situação de pouca mobilidade social. A gestão escolar após a ditadura militar até os dias atuais No processo de redemocratização do Brasil, a Constituição de 1988 e a LDB n. 9.394/1996 trazem um novo cenário, pois defendem a autonomia, a descentralização, a diversidade, a participação, assim como a gestão democrática na escola. Essas alterações foram fruto de uma longa luta dos profissionais da Educação (NUNES, 2006). Ferreira Junior (2010) salienta ainda que a LDB n. 9.394/1996 promoveu um sistema único de educação básica, composto pela Educação Infantil, pelo Ensino Fundamental e Médio, e pela Educação Superior; a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e a educação profissional passaram a compor a educação básica. Além disso, foi reconhecida a educação especial para as pessoas com deficiência, que deveria ocorrer preferencialmente na rede regular de ensino; a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). No início do século XXI ocorreram algumas mudanças na educação brasileira: a utilização de mecanismos de avaliação do sistema educacional brasileiro com exames externos, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade); e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básico (Fundeb). Fechamento Perceber as mudanças na gestão educacional ao longo do tempo no Brasil demonstra como a Educação é um espaço de luta política. É preciso ter ciência da história para entender não só o passado, mas também os desafios futuros para a escola brasileira. EXEMPLO Durante a ditadura militar, muitas pessoas foram perseguidas, torturadas e até mesmo assassinadas. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação criou a campanha “É importante lembrar para nunca mais reviver”, em que traz materiais sobre o papel do estudante nesse período e os personagens da ditadura. (DIETRICH, s.d.) - -6 Referências BRASIL. . Brasília, 1996.Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional n°. 9.394 ______. . Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: DF.Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961 1961. Disponível em: < http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=75529.htm>. Acesso em: 11 julho 2018. ______. Lei . Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras 5.692, de 11 de agosto de 1971 providências. Brasília, DF: 1971. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5692.htm>. Acesso em: 11 julho 2018. ______. Lei . Fixa normas de organização e funcionamento do ensino superior 5.540, de 28 de novembro de 1968 e sua articulação com a escola média, e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br /ccivil_03/Leis/L5540.htm> DIETRICH, J. Educação: mais uma vítima do regime militar no Brasil. , Sd. Disponível em: <Educação Integral >Acesso em: 11http://educacaointegral.org.br/reportagens/educacao-mais-uma-vitima-regime-militar-brasil/ julho 201 8 FERREIRA JUNIOR, Amarílio. : da Colônia ao século XX. São Carlos: EdUFSCar, História da educação brasileira 2010. GONDRA, José Gonçalves; SCHUELER, Alessandra. . CortezEducação, poder e sociedade no Império brasileiro Editora, 2008. NUNES, César. Economia, educação e sociedade: matrizes políticas e estigmas culturais da administração escolar no Brasil. , p. 36-53, 2006.Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. especial SHIGUNOV NETO; A.; MACIEL, L. S. B. O ensino jesuítico no período colonial brasileiro: algumas discussões. , n. 31, 2008.Educar em revista http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=75529.htm http://educacaointegral.org.br/reportagens/educacao-mais-uma-vitima-regime-militar-brasil/ - -1 Dimensões da gestão escolar Livia Sousa da Silva Introdução Será que pensar a gestão escolar pressupõe centrar a atenção apenas na figura icônica do diretor da escola? Ou podemospensar em modelos mais participativos? Para quebrar esse paradigma, é necessário articular funções e processos coletivos para melhorar a qualidade educacional e o caráter social da escola. Ao final desta aula, você será capaz de: • Conhecer as dimensões da gestão escolar, compreendendo as características e a importância de cada uma delas para o trabalho do gestor e seus pares. As dimensões da gestão escolar: modelos participativos e descentralizadores A complexa tarefa do gestor educacional está relacionada à própria complexidade do ato educativo, que pressupõe pessoas interagindo, processos organizacionais e burocráticos. Além disso, é necessária a articulação entre as atividades educativas e práticas didático-pedagógicas, que são potencializadoras de aprendizagem e desenvolvimento humano. Tudo isso refere-se a um projeto de formação. Por isso, coordenar tantos aspectos exige um agente mediador: o gestor escolar. Figura 1 - Gestor escolar e sua atuação Fonte: Guntsoophack Yuktahnon, Shutterstock, 2018. Dessa forma, o gestor escolar, segundo Lück (2012), deve expressar-se como um líder, o que não deve ser • - -2 Dessa forma, o gestor escolar, segundo Lück (2012), deve expressar-se como um líder, o que não deve ser confundido com exercício de poder ou de controle. Liderança é o processo de influência desempenhado no âmbito da gestão de pessoas e de processos sociais, no sentido de mobilização de seu talento e esforços, orientado por uma visão clara e abrangente da organização em que se situa e objetivos que deva realizar, com a perspectiva da melhoria contínua da própria organização e seus processos (LÜCK, 2012, p. 63). Nessa perspectiva, Souza (2009) pensa a gestão em duas vertentes: a do controle e dominação e a do não controle. A gestão escolar, deve ser compreendida, como um processo sustentado no diálogo, na alteridade, consideração do valor do outro, e no reconhecimento da importância de cada função no ambiente escolar. Dessa forma, o conjunto de ações necessárias e solução de problemas é fruto de reflexões, acompanhamento e debates coletivos. Dessa forma, Lück (2009) aponta a necessidade da superação de uma visão conservadora, elitista e orientada pelo paradigma positivista, em que os processos educacionais eram pensados de forma fragmentada. Nesse modelo, a figura do diretor escolar estava limitada a uma atuação pautada na garantia de recursos escolares físicos, isto é, acreditava-se que ao subsidiar a estrutura das escolas, os processos educacionais fluíram naturalmente. Diferentemente desse paradigma conservador, considera-se, hoje, que o prédio escolar, seus bens materiais e equipamentos precisam ser utilizados de forma adequada pela comunidade escolar, porém, não são o único ponto que precisa ser pensado. Pois, apenas estruturas não garantem uma educação de qualidade. Assim, Lück (2009, p.82) ressalta a importância da gestão escolar estar articulada, pois “as pessoas, com sua competência, comprometimento e capacidade de ação coletivamente organizada” são imprescindíveis para a constituição básica do fomento de qualidade educacional. SAIBA MAIS O texto Gestão democrática dos sistemas públicos de ensino, de autoria de Cury (2010), traz aprofundamentos sobre o conceito de gestão democrática na escola, como princípio norteador de gestão educacional em nível nacional. Visando, assim, a gestão coletiva, ou seja, a tomada de decisões e partilha de compromissos, numa relação em que não haja hierarquias de poder. FIQUE ATENTO Nesse sentido, Lück (2009) propõe uma mudança de paradigma na compreensão da natureza do trabalho de gestão na escola. Essa tarefa estaria pautada na mudança de