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GESTÃO PÚBLICA CONTEMPORÂNEA

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GESTÃO PÚBLICA 
CONTEMPORÂNEA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Romulo Quenehen 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, trataremos da evolução histórica e das reformas do Estado e 
da Administração Pública Brasileira. Analisaremos a evolução histórica: o Estado 
Novo (1937-1945); a Era Vargas (1930-1945); a Nova República (1946-1964); e 
a reforma gerencial (1995). 
TEMA 1 – DO ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL (WELFARE STATE) AO 
ESTADO NEOLIBERAL 
A administração pública alcançou sua máxima expansão e legitimação 
durante o apogeu do Estado de Bem-Estar Social. A crise nesse modelo de 
gestão e, sobretudo, os instrumentos que se operam na economia globalizada e 
sociedades afetam a todos seus componentes. Em consequência, a 
administração pública busca novas referências e conceitos para seguir sendo 
um instrumento decisivo na governabilidade e no progresso dos países. Por essa 
razão se torna imprescindível compreender a evolução histórica dos modelos de 
gestão. 
O modelo econômico e social do Estado no início do século XX era liberal 
e após a Segunda Guerra Mundial tornou-se social. A última transformação se 
deu no final do século com a transição para o modelo neoliberal. 
O modelo liberal tinha como premissa a não intervenção do Estado na 
economia, enquanto o Estado Social pregava a intervenção e a proteção aos 
direitos fundamentais do cidadão, o Estado Neoliberal resgata as premissas do 
modelo liberal e defende as privatizações e a não intervenção do Estado na 
economia. 
1.1 Welfare State 
O Estado de Bem-Estar Social (Welfare State) surgiu após a Segunda 
Guerra Mundial, e seu objetivo principal era: proporcionar aos cidadãos o melhor 
padrão possível de vida, ou seja, o Estado deveria implantar uma política fiscal 
que possibilitasse a execução de programas de saúde, educação, moradia, 
previdência social, seguro-desemprego e, principalmente, políticas de pleno 
emprego. 
1.1.1 Origem histórica 
 
 
3 
O nascimento do estado de Bem-Estar Social está intimamente 
relacionado com a figura de Otto Von Bismarck (1815-1898), primeiro ministro 
da Alemanha que foi seu precursor ao criar o seguro social. 
Mas foi com o trabalho do economista Maynard Keynes (1883-1946) que 
o conceito de Welfare State se tornou popular. A quebra da bolsa de Nova York 
e a reconstrução dos países pós-Segunda Guerra Mundial foram os grandes 
propulsores desse pensamento. Ressalta-se que o mundo ocidental capitalista 
precisava fazer frente ao modelo do mundo comunista. 
1.1.2 Crise do modelo 
O modelo alcançou seu auge após o fim da Segunda Guerra Mundial, 
mas, a partir da década de 1970, começaram a surgir fortes críticas ao Welfare 
State, principalmente, em razão dos altos custos do estado. O modelo neoliberal 
que preconiza a não intervenção do Estado começa, então, a ganhar força. 
1.2 A terceira via e o neoliberalismo 
O neoliberalismo é uma política econômica que se fortaleceu a partir da 
crise do petróleo de 1970, retomando as concepções clássicas do liberalismo. 
Tem como premissa a não intervenção do Estado na economia. 
O neoliberalismo, também chamado novo liberalismo ou liberalismo 
tecnocrático, é uma política econômica que faz ressurgir os preceitos 
promulgados pelo liberalismo clássico da Europa nos séculos XVII e XVIII. 
O neoliberalismo aposta em um cenário de liberdades para o setor 
privado, minimizando a intervenção estatal e apostando no livre comércio como 
fator regulador social, político e econômico. 
O termo neoliberal surgiu nas décadas de 1930 acabou por ser utilizado 
na década de 1960 e reapareceu com o sucesso nos anos 1980, no contexto 
das reformas econômicas impostas pela ditadura de Augusto Pinochet no Chile, 
e pelo “think-tank” (fábrica de ideias) norte-americano chamado “Chicago Boys”. 
As atribuições mais radicais do modelo foram implementadas por Ronald 
Reagan, nos Estados Unidos, e Margaret Thatcher, no Reino Unido. No Brasil, 
o modelo neoliberal começou a ser implementado no governo Collor (1990-
1992). 
1.2.1 Princípios mais importantes do neoliberalismo 
 
 
4 
 O estado não deve intervir nos mercados financeiros. 
 A livre circulação de capitais. 
 O estado não deve competir com a iniciativa privada. 
 O déficit público é prejudicial a economia. 
 A proteção social garantida pelo estado de bem-estar social e pelas 
políticas redistributivas é negativa para o desenvolvimento econômico. 
 A regulação do mercado de trabalho é prejudicial a economia. 
TEMA 2 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA – DA ERA VARGAS AO 
GOVERNO FHC 
O Estado Novo (1937-1945), como também foi conhecida a Era Vargas, 
foi considerado um governo autoritário e conservador e tinha como objetivo 
transformar o modelo do estado brasileiro de patrimonialista para burocrático. O 
modelo de administração burocrática defendia a busca pela racionalidade e a 
máxima eficiência nas organizações. 
2.1 Síntese histórica 
Em 1936, no Governo Vargas, foi criado o Departamento de 
Administração do Setor Público (DASP), cujos objetivos eram reorganizar a 
administração pública, elaborar políticas de gestão de pessoal e racionalizar os 
procedimentos, métodos e processos administrativos (Paludo, 2013). 
Durante a gestão do Presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961) foi 
criado o Plano Nacional de Desenvolvimento, denominado Plano de Metas, de 
cunho desenvolvimentista, que tinha como slogan “cinquenta anos em cinco”. 
No governo JK, o modelo econômico brasileiro se consolidou como industrial e 
urbano. Nesse período, a economia brasileira cresceu mais de 80% (Castro, 
2014). 
Em 1967, durante o Governo Militar, foi criado o Estatuto da Reforma 
Administrativa (Decreto-Lei n. 200/67). O estatuto visava implantar valores 
gerenciais com foco no planejamento, na coordenação e na descentralização 
administrativa, na delegação de poderes e no controle com intuito de transformar 
a organização e o funcionamento do Estado. Também criou diretrizes para a 
administração pública, voltadas para os princípios de legalidade, moralidade, 
 
 
5 
impessoalidade, razoabilidade, eficiência, economicidade, publicidade. Tais 
diretrizes fazem parte da Constituição de 1988 (Castro, 2014). 
Em 1979, durante o governo Figueiredo (Decreto n. 83.740/79), foi 
instituído o Programa Nacional de Desburocratização. A proposta era direcionar 
a Administração Pública para o atendimento das demandas do cidadão. A 
intenção era “retirar o usuário da condição colonial de súdito para investi-lo na 
de cidadão, destinatário de toda a atividade de Estado” (Castro, 2014). Esse 
programa, a partir de 1980, direcionou suas ações à desestatização por meio de 
privatizações. 
Em 1995, o governo Fernando Henrique Cardoso (1994-2001) lançou o 
Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado e deu início à reforma gerencial 
do Estado. O plano de cunho neoliberal pretendia transformar a administração 
pública brasileira de burocrática para gerencial. 
Em 2005, o governo Lula (2002-2008) criou a Gespública (Decreto n. 
5.378/2005), que tinha como objetivo avançar no programa de 
desburocratização do Estado. 
Em 2017, o governo Temer revogou (Decreto n. 9.094/2017) o decreto 
que criava a Gespública e reformulou a “Carta de Serviços ao Usuário”, instituída 
pelo Decreto n. 6.932/2009 que também foi revogada. 
TEMA 3 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PATRIMONIALISTA E BUROCRÁTICA 
3.1 Administração pública patrimonialista 
No Brasil, o regime do Estado Colonial Português era autoritário, 
escravocrata, patrimonialista, e a administração era caracterizada pela 
corrupção e pelo nepotismo. Os bens, o dinheiro e o patrimônio público eram de 
uso particular dos governantes. 
3.2 Administração pública burocrática 
O marco de criação do modelo burocrático no Brasil foi nos anos 1930, 
com a criação do Departamento Administrativo de Serviço Púbico (DASP), no 
governo de Getúlio Vargas. De acordo com Castro(2014), 
[...] o modelo de administração burocrática visava combater à 
corrupção, o nepotismo patrimonialista; pretendia instaurar o poder 
racional-legal: as normas e procedimentos universais; o controle rígido 
dos processos administrativos; a criação de concurso público; a 
 
