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ECA - intensivo I e II

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AULA 01 – 21/04/2018
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
1. Direito Internacional da Criança
1.1 caso Mary Ellen – 1874
	A sociedade, em meados de 1874, passa a voltar seus olhos para normas de proteção às crianças. Naquela época não existiam leis que protegessem as crianças e a garotinha Mary Ellen, a qual sofria maus tratos dos pais. Diante da situação enfrentada pela criança, utilizou-se, analogicamente, a leis de maus tratos aos animais. A partir de acontecimentos como a 1ª Guerra Mundial e as revoluções sociais para proteger os trabalhadores, houve a edição de documentos internacionais que foram fundamentais para o início dos direitos das crianças e adolescentes.
1.2 convenções da OIT, de 1919
	A convenção da OIT, de 1919, teve como fruto a Convenção 138/73, estabelecendo a idade mínima para o trabalho. A Convenção foi promulgada no Brasil pelo Decreto 4134/2002. Por outro lado, a Convenção 182/99, a qual abordava as piores formas de trabalho infantil, a qual fora promulgada no Brasil pelo Decreto 3597/2000.
1.3 Declaração de Genebra ou Carta da Liga, de 1924
	A Declaração de Genebra foi um documento produzido pelas dirigentes da associação internacional denominada “salve as crianças”, a qual até os dias de hoje repercute no mundo da criança. A Declaração de Genebra foi o primeiro documento internacional de proteção ampla e genérica, especialmente destinada para a proteção das crianças e adolescentes. No entanto, a Declaração ainda considerava a criança como “objeto”, alguém que poderia receber direitos a partir do que existia de titularidade direitos no mundo adulto. Eram os adultos que deviam proteger as crianças. Ou seja, as crianças mereciam proteção, mas não titularizavam direitos.
1.4 Declaração dos Direitos da Criança, de 1959
	Com a Declaração dos Direitos da Criança, datada de 1959, houve uma mudança de perspectiva sobre as crianças. As crianças deixaram de ser um mero “objeto” de proteção e passaram a ser consideradas titulares de direitos, ou seja, poderiam exigir que seus direitos fossem cumpridos. No entanto, a Declaração dos Direitos da Criança, de 1959, não era dotada de coercibilidade, isto é, não permitia que Estados que a descumprissem sofressem alguma espécie de sanção.
1.5 Convenção sobre Direitos da Criança, de 1989
	A Convenção sobre Direitos da Criança, datada de 1989, foi ratificada pelo Brasil em 20 de setembro de 1990 e promulgada pelo Decreto 99.710, em 21 de novembro de 1990. Essa convenção considera a criança como verdadeiro sujeito de direito, assim como a Declaração dos Direitos da Criança, datada de 1959. Diferente da Declaração de 1959, a Convenção Sobre Direitos da Criança é dotada de coercibilidade. As crianças eram titulares de direitos, mas os Estados que a aderissem poderiam receber alguma espécie de repressão caso a descumprissem. Registre-se, ainda, que essa Convenção foi a de mais rápida adesão e o único Estado que não aderiu a ela foi os EUA.
	A Convenção sobre Direitos da Criança trouxe uma série de novidades: a) considera criança todo menor de 18 anos, salvo se a maioridade for atingida antes em razão da legislação interna; b) não trabalha com o conceito de adolescente, somente criança; c) deixa cada Estado estabelecer a idade máxima para ser criança; d) trabalha com a ideia de que existe um superior ou melhor interesse da criança; e) passa a falsa ideia de que o interesse da criança deve estar acima de qualquer outro, o que nem sempre é verdade; f) o real motivo do melhor interesse não é sobressair o interesse das crianças sobre qualquer outro, mas, sim, que na interpretação do direito da criança deve-se atentar-se aos interesses dela; g) a Convenção traz o Comitê dos Direitos da Criança, órgão responsável por analisar relatórios que os Estados que aderiram a Convenção enviam, ou seja, é o mecanismo de controle da Convenção.
	Por fim, tem-se três protocolos facultativos sobre a Convenção dos Direitos da Criança: a) protocolo facultativo sobre a venda de crianças, prostituição e pornografia infantil, o qual fora promulgado pelo Brasil; b) protocolo facultativo sobre envolvimento de crianças em conflitos armados, o qual fora promulgado pelo Brasil; c) protocolo facultativo das comunicações, denúncias ou petições individuais, o qual ainda não fora promulgado pelo Brasil. Esse protocolo permite que a criança exerça, pessoalmente, o direito de comunicação individual quanto ao descumprimento da Convenção em certos locais.
1.6 doutrina das Nações Unidades de Proteção Integral à infância
	A doutrina das Nações Unidades de Proteção Integral à infância estabelece pontos importantes: a) Regras de Beijing: estabelece regras mínimas para Administração da Justiça da Infância e Juventude, de 1985. É a mais importante, pois prevê diversas normas para os procedimentos de apuração de atos ilícitos graves praticados por infantes, tendo inspirado o ECA em alguns pontos; b) Diretrizes de Riad: trata-se de prevenção da delinquência juvenil, não trazendo influência ao ECA, prevendo mais normas de repressão; c) Regras de Tóquio: são as regras mínimas para a proteção de jovens privados de sua liberdade, prevendo normas sobre privação de liberdade.
2. Evolução da Criança e do Adolescente no Brasil
2.1 fase da absoluta indiferença
	Trata-se de uma fase de absoluta indiferença com a criança, ocorreu antes do Brasil receber uma influência ocidental, o que significou no estabelecimento de normas provenientes de um Estado para convívio social.
2.2 fase da mera imputação criminal ou direito penal indiferenciado
	Após a colonização, tem-se a fase da mera imputação criminal, onde passou-se a utilizar a legislação portuguesa, de modo que o Brasil sai da indiferença e passa para a punição de crianças e adolescentes.
2.3 fase tutelar
	Posteriormente, no início do século XX surgiu a fase tutelar, com a criação do denominado “juizado de menores”. Além disso, ocorreu a elaboração do Código Mello Matos, datado de 1927 e o Código de Menores, datado de 1979. Os referidos Códigos conferiram tratamento especial para os infantes, bem como foram forjados sob a ótima da doutrina menorista (do direito do menor). Ou seja, cuidava-se das crianças, mas com objetivo de evitar que danos maiores fossem causados à sociedade, a qual poderia ser vítima das crianças que perambulavam pelas ruas e praticavam pequenos furtos.
2.4 fase da proteção integral
	Trata-se da fase da proteção integral, na qual as crianças e adolescentes tornaram-se sujeitos de direito, não objetos de interesse. Essa mudança ocorreu apenas com a Constituição de 1988, a qual foi detalhada com a criação do ECA, por exemplo:
Art. 227, da CF: é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DO ECA – LEI 8.069/1990
1. Doutrina da proteção integral
	O art. 1º, da Lei 8.069/1990 traz a denominada “doutrina da proteção integral”:
Art. 1º, do ECA: esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
	A doutrina da proteção integral entende que as crianças e adolescentes estão em estágio peculiar de desenvolvimento, seja físico, intelectual ou moral, de modo que devem receber um tratamento especializado.
2. Definição de criança e adolescente
	Por outro lado, o art. 2º, da Lei 8.069/1990 prevê quais são os sujeitos destinatários da proteção integral, quais sejam, as crianças e os adolescentes:
Art. 2º, do ECA: considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
	Além disso, há de se destacara Lei 13.257.2016, também conhecida como Lei da Primeira Infância, correspondendo aos seis primeiros anos de vida:
Art. 2º, da Lei 13.257/2016: para os efeitos desta Lei, considera-se primeira infância o período que abrange os primeiros 6 (seis) anos completos ou 72 (setenta e dois) meses de vida da criança.
	Por outro lado, o Estatuto da Juventude (Lei 12.852/2013) incluiu no art. 227 da Constituição Federal a figura do jovem:
Art. 1º, da Lei 12.852/2013: esta Lei institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude – SINAJUVE.
§ 1º Para os efeitos desta Lei, são consideradas jovens as pessoas com idade entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos de idade.
3. Diferença de tratamento entre criança e adolescentes
3.1 colocação em família substituta
	A família substituta é aquela que tem lugar quando família natural não está exercendo o poder familiar. A família substituta pode ser por meio de guarda, tutela ou adoção. O ECA, no que tange à colocação em família substituta, tanto a criança como o adolescente devem ser ouvidos, tendo suas opiniões devidamente consideradas. Registre-se que com relação ao adolescente, mais do que ser ouvido, ele deve concordar e consentir com a sua colocação em uma família substituta, ou seja, sua vontade deve ser ouvida e respeitada.
