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ISTs na APS Panorama Epidemiológico das ISTs O uso do termo Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), ao invés de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), alerta para a possibilidade de a pessoa apresentar, adquirir ou transmitir uma infecção, mesmo estando assintomática IST: problema de saúde pública frequente e têm múltiplas apresentações clínicas, causando impacto na qualidade e nas relações pessoais, familiares e sociais São causadas por mais de 30 agentes etiológicos e transmitidas basicamente por contato sexual. Outras formas de transmissão incluem via sanguínea ou transmissão durante a gestação, parto ou amamentação Grande maioria é assintomática ou com poucos sintomas A cada dia, há mais de 1 milhão de novos casos de ISTs curáveis entre pessoas de 15 a 49 anos. Isso equivale a mais de 376 milhões de novos casos anuais de quatro infecções - clamídia, gonorreia, tricomoníase e sífilis A cada ano, estima-se que 500 milhões de pessoas adquirem uma das IST curáveis (clamídia, gonorreia, tricomoníase e sífilis) ISTs: Bactéria: Neisseria gonorrhoeae (gonorreia) Chlamydia trachomatis (clamídia) Treponema pallidum (sífilis) Vírus: HIV Herpes simples tipo 2 (HSV-2) HPV Hepatite B (HBV) Protozoário: Trichomonas vaginalis Global Health Sector Strategy on Sexually Transmitted Infections 2016-2021 Acelerar e concentrar esforços abrangentes de prevenção por meio da ampliação de abordagens comportamentais, biomédicas e estruturais combinadas baseadas em evidências Facilitar o acesso das pessoas a informações sobre seu status de IST Melhorar o acesso ao tratamento e cuidados abrangentes de longo prazo quando necessário Desafiar a estigmatização e discriminação generalizadas Vigilância Epidemiológica No Brasil, a notificação à vigilância epidemiológica é obrigatória no caso de sífilis adquirida, sífilis em gestante, sífilis congênita, hepatites virais B e C, aids, infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV Promoção e Prevenção em Saúde Sexual e Reprodutiva Abordagem nas consultas e sala de espera Informação das formas de transmissão Acesso facilitado ao preservativo feminino ou masculino Abordagem em ações extramuros (populações-chave) Saúde nas escolas Saúde Sexual e Sexualidade Saúde sexual é uma estratégia para a promoção da saúde e do desenvolvimento humano e integra aspectos somáticos, emocionais, intelectuais e sociais do ser sexual, de maneiras que são positivamente enriquecedoras e que melhoram a personalidade, a comunicação, o prazer e o amor A sexualidade é definida como uma questão essencial do ser humano, que contempla sexo, identidades e papeis de gênero, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução, sendo influenciada por uma relação de aspectos biológicos, psicológicos, socioeconômicos, políticos, culturais, legais, históricos, religiosos e espirituais. O melhor método de prevenção é aquele que o indivíduo escolhe Sexo seguro: Usar preservativo Imunizar para HBV e HPV Conhecer o status sorológico para HIV das parcerias sexuais Testar regularmente para HIV e outras IST Tratar todas as pessoas vivendo com HIV - PVHIV Realizar exame preventivo de câncer de colo do útero (colpocitologia oncótica) Realizar Profilaxia Pré-Exposição (PsEP), quando indicado Conhecer e ter acesso à anticoncepção e concepção Realizar Profilaxia Pós-Exposição (PEP), quando indicado Abordagem Integral da IST assintomática Triagem para clamídia: gestantes de 15 a 24 anos Triagem para populações-chaves Testagem de rotina durante o pré-natal e parto Dispensação de preservativo masculino ou feminino Vacinação para HBV e HPV Tratamento e notificação da IST identificadas Abordagem Integral da IST sintomática Abordagem sindrômica Diagnóstico e tratamento adequado para interrupção da cadeia de transmissão Abordagem às parcerias sexuais: uma pessoa com IST nunca é só uma pessoa, é uma rede de parcerias sexuais que estão infectadas Triagem para outras IST Dispensação de preservativo masculino ou feminino Vacinação para HBV e HPV Prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatites virais