perspectiva de uma educação fragmentada, em favor de uma visão de organização coletiva. O que nos trouxe implicações de grande repercussão sobre a gestão da escola, porque demanda articulação contínua entre modos de pensar e de materializar o trabalho educacional. - -3 básica do fomento de qualidade educacional. As características de cada uma das dimensões A tarefa do gestor escolar é ser líder, seu trabalho exige competência de atuação em diferentes aspectos relacionados ao espaço educativo. Assim, sua função está pautada no batimento do ensino-aprendizagem e no gerenciamento dos recursos administrativos, isto é, Gestão Administrativa e Educacional. Além disso, o diretor deve preocupar-se com a mediação das relações interpessoais que se estabelecem na escola – Gestão de Pessoas, e ou de Recursos Humanos. Por isso, ser um líder frente ao desafio da gestão educacional, incide essencialmente em sua atuação frente ao processo de ensino-aprendizagem, que sabemos ser complexo, dinâmico e abrangente. Esse trabalho demanda o compromisso com as ações articuladas de todos os profissionais implicados no espaço escolar, ou seja, exige uma gestão em um nível complexo. Figura 2 - Acompanhamento do processo ensino-aprendizagem Fonte: Photographee.eu, Shutterstock, 2018. Dessa forma, a gestão pedagógica, como nos elucida Lück (2009), ocupa-se do acompanhamento de ensino- aprendizagem, principalmente acerca das limitações e dificuldades das práticas pedagógicas desenvolvidas, propondo intervenções e orientando as ações da comunidade escolar, para a execução do projeto político- pedagógico e do currículo escolar. - -4 A administração da escola, de acordo com Lück (2009, p. 105), é responsável pelos “recursos físicos, materiais e financeiros da escola para melhor efetivação dos processos educacionais e realização dos seus objetivos”. Além da preocupação com a manutenção dos ambientes, que precisam estar em condições ideais para o aprendizado, isto é, limpeza, organização e relações saudáveis de respeito e cidadania entre os escolares. A administração escolar encarrega-se da “atualização e correção de documentação, escrituração, registros de alunos, diários de classe, estatísticas, legislação, de modo a serem continuamente utilizados na gestão dos processos educacionais”. Assim, toda a gestão administrativa trabalha com o intuito de garantir as condições necessárias para a formação educacional. Figura 3 - Gestão administrativa e bom funcionamento da escola Fonte: GaudiLab, Shutterstock, 2018. Promover a gestão de pessoas na escola e a organização do trabalho coletivo, de forma coordenada assegurando os objetivos de formação e aprendizagem dos alunos, exige do gestor escolar atenção e empenho na promoção de práticas de bom relacionamento interpessoal e comunicação efetiva entre os membros da escola. O gestor precisa estabelecer canais de comunicação, para auxiliar na mediação entre as interpretações e sentidos atribuídos nos processos comunicacionais praticados no ambiente escolar. Esses canais, incentivam a troca de opiniões e ideias sobre o processo socioeducacional em desenvolvimento na escola, pautando-se no diálogo e na gestão de conflitos. FIQUE ATENTO A gestão pedagógica é a mais importante dimensão da gestão escolar, e para a qual as demais dimensões de gestão escolar devem convergir, pois todo esforço de acompanhamento, articulação de ações, emprego de recursos e cuidado com a boa relação entre as pessoas, deve prescindir o objetivo último da escola, que é a aprendizagem e formação dos alunos (LÜCK, 2009). - -5 Figura 4 - Gestão de Pessoas: diálogo e coletividade Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2018. Assim, desenvolver a função do gestor educacional diz respeito ao acompanhamento do processo educativo na sua complexidade de exigências, que não está ligado apenas à questões didático-pedagógicas. O gestor precisa mediar a administração dos espaços, recursos e aparatos legais, além, do cuidado com as relações e formação das pessoas, que representa os valores e princípios pensados para a formação humana, materializados nas ações de ensino-aprendizagem. Assim, como podemos perceber, não se trata de processos estanques, mas sim articulados entre si, para que haja um estímulo da educação. Fechamento Diante de um processo complexo e dinâmico como a gestão escolar, que exige atenção em diferentesaspectos, é fundamental prever principalmente os desafios para uma formação humana com qualidade. Em decorrência disto, várias ações e atores precisam desenvolver um trabalho articulado que potencialize esse objetivo e intuito da escola, que é educar pessoas. Acompanhar o processo de ensino-aprendizagem e as propostas pedagógico-didáticas também prescindem subsídios físicos e materiais, assim como organização do ambiente e certa burocratização que vem com a racionalização dos processos administrativos; tanto quanto a saúde dos relacionamentos e da boa comunicação EXEMPLO Um bom exemplo de espaço coletivo de convivência e medida democrática pode ser observado nas experiências de formação e manutenção dos conselhos escolares. Esses espaços funcionam como meio de participação de diferentes atores da comunidade escolar, como um instrumento de gestão com potencialidades ainda pouco exploradas. Os conselhos escolares necessitam de colegiados deliberativos no seio escolar (CONTI; SILVA, 2010). Por isso, uma gestão de pessoas bem desenvolvida ajudará napromoção de redes de relacionamento interpessoais, baseadas na solidariedade, reciprocidade e valores educacionais. - -6 racionalização dos processos administrativos; tanto quanto a saúde dos relacionamentos e da boa comunicação entre os escolares. Por fim, é uma responsabilidade do diretor ou do gestor escolar fazer essa mediação e coordenação. Referências CONTI, C. S. F. C. da. Conselho escolar: alguns pressupostos teóricos. In: LUIZ, M. C. (Org.). Conselho escolar: algumas concepções e propostas de ação. São Paulo: Xamã, 2010. CURY, C. R. J. Gestão democrática dos sistemas público de ensino. In: OLIVEIRA, M. A. M. (Org.). Gestão Educacional: novos olhares, novas abordagens. Petrópolis: Vozes, 2010. LÜCK, H. Curitiba: Editora Positivo, 2009.Dimensões de gestão escolar e suas competências. ______. . Petrópolis: Vozes, 2012.Liderança em gestão escolar SOUZA, A. R. de. Explorando e construindo um conceito de gestão escolar democrática. . v.Educação em Revista 25, n.03, p.123-140. Belo Horizonte, dez. 2009. Disponível em: <http://www.educacao.mppr.mp.br/arquivos /File/gestao_democratica/kit5/explorando_construindo_conceito_gestao_escolar_democratica.pdf.