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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DEPARTAMENTO DE DIREITO PÚBLICO DIREITO TRIBUTÁRIO E FISCAL I 2° ESTÁGIO DE DIREITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO E FISCAL I Ana Victória Ferreira Tavares - 20170138792 Crisnanda Ferreira de Araujo - 20170144691 Rodrigo Ramos dos Santos - 20170111645 Virnna Barbosa Lopes - 20170108158 João Pessoa, 2021 ANA VICTÓRIA FERREIRA TAVARES- 20170138792 CRISNANDA FERREIRA DE ARAUJO - 20170144691 RODRIGO RAMOS DOS SANTOS - 20170111645 VIRNNA BARBOSA LOPES - 20170108158 2° ESTÁGIO DE DIREITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO E FISCAL I Trabalho de segundo estágio apresentado ao Prof. Dr. João Cláudio Carneiro de Carvalho como requisito parcial à disciplina de Direito Tributário e Fiscal I do Centro de Ciências Jurídicas no semestre de 2020.2 João Pessoa, 2021 1. Analise criticamente o posicionamento de cada consultor, dizendo se a sua equipe está de acordo ou em desacordo, procurando justificar o posicionamento Incialmente, faz-se mister analisar a proposta do Consultor X. O Simples Nacional é um regime tributário diferenciado e simplificado para microempresas e empresas de pequeno porte. Sendo assim, o primeiro ponto a se analisar ao tratar da questão é: O que se entende por microempresa e empresa de pequeno porte. Segundo o art. 3º da Lei Complementar nº 123 é microempresa aquela que “aufira em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00”, ao passo que encaixa-se como empresa de pequeno porte aquela que auferir “em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais)”. Pois bem, no caso em comento é informado que o faturamento (receita bruta) mensal da ACE é de 550 mil reais mensais, o que totaliza 6.600.000,00 reais, ultrapassando o limite estipulado por lei (4,8 milhões) para que se considere empresa de pequeno porte e consequentemente possa adotar o Simples Nacional. Portanto, consideramos que a Proposta do consultor X é inaplicável ao caso. Quanto ao Consultor Y, faz-se necessário, para um melhor entendimento sobre o assunto, que seja realizada a leitura da referida legislação, a qual estabelece diretrizes acerca da diminuição do índice do Imposto Sobre Serviços - ISS, vejamos: Art. 167 Ressalvado o disposto em leis complementares federais, ainda que a prestação de serviços envolva o fornecimento de mercadorias, as reduções de base de cálculo do ISS restringem-se às hipóteses previstas nesta Lei. Assim, é notória a limitação sobre o assunto estabelecida pela própria lei, em um rol taxativo de serviços e respectivas naturezas. Dessa forma, o Contador da Empresa não pode, de maneira nenhuma, escolher de forma discricionária se haverá a redução ou não, tudo dependerá da natureza da Instituição Educacional. No mesmo liame aqui posto, a própria Lei Complementar, definindo quais serão os serviços que terão a redução aplicada, o legislador aduz: Art. 168 - Nos serviços referentes ao item 4 do Anexo I desta lei quando prestados por cooperativas, serão deduzidos da base de cálculo os valores repassados a terceiros associados, credenciados ou conveniados, que sejam contribuintes do imposto, observando-se que a dedução: I - não poderá resultar em base de cálculo inferior a 10% (dez por cento) do total dos ingressos decorrentes da atividade; II - tem sua validade condicionada à apresentação: O anexo sob o qual a lei faz referência trata-se dos “4. Serviços de saúde, assistência média e congêneres”, não se aplicando, como esperando pelo consultor y, em sua proposta ao caso em análise. Ademais, é de extrema valia ressaltar que a referida lei exposta anteriormente foi revogada pela Lei Complementar Nº 113 de 29.12.2017, a qual estabelece novas diretrizes a respeito da concessão dos incentivos fiscais como, por exemplo: Seção III Do Polo Cultural e Artístico Art. 265-E. Fica o Poder Executivo autorizado a conceder incentivo fiscal para estímulo de atividades econômicas de cunho cultural e artístico desenvolvidas por empresas que vierem a instalar-se no Centro Histórico do Município de João Pessoa, conforme delimitação fixada no Decreto do Estado da Paraíba nº 25.138, de 28 de junho de 2004, ou que, mesmo já instaladas, ampliem a utilização de mão-de-obra empregada para prestação de serviços. § 2º O incentivo fiscal consistirá na redução da alíquota do ISS até o limite de 2% (dois por cento). No entanto, mesmo com a mudança da referida Lei Complementar as Instituições de ensino não se encaixam em nenhuma das seções que oferecem os incentivos fiscais Municipais em João Pessoa, tornando-se assim, impossível a redução pela metade do percentual aplicado, como desejava o Consultor Y. Já no que se refere a aplicação da imunidade Municipal quando se tratar do IPTU, esta encontra amparo legal no artigo 150, inciso VI, alínea c, da Constituição Federal: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; Isto posto, deve o Instituto de Educação procurar a Prefeitura de João Pessoa, junto a Secretaria Executiva da Receita, apresentar todos os documentos necessários e assinar o Requerimento de Reconhecimento de Imunidade Tributária, disponível no próprio site da Prefeitura, desde de que preenchidos alguns requisitos, são eles: 1. Ser Instituição de Educação sem fins lucrativos; 2. para o ISS o serviço prestado deve: estar relacionado à finalidade