3.2 consequências pela prática de ato infracional
	O ato infracional é a conduta descrita em lei como crime ou contravenção penal praticada por uma criança ou adolescente. O ECA diz que a criança que pratica conduta descrita como crime terá praticado ato infracional, mas só poderá receber as denominadas “medidas de proteção”, previstas no art. 101, do ECA:
Art. 101, da Lei 8.069/1990: verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I – encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV – inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente; 
V – requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VII – acolhimento institucional;
VIII – inclusão em programa de acolhimento familiar;
IX – colocação em família substituta.
	Por outro lado, o adolescente poderá receber as medidas de proteção, bem como as medidas socioeducativas, como, por exemplo, a internação.
3.3 viagens nacionais
	Em regra, o adolescente pode viajar sozinho por todo o território nacional, ao passo que a criança se submete a uma série de limitações.
4. Sistema valorativo do Direito da Criança e do Adolescente
	O sistema valorativo da do Direito da Criança e do Adolescente consiste 
	De acordo com Humberto Ávila, além das regras e princípios, tem-se os postulados normativos, os quais não estabelecem apenas comportamentos a serem respeitados e nem somente finalidades a serem perseguidas. Os postulados normativos trazem elementos que explicam o modo como determinada disciplina jurídica deve ser interpretada, ou seja, são valores estruturantes de determinadas disciplinas.
	Quando transportada a ideia dos postulados normativos para o Direito da Criança e do Adolescente, consegue-se estabelecer a ideia de que o melhor interesse da criança ocupa justamente um papel de postulado normativo, ou seja, ser uma norma que estruturará a aplicação do direito da criança: a) postulado normativo: superior interesse da criança e do adolescente; b) metaprincípios: b.1) proteção integral; b.2) prioridade absoluta; c) princípios derivados: condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos; responsabilidade primária e solidária do poder público; privacidade; intervenção precoce; intervenção mínima; proporcionalidade e atualidade; responsabilidade parental; h) prevalência da família; obrigatoriedade da informação; oitiva obrigatória e participação
5. Critérios de interpretação do ECA – Lei 8.069/1990
Art. 6º, do ECA: na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
1. Direito à vida
Art. 7º, do ECA: a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
	O direito à vida não se resume ao direto de nascer e existir. Deve-se olhar para a vida sob o aspecto do direito a dignidade. De acordo com José Afonso da Silva, a vida possui uma perspectiva de existência e outra de dignidade ou integridade, sendo que a integridade pode ser física e moral.
	Sobre o direito à vida, há de se registrar a proteção jurídica conferida ao embrião, especialmente no tocante as pesquisas realizadas com células-tronco embrionárias, conforme ADI 3.510. Alguns doutrinadores entendem que o embrião é um organismo vivo que titulariza a vida e, por consequência, não poderia extrair dele as células embrionárias, pois isso seria uma violação à vida.
	O STF julgou a ADI 3.510 improcedente, entendendo que a lei de biossegurança não violava o direito à vida protegido pela Constituição. Segundo o Tribunal, o embrião não goza do direito à vida, pois é um mero potencial de vida que depende de uma condição sem a qual não haverá vida humana, qual seja, a implantação no útero materno. Ou seja, enquanto não implantado, o embrião é um mero organismo vivo que não tem status de vida humana.
	Por outro lado, há discussão importante quanto ao aborto e a antecipação terapêutica de parto de feto anencéfalo. O aborto é considerado um atentato à vida, de modo que o Código Penal estabelece somente duas exceções em que o aborto não será um fato típico, ilícito e culpável: a) se o aborto for necessário para salvar a vida da gestante; b) se o abordo for humanitário ou sentimental, na hipótese de estupro.
	Os fetos anencéfalos, por sua vez, são aqueles que possuem um defeito de fechamento do tubo neural, ou seja, possuem um efeito de formação cerebral tão grave que inviabiliza a vida extrauterina autônoma. Atualmente, se consegue diagnosticar a anencefalia quando o bebê ainda está no útero materno. Diante disso, muitas mulheres passaram a solicitar autorizações judicias para a retirada antecipada do feto.
	A ADPF 54 foi julgada procedente para definir que os comportamentos dos profissionais de saúde que realizam a antecipação terapêutica de feto anencéfalo não podem se amoldar ao crime de aborto previsto no Código Penal. Para a maioria dos Ministros do STF, o fato de não haver viabilidade de vida extrauterina não permite a equiparação da vida do anencéfalo com a vida de qualquer outro feto ou com a vida de pessoa nascida. Além disso, o STF entendeu que não estavam jogo apenas o nascimento de um feto anencéfalo, mas também os direitos reprodutivos e sexuais da mulher. 
	Por fim, há de se destacar o abordo realizado nos três primeiros meses de gestação, conforme decisão da Primeira Turma do STF no HC 124.306. O abordo realizado nos três primeiros meses de gestação poderia ser considerado como uma prática lícita que o ordenamento jurídico deveria garantir à gestante. 
	Para o Ministro Barroso, até os três primeiros meses de gestação não há formação do córtex cerebral que desengatilha duas potencialidades no feto: a) capacidade de pensamento; b) sensibilidade à dor. Assim, até o momento seria possível pensar em realizar o abordo nos três primeiros meses de gestação sem que houvesse a configuração do delito de abordo, pois não haveria necessidadede proteção à vida do feto que não goza do mesmo status de vida humana.
AULA 02 – 28/04/2018
DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
2. Direito à saúde – art. 7º a 14, do ECA
2.1 direito da mãe/gestante – Lei 13.257/2016
	O direito a saúde das crianças e adolescentes emana a partir do momento em que a parturiente se identifica, compreendendo: a) direito a orientação psicológica; b) direito a pré-natal pelo SUS; c) a mulher pode ficar vinculada ao estabelecimento de saúde que realizará o parto, no último trimestre de gestação; d) direito ao parto natural.
2.2 obrigações dos estabelecimentos de saúde
	As obrigações dos estabelecimentos de saúde compreendem a obrigação de realizar o arquivamento de toda a documentação pertinente ao nascimento de uma criança, bem como a obrigação de realizar exames para detecção de anomalias, como, por exemplo, teste do pezinho.
2.3 direitos das crianças
	Compreendem os direitos da criança: a) atendimento integral e gratuito pelo SUS; b) garantia de assistência odontológica; c) vacinação; d) medicamentos e próteses; e) acompanhamento em procedimento de internação; f) dever de comunicação de maus tratos ao Conselho Tutelar.
3. Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade – arts. 15 a 18, do ECA
3.1 direitos especiais
	Compreende o lúdico e a brincadeira, ou seja, crianças e adolescentes são pessoas em estágio peculiar de desenvolvimento, de modo que possuem direito ao lúdico, a brincar e se divertir.
3.2 toque de recolher
	Compreende as normas que estabelecem o toque de recolher, ou seja, horário a partir do qual crianças e adolescentes não poderiam circular desacompanhadas por locais abertos ao público, sob fundamento de que nesses períodos as crianças e adolescentes estariam desprotegidas se estivessem circulando sozinhas, bem como não existiriam jovens infratores. No entanto, conforme posicionamento do STF, a imposição do toque de recolher ofendia o direito à liberdade dos infantes.
3.3 “rolezinho”
	O “rolezinho” é a reunião de inúmeros adolescentes em locais públicos, em especial shopping center. Em que pese as diversas discussões sobre o tema, o STJ garantiu a liberdade de locomoção dos adolescentes que puderam novamente circular de forma livre nos estabelecimentos comerciais.
3.4 integridade física, psíquica e moral, com proteção à imagem, identidade, autonomia, valores, ideias, crenças, espaço e objetos pessoais
3.4.1 veiculação de imagem e nome nos meios de comunicação
	Não é possível a veiculação desarrazoada de nome e imagem de crianças e adolescentes. De acordo com o STJ, é verdade a veiculação de material jornalístico com imagens que envolvam criança em situações vexatórias ou constrangedoras, ainda que não se mostre o rosto da vítima, conforme REsp 509.968.