>. Acesso em: 09/07/18. http://www.educacao.mppr.mp.br/arquivos/File/gestao_democratica/kit5/explorando_construindo_conceito_gestao_escolar_democratica.pdf http://www.educacao.mppr.mp.br/arquivos/File/gestao_democratica/kit5/explorando_construindo_conceito_gestao_escolar_democratica.pdf http://www.educacao.mppr.mp.br/arquivos/File/gestao_democratica/kit5/explorando_construindo_conceito_gestao_escolar_democratica.pdf - -1 Aspectos organizacionais da educação Livia Sousa da Silva Introdução Às vezes, acreditamos que nossas leis pouco influenciam nossa realidade cotidiana. Quais serão os ordenamentos legais criados para orientar a estrutura e funcionamento de nossas escolas? Será que a forma como nossas instituições de ensino se organizam e o seu dia a dia de funcionamento dizem respeito ou refletem princípios e diretrizes dispostos nos textos dessas leis? Essas e outras questões serão abordadas neste tema. Bom estudo! Ao final desta aula, você será capaz de: • Conhecer as Leis que fundamentam a existência da escola, estabelecendo relação entre a legislação e a forma como a escola é constituída. A LDB 9.394/96 e a organização do ensino Pensar a educação brasileira contemporaneamente é compreender que o modelo educacional vigente estrutura- se por legislações constituídas ao longo da história, pelo processo de democratização do país. Essas normas consolidaram-se com a promulgação da Constituição Federal de 1988, servindo de base para outros dispositivos de leis educacionais, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB e posteriormente o Plano Nacional de Educação – PNE. (SAVIANI, 2010) Figura 1 - Legislação e diretrizes educacionais Fonte: Xtock, Shutterstock, 2018. No Brasil, de acordo com Saviani (2010), a preocupação com a implantação de sistemas nacionais de ensino, • - -2 No Brasil, de acordo com Saviani (2010), a preocupação com a implantação de sistemas nacionais de ensino, analfabetismo e universalização da instrução popular é considerada tardia. Essas questões entraram em pauta somente a partir dos anos de 1930, com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. A LDB n. 9.394/96 representa uma iniciativa de sistematização e normatização do sistema educacional brasileiro. A lei fixa as diretrizes e bases da educação nacional, implicando diretamente sobre a prerrogativa de um Sistema Nacional de Educação. O regime da LDB estrutura o funcionamento do modelo escolar brasileiro, conferindo unidade na direção de uma sistemática nacional de ensino. O texto dessa legislação dispõe sobre: as diretrizes acerca da organização da educação escolar; as responsabilidades dos entes federados, das escolas, dos pais e dos educadores; os níveis e modalidades de ensino; determina os requisitos para a formação e a valorização do magistério; e o financiamento da educação. (BRASIL, 1996) O sistema educacional brasileiro encontra-se organizado em dois níveis de ensino. O primeiro é a Educação Básica, que engloba a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e Ensino Médio. O segundo é o Ensino Superior, que se desdobra em cursos de Graduação e Pós-Graduação. De acordo com Silva et. al. (2014), estes níveis são verticais, ou seja, hierárquicos, uma vez que você precisar ir avançando entre eles. O modelo de organização educacional inclui também as modalidades de ensino que perpassam tanto a Educação Básica quanto a Superior. Diferentemente dos níveis, as modalidades são horizontais, pois não há relação de hierarquia. Além disso, não dizem respeito a forma como a educação irá se desenvolver. SAIBA MAIS A partir do texto Manifesto dos Pioneiros da Educação é possível conhecer um pouco mais sobre o movimento escolanovista, que surgiu no início do século XX, por meio de um grupo de educadores – os Pioneiros da Educação. Eles não só propuseram críticas ao modelo tradicional de educação vigente, como se esforçaram por empreender uma série de reformas educacionais, lançando bases de reflexão sobre Educação, escola e ensino no Brasil. (BRASIL, 2010) FIQUE ATENTO Os textos das legislações que regem o funcionamento da educação no Brasil, tais como a LDB /96, que dispõe acerca dos princípios, fins e organização da Educação Nacional, resulta a forma como a escola se constitui e os parâmetros sob os quais ela funciona. - -3 Figura 2 - Organização do Educação Nacional Fonte: elaborado pela autora, 2018. Dentre os tipos de modalidades há a educação regular em salas de aula com a presença do professor, a educação a distância através de aulas não presenciais apoiadas em ferramentas tecnológicas de informação e comunicação, e ainda o ensino semipresencial, que permite uma flexibilidade de aprendizado, através de aulas a distância, além de encontros presenciais O Plano Nacional de Educação - PNE 2014 - 2024 O Plano Nacional de Educação – PNE é outro dispositivo de lei que, atualmente, orienta e regulamenta a estruturação e funcionamento da educação brasileira. Trata-se de uma perspectiva de sistema nacional integrado com ações para o fortalecimento da educação como bem público e direito de cidadania. O primeiro PNE surgiu em 1962 e funcionava como um plano de distribuição de recursos. Somente em 2001 que o plano é aprovado como legislação, e começa a vigorar pela Lei n. 10.172/2001. (BRASIL, 2014) - -4 Figura 3 - Plano Nacional de Educação Fonte: Who is Danny, Shutterstock, 2018. O PNE é considerado um instrumento de planejamento, segundo Brasil (2014, p.8): (...) orienta a execução e o aprimoramento de políticas públicas’ no campo da educação nacional, pelo qual se definem os objetivos e metas para o ensino em todos os níveis, a partir de ‘dez diretrizes, entre elas a erradicação do analfabetismo, a melhoria da qualidade da educação, além da valorização dos profissionais de educação’, com periodizaçãodecenal. As diretrizes do PNE desdobram-se em metas e estratégias, nelas destacam-se as metas 7 e 19, por discutirem aspectos referentes à qualidade da educação nacional. A meta 7 pauta-se em índices do sistema de avaliação da Educação Básica e a meta 19 está baseada na importância da vivência da gestão democrática no ambiente escolar, ambas estão relacionadas ao trabalho da Gestão Escolar. FIQUE ATENTO O Plano Nacional de Educação – PNE (2014 - 2024) é o dispositivo de lei que direciona os caminhos pelos quais a educação no país deve desenvolver-se, pois dispõe sobre as questões prioritárias de investimento e determina quais metas e estratégias de planejamento serão priorizadas. (BRASIL, 2014) O Plano Nacional de Educação – PNE (2014 - 2024) é o dispositivo de lei que direciona os caminhos pelos quais a educação no país deve desenvolver-se, pois dispõe sobre as questões prioritárias de investimento e determina quais metas e estratégias de planejamento serão priorizadas. (BRASIL, 2014) - -5 Figura 4 - Figura 4 - Metas 7 e 19 do PNE Fonte: Fonte: BRASIL, 2014, p.34 - 35. Para entendermos melhor a importância dessas metas, precisamos compreender como elas funcionam. A meta 7 diz respeito ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb, que é parte do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Pelo sistema de avaliação conhecido como Prova Brasil, esse exame qualifica a proficiência em leitura e matemática dos alunos do 5º ao 9º ano, verificando, assim, o nível de aprendizagem. Essa escala vai de 0 a 10, além da proeminência, também é considerado o número de aprovados, abandono e reprovados em relação ao número de matriculados naquele ano letivo, pelo Censo Escolar. Essa meta prevê o alcance do índice 6 para o Ensino Fundamental I e 5,5 para o Ensino Fundamental II, até 2021. As estratégias para o alcance dessa meta amparam-se na implementação da Base Nacional Comum Curricular – BNCC, que determina: o processo de autoavaliação contínua; a formalização e execução dos planos de ações articuladas; o apoio técnico e financeiro da Gestão Escolar; a ampliação dos programas; e a promoção de equipamentos e recursos tecnológicos digitais. (BRASIL, 2014) Já a meta 19 diz respeito à efetivação da gestão democrática nas escolas, prevista para execução em até dois anos após aprovação do plano. As estratégias perpassam essencialmente o estímulo, a participação e a consulta da comunidade escolar em geral, na formulação dos projetos