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Geometria RiemannianaGeometria Riemanniana Manfredo Perdigão do CarmoManfredo Perdigão do Carmo Soluções dos ExercíciosSoluções dos Exercícios 4 de novembro de 20174 de novembro de 2017 SumárioSumário 0 0 VVarieariedades Ddades Difereiferenciánciáveveisis 22 1 1 MétriMétricas cas RiemRiemanniaannianasnas 33 2 2 ConexConexões Afinões Afins; Cos; Conexãnexão Rieo Riemannmannianaiana 1313 3 3 GeodésGeodésicasicas; Vizi; Vizinhannhanças Coças Convnvexasexas 2424 11 Capítulo 0 Variedades Diferenciáveis 2 Capítulo 1 Métricas Riemannianas Exercício 1. Prove que a aplicação antípoda A : S n → S n dada por A( p) = − p é uma isometria de S n. Use este fato para introduzir uma métrica Riemanniana no espaço projetivo real P n(R) tal que a projeção natural π : S n → P n(R) seja uma isometria local. Solução: Como S n ⊂ Rn+1, podemos fazer uso da estrutura de Rn+1 de forma que, se p ∈ S n e u, v ∈ T pS n, a métrica Riemanniana em S n é dada por u, v p := u, v, sendo , o produto interno canônico de Rn. Já sabemos do Capítulo 0 que A : S n → S n é um difeomorfismo com A−1 = A. Calculemos dA p : T pS n → T − pS n. Seja v ∈ T pS n e seja α : (−, ) → S n uma curva diferenciável tal que α(0) = p e α(0) = v. Por definição, temos dA p(v) = (A ◦ α)(0) = −α(0) = −v. Assim, u, v p = u, v = −u,−v = dA p(u), dA p(v)− p = dA p(u), dA p(v)A( p) . Isso mostra que A : S n → S n é uma isometria. Podemos considerar P n(R) como sendo a variedade quociente S n/G, onde G é o grupo dado por {1S n , A}. Dessa forma, a projeção natural π : S n → P n(R) é dada por π( p) = { p,− p} e é um difeomorfismo local. Queremos definir uma métrica Riemanniana em P n(R). Seja q ∈ P n(R) e U ⊂ S n aberto tal que π |U : U → π(U ) seja difeomorfismo com q ∈ π(U ). Para vetores u, v ∈ T qP n(R), defina u, vq : = d(π|U )−1q (u), d(π|U )−1q (v) (π|U )−1(q) = d(π|U )−1q (u), d(π|U )−1q (v) Rn+1 . Afirmamos que essa definição não depende do aberto U . De fato, seja V ⊂ S n um outro aberto tal que π|V : V → π(V ) é um difeomorfismo e q ∈ π(V ). Se (π|V )−1(q ) = (π|U )−1(q ), então U ∩ V = ∅ e π|U = π|V = π|U ∩V sobre U ∩ V e não temos nada a demonstrar. Se (π|V )−1(q ) = (π|U )−1(q ), então necessariamente, 3 (π|V )−1(q ) = A ◦ (π|U )−1(q ) e V ∩ A(U ) = ∅. Teremos d(π|V )−1q (u), d(π|V )−1q (v) (π|V )−1(q) = d(−π|U )−1q (u), d(−π|U )−1q (v) (−π|U )−1(q) = −d(π|U )−1q (u),−d(π|U )−1q (v) (π|U )−1(q) = d(π|U )−1q (u), d(π|U )−1q (v) (π|U )−1(q) . Isso mostra que u, vq está bem definido. Podemos tomar como atlas sobre P n(R) a coleção {(Uα,xα)} tal que U α ⊂ Rn é um aberto e xα é da forma xα = π|y(U α) ◦ yα, para alguma carta yα : U α → S n e π |y(U α) : y(U α) → π(y(U α)) é um difeomorfismo. Assim, se (U,x) é uma tal carta e ∂ ∂xi (q ), i = 1, . . . , n são os elementos da base de T qP n(R) relativa a x e p = x−1(q ), então ∂ ∂xi (q ), ∂ ∂x j (q ) q = dx p(ei), dx p(e j)q = d(π|U ◦ y) p(ei), d(π|U ◦ y)(e j)q = d(π|U )y( p) ◦ dy p(ei), d(π|U )y( p) ◦ dy p(e j) q := d(π|U )−1q (d(π|U )y( p) ◦ dy p(ei)), d(π|U )−1q (d(π|U )y( p) ◦ dy p(e j)) (π|U )−1(q) = (d(π|U )y( p))−1(d(π|U )y( p) ◦ dy p(ei)), (d(π|U )y( p))−1(d(π|U )y( p) ◦ dy p(e j)) y( p) = dy p(ei), dy p(e j)y( p) = dy p(ei), dy p(e j)Rn+1 , que é uma função diferenciável em p. Portanto, , q define de fato uma métrica Riemanniana em P n(R). Da forma como foi definida, é imediato que π : S n → P n(R) é uma isometria local. Exercício 2. Introduza uma métrica Riemanniana no toro T n exigindo que a projeção natural π : Rn → T n dada por π(x1, . . . , xn) = (e ix1 , . . . , eixn), (x1, . . . , xn) ∈ Rn, seja uma isometria local. Mostre que com esta métrica T n é isométrico ao toro plano. Solução: π : Rn → T n é um difeomorfismo local, pois π|I 1×···×I n é difeomorfismo, sendo cada I i da forma (xi − π, xi + π) ⊂ R. Denote p = (x1, . . . , xn). Assim, sendo U p = I 1 × · · · × I n ⊂ Rn temos que d(π|U ) p : U → T n é invertível. Para u, v ∈ T π( p)T n, defina u, vπ( p) := (d(π|U p) p) −1u, (d(π|U p) p) −1v p , sendo ·, · p = ·, ·Rn. Precisamos mostrar que tal produto interno está bem definido. Seja q = (y1, . . . , yn) tal que π(q ) = π( p). Segue que eixj = eiyj , j = 1, . . . , n ⇒ x j = y j + 2k jπ, para certos k j ∈ Z, j = 1, . . . , n. Denote por T : Rn → Rn a translação dada por T (x) = x + k, com k = (2k1π , . . . ,2knπ). Temos T (U q) = U p e, para todo (a1, . . . , an) ∈ U q, π|U p ◦ T (a1, . . . , an) = π|U p (a1 + 2k1π , . . . , an + 2knπ) = (e i(a1+2k1π), . . . , ei(an+2knπ)) = (eia1 , . . . , eian) = π|U q (a1, . . . , an). 4 Portanto, π|U p ◦ T = π|U q ⇒ d( π|U p)T (q) ◦ dT q = d( π|U q)q ⇒ d(π|U p) p ◦ 1Rn = d( π|U q)q ⇒ d( π|U q) = d( π|U p). Isso garante que o produto interno em π( p) = π(q ) está bem definido. Mostremos agora que tal produto interno é diferenciável. Para isso, basta mos- trar que ele é diferenciável com respeito a uma parametrização específica (como as mudanças cartas são difeomorfismos, isso implicará que o produto interno é di- ferenciável em qualquer parametrização). Mas (U p, π|U p) é uma parametrização! Sendo ∂ ∂x1 (q ), . . . , ∂ ∂xn (q ) a base de T qT n, q ∈ U p, com respeito à parametrização (U p, π|U p), temos gij(q ) = ∂ ∂xi (q ), ∂ ∂x j (q ) π(q) = d( π|U p)qei, d( π|U p)qe j π(q) := (d( π|U p)q) −1(d( π|U p)qei), (d( π|U p)q) −1(d( π|U p)qe j) = ei, e j = δ ij , que é constante e, portanto, diferenciável. Isso faz de T n uma variedade Riemanniana. Da forma como foi definido, temos d( π|U p) pu, d( π|U p) pv π( p) := (d( π|U p) p) −1(d( π|U p) pu), (d( π|U p) p) −1(d( π|U p) pv) = u, v , ∀u, v ∈ Rn e π : Rn → T n é uma isometria local. Considere o toro plano dado por T n = Rn/2πZn, onde 2πZn é o grupo das translações T k : R n −→ Rn da forma T k(x) = x + k, com k ∈ {(2πk1, . . . , 2πkn) ∈ Rn | (k1, . . . , kn) ∈ Zn}1. Observe que cada translação T k fica unicamente deter- minada pelo vetor k e de forma que os grupos 2πZn e { k ∈ Rn | ∃T k ∈ 2πZn} são isomorfos e consideramos os dois como sendo o mesmo objeto. Observemos que T n possui uma métrica Riemanniana natural. Sabemos que a estrutura diferenciável de T n é tal que a projeção Π : Rn → T n é um difeomorfismo local. Mais que isso, para todo (a1, . . . , an) ∈ Rn, se I i = (ai − π, ai + π) ⊂ R (intervalo aberto de comprimento 2π em torno de ai), então Π|I 1×···×I n : I 1 × · · · × I n → Π(I 1 × · · · × I n) ⊂ T n é um difeomorfismo (portanto, uma carta). Seja p = [(a1, . . . , an)] ∈ T n e u, v ∈ T pM . Seja U p = (a1 − π, a1 + π) × · · · × (an − π, an + π) ⊂ Rn de forma que Π|U : U p → Π(U p) é uma carta em torno de p. Defina u, v p := d( Π|−1U p ) p(u), d( Π| −1 U p ) p(v) Rn . Precisaríamos mostrar que tal produto interno está bem-definido e que, de fato, define uma métrica Riemanniana em T n. No entanto, a demonstração deste fato é semelhante ao que fizemos acima para a métrica Riemanniana em T n. Defina f : T n −→ T n [(x1, . . . , xn)] −→ (eix1 , . . . , eixn) . Afirmação 1.1. f é uma isometria. 1O toro usual Rn/Zn não é isométrico a T n = S 1 × · · · × S 1! 5 Primeiro, precisamos mostrar que f está bem definida. Se [(x1, . . . , xn)] = [(y1, . . . , yn)] ∈ T n, então existe k = (2πk1, . . . , 2πkn) ∈ 2πZn tal que (x1, . . . , xn) = (y1, . . . , yn) + (2πk1, . . . , 2πkn) ⇒ x j = y j + 2πk j, ∀ j = 1, . . . , n. Segue que eixj = ei(yj+2πkj) = eiyjei2πkj = eiyj , ∀ j = 1, . . . , n , e isso garante que f está bem-definida. De forma semelhante, g : T n −→ T n (eix1 , . . . , eixn) −→ [(x1, . . . , xn)] está bem-definida, g ◦ f = 1T n e f ◦ g = 1T n . Portanto, f é bijetora. Seja V = {(x1, . . . , xn) ∈ Rn | a j − π < x j < a j + π}. V ⊂ Rn é talque f ( p) ∈ π(V ) e π|V : V −→ π(V ) ⊂ T n é um difeomorfismo. Observe que f (Π(U p)) = π|V (V ). Assim, a expressão de f em coordenadas, com (x1, . . . , xn) ∈ U p, é dada por π|−1V ◦ f ◦ Π|U p (x1, . . . , xn) = π| −1 V ◦ f ([(x1, . . . , xn)]) = π|−1V (eix1 , . . . , eixn) = (x1, . . . , xn) = 1U p(x1, . . . , xn), que é diferenciável. Isso mostra que f : T n → T n é diferenciável. De forma seme- lhante, mostra-se que g : T n → T n é diferenciável e, portanto, f é um difeomorfismo. A conta acima também mostra que f ◦ Π = π . Assim, se p = Π(q ) (q ∈ Rn) e w ∈ Rn, teremos dπq(w) = d(f ◦ Π)q(w) = df Π(q) ◦ dΠq(w) = df p ◦ dΠq(w). Assim, como Π e π são difeomorfismos locais, podemos escrever df p = dπq ◦ (dΠq)−1, pelo menos em uma vizinhança de q . Logo, se u, v ∈ T pT n, temos df p(u), df p(v)f ( p) = df p(u), df p(v)f (Π(q)) = df p(u), df p(v)π(q) = dπq ◦ (dΠq)−1(u), dπq ◦ (dΠq)−1(v) π(q) := (dπq) −1(dπq ◦ (dΠq)−1(u)), (dπq)−1(dπq ◦ (dΠq)−1(v)) Rn = (dΠq) −1(u), (dΠq) −1(v) Rn = d(Π−1) p(u), d(Π −1) p Rn := u, v p , e isso prova que f é uma isometria. Exercício 3. Obtenha uma imersão isométrica do toro plano T n em R2n. Solução: Pelo Exercício anterior, do ponto de vista da categoria de variedades Riemannianas, o toro plano e T n = S 1× · · · ×S 1 tratam-se do mesmo objeto. Defina f : T n = S 1 × · · · × S 1 −→ R2n (eix1 , . . . , eixn) −→ (cos x1, sen x1, . . . , cos xn, sen xn) . 6 É fácil ver que tal aplicação está bem-definida e é diferenciável. Seja p = (eia1 , . . . , eian) ∈ T n e U p = {(x1, . . . , xn) ∈ Rn | a j − π < x j < a j + π}. π|U p : U p → π(U p) ⊂ T n é um difeomorfismo (uma carta em torno de p). Calculemos df p : T pT n → R2n. Seja u = α(0) ∈ T pT n. Se α : I → T n com α(t) = (eiθ1(t), . . . , eiθn(t)), então df p(u) := (f ◦ α)(0) = d dt t=0 (f ◦ α)(t) = d dt t=0 (cos θ1(t), sen θ1(t) . . . , cos θn(t), sen θn(t)) = (−θ1(0) sen θ1(0), θ1(0) cos θ1(0), . . . ,−θn(0) sen θn(0), θn(0) cos θn(0)). Portanto, se v = β (0) ∈ T pT n, β (t) = (eiϕ1(t), . . . , eiϕn(t)) é tal que df p(u) = df p(v), então, para todo j = 1, . . . , n, −θ j(0) sen θ j(0) = −ϕ j(0) sen ϕ j(0), θ j(0) cos θ j(0) = ϕ j(0) cos ϕ j(0). Como α(0) = p = β (0), isso implica que −θ j(0) = −ϕ j(0) e θ j(0) = ϕ j(0), para todo j = 1, . . . , n e, portanto, u = v. Isso prova que df p é injetora, para todo p ∈ M ou seja, f é uma imersão. Considere U p = {(x1, . . . , xn) ∈ Rn | ai − π < xi < ai + π} e a carta em torno de p dada por X := π|U p : U p → π(U p). Para cada q ∈ U p, denote por ∂ ∂x1 (q ), . . . , ∂ ∂xn (q ) a base coordenada de T π(q)T n. Para não carregar a notação, escreveremos simplesmente π ao invés de π|U p , ficando implícito que estamos traba- lhando apenas em U p. Para todo q = (x1, . . . , xn) ∈ U p, temos df π(q) · ∂ ∂xi (q ), df π(q) · ∂ ∂x j (q ) f ◦π(q) = df π(q) d dt t=0 π(q + tei), df π(q) d dt t=0 (π(q + te j) Rn = d dt t=0 (f ◦ π(q + tei)), d dt t=0 (f ◦ π(q + te j)) = d dt t=0 (f ◦ π)(x1, . . . , xi + t, . . . , xn), d dt t=0 (f ◦ π)(x1, . . . , x j + t, . . . , xn) = d dt t=0 (cos x1, sen x1, . . . , cos(xi + t), sen(xi + t), . . . , cos xn, sen xn), d dt t=0 (cos x1, sen x1, . . . , cos(x j + t), sen(x j + t), . . . , cos xn, sen xn) = (0, 0, . . . ,− sen xi, cos xi, . . . , 0, 0), (0, 0, . . . ,− sen x j, cos x j , . . . , 0, 0) = δ ij = ∂ ∂xi (q ), ∂ ∂x j (q ) π(q) . Isso implica que, para vetores quaisquer u, v ∈ T π(q)T n, df π(q)(u), df π(q)(v) f ◦π(q) = u, vπ(q) , e, portanto, f é uma imersão isométrica. 