3.4.2 abuso sexual e pedofilia
	A pedofilia não é necessariamente um crime, pois não é um comportamento, não descrevendo uma conduta. É uma doença que implica na atração por crianças e adolescentes. O pedófilo pode ou não externar essa doença, ou seja, se ele nunca externar esse desejo, nunca praticará crime. Pedofilia é uma questão de saúde pública, não de segurança pública. Por outro lado, o abuso sexual constitui crime.
3.4.3 bullying – Lei 13.185/2015
	O bullying é uma intimidação sistemática, composto por: a) atos de violência física ou psíquica; b) intencional e repetitivo; c) sem motivação evidente; d) por indivíduo ou grupo; e) que causa dor e angústia; f) em relação de desequilíbrio de poder entre as partes. Bully é o sujeito que pratica o bullying.
3.4.4 Lei do Menino Bernardo ou Lei da Palmada
	A Lei 13.010/2014 busca coibir a realização de castigos ou de tratamento cruel ou degradante em face de crianças e adolescentes. A Lei proíbe o castigo físico, seja sofrimento físico ou lesão, bem como proíbe o tratamento cruel ou degradante que humilhe, ameace gravemente ou ridicularize crianças ou adolescentes.
4. Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer – arts. 53 a 59, do ECA
4.1 direitos sociais e políticas públicas
	Os direitos sociais e as políticas públicas estão arrolados no art. 6º, caput, da Constituição. Entre eles, há o direito a educação, saúde, cultura, proteção a maternidade. São direitos que se forem implementados têm a possibilidade de alcançar a igualdade entre as pessoas. O Estado não pode se negar a implementar políticas públicas, a questão são os limites para implementação de políticas públicas dentro do Estado.
4.2 educação básica e educação superior
	A educação básica compreende: a) educação infantil, abrangendo a creche (dos 0 a 3 anos) e a pré-escola (4 e 5 anos); b) ensino fundamental, dos 6 aos 14 anos – 1º ao 9º ano; c) ensino médio, dos 15 aos 17 anos. Registre-se que toda obrigação básica é obrigatória, nos termos da Constituição, do ECA e da Lei de Diretrizes básicas de educação nacional. A educação superior ocorre a partir dos 18 anos.
4.3 judicialização, discricionariedade, reserva do possível, mínimo existencial, creches e STF
	Com a judicialização de políticas públicas, nasce a obrigação ao administrador de garantir direitos sociais, como, por exemplo, conseguir vagas em creches para determinada ou determinadas crianças. Por outro lado, de acordo com o mínimo existencial, as pessoas têm direito ao mínimo na sua existência, isto é, mínimo de direitos para ter sua dignidade garantida, por exemplo, garantir a educação por meio de creches é garantir o mínimo existencial. O direito humano, ao seu turno, está ligado a essência do ser humano, por exemplo, vida, liberdade, igualdade, fraternidade, solidariedade, paz. Os grandes embates da humanidade vão constituindo os direitos humanos.
	No Brasil, se argumenta que o Poder Público não tem dinheiro para garantir todos os direitos sociais. Os recursos do Estado não finitos. Portanto, o Judiciário não pode impor ao administrador público a garantia de um direito social que vá trazer impactos significativos nas contas públicas. No entanto, há um contra-argumento, na medida em que se o administrador tivesse feito escolhas responsáveis, o Judiciário não precisaria interferir sobre as contas públicas e crias despesas impagáveis.
4.4 critério do georreferenciamento
	O ECA garante que as crianças e os adolescentes sejam matriculados em estabelecimentos educacionais próximos de suas residências para garantir o direito à educação, a convivência familiar e comunitária.
Questão: o critério de georreferenciamento é só um direito ou é um direito/obrigação? A Família muda de bairro, por exemplo, a criança e os pais querem que a criança continue na mesma escola. Se assim quiserem, a criança continuará na mesma escola, pois o critério do georreferenciamento é para atender o melhor interesse da criança.
4.5 crianças com deficiência
	As crianças com deficiências devem ser matriculadas, preferencialmente, em um estabelecimento regular de ensino. Essa criança não deve ser segregada, mas integrada às escolas regulares.
4.6 dever dos pais matricularem os filhos versus educação domiciliar
	O ECA trata do dever dos pais de matricularem seus filhos em estabelecimentos educacionais. No entanto, boa parte dos pais tem demonstrado interesse na educação familiar. A questão do homeschooling foi levada ao STF, com repercussão geral, sendo que em breve haverá decisão do Tribunal quanto à possibilidade ou não de se realizar a educação familiar, isto é, escolarização ocorrendo dentro de casa.
4.7 deveres dos dirigentes comunicarem maus tratos ao Conselho Tutelar
	É dever dos dirigentes dos estabelecimentos educacionais comunicar maus tratos ao Conselho Tutelar.
5. Direito à profissionalização – arts. 60 a 69, do ECA
Atenção! Deve-se ter cuidado com alguns dispositivos do ECA e da CLT, pois existem vários dispositivos desatualizados em relação a normativa de trabalho para crianças e adolescentes.
	Em resumo: idade mínima de 16 anos, salvo trabalho noturno, perigoso e insalubre. No entanto, para o trabalho em regime de aprendizagem está liberado a partir dos 14 anos. Em regra, a criança não pode trabalhar e o adolescente pode trabalhara partir dos 16 anos e, em se tratando de regime de aprendizagem, a partir dos 14 anos.
6. Prevenção e autorização para viagem – arts. 70 a 85, do ECA
6.1 prevenção
	O ECA institui como normas de prevenção: a) diversões e espetáculos públicos; b) rádio e TV; c) publicações e vídeos: em regra, a classificação indicativa não impede que um pai conduza um filho para uma determinada forma de manifestação do pensamento ou artística, cuja classificação indicativa não seja de 18 anos. O STF entendeu que a classificação indicativa não viola a Constituição, pois não equivale a censura. O programa não deixa de ser exibido, bem como não impede o acesso da criança; d) classificação indicativa e infração administrativa; e) produtos proibidos: veda-se a venda de bebidas alcoólicas, ocorrendo em conduta ilícita o agente que fornecer produtos proibidos a crianças e adolescentes; f) hospedagem: acompanhados pelos pais ou por maiores expressamente autorizados.
6.2 autorização para viagem
6.2.1 viagens nacionais/domésticas – art. 83, do ECA
	Em se tratando de adolescentes desacompanhados, não há nenhuma restrição. Por outro lado, em se tratando de crianças, existem algumas observações: a) crianças desacompanhadas: com autorização judicial; b) crianças desacompanhadas: com autorização de ao menos um dos pais; c) crianças desacompanhadas: sem autorização, para comarca contígua, se na mesma unidade da Federação ou incluída na mesma região metropolitana; d) crianças acompanhadas: de ao menos um dos pais ou responsável; e) crianças acompanhadas: de ascendente ou colateral maior até o terceiro grau (com documentação comprovando o vínculo – irmãos, tios, sobrinhos) ou na companhia de um adulto expressamente autorizado pelos pais.
Atenção! As crianças não podem se hospedar sem autorização expressa ou a presença de ao menos um dos pais (ainda que acompanhados de parente maior).
6.2.2 viagens internacionais
	Em se tratando de viagens internacionais, há o mesmo tratamento para crianças e adolescentes: a) viajar desacompanhados com autorização judicial; b) viajar desacompanhados com autorização de ambos os pais por documento com firma reconhecida; c) viajar acompanhados de ambos os pais; d) viajar acompanhados de um dos pais, desde que haja autorização expressa do outro, por documento com firma reconhecida ou suprimento dessa por autorização do juiz; e) viajar acompanhados de terceiros maiores e capazes com autorização de ambos os pais por documento com firma reconhecida.
Atenção! A violação dessas regras de viagem implica em infração administrativa. 
AULA 03 – 01/07/2018
DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
7. Direito à convivência familiar e comunitária – arts. 19 a 32, do ECA
7.1 famílias do art. 226 da CF e o princípio do pluralismo de entidades familiares
	A Constituição faz três espécies de família: a) família formada a partir do vínculo de casamento – formal; b) família formada a partir de união estável – informal; c) família monoparental, formada por qualquer dos pais e seus descendentes. Além disso, de acordo com o STF, o rol de famílias elencadas no art. 226, da Constituição é exemplificativo, por exemplo, existem outros tipos de família não previstos a CF: a) família anaparental: sem os parentes, sem a figura paterna ou materna; b) família mosaico: aquela família formada por pessoas que provém de núcleos familiares anteriores.