 
6 
profissionalização, a promoção por mérito, a carreira, a hierarquia 
funcional e a função orçamentária. 
TEMA 4 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL 
A administração pública brasileira tem três fases distintas: a do modelo de 
administração patrimonialista (período da monarquia e início da República), a do 
modelo burocrático adotado pelo governo Vargas para substituir o 
patrimonialismo e, por último, o modelo gerencial implementado de fato no 
governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). 
De acordo com Bresser Pereira (1996), “a característica principal do 
modelo patrimonialista era o nepotismo e a confusão entre o público e o privado. 
Já o modelo burocrático tentava romper e impor a distinção entre o público e o 
privado e a separação entre o político e o administrador público”. 
Ainda que o pensamento do modelo gerencial exista desde meados dos 
anos 1950, foi no governo do Fernando Henrique Cardoso que ele foi realmente 
implementado na administração pública brasileira. Entre os principais objetivos 
do modelo estaria a readequação do aparato estatal para a promoção eficiente 
de justiça social. A reforma buscava tornar os administradores públicos mais 
autônomos e responsáveis, e as agências executoras dos serviços sociais mais 
descentralizadas (Bresser Pereira, 1995). 
O início da Reforma Gerencial surgiu na metade do século XX a partir da 
institucionalização do Decreto-Lei n. 200, de 1967, e a implantação do modelo 
de administração gerencial. O modelo de administração era voltado para a 
desburocratização e para a reforma administrativa do Estado. 
O Estado Gerencial teve início na Grã-Bretanha, no governo de Margareth 
Thatcher, em 1980. Conforme já citado anteriormente, no Brasil, a consolidação 
desse modelo se deu no governo Fernando Henrique Cardoso, em 1995. 
O modelo gerencial é uma resposta à globalização econômica, ao 
desenvolvimento tecnológico e, principalmente, à necessidade de melhorar a 
qualidade na prestação dos serviços públicos, diminuir os custos e aumentar a 
eficiência da administração pública (Castro, 2014). 
Conforme Bresser Pereira (1995) o modelo de administração pública 
gerencial tem como princípios: 
 descentralização das decisões e funções do Estado; 
 autonomia na área de gestão de recursos humanos; 
 
 
7 
 eficiência e prestação de serviços aos cidadãos com qualidade. 
A administração gerencial deve ser: 
 orientada para o cidadão e para obtenção de resultado; 
 descentralizada; 
 focada na criatividade e inovação; 
 transparente e responsável (accountability); 
 focada na melhoria constante dos processos; 
 combativa contra o nepotismo e corrupção; 
 focada em indicadores de desempenho; 
 descentralizada por contratos de gestão. 
Conforme Bresser Pereira(1996), “A reforma gerencial de 1995 pode ser 
vista sob o ângulo da gestão, na qual as organizações públicas adotam planos 
estratégicos visando uma administração por resultados, por meio de metas e 
melhoria no desempenho”. 
Na introdução do plano Diretor da Reforma do Estado, Fernando Henrique 
Cardoso afirma (Brasil, 1995): 
Este “Plano Diretor” procura criar condições para a reconstrução da 
administração pública em bases modernas e racionais. No passado, 
constituiu grande avanço a implementação de uma administração 
pública formal, baseada em princípios racional-burocráticos, os quais 
se contrapunham ao patrimonialismo, ao clientelismo, ao nepotismo, 
vícios estes que ainda persistem e que precisam ser extirpados. Mas o 
sistema introduzido, ao limitar-se a padrões hierárquicos rígidos e ao 
concentrar-se no controle dos processos e não dos resultados, revelou-
se lento e ineficiente para a magnitude e a complexidade dos desafios 
que o País passou a enfrentar diante da globalização econômica. A 
situação agravou-se a partir do início desta década, como resultado de 
reformas administrativas apressadas, as quais desorganizaram 
centros decisórios importantes, afetaram a “memória administrativa”, a 
par de desmantelarem sistemas de produção de informações vitais 
para o processo decisório governamental. 
É preciso, agora, dar um salto adiante, no sentido de uma 
administração pública que chamaria de “gerencial”, baseada em 
conceitos atuais de administração e eficiência, voltada para o controle 
dos resultados e descentralizada para poder chegar ao cidadão, que, 
numa sociedade democrática, é quem dá legitimidade às instituições e 
que, portanto, se torna “cliente privilegiado” dos serviços prestados 
pelo Estado. 
É preciso reorganizar as estruturas da administração com ênfase na 
qualidade e na produtividade do serviço público; na verdadeira 
profissionalização do servidor, que passaria a perceber salários mais 
justos para todas as funções. Esta reorganização da máquina estatal 
tem sido adotada com êxito em muitos países desenvolvidos e em 
desenvolvimento. 
 
 
8 
O Plano Diretor foi a base para as reformas subsequentes ocorridas na 
Constituição Federal em matérias da administração pública (Emenda 19/98) e 
previdenciária. 
Ainda influenciado pela reforma foram aprovadas as leis: 
 Concessão do Serviço Público (Lei n. 8.987/95); 
 Processo Administrativo (Lei Complementar n. 9.784/99); 
 Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n. 101/2000); 
 Estatuto das Cidades (Lei n. 10.257/2001). 
TEMA 5 – DESAFIOS DA GESTÃO PÚBLICA CONTEMPORÂNEA 
Os principais desafios para a gestão pública contemporânea são: 
1. Prestar atendimento de qualidade ao cidadão. 
2. Garantir igualdade social nas políticas públicas. 
3. Prover uma gestão mais participativa. 
4. Promover a capacitação e a inovação do setor público. 
Dentre os desafios citados, destaca-se a prestação de serviços de 
qualidade ao cidadão. 
Em junho de 2008, o Centro Latino-Americano de Administração para o 
Desenvolvimento aprovou, na X Conferência Ibero-Americana de Ministros da 
Administração Pública e Reforma do Estado em São Salvador, El Salvador, a 
Carta Ibero-Americana de Qualidade na Gestão Pública. O Brasil foi signatário 
do acordo (Quenehen, 2018). 
O Centro Latino-Americano de Administração para o Desenvolvimento 
(CLAD) é um organismo público internacional, de natureza intergovernamental 
(organização internacional). Foi criado em 1972, sob a iniciativa dos governos 
do México, Peru e Venezuela. Sua criação foi recomendada pela Assembleia 
Geral das Nações Unidas (Resolução 2802 – XXVI) com a ideia de estabelecer 
uma entidade regional, cujo eixo de atividade seja a modernização das 
administrações públicas, considerado um fator estratégico para o processo de 
desenvolvimento econômico e social dos países (Quenehen, 2018). 
Em matéria de Gestão Pública, a CLAD propôs seis documentos 
doutrinais que foram aprovados e posteriormente endossado por diferentes 
chefes de estado e de governo dos países participantes. Os documentos são: 
 
 
9 
1. Carta Ibero-americana do serviço público (aprovado em junho de 2003). 
2. Declaração de Santa Cruz de La Sierra, que define as bases e princípios 
do serviço público para servir como um modelo a ser implementado por 
diferentes países (aprovado em 2003). 
3. Código Ibero-americano da boa governança (aprovado em junho de 
2006). 
4. Declaração de Montevidéu, cujo objetivo é valorizar o serviço público, 
orientando a ação governamental para o interesse geral e o apoio ao 
pluralismo democrático (aprovado em junho de 2006). 
5. Carta Ibero-americana de governo eletrônico (aprovado em junho de 
2007). 
6. Carta Ibero-americana de qualidade na gestão pública (aprovado em 
junho de 2008). 
A carta ibero-americana de qualidade na gestão pública é um dos 
principais documentos doutrinaisdo CLAD e elenca os principais desafios da 
gestão pública para os países signatários (CLAD, 2003). 
Visa promover o estabelecimento de uma abordagem comum às 
noções de “QUALIDADE” e “EXCELÊNCIA” em gestão pública e 
deve servir como referência às diferentes Administrações Públicas 
Ibero-Americanas na formulação de suas políticas, planos, modelos e 
mecanismos para melhorar a qualidade de sua gestão pública. 
Constitui um marco de referência que permite o desenvolvimento de 
processos de reforma na administração pública ibero-americana por intermédio 
do uso de técnicas e ferramentas de gestão da qualidade no setor público, que 
podem ser adaptadas à realidade dos países ibero-americanos, às 
particularidades das suas administrações públicas e à natureza da esfera pública 
(Quenehen, 2018). 
NA PRÁTICA 
Assista ao seminário de Luiz Carlos Bresser Pereira sobre os 20 anos da 
Reforma Gerencial brasileira. O vídeo está disponível na internet. 
LUIZ Carlos Bresser Pereira – Seminário Reforma Gerencial 20+20. 20 out. 
2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uoagQM7ml7w>. 
Acesso em: 7 jun. 2018. 
 
 
10 
FINALIZANDO 
Nesta aula, vimos a evolução dos modelos de gestão pública brasileira da 
Era Vargas até o governo FHC. Conhecemos, também, os principais desafios da 
gestão pública contemporânea. 
 
 
 
11 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Decreto n. 83.740, de 18 de julho de 1979. Programa Nacional de 
Desburocratização. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1979. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d83740.htm/>. Acesso em: 7 jun. 
2018. 
_____. Decreto n. 200, de 25 de fevereiro de 1967. Reforma Administração 
Pública. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 fev. 1967. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0200.htm>. Acesso em: 7 
jun. 2018. 
_____. Decreto n. 5.378, de 23 de fevereiro de 2005. Gespública. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF, 24 fev. 2005. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/decreto/d5378.htm/>. Acesso em: 7 jun. 2018. 
_____. Decreto n. 9.094, de 17 de julho de 2017. Simplificação de Serviços. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 jul. 2017. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/D9094.htm>. 
Acesso em: 7 jun. 2018. 
_____. Emenda Constitucional n. 19, de 4 de junho de 1998. Estatuto das 
Cidades. Diário do Senado Federal, Brasília, DF, 5 jun. 1998. Disponível em: 
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/emecon/1998/emendaconstitucional-19-4-
junho-1998-372816-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso em: 7 jun. 2018. 
_____. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. Responsabilidade 
Fiscal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 maio 2000. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp101.htm>. Acesso em: 7 jun. 
2018. 
_____. Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. Concessão do Serviço Público. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 fev. 1995. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8987cons.htm/>. Acesso em: 7 jun. 
2018. 
_____. Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Processo Administrativo. Diário 
Oficial da União, Brasília, DF, 1 fev. 1999. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9784.htm/>. Acesso em: 7 jun. 2018. 
 