7 Exercício 4. Uma função g : R → R dada por g(t) = yt + x, t, x, y ∈ R, y > 0, é chamada função afim própria . O conjunto de todas essas funções com alei usual de composição é um grupo de Lie G. Como variedade diferenciável, G é simplesmente o semi-plano superior isto é {(x, y) ∈ R2 ; y > 0} com a estrutura diferenciável usual. Prove que: (a) A métrica Riemanniana de G invariante à esquerda, que no elemento neutro e = (0, 1) coincide com a métrica euclidiana (g11 = g22 = 1, g12 = 0) é dada por g11 = g22 = 1y2 , g12 = 0, (esta é métrica da geometria não-euclidiana de Lobatchevski). (b) Pondo (x, y) = z = x + iy , i = √ −1, a transformação z → z = az+bcz+d , a,b,c,d ∈ R, ad − bc = 1 é uma isometria de G. Sugestão: Observe que a primeira forma fundamental pode ser escrita: ds2 = dx2 + dy2 y2 = − 4 dz dz (z − z)2 . Solução: (a) Suponha que G esteja munido de uma métrica Riemanniana invariante à esquerda. Como dito no enunciado, estamos identificando cada g ∈ G dada por g(t) = yt + x, y > 0, t, x ∈ R com o ponto (x, y) do semiplano superior de R2. Assim, para cada g0 ≡ (x0, y0) ∈ G, temos que a translação à esquerda Lg0 : G → G é dada por Lg0(g)(t) = g0g(t) = g0(g(t)) = g0(yt + x) = y0(yt + x) + x0 = (y0y)t + y0x + x0, para todo g ≡ (x, y) ∈ G. Escrito de outra forma, temos L(x0,y0)(x, y) = (y0x + x0, y0y), para todo (x0, y0), (x, y) no semiplano superior. Assim, utilizando a estrutura diferenciável do semiplano superior, temos d(L(x0,y0))(x,y) = ∂ ∂x L(x0,y0),1(x, y) ∂ ∂y L(x0,y0),1(x, y) ∂ ∂x L(x0,y0),2(x, y) ∂ ∂y L(x0,y0),2(x, y) = y0 0 0 y0 . Isso mostra que d(L(x0,y0))(x,y) u = y0u, para todo (x, y) ∈ G e u ∈ T (x,y)G ≡ R2. Estamos supondo que G possui uma métrica invariante à esquerda, ou seja, u, v(x,y) = d(L(x0,y0))(x,y) u, d(L(x0,y0))(x,y) v L(x0,y0)(x,y) , para todo (x0, y0), (x, y) ∈ G, u, v ∈ R2. Tomando (x, y) = e = (0, 1) nesta equação e supondo que u, ve = u, v (produto interno usual de R2), obtemos u, v = u, v(0,1) = y0u, y0vL(x0,y0)(0,1) = y 2 0 u, v(x0,y0) , 8 donde concluímos que u, v(x,y) = u, v y2 , ∀(x, y) ∈ G. De fato, os gij dessa métrica são gij(x, y) = ei, e j(x,y) = ei,ej y2 = δij y2 , como pede o enunciado do exercício. Observação 1.2. Supomos inicialmente que G possuía uma métrica Rieman- niana invariante à esquerda e chegamos a uma expressão explícita para ela. Observe que tal expressão define de fato uma métrica Riemanniana em G. (b) Mostremos primeiramente que ϕ : G → G dada por ϕ(z) = az+bcz+d , ad − bc = 1, a,b,c,d ∈ R está bem definida. De fato, seja z = (x, y) ∈ G. Temos Imϕ(z) = Im az + b cz + d = Im (az + b)(cz + d) |cz + d|2 = 1 |cz + d|2Im((az + b)(cz + d)) = 1 |cz + d|2Im(ac|z| 2 + adz + bcz + bd) = 1 |cz + d|2Im(adz + bcz) = 1 |cz + d|2 (adIm(z) + bcIm(z)) = 1 |cz + d|2 (adIm(z) − bcIm(z)) = Im(z) |cz + d|2 > 0, pois z ∈ G ⇒ Im(z) > 0. Portanto, ϕ : G → G está bem definida. Mostremos que ϕ é uma isometria. Sejam z = (x, y) ∈ G, u, v ∈ R2 quaisquer. Usando o fato de que dϕz(u) = ϕ(z) · u, em que ϕ : G → C é a derivada complexa2 de ϕ e ϕ (z) · u é o produto complexo de ϕ (z) e u, temos d(ϕ)z(u), d(ϕ)z(v)ϕ(z) = 1 (Imϕ(z))2 ϕ(z) · u, ϕ(z) · v = |cz + d|4 (Imz)2 a(cz + d) − (az + b)c (cz + d)2 · u, a(cz + d) − (az + b)c (cz + d)2 · v = |cz + d|4 (Imz)2 ad− bc (cz + d)2 · u, ad− bc (cz + d)2 · v = |cz + d|2 (Imz)2 1 (cz + d)2 · u, 1 (cz + d)2 · v (∗) = |cz + d|4 (Imz)2 1 |cz + d|4 u, v = 1 (Imz)2 u, v = u, vz o que mostra que ϕ é uma isometria. Em (∗) estamos usando que o produto interno ·, · usual em R2 satisfaz λ · u,λv = |λ|2 u, v, ∀λ ∈ C, u, v ∈ R2 ≡ C, sendo “·” o produto complexo. 2Observe que ϕ é holomorfa pois é o quociente de funções holomorfas. 9 Provemos este fato. Sejam λ = (x, y), u = (u1, u2) e v = (v1, v2) ∈ C ≡ R2. Temos λ · u, λ · v = (x, y)(u1, u2), (x, y)(v1, v2) = (xu1 − yu2, xu2 + yu1), (xv1 − yv2, xv2 + yv1) = (xu1 − yu2)(xv1 − yv2) + (xu2 + yu1)(xv2 + yv1) = x2u1v1 − xyu1v2 − xyu2v1 + y2u2v2 + x2u2v2+ xyu2v1 + xyu1v2 + y2u1v1 = (x2 + y2)(u1v1 + u2v2) = |λ|2 u, v . Isso encerra o exercício. Exercício 5. Prove que as isometrias de S n ⊂ Rn+1 com a métrica induzida são as restrições a S n das transformações lineares ortogonais de Rn+1. Solução: Considere a função arccos : [−1, 1] → [0, π]. Lema 1.3. Se ρ : S n × S n → R é a distância induzida pela métrica Riemanniana em S n, então ρ( p, q ) = arccos( p, q ), ∀ p, q ∈ S n ⊂ Rn. Demonstração. Sejam p, q ∈ S n. Se p = q , então ρ( p, q ) = 0 = arccos 1 = arccos p, q . Caso 1. Se p = −q : Seja β : [a, b] → S n um caminho diferenciável por partes ligando p a q . Complete { p} a uma base (ordenada) ortonormal B = { p, v1, . . . , vn} de Rn+1. Escreva, nesta base, β (t) = (x0(t), x1(t), . . . , xn(t)). Como β (a) = p e β (b) = q = − p, temos x0(a) = 1 e x0(b) = −1. Como x0 : [a, b] → R é contínua, existe ξ ∈ [a, b] tal que x0(ξ ) = 0. Se v 1 = β (ξ ), então p, v1 = (1, 0, . . . , 0), (0, x1(ξ ), . . . , xn(ξ )) = 0. Assim, a menos de trocar v1 por v 1, podemos supor que β sai de p e passa por v1 antes de chegar em q . Defina α : [0, π] → S n, α(t) = (cos t, sen t, 0, . . . , 0). Temos π0 (α) = π 0 |α(t)| dt = π 0 1 dt = t|π0 = π. Seja U + = {(x0, x1, . . . , xn) ∈ S n | 0 < x1}. Como v1 ∈ U + e β (ξ ) = v1, temos que β ([a, b]) ∩ U + = ∅. Seja (a, b) ⊂ [a, b], com a = inf {t ∈ [a, b] | β ([t, ξ ]) ⊂ U +} e b = sup{t ∈ [a, b] | β ([ξ, t]) ⊂ U +}. Como β : [a, b] → S n é contínua e U + é aberto em S n, é possível provar que a < ξ < b e que β (a), β (b) /∈ U + e lim t→a x1(t) = 0 = lim t→b x1(t). Observe que β ((a, b)) ⊂ U +. Considere o sistema de coordenadas X : U + → Dn, sendo Dn = {(x0, x2, . . . , xn) ∈ Rn | x20 + · · ·+ x2n < 1} e X (x0, x1, x2 . . . , xn) = (x0, x2, . . . , xn) . Não consegui terminar. Ver ideia da demonstração aqui . 