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Conceitos imunológicos e órgãos do sistema imune

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BASES CONCEITUAIS 
• Especificidade 
• Diversidade 
• Memória 
• Discriminação próprio - não próprio 
• Tolerância 
Além de ter desenvolvido o conceito de 
anticorpos, Paul Ehrlich também cunhou que 
eles seriam direcionados de forma 
específica para os antígenos. O conceito de 
especificidade tem a ver com a relação das 
causas específicas das doenças, que surgiu 
no século XVI a partir dos trabalhos de 
Girolamo Fracastoro, na Itália, no período do 
renascimento científico, e que foi 
aprofundada por Louis Pasteur, na França. 
Pasteur era defensor da ideia de que as 
doenças tinham causas específicas, e isso 
permitiu que ele desenvolvesse a Teoria dos 
Germes. 
Há uma diversidade muito grande de 
comportamentos e de mecanismos de 
atividades, pois há uma grande diversidade 
de patógenos e micro-organismos, e uma 
grande diversidade de componentes na 
superfície desses micro-organismos, com os 
quais o sistema imune é obrigado a lutar. 
Logo, ao mesmo tempo que ele deve atuar 
de forma específica, ele também deve ter 
uma diversidade na capacidade de 
reconhecimento. 
O sistema imune funciona como se tivesse 
memória, da mesma forma que o sistema 
nervoso. Hoje, há um entendimento de que 
essa memória surge da operação conjunta 
de todo o sistema. 
O sistema imune aparentemente se 
comporta como se fosse capaz de 
discriminar aquilo que é próprio e 
característico do organismo, do que é 
estranho e não faz parte da composição e 
organização dele. Essa discriminação próprio 
- não próprio é o que explica, por exemplo, 
o fato de que o organismo reage à presença 
de patógenos, mas também o fato de que 
muitas vezes transplantes não são possíveis 
(fenômeno chamado de rejeição). Essa 
discriminação pode ser comprometida 
gerando as doenças autoimunes. 
A tolerância está no centro de um 
fenômeno biológico importante que é a 
gestação. Se um feto possui 50% de seus 
componentes iguais ao do pai, que é um 
organismo estranho aos tecidos da mãe, 
essa gestação não poderia ocorrer sem a 
tolerância. A alimentação também está 
relacionada a esse conceito, pois devido à 
ingestão de carnes (células de um outro 
organismo), o intestino ficaria ativado, 
podendo ficar até mesmo inflamado. Em 
algumas pessoas isso acontece devido à 
algumas doenças do intestino relacionadas à 
uma hiperatividade imunológica, como a 
doença de Crohn ou a doença celíaca 
(tolerância comprometida). 
ANTIGENICIDADE X IMUNOGENICIDADE 
Quando a imunologia surgiu no final do século 
XIX, não existia uma diferença entre esses 
dois conceitos. Existia o conceito de antígeno 
e o de antigenicidade. À medida em que foi 
se conhecendo o mecanismo de 
funcionamento do sistema imune, o conceito 
de imunogenicidade foi desenvolvido. 
A antigenicidade é a capacidade de uma 
substância ser alvo de ligação dos 
componentes do sistema imune, 
particularmente dos anticorpos. Já a 
imunogenicidade é a capacidade de uma 
substância desencadear uma ativação do 
sistema imune. 
Muitas vezes, um imunógeno é um antígeno, 
mas nem todo antígeno é um imunógeno. 
Existem algumas substâncias sintéticas que 
são alvo de ligação dos anticorpos, mas elas 
não são capazes de ativar uma resposta 
imune. 
Os antígenos têm uma característica 
importante que são as regiões onde os 
anticorpos se ligam, chamadas de 
determinantes antigênicos ou epítopos. A 
ligação entre anticorpo e antígeno não é na 
proporção de 1:1, pois um antígeno pode ter 
vários epítopos, sendo a ligação na 
proporção entre um anticorpo e um 
determinante antigênico. 
A antigenicidade de uma substância depende 
de algumas características presentes na 
ligação entre ela e os anticorpos. Uma 
dessas propriedades é a afinidade, que é a 
força com a qual um anticorpo se liga a um 
antígeno. Dessa forma, uma substância é 
antigênica para determinados tipos de 
anticorpos, podendo diferenciar diferentes 
substâncias pelo grau de afinidade com um 
anticorpo específico. 
Antigenicidade: capacidade de ligação (ligar ou 
não ligar). 
Afinidade: força com que se liga. 
Uma outra característica é a valência, que 
diz respeito aos sítios de ligação que um 
anticorpo possui para se ligar a um antígeno. 
Existem alguns anticorpos que só possuem 
dois sítios de ligação, enquanto alguns 
possuem quatro/dez sítios. 
RESPOSTA IMUNE - ATIVAÇÃO 
Quando algumas células do sistema imune são 
ativadas, diz-se que há uma resposta imune 
celular, sendo o exemplo mais clássico a 
fagocitose. Também existe a chamada 
resposta imune humoral, que é 
caracterizada pela produção de anticorpos. 
Um tipo de resposta imune não exclui a 
outra, embora no final do século XIX essas 
duas propostas de funcionamento do 
sistema imune tenham sido defendidas por 
escolas de imunologia distintas. A resposta 
imune celular ou a imunidade celular, era 
defendida pela escola francesa de 
imunologia, vinculada ao Instituto Pasteur. Já 
a resposta imune humoral era defendida por 