7.2 famílias no ECA – classificação trinária
	O ECA prevê três modalidades de família: a) família natural: é confundida com a família biológica, o que não é de todo correto. A família natural é aquela formada por pais ou por qualquer dos pais, sejam filhos biológicos ou adoção; b) família extensa ou ampliada: considera-se como família aquela formada por pessoas que vão além da unidade do casal e os filhos. É formada por parentes da criança e adolescente com os quais convivem e mantém vínculos de afinidade e afetividade. Se a família natural não estiver desempenhando a contento o seu papel familiar, antes de buscar a colocação da criança em uma família substituta, buscar-se-á colocar a criança em uma família extensa ou ampliada. Esses membros, inclusive, têm prioridade para adoção das crianças e adolescentes; c) família substituta: é aquela que tem lugar diante da falta de exercício do poder familiar ou da ineficiência do exercício do poder familiar. Haverá família substituta quando falhar a família natural ou extensa. A família substituta pode se formar através da guarda, da tutela e da adoção.
7.2 a lógica da convivência familiar e comunitária
	O ECA estabelece uma premissa de que deve-se buscar a manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural. No entanto, existe exceção: a) em situações adversas não é razoável manter a criança ou o adolescente convivendo com a família natural. Se restar demonstrado que a criança está tendo direitos violados ou ameaçados, é possível a retirada da criança e do adolescente da sua família natural.
	Em um primeiro momento, a retirada da criança ou do adolescente do seio da família natural deve ser temporária. Busca-se atender e orientar os pais naquilo que estão falhando, a fim de que os filhos possam permanecer junto a eles.
	Nesse meio tempo, há a retirada temporária dos infantes, com encaminhamento para: a) família extensa ou ampliada, sob regime de guarda ou tutela, com os parentes com os quais a criança ou adolescente convive, tem afetividade e afinidade; b) terceiros, sob regime de guarda ou tutela, dos quais tenham convivência, afinidade e afetividade com a criança ou o adolescente; c) acolhimento familiar: algumas famílias se cadastram para serem famílias acolhedoras. A família acolhedora é aquela que se inscreve nesse programa para tomar conta de uma criança enquanto ela está temporariamente afastada do convívio de sua família natural; d) acolhimento institucional: dentre todas as possibilidades elencadas, é a pior, pois a criança não viverá em um ambiente familiar.
	Com efeito, a Lei 13.509/2017 foi editada para dinamizar a convivência familiar e, na medida do possível, tornar a adoção uma alternativa mais célere. Após a retirada da criança ou do adolescente da família natural, deverão ser realizadas reavaliações a cada três meses, até dezoito meses, salvo comprovada necessidade que anteda ao superior interesse. Quando se atinge o prazo máximo de 18 meses, é preciso definir a situação da criança e do adolescente. Para definir a situação, levar-se-á em conta: a) privilégio ao retorno à família natural; b) permanência junto à família extensa; c) adoção; d) acolhimento institucional.
7.3 do poder familiar
	a) isonomia entre gêneros, tanto o homem como a mulher poderão exercer o poder familiar em relação de igualdade; b) falta de recursos materiais não é motivo para destituição do poder familiar.
7.4 família substituta
	a) critérios; b) igualdade entre os filhos; c) manutenção dos grupos de irmãos com a mesma família; d) preparação gradativa e acompanhamento posterior; e) termo de compromisso nos autos, ou seja, quem recebe a criança deve se comprometer; f) não transferência a terceiros, pois toda mudança deve passar pelo judiciário; g) se família estrangeira, somente adoção.
7.5 guarda
	a) a guarda, para o ECA, possui natureza jurídica de família substituta. A guarda regulariza a posse de fato sobre crianças e adolescentes, regularizando a responsabilidade sobre a criança e o adolescente, não a sua posse; b) a guada impõe deveres de educação, estabelecer uma relação familiar adequada, assistência moral e educacional etc; c) poderes de guardião, ou seja, há o direito de oposição a terceiros, inclusive aos próprios pais; d) dependência para todos os fins, inclusive previdenciários; e) direito de visita e alimentos pelos pais naturais. Se terceiros estiverem exercendo a guarda na modalidade família substituta e os pais ainda estiverem no exercício do poder familiar, continuam sendo obrigados a pagar alimentos; f) guarda compartilhada; g) guarda avoenga: é a guarda exercida pelos avós.
7.6 tutela
	A tutela pressupõe a suspensãoou destituição do poder familiar. É uma modalidade de família substituta que regulariza a responsabilização das crianças e dos adolescentes, garantindo o direito de representação ao tutor em relação ao pupilo. A tutela concede os mesmos poderes da guarda, incluindo o direito de representação. Pode-se exigir caução do tutor para garantir que não ocorra dano patrimonial ao pupilo.
7.7 adoção
	A adoção, de acordo com o ECA, é uma modalidade de família substituta. Uma família adotiva só será substituída enquanto a sentença não transitar em julgador, após, será considerada família natural. Portanto, a adoção é a modalidade de família substituta que estabelece o vínculo de filiação. 
	A adoção poderá ser: a) quanto ao rompimento do vínculo anterior: a.1) unilateral: pressupõe o rompimento de apenas um vínculo anterior, por exemplo, criança com pai e mãe registral. Pai some no mundo. Mãe se envolve com outra pessoa que começa a desenvolver uma relação com o filho e manifesta interesse em adotar a criança. Como o outro pai provavelmente terá o poder familiar destituído, abrirá espaço para o segundo pai; a.2) bilateral: pressupõe o rompimento de dois vínculos anteriores (normalmente pai e mãe); b) quanto a formação do novo vínculo, a adoção pode ser: b.1) adoção singular: forma apenas um novo vínculo; b.2) adoção conjunta: forma dois novos vínculos.
	Por outro lado existem algumas modalidades especiais de adoção: a) adoção pode ex-cônjuges ou ex-companheiros: em regra, a união conjunta pressupõe o casamento ou a união estável. Se o casal entra com o pedido de adoção se separa e os dois manifestarem o interesse em continuar com a adoção, eles podem continuar com o procedimento. No entanto, a convivência com a criança ou adolescente deve ter ocorrido quando o casal ainda estava unido; b) adoção póstuma: acontece com a morte de um pretenso adotante. Seu objetivo é garantir um vínculo de filiação para beneficiar a criança ou o adolescente; c) adoção homoafetiva: ocorre entre casais do mesmo sexo; d) adoção poliafetiva: ocorre quando muitas pessoas têm entre si relação de afeto. Vem-se admitindo paulatinamente as adoções poliafetivas.
7.7.1 características da adoção
	São as principais características da adoção: a) a adoção é constituída por ato personalíssimo, não existindo adoção por procuração; b) excepcional: não pode ser considerada regra; c) irrevogável: uma vez deferida a adoção, não se pode revogá-la; d) não caducável: a morte dos pais por adoção não reestabelece os vínculos da família anterior; d) plena: rompe completamente os vínculos com a família anterior; e) constituída por sentença judicial: a adoção só pode se dar por meio de processo judicial.
7.7.2 requisitos objetivos da adoção
	São requisitos objetivos da adoção: 
a) idade mínima de 18 anos, devendo haver uma diferença de no mínimo 16 anos entre adotante e adotando. No caso de adoção conjunta, pode apenas um dos membros do casal cumprir os requisitos objetivos de idade; 
b) consentimento ou concordância dos pais/representantes ou destituição; 
c) consentimento do adolescente: criança e adolescente tem o direito de ser ouvidos e de ter suas opiniões consideradas, respeitado o estágio de desenvolvimento de cada um. Esse direito não vincula o juiz, o qual pode decidir de modo diverso. Quando ao adolescente, a lei exige o consentimento, caso ele não queira, a adoção não se concretizará;
d) estágio de convivência:
d.1) adoção nacional: o prazo de convivência pode ser dispensado. Não há prazo mínimo para estágio de convivência, mas o máximo é 90 dias;
d.2) adoção internacional: o estágio de convivência não pode ser dispensado. Tem prazo mínimo de 30 dias para convivência, limitando-se ao máximo de 45 dias.