10 Proposição 1.4. Se f : M → N é uma isometria entre variedades Riemannianas e ρ : M × M → R, σ : N × N → R são as respectivas distâncias induzidas em cada variedade, então σ(f ( p), f (q )) = ρ( p, q ), para todo p, q ∈ M . Demonstração. Sejam p, q ∈ M quaisquer. Seja α : [a, b] → M um caminho diferen- ciável por partes ligando p a q . Como o comprimento de α é soma dos comprimentos de cada segmento diferenciável de α, suporemos que a própria α é diferenciável. Usando que f é isometria, obtemos ba(α) = b a α(t), α(t) α(t) dt = b a df α(t)α (t), df α(t)α (t) f ◦α(t) dt = b a (f ◦ α)(t), (f ◦ α)(t)f ◦α(t) dt = ba(f ◦ α). Portanto, se α é um caminho diferenciável ligando p a q , então existe um caminho diferenciável f ◦ α ligando f ( p) a f (q ) tal que (α) = (f ◦ α). Usando o mesmo argumento para a função inversa f −1 : N → M , temos que os conjuntos {(α) ∈ R | α : [a, b] → M , α(a) = p, α(b) = q,a < b} e {(β ) ∈ R | β : [a, b] → N, β (a) = f ( p), β (b) = f (q ), a < b} são iguais e, portanto, seus ínfimos são iguais. Portanto, σ(f ( p), f (q )) = ρ( p, q ). Lema 1.5. Se f : S n → S n uma isometria e {e1, . . . , en+1} ⊂ S n é base canônica de Rn+1, então {f (e1), . . . , f (en+1)} é uma base ortonormal de Rn+1. Demonstração. De fato, se ρ : S n × S n → R é a distância induzida pela métrica Riemanniana em S n, então usando o Lema 1.3 e a Proposição 1.4, temos arccos δ ij = arccos ei, e j = ρ(ei, e j) = ρ(f (ei), f (e j)) = arccos f (ei), f (e j) e, como arccos : [−1, 1] → [0, π] é bijetora, isso implica que f (ei), f (e j) = δ ij , para todo i, j = 1, . . . , n + 1. Finalmente podemos provar o enunciado do exercício: Proposição 1.6. Se f : S n → S n, então a transformação linear ortogonal T : Rn+1 → Rn+1 definida por T (e j) = f (e j), ∀ j = 1, . . . , n + 1 é tal que T |S n = f . Demonstração. Pelo Lema 1.5, T de fato é uma transformação linear ortogonal, pois leva base ortonormal em base ortonormal. Resta mostrar apenas que T |S n = f . Seja (x1, . . . , xn+1) ∈ S n. Para cada j = 1, . . . , n + 1, temos arccos f (e j), f (x1, . . . , xn+1) = ρ(f (e j), f (x1, . . . , xn+1)) = ρ(e j, (x1, . . . , xn+1)) = arccos e j, (x1, . . . , xn+1) = arccos x j ⇒ f (e j), f (x1, . . . , xn+1) = x j. Como T é ortonormal, temos que T (x1, . . . , xn+1) ∈ S n. Assim, podemos escrever ρ(T (x1, . . . , xn+1), f (x1, . . . , xn+1)) = arccos n+1 j=1 x jf (e j), f (x1, . . . , xn+1) = arccos n+1 j=1 x j f (e j), f (x1, . . . , xn+1) = arccos j=1 x2 j = arccos 1 = 0. 11 Como ρ : S n×S n → R é uma função distância, isso implica que T (x1, . . . , xn+1) = f (x1, . . . , xx+1). Portanto, T |S n = f . Isto encerra o exercício. Exercício 6. Mostre que a relação “M é localmente isométrica a N ” não é simétrica. Solução: Seja M = {(x,y, 0) ∈ R3 | x, y ∈ R} e N = M ∪S , sendo S = {(x,y,z) ∈ R3 | |(x,y,z) − (0, 0, 2)| = 1} a esfera de centro (0, 0, 2) e raio 1. Considere as respectivas estruturas de variedades Riemannianas em M e N induzidas da estrutura de R3. Neste caso, todos os conceitos de Geometria Riemanniana coincidem com os respectivos conceitos vistos em Geometria Diferencial de Superfícies em R3. Em particular, vale o Teorema Egregium de Gauß. Dessa forma, f : M → N dada pela inclusão f ( p) = p é uma isometria local. No entanto, se p ∈ S ⊂ N , não pode haver isometria local f : U ⊂ N → f (U ) ⊂ M , p ∈ U , já que a curvatura de S em p é positiva e a curvatura em M é sempre zero. Exercício 7. Envolve Grupos de Lie. 12 Capítulo 2 Conexões Afins; Conexão Riemanniana Exercício 1. Seja M uma variedade Riemanniana. Considere a aplicação P = P c,t0,t : T c(t0)M → T c(t)M definida por: P c,t0,t(v), v ∈ T c(t0)M , é o transporte paralelo do vetor v ao longo da curva c. mostre que P é uma isometria e que, se M é orientada, P preserva orientação. Solução: Mostremos que P é um isomorfismo linear. Sejam u, v ∈ T c(t0)M e λ ∈ R quaisquer. Sejam U (t) e V (t) os transportes paralelos de u e v ao longo de c, respectivamente, isto é, U e V são os campos de vetores ao longo de c tais que U (t0) = u, V (t0) = v e DV dt = 0 = DU dt . Observe que U (t) = P (u) e V (t) = P (v). Usando as propriedades da derivada covariante, temos D (U + λV ) dt = DU dt + λ D V dt = 0. Além disso, (U + λV )(t0) = U (t0) + λV (t0) = u + λv. Logo, o campo U + λV ao longo de c é o transporte paralelo de u + λv, ou seja, P (u + λv) = P (u) + λP (v), portanto P é linear. Da mesma forma como P foi definida, considere Q : T c(t)M → T c(t0)M . Afirma- mos que P ◦ Q = 1T c(t)M e Q ◦ P = 1T c(t0)M . De fato, seja v ∈ T c(t0)M e V (t) o transporte paralelo de v ao longo de c de t0 a t. Então V (t0) = v e DV dt = 0. Logo, Q ◦P (v) = Q(V (t)). Mas Q(V (t)) é dado por V (t0), em que V é tal que V (t) = V (t) e D V dt = 0 (ou seja, é o transporte paralelo de V (t) ao longo de c, mas no sentido “de t a t0”). Afirmamos que V (t) = V (t). Isso segue da unicidade de transportes paralelos e do fato que V já possui tais propriedades. Assim, Q(V (t)) = V (t0) = V (t0) = v, ou seja, mostramos que Q ◦ P (v) = v = 1T c(t0)M , para todo v ∈ T c(t0)M . Analoga- mente, mostra-se que P ◦Q = 1T c(t)M . Isso conclui a demonstração de que P é um isomorfismo. 