Koch e seus seguidores, particularmente por 
Paul Ehrlich. 
Um outro conceito relacionado à resposta 
imune é o de expansão clonal. Algumas 
células do sistema imune quando ativadas, 
particularmente os linfócitos, se multiplicam 
em uma alta taxa de mitose, e esse 
fenômeno de grande multiplicação é 
chamado de expansão clonal. 
Uma outra forma de entender a ativação do 
sistema imune é em relação à classificação 
dos mecanismos envolvidos, como ativos ou 
passivos. 
Quando uma resposta imune é ativa, ou seja, 
ela efetivamente leva à ativação de células, 
mecanismos moleculares e vias bioquímicas 
do organismo, diz-se que é um processo de 
vacinação. 
Quando há a transferência de componentes 
previamente prontos em um outro 
organismo, a resposta imune é passiva. Isso 
ocorre na transferência de imunidade 
passiva de origem materna, principalmente 
pela ingestão do colostro, e pela passagem 
de anticorpos pela via transplacentária nas 
fêmeas primatas. Uma outra forma é 
receber os anticorpos previamente prontos 
em um outro organismo através da 
soroterapia. 
IMUNIDADE CELULAR 
A ideia da imunidade celular surge no final do 
século XIX, a partir dos estudos de 
Mechnikov, que observou o processo pela 
primeira vez em tecidos de estrela do mar. 
Ele inoculou nanquim dentro dos tecidos da 
estrela do mar e observou ao microscópio 
que células fagocitárias englobavam esse 
material. 
IMUNIDADE HUMORAL - NEUTRALIZAÇÃO 
A imunidade humoral, proposta pela escola 
alemã, se baseava em dois conceitos. O 
primeiro conceito surgiu já no século XIX, 
chamado de neutralização. 
Esse conceito parte do pressuposto de que 
existem toxinas e substâncias que entram 
no organismo, vão para a corrente 
sanguínea e ficam no meio extracelular dos 
tecidos, e que essas substâncias vão ser 
direcionadas em algum momento para 
dentro das células. A ideia da neutralização é 
que ocorra o bloqueio dessas substâncias 
antes que elas sejam capazes de entrar no 
interior das células. 
Um outro conceito descoberto no século XX, 
é o processo de opsonização. Os anticorpos 
neutralizam sim os antígenos, mas além 
disso, eles podem facilitar o processo de 
fagocitose dos antígenos. Um patógeno como 
uma bactéria extracelular, quando entra 
dentro do organismo pode ser fagocitada, 
mas esse processo é amplificado quando o 
organismo produz anticorpos que revestem 
essa bactéria. As células fagocitárias do 
organismo possuem receptores para 
anticorpos, e a consequência disso é: o 
anticorpo se liga ao patógeno que está no 
meio extracelular e faz num primeiro 
momento a neutralização, e depois é 
facilitado o processo de fagocitose. É como 
se os anticorpos facilitassem a ligação dos 
macrófagos aos micro-organismos que 
eventualmente entram no organismo. 
Algumas bactérias produzem toxinas que 
provocam respostas do organismo 
intoxicado, também mediadas pela ligação das 
toxinas aos receptores (anticorpos também 
neutralizam essas toxinas) - 
particularmente interessante no 
fornecimento de soro antidiftérico e 
antitetânico (bactérias) eem acidentes 
ofídicos (a terapia envolvida consiste em 
fornecer anticorpos neutralizantes logo 
após o acidente). 
TIPOS DE IMUNIDADE 
A imunidade inata é conhecida como sendo a 
parte do sistema imune que não é 
direcionada para um patógeno em especial, 
mas sim para um conjunto de patógenos. 
Isso é mediado, geralmente, por proteínas 
comuns a esses grupos de patógenos. Um 
exemplo são as bactérias gram-positivas, 
muito ricas em peptidoglicanos, então parte 
do sistema imune reconhece muito bem 
esses componentes independente da 
produção de anticorpos. 
A imunidade inata está presente desde o 
nascimento. 
A fagocitose é um processo característico 
da imunidade inata que também vai ser 
importante para a imunidade adaptativa. 
A imunidade adaptativa é aquela mediada 
principalmente pelos linfócitos e pelos seus 
produtos (anticorpos). 
Existe uma diferença entre a imunidade 
inata e a imunidade passiva em relação ao 
tempo de ativação. A imunidade inata é 
ativada praticamente no mesmo momento 
em que ocorre a infecção, a entrada do 
patógeno no organismo. Já a imunidade 
adaptativa demora um pouco mais, então a 
produção de anticorpos em decorrência de 
uma infecção pode levar de 7 a 14 dias. 
A imunidade inata não é considerada tão 
específica para os antígenos, já a imunidade 
adaptativa, acredita-se que ela é mais 
direcionada e tem um comportamento mais 
exclusivo. 
IMUNIDADE INATA (NATURAL) 
• Inespecífica 
• Primeira a atuar 
• Não gera memória 
• Inflamação 
Um dos primeiros organismos estudados em 
relação à presença de imunidade inata 
foram os peixes ágnatos, como a lampreia. 
A imunidade adaptativa depende do 
funcionamento da imunidade inata. Quando 
um micro-organismo entra em contato com 
o organismo, ele invade o tecido e ativa as 
células do sistema imune (células fagocitárias 
como os macrófagos e algumas células 
polimorfonucleares como os neutrófilos). 
Essa ativação inicial é importante para iniciar 
o processo de recrutamento dos 
componentes da imunidade adaptativa 
(linfócitos T e B). 
 