Notificação da IST A anamnese, a identificação das diferentes vulnerabilidades e o exame físico Coleta de material biológico para exame laboratorial, se indicado Sempre que disponíveis, devem ser realizados exames para: Gonorreia Clamídia Sífilis HIV Hepatite B Hepatite C As amostras para os testes rápidos ou laboratoriais indicados devem ser colhidas no momento da primeira consulta; caso os resultados não estejam disponíveis imediatamente, a conduta terapêutica não deve ser postergada até a entrega destes É necessário estabelecer uma relação de confiança entre o profissional de saúde e a pessoa com IST para garantir a qualidade do atendimento, a adesão ao tratamento e a retenção no serviço Infecções que causam corrimento vaginal ou cervicite O corrimento vaginal é uma queixa comum, que ocorre principalmente na idade reprodutiva. Em serviços que atendem com frequência casos de IST, é o principal sintoma referido pelas mulheres atendidas Entre gestantes, é o primeiro ou segundo motivo da consulta, após verruga anogenital As infecções do trato reprodutivo (ITR) são divididas em: Infecções endógenas: candidíase vulvovaginal e vaginose bacteriana Infecções iatrogênicas: infecções pós-aborto, pós-parto IST: tricomoníase, infecção por C. trachomatis e N. gonorrhoeae Exame ginecológica na abordagem integral e ideal Examinar a genitália externa e região anal Separar os lábios vaginais para visualizar o introito vaginal integralmente Introduzir o espéculo para examinar a vagina, suas paredes, o fundo de saco e o colo uterino Fazer o teste de pH vaginal, colocando, por um minuto, a fita de papel indicador na parede vaginal lateral (evitar tocar o colo) Colher material para o teste de Whiff (teste das aminas ou do “cheiro” - em uma lâmina ou chamaço de gaze, acrescentar uma gota de KOH 10% sobre o conteúdo vaginal coletado, sendo positivo se apresentar cheiro de peixe podre) e para realização da bacterioscopia, quando disponível Havendo possibilidade de realização no local, coletar material endocervical para cultura de N. gonorrhoeae em meio de transporte e pesquisa de C. trachomatis e N. gonorrhoeae por biologia molecular; a amostra para biologia molecular pode ser substituída pela urina de 1º jato (armazenada na bexiga no mínimo por 4 horas), seguindo as orientações da coleta e armazenamento. A colpocitologia oncótica e a colposcopia não devem ser realizados com o intuito de diagnosticar vulvovaginite, vaginose e cervicite. Quando indicados (ex: para rastreio de neoplasia intraepitelial cervical), devem preferencialmente ser realizados após tratamento das ITR. Candidíase vulvovaginal (CVV) A maioria das CVV não são complicadas e respondem a vários esquemas terapêuticos 5% das mulheres apresentam inabilidade de controle do processo agudo, o que leva à instalação da forma recorrente do agravo (4 ou mais episódios sintomáticos no ano) CVV clássica Prurido, ardência, corrimento geralmente grumoso, sem odor, dispareunia de introito vaginal e disúria externa Sinais característicos: Eritema e fissuras vulvares Corrimento grumoso, com placas aderidas à parede vaginal, de cor branca Edema vulvar Escoriações e lesões satélites, por vezes, pustulosas pelo ato de coçar Diagnóstico Para a citologia a fresco, utiliza-se soro fisiológico e hidróxido de potássio a 10% a fim de visibilizar a presença de hifas e/ou esporos de fungos A CVV está associada à pH normal vaginal (<4,5) Fatores de risco Gravidez Obesidade Diabetes mellitus descompensado Uso de corticoides, antibióticos, contraceptivos orais, imunossupressores ou quimio/radioterapia Alterações na resposta imunológica (imunodeficiência) Hábitosde higiene e vestuário que aumentem a umidade e o calor local Contato com substâncias alergênicas e/ou irritantes Infecção pelo HIV Tratamento Vaginose Bacteriana É caracterizada por um desequilíbrio da flora vaginal normal, devido ao aumento exagerado de bactérias anaeróbicas, além de Gardnerella vaginalis, Ureaplamas sp., Mycoplasma sp., associado à ausência ou diminuição acentuada das lactobacilos acidófilos Características clínicas: Corrimento vaginal com odor fétido, branco-acinzentado e de aspecto