 
12 
_____. Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001. Estatuto das Cidades. Diário 
Oficial da União, Brasília, DF, 11 jul. 2001. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm>. Acesso em: 7 
jun. 2018. 
BRESSER PEREIRA, L. C. Plano diretor da Reforma do Aparelho do Estado. 
Brasília: Câmara da Reforma do Estado, 1995. Disponível em: 
<http://www.bresserpereira.org.br/>. Acesso em: 7 jun. 2018. 
BRESSER PEREIRA, L. C. A Reforma do Estado nos anos 90: lógica e 
mecanismos de controle. Revista do Serviço Público, Brasília, v. 120, n. 1, p. 
7-40, jan/abr. 1996. 
CLAD – Carta Ibero-americana de Qualidade na Gestão Pública. El Salvador, El 
Salvador, 2003. Disponível em: <http://www.clad.org>. Acesso em: 7 jun. 2018. 
CASTRO, C. O. Gestão pública contemporânea. Curitiba: InterSaberes, 2014. 
PALUDO, A. Administração pública. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 
QUENEHEN, R. Gestão de pessoas. Curitiba: InterSaberes, 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO PÚBLICA 
CONTEMPORÂNEA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Romulo Quenehen 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Na aula de hoje, vamos estudar os conceitos da nova gestão pública, do 
novo serviço público, da inovação, da gestão da inteligência e, ainda, 
conheceremos o movimento reinventando o governo. 
TEMA 1 – GESTÃO PÚBLICA 
A nova gestão pública, identificada como gestão para o século XXI, é uma 
proposta que se destina a adaptar e melhorar as formas de organização e 
funcionamento da administração pública, para que o Estado possa cumprir com 
eficácia e eficiência os seus fins. 
Reconhece que o Estado é o instrumento fundamental para orientar o 
desenvolvimento econômico, de qualquer país e que, portanto, é necessário 
fortalecer sua capacidade de gestão. 
Seu maior desafio é harmonizar as tendências globais de mudança com 
as especificidades de cada país e suas correspondentes divisões territoriais. 
A nova gestão pública é definida, também, como um novo contrato, um 
novo acordo entre políticos, funcionários públicos e sociedade para melhorar a 
capacidade do Estado na sua tarefa de implementar as políticas, sob condições 
fiscais e financeiras adequadas. 
A nova gestão pública surge do reconhecimento da existência de três 
grandes problemas que estão presentes nos países da América Latina, que são 
facilmente identificáveis nos níveis nacional, estadual e municipal, e que devem 
ser considerados prioridade pelo Estado. São eles: 
 consolidação da democracia; 
 crescimento econômico; 
 redução da desigualdade social. 
A democratização, ou seja, a busca de formas de relacionamento entre 
Estado e sociedade, visa reconhecer mecanismos que possibilitem a 
participação do cidadão na identificação de problemas, na tomada de decisões, 
na execução de programas e projetos e no exercício do controle social sobre a 
gestão pública. Isso envolve estimular efetivamente a participação dos cidadãos 
e o controle das atividades públicas, promovendo, assim, a eficiência e a 
qualidade dos serviços. 
 
 
3 
Nas questões de equidade econômica e social, as condições devem ser 
geradas para alcançar desenvolvimento econômico sustentado, por meio de 
regulamentações e ações de longo prazo que aumentem a confiança dos 
investidores nacionais e internacionais e os recursos financeiros necessários 
para reduzir a pobreza e as graves desigualdades sociais existentes. 
1.1 Definição 
O conceito de gestão está relacionado com o ato de gerir. É, portanto, a 
condução dos meios em direção ao alcance de um resultado, é a administração 
no dia a dia, é a atividade prática que caracteriza o compromisso com os 
resultados. 
O termo gestão envolve três conceitos básicos: a administração, sendo a 
ciência que estuda as organizações e seu meio ambiente externo; a gestão como 
aplicação da ciência da administração; e planejamento, que é um dos 
instrumentos para gerir as organizações. 
A gestão pública é uma atividade administrativa relacionada com normas 
técnicas, leis e com a política, está voltada para as funções gerenciais durante 
um período predeterminado e a gestão é instrumento que o Estado utiliza para 
colocar em prática as diretrizes do governo. A gestão pública deve primar pela 
qualidade e excelência dos serviços prestados aos cidadãos. 
1.2 O papel do gestor público 
O papel do gestor é transformar informação em conhecimento para 
orientá-lo na tomada de decisões, buscar a excelência na prestação de serviços 
públicos; deve ser técnico e dominar sua área de conhecimento, mas também 
deve ser políticopara atuar e disseminar a visão da democracia; cidadania; 
transparência governamental; sustentabilidade social; e valores éticos no setor 
público. 
Deve também seguir os princípios instituídos pelo artigo 37 da 
Constituição Federal de 1988, que são os norteadores da gestão pública, como: 
legalidade; impessoalidade; moralidade; e publicidade. Portanto, o gestor público 
deve agir a partir dos fundamentos do direito, da moral e ética administrativa. 
Segundo o jurista Hely Lopes Meirelles (2005), “Enquanto na 
administração privada é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na administração 
pública só é permitido fazer o que a lei autoriza”. 
 
 
4 
TEMA 2 – A NOVA GESTÃO PÚBLICA (NEW PUBLIC MANAGEMENT – NPM) 
O movimento de NPM (New Public Management) ou NGP (Nova Gestão 
Pública) surgiu na década de 1970, e foi aplicado integralmente pelo governo de 
Margareth Thatcher na Grã-Bretanha. O modelo visa reformar o modelo 
burocrático e redefinir o papel do Estado seguindo o modelo de setor privado e 
a adoção no setor público dos princípios gerenciais (Castro, 2014). 
A nova gestão pública ou administração gerencial pretende substituir o 
modelo burocrático pelo modelo gerencial e introduzir no setor público a lógica 
da administração do setor privado com utilização de instrumentos de gerência 
empresarial com ênfase na excelência e produtividade. Está relacionada com o 
desenvolvimento tecnológico e a globalização da economia mundial. A 
administração gerencial tem como premissa a melhoria da qualidade na 
prestação de serviços, maior eficiência no setor público, avaliação do processo 
e controle de resultados, visa ao interesse do público e do cidadão. Assim, 
enquanto o setor privado visa ao lucro, o setor público busca o ganho social 
(Castro, 2014). 
No modelo gerencial a questão da transparência “Accountability”, 
passa a ser fundamental devido a corrupção que afeta a confiança e 
legitimidade dos governos e a moral pública. Também o modelo 
gerencial visa implantar a forma de atuação descentralizada com base 
no controle por resultados. Desta forma, é necessário terceirizar alguns 
serviços e as atividades exclusivas passam para o controle das 
agências executivas (as autarquias e às fundações públicas) e 
reguladoras (autarquia de regime especial), exemplo: Agência 
Nacional de Telecomunicações – Anatel e Agência Nacional de Água 
– ANA. (Castro, 2014) 
Frente aos problemas anteriores e posteriores à reforma do Estado e da 
Administração Pública focada na introdução de metodologias para elevar os 
níveis de eficiência e eficácia, a nova gerência pública propõe recuperar a 
capacidade de gestão do Estado, levando em conta: 
 as expectativas cidadãs na tomada das decisões; 
 a necessidade de aplicar a escassez de recursos de forma eficiente; 
 a flexibilização e descentralização dos órgãos estatais para garantir 
agilidade a gestão. 
Para o cumprimento de suas finalidades sociais, políticas e econômicas, 
a nova gestão pública propõe que o Estado: 
 
 
5 
 em lugar de intervir diretamente na economia, como produtor ou prestador 
de serviços, concentre-se nos temas de regulação, ou seja, em definir as 
regras do jogo para o exercício das funções privadas e públicas para que 
funcionem adequadamente; 
 desenvolva integração técnica entre os setores públicos e privados e da 
academia, visando melhorar a qualidade dos serviços prestados pelo 
Estado; 
 fortaleça sua capacidade como formulador e financiador de políticas 
públicas e atração da comunidade e das empresas, para compartilhar a 
responsabilidade na execução dos serviços públicos, principalmente da 
educação básica; 
 mantenha sua capacidade para prestar serviços com eficácia e eficiência. 
A nova gestão pública se orienta a garantir os mecanismos para aumentar 
a eficácia e a eficiência da administração pública e a criar condições que facilitem 
uma relação mais democrática entre o Estado e a sociedade. 
Em síntese, os pressupostos da nova gerência pública são: 
1. profissionalização dos gestores; 
2. transparência e responsabilidade democrática; 
3. descentralização funcional e desconcentração organizacional para o 
cumprimento de funções que devem ser fornecidas pelo Estado; 
4. controle dos resultados antes da observância dos procedimentos, para 
isso, deve ter objetivos, metas, resultados e indicadores claramente 
definidos; 
5. maior autonomia das administrações, acompanhada de novas formas de 
controle (de resultados, custos, internos e sociais); 
6. participação do setor público não estatal ou de empresa pública na 
prestação de serviços; 
7. democratização da gestão, isto é, orientação da prestação de serviços ao 
cidadão – usuário; 
8. aumentar o grau de responsabilidade do servidor público perante a 
sociedade, perante os políticos eleitos e perante os representantes 
formais e informais da sociedade. 
A gestão pública brasileira encontra seus fundamentos básicos nos 
princípios elencados no artigo 37, caput, da Constituição Federal: “A 
 