IMUNIDADE ADAPTATIVA (ADQUIRIDA) 
• Específica 
• Segunda a atuar 
• Gera memória 
• Padrões de atividade de linfócitos T 
• Produção de anticorpos 
A imunidade adaptativa é mais específica 
porque os mecanismos envolvidos na sua 
ativação utilizam os próprios componentes 
dos antígenos como referencial para 
produzir os anticorpos. É necessário um 
reconhecimento mediado por anticorpos 
também para ativar os linfócitos B, e esse 
reconhecimento faz com que os anticorpos 
produzidos sejam aqueles que melhor se 
ligam aos componentes do patógeno, aos 
antígenos e determinantes antigênicos 
presentes no micro-organismo. 
O conhecimento sobre a imunidade 
adaptativa avançou muito, e sabe-se que ela 
pode ser dividida, assim como no século XIX, 
em imunidade humoral e imunidade celular. 
A imunidade adaptativa do ponto de vista 
humoral, tem a participação dos anticorpos, 
mas também das células que os produzem 
(linfócitos B). 
A imunidade celular que participa da 
imunidade adaptativa é particularmente 
aquela dependente de mecanismos onde 
estão envolvidos linfócitos T (auxiliares e 
citotóxicos). Na superfície desses dois tipos 
de linfócitos existem receptores capazes de 
reconhecer pedaços do antígeno que foi 
previamente fagocitado pelos macrófagos. 
 