fluido ou cremoso, algumas vezes com presença de bolhas É a desordem mais frequente do trato genital inferior entre mulheres em idade reprodutiva (gestantes ou não) e a causa mais prevalente de corrimento vaginal com odor fétido Diagnóstico clínico-laboratorial se confirma quando estiverem presentes 3 dos seguintes (critérios de Amsel): Corrimento vaginal homogêneo, geralmente acinzentado e de quantidade variável pH>4,5 Teste de Whiff ou teste da amina KOH 10% positivo Presença de clue cells na bacterioscopia Tratamento: Tricomoníase Causada pelo Trichomonas vaginalis Características clínicas: Corrimento abundante, amarelado ou amarelo esverdeado e bolhoso Prurido e/ou irritação vulvar Dor pélvica (ocasionalmente) Sintomas urinários: disúria, polaciúria Hiperemia da mucosa, com placas avermelhadas (colpite difusa e/ou focal, com aspecto de framboesa) 30% dos casos são assintomáticos Diagnóstico laboratorial: visualização dos protozoários móveis em material de endocérvice, através de pesquisa direta Tratamento: Cervicite Frequentemente assintomáticas (70 a 80%) Principais queixas: Corrimento vaginal Sangramento intermenstrual ou pós-coito Dispareunia Disúria Palaciúria Dor pélvica crônica Principais agentes etiológicos: Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae No exame físico, podem estar presentes: Dor à mobilização do colo uterino Material mucopurulento no orifício externo do colo Edema cervical e sangramento ao toque da espátula ou swab Exame especular: presença de muco-pus cervical, friabilidade do colo ou teste do cotonete - tratar para clamídia e gonococo Principais complicações da cervicite por clamídia e gonorreia quando não tratadas: Dor pélvica DIP Gravidez ectópica Infertilidade O diagnóstico sindrômico de cervicite não se preta para uma aplicação em massa, tendo em vista que o agravo é assintomático em uma frequência que pode atingir até 93,3% Diagnóstico: Detecção do material genético dos agentes infecciosos por biologia molecular - método de escolha para todos os casos, sintomáticos e assintomáticos Para sintomáticos, a cervicite gonocócica também pode ser diagnosticada pela identificação do gonococo após cultura em meio seletivo, a partir de amostras endocervicais. Infecções que causam corrimento uretral Uretrites são caracterizadas por inflamação e corrimento uretral Os agentes microbianos das uretrites podem ser transmitidos por relação sexual vaginal, anal e oral Corrimento costuma ter aspecto que varia de mucoide a purulento, com volume variável, estando associado a dor uretral (independentemente da micção), disúria, estrangúria (micção lenta e dolorosa), prurido uretral e eritema de meato uretral Fatores associados às uretrites: Idade jovem Baixo nível socioeconômico Múltiplas parcerias ou nova parceria sexual Histórico de IST Uso irregular de preservativos Etiologia das Uretrites Agentes etiológicos mais frequentes: Neisseria gonorrhoeae Clamidia trachomatis Outros agentes: Trichomonas vaginalis Ureaplasma urealyticum Enterobactérias (nas relações anais insertivas) Mycoplasma genitalium Vírus do herpes simples (HSV) Adenovírus Candida sp Causas traumáticas (produtos e objetos utilizados na prática sexual) devem ser consideradas no diagnóstico diferencial das uretrites Uretrite Gonocócica Processo infeccioso e inflamatório da mucosa uretral, causado pela Neisseria gonorrhoeae (diplococo gram-negativo intracelular) Risco de transmissão de um parceiro infectado a outro é aproximadamente 50% por ato sexual A infecção uretral no homem é assintomática em menos de 10% dos casos. Nos casos sintomáticos, há presença de corrimento em mais de 80% e de disúria em mais de 50%. o período de incubação costuma ser de 2 a 5 dias após a infecção. Nas mulheres, a uretrite gonocócica é frequentemente assintomática Uretrite não gonocócica Uretrite sintomática cuja bacterioscopia pela coloração de gram, cultura e detecção de material genética por biologia molecular são negativas para o gonococo Vários agentes podem causar essas infecções: Chlamydia trachomatis (50%) Mycoplasma genitalium Ureaplasma urealyticum Mycoplasma hominis Trichomonas vaginalis Transmissão: contato sexual (risco de 20% por ato) Período de incubação no homem: 14 a 21 dias Observações sobre os tratamentos Durante o tratamento com metronidazol, deve-se evitar a ingestão de álcool - efeito antabuse, devido à interação de derivados imidazólicos com álcool, caracterizado por mal-estar, náuseas, tonturas e “gosto metálico na boca”) Durante o tratamento, deve-se suspender as relações sexuais Manter o tratamento durante a menstruação O tratamento das parcerias sexuais, quando indicado, deve ser realizado de forma preferencialmente presencial, com a devida orientação, solicitação de exames de outras IST (sífilis, HIV, hepatites B e C) e identificação, captação e tratamento de outras parcerias sexuais, buscando a cadeia de transmissão. Sífilis Agente etiológico: Treponema pallidum Baixa resistência ao meio ambiente - é sensível à ação do sabão e de outros desinfetantes Formas de transmissão: Sexual (maior nos estágios iniciais) Vertical Em gestantes não tratadas ou tratadas inadequadamente a taxa de transmissão é até 80% para o feto nos estágios iniciais Curso clínico da Sífilis não tratada Lesões secundárias: exantema difuso, mancha na palma das mãos, manchas descamativas Sífilis terciária: acometimento neurológico, visual, cardíaco Abordagem integral Promoção e Prevenção em Saúde Sexual e Reprodutiva Abordagem nas consultas e sala de espera Informação das formas de transmissão Acesso facilitado ao preservativo feminino ou masculino Abordagem em ações extramuros (populações-chave) Saúde nas escolas Diagnóstico de Sífilis Identificar manifestações clínicas Solicitar os testes Executar o teste rápido Intrepretar os testes Suspeitar o tempo todo Apresentação Clínica de Sífilis Primária Após o contato sexual infectante, ocorre um período de incubação com duração entre 10 a 90 dias (média de 3 semanas) A primeira manifestação é caracterizada por uma erosão ou úlcera no local de entrada da bactéria conhecida como cancro duro e é geralmente única, indolor, com base endurecida e fundo limpo, sendo rica em treponema Geralmente, é acompanhada de linfadenopatia inguinal Pode durar entre 2 e 6 semanas e desaparecer de forma espontânea, independentemente de tratamento Apresentação Clínica de Sífilis Secundária Sinais e sintomas surgem entre 6 semanas e 6 meses após a infecção inicial e duram em média entre 4 e 12 semanas, mas as lesões podem recrudescer em surtos por até 2 anos As lesões são ricas em treponemas, podendo ocorrer: Erupções em forma de máculas 9roséola) e/ou pápulas, principalmente no tronco Lesões eritemato-escamosas palmo- plantares (essa localização sugere fortemente o diagnóstico de sífilis no estágio secundário) Placas eritematosas branco-acinzentadas nas mucosas Lesões pápulo-hipertróficas nas mucosas ou pregas cutâneas (condiloma plano ou condiloma lata) Alopecia em clareira e madarose (perda de sobrancelha, em especial do terço distal) Febre Mal-estar Cefaleia Adinamia Linfadenopatia generalizada Sífilis Terciária Ocorre em aproximadamente 30% dos pacientes não tratados após um longo período delatência, podendo surgir entre 2 e 40 anos depois do início da infecção É considerada rara, devido ao fato de que a maioria da população recebe indiretamente, ao longo da vida, antibióticos com ação sobre T. pallidum Manifesta-se na forma de inflamação e destruição tecidual Também é comum o acometimento neurológico e cardiovascular Verifica-se a formação de gomas sifilíticas (tumorações com tendência à liquefação) em pele, mucosas, ossos ou qualquer tecido Testes Imunológicos Exames diretos: a pesquisa direta de T. pallidum nas sífilis primária e secundária pode ser feita pela microscopia de campo escuro (sensibilidade de 74% a 85%). Quando isso não é possível, a pesquisa do treponema pode ser realizada por imunofluorescência direta e biópsias Testes imunológicos: são os mais utilizados na prática - dividem-se em treponêmicos e não treponêmicos Testes Treponêmicos São testes que detectam anticorpos específicos produzidos contra os antígenos do T. pallidum São os primeiros a se tornarem reagente, sendo importantes para a confirmação do diagnóstico Na maioria das vezes, mesmo