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Abordagem das ISTs na Atenção Primária

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ISTs na APS
Panorama Epidemiológico das ISTs
 O uso do termo Infecções Sexualmente
Transmissíveis (IST), ao invés de Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST), alerta para a
possibilidade de a pessoa apresentar, adquirir
ou transmitir uma infecção, mesmo estando
assintomática
 IST: problema de saúde pública frequente e têm
múltiplas apresentações clínicas, causando
impacto na qualidade e nas relações pessoais,
familiares e sociais
 São causadas por mais de 30 agentes etiológicos
e transmitidas basicamente por contato sexual.
Outras formas de transmissão incluem via
sanguínea ou transmissão durante a gestação,
parto ou amamentação
 Grande maioria é assintomática ou com poucos
sintomas
 A cada dia, há mais de 1 milhão de novos casos
de ISTs curáveis entre pessoas de 15 a 49 anos.
Isso equivale a mais de 376 milhões de novos
casos anuais de quatro infecções - clamídia,
gonorreia, tricomoníase e sífilis
 A cada ano, estima-se que 500 milhões de
pessoas adquirem uma das IST curáveis
(clamídia, gonorreia, tricomoníase e sífilis)
 ISTs:
 Bactéria:
 Neisseria gonorrhoeae (gonorreia)
 Chlamydia trachomatis (clamídia)
 Treponema pallidum (sífilis)
 Vírus:
 HIV
 Herpes simples tipo 2 (HSV-2)
 HPV
 Hepatite B (HBV)
 Protozoário:
 Trichomonas vaginalis
 Global Health Sector Strategy on Sexually
Transmitted Infections 2016-2021
 Acelerar e concentrar esforços abrangentes
de prevenção por meio da ampliação de
abordagens comportamentais, biomédicas e
estruturais combinadas baseadas em
evidências
 Facilitar o acesso das pessoas a informações
sobre seu status de IST
 Melhorar o acesso ao tratamento e cuidados
abrangentes de longo prazo quando
necessário
 Desafiar a estigmatização e discriminação
generalizadas
Vigilância Epidemiológica
 No Brasil, a notificação à vigilância
epidemiológica é obrigatória no caso de sífilis
adquirida, sífilis em gestante, sífilis congênita,
hepatites virais B e C, aids, infecção pelo HIV em
gestante, parturiente ou puérpera e criança
exposta ao risco de transmissão vertical do HIV
Promoção e Prevenção em Saúde
Sexual e Reprodutiva
 Abordagem nas consultas e sala de espera
 Informação das formas de transmissão
 Acesso facilitado ao preservativo feminino ou
masculino
 Abordagem em ações extramuros
(populações-chave)
 Saúde nas escolas
Saúde Sexual e Sexualidade
 Saúde sexual é uma estratégia para a promoção
da saúde e do desenvolvimento humano e
integra aspectos somáticos, emocionais,
intelectuais e sociais do ser sexual, de maneiras
que são positivamente enriquecedoras e que
melhoram a personalidade, a comunicação, o
prazer e o amor
 A sexualidade é definida como uma questão
essencial do ser humano, que contempla sexo,
identidades e papeis de gênero, orientação
sexual, erotismo, prazer, intimidade e
reprodução, sendo influenciada por uma relação
de aspectos biológicos, psicológicos,
socioeconômicos, políticos, culturais, legais,
históricos, religiosos e espirituais.