A classificação relacionada a imunidade ativa 
e a imunidade passiva está demonstrada na 
figura abaixo: 
 
Na imunidade ativa, um indivíduo entra em 
contato com um antígeno ou micro-
organismo completo, e há a ativação do 
sistema imune, levando à produção de 
substâncias típicas da imunidade adaptativa. 
O indivíduo se recupera e consegue 
desenvolver um padrão de funcionamento do 
sistema imune, onde se identifica 
especificidade e memória. 
Na imunidade passiva, há a transferência de 
componentes da imunidade previamente 
feitos em outro organismo (anticorpos) para 
outro. Nessa situação, o organismo consegue 
ficar protegido durante um certo tempo 
contra infecções ou até mesmo neutralizar 
intoxicações como nos acidentes ofídicos. 
Deve-se lembrar que a imunidade passiva 
não gera memória. 
Na figura abaixo, evidencia-se um gráfico 
sobre a ativação do sistema imune. O 
processo de ativação do sistema imune não 
é feito em um único momento, e geralmente 
é feito em pelo menos duas etapas. 
Costuma-se dizer que a primeira etapa é 
chamada de resposta imune primária, e a 
segunda de resposta imune secundária. 
 
Nesse gráfico tem-se o tempo zero, e 
observa-se que a quantidade de anticorpos 
tende a aumentar a partir do momento em 
que um determinado organismo entra em 
contato com um patógeno ou antígeno. 
Na medida em que o tempo passa, por volta 
de aproximadamente 15 dias, a quantidade 
de anticorpos formados já é detectável no 
sangue, no soro, e nos demais fluidos 
corporais desse organismo. Se não houver 
nenhuma outra estimulação antigênica, a 
tendência é que a quantidade de anticorpos 
comece a diminuir. Geralmente, em torno de 
6 semanas, se não houver nenhum estímulo, 
os níveis de anticorpos reduzem, mas sem 
retornar aos níveis anteriores ao primeiro 
contato. 
Se houver novamente um outro contato com 
o antígeno, ou uma nova imunização, a 
tendência é que ocorra um pico muito mais 
intenso de anticorpos presentes no 
organismo desse indivíduo. Isso ocorre 
porque há no primeiro estímulo a ativação de 
alguns linfócitos B, dos quais uma parte irá 
produzir anticorpos e a outra irá se 
multiplicar e permanecer no organismo. Se o 
mesmo antígeno ou imunógeno entrar em 
contato com essa segunda população de 
linfócitos B, a capacidade do sistema imune 
produzir uma maior quantidade de 
anticorpos vai praticamente quadruplicar. 
Por isso, muitas vezes em processos de 
imunização se utiliza duas doses repetidas do 
imunógeno (vacina). 
Na figura baixo, tem-se de forma sucinta o 
mecanismo de ativação do sistema imune: 
 