após o tratamento permanecem positivos pelo resto da vida do paciente, por isso não são indicados para o monitoramento da resposta ao tratamento Exemplos: Testes de hemaglutinação e aglutinação passiva (TPHA) Teste de imunofluorescência indireta (FTA-Abs) Quimioluminescência (EQL) Ensaio imunoenzimático indireto (ELISA) Testes rápidos (imunocromatográficos): práticos e de fácil execução podendo ser realizados com amostras de sangue total colhidas por punção venosa ou por punção digital Testes Não Treponêmicos Aqueles que detectam anticorpos não específicos (anticorpos anticardiolipina) para os antígenos do T. pallidum e podem ser qualitativos ou quantitativos Tornam-se reagentes cerca de 1 a 3 semanas após o aparecimento do cancro duro Teste qualitativo indica a presença ou ausência de anticorpo na amostra Teste quantitativo permite a titulação de anticorpos O resultado vem expresso em títulos sendo importante para o diagnóstico e monitoramento da resposta ao tratamento, já que a queda do título é indicativa de sucesso terapêutico Exemplos: VDRL RPR TRUST Se a infecção for detectada no VDRL em fases tardias, são esperados títulos baixos (<1:4), que podem persistir por meses ou anos Diagnóstico Para a confirmação do diagnóstico de sífilis, é necessária também a realização de um teste treponêmico Para o diagnóstico da sífilis, devem ser utilizados um dos testes treponêmicos + um dos testes não treponêmicos A ordem de realização fica a critério do serviço de saúde Quando o teste rápido for utilizado como triagem, nos casos reagentes, uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste não treponêmico Na gestante, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste reagente, sem aguardar o resultado do segundo teste Tratamento - Penicilina Única opção de tratamento da sífilis na gestação A possibilidade de reação anafilática é de 0,002% O receio de ocorrência de reação anafilática não deve ser impeditivo para a administração de penicilina na prevenção da sífilis congênita Usa-se adrenalina no tratamento de reações anafiláticas e o paciente deve ser referenciado à unidade especializada Reação de Jarisch-Herxheimer Após a primeira dose de penicilina, o paciente pode apresentar exacerbação das lesões cutâneas - com eritema, dor ou prurido -, as quais regridem espontaneamente após 12 a 24 horas, sem a necessidade da descontinuidade do tratamento Essa reação não configura alergia à penicilina e ocorre em resposta ao derrame de proteínas e de outras estruturas dos treponemas mortos pela penicilina na corrente sanguínea Mais comum em pacientes que recebem tratamento na fase secundária da sífilis Tipicamente, vem acompanhada de febre, artralgia e mal-estar Acompanhamento dos casos Avaliar reinfecção, falha no tratamento e foco não tratado É necessário registrar na caderneta de pré-natal da gestante todas as medidas que compõem as ações para prevenir a sífilis congênita, evitando que a criança exposta seja submetida a intervenções desnecessárias no pós-parto Seguimento pós-tratamento: Critérios de Retratamento Não redução da titulação em 2 diluições no intervalo de 6 meses (sífilis primária, secundária e latente recente) ou 12 meses (sífilis tardia) após o tratamento adequado OU Aumento da titulação em 2 diluições em qualquer momento do seguimento OU Persistência ou recorrência de sinais e sintomas de sífilis em qualquer momento do seguimento Abordagem da parceria sexual Esforço para a testagem e tratamento das parcerias sexuais Interromper a cadeia de transmissão e reinfecção Busca ativa Sigilo Notificação dos Casos Obrigatória para sífilis adquiridas, em gestantes (pré-natal, parto e puerpério), congênita Acionar Vigilância Epidemiológica e receber auxílio no manejo do caso e parcerias sexuais Programação e planejamento de enfrentamento da epidemia de sífilis Definição de Casos para Notificação Considera-se tratamento adequado da gestante na ficha de sífilis congênita: Tratamento completo para estágio clínico da sífilis com penicilina benzatina e iniciado até 30 dias antes do parto Desconsidera a informação do tratamento concomitante da parceria sexual das gestantes