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Anticorpos: Proteínas do Sistema Imune


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Os anticorpos são proteínas envolvidas no 
funcionamento do sistema imune. Eles podem 
ser produzidos por linfócitos B e 
funcionarem como receptores celulares na 
superfície dessas células, mas eles também 
podem ser secretados para o meio 
extracelular. 
A função dos anticorpos está relacionada 
com a sua capacidade de ligação aos 
antígenos (determinantes antigênicos ou 
epítopos). Eles estão envolvidos em funções 
do sistema imune relacionadas à fagocitose 
(opsonizam o antígeno), mas eles também 
são capazes de neutralizar os antígenos no 
meio extracelular e impedir que eles se 
liguem aos receptores de células do 
organismo. 
Quando o conceito de anticorpos foi criado 
no final do século XIX, não se sabia sua 
natureza molecular. Foi só nos anos 30 que 
Michael Heidelberg descobriu que os 
anticorpos eram proteínas, a partir do 
estudo que ele fez na neutralização de 
proteínas do soro com as bactérias 
envolvidas no aparecimento da pneumonia. A 
partir da caracterização dessas moléculas, 
ficou esclarecido alguns aspectos do 
funcionamento dos anticorpos, inclusive o 
fato de que eles estavam presentes nos 
líquidos corporais. 
Os anticorpos pertencem a um grupo de 
proteínas chamado de globulinas, que são 
solúveis em água, nos líquidos corporais e no 
próprio sangue. 
Do ponto de vista bioquímico, as 
imunoglobulinas podem ser caracterizadas 
no soro pela técnica de eletroforese. 
 
Os anticorpos atuam na fase de 
reconhecimento do antígeno, quando os 
antígenos entram no órgão linfoide 
secundário e na região cortical (na maioria 
das espécies) eles encontram linfócitos B. Na 
superfície desses linfócitos B existe um 
receptor de antígeno, que é uma 
imunoglobulina presa em sua superfície. Cada 
linfócito B, quando sai da medula óssea 
(órgão linfoide primário), sai com um tipo 
único de receptor, porque durante o 
processo de amadurecimento do linfócito B, 
ele sofre uma modificação no DNA para que 
apenas um tipo de receptor seja produzido. 
Dessa forma, cada clone de linfócito B vai 
ter apenas um tipo de receptor. 
Quando os linfócitos B encontram um 
determinado antígeno para seu receptor, 
eles vão ser estimulados a proliferar, sendo 
geradas cópias deles, e por consequência, 
cópias desse receptor. Se a estimulação pelo 
contato com o antígeno for adequada, com 
a participação de linfócitos T auxiliares, 
algumas das cópias dos linfócitos B ativados 
vão se diferenciar em plasmócitos, que vão 
produzir anticorpos que serão secretados 
para o meio extracelular. 
Em um primeiro momento, os anticorpos 
atuam como receptores na membrana do 
linfócito B, e na segunda etapa, quando os 
plasmócitos estão produzindo e secretando 
anticorpo, eles fazem parte da imunidade 
humoral. 
Os anticorpos podem estar presentes na 
superfície dos linfócitos B junto com outras 
proteínas de membrana, formando os 
receptores de células B (BCRs), com papel 
de reconhecimento. 
Na segunda fase, também chamada de fase 
efetora, os anticorpos são secretados por 
plasmócitos, e nessa condição eles são 
capazes de se ligar a antígenos no meio 
extracelular. Isso vai permitir que eles 
interajam com outros componentes do 
sistema imune, inclusive células, num 
processo de opsonização para facilitar a 
eliminação do antígeno. Nessa situação eles 
agem como opsoninas. 
Um outro papel importante dos anticorpos é 
o de neutralização. Os anticorpos impedem 
que os antígenos se liguem a componentes 
do próprio organismo como nos receptores 
celulares, e isso é particularmente 
importante para impedir a infecção viral. 
Geralmente os vírus interagem com 
proteínas na superfície das células do 
hospedeiro para fazer a infecção celular, e 
alguns anticorpos podem impedir isso se 
ligando às proteínas aos antígenos virais, 
bloqueando essa ligação aos receptores das 
células. Esse princípio pode ser aplicado na 
infecção por HIV em seres humanos. 
Os anticorpos são produzidos em duas 
situações: como uma proteína de membrana, 
na superfície de linfócitos B, particularmente 
virgens, mas também de memória, e que 
quando estimulados em um órgão linfoide 
secundário pelo contato com o antígeno e 
também com o linfócito T auxiliar, recebem 
um ambiente rico em citocinas que vão fazer 
com que eles proliferem (IL-2, IL-4 e IL-5) e 
a partir da ação de outras citocinas se 
diferenciem (IL-2, IL-4, IL-5, IFN- e TGF-), 
originando os plasmócitos, que produzem e 
secretam anticorpos. 
 