 
6 
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”. 
Com base nesse artigo, é importante destacar: 
1. o objetivo final da função administrativa que é o interesse geral; 
2. os princípios orientadores, que são a legalidade, impessoalidade, 
moralidade, eficiência e publicidade; 
3. os mecanismos ou formas do exercício administrativo, que são a 
descentralização, delegação, desconcentração e coordenação; 
4. a incorporação do controle interno como mecanismo para garantir a 
observância dos propósitos e princípios; 
5. participação do cidadão. 
Esses princípios constitucionais possuem aspectos finalistas, funcional e 
organizacional. 
2.1 Definição de princípios finalísticos e funcionais 
O interesse geral é o principal objetivo ou propósito da função 
administrativa e da tarefa do Estado e pode ser melhor compreendido invocando 
o seu oposto: o interesse privado, que beneficia certas pessoas ou grupos. Com 
base nesse princípio, as ações administrativas devem consultar ou levar em 
conta o que é melhor para a comunidade, e não o que é conveniente para alguns 
ou setores específicos. 
2.2 Princípios da administração pública 
As definições dos princípios mais importantes da administração pública 
estão destacadas a seguir. 
1. Igualdade: princípio que defende os direitos de todas as pessoas sem 
qualquer tipo de discriminação; portanto, igualdade de tratamento, 
respeitando a ordem em que agem perante eles. Isso implica agir sem 
privilégios e evitar tratamentos especiais. 
2. Moralidade: relação ou conformidade entre o comportamento de 
funcionários públicos com os princípios éticos e morais de uma sociedade. 
3. Economia: refere-se à redução de recursos de todos os tipos, 
especialmente financeiros, de tempo e de meios. Em virtude desse 
 
 
7 
princípio, as ações administrativas devem progredir no menor tempo 
possível, seguindo os procedimentos estritamente necessários e com a 
menor quantidade de despesas daqueles que intervêm nelas. 
4. Eficácia: relação estabelecida entre resultados e uso de recursos 
disponível. É assimilada à produtividade, implica produzir mais com os 
mesmos recursos ou produzir o mesmo com menos recursos, sem afetar 
a qualidade do serviço. 
5. Eficiência: garantir que os resultados obtidos contribuam para o alcance 
das metas e objetivos propostos. Conformidade com metas e objetivos em 
termos de quantidade, qualidade e oportunidade. Consiste em aplicar os 
esforços e recursos nas atividades e projetos que eles realmente devem 
ser realizados para o cumprimento de alguns objetivos. 
6. Celeridade: capacidade de produzir respostas ágeis e oportunas para o 
benefício da comunidade. 
7. Imparcialidade: condição que implica que as ações administrativasestão 
à frente objetivamente, sem prejuízo para os interesses do administrado. 
8. Publicidade: implica que as autoridades devem dar a conhecer as suas 
decisões, planos, programas, projetos e resultados para os 
administradores ou beneficiários da ação administrativa por meio de 
comunicações, notificações ou publicações. 
9. Responsabilidade: atitude moral positiva do servidor público em cumprir 
integralmente as funções e atribuições e obter os resultados esperados 
em benefício da sociedade que a remunera. 
10. Transparência: condição de ações administrativas que mostram 
claramente e abertamente os seus objetivos e procedimentos. 
11. Boa fé: princípio que fortalece a credibilidade junto ao cidadão. Também 
se estende às ações do servidor público. 
12. Participação: abertura de autoridades administrativas e funcionários 
públicos para consultas de opinião junto aos cidadãos e incentivar a sua 
intervenção na tomada de decisões na execução de programas e projetos. 
TEMA 3 – MOVIMENTO REIVENTANDO O GOVERNO 
Os autores David Osborne e Ted Gaeble (1998), em sua obra 
Reinventando o Governo (1995), relatam a necessidade de um governo 
 
 
8 
empreendedor, um novo modelo de gestão pública que de responsabilidade ao 
cidadão e prime por atendê-los como clientes (Castro, 2014). 
Essa obra foi criada para avaliar o impacto no setor público do país e, em 
última análise, ampliar o debate político sobre a gestão pública. Osborne e 
Gaeble (1995) formularam dez mandamentos para a gestão empreendedora: 
1. Governo catalisador “Melhor dirigir do que remar; 
2. Governo próprio da comunidade: “Melhor empoderar (os atores) do 
que servi-los”; 
3. Governo competitivo: “Estimular competição entre os prestadores de 
serviços”; 
4. Governo movido por missão: “Transformar organizações movidas 
por regra”; 
5. Governo orientado para resultados: “Financiar resultados e não 
recursos”; 
6. Governo voltado ao consumidor: “Melhor satisfazer as necessidades 
do consumidor do que as da burocracia”; 
7. Governo empreendedor: “Melhor gerar receitas que despesas”; 
8. Governo previdente: “Melhor prevenir que remediar”; 
9. Governo descentralizado: “Da hierarquia à participação e ao trabalho 
em equipe”; 
10. Governo orientado para o mercado: “Alavancar mudanças via 
mercado”. 
A nova gestão pública não se utiliza da denominação de atendimento ao 
cliente, mas, sim, atendimento ao cidadão. Osborne e Gaeble apresentam ainda 
cinco desafios para a gestão pública (5R): são eles: 
1. Restruturação: eliminar o que não agrega valor ao serviço ou 
produto ao público, terceirizar ou descentralizar os serviços não 
vinculados a competências centrais; 
2. Reengenharia: Mudanças de processos para obtenção de 
otimização; cidadão e no pensamento estratégico; 
3. Reinvenção: criar espírito empresarial no serviço público, com foco 
no mercado; no cliente; 
4. Realinhamento: gerenciar as mudanças das estruturas conforme o 
planejamento; e 
5. Reconceituação: uma nova maneira de pensar o fenômeno 
gerencial, promovendo a capacidade de adaptação e de adquirir 
conhecimento”. (Osborne; Gaeble,1995) 
A cultura empreendedora e a disseminação do “espírito empreendedor” 
foram incorporadas pelos governos da Grã-Bretanha, Estados Unidos, Nova 
Zelândia, Austrália e França. Esses países incorporaram o princípio da gestão 
de negócios no qual o cidadão é tratado como cliente. No Brasil, a iniciativa da 
cultura empreendedora ocorreu a partir da reforma que foi dividida em dois 
períodos de 1995 a 1998 (reforma constitucional); e 1999 a 2002 (adoção do 
Plano Plurianual). 
 
 
9 
TEMA 4 – O NOVO SERVIÇO PÚBLICO, A INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 
E A ADMINISTRAÇÃO DIALÓGICA 
4.1 Novo serviço público 
Os autores Janet Denhardt e Robert Denhardt (2012) descreveram o novo 
serviço público com uma abordagem da nova gestão pública e destacaram dois 
temas que devem fundamentar o novo serviço público: 
 Promover a dignidade e o valor do novo serviço público; 
 Reafirmar os valores da democracia, da cidadania e do interesse 
público como valores proeminentes da administração pública. 
E ainda apresentam os sete princípios-chave para o novo serviço público 
(Castro, 2014): 
 Servir os cidadãos, não consumidores; 
 Perseguir o interesse público; 
 Dar mais valor à cidadania e ao serviço público que ao 
empreendedorismo; 
 Pensar estrategicamente, agir democraticamente: 
 Reconhecer a importância da “accountability”; 
 Servir em vez de dirigir; 
 Dar valor às pessoas, não apenas à produtividade; 
 No novo serviço público deve prevalecer o interesse público, o 
gestor público deve prestar serviço ao cidadão. 
4.2 Inovação na gestão pública 
A inovação na gestão pública é necessária para realizar a mudança em 
práticas antigas e produzir resultados, qualidade e buscar maior excelência nos 
serviços prestados aos cidadãos, além de tornar a gestão pública mais eficaz e 
eficiente (Castro, 2014). De acordo com Schumpeter (1982), o significado de 
inovação é “demolir a velha tradição e criar uma nova”. 
4.3 Administração dialógica 
Uma nova abordagem de modelo de administração pública com base no 
Estado Democrático de Direito e fundamentada na Constituição Federal de 1988. 
Conforme Lima (2013), o modelo dialógico, por exigir os parâmetros da 
participação administrativa, gera resultados, produz eficiência, reduz custos, 
resgata a legitimidade do Poder Público, e diminui a discricionariedade 
administrativa. Portanto, administrar por meio do diálogo e negociação a partir 
 
 
10 
da colaboração e cooperação é uma abordagem consensual e dialógica (Castro, 
2014). 
TEMA 5 – GESTÃO DA INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL PÚBLICA 
É importante criar uma organização pública inteligente a partir da 
inteligência de cada indivíduo, que deve ser motivado a promover a mudança em 
busca do sucesso coletivo. Dessa forma, é fundamental a gestão criativa do 
conhecimento aliada à sabedoria, para possibilitar a transformação em 
inteligência do conhecimento estratégico que orienta a tomada de decisões. 
Conforme Rezende (2003): “o termo inteligência organizacional é oriundo 
do termo inteligência empresarial, que é definido como um sistema de 
monitoramento de informações internas e externas direcionadas ao êxito ou 
sucesso das organizações”. 
A partir do conhecimento efetivo é possível realizar uma gestão pública 
mais eficiente e eficaz. Assim, é necessário criar um Centro Estratégico de 
Inteligência para gestão dos recursos e fortalecimento de todas as áreas do 
governo. 
NA PRÁTICA 
Assista ao 3° Congresso sobre Gestão de Pessoas do Setor Público 
Paulista, que aconteceu no Centro de Convenções Rebouças em 19 de 
novembro de 2014. Foram convidados Carla Weisz, Dany Andrey Secco, Ivani 
Maria Bassotti e José Mauro Dedemo Orlandini. O objetivo da mesa era discutir 
as possibilidades para a gestão pública e como isso afeta a gestão de pessoas 
e as políticas de recursos humanos; o que nos espera para os próximos anos; e 
como deveremos agir para responder a esse futuro debatido no congresso. O 
vídeo está disponível no YouTube. 
UMA nova gestão é possível. 20 jan. 2015. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=dlRruQAf0JI>. Acesso em: 7 jun. 2018. 
FINALIZANDO 
Na presente aula, estudamos sobre os principais temas contemporâneos 
de gestão pública, como a nova gestão pública, reinventando o governo, a 
gestão dialógica e gestão da inteligência. 
 