 O melhor método de prevenção é aquele que o
indivíduo escolhe
 Sexo seguro:
 Usar preservativo
 Imunizar para HBV e HPV
 Conhecer o status sorológico para HIV das
parcerias sexuais
 Testar regularmente para HIV e outras IST
 Tratar todas as pessoas vivendo com HIV -
PVHIV
 Realizar exame preventivo de câncer de colo
do útero (colpocitologia oncótica)
 Realizar Profilaxia Pré-Exposição (PsEP),
quando indicado
 Conhecer e ter acesso à anticoncepção e
concepção
 Realizar Profilaxia Pós-Exposição (PEP),
quando indicado
Abordagem Integral da IST
assintomática
 Triagem para clamídia: gestantes de 15 a 24
anos
 Triagem para populações-chaves
 Testagem de rotina durante o pré-natal e parto
 Dispensação de preservativo masculino ou
feminino
 Vacinação para HBV e HPV
 Tratamento e notificação da IST identificadas
Abordagem Integral da IST
sintomática
 Abordagem sindrômica
 Diagnóstico e tratamento adequado para
interrupção da cadeia de transmissão
 Abordagem às parcerias sexuais: uma pessoa
com IST nunca é só uma pessoa, é uma rede de
parcerias sexuais que estão infectadas
 Triagem para outras IST
 Dispensação de preservativo masculino ou
feminino
 Vacinação para HBV e HPV
 Prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis
e hepatites virais
 Notificação da IST
 A anamnese, a identificação das diferentes
vulnerabilidades e o exame físico
 Coleta de material biológico para exame
laboratorial, se indicado
 Sempre que disponíveis, devem ser realizados
exames para:
 Gonorreia
 Clamídia
 Sífilis
 HIV
 Hepatite B
 Hepatite C
 As amostras para os testes rápidos ou
laboratoriais indicados devem ser colhidas no
momento da primeira consulta; caso os
resultados não estejam disponíveis
imediatamente, a conduta terapêutica não deve
ser postergada até a entrega destes
 É necessário estabelecer uma relação de
confiança entre o profissional de saúde e a
pessoa com IST para garantir a qualidade do
atendimento, a adesão ao tratamento e a
retenção no serviço
Infecções que causam corrimento
vaginal ou cervicite
 O corrimento vaginal é uma queixa comum, que
ocorre principalmente na idade reprodutiva.
 Em serviços que atendem com frequência casos
de IST, é o principal sintoma referido pelas
mulheres atendidas
 Entre gestantes, é o primeiro ou segundo motivo
da consulta, após verruga anogenital
 As infecções do trato reprodutivo (ITR) são
divididas em:
 Infecções endógenas: candidíase
vulvovaginal e vaginose bacteriana
 Infecções iatrogênicas: infecções pós-aborto,
pós-parto
 IST: tricomoníase, infecção por C.
trachomatis e N. gonorrhoeae
Exame ginecológica na abordagem integral e
ideal
 Examinar a genitália externa e região anal
 Separar os lábios vaginais para visualizar o
introito vaginal integralmente
 Introduzir o espéculo para examinar a vagina,
suas paredes, o fundo de saco e o colo uterino
 Fazer o teste de pH vaginal, colocando, por um
minuto, a fita de papel indicador na parede
vaginal lateral (evitar tocar o colo)
 Colher material para o teste de Whiff (teste das
aminas ou do “cheiro” - em uma lâmina ou
chamaço de gaze, acrescentar uma gota de KOH
10% sobre o conteúdo vaginal coletado, sendo
positivo se apresentar cheiro de peixe podre) e
para realização da bacterioscopia, quando
disponível
 Havendo possibilidade de realização no local,
coletar material endocervical para cultura de N.
gonorrhoeae em meio de transporte e pesquisa
de C. trachomatis e N. gonorrhoeae por biologia
molecular; a amostra para biologia molecular
pode ser substituída pela urina de 1º jato
(armazenada na bexiga no mínimo por 4 horas),
seguindo as orientações da coleta e
armazenamento.
 A colpocitologia oncótica e a colposcopia não
devem ser realizados com o intuito de
diagnosticar vulvovaginite, vaginose e cervicite.
Quando indicados (ex: para rastreio de neoplasia
intraepitelial cervical), devem preferencialmente
ser realizados após tratamento das ITR.