	Estágio de convivência
	Poder ser dispensado
	Prazo mínimo
	Prazo máximo
	Adoção nacional
	Admite dispensa
	Não há prazo mínimo
	Prazo máximo de 90 dias
	Adoção internacional
	Não admite dispensa. O estágio de convivência deve ser cumprido no Brasil
	Prazo mínimo de 30 dias
	Prazo máximo de 45 dias. O prazo pode ser prorrogável por igual período, uma vez, mediante decisão fundamentada
e) prévio cadastramento/habilitação: a habilitação é a entrada na fila de adoção. A cada três anos a pessoa deve renovar a habilitação. Após três recusas injustificadas dentro do perfil escolhido, será necessário reavaliar a habilitação. Por fim, há possibilidade de exclusão do cadastro e renovação de renovação, na hipótese de desistência do pretendente em relação à guarda para fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente depois do trânsito em julgado da sentença de adoção (salvo decisão judicial fundamentada), será possível a exclusão do cadastro e a vedação da renovação da habilitação no futuro.
	Por fim, existem algumas exceções ao prévio cadastramento:
e.1) adoção unilateral: adoção de uma pessoa específica, por exemplo, o novo marido que deseja adotar o filho da esposa;
e.2) adoção por membro da família extensa: membros da família com afinidade e afetividade. Registre-se que irmãos não podem adotar irmãos e avós não podem adotar netos;
e.3) detentor de guarda legal ou tutela de criança maior de três anos, desde que haja afinidade e afetividade, bem como ausência de má-fé ou fraude. Deve haver guarda legalizada ou tutela e outro requisitos para exceção ao prévio cadastramento.
AULA 04 – 08/07/2018
DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
7.7.3 requisitos subjetivos da adoção
	São requisitos subjetivos da adoção: a) reais vantagens: há de ser realizada uma ponderação se a adoção é melhor ou pior para a criança ou adolescente; b) motivos legítimos para adoção: se o adotante tem real interesse em adotar; c) desejo de filiação: querer ter um filho, passar por todos os sabores e dissabores de uma relação paternal.
7.7.4 impedimentos a adoção
	São impedimentos para a concretização da adoção: a) ascendentes: avós não podem adotar netos. Há, no entanto, excepcional adoção por avós, conforme REsp 1.448.969, no qual um casal adotou uma criança com nove anos e, posteriormente, descobriram que a mulher estava grávida. Após o nascimento, os avós adotaram a neta; b) irmãos: apenas os irmãos na linha colateral estão impedidos de adotar; c) tutor/curador: o tutor ou curador não poderá adotar enquanto não prestar as contas da situação jurídica de tutela ou curatela.
7.8 adoção internacional
	A adoção internacional tem como pressuposto a saída da criança ou adolescente do Brasil para residir em outro país. Existem algumas regras importantes sobre a adoção internacional: a) habilitação no país de acolhida (para onde a criança irá caso seja adotada), bem como o cumprimento dos requisitos da legislação do Estado onde vivem e onde a criança viverá; b) relatório pela autoridade competente; c) comissões/autoridades estaduais avaliam normativas dos países envolvidos; d) laudo de habilitação e cadastramento; e) estágio de convivência (30 a 45 dias, prorrogáveis por mais 45 dias), cumprido obrigatoriamente no território nacional; f) sentença de adoção; g) trânsito em julgado e saída para o país de acolhida.
7.9 paternidade socioafetiva e multiparentalidade
	A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios (RE 898.060). Trata-se, portanto, de uma tese que reconhece o instituto da multiparentalidade. O fato de haver uma paternidade biológica não impede que também seja reconhecida uma paternidade socioafetiva.
7.10 paternidade científica/ascendência genética
	O ECA reconhece o direito à identidade das pessoas, ou seja, o direito de saber de onde a criança veio do ponto de vista genético, ainda que isso não repercuta nos vínculos de filiação. Existe a possibilidade de se ajuizar uma ação de reconhecimento de ascendência genética para simplesmente saber de onde a criança veio geneticamente.
7.11 parto anônimo
	No parto anônimo a mulher dá à luz e anonimamente não se vincula com a criança que acabou de nascer. Ocorrerá:a) encaminhamento à Justiça da infância e da juventude; b) ouvida da mãe pela equipe interprofissional com geração de relatório à autoridade policial; c) há busca pela família extensa, no prazo máximo de 90 dias, prorrogável por igual período; d) vontade da mãe deve ser manifestada em audiência; e) fica garantido a parturiente a desistência.
7.12 apadrinhamento
	Apadrinhar significa estabelecer e proporcionar vínculos externos e colaborar com o seu desenvolvimento em vários aspectos, inclusive o financeiro. O apadrinhamento não é modalidade de família substituta, bem como não é acolhimento familiar. O apadrinhamento pode ser considerado como um programa de atendimento ou como um serviço prestado por uma entidade ou oriundo de um programa de atendimento. Há, ainda, quem defensa que o apadrinhamento é uma medida de proteção.
	O apadrinhamento tem como objetivo: a) estabelecer e proporcionar vínculos externos e colaborar com o seu desenvolvimento em vários aspectos, inclusive financeiro; b) crianças e adolescentes que se sujeitarão ao apadrinhamento são as em acolhimento (familiar e institucional), prioritariamente com remotas possibilidades de reinserção familiar ou de colocação em família adotiva; c) os padrinhos são pessoas jurídicas e pessoas físicas maiores de 18 anos, não inscritas no cadastro de adoção; d) programas ou serviços executados por órgãos públicos e/ou organizações da sociedade civil; e) o apadrinhamento é direcionado a crianças e adolescentes com remotas possibilidades de adoção; f) pessoa que está inscrita no cadastro de adoção não pode apadrinhar; g) pessoa jurídica pode apadrinhar. O ECA diz que o apadrinhamento pode ser para auxílio financeiro; h) os programas de apadrinhamento podem ser implementados tanto em entidades governamentais quanto em não governamentais.
POLÍTICA DE ATENDIMENTO
1. Linhas da política de atendimento
	Compreende: a) políticas sociais básicas; b) assistência social em caráter supletivo; c) prevenção e atendimento médico e psicossocial; d) localização de desaparecidos; e) prevenção ou abreviação do afastamento do convívio familiar; f) campanha de estímulo ao acolhimento sob guarda, e à adoção, especificamente inter-racial, crianças mais velhas e adolescentes, com necessidades específicas de saúde, com deficiências e grupos de irmãos.
2. Diretrizes da política de atendimento
	Compreende: a) municipalização do atendimento: desjudicialização do atendimento. Imputa-se responsabilidade ao Executivo e a sociedade civil que deve se organizar para atender as crianças e adolescentes. Essa organização deverá se dar prioritariamente no nível municipal; b) criação dos conselhos de direitos (deliberativos e paritários). Desjudicialização do atendimento, pautado em dois princípios: c) criação e manutenção de programas específicos; d) manutenção dos fundos dos conselhos, em especial para suprir aspectos prioritários e emergenciais, já que políticas ordinárias devem ser supridas por dotações orçamentárias; e) integração operacional de órgãos para apuração de ato infracional; f) integração operacional de órgãos para acolhimento.
	Esses conselhos permitem a gestão das políticas na área da infância e são responsáveis pelos registros das entidades e pelas inscrições de programas a serem desempenhadas na área da infância e juventude. Esses programas podem ser financiados, especialmente por verbas oriundas do fundo vinculado ao conselho de direitos. Esse fundo recebe em grande parte o dinheiro que as pessoas pagariam ao IR e direcionam a eles um percentual.
3. Entidades de atendimento
3.1 regimes
	a) orientação e apoio sociofamiliar; b) apoio socioeducativo; c) colocação familiar; d) acolhimento institucional; e) liberdade assistida; f) semiliberdade; g) internação. Os quatro primeiros itens se relacionam ao direito à convivência familiar e comunitária. Os três últimos são relacionados ao cumprimento de medidas socioeducativas.
3.2 programas
	A entidade de atendimento deve se inscrever no CMDCA com um projeto com profissionais capacitados. A inscrição é feita no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente: a) inscrições no CMDCA com reavaliações a cada dois anos; b) entidades não governamentais devem se cadastrar no CMDCA, com validade máxima de quatro anos; c) cada entidade é responsável por sua manutenção e execução de programas. Poderão receber recursos públicos. Os dirigentes são equiparados a guardiões e devem encaminhar relatórios sobre os programas desenvolvidos nas entidades. Por fim, poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher criança ou adolescente sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato e até 24 horas ao Juiz da Vara da Infância e da Juventude.