 
11 
REFERÊNCIAS 
CASTRO, C. O. Gestão pública contemporânea. Curitiba: InterSaberes, 2014. 
DENHARDT, J. V.; DENHARDT, R. B. The New Public Service: serving, not 
steering. New York: M. E. Sharpe, 2003. 
DENHARDT, R. B. Teorias da administração pública. São Paulo: Cengage 
Learning, 2012. 
LIMA, V. A. Mídia, teoria e política. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2013. 
MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. 31. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
OSBORNE, D.;GAEBLER, T. Reinventando o governo: como o espírito 
empreendedor está transformando o setor público. 6. ed. Brasília: MH 
Comunicação, 1995. 
REZENDE, D. A. Alinhamento estratégico da tecnologia da informação ao 
business plan: contribuição para a inteligência empresarial das organizações. 
REAd, v. 9, n. 1, 2003. 
SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma 
investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. São Paulo: 
Abril Cultural, 1982. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO PÚBLICA 
CONTEMPORÂNEA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Romulo Quenehen 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Na presente aula, abordaremos os conceitos de governança, 
governabilidade, “accountability”, Gespública, ética e excelência na gestão 
pública. 
TEMA 1 – GESTÃO PÚBLICA 
A definição mais popular para bom governo diz que é aquele proporciona 
e garante serviços públicos com eficiência e qualidade; promove a transparência 
e uma opinião pública transparente, livre e responsável; que garanta saúde, 
educação de qualidade, segurança e bem-estar aos cidadãos; e que crie 
condições favoráveis para um crescimento econômico estável e gerador de bem 
comum. 
O conceito de governança não é novo. A governança como um conceito 
isolado significa o processo de tomada de decisão e processo pelo qual as 
decisões são implementadas ou não. O termo governança pode ser usado em 
diferentes contextos, como governança corporativa, governança internacional, 
governança nacional e governança local. 
De acordo com Matias-Pereira (2010): “Assim como ocorrem com a 
maioria dos conceitos em ciência política os termos governabilidade e 
governança não possuem uma única definição, ou seja, tendem a variar de autor 
para autor, de acordo com a sua nacionalidade, orientação ideológica e a ênfase 
que é dada a um outro elemento”. 
Como governança é o processo de tomada de decisão e o processo pelo 
qual é implementado, a análise da governança se concentra nos atores, formais 
e trabalhadores informais, que estão envolvidos no processo de tomada de 
decisão e implementação, bem como nas estruturas formais e informais que 
foram preparadas para poder implementar as decisões. 
A boa governança tem oito características principais (CLAD, 2003): 
 participação; 
 legalidade; 
 transparência; 
 responsabilização; 
 consenso; 
 equidade; 
 
 
3 
 eficácia e eficiência; 
 sensibilidade. 
1.1 Participação 
A participação de homens e mulheres é o ponto-chave da boa 
governança. A participação pode ser direta ou por meio de intermediários, como 
instituições ou representantes legítimos. É importante esclarecer que a 
democracia representativa não significa necessariamente que as carências dos 
mais necessitados sejam levadas em consideração durante o processo de 
tomada de decisão. 
A participação precisa ser informada e bem organizada, o que significa 
liberdade de expressão, por um lado, e, por outro, uma sociedade civil 
organizada. 
1.2 Legalidade 
A boa governança requer que seu arcabouço legal seja justo e imposto 
imparcialmente. Também requer proteção total dos direitos humanos, 
particularmente das minorias. A imposição imparcial da lei exige um poder 
judiciário independente e imparcial e uma força política incorruptível. 
1.3 Transparência 
Transparência significa que as decisões tomadas são feitas de tal forma 
que sigam as leis e regulamentos estabelecidos. Também significa que a 
informação será disponível para qualquer pessoa afetada por essas decisões e 
sua implementação. Refere-se, ainda, à provisão de informação suficiente, que 
seja facilmente compreensível. 
Em 18 de novembro de 2011 foi publicada a Lei n. 12.527, que regula o 
acesso a informações previsto no inciso XXXIII do artigo 5º, no inciso II do 
parágrafo 3º do artigo 37 e no parágrafo 2º do artigo 216 da Constituição Federal; 
dentre outras providências reafirma a publicidade como preceito geral e do sigilo 
como exceção. Além de reafirmar o dever do estado em garantir o princípio da 
publicidade. 
A essência ideológica da referida lei pode ser encontrada na mensagem 
n. 316, enviada aos membros do Congresso Nacional em 13 de maio de 2009, 
pela então Presidenta Dilma Rousseff, que afirma: 
 
 
4 
A garantia do direito de acesso a informações públicas como regra 
geral é um dos grandes mecanismos da consolidação dos regimes 
democráticos. O acesso à informação pública, além de indispensável 
ao exercício da cidadania, constitui um dos mais fortes instrumentos 
de combate à corrupção. Finalmente, cumpre notar que o tratamento 
do direito de acesso a informação como direito fundamental é um dos 
requisitos para que o Brasil aprofunde a democracia participativa, em 
que não haja obstáculos indevidos à difusão das informações públicas 
e a sua apropriação pelos cidadãos. (Rousseff, 2009). 
A lei foi estruturada em seis capítulos: das disposições gerais; do acesso 
a informações e da sua divulgação; do procedimento de acesso à informação; 
das restrições de acesso à informação; das responsabilidades; e das 
disposições finais e transitórias. 
1.4 Responsabilidade 
O bom governo requer que as instituições e os sistemas sirvam a todos 
os grupos de interesses dentro de um marco de tempo razoável. 
1.5 Equidade 
Uma sociedade de bem-estar depende de garantir que todos os seus 
membros sintam que fazem parte dela e não se sentem excluídos da inércia 
majoritária de sua sociedade. Isso requer que todos os grupos, especialmente 
os mais vulneráveis, tenham as oportunidades para melhorar ou manter sua 
situação de bem-estar. 
1.6 Eficácia e eficiência 
Boa governança significa que procedimentos e instituições alcançam 
resultados a sociedade precisa ao mesmo tempo que o faz usando os melhores 
recursos possíveis daqueles que têm. O conceito de eficiência no contexto da 
boa governança também inclui o uso de recursos naturais de forma sustentável 
e a proteção do meio ambiente. 
1.7 Sensibilidade 
A sensibilidade é um dos princípios mais importantes para uma boa 
governança. Tanto as instituições públicas ou privadas devem ser sensíveis a 
demandas do público e de seus grupos de interesse. Em geral, uma instituição 
ou organização é sensível àqueles que serão afetados por suas decisões e 
 
 
5 
ações. A sensibilidade não pode ser imposta sem transparência e sem seguir a 
lei. 
1.8 Bom governo 
Seguindo os argumentos apresentados, deve ser mais ou menos claro 
que a boa governança é um ideal difícil de realizar em sua totalidade. Poucos 
países e sociedades alcançaram a boa governança em sua totalidade. 
A governabilidade é a capacidade política de governar, o exercício do 
poder. A forma de governo e a governança estão relacionadas com a capacidade 
administrativa e financeira do governo, bem como com a capacidade governativa 
de criar políticas públicas. Existem distintas visões de governança. O conceito 
de governança foi utilizado pelo Banco Mundial no final dos anos de 1980, em 
razão da percepção da ocorrência da “má governança” nos países que estavam 
em desenvolvimento, onde surgiram programas nacionais voltados para a “boa 
governança”, com objetivo de responder às exigências dos programas do Banco 
Mundial com relação à rentabilidade econômica. Assim, surgiu o termo 
governança (governance) para abordar a forma como são gerenciados os 
recursos econômicos e sociais de um país, em prol do seu desenvolvimento. 
Portanto, com relação à “boa governança”, é importante identificar as boas 
práticas de políticas públicas para auxiliar na promoção da eficiência e a 
efetividade governamental. 
Diferente da governabilidade que está relacionada com o poder em um 
sistema político, a governança pública está relacionada com o planejamento, 
estratégia, coordenação, gerenciamento e controle. 
De acordo com a CLAD (2006) os princípios básicos que devem guiar a 
ação do bom governosão: 
 O respeito e reconhecimento com a dignidade humana; 
 A busca permanente do interesse geral; 
 Legitimidade do governo e a igualdade política de todos os 
cidadãos; 
 O respeito e promoção das instituições do estado de direito e de 
justiça social. 
Os valores que guiam a ação do bom governo são especialmente (CLAD 
2006): 
 objetividade; 
 tolerância; 
 