13 Mostremos que P é uma isometria. Sejam u, v ∈ T c(t0)M e U e V os transportes paralelos de u e v ao longo de c. Pela compatibilidade da conexão com a métrica Riemanniana, sabemos que u, vc(t0) = U (t), V (t)c(t) , ∀t ∈ I = Domc, e isso nos diz exatamente que P é uma isometria entre os espaços vetoriais normados (T c(t0)M, ·, ·c(t0)) e (T c(t)M, ·, ·c(t)). Suponha por fim que M possui orientação A (atlas orientado). Observamos a seguir que a escolha de uma tal orientação induz uma orientação em cada plano tangente a M . De fato, seja (U,x) ∈ Ae sejam X i = ∂ ∂xi a base coordenada associada a x. Assim, se p ∈ x(U ), definimos a orientação em T pM como sendo positiva se ela possui a mesma orientação que {X 1, . . . , X n}. Mostremos que a “orientação positiva” em T pM está bem definida. Suponha que (V, y) ∈ A com p ∈ W = x(U )∩y(V ) e denote Y i = ∂ ∂yi a base coordenada de y. Seja T o isomorfismo linear que leva {X 1( p), . . . , X n( p)} respectivamente em {Y 1( p), . . . , Y n( p)}. Queremos mostrar que det T > 0. A menos de translações de Rn (que sabemos que preservam a orientação), podemos supor que 0 ∈ U ∩ V e x(0) = p = y(0). Assim, sobre ∅ = W = x(U ∩ V ) ∩ y(U ∩ V ), podemos definir y ◦ x−1 : W → W . Afirmação 2.1. T = d(y ◦ x−1)( p). De fato, temos d(y ◦ x−1)( p) · X i( p) = dy(x−1( p)) ◦ dx−1( p) · X i( p) = dy(0) ◦ dx−1( p) ◦ dx(0) · ei = dy(0) ◦ d(x−1 ◦ x)(0) · ei = dy(0) ◦ d(1)(0) · ei = dy(0) ◦ 1 · ei = dy(0) · ei = Y i( p). Como T : T pM → T pM dada por T (X i( p)) = Y i( p) é única, devemos ter T = d(y ◦ x−1)( p). Isso prova a afirmação. Como A é uma orientação, temos 0 < det(d(x−1 ◦ y)(0)) = det(d(x−1( p)) ◦ dy(0)) = det(d(x−1( p))) · det(dy(0)). Assim, det T = det(d(y ◦ x−1)( p)) = det(dy(0) ◦ dx−1( p)) = det(dy(0)) · det(dx−1( p)) > 0. Isso conclui a demonstração de que {X 1( p), . . . , X n( p)} e {Y 1( p), . . . , Y n( p)} pos- suem a mesma orientação. Portanto, a orientação em T pM não depende da carta escolhida. Resta mostrar que P : T c(t0)M → T c(t)M preserva orientação. Primeiramente, podemos supor que c([t0, t]) está contido na imagem x(U ) de alguma parametrização (U,x) ∈ A (caso contrário, podemos cobrir c([t0, t]) com uma quantidade finita de tais vizinhanças e provar o resultado em cada uma delas, fato que implica o resultado no intervalo [t0, t]). 14 Para cada s ∈ [t0, t], seja {X 1(c(s)), . . . , X n(c(s))} a base coordenada da para- metrização (U,x). Seja {v1, . . . , vn} uma base positiva de T c(t0)M . Para mostrar que P preserva orientação, precisamos mostrar que {P (v1), . . . , P (vn)} (que é base de T c(t)M pois já mostramos que P é isomorfismo) é positiva. Sejam V 1, . . . , V n os transportes paralelos de v1, . . . , vn, respectivamente. Para cada s ∈ [t0, t], escreva V j(s) = n i=0 aij(s)X i(c(s)). Sabemos que os transportes paralelos são diferenciá- veis, de forma que as funções aij : [t0, t] → R são diferenciáveis. Observe que {X 1(c(s)), . . . , X n(c(s))} é uma base positiva de T c(s)M , para todo s ∈ [t0, t]. A matriz da mudança de base que leva {X 1(c(s)), . . . , X n(c(s))} em {V 1(s), . . . , V n(s)} é precisamente (aij(s)), que é inversível, pela primeira parte do exercício. Portanto, det(aij(s)) = 0, ∀s ∈ [t0, t]. Logo, a função d : [t0, t] → R dada por d(s) = det(aij(s)) é contínua e não se anula. Como d(t0) = det(aij(t0)) > 0 (pois {V 1(t0), . . . , V n(t0)} = {v1, . . . , vn} é positiva), devemos ter d(t) = det(aij(t)) = det P > 0, como quería- mos mostrar (observe que {P (v1), . . . , P (vn)} = {V 1(t), . . . , V n(t)}). Isso conclui o exercício. Exercício 2. Sejam X e Y campos de vetores numa variedade Riemanniana M . Sejam p ∈ M e c : I → M uma curva integral de X por p, i.e. c(t0) = p e d c dt = X (c(t)). Prove que a conexão Riemanniana de M é (∇X Y )( p) = d dt (P −1c;t0;t(Y (c(t)))), onde P c;t0;t : T c(t0)M → T c(t)M é o transporte paralelo de c de t0 a t (isso mostra como a conexão pode ser reobtida da noção de paralelismo). Solução: Denote por P a aplicação P c,t0,t : T c(t0)M → T c(t)M e V : I → T M a aplicação Y ◦ c(t). Como (∇X Y )( p) depende apenas do vetor X ( p) e do valor de Y ao longo de uma curva tangente a X em p, usando que c é a curva integral de X e o item (c) da Proposição 2.2, temos D V dt (t0) = (∇ dc dt Y )(t0) = ∇X (c(t0))Y = ∇X ( p)Y = (∇X Y )( p). (∗) Seja {e1, . . . , en} uma base ortonormal de T pM . Para cada i = 1, . . . , n, sejam P i os transportes paralelos do vetor ei ao longo de c de t0 a t. Observe que {P 1(s), . . . , P n(s)} é uma base ortonormal de T c(s)M , para todo s ∈ I , pois a conexão é compatível com a métrica. Dessa forma, V (s) se escreve como V (s) = n i=1 ai(s)P i(s), para todo s ∈ I , com ai : I → R diferenciáveis. Temos D V dt = D dt n i=1 aiP i = n i=1 D dt aiP i = n i=1 d ai dt P i + ai D P i dt = n i=1 d ai dt P i. Em particular, segue de (∗) que (∇X Y )( p) = D V dt (t0) = n i=1 a(t0)P i(t0) = n i=1 a(t0)ei. (∗∗) 15 Afirmamos que P −1(V (t)) = n i=1 ai(t)ei (aqui, t ∈ I está fixo! É aquele t para o qual P = P c,t0,t). Como P é isomorfismo, para provar este fato basta mostrar que P n i=1 ai(t)ei = V (t). De fato, para cada s ∈ I , seja V (s) = n i=1 ai(t)P i(s). Temos V (t0) = n i=1 ai(t)P i(t0) = n i=1 ai(t)ei e D V ds = n i=1 d ai(t) ds P i(s) = 0. Portanto, V é o transporte paralelo de n i=1 ai(t)ei ao longo de c. Mas V (t) = n i=1 ai(t)P i(t) = V (t). Isso prova que P n i=1 ai(t)ei = V (t). Assim, temos que a função f : I → T pM dada por f (t) = P −1c;t0,t(Y (c(t)), na verdade é dada por f (t) = P −1c;t0,t(Y (c(t)) = P −1 c;t0,t(V (t)) = n i=1 ai(t)ei. Portanto, d dt P −1c;t0,t(Y (c(t)) t=t0 = d f dt t=t0 = n i=1 a(t0)ei (∗∗) = (∇X Y )( p), como queríamos demonstrar. Exercício 3. Seja f : M n → M n+k uma imersão de uma variedade diferenciável em uma variedade Riemanniana M . Suponha que M tem a métrica