Candidíase vulvovaginal (CVV)
 A maioria das CVV não são complicadas e
respondem a vários esquemas terapêuticos
 5% das mulheres apresentam inabilidade de
controle do processo agudo, o que leva à
instalação da forma recorrente do agravo (4 ou
mais episódios sintomáticos no ano)
CVV clássica
 Prurido, ardência, corrimento geralmente
grumoso, sem odor, dispareunia de introito
vaginal e disúria externa
 Sinais característicos:
 Eritema e fissuras vulvares
 Corrimento grumoso, com placas aderidas à
parede vaginal, de cor branca
 Edema vulvar
 Escoriações e lesões satélites, por vezes,
pustulosas pelo ato de coçar
Diagnóstico
 Para a citologia a fresco, utiliza-se soro
fisiológico e hidróxido de potássio a 10% a fim
de visibilizar a presença de hifas e/ou esporos
de fungos
 A CVV está associada à pH normal vaginal (<4,5)
Fatores de risco
 Gravidez
 Obesidade
 Diabetes mellitus descompensado
 Uso de corticoides, antibióticos, contraceptivos
orais, imunossupressores ou
quimio/radioterapia
 Alterações na resposta imunológica
(imunodeficiência)
 Hábitosde higiene e vestuário que aumentem a
umidade e o calor local
 Contato com substâncias alergênicas e/ou
irritantes
 Infecção pelo HIV
Tratamento
Vaginose Bacteriana
 É caracterizada por um desequilíbrio da flora
vaginal normal, devido ao aumento exagerado de
bactérias anaeróbicas, além de Gardnerella
vaginalis, Ureaplamas sp., Mycoplasma sp.,
associado à ausência ou diminuição acentuada
das lactobacilos acidófilos
 Características clínicas:
 Corrimento vaginal com odor fétido,
branco-acinzentado e de aspecto fluido ou
cremoso, algumas vezes com presença de
bolhas
 É a desordem mais frequente do trato genital
inferior entre mulheres em idade reprodutiva
(gestantes ou não) e a causa mais prevalente de
corrimento vaginal com odor fétido
 Diagnóstico clínico-laboratorial se confirma
quando estiverem presentes 3 dos seguintes
(critérios de Amsel):
 Corrimento vaginal homogêneo, geralmente
acinzentado e de quantidade variável
 pH>4,5
 Teste de Whiff ou teste da amina KOH 10%
positivo
 Presença de clue cells na bacterioscopia
 Tratamento:
Tricomoníase
 Causada pelo Trichomonas vaginalis
 Características clínicas:
 Corrimento abundante, amarelado ou
amarelo esverdeado e bolhoso
 Prurido e/ou irritação vulvar
 Dor pélvica (ocasionalmente)
 Sintomas urinários: disúria, polaciúria
 Hiperemia da mucosa, com placas
avermelhadas (colpite difusa e/ou focal,
com aspecto de framboesa)
 30% dos casos são assintomáticos
 Diagnóstico laboratorial: visualização dos
protozoários móveis em material de endocérvice,
através de pesquisa direta
 Tratamento:
Cervicite
 Frequentemente assintomáticas (70 a 80%)
 Principais queixas:
 Corrimento vaginal
 Sangramento intermenstrual ou pós-coito
 Dispareunia
 Disúria
 Palaciúria
 Dor pélvica crônica
 Principais agentes etiológicos: Chlamydia
trachomatis e Neisseria gonorrhoeae
 No exame físico, podem estar presentes:
 Dor à mobilização do colo uterino
 Material mucopurulento no orifício externo
do colo
 Edema cervical e sangramento ao toque da
espátula ou swab
 Exame especular: presença de muco-pus cervical,
friabilidade do colo ou teste do cotonete - tratar
para clamídia e gonococo
 Principais complicações da cervicite por
clamídia e gonorreia quando não tratadas:
 Dor pélvica
 DIP
 Gravidez ectópica
 Infertilidade
 O diagnóstico sindrômico de cervicite não se
preta para uma aplicação em massa, tendo em
vista que o agravo é assintomático em uma
frequência que pode atingir até 93,3%
 Diagnóstico:
 Detecção do material genético dos agentes
infecciosos por biologia molecular - método
de escolha para todos os casos, sintomáticos
e assintomáticos
 Para sintomáticos, a cervicite gonocócica
também pode ser diagnosticada pela
identificação do gonococo após cultura em
meio seletivo, a partir de amostras
endocervicais.