Os anticorpos também podem ser 
encontrados na superfície de outras células 
do sistema imune. As células NK, os 
eosinófilos, os basófilos e as células 
fagocitárias como os neutrófilos e os 
macrófagos, possuem em sua superfície um 
receptor chamado de receptor FC. O FC é 
uma região do anticorpo diferente daquela 
aonde o antígeno se liga (FAB), e esses 
receptores FC são pontos de ligação do 
anticorpo. Isso é importante para o processo 
de opsonização. 
 
Uma outra localização dos anticorpos é no 
meio extracelular, e um dos locais mais 
fáceis de se encontrar é no sangue, mas em 
função dos vários componentes que o 
compõe (outras proteínas e células), sua 
observação direta se torna difícil. Uma 
forma de contornar esse problema é 
processar o sangue, de tal forma que as 
partes líquidas sejam separadas das partes 
figuradas, das células do sangue. Esse 
processamento pode ser feito de duas 
formas: sangue com ou sem anticoagulante. 
No sangue com anticoagulante, se deixado 
em repouso ou a partir da centrifugação, é 
possível a separação das partes líquidas do 
sangue do elemento figurado. 
 
Quando essa separação é feita, a parte 
líquida do sangue recebe o nome de plasma 
(55% do volume total), porção que contém 
todas as proteínas do sangue em suspensão. 
Nesse caso é possível identificar a presença 
de anticorpos no plasma, e outras proteínas 
do sangue. Logo abaixo do plasma se 
encontram os leucócitos, uma fina camada 
que tem em torno de 1% do volume total do 
sangue quando separado. Abaixo, 45% do 
sangue separado constitui as células, 
particularmente as hemácias. 
Para que se extraia o soro do sangue, é 
necessário que ocorra o processo de 
coagulação. Após a coleta, o tubo de tampa 
vermelha (sem anticoagulante) é deixado em 
repouso, e passado algum tempo é formado 
um coágulo, separado de uma fração líquida 
diferente do plasma. No plasma estavam 
presentes todas as proteínas do sangue, já 
no soro, vai estar presente a albumina, mas 
principalmente os anticorpos. O soro não 
possui a proteína fibrinogênio. Dessa forma, 
a quantidade de anticorpos no soro é 
proporcionalmente maior do que no plasma. 
 