Riemanniana induzida por f (cf. Exemplo 2.5 do Cap. I). Seja p ∈ M e U ⊂ M uma vizinhança de p tal que f (U ) ⊂ M seja uma subvariedade de M . Sejam X , Y campos de vetores em f (U ) e estenda-os a campos de vetores X e Y em um aberto de M . Defina (∇X Y )( p) = componente tangencial de ∇X Y , onde ∇ é a conexão Riemanniana de M . Prove que ∇ é a conexão Riemanniana de M . Solução: Exercício 4. Seja M 2 ⊂ R3 uma superfície em R3 com a métrica Riemanniana induzida. Seja c : I → M uma curva diferenciável em M e V um campo de vetores tangentes a M ao longo de c; V pode ser pensado como uma função diferenciável V : I → R3, com V (t) ∈ T c(t)M . (a) Mostre que V é paralelo se e somente se d V dt é perpendicular a T c(t)M ⊂ R3 onde d V dt é a derivada usual de V : I → R3. (b) Se S 2 ⊂ R3 é a esfera unitária de R3, mostre que o campo velocidade ao longo de círculos máximos parametrizados pelo comprimento de arco é um campo paralelo. O mesmo argumento se aplica para Rn ⊂ Rn+1. Solução: Exercício 5. No espaço euclidiano, o transporte paralelo de um vetor entre dois pontos não depende da curva que liga estes dois pontos. Mostre, por um exemplo, que isto não é verdade numa variedade Riemanniana qualquer. 16 Solução: Considere a esfera unitária S 2 ⊂ R3. Considere o vetor v = (0, 1, 0) tangente a S 2 em pN = (0, 0, 1). Considere α : [0, π] → S 2 dada por α(t) = (0, sen t, cos t). Temos α(0) = (0, 0, 1) = pN e α(π) = (0, 0,−1) = pS . Seja V : [0, π] → R3 o transporte paralelo de v ao longo de α. Afirmamos que V (t) = α(t), ∀t ∈ [0, π]. De fato, α (0) = (0, cos t,− sen t)|t=0 = (0, 1, 0) = v e1 Dα dt (t) = dα(t) dt T = α(t)T = (0,− sen t,− cos t)T = −α(t)T = 0, pois −α(t) é normal a S 2 em α(t). Pela unicidade do transporte paralelo, segue que V = α. Daí, V (π) = α(π) = (0, cosπ,− sen π) = (0,−1, 0). Façamos agora o transporte paralelo de v saindo de pN e chegando em pS , mas ao longo da curva β : [0, π] → S 2, β (t) = (sen t, 0, cos t). Denote por W : [0, π] → R3 tal transporte paralelo. Afirmamos que W (t) = v, ∀t ∈ [0, π]. Primeiro, precisamos mostrar que W (t) = v está bem definida, isto é, v ∈ T β(t)S 2, para todo t ∈ [0, π]. Mas2 v, β (t) = (0, 1, 0), (sen t, 0, cos t) = 0 ⇒ v ⊥ β (t) ⇒ v ∈ T β(t)S 2, para todo t ∈ [0, π]. Portanto, W (t) ≡ v é um campo bem definido aolongo de β . É claro que W (0) = v e DW dt (t) = dW dt T = 0 e, portanto, W é o transporte paralelo de v ao longo de β . No entanto, W (π) = v = (0, 1, 0) = (0,−1, 0) = V (π). Exercício 6. Seja M uma variedade Riemanniana e p um ponto de M . Considere a curva constante f : I → M dada por f (t) = p, para todo t ∈ I . Seja V um 1Nesta situação, a derivada covariante corresponde à componente tangente da derivada usual em R 3. 2A todo momento estamos usando as estruturas de R3. 17 campo vetorial ao longo de f (isto é, V é uma aplicação diferenciável de I em T pM ). Mostre DV dt = dV dt , isto é, a derivada covariante coincide com a derivada usual de V : I → T pM . Solução: Exercício 7. Seja S 2 ⊂ R3 a esfera unitária, c um paralelo qualquer de S 2 e V 0 um ve tor tangente a S 2 em um ponto de c. Descreva geometricamente o transporte paralelo de V 0 ao longo de c. Sugestão: Considere o cone C tangente a S 2 ao longo de c e mostre que o transporta paralelo de V 0 ao longo de c é o mesmo, quer tomado em relação a S 2 ou a C . Solução: Exercício 8. Considere o semi-plano superior R 2+ = {(x, y) ∈ R2; y > 0} com a métrica dada por g11 = g22 = 1y2 , g12 = 0 (métrica da geometria não-euclidiana de Lobatchevski). (a) Mostre que os símbolos de Christoffel da conexão Riemanniana são: Γ111 = Γ212 = Γ 1 22 = 0, Γ 2 11 = 1 y , Γ 1 12 = Γ 2 22 = − 1y . (b) Seja v0 = (0, 1) um vetor tangente no ponto (0, 1) de R2+ (v0 é o vetor unitário do eixo 0y com origem em (0, 1)). Seja v(t) o transporte paralelo de v0 ao longo da curva x = t, y = 1. Mostre que v (t) faz um ângulo t com a direção de 0y no sentido horário. Sugestão: O campo v(t) = (a(t), b(t)) satisfaz o sistema (2) que defini um campo paralelo e que, neste caso, se simplifica em d a dt + Γ 1 12b = 0, d b dt + Γ 2 11a = 0. Fazendo a = cos θ(t), b = sen θ(t) e notando que ao longo da curva dada temos y = 1, obteremos das equações acima que d θdt = −1. Como v(0) = v0, isto implica que θ(t) = π2 − t. Solução: (a) Usaremos a expressão clássica dos símbolos de Christoffel da conexão Rie- manniana em termo da métrica Riemanniana (ver Manfredo, pág. 62, eq. (10)): Γmij = 1 2 n k=1 ∂ ∂xi g jk + ∂ ∂x j gki − ∂ ∂xk gij gkm, sendo (gkm)k,m a matriz inversa da métrica Riemanniana g = (gkm)k,m. No caso do plano de Lobatchevski, temos g(x, y) = g11(x, y) g12(x, y) g21(x, y) g22(x, y) = 1 y2 0 0 1 y2 ⇒ (g(x, y))−1 = y2 0 0 y2 . 18 No nosso caso, n = 2, temos Γmij = 1 2 2 k=1 ∂ ∂xi g jk + ∂ ∂x j gki − ∂ ∂xk gij gkm = 1 2 ∂ ∂xi g j1 + ∂ ∂x j g1i − ∂ ∂x1 gij g1m + ∂ ∂xi g j2 + ∂ ∂x j g2i − ∂ ∂x2 gij g2m . Assim, Γ111(x, y) = 1 2 ∂ ∂x g11(x, y) + ∂ ∂x g11(x, y) − ∂ ∂x g11(x, y) y2 = 0, Γ212(x, y) = 1 2 ∂ ∂x g22(x, y) + ∂ ∂y g21(x, y) − ∂ ∂y g12(x, y) y2 = 1 2 (0 + 0 + 0) y2 = 0, Γ122(x, y) = 1 2 ∂ ∂y g21(x, y) + ∂ ∂y g12(x, y) − ∂ ∂x g22(x, y) y2 = 1 2 (0 + 0 + 0) y2 = 0, Γ211(x, y) = 1 2 ∂ ∂x g12(x, y) + ∂ ∂x g21(x, y) − ∂ ∂y g11(x, y) y2 = 1 2 −(−2) 1 y3 y2 = 1 y , Γ112(x, y) = 1 2 ∂ ∂x g21(x, y) + ∂ ∂y g11(x, y) − ∂ ∂x g12(x, y) y2 = 1 2 −2 1 y3 y2 = −1 y , Γ222(x, y) = 1 2 ∂ ∂y g22(x, y) + ∂ ∂y g22(x, y) − ∂ ∂y g22(x, y) y2 = 1 2 −2 1 y3 y2 = −1 y . (b) Denote v (t) = (a(t), b(t)) o campo transporte paralelo de v0 ao longo da curva α(t) = (t, 1). Lembre-se que, se α(t) = (x1(t), . . . , xn(t)) é