Infecções que causam corrimento
uretral
 Uretrites são caracterizadas por inflamação e
corrimento uretral
 Os agentes microbianos das uretrites podem ser
transmitidos por relação sexual vaginal, anal e
oral
 Corrimento costuma ter aspecto que varia de
mucoide a purulento, com volume variável,
estando associado a dor uretral
(independentemente da micção), disúria,
estrangúria (micção lenta e dolorosa), prurido
uretral e eritema de meato uretral
 Fatores associados às uretrites:
 Idade jovem
 Baixo nível socioeconômico
 Múltiplas parcerias ou nova parceria sexual
 Histórico de IST
 Uso irregular de preservativos
Etiologia das Uretrites
 Agentes etiológicos mais frequentes:
 Neisseria gonorrhoeae
 Clamidia trachomatis
 Outros agentes:
 Trichomonas vaginalis
 Ureaplasma urealyticum
 Enterobactérias (nas relações anais
insertivas)
 Mycoplasma genitalium
 Vírus do herpes simples (HSV)
 Adenovírus
 Candida sp
 Causas traumáticas (produtos e objetos
utilizados na prática sexual) devem ser
consideradas no diagnóstico diferencial das
uretrites
Uretrite Gonocócica
 Processo infeccioso e inflamatório da mucosa
uretral, causado pela Neisseria gonorrhoeae
(diplococo gram-negativo intracelular)
 Risco de transmissão de um parceiro infectado a
outro é aproximadamente 50% por ato sexual
 A infecção uretral no homem é assintomática em
menos de 10% dos casos. Nos casos sintomáticos,
há presença de corrimento em mais de 80% e de
disúria em mais de 50%. o período de incubação
costuma ser de 2 a 5 dias após a infecção.
 Nas mulheres, a uretrite gonocócica é
frequentemente assintomática
Uretrite não gonocócica
 Uretrite sintomática cuja bacterioscopia pela
coloração de gram, cultura e detecção de
material genética por biologia molecular são
negativas para o gonococo
 Vários agentes podem causar essas infecções:
 Chlamydia trachomatis (50%)
 Mycoplasma genitalium
 Ureaplasma urealyticum
 Mycoplasma hominis
 Trichomonas vaginalis
 Transmissão: contato sexual (risco de 20% por
ato)
 Período de incubação no homem: 14 a 21 dias
Observações sobre os tratamentos
 Durante o tratamento com metronidazol,
deve-se evitar a ingestão de álcool - efeito
antabuse, devido à interação de derivados
imidazólicos com álcool, caracterizado por
mal-estar, náuseas, tonturas e “gosto metálico na
boca”)
 Durante o tratamento, deve-se suspender as
relações sexuais
 Manter o tratamento durante a menstruação
 O tratamento das parcerias sexuais, quando
indicado, deve ser realizado de forma
preferencialmente presencial, com a devida
orientação, solicitação de exames de outras IST
(sífilis, HIV, hepatites B e C) e identificação,
captação e tratamento de outras parcerias
sexuais, buscando a cadeia de transmissão.
Sífilis
 Agente etiológico: Treponema pallidum
 Baixa resistência ao meio ambiente - é sensível à
ação do sabão e de outros desinfetantes
 Formas de transmissão:
 Sexual (maior nos estágios iniciais)
 Vertical
 Em gestantes não tratadas ou tratadas
inadequadamente a taxa de transmissão é até
80% para o feto nos estágios iniciais
Curso clínico da Sífilis não tratada
 Lesões secundárias: exantema difuso, mancha na
palma das mãos, manchas descamativas
 Sífilis terciária: acometimento neurológico,
visual, cardíaco
Abordagem integral
Promoção e Prevenção em Saúde Sexual e
Reprodutiva
 Abordagem nas consultas e sala de espera
 Informação das formas de transmissão
 Acesso facilitado ao preservativo feminino ou
masculino
 Abordagem em ações extramuros
(populações-chave)
 Saúde nas escolas
Diagnóstico de Sífilis
 Identificar manifestações clínicas
 Solicitar os testes
 Executar o teste rápido
 Intrepretar os testes
 Suspeitar o tempo todo
Apresentação Clínica de Sífilis Primária
 Após o contato sexual infectante, ocorre um