SOROLOGIA 
A sorologia pode ser dividida em duas áreas: 
a soroterapia e o sorodiagnóstico. A 
soroterapia se ocupa dos tratamentos 
feitos com a utilização de antissoros, e o 
sorodiagnóstico se utiliza do soro 
principalmente de animais que tiveram 
contato com algum patógeno para buscar 
um diagnóstico desses indivíduos dentro de 
uma população e também tomar ações de 
prevenção de disseminação de doenças. 
O pai da sorologia e também da soroterapia 
é um médico prussiano do final do século XIX, 
Adolf Von Behring. Ele trabalhou no 
laboratório de Koch, originalmente como um 
microbiologista. Seu parceiro de trabalho era 
Shibasaburo Kitasato, e seu aluno orientado 
era Paul Ehrlich, que inclusive ajudou a 
elaborar o conceito de anticorpo, e junto 
com ele foi o pai da imunidade humoral. 
A soroterapia foi desenvolvida no final do 
século XIX, principalmente na perspectiva de 
tratar pessoas com um quadro de infecção 
diftérica. Behring descobriu que se ele 
utilizasse soro de cavalo imunizado com a 
toxina diftérica em pessoas que estavam 
infectadas, a chance dessas pessoas 
sobreviverem aumentava significativamente. 
Com o tempo, esse trabalho deu origem a 
outros métodos de tratamento utilizando os 
antissoros, como no caso de picadas de 
escorpiões, aranha e acidentes ofídicos. 
 
Clostridium tetani 
Os clostridium geralmente apresentam 
esporos como forma de resistência, equando encontram condições favoráveis 
voltam a se transformar em uma bactéria 
na sua forma vegetativa, capaz de ter 
atividade metabólica. Quando isso ocorre ela 
produz toxinas, que provocam efeitos mais 
agressivos em relação ao hospedeiro que 
está sendo infectado. O clostridium tetani 
produz uma toxina que bloqueia a 
transmissão do impulso nervoso, provocando 
uma contração contínua da musculatura. 
Uma forma de impedir isso é utilizando um 
antissoro que se ligue à toxina antes que ela 
se ligue aos receptores das células nervosas 
do hospedeiro. 
Contra as picadas de escorpiões, é coletada 
uma pequena quantidade de seu veneno, que 
então é inoculado em um cavalo. Deste, 
extrai-se o soro e separa-se o concentrado 
de proteínas e anticorpos com a capacidade 
de neutralizar o veneno. O mesmo princípio 
é feito com o veneno de aranhas e cobras, 
utilizando-se uma dose não letal de seu 
veneno. 
Obs.: O veneno das serpentes, na verdade é 
uma mistura de diferentes toxinas, então é 
importante que se produza um soro antiofídico 
para cada espécie. 
No Brasil, além da produção do soro 
antiofídico para cascavéis, é necessário 
produzir soro antibotrópico, para atender 
casos de acidentes com jararacas, que têm 
veneno com composição diferente. 
 
Eventualmente, é necessário fazer mais de uma aplicação de uma 
dose sub-letal do veneno no cavalo para garantir uma boa 
produção de anticorpos (resposta imune primária e secundária). 
Geralmente em torno de 30 dias é feita uma coleta de sangue do 
animal, a partir da qual é extraído o soro. 
SORODIAGNÓSTICO 
Um bom meio para detectar se o animal já 
teve contato e infecção por um patógeno é 
buscar a presença de anticorpos com 
capacidade de se ligar ao patógeno, não só 
nessa situação, mas também em casos de 
imunização, para saber se o processo de 
vacinação foi efetivo. Eventualmente, existe 
um tempo entre o contato com o antígeno e 
o aparecimento de anticorpos, entre 15 e 21 
dias. Nesse momento em que os anticorpos 
aparecem no organismo/sangue/soro, dá-
se o nome de soroconversão. 
O sorodiagnóstico lança mão de algumas 
técnicas, e um dos primeiros métodos a 
serem utilizados dentro do sorodiagnóstico é 
a diluição seriada, que consiste na diluição em 
sequência do soro do animal. Ela é utilizada 
para saber até que ponto é possível 
detectar a presença de anticorpos. Quanto 
mais se dilui o soro, menos é esperado 
encontrar anticorpos, mas se mesmo assim 
for possível detectar a presença deles, há 
um indicativo de que o contato da pessoa ou 
animal com o patógeno foi extremamente 
intenso, e que gerou uma produção intensa 
de anticorpos, permitindo dizer se a 
infecção é recente ou distante. É 
particularmente importante para o 
diagnóstico da toxoplasmose em humanos, 
mas também para diagnosticar a hepatite 
infecciosa canina e a doença de Aujeszky em 
suínos. A diluição seriada é utilizada 
principalmente para preparar amostras 
para fazer a soroaglutinação. 
 