SÍFILIS CONGÊNITA SÍFILIS ADQUIRIDA SÍFILIS EM GESTANTES Hiv Ações que se destacaram mundialmente da reação brasileira à epidemia de HIV/aids: Oferta universal e gratuita de TARV a todos os usuários do SUS que preencham os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde Licenciamento compulsório, em 2007, das patentes de medicamentos antirretrovirais, fazendo com que o Brasil liderasse o mundo As ações de prevenção desempenhadas ao longo das últimas décadas, com destaque para a massificação da testagem na rede de saúde do SUS Perfil estabilizado na população geral Descentralização das ações de prevenção para a Atenção Básica, possibilitando maior cobertura e acessibilidade dos usuários do prevenção ao HIV História natural e Diagnóstico da infecção pelo HIV Vírus da família dos rotavírus Exitem dois tipos de HIV: HIV-1 (maioria dos casos notificados no Brasil) e HIV-2 Ambos infectam células do sistema imunológico, como linfócitos TCD4+ e macrófagos, causando sua morte e levando o indivíduo a um quadro de imunodeficiência, deixando-o suscetível a infecções oportunistas Os processos inflamatórios ou infecciosos, como todas as demais ISTs e infecções do trato genital inferior levando à formação de microfissuras promovem maior risco de aquisição ou transmissão do HIV Transmissão vertical: pode ocorrer durante a gravidez, no parto e na amamentação Com as medidas atualmente disponíveis, se instituídas no tempo adequado, o risco de transmissão pode se aproximar de zero. Por isso é tão importante realizar o teste rápido para HIV já na primeira consulta de pré-natal, durante o seguimento da gestante, bem como na maternidade, no momento do parto O diagnóstico, quando feito no início da gestação, possibilita os melhores resultados relacionados ao controle da infecção materna e, consequentemente, os melhores resultados de profilaxia da transmissão vertical desse vírus Por este motivo, o teste anti-HIV deve ser oferecido a todas as gestantes tão logo se inicie o pré-natal A adesão à testagem deve ser sempre voluntária e confidencial Resultado positivo: O impacto do resultado positivo costuma ser intenso, tanto para a gestante quanto para o profissional É fundamental que o profissional esteja preparado para oferecer apoio emocional, respeitando o tempo da gestante, bem como a reação ao resultado Informações sobre o significado do resultado, as possibilidades de tratamento para a gestante e a possibilidade de evitar a infecção de seu bebê, encaminhamentos necessários e discussão sobre as medidas de prevenção a serem adotadas,devem ser oferecidas e abordadas de acordo com a condição emocional das gestantes, assim como seu grau de escolaridade Caso a primeira testagem resulte positiva, realiza-se o aconselhamento pós-teste, orientando a gestante sobre a importância de usar anti-retrovirais para prevenir a transmissão vertical e de evitar a amamentação, além de efetuar-se a notificação de casos de gestante comHIV UBS com profissionais capacitados e com experiência no seguimento de pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) podem monitorar a gestante até que seja necessário iniciar TARV É importante manter o acompanhamento conjunto entre UBS e a Unidade de Referência para apoio psicossocial, acesso a insumos de prevenção, melhora da adesão, reconhecimento precoce de eventos adversos à TARV, acesso aos anti-retrovirais facilitado e acompanhamento clínico-obstétrico, formando uma rede integral de atenção à saúde A infecção pelo HIV cursa com um amplo espectro de apresentações clínicas desde a fase aguda até a fase avançada da doença Em indivíduos não tratados, o tempo médio entre o contágio e o aparecimento da aids pode variar de 3 a 10 anos, a depender de fatores como carga viral do HIV e presença de coinfecções, entre outros Síndrome Aguda pelo HIV - Síndrome Retroviral Aguda (SRA) Ocorre nas primeiras semanas da infecção, quando o vírus está replicando intensivamente nos tecidos linfoides Durante essa fase, tem-se uma carga viral do HIV elevada e níveis decrescentes de linfócitos, em especial os linfócitos TCD4+ (LT - CD4+), uma vez que estes são recrutados para a replicação