período de incubação com duração entre 10 a 90
dias (média de 3 semanas)
 A primeira manifestação é caracterizada por
uma erosão ou úlcera no local de entrada da
bactéria conhecida como cancro duro e é
geralmente única, indolor, com base endurecida
e fundo limpo, sendo rica em treponema
 Geralmente, é acompanhada de linfadenopatia
inguinal
 Pode durar entre 2 e 6 semanas e desaparecer
de forma espontânea, independentemente de
tratamento
Apresentação Clínica de Sífilis Secundária
 Sinais e sintomas surgem entre 6 semanas e 6
meses após a infecção inicial e duram em média
entre 4 e 12 semanas, mas as lesões podem
recrudescer em surtos por até 2 anos
 As lesões são ricas em treponemas, podendo
ocorrer:
 Erupções em forma de máculas 9roséola)
e/ou pápulas, principalmente no tronco
 Lesões eritemato-escamosas palmo-
plantares (essa localização sugere
fortemente o diagnóstico de sífilis no
estágio secundário)
 Placas eritematosas branco-acinzentadas
nas mucosas
 Lesões pápulo-hipertróficas nas mucosas ou
pregas cutâneas (condiloma plano ou
condiloma lata)
 Alopecia em clareira e madarose (perda de
sobrancelha, em especial do terço distal)
 Febre
 Mal-estar
 Cefaleia
 Adinamia
 Linfadenopatia generalizada
Sífilis Terciária
 Ocorre em aproximadamente 30% dos pacientes
não tratados após um longo período delatência,
podendo surgir entre 2 e 40 anos depois do
início da infecção
 É considerada rara, devido ao fato de que a
maioria da população recebe indiretamente, ao
longo da vida, antibióticos com ação sobre T.
pallidum
 Manifesta-se na forma de inflamação e
destruição tecidual
 Também é comum o acometimento neurológico
e cardiovascular
 Verifica-se a formação de gomas sifilíticas
(tumorações com tendência à liquefação) em
pele, mucosas, ossos ou qualquer tecido
Testes Imunológicos
 Exames diretos: a pesquisa direta de T. pallidum
nas sífilis primária e secundária pode ser feita
pela microscopia de campo escuro (sensibilidade
de 74% a 85%). Quando isso não é possível, a
pesquisa do treponema pode ser realizada por
imunofluorescência direta e biópsias
 Testes imunológicos: são os mais utilizados na
prática - dividem-se em treponêmicos e não
treponêmicos
Testes Treponêmicos
 São testes que detectam anticorpos específicos
produzidos contra os antígenos do T. pallidum
 São os primeiros a se tornarem reagente, sendo
importantes para a confirmação do diagnóstico
 Na maioria das vezes, mesmo após o tratamento
permanecem positivos pelo resto da vida do
paciente, por isso não são indicados para o
monitoramento da resposta ao tratamento
 Exemplos:
 Testes de hemaglutinação e aglutinação passiva
(TPHA)
 Teste de imunofluorescência indireta (FTA-Abs)
 Quimioluminescência (EQL)
 Ensaio imunoenzimático indireto (ELISA)
 Testes rápidos (imunocromatográficos): práticos
e de fácil execução podendo ser realizados com
amostras de sangue total colhidas por punção
venosa ou por punção digital
Testes Não Treponêmicos
 Aqueles que detectam anticorpos não específicos
(anticorpos anticardiolipina) para os antígenos
do T. pallidum e podem ser qualitativos ou
quantitativos
 Tornam-se reagentes cerca de 1 a 3 semanas
após o aparecimento do cancro duro
 Teste qualitativo indica a presença ou ausência
de anticorpo na amostra
 Teste quantitativo permite a titulação de
anticorpos
 O resultado vem expresso em títulos sendo
importante para o diagnóstico e
monitoramento da resposta ao tratamento,
já que a queda do título é indicativa de
sucesso terapêutico
 Exemplos:
 VDRL
 RPR
 TRUST
 Se a infecção for detectada no VDRL em fases
tardias, são esperados títulos baixos (<1:4), que
podem persistir por meses ou anos
Diagnóstico
 Para a confirmação do diagnóstico de sífilis, é
necessária também a realização de um teste
treponêmico