O processo começa com o processamento 
e a apresentação do antígeno. Um 
determinado patógeno, micro-organismo ou 
toxina, é captado por células chamadas de 
apresentadoras de antígenos, que vão 
fagocitar, clivar e apresentar pedaços do 
antígeno na superfície da sua membrana, 
tanto pra linfócitos T quanto B. 
O contato com o antígeno através das 
células apresentadoras faz com que os 
linfócitos entrem em um processo de mitose 
intensa, chamado de expansão clonal. 
Também pode ocorrer uma diferenciação: os 
linfócitos B sob determinadas condições, se 
diferenciam em plasmócito, que é uma célula 
com alta taxa de síntese proteica, e em 
função disso é capaz de produzir muito 
anticorpo (proteína responsável pelos 
fenômenos de neutralização e opsonização). 
Essa etapa caracteriza então a fase de 
ativação do sistema imune conhecida como 
ativação dos linfócitos. 
A partir do momento em que o sistema 
imune produz os anticorpos e citocinas, ele 
vai ser capaz de eliminar o antígeno do 
organismo, seja pela facilitação da 
opsonização, seja pela mudança no 
comportamento das células do sistema 
imune e das células do organismo, que 
impedem a entrada do micro-organismo em 
seu interior. 
Em seguida, o sistema imune começa a ser 
novamente desativado ou colocado num nível 
de atividade basal, anterior ao contato com 
o antígeno. Essa etapa é chamada de 
contração ou homeostasia, onde as células 
linfocitárias que foram previamente 
ativadas entram em um processo 
denominado de morte celular programada ou 
apoptose. 
Por último, algumas células remanescentes 
da primeira etapa, da primeira e da segunda 
ativação, permanecem no organismo, sendo 
chamadas de células de memória. 
ÓRGÃOS LINFOIDES PRIMÁRIOS 
Os órgãos linfoides primários do sistema 
imune são aqueles onde ocorre a produção e 
a maturação dos linfócitos. 
Na maioria das espécies domésticas 
conhecidas, a medula óssea é o local de 
produção tanto dos linfócitos B quanto dos 
linfócitos T. Entretanto, a maturação pode 
ser diferente entre as espécies. Um 
exemplo é que nos mamíferos, a produçãodos linfócitos B é sempre na medula óssea, 
no indivíduo jovem e no indivíduo adulto, 
enquanto nas aves isso ocorre em um outro 
órgão conhecido como Bursa de Fabricius. 
O linfócito T também vai ter um 
comportamento um pouco diferente quanto 
a sua maturação, porque ela se inicia na 
medula óssea, mas é concluída em um outro 
órgão linfoide primário que é o timo (cavidade 
torácica). 
No esquema abaixo, é representada de uma 
maneira bem suscinta a diferença entre os 
órgãos linfoides primário e secundário. 
 
Nesse esquema, observa-se que na maioria 
das espécies domésticas conhecidas, os 
órgãos linfoides primários são o timo e a 
medula óssea, mas podem ser observados 
também mais dois componentes, que são as 
placas de Peyer e a bursa. 
As placas de Peyer são uma estrutura 
linfoide presente no trato gastrointestinal, 
principalmente no intestino delgado. Em 
algumas espécies, as placas de Peyer do íleo 
têm a função de um órgão linfoide primário, 
enquanto que em outras espécies elas têm 
o papel de órgão linfoide secundário (onde 
ocorre a ativação dos linfócitos). 
A função de produção dos linfócitos pode 
variar ao longo da vida de um animal. Ela 
começa no período de vida embrionária e 
fetal no saco vitelino, depois ela passa para 
o fígado fetal e só depois na vida adulta que 
ela vai para a medula óssea em algumas 
espécies. 
Com relação às placas de Peyer, podem ser 
distinguidos dois grupos. No grupo 1, as placas 
de Peyer do íleo têm o papel de órgão linfoide 
primário, isso ocorre nos ruminantes e 
suínos. Elas são estruturas contínuas que 
podem chegar até 1 metro e a função de 
maturação não é para toda vida, ela só vai 
ocorrer até os 10 meses após o nascimento. 
Já nas espécies do chamado grupo 2, 
constituído pelos primatas, coelhos e 
roedores, o íleo apresenta placas de Peyer 
isoladas que não têm a função de fazer a 
maturação de linfócitos B, e sim uma função 
de ativação (órgão linfoide secundário). 
MEDULA ÓSSEA 
A medula óssea é um órgão linfoide primário 
de grande importância, sendo um local de 
produção das células linfocitárias, dos 
granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e 
basófilos), e das células da linhagem 
vermelha (hematocitopoiese). 
As células estromais da medula óssea se 
comunicam com células nervosas através de 
sinapses, e nesse ambiente da medula 
ocorrem estimulações nervosas, hormonais 
e mecânicas para a síntese de componentes 
do sangue. Tudo se inicia a partir da 
estimulação sobre a célula tronco 
hematopoiética (HSC). 
Na figura abaixo é demonstrado esse 
processo de diferenciação celular 
(hematopoese): 
 
A célula tronco indiferenciada, a partir de 
alguns estímulos promovidos por citocinas e 
hormônios locais, começam a se diferenciar. 
A primeira etapa de diferenciação conhecida 
são os caminhos alternativos para o 
precursor mieloide comum e para o 
precursor ou progenitor linfoide comum. 
A partir dessa diferenciação inicial, o 
progenitor mieloide comum pode se 
diferenciar em precursores de plaquetas e 
eritrócitos, ou pode se diferenciar em 
precursores de células especializadas em 
fagocitose, como monócitos e células 
dendríticas, e até mesmo neutrófilo. 
A partir do precursor linfoide comum, vai 
ocorrer a diferenciação em linfócitos B e T. 
Na figura abaixo, é observado o que 
acontece em relação ao caminho que as 
células linfocitárias percorrem a partir da 
sua produção nos órgãos linfoides primários. 
 