A diluição seriada gera uma diluição aonde ainda 
é possível verificar a presença da aglutinação. 
A maior diluição em que se observa a presença 
de ligação o anticorpo do soro ao antígeno é 
chamada de título. Exemplo: se eu diluir 1400 
vezes um soro, e ainda sim observar a 
capacidade de aglutinação dele a um 
determinado antígeno, o título do soro é 1400. 
Uma outra técnica utilizada no sorodiagnóstico 
é a aglutinação. Quando uma solução de 
antígenos é colocada em contato com uma 
solução de anticorpos, se houver uma 
quantidade suficiente de antígeno e de 
anticorpo, há a formação de estruturas de 
alto peso molecular chamadas de grumos, e 
isso é perceptível à olho nu. Quando isso 
acontece, afirma-se que houve uma 
aglutinação. Isso é feito, por exemplo, no 
teste para se identificar o grupo sanguíneo. 
Na medicina veterinária, utiliza-se o teste de 
aglutinação para o diagnóstico da brucelose, 
zoonose que acomete bovinos e causa 
aborto. Nesse teste, é utilizada uma solução 
de antígeno de cor rosa, chamado de rosa 
bengala (nome técnico: antígeno acidificado 
tamponado - AAT), em uma placa de vidro 
quadriculada, onde é colocado posteriormente 
um pouco de soro diluído. Nos casos positivos 
há a formação de grumos, que indicam a 
formação de um complexo Ag-Ac. 
 
 
Nem sempre haverá a formação de grumos 
quando uma solução de antígeno for 
adicionada de uma solução de anticorpos, 
pois a formação desses grumos depende da 
chamada zona de equivalência. Antígenos ou 
anticorpos em excesso não formam um 
complexo de alto peso molecular, 
característico da zona de equivalência, que 
vai precipitar e formar o corpo de fundo da 
solução (grumo). Portanto, o grumo só é 
formado quando há uma proporção ideal de 
anticorpo e antígeno. 
 