 Para o diagnóstico da sífilis, devem ser utilizados
um dos testes treponêmicos + um dos testes não
treponêmicos
 A ordem de realização fica a critério do serviço
de saúde
 Quando o teste rápido for utilizado como
triagem, nos casos reagentes, uma amostra de
sangue deverá ser coletada e encaminhada para
realização de um teste não treponêmico
 Na gestante, o tratamento deve ser iniciado com
apenas um teste reagente, sem aguardar o
resultado do segundo teste
Tratamento - Penicilina
 Única opção de tratamento da sífilis na gestação
 A possibilidade de reação anafilática é de
0,002%
 O receio de ocorrência de reação anafilática não
deve ser impeditivo para a administração de
penicilina na prevenção da sífilis congênita
 Usa-se adrenalina no tratamento de reações
anafiláticas e o paciente deve ser referenciado à
unidade especializada
Reação de Jarisch-Herxheimer
 Após a primeira dose de penicilina, o paciente
pode apresentar exacerbação das lesões
cutâneas - com eritema, dor ou prurido -, as
quais regridem espontaneamente após 12 a 24
horas, sem a necessidade da descontinuidade do
tratamento
 Essa reação não configura alergia à penicilina e
ocorre em resposta ao derrame de proteínas e
de outras estruturas dos treponemas mortos
pela penicilina na corrente sanguínea
 Mais comum em pacientes que recebem
tratamento na fase secundária da sífilis
 Tipicamente, vem acompanhada de febre,
artralgia e mal-estar
Acompanhamento dos casos
 Avaliar reinfecção, falha no tratamento e foco
não tratado
 É necessário registrar na caderneta de pré-natal
da gestante todas as medidas que compõem as
ações para prevenir a sífilis congênita, evitando
que a criança exposta seja submetida a
intervenções desnecessárias no pós-parto
 Seguimento pós-tratamento:
Critérios de Retratamento
 Não redução da titulação em 2 diluições no
intervalo de 6 meses (sífilis primária, secundária
e latente recente) ou 12 meses (sífilis tardia)
após o tratamento adequado
OU
 Aumento da titulação em 2 diluições em
qualquer momento do seguimento
OU
 Persistência ou recorrência de sinais e sintomas
de sífilis em qualquer momento do seguimento
Abordagem da parceria sexual
 Esforço para a testagem e tratamento das
parcerias sexuais
 Interromper a cadeia de transmissão e
reinfecção
 Busca ativa
 Sigilo
Notificação dos Casos
 Obrigatória para sífilis adquiridas, em gestantes
(pré-natal, parto e puerpério), congênita
 Acionar Vigilância Epidemiológica e receber
auxílio no manejo do caso e parcerias sexuais
 Programação e planejamento de enfrentamento
da epidemia de sífilis
Definição de Casos para Notificação
 Considera-se tratamento adequado da gestante
na ficha de sífilis congênita:
 Tratamento completo para estágio clínico da
sífilis com penicilina benzatina e iniciado até
30 dias antes do parto
 Desconsidera a informação do tratamento
concomitante da parceria sexual das
gestantes
 SÍFILIS CONGÊNITA
 SÍFILIS ADQUIRIDA
 SÍFILIS EM GESTANTES
Hiv
 Ações que se destacaram mundialmente da
reação brasileira à epidemia de HIV/aids:
 Oferta universal e gratuita de TARV a todos
os usuários do SUS que preencham os
critérios estabelecidos pelo Ministério da
Saúde
 Licenciamento compulsório, em 2007, das
patentes de medicamentos antirretrovirais,
fazendo com que o Brasil liderasse o mundo
 As ações de prevenção desempenhadas ao
longo das últimas décadas, com destaque
para a massificação da testagem na rede de
saúde do SUS
 Perfil estabilizado na população geral
 Descentralização das ações de prevenção para a
Atenção Básica, possibilitando maior cobertura e
acessibilidade dos usuários do prevenção ao HIV
História natural e Diagnóstico da infecção pelo
HIV
 Vírus da família dos rotavírus
 Exitem dois tipos de HIV: HIV-1 (maioria dos