A partir do precursor linfoide comum, se ele 
estiver na medula óssea dará origem aos 
linfócitos B imaturos. Eles então vão para a 
corrente sanguínea e chegam nos chamados 
órgãos linfoides periféricos ou secundários, 
onde podem encontrar ou não um antígeno. 
Se eles encontrarem, serão ativados, e se 
não encontrarem, retornarão pela 
circulação linfática até a circulação 
sanguínea (recirculação). 
No caso dos linfócitos T o caminho é um 
pouco diferente. Parte do processo de 
maturação ocorre na medula óssea, e logo 
em seguida elas são transferidas para o 
timo, onde terminam sua maturação e caem 
na corrente sanguínea como linfócitos T 
virgens maduros. Eles ainda não tiveram 
contato com antígenos, então eles migram 
para os órgãos linfoides secundários (baço e 
linfonodo) para encontrarem ou não um 
antígeno e serem ativados. Caso não haja 
esse encontro, ele irá recircular através da 
circulação linfática para a sanguínea. 
TIMO 
O timo é lobulado, ou seja, dividido em lóbulos, 
e cada um desses lóbulos possui uma região 
medular e uma cortical. A maturação dos 
linfócitos T segue do córtex para a medula. 
 
 
ÓRGÃOS LINFOIDES SECUNDÁRIOS 
Os órgãos linfoides secundários são órgãos 
de ativação. Assim, os linfócitos já 
produzidos vão encontrar o antígeno dentro 
dos órgãos linfoides periféricos. 
 
Os linfonodos se encontram espalhados por 
todo o corpo, e eles representam pontos de 
monitoramento de antígenos que estão 
sendo drenados pela corrente linfática. 
ESTRUTURA GERAL DE UM LINFONODO 
 
No geral, os linfonodos possuem uma região 
cortical e uma região medular. A região 
cortical está próxima à cápsula, onde 
chegam um conjunto de vasos linfáticos 
trazendo a linfa do tecido que está sendo 
drenado (vasos linfáticos aferentes). Esses 
vasos linfáticos possuem válvulas que 
impedem o retorno da linfa para o tecido de 
origem, então a movimentação da linfa é 
sempre em direção ao linfonodo. Na região 
abaixo da cápsula se encontram os folículos. 
Os linfócitos B a serem ativados ficam na 
região folicular abaixo da cápsula, e quando 
eles encontram antígenos nessa região, são 
estimulados a entrarem em mitose, dando 
um aspecto mais escurecido na região 
folicular com o aumento no número dessas 
células. 
Abaixo desses folículos existe uma região 
chamada de região paracortical ou zona de 
células T, onde essas células também podem 
encontrar antígenos e serem estimuladas. 
 
É importante que a região paracortical 
esteja próxima à região dos linfócitos B, 
porque no processo de ativação dos 
linfócitos B há a necessidade do contato com 
linfócitos T além do contato com o antígeno. 
O hilo é a região onde estão presentes vasos 
sanguíneos (veias e artérias) e também o 
vaso linfático eferente. 
A vênula de endotélio alto é muito importante 
para a colonização do linfonodo por linfócitos. 
Os linfócitos produzidos pela medula óssea e 
no timo, chegam até o linfonodo por essas 
vênulas. 
 