 
6 
 integridade; 
 responsabilidade; 
 credibilidade; 
 imparcialidade; 
 transparência; 
 exemplaridade; 
 austeridade; 
 acessibilidade; 
 eficácia; 
 igualdade de gênero e proteção à diversidade étnica e cultural; 
 proteção ao meio ambiente. 
Entende-se como bom governo aquele que busca e promove o interesse 
geral, a participação cidadã, a equidade, a inclusão social e a luta contra a 
pobreza, respeitando todos os direitos humanos, os valores e procedimentos da 
democracia e o Estado de Direito (CLAD, 2006). 
TEMA 2 – ACCOUNTABILITY 
O termo accountability é utilizado para designar a responsabilização, a 
prestação de contas dos recursos públicos aos cidadãos, tem cunho ético e está 
associada à governança a utilização de boas práticas de gestão, envolvendo 
principalmente a transparência. Conforme Matias-Pereira (2010): 
O termo accountability pode ser aceito como o conjunto de 
mecanismos e procedimentos que induzem os dirigentes 
governamentais a prestar contas dos resultados de suas ações à 
sociedade, garantindo-se dessa forma maior nível de transparência e 
a exposição pública das políticas públicas. Quanto maior a 
possibilidade dos cidadãos poderem discernir se os governantes estão 
agindo em função do interesse da coletividade e sancioná-lo 
apropriadamente, mais accountable é um governo. 
Portanto, é um mecanismo que assegura a prestação de contas dos 
recursos públicos transparente por parte dos políticos aos cidadãos. Também a 
garantia dos objetivos do regime democrático que é a responsabilização 
(accountability). 
Podemos afirmar que um dos marcos legais no Brasil da accountability é 
a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000). 
TEMA 3 – ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
7 
Podemos afirmar que a ética está relacionada com o comportamento 
moral, os juízos de valor com relação à conduta humana do indivíduo em 
sociedade. 
De acodo com Chaui (2004): 
A moral tem ênfase nas normas e valores, irá identificar as atitudes dos 
indivíduos, o certo e o errado, o bem e o mal as ações de convivência 
em sociedade. Portanto, é importante ter senso de consciência moral 
e responsabilidade na tomada de decisões de cunho ético. Com 
relação a moral é necessário ter consciência moral dos valores como: 
justiça, integridade e honradez. Consciência e responsabilidade, 
portanto, são condições indispensáveis da vida ética. 
Desde a Constituição de 1988, a gestão ética foi utilizada na 
administração pública, com ênfase nos valores éticos, morais e nos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Dessa forma, 
a ética na administração pública visa à definição de gestão da ética com base na 
implantação de regras de condutas e de padrões de comportamento ético dos 
indivíduos no serviço público e transparência dentro da organização, pois essa 
ação possibilita resguardar a ordem econômica, o combate à corrupção, o 
fortalecimento da governança pública e das instituições (CASTRO, 2014). 
TEMA 4 – GESPÚBLICA 
O Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização 
(Gespública), foi um programa instituído pelo Decreto n. 5.378/2005, e foi 
revogado pelo Decreto n. 9.094/2017. Ainda que tenha sido criado em 2005, foi 
resultado de um processo de acúmulo de conhecimento administrativo que 
remonta ao Império, a Governo JK, a João Goulart e ao governo militar. O 
programa tinha o objetivo de estimular e apoiar os órgãos a implementarem 
medidas que melhorassem a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos. 
A tentativa de desburocratização da administração no Brasil passa por 
diversos momentos: 
 1979 – instituiu o Programa Nacional de Desburocratização; 
 1986 – lançado o Programa de Qualidade e Produtividade; 
 1990 – alterado o Programa de Qualidade e Produtividade para 
Subprograma de Qualidade e Produtividade na Administração Pública; 
 1995 – iniciada a Reforma do Aparelho do Estado; 
 
 
8 
 1996 – criado o Programa de Qualidade e Participação na Administração 
Pública; 
 1999 – alterado o Programa de Qualidade do Setor Público, que passou 
a dar maior ênfase ao resultado; 
 2005 – unificado o Programa Nacional de Qualidade no Setor Público com 
os programas nacionais de desburocratização e lançado o Gespública; 
 2017 – Revogado o Gespública pelo Decreto n. 9.094/2017 e lançada a 
Carta de Serviços ao Usuário e o Modelo de Excelência em Gestão 
Pública. 
O Gespública foi um importante avanço na relação federativa com objetivo 
de reduzir a burocracia pública. 
O Decreto n. 5.378/2005 dispunha que: 
Art. 1º Fica instituído o Programa Nacional de Gestão Pública e 
Desburocratização – GESPÚBLICA, com a finalidade de contribuir 
para a melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados aos 
cidadãos e para o aumento da competitividade do País. 
Art. 2º O GESPÚBLICA deverá contemplar a formulação e 
implementação de medidas integradas em agenda de transformações 
da gestão, necessárias à promoção dos resultados preconizados no 
plano plurianual, à consolidação da administração pública profissional 
voltada ao interesse do cidadão e à aplicação de instrumentos e 
abordagens gerenciais, que objetivem: 
I – eliminar o déficit institucional, visando ao integral atendimento das 
competências constitucionais do Poder Executivo Federal; 
II – promover a governança, aumentando a capacidade de formulação, 
implementação e avaliação das políticas públicas; 
III – promover a eficiência, por meio de melhor aproveitamento dos 
recursos, relativamente aos resultados da ação pública; 
IV – assegurar a eficácia e efetividade da ação governamental, 
promovendo a adequação entre meios, ações, impactos e resultados; 
e 
V – promover a gestão democrática, participativa, transparente e ética. 
Os princípios mais importantes do modelo Gespública eram: 
 foco no valor público; 
 simplicidade; 
 economicidade; 
 celeridade; 
 agilidade; 
 transparência; 
 cooperação. 
TEMA 5 – MODELO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO PÚBLICA 
 
 
9 
A Gespública promoveu a Agenda de Modernização do Estado, a fim de 
instalar uma política permanente de melhoria da gestão pública. Entre os 
objetivos do programa estavam: o desenvolvimento de métodos participativos 
para identificar as necessidades dos usuários dos serviços públicos; melhorar o 
acesso, a disponibilidade e a qualidade das respostas do Estado às demandas 
e necessidades dos cidadãos; monitorar ações institucionais para melhorar a 
prestação desses serviços (Castro, 2014). 
A melhoria da gestão implica criar as capacidades para melhorar a 
qualidade e eficiência na prestação de serviços públicos; enfrentar de maneira 
cada vez mais complexa e urgente as demandas, bem como prestar contas 
claras ao público sobre os recursos públicos e a efetividade das ações. 
Podemos afirmar que os princípios da excelência em gestão pública são 
os já encartados na Carta Magna: legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade, eficiência e excelência dirigida ao cidadão. 
Os fundamentos da gestão pública de excelência são: 
 enfoque sistêmico; 
 gestão participativa; 
 orientação por processos e informações; 
 valorização das pessoas; 
 visão de futuro; 
 aprendizado organizacional; 
 foco em resultados. 
A boa governança exige um papel mais ativo das pessoas na supervisão 
do trabalho do governo. Portanto, é necessário melhorar o relacionamento com 
os cidadãos, aumentando seu nível de satisfação, para que a imagem que 
recebem das instituições públicas seja valorizada adequadamente e de acordo 
com os esforços dagestão. 
No âmbito da reforma e modernização do Estado, é necessário, para 
promover processos de modernização administrativas destinadas a adaptar a 
estrutura e funcionamento dos serviços públicos às novas normas de qualidade, 
promover a mudança nos paradigmas de governança: trabalho para resultados, 
fortalecer o planejamento estratégico, formular metas mensuráveis e fortalecer 
o elo de planejamento e orçamento. Linhas estratégicas devem ser traçadas para 
 
 
10 
promover a dignidade e o profissionalismo do servidor público, reconhecendo a 
capacidade e a probidade no cumprimento de seu trabalho. 
NA PRÁTICA 
Assista à palestra sobre ética para a gestão pública, ministrada no 3° 
Congresso sobre Gestão de Pessoas do Setor Público Paulista. 
O objetivo é dialogar sobre como a reflexão ética afeta a atuação das 
pessoas na convivência em sociedade e na prática da gestão pública como 
lideranças do serviço público. 
UMA conversa sobre ética para a gestão pública. 20 jan. 2015. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=odDqf0Sw9q4>. Acesso em: 7 jun. 2018. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, conhecemos as características principais que um bom 
governo deve ter: participação, legalidade, transparência, responsabilidade, 
consenso social, equidade, eficácia e sensibilidade. Todos esses fatores são 
aplicados durante o processo de decisão que compõe a governança. Nesse 
processo decisório, a boa governança deve cuidar para que os indicadores de 
corrupção sejam mínimos, ouçam e atendam às demandas das maiorias e 
minorias, escutem os grupos vulneráveis e fortaleçam o que chamaríamos de 
visão de Estado, que inclui atenção às necessidades presentes e futuras da 
sociedade. 
 