DO CONSELHO TUTELAR
1. Conselho tutelar
	O conselho tutelar é um órgão de participação popular. A sociedade indica pessoas que estarão no fronte do atendimento na área de infância. De acordo com o ECA, o Conselho Tutelar é um órgão permanente, ou seja, não pode ser desconstituído, autônomo e não jurisdicional. O CMDCA não tem por objetivo zelar pelo cumprimento dos direitos, mas gerenciar políticas públicas. Por outro lado, o Conselho Tutelar fiscaliza e zela pelo cumprimento dos direitos de crianças e adolescentes.
	De acordo com a resolução 170/2014 do Conanda, haverá um Conselho Tutelar a cada cem mil habitantes, sendo o Conselho composto por cinco conselheiros, com mandado de quatro anos, permitida uma recondução.
	São requisitos para ser conselheiro tutelar: a) candidatura, com posterior votação; b) idade mínima de 21 anos; c) residir no município que vai concorrer a vaga; d) comprovar idoneidade moral; e) a remuneração é obrigatória, com recursos previstos na Lei Orgânica do Município e do DF; f) há privilégio de serviço público relevante e presunção de idoneidade moral ao conselheiro.
	O processo de escolha dos conselheiros é regulado por Lei Municipal. A responsabilidade pela escolha dos Conselheiros é do CMDCA e a fiscalização do processo é de responsabilidade pelo Ministério Público.
	As atribuições do Conselho Tutelar compreendem: a) atendimento: são responsáveis pelo atendimento ao público; b) requisição de serviços e certidões: os conselheiros podem requisitar serviços; c) assessoramento do executivo; d) representação diante de violação de direitos.
	A Lei Municipal vai estabelecer dia, hora e local de funcionamento dos Conselhos Tutelares, bem como a estrutura e regras básicas de funcionamento. Além disso, os recursos para o funcionamento do Conselho são previstos em Lei Orçamentária Municipal.
	ÓRGÃO
	CONSELHO TUTELAR
	CONSELHO DE DIREITOS
	Missão ou função
	Zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente
	Participar na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis
	Presença nos Entes Federativos
	Municípios e Regiões Administrativas do DF
	Em todos os Entes da Federação
	Composição
	Cinco membros, eleitos pelo povo, por meio de voto direto e facultativo, permitida uma reeleição
	Número variável de membros, em composição paritária, indicados de acordo com lei vigente
	Remuneração 
	Obrigatória
	Vedada
MEDIDAS DE PROTEÇÃO
1. Situação de risco – situação de vulnerabilidade social
	A situação de risco ou de vulnerabilidade social ocorre toda vez que direitos são ameaçados ou violados. São três hipóteses em que a criança e o adolescente estarão em situação de risco: a) diante da ação ou omissão do Estado, por exemplo, falta de vaga em escola e falta de leito em hospital; b) em caso de abuso, omissão ou da falta de atenção dentro da família; c) a criança ou o adolescente se coloca em situação de risco diante da prática de ato infracional. As medidas de proteção podem ser aplicadas cumulativa ou isoladamente, sendo substituíveis a qualquer tempo.
2. Medidas de proteção em espécie – aplicadas pelo Conselho e pelo Juiz
	São as espécies de medida de proteção, em regra aplicas pelo Conselho Tutelar: a) encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; b) orientação, apoio e acompanhamentotemporário às famílias e ao infante; c) matrícula e frequência obrigatória em estabelecimento oficial de ensino fundamental; d) inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente; e) requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; f) inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos.
	Por outro lado, existem algumas medidas de proteção que não podem ser aplicadas pelo Conselho Tutelar, mas apenas mediante decisão judicial: a) acolhimento institucional, formalizada através de uma guia de acolhimento e plano individual de atendimento pela equipe técnica. Registre-se que o Conselho Tutelar pode realizar o acolhimento institucional de maneira excepcional, devendo, dentro de vinte e quatro horas, comunicar o juiz competente.; b) inclusão em programa de acolhimento familiar; c) colocação em família substituta.
MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS
1. Lei 12.010/2009 – medidas preferenciais
	A Lei 12.010/2009 trabalha com a premissa de que, via de regra, a criança ou o adolescente deve permanecer com a família natural.
2. Medidas em espécie – aplicadas pelo Conselho e pelo Juiz
	As medidas aplicáveis aos pais ou responsáveis têm o condão de buscar a recuperação dos pais para que eles readquiram condições de convivência com os filhos, inclusive, essas medidas podem ser aplicadas pelo Conselho Tutelar e pelo juiz: a) encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; b) inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; c) encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; d) encaminhamento a cursos ou programas de orientação; e) obrigação de matricular o filho ou pupilo, bem como acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar; f) obrigação de encaminhar a criança ou o adolescente a tratamento especializado; g) advertência em relação ao comportamento com os filhos.
	Por outro lado, existem algumas medidas aplicáveis aos pais ou responsáveis que não podem ser aplicadas pelo Conselho Tutelar, mas somente pelo juiz competente: a) perda da guarda; b) destituição da tutela; c) suspensão ou destituição do poder familiar.
3. Maus tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável
	Em se tratando de situação de maus tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum, além de fixar alimentos provisórios, ou seja, da medida cautelar constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o adolescente dependente do agressor.
DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
1. Varas especializadas exclusivas
	Na prática, as varas especializadas exclusivas são rarar, especialmente porque são criadas apenas em comarcas maiores.
2. Da competência – critérios 
	São critérios de competência: a) regra: domicílio dos pais ou responsável; b) subsidiariamente: lugar onde se encontra a criança ou o adolescente – à falta dos pais ou responsável; c) ato infracional: lugar da ação ou omissão para o caso de ato infracional, observadas as regras de conexão, continência e prevenção; d) execução de medidas socioeducativas: lugar da residência dos pais ou responsável ou local onde sediar-se a entidade que abriga a criança ou adolescente, no caso de execução de medidas decorrentes da prática de ato infracional; e) infração por rádio e TV: local da sede da emissora ou rede em caso de infração cometida através de transmissão simultânea de rádio e televisão, que atinja mais de uma comarca, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo Estado.
3. Hipóteses de competência
3.1 hipóteses de competência exclusiva
a) conhecer representações promovidas pelo Ministério Público para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
b) conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo – modalidade de perdão que se pode conceder ao adolescente que pratica ato infracional;
c) conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes – a adoção de criança e de adolescente sempre correrá na Vara da Infância e Juventude;
d) conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto do art. 209 – toda tutela coletiva relacionada a criança e adolescente vai correr na vara especializada;
e) conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
f) aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de proteção à criança e adolescente;
g) conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando-se as medidas cabíveis.
Atenção! Todas as ações que correm na Vara da Infância e Juventude são livres de custas e emolumentos.
3.2 hipóteses de competência concorrente – situação de risco
	São as hipóteses em que a competência será da infância e da juventude por situação de risco:
a) conhecer de pedido de guarda e tutela. A adoção sempre será infância e juventude, independentemente de situação de risco. No entanto, as ações de guarda e tutela somente tramitaram na vara da infância e juventude quando houver situação de risco;
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou modificação da guarda ou tutela, desde que haja situação de risco a criança ou adolescente;
c) suprir a capacidade ou consentimento para o casamento, desde que haja situação de risco;
d) conhecer de pedidos baseados na discordância paterna ou materna, em relação ao exercício do poder familiar;
e) conceder emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais e que haja situação de risco;
f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou representação ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente, desde que haja situação de risco;
g) conhecer de ações de alimentos se houver situação de risco;
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de nascimento e óbito, desde que haja situação de risco.
4. Expedição de portarias e alvarás
	As portarias servem para disciplinar a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável em: a) estádio, ginásio e campo desportivo; b) bailes e promoções dançantes; c) boates ou congêneres; d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. Registre-se que se as crianças ou adolescentes estiverem acompanhadas dos pais ou responsável, a portaria não terá efeito.
	Os alvarás servem para permitir a participação de criança e adolescente em: a) espetáculos públicos e seus ensaios; b) certames de beleza.
	Para a expedição de portarias e alvarás, existem alguns critérios que devem ser observados: a) princípios do ECA; b) peculiaridades locais; c) existência de instalações adequadas; d) tipo de frequência habitual ao local; e) adequação do ambiente a eventual participação ou frequência de crianças e adolescentes; f) natureza do espetáculo.
Atenção! Registre-se que essas medidas precisam ser fundamentadas caso a caso, vedadas as de caráter geral. Além disso, de acordo com o CNJ, essas medidas possuem natureza jurisdicional e não administrativa, podendo ser combatidas com apelação ou mandado de segurança.