A técnica de precipitação é a terceira do 
sorodiagnóstico. É colocada em um meio 
gelatinoso uma solução de antígenos e uma 
solução de anticorpos, para verificar se há 
precipitação nesse meio (não forma grumos). 
Isso é feito nos testes de imunodifusão radial 
de Coggins, conhecido como teste de AIE - 
Anemia Infecciosa Equina – no soro de 
equídeos suspeitos ou em trânsito (não é 
permitido transitar em território nacional 
com um cavalo que não esteja com seu 
exame de AIE válido – validade de 3 a 6 
meses). 
ESTRUTURA 
Como os anticorpos são proteínas, eles 
possuem um nível de estrutura que reflete 
a sua complexidade. As proteínas podem ter 
até 4 níveis de complexidade estrutural: o 
nível primário, relacionado a sequência de 
resíduos de aminoácidos, o nível secundário, 
que caracteriza os primeiros dobramentos, 
o nível terciário, que é o mais complexo 
formado por proteínas que só têm uma 
cadeia polipeptídica, e o nível quaternário, o 
mais complexo onde são identificadas 
proteínas com mais de uma cadeia 
polipeptídica em sua constituição 
(hemoglobina). No caso dos anticorpos, se 
estabelece o nível quaternário. 
Os anticorpos possuem duas cadeias 
polipeptídicas leves e duas cadeias 
polipeptídicas pesadas. Dessa forma, cada 
unidade de anticorpo possui quatro cadeias 
polipeptídicas. 
Essa descoberta só foi possível a partir da 
utilização de uma técnica chamada produção 
de anticorpos monoclonais, que consiste 
essencialmente em fundir um linfócito B com 
uma célula cancerosa e garantir que esse 
híbrido produza anticorpos exatamente 
iguais, em uma quantidade suficiente para 
formar o que chamamos de cristal. A técnica 
para determinar a sequência de resíduos de 
aminoácidos, desenvolvida por volta da 
década de 50, é chamada de cristalografia 
de proteínas, e só é possível formar cristais 
de proteínas se forem colocadas em solução 
proteínas exatamente iguais. Com isso, foi 
possível formar cristais de anticorpos, e a 
partir da submissão deles à raios x e à 
ressonância magnética nuclear, foi possível 
calcular a posição dos átomos dentro da 
molécula de anticorpo. Conseguindo-se 
calcular a posição dos átomos, também 
conseguiu-se determinar a sequência de 
resíduos de aminoácidos na molécula. 
A partir da determinação da estrutura do 
anticorpo foi possível explicar como ele se 
ligava ao antígeno, devido à localização do 
paratopo, que é a região das cadeias 
polipeptídicas tanto leve quanto pesada que 
vai se ligar ao determinante antigênico. 
Começou-se a descobrir também, que 
haviam diferenças entre as moléculas de 
anticorpo não só relacionadas ao paratopo, 
mas também com relação à cadeia pesada, 
no que tange principalmente à capacidade de 
ligação às células pela porção FC. Além disso, 
iniciou-se a descoberta de quais eram os 
mecanismos de síntese de proteína e de 
modificação do DNA que explicavam essa 
estrutura dos anticorpos. 
Uma outra consequência foi descobrir que as 
cadeias polipeptídicas tanto leves como 
pesadas dos anticorpos possuíam uma 
grande diversidade na sua porção amino-
terminal. 
 
Como são produzidos os anticorpos monoclonais. 
Na primeira etapa, aplica-se uma solução de 
um antígeno X em um camundongo, que 
depois tem seu baço retirado paraa 
retirada dos linfócitos B. Depois, coloca-se 
em uma placa de cultura junto com drogas 
que permitem a fusão entre células, os 
linfócitos B e uma célula cancerosa (mieloma). 
Dessa fusão é formado um híbrido, que tem 
uma grande capacidade de se multiplicar 
(hibridoma). A partir da formação dos 
hibridomas, eles vão sendo diluídos de tal 
forma que, em um determinado volume, se 
tenha um único e exclusivo hibridoma, com a 
capacidade de gerar clones exatamente 
iguais (monoclonal), produzindo a mesma 
molécula de anticorpo. Depois se expande o 
linfócito híbrido e coleta-se sobrenadante 
que só vai ter um tipo de anticorpo, com a 
mesma sequência de resíduos de 
aminoácidos. 
Hoje, essa técnica não é usada somente 
para a produção de cristais de proteínas. Um 
medicamento baseado na produção de 
anticorpos monoclonais é o Keytruda, 
imunoterápico produzido para neutralizar e 
aumentar a ação do sistema imune sobre 
células cancerosas. 
 
Representação cristalográfica por difração de raio x das 
moléculas de anticorpo (C), ressonância magnética nuclear 
(D) e desenho em fita obtido através de C e D (E). 
A parte mais esbranquiçada é onde está a 
maior concentração de núcleos de 
anticorpos. 
Na imagem abaixo está sendo representada 
uma molécula de anticorpo, com suas cadeias 
leves e pesadas. Para cada cadeia, leve e 
pesada, existe uma porção aminoterminal e 
uma porção carboxiterminal. A região do 
paratopo que se liga aos determinantes 
antigênicos é a que está próxima da porção 
aminoterminal das cadeias, dessa forma, 
cada paratopo é formado por uma porção 
aminoterminal de cadeia leve e uma porção 
aminoterminal de cadeia pesada. Assim, cada 
molécula possui dois paratopos. 
 