 
 
11 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Decreto n. 5.378, de 23 de fevereiro de 2005. Gespública. Diário 
Oficial da União, Brasília, DF, 24 fev. 2005. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/decreto/d5378.htm/>. Acesso em: 7 jun. 2018. 
_____. Decreto n. 9.094, de 17 de julho de 2017. Simplificação de Serviços. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 jul. 2017. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/D9094.htm>. 
Acesso em: 7 jun. 2018. 
_____. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 1999. Responsabilidade 
Fiscal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 maio 2000. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp101.htm>. Acesso em: 7 jun. 
2018. 
_____. Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 18 nov. 2011. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12527.htm>. 
Acesso em: 7 jun. 2018. 
CASTRO, C. O. Gestão pública contemporânea. Curitiba: InterSaberes, 2014. 
CHAUI, M. Convite à filosofia. 9. ed. São Paulo: Ática, 2004. 
CLAD – Código Iberoamericano do bom governo. Montevideo, Uruguai, 2006. 
Disponível em: <http://www.clad.org>. Acesso em: 7 jun. 2018. 
MATIAS-PEREIRA, J. Governança no setor público. São Paulo: Atlas, 2010. 
ROUSSEFF, D. Exposição de motivos do projeto de lei de acesso à 
informação. Mensagem 316 ao Congresso Nacional. Brasília, 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO PÚBLICA 
CONTEMPORÂNEA 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Romulo Quenehen 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta quarta aula, vamos estudar o planejamento, a gestão estratégica 
governamental, e as ferramentas estratégicas aplicadas ao setor público. 
TEMA 1 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 
Em suma, os desafios contemporâneos da administração pública são 
muito amplos, mas, sem dúvida, os desafios podem ser vistos também como 
propulsores de melhorias e desenvolvimento. 
É muito importante saber que, para alcançar os objetivos do Estado, a 
administração pública opera de acordo com um marco legal que determina os 
princípios básicos do planejamento e da estrutura. 
A administração pública gerencia o planejamento como uma atividade que 
permite vincular os meios e os fins, projetar regras organizacionais, distribuir 
funções, mas, principalmente, buscando atender às necessidades da sociedade 
com eficiência. Dessa forma, a abordagem governamental é orientada para a 
elaboração de planos, estabelecendo objetivos e selecionando alternativas para 
que seus resultados impactem na sociedade, por meio da determinação de 
prioridades de acordo com as exigências e demandas dos vários atores e grupos 
sociais que interagem na comunidade. Neste caso, o planejamento será 
democrático com a participação dos diversos setores sociais. Reunirá as 
aspirações e demandas da sociedade para incorporá-las no plano nacional de 
desenvolvimento e nos programas correspondentes. 
O que se entende por plano do governo? Plano de governo pode ser um 
indicador do grau em que o Estado reconhece e atende às demandas da 
sociedade, marcando a hierarquia que os reconhece de acordo com os 
diferentes setores. 
O governo deve elaborar um plano geral, cujos princípios derivam da 
necessidade de atender a demandas mais específicas que respondam a 
problemas delimitados, conhecidos como demandas setoriais. 
De acordo com Castro (2014): 
[...] o planejamento estratégico é um processo no qual se estabelecem 
objetivos e uma estratégia adequada para realizá-los. É uma técnica 
que dá suporte ao gerenciamento da visão estratégica a fim de 
alcançar os objetivos preestabelecidos pela organização pública ou 
privada. Sua função é identificar riscos e oportunidades, dando 
 
 
3 
especial atenção às ações organizacionais referentes às mudanças 
mercadológicas”. 
Os níveis do planejamento estratégico podem ser: 
 estratégico; 
 tático; 
 operacional. 
Para a definição da estratégia, é essencial a definição da missão, da 
visão, dos valores e do diagnóstico institucional estratégico. A gestão estratégica 
possibilita gerir a situação presente buscando soluções e a evolução da 
organização. 
1.1 Planejamento estratégico governamental 
De acordo com Castro (2014) o planejamento estratégico governamental 
é realizado pelos governos na esfera federal, estadual e municipal, com foco na 
gestão dos recursos públicos e, para isso, inclui a definição da missão, visão, 
definição de objetivos e implantação de planos (estratégicos, táticos e 
operacionais) para atingir as metas. 
Conforme o Ministério do Planejamento (2015): 
As dimensões do planejamento e da gestão, portanto, devem dialogar 
com a elaboração de uma arquitetura institucional capaz de construir e 
reforçar os canais que possibilitem atender o cidadão. Para isso, é 
fundamental rever marcos conceituais e legais relacionados à função 
pública, visto que há um esgotamento do atual modelo de ação estatal, 
fato que gera dificuldades para a ação ágil e com qualidade no 
atendimento às demandas sociais e do mercado, prejudicando, em 
especial, os entes e populações mais vulneráveis. 
É fundamental a produção e utilização de informações de qualidade 
com vistas a subsidiar o planejamento e a gestão das políticas públicas 
de forma a orientar as intervenções capazes de promover a alocação 
equânime, integrada e eficiente dos recursos. O investimento na 
capacidade de produção e tratamento das informações associado às 
soluções e inovações em planejamento e gestão são políticas 
essenciais para maximizar a utilização dos recursos públicos. 
O plano estratégico do MPOG (2012) para o período de (2012-2015) traz 
como macro objetivos: 
 melhor funcionamento do Estado com otimização dos recursos e 
ampliação da capacidade de implementação de políticas públicas; 
 ampliação da oferta de serviços públicos de excelência ao cidadão, às 
empresas e às demais organizações da sociedade; 
 
 
4 
 integração das ações de planejamento do Governo, promovendo maior 
cooperação intergovernamental e fortalecimento da relação federativa; 
 desenvolvimento acelerado e sustentável de setores estruturantes do 
país; 
 fortalecimentoe integração das funções de planejamento, orçamento, 
execução, monitoramento, avaliação e controle de políticas públicas; 
 modernização da gestão pública e fortalecimento da governança, com 
ampliação da capacidade gerencial e institucional; 
 melhoria dos marcos legais, dos processos de trabalho, da tecnologia da 
informação e dos sistemas estruturantes; 
 aperfeiçoamento da gestão de pessoas na administração pública federal, 
orientada por competências; 
 democratização das relações de trabalho (Brasil, 2012). 
A atividade de planejamento governamental hoje não deve ser 
desempenhada como outrora, de forma centralizada e com viés 
essencialmente normativo. Ao contrário, há a questão de que, em 
contexto democrático, o planejamento não pode ser nem concebido 
nem executado de forma externa e coercitiva aos diversos interesses, 
atores e arenas sociopolíticas em disputa no cotidiano. Não há, como 
talvez tenha havido no passado, um “cumpra-se” que se realiza 
automaticamente de cima para baixo pelas cadeias hierárquicas do 
Estado, até chegar aos espaços da sociedade e da economia. (Brasil, 
2012) 
O MPOG indica cinco proposições para que o Estado requalifique o 
sentido de inteligibilidade do conceito de planejamento (Brasil, 2012): 
1. Dotar a função-planejamento de forte conteúdo estratégico; 
2. Dotar a função-planejamento de forte capacidade de articulação e 
coordenação institucional; 
3. Dotar a função-planejamento de fortes conteúdos prospectivos e 
propositivos; 
4. Dotar a função planejamento de forte componente participativo; 
5. Dotar a função planejamento de fortes conteúdos éticos. 
TEMA 2 – PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO 
No sistema democrático, a participação cidadã é fundamental para a 
legitimidade dos programas públicos. É essencial que o cidadão participe de 
todas as decisões que definam o destino do país. Nesse sentido, a eficiência e 
a operacionalidade dos sistemas nacionais de planejamento se tornam a base 
da participação cidadã. Em um governo democrático, o planejamento 
participativo é um imperativo. 
 
 
5 
De acordo com Costa (2015): 
A Constituição da República Federal de 1988 dispõe sobre a 
descentralização e a participação como princípios fundamentais do 
processo de democratização da gestão pública brasileira para os três 
poderes constituídos (federal, estadual e municipal), assegurando, 
desse modo, a gestão participativa na Administração Pública. Segundo 
Azevedo (2007), com o advento de Carta Magna de 1988 criam-se no 
Brasil novos institutos e postulados de inserção democráticos com a 
finalidade de garantia os direitos dos cidadãos de participar nas 
tomadas de decisão do governo. A descentralização possibilitou a 
criação de mecanismo de participação popular, como orçamento 
participativo, Fóruns, Conselhos, entre outros. No entanto, a 
participação da população ainda é bastante limitada, pois são poucas 
as pessoas que participam dos eventos supramencionados. 
[...] 
A gestão pública participativa é resultado de disposições legais de 
cunho democrático, como a Lei nº 9.784/99 que estimula a consulta a 
audiências públicas (arts. 31 e 32), bem como a participação dos 
administrados, direta ou atreves de organizações legalmente 
reconhecidas (art. 33), além de um aparato legislativo locais 
específicos. Essa tendência adotada pelos conselhos gestores deixa 
clara sua aproximação do princípio da participação popular na gestão 
pública e do controle popular da Administração Pública. 
TEMA 3 – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LC 101/2000) 
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi promulgada para fins de 
regulamentar o artigo 163 da Constituição Federal de 1988, segundo o qual: 
Lei complementar disporá sobre: 
I – finanças públicas; 
II – dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, 
fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; 
III – concessão de garantias pelas entidades públicas; 
IV – emissão e resgate de títulos da dívida pública; 
V – fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; 
VI – operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
VII – compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito 
da União, resguardadas as características e condições operacionais 
plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. 
A Lei Complementar n. 101/2000 cumpre uma dupla função atribuída pelo 
constituinte: estabelecer normas gerais em matéria de finanças públicas e criar 
limites ao gasto com funcionalismo público. 
Os objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal são: 
 redução do déficit público; 
 a estabilização do montante da dívida pública em relação ao Produto 
Interno Bruto; 
 criar um ambiente fiscal mais favorável; 
 
 
6 
 reestruturar a dívida dos Estados e Municípios, fixando limites para o 
endividamento público; 
 estabelecer limites para a expansão de despesas continuadas; 
 reorganizar o sistema bancário estadual. 
O Capítulo II da Lei de Responsabilidade Fiscal é dedicado ao 
planejamento orçamentário. Adotando as bases do sistema orçamentário 
estabelecido pelo artigo 165 da Constituição Federal, a LRF cria regras a 
respeito dos três tipos de leis orçamentárias existentes no Brasil: 
a) Plano Plurianual (PPA); 
b) Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); 
c) Lei Orçamentária Anual (LOA). 
TEMA 4 – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO 
O marco legal do Planejamento Orçamentário do Brasil é o artigo 165 da 
Constituição Federal que aduz: 
Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: 
I - o plano plurianual; 
II - as diretrizes orçamentárias; 
III - os orçamentos anuais. 
§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma 
regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública 
federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para 
as relativas aos programas de duração continuada. 
§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e 
prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de 
capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração 
da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação 
tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências 
financeiras oficiais de fomento. 
§ 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento 
de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária. 
§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos 
nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano 
plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional. 
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá: 
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, 
órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive 
fundações instituídas e mantidas pelo poder público; 
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta 
ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; 
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades 
e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem 
como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo poder público. 
§ 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo 
regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de 
isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza 
financeira, tributária e creditícia. 
 