SISTEMA RECURSAL DO ECA
1. Recursos
	O sistema recursal do ECA é o sistema recursal do CPC, salvo regras específicas elencadas no ECA, mesmo para a parte do ato infracional.
	Observações importantes: a) adoção do sistema recursal do CPC, com adaptações; b) interposição independe de preparo; c) prazo de 10 dias, salvo embargos de declaração (5 dias). Prazo em dobro apenas para a Defensoria Pública; d) preferência de julgamento para os recursos na área da infância; e) dispensa de revisor;f) juízo de retratação no caso de apelação, no prazo de cinco dias, antes de remessa dos autos à superior instância. Mantida a decisão, o escrivão remeterá os autos à superior instância, no prazo de 24 horas; g) efeitos devolutivo e suspensivo, salvo apelação de sentença que destituir ambos ou qualquer dos genitores do poder familiar, que deverá ser recebida com efeito devolutivo; h) processamento com prioridade absoluta dos recursos nos procedimentos de adoção e destituição do poder familiar; i) o relator deverá colocar o processo em mesa para julgamento no prazo máximo de 60 dias, contados da conclusão; j) o MP poderá requerer a instauração de procedimento para a apuração de responsabilidades se constatas o descumprimento das providências e dos prazos; k) contra as decisões sobre portarias e alvarás caberá apelação.
AULA 05 – 05/08/2018
DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL 
1. Disposições gerais do ato infracional
	Há uma presunção absoluta de inimputabilidade dos menores de 18 anos, em razão da sua idade. Ou seja, crianças e adolescentes não podem ser culpados, não se submetem ao sistema penal. Vale-se do instituto do ato infracional e não do crime. O ECA não traz um rol de comportamentos típicos, ele pega emprestado as descrições típicas da legislação penal extravagante. Além disso, adota-se a teoria da atividade, ou seja, considera-se a idade do agente à data do fato. Por fim, a privação de liberdade, isto é, a apreensão em flagrante ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade competente também se aplica às crianças e adolescentes.
	A criança, isto é, o indivíduo com menos de 12 anos de idade pode praticar ato infracional, mas, considerando o estágio primário de desenvolvimento, mas não pode receber medidas socioeducativas, ou seja, criança não pode receber medida socioeducativa, apenas medidas protetivas. Quem aplica as medidas de proteção é o Conselho Tutelar, mas é o juiz quem as determina. Se uma criança for encontrada em flagrante cometimento de ato infracional, não será submetida à autoridade policial, mas ao Conselho Tutelar. Por outro lado, os adolescentes podem receber medidas socioeducativas, inclusive em cumulação com medidas protetivas. 
2. Ato infracional – apreensão do adolescente por ordem judicial
	Hipóteses de encaminhamento à autoridade judicial: a) não ser o adolescente encontrado para comparecimento à audiência de apresentação; b) para cumprimento de medida socioeducativa de internação com prazo indeterminado se o adolescente estava em liberdade; c) para cumprimento de medida socioeducativa de internação provisória se o adolescente estava em liberdade; d) para o retorno ao cumprimento de medida socioeducativa de internação após fuga. Em resumo, as hipóteses são para comparecimento à audiência e cumprimento de medida socioeducativa.
2.1 direitos subjacentes à prática do ato infracional
	São direitos subjacentes à prática do ato infracional: a) identificação dos responsáveis pela sua apreensão; b) não ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade. Ou seja, são direitos específicos dos adolescentes apreendidos em flagrante.
Questão: e o uso de algemas em adolescentes apreendidos em flagrante? Depende. O ECA não veda o uso de algemas. Dessa maneira, utiliza-se como referência a Súmula Vinculante 11: a) resistência; b) fundado receio de fuga ou; c) perigo à integridade física própria ou alheia.
	Por fim, há o direito de que a apreensão e o local em que o adolescente se encontram sejam comunicados à autoridade judiciária, à família, ou à pessoa por ele indicada, bem como direito de, se já identificado civilmente, não ser submetido à identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judicias, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.
3. Apuração de ato infracional atribuído a adolescente
	Em se tratando de adolescentes, não se utiliza o termo prisão, mas sim apreensão.
1º passo – apreensão em flagrante, com posterior encaminhamento à autoridade policial: 1.1 ato infracional praticado com violência ou grave ameaça a pessoa: elaboração de auto de apreensão em flagrante; 1.2 ato infracional praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa: há a elaboração de um BOC;
2º passo – análise da autoridade policial para liberação: 2.1 liberação: em regra, coloca-se o adolescente em liberdade; 2.2 não liberação: em razão da gravidade do ato, da repercussão social, bem como da garantia da segurança pessoa ou manutenção da ordem pública;
3º passo – apresentação ao MP para oitiva informal: 3.1 apresentação pela autoridade policial, imediatamente ou após 24 horas, se não houver entidade de atendimento; 3.2 apresentação por entidade de atendimento no prazo de 24 horas; 3.3 apresentação pelos pais ou responsável. A não apresentação implica na notificação aos responsáveis, bem como em condução coercitiva;
4º passo – providências pelo Ministério Público: 4.1 arquivamento dos autos pelo MP; 4.2 remissão pré-processual, podendo ser: a) própria, incondicionada ou pura e simples; b) imprópria, condicionada, transação ou complexa; 4.3 representação oferecida pelo MP;
Atenção! De acordo com o STJ, a oitiva do adolescente não é pressuposto para o oferecimento de representação. Inclusive, a representação pode ser cumulada com pedido de internação provisória, a qual pressupõe a existência de indícios de autoria e materialidade, bem como a imperiosa necessidade da medida, podendo ser aplicado pelo prazo improrrogável de 45 dias.
5º passo – despacho judicial quanto à providência requerida pelo Ministério Público: 5.1 homologação do arquivamento; 5.2 homologação da remissão; 5.3 não homologação com posterior remessa do PGJ; 5.4 recebimento da representação, dando início a ação socioeducativa; 5.5 decisão sobre internação provisória;
Atenção! Do despachado judicial caberá apelação.
6º passo – audiência de apresentação: 6.1 adolescente não localizado: busca e apreensão, bem como o sobrestamento do feito; 6.2 não comparecimento do adolescente: nota data para audiência com determinação de condução coercitiva; 6.3 comparecimento do adolescente: ouve-se o adolescente e seus pais, responsável ou curador. É colhida opinião de profissional qualificado. Pode ocorrer eventual remissão. No entanto, se o fato for grave e passível de restrição de liberdade, é imprescindível a defesa técnica;
7º passo – oferecimento de defesa prévia e rol de testemunhas;
8º passo – audiência em continuação: 8.1 oitiva de testemunhas; 8.2 diligências; 8.3 juntada de estudo técnico/relatório; 8.4 alegações finais do MP e da defesa, pelo tempo de 20 minutos, permitindo-se acréscimo de 10 minutos;
Atenção! Nos termos da súmula 342, do STJ, é nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente.
9º passo – sentença: 9.1 aplicação de medida socioeducativa, desde que presentes provas da materialidade e da autoria; 9.2 não aplicação de medida socioeducativa;
10º passo – intimação da sentença: 10.1 se aplicada internação ou semiliberdade: intima-se o adolescente ou seus pais, bem como seu defensor; 10.2 se não aplicada internação ou semiliberdade: intima-se apenas o defensor;
11º passo – recurso de apelação no prazo de 10 dias.
Atenção! Estando o adolescente internado provisoriamente, o procedimento deve ser concluído em 45 dias.
Atenção! É possível aplicar a medida socioeducativa de advertência ainda que não existam fortes indícios de autoria, desde que presente prova de materialidade.
DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
1. Medida socioeducativa
	A medida socioeducativa é aquela aplicada por consequência de um ato infracional praticado por adolescente. Predomina o entendimento de que a medida socioeducativa possui natureza jurídica híbrida, isto é, de educação e repressão.
2. Rol taxativo das medidas socioeducativas
Art. 112, do ECA: verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:I – advertência;
II – obrigação de reparar o dano;
III – prestação de serviços à comunidade;
IV – liberdade assistida;
V – inserção em regime de semi-liberdade;
VI – internação em estabelecimento educacional;
VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
3. Critérios para aplicação das medidas socioeducativas
	Ao aplicar-se as medidas socioeducativas, deverão ser observados os seguintes critérios: a) capacidade do adolescente cumpri-la; b) circunstâncias; c) gravidade do ato infracional praticado.