Quando o antígeno chega, ele passa por uma 
rede de canais e vai até próximo às vênulas 
de endotélio alto, onde vão encontrar 
principalmente linfócitos T. Com esse 
contato o linfócito T é ativado e entra em 
proliferação, estimulando também os 
linfócitos B que estão mais na região cortical. 
As células dendríticas auxiliam no processo 
de apresentação dos antígenos aos linfócitos 
T e B. 
Nos folículos, a parte mais escura do centro 
germinativo é onde ocorre uma intensa taxa 
de mitose de linfócitos. A parte mais clara é 
muito importante também, pois é onde os 
linfócitos são testados para sua capacidade 
de produzir anticorpos capazes de se ligar à 
antígenos. 
ESTRUTURA DE UM LINFONODO - SUÍNO 
Os linfonodos dos suínos são um pouco 
diferentes. Na região da cápsula, o que seria 
a região cortical em outras espécies, estão 
presentes os vasos linfáticos eferentes, ou 
seja, eles estão retirando a linfa do linfonodo 
e mandando para o restante do organismo. 
Os folículos e os centros germinativos 
(intensa taxa de mitose de linfócitos B) estão 
na região medular e não na região cortical. 
Além disso, os vasos linfáticos aferentes 
chegam pela região do hilo. 
 
Maria Tereza da Silva Storani
Nota
Antígenos entram no linfonodo pelos vasos linfáticos aferentes, e os linfócitos entram no linfonodo pela vênula de endotélio alto!
BAÇO 
Esse é um outro órgão linfoide secundário 
muito importante para o estudo da imunidade 
nas espécies domésticas e, particularmente, 
no acompanhamento clínico da presença de 
infecções. 
O baço é um órgão linfoidecom uma matriz 
consistente e quando ele está reativo, ele 
aumenta de volume e pode ser palpado 
principalmente no gato e no cão. Ele está 
localizado caudalmente à curvatura do 
estômago, a frente do intestino delgado e 
também cranialmente ao rim. Na estrutura 
do baço evidencia-se duas regiões bem 
características, a polpa vermelha e a polpa 
branca. 
Na polpa vermelha é onde ocorre a 
hemocaterese, fenômeno de destruição das 
hemácias velhas. Já a polpa branca, 
localizada na região periarteriolar (próximo 
às artérias que entram no órgão), é rica em 
linfócitos e em outras células do sistema 
imune, e é nesse local que ocorre a ativação 
dos linfócitos presentes no baço. 
Tanto no baço quanto no linfonodo, quando 
ocorre o contato dos linfócitos T e B com o 
antígeno, ocorre um estímulo que resulta em 
um processo chamado de proliferação. 
Porém, pode ocorrer também um outro 
processo que é a diferenciação. 
No processo de diferenciação, os linfócitos 
T que antes eram imaturos passam a ser 
experientes, sendo chamados de linfócitos T 
efetores. Os linfócitos B se diferenciam em 
plasmócitos, muito eficazes na síntese de 
anticorpos. Quando os antígenos chegam até 
os órgãos linfoides secundários, são eles que 
fornecem esse estímulo para a ativação dos 
linfócitos. Nos linfonodos, isso ocorre 
através dos vasos linfáticos aferentes, e no 
baço, através da própria corrente 
sanguínea. 
 
MALT - TECIDO LINFOIDE ASSOCIADO À 
MUCOSA 
No caso das placas de Peyer, elas podem 
desempenhar o papel de órgão linfoide 
primário ou secundário, mas existem outros 
tipos de tecido linfoide associados à mucosa. 
Há algumas variações no trato 
gastrointestinal e também no trato 
respiratório. 
As placas de Peyer se caracterizam por um 
revestimento de enterócitos, assim como é 
feito nas outras porções do intestino 
delgado, mas o que vai diferenciar é a 
formação de uma depressão na região das 
placas, e a presença de células M no 
Maria Tereza da Silva Storani
Nota
Nem todas as espécies possuem o ducto torácico.
revestimento dessa depressão. Essas são 
células especializadas na captação de 
antígenos na luz intestinal para a região da 
lâmina própria, local com uma grande 
quantidade de linfócitos T e B e também 
células APC (apresentadoras de antígenos). 
Abaixo da placa de Peyer existe uma 
estrutura análoga ao folículo do linfonodo, 
com a presença de vários linfócitos B e FDC 
(células dendríticas foliculares). 
Esse primeiro contato com o antígeno feito 
na placa de Peyer permite que alguns 
linfócitos (T e B) sejam ativados e liberados 
para a circulação linfática, e sejam 
transportados para o linfonodo, onde há uma 
grande proliferação de linfócitos. Esses 
linfócitos ativados tem a capacidade de dar 
origem à plasmócitos, que vai levar à 
produção de anticorpos. 
Alguns linfócitos ativados nos linfonodos 
migram para outras regiões do intestino 
delgado dando origem à vários plasmócitos 
secretores de imunoglobulinas desse tecido. 
É comum, portanto, encontrar no intestino 
delgado, principalmente na porção final do 
jejuno e do íleo, plasmócitos secretando 
tanto IgG quanto IgM e IgA. 
No ambiente da lâmina própria há, então, a 
apresentação de antígenos e a ativação de 
linfócitos T e B que vai gerar a produção de 
anticorpos a partir de plasmócitos. 
 