essencial da Instituição; estar relacionado a atividade decorrente da finalidade essencial da Instituição; 3. para o IPTU, o imóvel deve: ser de propriedade da Entidade Religiosa; estar relacionado à finalidade essencial da instituição de educação; estar relacionado a atividade decorrente da finalidade essencial da instituição de educação; 4. cumprir as normas gerais da educação nacional; 5. não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; 6. não apresentar superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício, destinar o referido resultado integralmente ao incremento de seu ativo imobilizado; 7. aplicar seus recursos integralmente no País; 8. manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que lhe assegurem a respectiva exatidão; 9. conservar em boa ordem os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; 10. reter e recolher o ISS na qualidade de substituto tributário; 11. assegurar a destinação de seu patrimônio a órgão público ou a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades. Portanto, temos que a proposta apresentada pelo consultor Y apresenta alguns aspectos que não se coadunam com a legislação tributária aplicada ao Município, isto é: a isenção sobre o ISS não poderá ser aplicada pois a natureza da Instituição de Educação não se encaixa nos incentivos ficais oferecidos pela Lei Complementar nº 153. No entanto, se a ideia do consultor for um pouco modificada e essa Instituição pedir também a IMUNIDADE do ISS, como a do IPTU, desde de que preenchidos os requisitos postos pela própria Constituição Federal,será de extrema economia para a Instituição, mas desde de que atendido o recomendado neste parágrafo, que tem como objetivo esclarecer, fundamentar e organizar o pedido, para que não haja prejuízos a Instituição. Por fim, o Consultor K propõe acerca das imunidades tributárias. As imunidades tributárias possuem natureza jurídica dúplice: limitação constitucional ao poder de tributar e garantia fundamental do contribuinte. Desta forma, a Constituição Federal de 1988 visa prescrever situações específicas no qual não incidirão regras instituidoras de tributos. Alexandre Mazza (2021), citando José Eduardo Soares de Melo, ressalta que “Imunidade consiste na exclusão da competência da União, Estados, Distrito Federal e Municípios para instituir tributos relativamente a determinados atos, fatos e pessoas, expressamente previstos na Constituição Federal”. O art. 150, VI, alínea c da Carta Magna, juntamente com o art. 9°, IV, c do Código Tributário Nacional, prescreve que instituições educacionais sem fins lucrativos, que atendam aos requisitos legais, são abarcadas pelo instituto. Portanto, nos reportando ao art. 14 do próprio CTN, observa-se que os requisitos legais são, in verbis: CF, 88, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; CTN, Art. 14. I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001) II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. Importante destaque se faz ao conceito de vedação a “distribuição” prescrito no inciso I, no qual possui sentido de emprego do patrimônio em finalidade diversa à qual se propôs a associação. Conforme preleciona Luis E. Schoueri (2021) “Distribuir uma parcela do patrimônio não é o mesmo que empregar recursos da entidade na finalidade à qual ela se propôs. Um raciocínio tão absurdo levaria a crer que a associação arrecadaria recursos e os entesouraria, sem a possibilidade de empregá--los em sua finalidade” (SCHOUERI, 2021) As instituições educacionais também são, neste caso concreto, entidades assistenciais sem fins lucrativos. É entendimento do Supremo Tribunal Federal: STF: “O STF confere sentido mais amplo ao termo ‘assistência social’ constante do art. 203 da CF, a concluir que, entre as formas de promover os objetivos revelados nos incisos desse preceito, estariam incluídos os serviços de saúde e educação. Toda pessoa jurídica a prestar esses serviços, sem fins lucrativos, com caráter assistencial, em favor da coletividade e, em especial, dos hipossuficientes, atua em conjunto com o Poder Público na satisfação de direitos fundamentais sociais. Essa é a razão de o constituinte ter assegurado a imunidade a essas pessoas em relação tanto aos impostos como às contribuições sociais, a partir da impossibilidade de tributar atividades típicas do Estado em favor da realização de direitos fundamentais no campo da assistência social” (RE 566.622/RS. Trecho do voto do rel. Min. Marco Aurélio, j. 4- 6-2014). Portanto, existe um duplo grau de imunidade: não pagam nenhum imposto (art. 150, c, da CF/88) e são imunes de contribuições sociais (art. 195, § 7º, da CF). Ainda de acordo com a Corte Suprema: STF: “A imunidade tributária prevista no art. 195, § 7º, da CF (§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei), regulamentada pelo art. 55 da Lei n. 8.212/91, abrange a contribuição para o PIS” (RE 636.941/RS, rel. Min. Luiz Fux, j. 13-2-2014). Ademais, para caracterização de entidades beneficentes de assistência social de direito privado com prestação de serviço no âmbito educacional é necessária a certificação estipulada na Lei n° 12.101 de 2009 e Lei nº 12.868/2013, havendo necessidade de estipulação e bolsas de estudos por serem instrumentos de promoção da política pública de acesso à educação (arts. 12-A e art. 13). Portanto, havendo adequação às diretrizes educacionais