casos notificados no Brasil) e HIV-2
 Ambos infectam células do sistema imunológico,
como linfócitos TCD4+ e macrófagos, causando
sua morte e levando o indivíduo a um quadro de
imunodeficiência, deixando-o suscetível a
infecções oportunistas
 Os processos inflamatórios ou infecciosos, como
todas as demais ISTs e infecções do trato genital
inferior levando à formação de microfissuras
promovem maior risco de aquisição ou
transmissão do HIV
 Transmissão vertical: pode ocorrer durante a
gravidez, no parto e na amamentação
 Com as medidas atualmente disponíveis, se
instituídas no tempo adequado, o risco de
transmissão pode se aproximar de zero. Por isso
é tão importante realizar o teste rápido para HIV
já na primeira consulta de pré-natal, durante o
seguimento da gestante, bem como na
maternidade, no momento do parto
 O diagnóstico, quando feito no início da gestação,
possibilita os melhores resultados relacionados
ao controle da infecção materna e,
consequentemente, os melhores resultados de
profilaxia da transmissão vertical desse vírus
 Por este motivo, o teste anti-HIV deve ser
oferecido a todas as gestantes tão logo se inicie o
pré-natal
 A adesão à testagem deve ser sempre voluntária
e confidencial
 Resultado positivo:
 O impacto do resultado positivo costuma ser
intenso, tanto para a gestante quanto para o
profissional
 É fundamental que o profissional esteja
preparado para oferecer apoio emocional,
respeitando o tempo da gestante, bem como
a reação ao resultado
 Informações sobre o significado do
resultado, as possibilidades de tratamento
para a gestante e a possibilidade de evitar a
infecção de seu bebê, encaminhamentos
necessários e discussão sobre as medidas de
prevenção a serem adotadas,devem ser
oferecidas e abordadas de acordo com a
condição emocional das gestantes, assim
como seu grau de escolaridade
 Caso a primeira testagem resulte positiva,
realiza-se o aconselhamento pós-teste,
orientando a gestante sobre a importância
de usar anti-retrovirais para prevenir a
transmissão vertical e de evitar a
amamentação, além de efetuar-se a
notificação de casos de gestante comHIV
 UBS com profissionais capacitados e com
experiência no seguimento de pessoas vivendo
com HIV/aids (PVHA) podem monitorar a
gestante até que seja necessário iniciar TARV
 É importante manter o acompanhamento
conjunto entre UBS e a Unidade de Referência
para apoio psicossocial, acesso a insumos de
prevenção, melhora da adesão, reconhecimento
precoce de eventos adversos à TARV, acesso aos
anti-retrovirais facilitado e acompanhamento
clínico-obstétrico, formando uma rede integral
de atenção à saúde
 A infecção pelo HIV cursa com um amplo
espectro de apresentações clínicas desde a fase
aguda até a fase avançada da doença
 Em indivíduos não tratados, o tempo médio
entre o contágio e o aparecimento da aids pode
variar de 3 a 10 anos, a depender de fatores
como carga viral do HIV e presença de
coinfecções, entre outros
Síndrome Aguda pelo HIV - Síndrome Retroviral
Aguda (SRA)
 Ocorre nas primeiras semanas da infecção,
quando o vírus está replicando intensivamente
nos tecidos linfoides
 Durante essa fase, tem-se uma carga viral do HIV
elevada e níveis decrescentes de linfócitos, em
especial os linfócitos TCD4+ (LT - CD4+), uma
vez que estes são recrutados para a replicação
viral
 O indivíduo, nesse período, torna-se altamente
infectante
 Principais achados clínicos:
 Febre
 Cefaleia
 Astenia
 Adenopatia
 Faringite
 Exantema
 Mialgia
 Podem ocorrer ainda:
 Sintomas digestivos: náuseas, vômitos,
diarreia, perda de peso, úlceras orais
 Cefaleia e dor ocular são manifestações
neurológicas mais comuns, mas pode
ocorrer raramente quadro de meningite
asséptica, neurite periférica sensitiva ou
motora, paralisia do nervo facial ou