Cada uma das cadeias polipeptídicas 
possuem domínios característicos que 
refletem as propriedades da molécula. Mais 
próximo à porção aminoterminal, existem os 
domínios variáveis de cadeia leve e os 
domínios variáveis de cadeia pesada. Eles são 
variáveis, porque ao comparar anticorpos 
produzidos por linfócitos B diferentes, 
dificilmente vai ser encontrada a mesma 
sequência de resíduos de aminoácido. Cada 
linfócito B maturado na medula óssea vai ter 
um domínio de cadeia leve variável distinto do 
outro linfócito B que vai ser formado logo 
em seguida. Já os demais domínios tendem a 
ser constantes: todas as moléculas de cadeia 
pesada que forem produzidas por aquele 
linfócito B, daquele animal ou pessoa, vão 
tender a ser iguais. É graças à variação 
tanto da cadeia leve quanto da cadeia 
pesada, que vão ter paratopos distintos. 
Nos anticorpos que são produzidos e fixados 
na membrana do linfócito B, existe uma 
sequência de resíduos de aminoácido 
hidrofóbica, que faz com que o anticorpo 
seja ancorado e não secretado, o que não 
existe nos anticorpos que são produzidos e 
secretados por plasmócitos. 
O início do estudo das moléculas de anticorpo 
foi feito utilizando a digestão seletiva. A 
primeira técnica foi através da digestão pela 
enzima papaína (presente no mamão). Essa 
enzima cliva a molécula de anticorpo em uma 
região chamada de região de alça, formando 
3 fragmentos: dois Fab e um Fc. 
 
O fragmento Fab e uma abreviação do 
termo em inglês “Fragment antigen-binding”, 
ou seja, fragmento de ligação ao antígeno. Já 
o fragmento constante que não se liga ao 
antígeno recebeu o nome de Fc, de 
fragmento cristalizado. 
Um segundo ensaio que foi feito, utilizou a 
pepsina. Ela gerava um fragmento Fab duplo, 
chamado de F(ab’)2. Esse fragmento Fab 
duplo, além de ter a capacidade de se ligar 
ao antígeno, ele também era capaz de 
aglutinar e formar imunocomplexos. Esses 
estudos permitiram entender como é a 
valência das moléculas de anticorpo. 
 
 
Representação por ressonância magnética nuclear. 
Os anticorpos são produzidos de uma 
maneira diversa, cada linfócito B maduro 
tem a capacidade de produzir um paratopo 
potencialmente diferente. Isso é importante 
para gerar a diversidade dos anticorpos, 
devido à grande variedade também de 
antígenos. Estima-se que essa diversidade 
seja em torno de 107 (10.000.000) a 109 
(1.000.000.000) de moléculas de anticorpos 
com paratopos distintos. 
As moléculas de anticorpo têm então duas 
cadeias leves e duas pesadas. As cadeias 
leves, por sua vez, podem ser de dois tipos: 
em todas as espécies podem existir cadeias 
leves do tipo  (kappa) e cadeias leves do 
tipo  (lambda), mas só uma é utilizada de 
cada vez na produção dos anticorpos. Isso é 
importante porque existem diferenças 
entre as espécies com relação a utilização 
desses tipos de cadeias leves. O significado 
biológico para isso ainda está em 
investigação. 
 
Seres humanos utilizam mais a cadeia leve do tipo kappa, 
assim como camundongos, ratos e coelhos. Já a cabra, a 
ovelha, o boi e o cavalo, utilizam mais a cadeia leve do tipo 
lambda. O porco utiliza as duas cadeias leves (kappa e 
lambda) de igual maneira (50/50). 
Sobre a estrutura do anticorpo: 
Dois paratopos, quatro domínios variáveis (2 
da cadeia leve e 2 da cadeia pesada), 8 
domínios constantes (na imagem abaixo) – 
sendo 6 de cadeia pesada e 2 de cadeia 
leve. 
 
