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Jânio Quadros saiu vitorioso das eleições diretas para presidente do Brasil em 1960, apoiado pela União Democrática Nacional (UDN) que buscava barrar a continuidade do getulismo e o candidato da oposição marechal Henrique Lott. Embora tenha conseguido se eleger, seu vice não teve o mesmo sucesso e ele precisou governar ao lado de João Goulart, o vice da oposição. Apesar da aparência excêntrica, Jânio Quadros foi um político conservador. Desde o início, não hesitou em reprimir os protestos camponeses, controlar os sindicados e mandar prender estudantes em manifestação. No âmbito da política interna, também levantava a bandeira do combate a corrupção. Durante a campanha eleitoral usou a vassoura como o símbolo do seu governo, pois prometia varrer do país a corrupção nos meios políticos e administrativos. No que diz respeito a economia, Jânio se deparou com o endividamento do Estado, herança dos tempos do governo JK. Para tentar contornar essa situação, adotou medidas impopulares, como o congelamento dos salários, a restrição ao crédito, desvalorização da moeda nacional e a retirada de subsídios para o petróleo e outras áreas. No âmbito da política interna, Jânio buscou uma alternativa para melhorar a sua governabilidade: se distanciar dos antigos partidos políticos e da “politicagem” que estava alastrada no país. Além disso, instalou uma corrida contra a corrupção dentro do governo, denunciando políticos independentemente de partidarismo. Contudo, sua medida causou exatamente o efeito oposto levando a um descontentamento por parte dos partidos políticos com sua “caça as bruxas”, inclusive daqueles que faziam parte da sua base de apoio, como a UDN. Apesar do curto mandato, deu início a uma série de medidas importantes, como a criação de reservas indígenas brasileiras e o Parque Nacional do Xingu. Também criou um projeto de reforma agrária considerado inovador para o período e uma série de outras medidas que não chegaram a ser postas para votação no congresso devido a sua baixa popularidade. O então presidente tomou, ainda, medidas polêmicas, tanto no âmbito interno quanto no externo: • Proibição das brigas de galo. • Proibição do lança-perfume. • Proibição do uso de biquínis nas praias. • Enviou o vice-presidente, João Goulart, em missão oficial para a China. • Condecorou, com a ordem do Cruzeiro do Sul, Che Guevara Quanto às relações internacionais, Jânio Quadros se declarou favorável a uma política externa independente. Reatou relações diplomáticas com o bloco comunista, o que desagradou profundamente ao governo norte americano e assustou as elites. Todo esse contexto aumentou a impopularidade do então presidente junto ao Congresso Nacional, diminuindo cada vez mais a sua governabilidade e dificultando a aprovação de medidas proposta. Renúncia Dentro do contexto de intensa oposição, pouca governabilidade, proposições polêmicas e forte crise econômica, Janio Quadros vai renunciar ao cargo de chefe do executivo do país após cerca de sete meses de governo. Em sua carta de renúncia, o ex-presidente acusa as “forças ocultas” de estarem tramando contra seu governo e sua pessoa. Sua saída aprofundou a crise política que o país vivia, e as forças Armadas eram contra a presença do seu vice, Jango, no poder. Ainda existe uma discussão a cerca a possibilidade de que a renúncia tenha sido uma tentativa de Jânio Quadros de se manter no poder sem a necessidade de responder ao Congresso Nacional. Tudo não teria passado de um plano para que a população não aceitasse sua renúncia e pedisse seu retorno imediato ao cargo de presidente do país e com os poderes ampliados. Entretanto, sua renúncia foi aceita logo de primeira e não houve sequer uma tentativa popular contra a sua renúncia.
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