a expressão local de uma curva em uma variedade M (no nosso caso, α(t) = (t, 1)) e v0 ∈ T pM , com α(t0) = p, então o transporte paralelo V (t) = n j=1 v j(t)X j(α(t)) é dado pelo sistema de n equações diferenciais 0 = d vk dt + n i,j=1 Γkijv j d xi dt , k = 1, . . . , n , (Veja Manfredo, pág. 58, 59) 19 com condição inicial V (t0) = v0. No nosso caso, obtemos 0 = d a dt + 2 i,j=1 Γ1ijv j d xi dt (para k = 1) = d a dt + 0 Γ111a d x1 dt + Γ112b d x1 dt + 0 Γ121a d x2 dt + 0 Γ122b d x2 dt = d a dt − 1 x2 b d x1 dt = d a dt − b, e 0 = d b dt + Γ211a d x1 dt + 0 Γ212b d x1 dt + 0 Γ221a d x2 dt + Γ222b 0 d x2 dt (para k = 2) = d b dt − 1 x2 a d x1 dt = d b dt − a, ou seja, d a dt − b = 0 d b dt − a = 0 . (∗) Observe que u, vα(t) = u,v Im(α(t))2 = u,v 12 = u, v, ou seja, a métrica Rieman- niana do plano de Lobatchevski coincide com a métrica usual do R2, sobre a curva α. Daí, v0, v0v0 = v0, v0 = 1. Como v(t) é paralelo e a conexão é compatível com a métrica, devemos ter v(t), v(t)α(t) = v0, v0v0 = 1. Mas então v(t), v(t) = 1, isto é, v(t) é unitário no sentido usual (R2). Logo, v(t) se escreve como v(t) = (a(t), b(t)) = (cos θ(t), sen θ(t)). Segue de (∗) que −θ(t)sen θ(t) − sen θ(t) = 0 θ(t)cos θ(t) − cos θ(t) = 0 ⇒ θ (t) = −1, ∀t. pois, ∀t, sen θ(t) = 0 ou cos θ(t) = 0. Como v(0) = v0 = (0, 1), temos θ(0) = π2 + 2kπ, para algum k ∈ Z. Tomando k = 0, por simplicidade, obtemos θ(t) = π2 − t. Agora, θ(t) é o ângulo formado entre v(t) e o eixo 0x no sentido anti-horário. Daí, o ângulo entre v(t) e o eixo 0y no sentido anti-horário é π 2 − t− π2 = −t. Portanto, o ângulo entre v(t) e o eixo 0y no sentido horário é t. Exercício 9. (Métricas pseudo-Riemannianas ). Uma métrica pseudo-Riemanniana em uma variedade diferenciável M é a escolha, para cada ponto p ∈ M , de uma forma bilinear simétrica não degenerada , (porém não necessariamente positiva definida) em T pM e que varia diferenciavelmente com p. Exceto pleo fato de não ser , definida positiva, todas as definições até agora apresentadas fazem sentido em uma métrica pseudo-Riemanniana. Por exemplo, uma conexão afim em M é compatível com uma métrica pseudo-Riemanniana de M se (4) é satisfeita; se, além disto, (5) se verifica, a conexão afim é dita simétrica . (a) Mostre que o Teorema de Levi-Civita se estende a métricas pseudo-Riemannianas. A conexão assim obtida é chama pseudo-Riemanniana. 20 (b) Introduza uma métrico pseudo-Riemanniana em Rn+1 pela forma quadrática Q(x0, . . . , xn) = −x20 + x21 + · · · + x2n, (x0, . . . , xn) ∈ Rn+1. Mostre que o transporte paralelo da conexão de Levi-Civita deste métrica coin- cide com o transporte paralelo usual do Rn+1 (esta métrica pseudo-Riemanniana é chamada métrica de Lorentz ; para n = 3, ela aparece naturalmente em Rela- tividade.) Solução: (a) Basta observar que na demonstração do Teorema de Levi-Civita, não utiliza-se o fato de que a métrica Riemanniana é definida positiva. (b) Uma forma quadrática num R-espaço vetorial V é uma aplicação q : V → R da forma q (v) = f (v, v), v ∈ V , para alguma aplicação bilinear f : V × V → R. A forma quadrática q : V → R é dita definida positiva se q (v) ≥ 0, ∀v ∈ V e q (v) = 0 ⇔ v = 0. Temos o seguinte resultado: Proposição 2.2. Se V é um R-espaço vetorial e q : V → R é uma forma quadrática definida positiva, então , : V × V → R dada por u, v = 1 2 (q (u + v) − q (u) − q (v)), u , v ∈ V, é um produto interno em V . Demonstração. De fato, seja f : V × V → R a aplicação bilinear tal que q (v) = f (v, v). Temos v, v = 1 2 (q (2v) − 2q (v)) = 1 2 (f (2v, 2v) − 2f (v, v)) = 1 2 (4f (v, v) − 2f (v, v)) = f (v, v) = q (v), ∀v ∈ V e, portanto, v, v ≥ 0 e v, v = 0 ⇔ v = 0. Além disso, é claro que u, v = v, u, ∀u, v ∈ V e u + λv, w = 1 2 (q (u + λv + w) − q (u + λv) − q (w)) = 1 2 (f (u + λv + w, u + λv + w) − f (u + λv, u + λv) − f (w, w)) = 1 2 ( f (u, u) + λf (u, v) + f (u, w) + λf (v, u) + λ2f (v, v) + λf (v, w) + f (w, u) + λf (w, v) + f (w, w) − f (u, u) − λf (u, v) − λf (v, u) − λ2f (v,v) − f (w, w)) = 1 2 (f (u, w) + f (w, u)) + λ 2 (f (v, w) + f (w, v)) = 1 2 (f (u, u) + f (u, w) + f (w, u) + f (w, w) − f (u, u) − f (w, w)) + λ 2 (f (v, v) + f (v, w) + f (w, v) + f (w, w) − f (v, v) − f (w, w)) 21 = 1 2 (f (u + w, u + w) − f (u, u) − f (w, w)) + λ 2 (f (v + w, v + w) − f (v, v) − f (w, w)) = 1 2 (q (u + w) − q (u) − q (w)) + λ 2 (q (v + w) − q (v) − q (w)) = u, w + λ v, w , ∀u,v,w ∈ V, λ ∈ R. Isso mostra que , é um produto interno. Observação 2.3. Observe que, se conhecemos a aplicação bilinear f tal que q (v) = f (v, v), então o produto interno da proposição acima também pode ser expresso por u, v = 12(f (u, v) + f (v, u)). Voltemos ao exercício. A proposição acima motiva uma pseudo-métrica Rieman- niana a partir da forma quadrática fornecida Q. Observe que f : Rn+1×Rn+1 → R dada por f (x, y) = −x0y0 + x1y1 + · · · + xnyn é uma aplicação bilinear e que Q(x) = f (x, x), para todo x ∈ Rn+1. Defina em todo ponto p ∈ Rn+1 e para quaisquer vetores x, y ∈ Rn+1, x, y∗ = 1 2 (f (x, y) + f (y, x)) = f (x, y) = −x0y0 + x1y1 + · · · + xnyn. Isso de fato define uma pseudo-métrica pois f f é bilinear simétrica (portanto diferenciável) e não-degenerada (i.e. f (x, y) = 0, ∀y ∈ Rn+1 ⇒ x = 0). Portanto, M ∗ = (Rn+1, , ) é uma variedade pseudo-Riemanniana. Denote por ∇∗ e [ , ]∗ a conexão pseudo-Riemanniana e o colchete de M ∗. Como M ∗ é o Rn+1 na categoria de variedades diferenciáveis, e o colchete depende apenas da estrutura diferenciável, temos que [ , ]∗ = [ , ], isto é, o colchete de M = (Rn+1, , ). Dito isso, seja ∇ a conexão riemanniana de M . Mostraremos