estipuladas pelo MEC, padrões mínimos de qualidade e concessão de bolsas de estudo de acordo com a legislação supracitada, haverá a concessão da certificação, não havendo pagamento de impostos e isenção de contribuições para a seguridade social, conforme art. 1°. Desta forma, enfatiza-se que a Associação de Cultura e Ensino (ACE), seguindo a regularização descrita na Lei n° 12.101 de 2009 e Lei nº 12.868/2013, constituída sem finalidade lucrativa, com previsão estatutária para não distribuir renda ou parcela do patrimônio entre os associados, com obrigação de aplicar os recursos na manutenção dos objetivos sociais de cultura e de ensino e manter escrituração contábil conforme determina a legislação tributária, se subsume perfeitamente à legislação tributária. Por consequência, consideramos que a Proposta do consultor K é aplicável ao caso. Isso posto, se a Associação de Cultura e Ensino (ACE) reformular seu programa de bolsas, aderindo a proposta do Consultor K, se tornará uma entidade beneficente de assistência social, ou seja, uma entidade filantrópica, e gozará de imunidade tributária incidente: no Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), no Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), no Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IRPJ) e na cota patronal da Previdência Social. É importante entender que tais isenções se baseiam no artigo 14 do Código Tributário Nacional. In verbis: Art. 14 - O disposto na alínea c do inciso IV do art. 9° (trata da imunidade das instituições de educação sem fins lucrativos) é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I - não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a título de lucro ou participação no seu resultado; II - aplicarem integralmente no País os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manter escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1° Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1° do art. 9°, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. § 2° Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do art. 9° são exclusivamente os relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previsto nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. Também haverá isenção acerca da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), conforme o artigo 15 da Lei 9.532 de 1997 (se atender aos requisitos dispostos no parágrafo 3º do mesmo dispositivo normativo citado), e da Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Ainda, do mesmo modo existirá a redução dos tributos do Programa de Integração Social (PIS) - fazendo a cobrança sobre a receita bruta ser de 1%, de acordo com a Medida Provisória número 2.158 de 2001. Como uma entidade beneficente de assistência social, a Associação de Cultura e Ensino (ACE) tem a sua carga tributária regulamentada pelo artigo 150, inciso VI, alínea c da Constituição Federal de 1988, pelo artigo 195, parágrafo 7º também da Carta Magna e pelo artigo 55 da Lei 8.812 de 1991. 2. Entre os Consultores, qual aquele que a sua equipe julga com maior segurança? Justifique sua resposta apontando fundamentação jurídica adequada.Analisando a proposta dos 3 (três) consultores, entendemos, inicialmente, pela impossibilidade de aplicação da proposta do Consultor X a partir da impossibilidade de aplicação do sistema do Simples Nacional descrito no art. 3º da Lei Complementar nº 123 à pessoa jurídica por esta não se configurar como Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte. Ademais, apesar da impossibilidade de redução do ISS com base no disposto no Art. 168 do CTMJP, entendemos que haveria a possibilidade de aplicação parcial da proposta do Consultor Y. Analisando seu posicionamento, a Associação de Cultura e Ensino (ACE) poderia requerer a imunidade tributária quanto ao IPTU e o próprio ISS, complementando sua proposta, a partir do Requerimento de Reconhecimento de Imunidade Tributária frente à Prefeitura de João Pessoa. Entretanto, com base no art. 150, inciso VI, alínea “c”, da Constituição Federal e art. 14 do Código Tributário Nacional, a proposta do Consultor K se mostra a mais aplicável. Para além de instituição de educação, a Instituição de Ensino Superior (IES) se configura como instituição de assistência social, como prescreve a Corte Suprema guardiã da Constituição. Portanto, havendo adequação ao programa de bolsas prescrito na Lei n° 12.101/2009 e na Lei nº 12.868/2013, a instituição gozará das imunidades prescritas, como o IRPJ, ISS, IPTU, CSLL, CONFINS e etc. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, com todas suas Emendas. Brasília: Congresso Nacional, 1988. ____Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Congresso Nacional, 1966 ____Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional a Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm> Acesso em: 27 de maio de 2021. Mazza, Alexandre. MANUAL DE DIREITO TRIBUTÁRIO. Editora Saraiva, 2021. Schoueri, Luis E. DIREITO TRIBUTÁRIO. Editora Saraiva, 2021. SILVA, Daniel Cavalcante. O regime jurídico-fiscal das instituições de ensino superior no Brasil: O ProUni como novo marco teórico. In: Jus.com.br. [S. l.], 15 jun. 2011. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/19310/o-regime-juridico-fiscal-das-instituicoes-de-ensino- superior-no-brasil. Acesso em: 4 jun. 2021.
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