viral O indivíduo, nesse período, torna-se altamente infectante Principais achados clínicos: Febre Cefaleia Astenia Adenopatia Faringite Exantema Mialgia Podem ocorrer ainda: Sintomas digestivos: náuseas, vômitos, diarreia, perda de peso, úlceras orais Cefaleia e dor ocular são manifestações neurológicas mais comuns, mas pode ocorrer raramente quadro de meningite asséptica, neurite periférica sensitiva ou motora, paralisia do nervo facial ou Síndrome de Guillan-Barré É autolimitada Maior parte dos sinais e sintomas desaparece em 3 a 4 semanas A positividade da sorologia para HIV pode variar bastante nessa fase, dependendo do ensaio utilizado. Em média, a janela diagnóstica dos imunoensaios de quarta geração é de aproximadamente 15 dias É muito importante que o médico, diante de um quadro viral agudo, considere a infecção aguda pelo HIV entre os diagnósticos possíveis e investigue potenciais fontes de exposição ao vírus Latência Clínica e Fase Sintomática O exame físico costuma ser normal, exceto pela linfadenopatia que pode persistir após a infecção aguda Podem ocorrer alterações nos exames laboratoriais, sendo a plaquetopenia um achado comum, embora sem repercussão clínica na maioria dos casos. Anemia (normocrômica e normocítica) e leucopenia leves podem estar presentes Enquanto a contagem de LT-CD4+ permanecer acima de 350 céls/mm3, os episódios infecciosos mais frequentes são geralmente bacterianos, como as infecções respiratórias ou mesmo tuberculose Diminuição na contagem de LT-CD4+, situada entre 200 e 300 céls/mm3 - sintomas constitucionais (febre baixa, perda ponderal, sudorese noturna, fadiga), diarreia crônica, cefaleia, alterações neurológicas, infecções bacterianas (pneumonia, sinusite, bronquite) e lesões orais, como a leucoplasia oral pilosa, tornam-se mais frequentes, além do herpes-zoster Síndrome da Imunodeficiência Adquirida Neste estágio ocorre o surgimento de infecções oportunistas e algumas neoplasias Infecções oportunistas mais importantes: Pneumocistose Neurotoxoplasmose Tuberculose pulmonar atípica ou disseminada Meningite criptocócica Retinite por citomegalovírus Neoplasias: sarcoma de Kaposi (SK), linfoma não Hodglin, CA de colo uterino em mulheres jovens Contagem de LT-CD4+ abaixo de 200 céls/mm3 Diagnóstico Laboratorial Oferecer a testagem para o HIV e outras IST durante avaliações de rotina, mesmo na ausência de sintomas, emespecial à população jovem, permite construir um vínculo maior entre profissional e paciente e diagnosticar precocemente a infecção, instituindo-se, assim, os benefícios do tratamento e melhorando o prognóstico e qualidade de vida do usuário e de suas parcerias Os testes rápidos atualmente disponíveis possuem metodologia semelhante à do teste ELISA, tradicionalmente usada para a triagem de pacientes com suspeita de infecção pelo HIV Na primeira consulta deverá ser solicitado o teste de quantificação da carga viral (CV) do HIV-1. CV igual ou superior a 5000 cópias/mL, confirma a infecção pelo HIV Se CV for inferior a 5000 cópias/mL e TR positivo, fazer ensaio sorológico complementar para esclarecer diagnóstico Abordagem inicial do paciente infectado pelo HIV Acolhimento e avaliação Anamnese Exame físico geral e específico Exames complementares Exames de CD4 e CV CV é utilizada para monitoramente da resposta ao tratamento antirretroviral e detecção precoce da falha virológica Terapia antirretroviral (TARV) Diminuir a morbidade e a mortalidade das PVHIV, melhorando a qualidade e a expectativa de vida e não erradicar a infecção pelo HIV Foco principal: reduzir o risco de infecções oportunistas, evolução para aids e óbito A TARV poderá ser iniciada desde que o paciente seja esclarecido sobre os seus benefícios e riscos, além de estar fortemente motivada e preparada para o tratamento, respeitando-se a autonomia do indivíduo Em nenhuma situação deverá haver qualquer tipo de coerção para início da TARV Terapia inicial deve sempre incluir combinações de 3 antirretrovirais, sendo dois ITRN associados a uma outra classe de antirretrovirais, como ITRNN, IP/r ou INI Falha virológica
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