Síndrome de Guillan-Barré
 É autolimitada
 Maior parte dos sinais e sintomas desaparece em
3 a 4 semanas
 A positividade da sorologia para HIV pode variar
bastante nessa fase, dependendo do ensaio
utilizado. Em média, a janela diagnóstica dos
imunoensaios de quarta geração é de
aproximadamente 15 dias
 É muito importante que o médico, diante de um
quadro viral agudo, considere a infecção aguda
pelo HIV entre os diagnósticos possíveis e
investigue potenciais fontes de exposição ao
vírus
Latência Clínica e Fase Sintomática
 O exame físico costuma ser normal, exceto pela
linfadenopatia que pode persistir após a infecção
aguda
 Podem ocorrer alterações nos exames
laboratoriais, sendo a plaquetopenia um achado
comum, embora sem repercussão clínica na
maioria dos casos. Anemia (normocrômica e
normocítica) e leucopenia leves podem estar
presentes
 Enquanto a contagem de LT-CD4+ permanecer
acima de 350 céls/mm3, os episódios infecciosos
mais frequentes são geralmente bacterianos,
como as infecções respiratórias ou mesmo
tuberculose
 Diminuição na contagem de LT-CD4+, situada
entre 200 e 300 céls/mm3 - sintomas
constitucionais (febre baixa, perda ponderal,
sudorese noturna, fadiga), diarreia crônica,
cefaleia, alterações neurológicas, infecções
bacterianas (pneumonia, sinusite, bronquite) e
lesões orais, como a leucoplasia oral pilosa,
tornam-se mais frequentes, além do
herpes-zoster
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
 Neste estágio ocorre o surgimento de infecções
oportunistas e algumas neoplasias
 Infecções oportunistas mais importantes:
 Pneumocistose
 Neurotoxoplasmose
 Tuberculose pulmonar atípica ou
disseminada
 Meningite criptocócica
 Retinite por citomegalovírus
 Neoplasias: sarcoma de Kaposi (SK), linfoma
não Hodglin, CA de colo uterino em
mulheres jovens
 Contagem de LT-CD4+ abaixo de 200 céls/mm3
Diagnóstico Laboratorial
 Oferecer a testagem para o HIV e outras IST
durante avaliações de rotina, mesmo na ausência
de sintomas, emespecial à população jovem,
permite construir um vínculo maior entre
profissional e paciente e diagnosticar
precocemente a infecção, instituindo-se, assim,
os benefícios do tratamento e melhorando o
prognóstico e qualidade de vida do usuário e de
suas parcerias
 Os testes rápidos atualmente disponíveis
possuem metodologia semelhante à do teste
ELISA, tradicionalmente usada para a triagem de
pacientes com suspeita de infecção pelo HIV
 Na primeira consulta deverá ser solicitado o
teste de quantificação da carga viral (CV) do
HIV-1.
 CV igual ou superior a 5000 cópias/mL,
confirma a infecção pelo HIV
 Se CV for inferior a 5000 cópias/mL e TR
positivo, fazer ensaio sorológico
complementar para esclarecer diagnóstico
Abordagem inicial do paciente infectado pelo HIV
 Acolhimento e avaliação
 Anamnese
 Exame físico geral e específico
 Exames complementares
 Exames de CD4 e CV
 CV é utilizada para monitoramente da
resposta ao tratamento antirretroviral e
detecção precoce da falha virológica
Terapia antirretroviral (TARV)
 Diminuir a morbidade e a mortalidade das
PVHIV, melhorando a qualidade e a expectativa
de vida e não erradicar a infecção pelo HIV
 Foco principal: reduzir o risco de infecções
oportunistas, evolução para aids e óbito
 A TARV poderá ser iniciada desde que o paciente
seja esclarecido sobre os seus benefícios e riscos,
além de estar fortemente motivada e preparada
para o tratamento, respeitando-se a autonomia
do indivíduo
 Em nenhuma situação deverá haver qualquer
tipo de coerção para início da TARV
 Terapia inicial deve sempre incluir combinações
de 3 antirretrovirais, sendo dois ITRN
associados a uma outra classe de antirretrovirais,
como ITRNN, IP/r ou INI
Falha virológica

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