político-pedagógicos, currículos, planos de gestão e EXEMPLO Alguns Estados brasileiros já alcançaram a meta de 6 pontos no Ensino Fundamental I, 1º ao 5º ano, como Goiás, Minas Gerais, Paraná e São Paulo. Em relação ao Ensino Fundamental II – do 6º ao 9º ano –, os Estados de Amazonas, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Pernambuco e Piauí apresentam meta proporcional para o ano de análise, mas nenhum deles alcançou ainda o índice de 5,5. (INEP, 2015) - -6 após aprovação do plano. As estratégias perpassam essencialmente o estímulo, a participação e a consulta da comunidade escolar em geral, na formulação dos projetos político-pedagógicos, currículos, planos de gestão e regimentos escolares, assim como o desenvolvimento de programas de formação gestores e a constituição e fortalecimento de conselhos escolares. Fechamento Estar ciente das leis que fundamentam a existência e funcionamento das escolas é essencial para o conhecimento da constituição da escola em suas possibilidades, demandas e ordenamentos. Além disso, possibilita refletir criticamente, problematizar certos cenários em que a lei não se concretiza plenamente e enxergar outras necessidades no contexto escolar, que ainda não está prevista em lei. Referências BRASIL. Ministério da Educação. Manifestos dos Pioneiros da Educação Nova (1932) e dos Educadores . Recife: Massangana, 2010.(1959) ______. . Parecer CNE/CEB n. 16 de 2012.Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Quilombola Resolução n. 08, de 20 de novembro de 2012. ______. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. CERQUEIRA, A. G.; CERQUEIRA, A. C.; MENDES, P. A.; SOUZA, T. C.. A trajetória da LDB: um estudo crítico frente à realidade brasileira. In: 2009, Ilhéus. Anais do XX Ciclo de Estudos Históricos,XX Ciclo de Estudos Históricos, 2009. INEP – Instituto Anísio Teixeira. Indice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). 2015. Disponível em: < http://ideb.inep.gov.br/resultado/>. Acesso em: 13/07/18. SAVIANI, D. Organização da educação nacional: sistema e conselho nacional de educação, plano e fórum nacional de educação. Campinas, v. 31, n. 112, p. 769-787, jul.-set. 2010Educ. Soc., . Disponível em: <http://www.cedes. unicamp.br>. Acesso em: 11/07/18. SILVA, F. M. da; ANDRADE, L. H. P. de; QUEIROZ, R. M. de; ALBUQUERQUE, M. E. M. de. A importância da estrutura e funcionamento da educação básica. In: – Semana de Estudos, Teoria e PráticasAnais V SETEP Educativas, v.1, 2014. UERN, Rio Grande do Norte. SOARES, J. F.; XAVIER, F. P. Pressupostos educacionais e estatísticos do Ideb. , v. 34, n.Educação & Sociedade 124, Jul./Set., Campinas, 2013. http://ideb.inep.gov.br/resultado/ http://ideb.inep.gov.br/resultado/ http://www.cedes.unicamp.br/ http://www.cedes.unicamp.br http://www.cedes.unicamp.br - -1 A comunidade e a escola Livia Sousa da Silva Introdução O processo de gestão de uma escola implica muitas decisões e direcionamentos. Que vão desde a elaboração do calendário escolar, até os planos de ação da coordenação pedagógica. No mundo contemporâneo, cabe-nos indagar que papel teria o princípio democrático na e para a escola. Como implementar esses processos de democratização no espaço escolar? Como potencializar e efetivar a participação de todos, e estreitar as relações entre escola e comunidade? Buscaremos agora respostas para esses questionamentos. Ao final desta aula, você será capaz de: • entender a importância da gestão participativa, reconhecendo a importância da participação da comunidade para a promoção da qualidade da educação. Democratização da gestão O princípio democrático nas práticas de gestão escolar é não só desejável, como definido por Lei. Está previsto em nossa Constituição Federal (Art. 206, inciso VI), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Art. 3º. Inciso VIII), e no Plano Nacional de Educação (Art. 2º Inciso VI, e Art. 9º). Gestão democrática diz respeito à participação de todos os constituintes da comunidade escolar em processos de planejamento, decisão, organização e implementação de ações orientadas em favor do aluno. Que tanto busca a “aproximação entre escola, pais e comunidade na promoção de educação de qualidade” quanto o “estabelecimento de ambiente escolar aberto e participativo, em que os alunos possam experimentar os princípios da cidadania”, como nos orienta Lück (2009, p.70). • - -2 Figura 1 - Gestão democrática e coletividade Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2018. Para Lück (2009), uma gestão democrática só é possível pela consciência dos direitos e compromisso com os deveres, de forma que a participação nesse cenário se constitua como expressão de responsabilidade social, buscando a diminuição de distanciamentos entre comunidade-escola, de forma a reduzir possíveis desigualdades entre eles. Esta responsabilidade age em favor da formação do aluno. Pela promoção de aprendizagens significativas, do desenvolvimento de competências e consciência, propicia a vivência cidadã que permite a ele atuar de forma positiva na sociedade, além de usufruir de seus bens e serviços. Para a concretização de uma gestão democrática na escola, faz-se necessário a instituição de órgãos colegiados, que descentralizam o poder da figura do diretor. Essa organização colegiada determina-se pela constituição do Conselho Escolar (CE), que é considerado uma “conquista ao nível da legislação e das práticas cotidianas que se dão no interior das unidades educacionais públicas” (CONTI; SILVA, 2010, p.67), embora sua implementaçãoe efetividade ainda não reflita inteiramente as leis que o propuseram. Para Conti e Silva (2010, p.63), os conselhos escolares refletem o processo de redemocratização, pelo que se eleva a discussão do direito constitucional da educação como dever do Estado, partilhado com a família. Isto configura a criação dos CEs como “mecanismos sociais de controle da ação do Estado ou de interferência direta nas decisões que atingem os interesses das maiorias”. Os CEs surgem então nessa perspectiva de controle social. EXEMPLO O movimento conhecido como Escola Cabana trata de um paradigma pedagógico cabano que defendia princípios democratizadores e inclusivos como diretriz da política educacional no município de Belém, a partir de 1997. O nome faz referência ao movimento da Cabanagem, num resgate histórico da organização da sociedade civil amazônica que simboliza a resistência à opressão dos dominantes, e do conceito de cidadania participativa (BARRETO; LOPES, 2010). - -3 O papel da escola na comunidade A participação da família e da comunidade ampliada na escola (assim como o papel da escola em relação à comunidade do entorno) está intimamente relacionada a questões de gestão. Sobretudo, de gestão democratizada, porque a integração escola-comunidade reflete uma competência necessária ao gestor educacional. E também um papel da própria escola em relação ao seu entorno, que é de potencializar qualidade social. Figura 2 - Qualidade social, um papel da escola Fonte: llike, Shutterstock, 2018. Lück (2009) aponta-nos a promoção da integração escola-comunidade, como uma exigência de competência gestora prevista no próprio texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no Art. 12 que trata da incumbência dos sistemas de ensino, no inciso VI “a articulação com as famílias e a comunidade, e a criação de processos de integração da sociedade com a escola” (LDB, 2014, p.14). Essa integração está intimamente