4. Requisitos das medidas socioeducativas
	São requisitos das medidas socioeducativas: a) prova de autoria; b) prova de materialidade. No entanto, há uma exceção, em se tratando de medida socioeducativa de advertência, há possibilidade de aplicação ainda que existam mínimos indícios de autoria e prova da materialidade.
Atenção! Não será admitida a prestação de trabalho forçado. Além disso, os adolescentes portadores de doença ou com deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.
Atenção! Nos termos da súmula 338, do STJ, a prescrição penal é aplicável às medidas socioeducativas. Além disso, é aplicável o princípio da insignificância, desde que haja mínima ofensividade, sem periculosidade e com reduzido grau de reprovabilidade.
DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM ESPÉCIE
1. Advertência
	A advertência é a admoestação verbal que será reduzida a termo. Aplica-se aos atos leves, normalmente acompanhada da remissão.
2. Obrigação de reparar o dano
	Consiste na restituição da coisa. É a promoção do ressarcimento do dano ou outra forma de compensação do prejuízo causado à vítima. Aplica-se aos atos infracionais com reflexos patrimoniais. Por fim, registre-se que a reparação do dano em dinheiro deve ser proveniente do patrimônio do adolescente.
3. Prestação de serviços à comunidade
	A prestação de serviços à comunidade consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, com jornada máxima de oito horas semanais, de modo que a medida deve ser realizada preferencialmente aos sábados, domingos, feriados ou em dias úteis, não podendo prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.
4. Liberdade assistida
	A liberdade assistida consiste no acompanhamento, auxílio e orientação do adolescente na sua liberdade. Aplica-se a liberdade assistida sempre que se afigurar ser a medida mais adequada. Podendo ser determinada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido-se previamente o orientador, o Ministério Público e o Defensor.
	De acordo com o ECA, não há prazo máximo para a duração da liberdade assistida. No entanto, de acordo com o STJ, o prazo máximo é de três anos, fazendo-se uso de analogia com a internação.
5. Regime de semiliberdade
	O regime de semiliberdade priva parcialmente a liberdade do adolescente, é equivalente ao regime semiaberto. No entanto, não se trata apenas de privação parcial de liberdade, também há a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial. Além disso, o regime de semiliberdade pode ser fixado desde o início ou como forma de transição para o regime meio aberto. O regime de semiliberdade não comporta prazo determinado, aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação. É obrigatória a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade. 
6. Internação
	A internação consiste na medida de privação de liberdade (equivalente ao regime fechado). Na internação há privação de liberdade e a possibilidade de realização de atividades externar, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em sentido contrário. A internação se submete aos princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar da pessoa em desenvolvimento (BER).
	Hipóteses de cabimento da internação: 
6.1 ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa
	De acordo com o ECA, se não houver aplicação de violência ou grave ameaça não será possível a imposição de internação.
Súmula 492, do STJ: o ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.
	Pode conduzir a internação se o magistrado trouxer outros motivos para aplicação desta medida socioeducativa.
6.2 reiteração no cometimento de outras infrações graves
	Há, na jurisprudência do STJ, uma ideia de reiteração, a qual possui a mesma ideia de reincidência. Na doutrina infancista, a reincidência ocorre com a prática da infração penal pela segunda vez, ao passo que a reiteração ocorre pela prática da infração penal pela terceira vez. Registre-se, que de acordo com o STJ, a segunda infração penal prática já configura a reincidência e a reiteração.
6.3 descumprimento reiterado e injustificável de medida anteriormente imposta
	Trata-se da internação sanção.
Súmula 265, do STJ: impossibilidade de regressão de medida sem a oitiva prévia do adolescente.
	O cumprimento da internação pelo motivo de descumprimento reiterado e injustificável de medida anteriormente ocorrerá em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destino ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critério de idade, compleição física e gravidade da infração. Inexistindo na Comarca, deve-se buscar a transferência. Se impossível, pode ficar apenas cinco dias em estabelecimento para adultos, mas sempre em seção isolada. Além disso, deve, obrigatoriamente, participar de atividades pedagógicas, com reavaliações, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
Atenção! O prazo máximo de três anos de internação interfere na liberdade, semiliberdade ou de liberdade assistida.
Súmula 605, do STJ: a superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos.
	Por fim, há o direito de visita, o qual poderá ser suspenso pela autoridade judicial e, de acordo com o STJ, é cabível a detração infracional da internação provisória (45 dias) na internação definitiva, ou seja, pode-se descontar do prazo máximo de três anos de internação. A desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o MP.
SINASE E EXECUÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
1. SINASE e execução de medidas socioeducativas
	Compete a União coordenar e executar a política nacional, compete aos Estados criar e desenvolver programas para a execução de semiliberdade e internação e compete aos Municípios criar e manter programas para a execução de prestação de serviços à comunidade e liberdade assistida.
	A medida socioeducativa de advertência e reparação do dano são executadas nos próprios autos (se aplicadas isoladamente), pois são medidas com duração instantânea. Por outro lado, em se tratando de medida socioeducativa de prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou internação, a execução será realizada em processo independente, pois são medidas com duração continuada.
2. Direitos individuais na execução de medidas de socioeducativas e o PIA
	O PIA consiste no plano individual de atendimento, é obrigatório para todas as medidas, salvo advertência e reparação do dano, pois a execução é instantânea. Para a prestação de serviços à comunidade e a liberdade assistida, a elaboração do PIA deve ocorrer em até 15 dias. Por outro lado, para medida socioeducativa de semiliberdade e internação, a elaboração do PIA deve ocorrer em até 45 dias (prazos contados do ingresso no programa de atendimento). O segundo prazo é maior, diante da maior complexidade, pois são medidas de regime fechado.
	A Lei 12.594/2012 traz a possibilidade de visita íntima, desde que cumpridos dois requisitos objetivos: a) casamento ou união estável comprovada.
	Direitos individuais:
1) informação sobre a situação processuala qualquer tempo;
2) peticionar por escrito ou oralmente e ser respondido em até 15 dias;
3) direito de permanecer internado na mesma localidade do domicílio de seus pais ou responsável;
4) direito de inclusão em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o cumprimento de medida privativa de liberdade na localidade dos pais ou responsável, exceto se o ato infracional foi cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, quando se impõe a transferência para o local mais próximo.
3. Execução das medidas socioeducativas
3.1 plano individual: elaborado pela equipe técnica do programa de atendimento. Há previsão de vista ao Defensor e ao Promotor pelo prazo sucessivo de três dias, contados do recebimento da proposta encaminhada pela direção do programa de atendimento;
3.2 cabível impugnação do plano individual de atendimento, com possibilidade de audiência (sem a suspensão da execução como regra, salvo determinação judicial);
3.3 reavaliações a qualquer tempo;
3.4 gravidade, antecedentes e tempo da medida não impedem a substituição por medida menos severa (não importa a gênese, mas a trajetória do adolescente);
3.5 é possível a substituição por medida mais severa, mas exige fundamentação em parecer técnico e audiência prévia;
3.6 unificação das medidas: a) é vedado o reinício de cumprimento de medida, salvo se praticado novo ato infracional durante a execução; b) é vedada a regressão de medida e a aplicação de nova medida fundadas em atos infracionais pretéritos
Atenção! O tempo de prisão cautelar não convertida em pena privativa de liberdade deve ser descontado do tempo máximo de cumprimento de medida de internação, liberdade assistida e semiliberdade.
3.7 extinção das medidas: a) pela morte; b) realização da finalidade, ou seja, cumpriu os requisitos para voltar à vida em sociedade; c) pela aplicação de pena privativa de liberdade em regime fechado ou semiaberto, ainda que em execução provisória;
3.8 o mandado de busca e apreensão vale por até seis meses, podendo ser prorrogado fundamentadamente;
3.9 é vedada a sanção disciplinar de isolamento, exceto se for imprescindível para garantia da segurança de outros internos ou do próprio adolescente, sendo necessária, ainda, a comunicação ao defensor, ao Ministério Público e à autoridade judiciária em até 24 horas.
	Súmulas do STJ sobre ato infracional e aplicação de medidas socioeducativas:
Súmula 108, do STJ: a aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é da competência exclusiva do juiz.
Súmula 265, do STJ: é necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida socioeducativa.
Súmula 338, do STJ: a prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.
Súmula 342, do STJ: no procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente.
Súmula 492, do STJ: o ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.

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