que ∇ = ∇∗. Para isso, pela unicidade fornecida pelo Teorema de Levi-Civita, basta mostrar que ∇ é compatível com a pseudo-métrica de M ∗ e simétrica com relação ao colchete de M ∗. Temos3 ∇X Y − ∇Y X = [X, Y ] = [X, Y ]∗, ∀X, Y ∈ X(M ∗) = X(M ), e, portanto, ∇ é simétrica em M ∗. Lembre-se que (∇X Y )( p) = ∂Y ( p) ∂X ( p) , p ∈ Rn+1. Mostremos que ∇ é compatível com , ∗. De fato, para todo p ∈ Rn+1, e X , 3Em particular, pelo Teorema de Schwarz, o colchete de Rn+1 é identicamente nulo! 22 Y = (Y 0, . . . , Y n) e Z = (Z 0, . . . , Z n) ∈ X(M ∗), temos X Y, Z ∗ ( p) = ∂ Y, Z ∗ ∂X ( p) ( p) = ∂ ∂X ( p) (−Y 0Z 0 + Y 1Z 1 + . . . Y nZ n) ( p) = −∂Y 0( p) ∂X ( p) Z 0( p) − Y 0( p) ∂Z 0( p) ∂X ( p) + · · · + ∂Y n( p) ∂X ( p) Z n( p) + Y n( p) ∂Z n( p) ∂X ( p) = ∂Y 0( p) ∂X ( p) , . . . , ∂Y n( p) ∂X ( p) , (Z 0( p), . . . , Z n( p)) ∗ + (Y 0( p), . . . , Y n( p)), ∂Z 0( p) ∂X ( p) , . . . , ∂Z n( p) ∂X ( p) ∗ = ∂Y ( p) ∂X ( p) , Z ( p) ∗ + Y ( p), ∂Z ( p) ∂X ( p) ∗ = (∇X Y )( p), Z ( p)∗ + Y ( p), (∇X Z )( p)∗ = (∇X Y, Z ∗ + Y,∇X Z ∗) ( p), ∴ X Y, Z ∗ = ∇X Y, Z ∗ + Y,∇X Z ∗ , e isso mostra a compatibilidade e concluímos que ∇∗ = ∇. Como a derivada covariante induzida por uma conexão é única, teremos também que D ∗ dt = D dt , isto é, a derivada covariante de campos ao longo de curvas induzida por ∇∗ é a mesma que a do Rn+1. Logo, os transportes paralelos ao longo de curvas também são os mesmos. 23 Capítulo 3 Geodésicas; Vizinhanças Convexas Exercício 1. (Geodésicas de superfícies de revolução). Indique por (u, v) as co- ordenadas cartesianas de R2. Mostre que a função ϕ : U ⊂ R2 → R3 dada por ϕ(u, v) = (f (v)cos u, f (v)sen u, g(v)), U = {(u, v) ∈ R2; u0 < u < u1; v0 < 0 < v1}, onde f e g são diferenciáveis, com f (v)2 + g(v) = 0 e f (v) = 0, é uma imersão. A imagem ϕ(U ) é a superfície gerada pela rotação em torno do eixo 0z da curva (f (v), g(v)) e é chamada uma superfície de revolução S . As imagens por ϕ das curvas u =constante e v =constante são chamadas meridianos e paralelos , respectivamente, de S . (a) Mostre que a métrica induzida nas coordenadas (u, v) é dada por g11 = f 2, g12 = 0, g22 = (f )2 + (g)2. (b) Mostre que as equações locais de uma geodésica γ são d2 u dt2 + 2ff f 2 d u dt d v dt = 0, d2 v dt2 − ff (f )2 + (g)2 d u dt 2 + f f + gg (f )2 + (g)2 d v dt 2 = 0. (c) Obtenha o seguinte significado geométrico das equações acima: a segunda equação é, exceto para meridianos e paralelos, equivalente ao fato de que a “energia” |γ (t)|2 de uma geodésica é constante ao longo de γ ; a primeira equação significa que se β (t) é o ângulo orientado, β (t) < π, de γ com um paralelo P intersectando γ em γ (t), então r cos β = const., onde r é o raio do paralelo P (a equação acima é chamada relação de Clairaut ). (d) Use a relação de Clairaut para mostrar que uma geodésica de um parabolóide (f (v) = v, g(v) = v2, 0 < v < ∞, −ε < u < 2π + ε), que não é um meridiano, se auto-intersecta um número infinito de vezes. 24 Solução: (a) Mostremos que ϕ : U → R3 é uma imersão. É claro que ϕ é diferenciável. Além disso, se (u, v) ∈ U , então dϕ(u,v) = −f (v)sen u f (v)cos u f (v)cos u f (v)sen u 0 g(v) . Se (x, y) ∈ R2, então dϕ(u,v)(x, y) = 0 ⇒ (−xf (v)sen u + yf (v)cos u,xf (v)cos u + yf (v)sen u,yg(v)) = (0, 0, 0) ⇒ −xf (v)sen u + yf (v)cos u = 0 = xf (v)cos u + yf (v)sen u. Se cos u = 0, então −xf (v) sen u = 0 ⇒ x = 0 (pois f (v) = 0 = sen u) e, pela segunda equação, yf (v) sen u = 0 ⇒ y = 0 (pois f (v) = 0 pois f é imersão). Portanto, (x, y) = (0, 0) e isso mostra que ϕ é imersão, neste caso. Suponha agora que cos u = 0. Temos xf (v)tan u = yf (v) e − xf (v) = yf (v)tan u, que implica −xf (v) = (xf (v) tan u) tan u = xf (v)(tan u)2 ⇒ 0 = x(1 + (tan u)2) ⇒ x = 0 ⇒ 0 = yf (v) ⇒ y = 0 ⇒ (x, y) = (0, 0), o que prova que ϕ é imersão, neste caso. Portanto, ϕ induz uma métrica Riemanniana em U que será dada por g11(u, v) = e1, e1(u,v) = dϕ(u,v)e1, dϕ(u,v)e1 = (−f (v)sen u, f (v)cos u, 0), (−f (v)sen u, f (v)cos u, 0) = (f (v))2((sen u)2 + (cos u)2) = (f (v))2, g12(u, v) = e1, e2(u,v) = dϕ(u,v)e1, dϕ(u,v)e2 = (−f (v)sen u, f (v)cos u, 0), (f (v)cos u, f (v)sen u, g(v)) = 0, g22(u, v) = dϕ(u,v)e1, dϕ(u,v)e1 = (f (v)cos u, f (v)sen u, g(v)), (f (v)cos u, f (v)sen u, g(v)) = (f (v))2 + (g(v))2. (b) Calculemos os símbolos de Christoffel em U . Temos G = f 2 0 0 f 2 + g2 ⇒ G−1 = 1 f 2 0 0 1 f 2 + g2 . Sabemos que Γmij = 1 2 2 k=1 ∂ g jk ∂xi + ∂ gki ∂xk − ∂ gij ∂xk gkm 25 sendo gkm a entrada correspondente da matriz G−1. Fazendo as contas, obtemos Γ111 = Γ 1 22 = Γ 2 12 = 0, Γ 1 12 = f f , Γ211 = −ff f 2 + g2 , Γ222 = f f + gg f 2 + g2 . Assim, se γ : I → U , γ (t) = (u(t), v(t)) é uma geodésica, então (veja “equações locais de uma geodésica” , Manfredo, pág. 69): 0 = d2 u dt2 + 2 i,j=1 Γ1ij d xi dt d x j dt = d2 u dt2 + 2 i=1 Γ1i1 d xi dt d u dt + Γ1i2 d xi dt d v dt = d2 u dt2 + 0 Γ111 d u dt d u dt + Γ112 d u dt d v dt + Γ121 d v dt d u dt + 0 Γ122 d v dt d v dt = d2 u dt2 + 2 f f d u dt d v dt . e 0 = d2 v dt2 + 2 i,j=1 Γ2ij d xi dt d x j dt = d2 v dt2 + 2 i=1 Γ2i1 d xi dt d u dt + Γ2i2 d xi dt d v dt = d2 v dt2 + Γ211 d u dt d u dt + 0 Γ212 d u dt d v dt + 0 Γ221 d v dt d u dt + Γ222 d v dt d v dt = d2 v dt2 − f f f 2 + g2 d u dt 2 + f f + gg f 2 + g2 d v dt 2 . (c) (d) O raio do paralelo (f (v) cos u, f (v) sen u, g(v)) é igual a |f (v)| que, neste caso, é igual a f (v) = v (pois 0 < v < ∞). Portanto, a relação de Clairaut fica v cos β = cte. Ou seja, se γ (t) = (u(t), v(t)) é uma geodésica em U , então v(t) = ctecosβ(t) . 26
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