a – Placa de Peyer. Em azul: células M; em 
verde: CD20; em vermelho: CD3. 
Moléculas CD20 estão presentes na 
superfície de linfócitos B. E moléculas CD3 
caracterizam os linfócitos T. 
 
A região das células M se encontra 
entremeada por linfócitos T e B, como 
observado na imagem acima. 
As imagens abaixo representam a região das 
vilosidades. Na imagem “c”, observa-se IgA 
em verde, na região das criptas entre as 
vilosidades. Na imagem “d”, estão sendo 
demonstrados os dois tipos de linfócitos, 
auxiliares (vermelho – CD4) e citotóxicos 
(verde – CD8). 
 
 
No esquema a seguir são representadas 
algumas características do MALT 
gastrointestinal nas diferentes espécies. 
Em todas as espécies, na porção final do 
jejuno e inicial do íleo, tem a presença de 
linfócitos interepiteliais, ou seja, eles estão 
entre os enterócitos e fazem seu contato 
com o antígeno de forma praticamente 
direta em contato com a luz intestinal. 
Algumas espécies apresentam tecido linfoide 
na lâmina própria, logo abaixo das vilosidades. 
Existe uma variação de apresentação desse 
tipo de linfócito de lâmina própria em 
algumas espécies como roedores e 
primatas, onde há uma aglomeração de 
linfócitos na porção superior da vilosidade 
intestinal. Em camundongos, há uma 
aglomeração na região da cripta, formando 
o que se chama de criptoplaca ou falsa placa 
de Peyer. 
Em todas as espécies há a presença de 
tecido linfoide também abaixo da vilosidade 
em uma forma folicular, como se fossem 
linfócitos foliculares, principalmente na 
porção mais mediana do jejuno. Na porção 
final do jejuno são encontradas as placas de 
Peyer na maioria das espécies. 
Em ruminantes, suínos, cães e ovinos é 
encontrada uma placa de Peyer contínua que 
pode chegar a 1 metro, mas ela involui aos 
10 meses de idade. 
O próprio apêndice pode ser encarado como 
um tecido linfoide associado ao trato 
gastrointestinal, isso explica sua propensão 
a inflamar (local de resposta imune). 
Existe o chamado complexo linfoglandular, 
presente na mucosa do intestino grosso, 
somente em suínos. 
Todas as espécies possuem folículos com a 
presença de linfócitos no intestino grosso, 
na porção após o ceco (região do intestino 
grosso ascendente ou transverso). 
Os linfonodos mesentéricos fazem parte do 
tecido linfoide associado ao trato 
gastrointestinal, assim como os vasos 
linfáticos que drenam o intestino e o fígado 
com seus linfonodos portais. 
 
BALT 
Um outro exemplo de tecido linfoide 
associado à mucosa é o BALT (trato 
respiratório). Nos alvéolos estão presentes 
células dendríticas e macrófagos logo abaixo 
do epitélio, com a presença de linfócitos T e 
B e plasmócitos. Quando ocorre uma 
resposta imune, esse local aumenta de 
volume e produz uma série de substâncias 
inflamatórias. 
 
A patogênese da Covid-19 envolve a ativação 
do BALT.

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