relacionada ao desenvolvimento e processo formativo dos alunos, porque sendo a educação é um processo complexo e contínuo, educar demanda um “esforço conjunto de inúmeras pessoas, de diversos segmentos e contextos com diversas perspectivas de atuação” (LÜCK, 2009, p. 86). - -4 Figura 3 - Educação é esforço conjunto Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2018. Segundo Lück (2009), é de grande importância a colaboração da comunidade e dos pais dos alunos nos processos de gestão da escola, porque auxilia na superação de limitações da escola, como colaboram para a qualidade do ensino ofertado. A escola possui um papel tanto em relação a sua comunidade interna quanto a externa, a partir da capacidade e dever de proporcionar qualidade social, ou seja: atender bem a todos os seus alunos, respeitando e considerando as diferenças que apresentam (princípio da inclusão), promovendo o acesso e a construção do conhecimento a partir de práticas educacionais participativas (princípio democrático), que fornecem condições para que o educando possa enfrentar criticamente os desafios de se tornar um cidadão atuante e transformador da realidade sociocultural e econômica vigentes (princípio do desenvolvimento) e de dar continuidade permanente aos seus estudos (princípio da educação contínua) (LÜCK, 2009, p. 142). Dessa forma, a escola deve manter-se aberta à comunidade, consubstanciando-se como espaço de expressão e FIQUE ATENTO Por comunidade entende-se o conjunto de pessoas que participam de maneira ativa e integrada, num mesmo espaço e partilhando da mesma cultura, contribuindo para a constituição de um clima organizacional e de toda a dinâmica do cotidiano. Uma comunidade escolar seria o resultado de todas as pessoas implicadas no ato educacional (alunos, professores, gestores, família e pessoas no entorno), desde que estejam orientados por objetivos educacionais. - -5 Dessa forma, a escola deve manter-se aberta à comunidade, consubstanciando-se como espaço de expressão e desenvolvimento sócio-cultural-educacional. Este fator lhe agrega valor em sociedade, uma vez que contribuirá para a “formação de cidadãos críticos, éticos e participativos nos contextos que integram” (BEZERRA, 2010, p. 281), sendo espaço privilegiado para a socialização de conhecimentos e efetivação de mudanças. Gestor como articulador da participação da família e da comunidade O gestor escolar possui um papel decisivo na articulação entre escola, família e comunidade, para garantir a participação de todos. O seu papel de liderança e gestão deve orientar-se para a necessidade continua de estabelecer condições para o exercício democrático, a reflexão sobre as formas de sua expressão na escola, a possibilidade de reforçar e aprimorar a participação. Figura 4 - Gestão e liderança Fonte: Shutterstock, 2018. Lück nos chama a atenção para a importância de preparo para a participação. Isto porque, segundo o autor “de nada adiantam as participações orientadas por objetivos pessoais, e de pouco adiantam as participações desorganizadas e mal informadas” (LÜCK, 2009, p.72). Faz-se preciso que o gestor escolar proporcione um espaço de diálogo e convivência propício ao aprendizado de tomada de decisões de forma compartilhada, além de estimular o comprometimento com a implementação das decisões tomadas. - -6 O gestor deve contribuir para a criação de uma visão de conjunto na escola, orientado para o sentido de unidade, cooperação e ação articulada. Ele deve buscar a promoção de um clima de confiança e reciprocidade que repercutam em colaboração, de acordo com Lück (2009). O gestor é o articulador de áreas de atuação e a figura que integra esforços para minimizar conflitos, administrando-os para o desenvolvimento de práticas que privilegiem decisões colegiadas, aonde se compartilhem responsabilidades, favorecendo a criação de uma “cultura de valorização das capacidades, realizações e competências das pessoas pela celebração dos seus resultados, como um valor coletivo da escola e da educação” (LÜCK, 2009, p.72). Fechamento A qualidade da educação depende da integração escola-comunidade. Esta relação deve ser articulada e estimulada pela figura do gestor escolar, cuja responsabilidade é potencializar e facilitar a participação da comunidade na elaboração e vivência dos objetivos educacionais. O gestor deve também propiciar que a escola desenvolva seu papel social oferecendo desenvolvimento para a sociedade por meio da formação que ela oferece. Esta formação poderá contribuir para transformações significativas, mas isto somente acontece a partir de uma gestão calcada sob princípios democráticos. FIQUE ATENTO O papel do gestor escolar relaciona-se diretamente com a orientação e o desenvolvimento de competências que potencializem uma participação efetiva de todos. Para participar dos processos de discussão e decisórios na escola, não basta boa vontade, mas é preciso preparo e organização. Assim haverá a garantia de que esta implique efetivamente no princípio democrático de gestão, e não apenas como presença física sem vivência orgânica – desempenho efetivo de reflexão-ação. SAIBA MAIS No livro “Gestão educacional: Uma questão paradigmática”, você tem a oportunidade de conhecer experiências escolares de organização e da dinâmica de processos de gestão democrática, em virtude da articulação entre elementos teóricos e práticos que nos oferecem bases de reflexão, mas também indicações de experiências de implementação e vivência de uma gestão participativa. - -7 Referências BARRETO, E. A.; LOPES, A. C. Os contextos da política de currículo: a experiência da Escola Cabana (1997/2004). , v.5, n.2, p. 139-148. Ponta Grossa, PR, jul./dez. 2010. Disponível emPráxis Educativa : <http://www.revistas2. >. uepg.br/index.php/praxiseducativa/article/view/985 Acesso em: 30 jul. de 2018. BEZERRA, Z. F. et al. Comunidade e escola: reflexões sobre uma integração necessária. , v. 26,Educar em Revista n. 37, p. 279-291. Ago. 2010. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/12695>. Acesso em: 21 jul. 2018. BRASIL. Constituição Federal de1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.stf. >. Acesso em: 31 jul. 2018.jus.br/arquivo/cms/legislacaoConstituicao/anexo/CF.pdf _______. LDB: Lei de diretrizes e bases da educação nacional [recurso eletrônico]: LeiLei Darcy Ribeiro (1996). nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 14. ed. Brasília: Edições Câmara, 2017. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732 >. Acesso em: 21 Jul. 2018./lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf ______. . Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014 Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras Disponível em: <providências. http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2014/lei-13005-25-junho-2014- >. Acesso em: 13 jun. 2018.778970-publicacaooriginal-144468-pl.html CONTI, C.; SILVA, F. C. da. Conselho escolar: alguns pressupostos teóricos. In: LUIZ, Maria Cecília (Org.). Conselho algumas concepções e propostas de ação. São Paulo: Xamã, 2010.escolar: LÜCK, H. Curitiba: Editora Positivo, 2009.Dimensões de gestão escolar e suas competências. ______. : uma questão paradigmática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.Gestão educacional http://www.revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa/article/view/985 http://www.revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa/article/view/985 https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/12695 https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/12695 http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/legislacaoConstituicao/anexo/CF.pdf http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/legislacaoConstituicao/anexo/CF.pdf http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2014/lei-13005-25-junho-2014-778970-publicacaooriginal-144468-pl.html http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2014/lei-13005-25-junho-2014-778970-publicacaooriginal-144468-pl.html - -1 Planejamento: organização do cotidiano escolar Agda Malheiro Ferraz de Carvalho Introdução Neste momento de estudo, abordaremos tópicos específicos e conceitos fundamentais para a gestão no contexto escolar: o planejamento e a organização do cotidiano da escola. Através dos estudos aqui apresentados, você irá compreender o porquê do planejamento ser tão importante e descobrirá quais as maneiras de desenvolvê-lo. É impossível imaginar um gestor ou gestora escolar que não planeje suas ações, não reveja o que fez ou, ainda, não estabeleça parceria com docentes e funcionários, não é mesmo? Para atender aos princípios da direção e da coordenação pedagógica da escola, podemos usar uma metáfora sobre o semáforo: pare, pense e siga! Ou, ainda: observe, reflita e execute. Bons estudos! Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender o valor do planejamento, apropriando-se dos principais meios para a sua implementação. Regimento escolar O regimento escolar é um documento típico dos ambientes escolares que trata das normas de regimento básicas para o bom funcionamento da instituição. Esse documento é apontado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei nº 9394/96 (BRASIL, 1996). A partir do texto da lei, podemos interpretar que todos os profissionais da educação que atuam na escola devem ter conhecimento de seu teor. Ele faz parte de algo essencial: as reflexões e atitudes para uma boa comunicação interna, focada em resultados e buscando efetivar um bom clima escolar. Desse modo, o regimento escolar está atrelado à harmonia no ambiente, tanto nas relações interpessoais, quanto no desempenho das funções típicas da escola, que envolvem o processo de ensino- aprendizagem. A legislação educacional citada acima, LDB n. 9394/96, prevê, a partir dos preceitos da gestão democrática, que o regimento escolar seja produzido por meio da participação de todos os segmentos da escola, abarcando as dimensões administrativas e pedagógicas (BRASIL, 1996). Como um documento concreto, deve ser coerente com a realidade escolar. • - -2 Todos os instrumentos que visam o bom funcionamento da instituição de ensino devem estar articulados (BRASIL, 1996). Assim, devem dialogar entre si, ou seja, devem estar de acordo com as propostas educativa e pedagógica. O regimento escolar, portanto, pertence a todos e deve ser elaborado por todos. Figura 1 - Trabalho em parceria na elaboração do regimento escolar Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2018. Mas atenção! O regimento escolar deve basear-se nas leis federais, estaduais e municipais, respeitando as demandas e comandas dos entes federados, sendo fiel e não ferindo as legislações vigentes. FIQUE ATENTO De acordo com Schwertner, Roveda e Lopes (2016, p. 199), é desejável que o regimento escolar tenha os seguintes tópicos: nome e endereço; a natureza administrativa do órgão ao qual pertence (instituição pública, privada ou filantrópica); modalidade de ensino; horário de funcionamento; fundamentos pedagógicos; composição da organização da escola (modelo de gestão, organograma didático e administrativo, questões técnico-pedagógicas, órgãos colegiados e princípios de convivência social). - -3 A importância do planejamento na educação (o plano da escola enquanto o plano pedagógico e administrativo da instituição escolar) Neste tópico, abordaremos o plano da escola como um documento transformador e formador: ele descreve a estrutura da escola, aborda o PPP (assunto que será contextualizado posteriormente), complementa o regimento escolar e traça metas para a equipe gestora. Além disso, ele deve ser escrito e composto por todos os pertencentes à comunidade escolar, assim como deve ser de conhecimento de todos. Por que traçar metas? Você conhece a história Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll? Em um momento do enredo, há o seguinte diálogo: – Eu só queria saber que caminho tomar, pergunta Alice. – Isso depende do lugar aonde quer ir, diz o Gato tranquilamente. – Realmente não importa, responde Alice. – Então não importa que caminho tomar, afirma o Gato taxativo (CARROLL, 2016, p. 38). Interpretando esse diálogo e pensando no paradigma da nova gestão escolar, quando precisamos chegar a um destino, precisamos saber que caminho seguir e quais decisões serão tomadas durante esse caminho. É necessário criar estratégias, formar um mapa das atitudes e conectá-lo à realidade em que estamos inseridos. O planejamento é uma das funções psicológicas que nos diferem dos animais (Vygotsky, 2012, p. 25). Planejamos para conquistar e para superar problemas. Planejar representa anseios e expectativas. Figura 2 - Alice e o Gato no contexto do planejamento escolar Fonte: Larissa Kulik, Shutterstock, 2018. O plano da escola pode ser, portanto, um documento norteador, que contenha, de acordo com Lück (2012), - -4 O plano da escola pode ser, portanto, um documento norteador, que contenha, de acordo com Lück (2012), objetivos (ações que serão promovidas), metas (o que se almeja alcançar), prazos (período necessário), responsáveis pelas ações (qual trabalhador ou trabalhadora da educação que realizará as ações) e avaliação de resultados (por meio de instrumentos pré-definidos). Esse documento é um grande aliado da equipe gestora, com base na caracterização da comunidade escolar e nos índices de aprendizagem. Para dar certo, as ações requerem possibilidade de realização, as metas precisam ser detalhadas, os prazos têm que ser cumpridos, os responsáveis devem ter consciência de suas funções e a avaliação necessita contemplar o que foi transformado, o que foi difícil de ser realizado e o porquê foi difícil. Aqui, ao pensarmos em palavras- chave, elas são: agir, planejar, fazer e checar. O plano escolar, como instrumento complexo, deve ter sentido para os gestores e professores, produzindo novas significações. Por isso, não pode ser simplesmente burocrático. A nova BNCC (Base Nacional Comum Curricular) – Como a escola pode adequar a proposta pedagógica às novas exigências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ABNCC tem o propósito de definir as aprendizagens essenciais para os alunos da educação básica, buscando garantir os direitos de aprendizagem dos mesmos. É um documento recente, que traz em seu texto competências gerais para cada modalidade de ensino a que se destina. Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que as decisões pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento de competências. Por meio da indicação clara do que os alunos devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, do que devem “saber fazer” (considerando a mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho), a explicitação das competências oferece referências para o fortalecimento de EXEMPLO Isabela, coordenadora pedagógica de um colégio de Ensino Médio, está realizando um processo formativo com seus professores e professoras. Ela os apresenta seu plano de ação e explica para todos que escolheu o tema para serQuestões socioemocionais na adolescência abordado. A coordenadora está no final do que seu plano estabeleceu e agora é hora de checar os conhecimentos aprimorados pelos docentes. Para isso, assim como previa seu plano escolar, ela formou uma grande roda com todos e pediu para relatarem o que mudou durante o processo formativo, abrangendo o que sabiam antes e o que sabem agora. Com isso, além de Isabela ouvir e constatar o percurso com todos os presentes, os professores também puderam ser ouvidos. - -5 mundo do trabalho), a explicitação das competências oferece referências para o fortalecimento de ações que assegurem as aprendizagens essenciais definidas na BNCC (BRASIL, 2017, p. 15). Buscando superar a fragmentação e fragilidade das políticas educacionais que, muitas vezes, são promotoras de desigualdade social, quando deveriam promover a equidade, igualdade e diversidade de direitos, a BNCC (BRASIL, 2017) indica o que os estudantes devem saber e há uma reflexão sobre a aplicabilidade desse saber constituído. Figura 3 - Território e currículo Fonte: DeymosHR, Shutterstock, 2018. A formação do ser humano deve contemplar as dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica. Com base em Vygotsky (2012), podemos afirmar que a escola, do acesso ao conhecimentolocus universal produzido, deve ter um compromisso com a formação global dos alunos. Sendo assim, o currículo das escolas e suas propostas pedagógicas precisam, além de campos de experiências e áreas de conhecimentos, incorporar temas contemporâneos. Os docentes e suas respectivas equipes gestoras, devem ter nítida a maior SAIBA MAIS Há documentos mais antigos que já apontavam a importância de uma BNCC para a educação do Brasil. Conheça o , documento atual e fundamental para aPlano Nacional de Educação compreensão da política pública do país e seus caminhos. Ele contém metas e estratégias. - -6 incorporar temas contemporâneos. Os docentes e suas respectivas equipes gestoras, devem ter nítida a maior meta da escola: a aprendizagem dos alunos. Figura 4 - A formação global dos alunos como meta escolar Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2018. Ao se apropriar do conteúdo da BNCC, a escola e seus componentes, liderados pela equipe gestora, formulam contribuições para o planejamento da aprendizagem e do ensino. Saber o que é aprendizado para cada série ou ano, os elos entre os ciclos e fases, a passagem de uma modalidade para outra, são conhecimentos essenciais aos docentes, à coordenação pedagógica e à direção escolar (BRASIL, 2017). O envolvimento de todos, aprofundando conhecimentos, registrando-os e colocando-os em prática no cotidiano escolar, é benéfico para o processo de desenvolvimentos dos alunos atendidos. O prazo para implementação da BNCC é 2020 (BRASIL, 2017). Há tempo de conhecê-la melhor, promover espaços de discussão e assembleias nas escolas, além de formação continuada acerca do tema. FIQUE ATENTO Do que é planejado para o currículo escolar, 60% deve ser baseado na BNCC e 40% nas regionalidades (ou diversidades). Essa informação consta no próprio texto da Base Nacional e é importante para que as escolas mantenham suas identidades (BRASIL,Comum Curricular 2017). - -7 Fechamento Vimos, neste tema, que os direitos e deveres de todos que convivem no ambiente escolar podem ser construídos e consultados no regimento escolar. Esse documento tem um grande aliado, que é o plano escolar, instrumento fundamental para a autonomia dessa instituição. A grande ideia de ambos é socializar funções, caracterizando, em uma perspectiva democrática de gestão, os princípios filosóficos e político-pedagógicos que determinam a prática pedagógica e a prática educativa. A Base Nacional Comum Curricular articula com esses documentos, à medida que contribui para o currículo. Para que todos possam ser protagonistas na escola, não apenas coadjuvantes, é necessária uma articulação desses três documentos. Uma boa gestão escolar pode dar conta disso, influenciando positivamente conteúdos e pessoas. Referências BRASIL. Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017.Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 15/07/2018. _________. . Lei n. 9394, 20 de dezembro de 1996. Disponível em:Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional <http://www.camara.gov.br/sileg/integras/152182.pdf>. Acesso em: 15/07/2018. _________. : conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação. Brasília: MEC,Planejando a Próxima Década 2014. Disponível em: <http://pne.mec.gov.br/>. Acesso em: 13/07/2018. CARROLL, L. São Paulo: Nobel, 2016.Alice no país das maravilhas. LIBÂNEO, J. C. 6 ed. São Paulo: Heccus, 2013.Organização e gestão da escola: teoria e prática. LÜCK, H.; FREITAS, K. S.; GIRLING, R.; KEITH, S. o trabalho do gestor escolar. 10. ed.A escola participativa: Petrópolis: Vozes, 2012. PARO, V. H. 2. ed. Rio de Janeiro: Ática, 2013. Gestão escolar, democracia e qualidade de ensino. SCHWERTNER, S. F.; ROVEDA, A. W.; LOPES, M. I. Estratégias curriculares em espaços escolares. Pro-Posições, v. 27, n. 1 p. 197-210 jan./abr. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pp/v27n1/1980-6248-pp-27-01- 00197.pdf>. Acesso em: 15/07/2018. VYGOTSKY, L. S. 7 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012.A formação social da mente. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ http://www.camara.gov.br/sileg/integras/152182.pdf http://www.camara.gov.br/sileg/integras/152182.pdf http://pne.mec.gov.br/ http://pne.mec.gov.br/ http://www.scielo.br/pdf/pp/v27n1/1980-6248-pp-27-01-00197.pdf http://www.scielo.br/pdf/pp/v27n1/1980-6248-pp-27-01-00197.pdf http://www.scielo.br/pdf/pp/v27n1/1980-6248-pp-27-01-00197.pdf - -1 Órgãos colegiados como elementos da gestão democrática Agda Malheiro Ferraz de Carvalho Introdução Você já ouviu a expressão “juntos somos mais fortes”? Ela caracteriza o tema que abordaremos aqui, ao tratarmos de órgãos colegiados (no sentido de organizados, reunidos). São exemplos de órgãos colegiados: Conselho Escolar, Conselhos de Classe, Associação de Pais e Mestres – APMs e Grêmios Estudantis. A partir da opinião e dos anseios dos membros da comunidade escolar, somando com o que preconiza a legislação dos entes federados, é possível caminhar e concretizar uma escola mais justa. Boa leitura e bons estudos! Conceitos e funcionamento dos órgãos colegiados Só é possível pensar em uma escola democrática quando há participação coletiva. Para isso, mais que ouvir todos os envolvidos no contexto escolar, é necessário que as demandas sejam divididas e as ideias colocadas em prática. Desse modo, a função exercida pela gestão democrática é fundamental. Segundo Libâneo (2012, p.102) “a participação, o diálogo, a construção coletiva, a autonomia são práticas indispensáveis da gestão democrática, mas o exercício da democracia não significa ausência de responsabilidades”. Assim,a equipe gestora, na maioria das vezes, composta por diretor, coordenador, pedagógico, assistente de direção e orientador educacional adquire uma posição significativa no que se constitui o processo de condução. Nessa perspectiva, Libâneo (2012) pontua que é necessário, principalmente para o diretor, uma visão de conjunto, considerando os aspectos pedagógicos, administrativos, financeiros e culturais. - -2 Observe a imagem a seguir e