 
7 
§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, 
compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de 
reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional. 
§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à 
previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na 
proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e 
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de 
receita, nos termos da lei. 
O marco legal do PlanejamentoOrçamentário Público brasileiro é formado 
por três instrumentos: 
 Plano Plurianual (PPA); 
 Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); 
 Lei Orçamentária Anual (LOA). 
Conforme Castro (2014): 
O Plano Plurianual está previsto no artigo 165, inciso I da Constituição 
Federal de 1988. É o instrumento de planejamento estratégico das 
ações do governo federal e tem como objetivo estabelecer metas dos 
programas de duração continuada e projetos de médio prazo, sendo 
realizado para um período de quatro anos. É um instrumento de 
planejamento tático-estratégico. O PPA estabelece diretrizes, objetivos 
e metas da administração pública federal de forma regionalizada. O 
projeto do PPA é elaborado pelo governo e encaminhado pelo Poder 
Executivo ao Congresso Nacional até 31 de agosto do seu primeiro 
mandado e, após aprovação, é devolvido para a sanção do Executivo 
até 2 de dezembro, conforme art. 57 da Constituição Federal de 1988 
(Brasil, 1988), com a nova redação dada pela Emenda Constitucional 
n. 50 (Brasil, 2006a). Com relação ao encaminhamento dos projetos 
de lei do PPA, estes serão enviados ao Congresso Nacional pelo 
Presidente da República, e apreciados pelas duas casas (Câmara dos 
Deputados e Senado Federal), conforme o artigo 166, § 6 º da 
Constituição Federal de 1988. 
[...] 
“A Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO prioriza as metas do PPA. É 
elaborada pelo Poder Executivo, com a direção do Ministério do 
Planejamento, Orçamento e Gestão e a coordenação da Secretaria de 
Orçamento Federal (SOF), e deve ser encaminhada até o dia 15 de 
abril e apreciada pelo Congresso Nacional até 17 de julho de cada ano. 
Após a aprovação, é sancionada pelo Presidente da República”. 
 [...] 
“Lei Orçamentária Anual (LOA) viabiliza a concretização das situações 
planejadas no Plano Plurianual e, com objetivo de transformá-las em 
realidade, obedecidas as Diretrizes Orçamentárias. A LOA deverá ser 
encaminhado pelo Executivo ao Poder Legislativo até o dia 31 de 
agosto de cada ano, após a aprovação, deve retornar para o Executivo 
até o término da sessão legislativa em 22 de dezembro, conforme a 
Emenda Constitucional n. 50. A LOA é constituída pelos orçamentos: 
fiscal, de seguridade social e de investimento das empresas”. 
TEMA 5 – FERRAMENTAS ESTRATÉGICAS APLICADAS AO SETOR PÚBLICO 
Em virtude dos desafios da gestão pública contemporânea, do surgimento 
de novas tecnologias e do fortalecimento da cidadania as organizações públicas 
 
 
8 
tiveram de reestruturar sua forma de administrar com base em ferramentas 
criadas para a melhoria da gestão. 
De acordo com Castro (2014), as principais ferramentas para a melhoria 
da qualidade são: 
 formulário de coleta de dados; 
 benchmarking; 
 ciclo PDCA; 
 balanced scorecard (BSC); 
 mapas estratégicos; 
 matriz Swot; 
 5W2H; 
 brainstorming; 
 diagrama de causa e efeito; 
 diagrama de fluxo; 
 histograma; 
 diagrama de Pareto. 
NA PRÁTICA 
Assista ao programa Gestão em Debate do Planejamento Estratégico com 
foco em resultados. 
PLANEJAMENTO Estratégico com foco em resultados: o caso Dataprev – 
06/05/2014 (Parte 1 de 4). 16 maio 2014. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=lUdZ_VhZv_A>. Acesso em: 7 jun. 2018. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, vimos a importância da definição de planejamento estratégico 
nas ações públicas, a importância do planejamento participativo e as 
ferramentas estratégicas aplicadas ao setor público. 
 
 
 
9 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 1999. Responsabilidade 
Fiscal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 maio 2000. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp101.htm>. Acesso em: 7 jun. 
2018. 
_____. Planejamento estratégico 2012-2015. Disponível em: 
<http://www.planejamento.gov.br>. Acesso em: 7 jun. 2018. 
CASTRO, C. Gestão pública contemporânea. Curitiba: Editora InterSaberes, 
2014. 
COSTA, W. L. Gestão participativa na administração pública no cenário atual. 
São Paulo, ESAB, 2015. Disponível em: 
<http://wesley18.jusbrasil.com.br/artigos/>. Acesso em: 7 jun. 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO PÚBLICA 
CONTEMPORÂNEA 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Romulo Quenehen 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Em nossa quinta aula vamos estudar as políticas públicas: seus ciclos, os 
direitos fundamentais, as modalidades de parceria, a gestão participativa e a 
gestão por resultado. 
TEMA 1 – FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS 
As políticas públicas devem promover os direitos e garantias 
fundamentais preconizados pela Carta Magna de 1988. 
Os direitos são vantagens conferidas às pessoas e que limitam o 
Estado. Já as garantias podem ser definidas como mecanismos assecuratórios 
dos direitos citados. Têm por objetivo garantir seu exercício e, ainda, sanar a 
lesividade quando os direitos não estiverem sendo respeitados. Os direitos e 
garantias fundamentais estão previstos nos arts. 5º ao 17 da Constituição 
Federal (Brasil, 1988) 
Segundo Madrigal (2015), além de garantir os direitos fundamentais, 
A Constituição Federal de 1988 veio a consolidar direitos e a prever, 
em diversos dispositivos, a participação do cidadão na formulação, 
implementação e controle social das políticas públicas. Em especial 
os artigos 198, 204 e 206 da Constituição que deram origem a 
criação de conselhos de políticas públicas no âmbito da saúde, 
assistência social e educação nos três níveis de governo. Tais 
experiências provocaram a multiplicação de conselhos em outras 
áreas temáticas e níveis de governo. 
TEMA 2 – POLÍTICAS PÚBLICAS 
2.1 Contextualização 
 As políticas públicas são projetos de Estado administrados através de 
um governo ou administração pública com fins de satisfazer as necessidades 
da sociedade. 
A OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento 
Econômico (2010) em seu estudo sobre a “Formulação de Políticas Públicas” 
afirma: 
a confiança em instituições públicas na América Latina tende a ser, 
em média, o menor do mundo.Embora em alguns países da América 
Latina a gestão por resultados parece ser o elemento predominante 
para reconstruir a confiança pública, melhorar a qualidade das 
 
 
3 
políticas públicas é um passo fundamental para que se recupere a 
confiança. (OCDE, 2010) 
Segundo a OCDE (2010), os principais desafios para os países da América 
Latina em políticas públicas podem ser destacados como: 
 Capacidade técnica insuficiente; 
 Falta de coordenação entre as políticas setoriais; 
 Baixos níveis de participação; 
 Desconexão entre a formulação e implementação das políticas; 
Conforme a OCDE (2010), os países em desenvolvimento tendem a ser 
fracos na promoção das políticas públicas. Os cidadãos exigem prioridades e 
objetivos governamentais claros e relevantes, além de serviços e resultados 
que reflitam a otimização de recursos, divulgação de informações de 
desempenho e o financiamento adequado. 
No Brasil, a partir da década de 1990, as políticas públicas ganharam 
novos contornos. É o que afirmam Castro e Castro (2014): 
houve um reordenamento nas políticas públicas no Brasil, daí 
emergindo a necessidade de utilizar modelos de gestão de caráter 
participativo com a finalidade de promover ações da sociedade civil, 
do terceiro setor e de organizações não governamentais (ONGs), 
além da participação da população na formulação e na 
implementação das políticas públicas, principalmente no que diz 
respeito à garantia dos direitos dos cidadãos. 
 Ainda segundo Castro e Castro (2014), as políticas públicas estão 
inseridas no âmbito do poder social. A política está relacionada com o poder de 
maneira geral, e as políticas públicas têm ênfase em criar solução para temas 
públicos. 
2.2 Desafios 
O processo de políticas públicas enfrenta desafios comuns. Um século 
atrás, em muitos países, a formulação de políticas era um sistema fechado 
concentrado no centro político (gabinete ou presidente) no

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