reflita sobre ela. A ilustração mostra várias mãos juntas, representando coletividade, ações conjuntas e diversidade. Assim deve ser um órgão colegiado. Figura 1 - Juntos somos mais fortes Os órgãos colegiados são obrigatórios e devem ser determinados através de legislação. Dentre os tipos de órgãos colegiados há os que podemos chamar de “micros” (aqueles que estão inseridos dentro das escolas, por exemplo) e os “macros” (parte da esfera federal, estadual ou municipal). Nessa linha, Libâneo (2012, p. 100) explica que, “as escolas são, portanto, organizações, e nela sobressai a interação entre as pessoas, para a promoção da formação humana”. Assim, as escolas são um importante sistema de ensino e contribuem para a formação social, pois o espaço escolar constitui cidadãos conscientes. EXEMPLO Vamos considerar que Fernanda, como diretora de uma escola de educação básica da rede particular de ensino, valoriza o envolvimento dos familiares no cotidiano escolar, pois sabe que os responsáveis pelos estudantes são fundamentais na constituição do processo democrático. Ao participarem ativamente das atividades escolares, os responsáveis acompanham melhor a aprendizagem de seus filhos. Assim, nas reuniões da Associação de Pais e Mestres, Fernanda fica sempre atenta aos diálogos, medeia as discussões e compreende os pedidos dos familiares. Com essas posturas, a diretora e a escola ganham significativos parceiros. - -3 Pensar e agir para promover uma educação pública de qualidade deve estar na mente e nas ações daqueles que se propõem a representar o povo brasileiro e seus interesses referentes à educação. O conselho nacional de educação O Conselho Nacional de Educação (CNE) é um órgão colegiado que atua junto ao Ministério da Educação (MEC), com o objetivo de colaborar com a política nacional de educação. Além disso, ele tem papel normativo e deliberativo. É preciso compreender que deliberativo significa sentenciar, ordenar e resolver. Já normativo significa regulamentar. Com o intuito de zelar pela qualidade na educação nacional, o CNE apoia à colaboração entre os entes federados, elabora e ajuda a pôr em prática o Plano Nacional de Educação (PNE), garante que a sociedade como um todo seja representada, regulamenta diversas diretrizes, identifica problemas e informa-os ao MEC. Todo esse trabalho é feito através de amplos debates, realizados por consultas públicas e participação representativa dos conselheiros. SAIBA MAIS Conheça mais sobre a atuação do Conselho Nacional de Educação no Portal do Ministério da Educação, na internet. FIQUE ATENTO Todas as notificações do CNE são públicas e transparentes, além disso todos podem ter acesso! - -4 Figura 2 - Planejamento e execução Fonte: Dusit, Shutterstock, 2018. O CNE pode ser consultado em casos de dúvidas, sejam essas oriundas das redes públicas ou privadas de ensino. O site do MEC tem uma parte dedicada à esse órgão. O papel dos conselhos estaduais e municipais de educação Os conselhos estaduais de educação, através da indicação dos Estados ou da escolha popular, possuem conselheiros de instituições públicas ou privadas. Os conselheiros e os conselhos estaduais de educação têm a função de orientar as diretrizes do ensino do Estado, articular e oferecer possibilidades de formação para os professores e outros profissionais da educação e autorizar ou não o funcionamento de instituições de ensino superior. - -5 Figura 3 - Encontro para discussão Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2018. Os conselhos municipais de educação são responsáveis por autorizarem ou não a abertura e funcionamento das escolas da cidade, decidir sobre o currículo da rede pública e monitorar os resultados dos índices de aprendizagem dos municípios. Os conselhos são legalizados a partir de leis municipais, ou seja, são os municípios responsáveis pela criação desse órgão. Para serem eficazes, os conselhos estaduais e municipais de educação devem mediar as necessidades das comunidades que representam. É muito importante que familiares e alunos, assim como sindicalistas participem como conselheiros. Um exemplo disso foram as discussões e reuniões para criação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2015). A função do conselho escolar Os conselhos escolares são integrados por: alunos, familiares, trabalhadores da educação, professores, membros da comunidade em geral e diretor da escola. Cada um deles representa um segmento da sociedade. É necessário que a escola faça a validação do exercício do conselho escolar, tendo como base normas democráticas pré- estabelecidas e transparentes na eleição dos membros do conselho. - -6 Figura 4 - Representatividade, debate e democracia A Lei n. 9394/1996 regulamenta sobre o papel exercido pelos conselhos escolares. Nela está pontuado que “O conselho será a voz e o voto dos diferentes atores da escola, internos e externos, desde os diferentes pontos de vista, deliberando sobre a construção e a gestão de seu projeto político-pedagógico”. (BRASIL, 2004, p. 36). Assim algumas das atribuições do conselho são: • deliberar sobre questões pedagógicas, da gestão, financeiras, da escola; • analisar as ações a empreender os meios para o cumprimento das funções da escola. Além disso, o conselho escolar tem como atribuição decidir, por meio de assembleias e respeitando o direito de cátedra, o que for melhor para a escola, sempre visando o acesso, permanência e qualidade social na educação para os alunos, em todas as modalidades de ensino. Essas medidas garantem uma participação ativa da gestão da escola. Os órgãos colegiados são deliberativos, por isso, eles são responsáveis pela fiscalização das verbas destinadas à escola, tratando assim de tudo que for político-pedagógico e administrativo. São oferecidos pelo Ministério da Educação cursos para a formação de conselheiros escolares. O MEC também tem um “banco de experiências de conselheiros escolares”, muito interessante e instrutivo para quem se interessa em participar ou já participa de conselhos de escola. Todo esse material está disponível no site do MEC e é de grande auxílio para a comunidade escolar. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9394/96) diz que: Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na Educação Básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da Educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. A presença de um conselho escolar não anula ou restringe a função do diretor. Pelo contrário, ele melhora a atuação do gestor, na perspectiva democrática. Infelizmente, nem todas escolas do país contam com esse órgão colegiado tão importante para construção de uma escola cooperativa, participativa e colaborativa no que diz respeito à gestão do espaço educativo e pedagógico. • • - -7 Fechamento Todos os órgãos colegiados aqui citados são compostos por diferentes segmentos da sociedade, e estão ligados diretamente ou indiretamente à Educação. O Conselho Nacional de Educação, os conselhos estaduais de educação, os conselhos municipais de educação, os conselhos escolares e outros que favorecem a gestão democrática têm em comum o cuidado com as práticas de ensino-aprendizagem e tudo que envolve esse processo. Referências BRASIL. . Estabelece as diretrizes e bases da Educação nacional.Lei n. 9394 de 20 de dezembro de 1996 Brasília: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 1996. ______. Ministério
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