Nas moléculas de imunoglobulinas, de uma 
maneira geral, sempre vão existir domínios 
chamados de domínio Ig, que são domínios 
formados por duas camadas de folha beta. 
Essa é uma característica das moléculas de 
imunoglobulina que é compartilhada com 
outras moléculas que formam a chamada 
superfamília das imunoglobulinas. Nesse 
domínio Ig existe sempre uma região 
aminoterminal variável. As regiões 
carboxiterminais das cadeias pesadas 
possuem funções efetoras, como a 
opsonização. Uma outra região importante é 
a região de dobradiça, que é a transição 
entre os fragmentos Fab e Fc, dando uma 
certa mobilidade à imunoglobulina. 
As regiões variáveis das moléculas de 
anticorpo estão presentes tanto nas 
cadeias leves quanto nas pesadas. Cada uma 
dessas regiões variáveis é constituída em 
torno de 10 resíduos de aminoácidos que se 
ligam diretamente ao paratopo. Na verdade, 
dentro dessas regiões existem pequenas 
sequências chamadas de CDRs, e cada uma 
tem 10 resíduos de aminoácidos, que 
efetivamente formam o paratopo. Dentro 
do domínio variável de cada cadeia 
polipeptídica, essas sequências chamadas de 
CDRs (regiões determinantes de 
complementaridade) são as que mais variam, 
e dentre elas, a CDR3 é a mais variável. 
 
O domínio variável tem em torno de 110 resíduos de 
aminoácidos, sendo que, na posição de 25 a 35, de 50 a 60 
e de 90 a 100, tem-se uma maior variabilidade, ou seja, a 
taxa de substituição possível. Dizer que a taxa de 
variabilidade é igual a 100, significa dizer que qualquer um 
dos 20 tipos de resíduos de aminoácidos que compõe as 
proteínas dos organismos vivos pode estar presente nessa 
posição. 
Os CDRs são os domínios hipervariáveis 
(CDR1, CDR2 e CDR3). 
Existem diferenças também entre as 
espécies com relação ao comprimento. 
Camundongos apresentam em torno de 110 
resíduos de aminoácidos, que compõe o 
domínio leve e também o CDR3 de cadeia 
pesada. Em outras espécies, como o bovino, 
essa taxa de variação é muito maior, e o 
comprimento também é maior – há uma 
diferença em torno de mais de 70 resíduos 
de aminoácido no CDR3 dessa espécie, o que 
dá um comprimento de 170 resíduos de 
aminoácido diferentes da espécie humana e 
murina (camundongos). 
 
 
Parte do paratopo que efetivamente se liga ao 
determinante antigênico (CDR). 
CLASSES (ISOTIPOS) 
As diferenças entre as classes de 
anticorpos estão relacionadas com a função 
que essas moléculas exercem dentro do 
organismo. Alguns anticorpos são mais 
apropriados para fazer a neutralização, 
como algumas classes de IgG. Algumas outras 
classes como a IgM pentamérica e até 
mesmo outras classes de IgG são 
apropriadas para fazer a aglutinação, e são 
muito boas pra fazer a neutralização de 
antígenos. Outras classes são capazes de 
ativar circuitos do sistema imune, como por 
exemplo aqueles quelevam à opsonização, e 
aqueles que também levam ao processo de 
ativação de moléculas do sistema de 
complemento. 
Muitas dessas funções estão relacionadas à 
ligação de receptores de porção Fc na 
superfície de células do sistema imune inato, 
como por exemplo os neutrófilos, os 
macrófagos, os basófilos e os mastócitos, 
um tipo particular de função efetora 
exercida pelas imunoglobulinas da classe E, 
que são capazes de armar os mastócitos e 
atuar no processo de desgranulação, quando 
essas células lançam substâncias vasoativas 
para o meio extracelular, muito importante 
em quadros de alergia. 
A diferença entre as classes de 
imunoglobulinas se localiza principalmente em 
relação aos domínios constantes da cadeia 
pesada localizadas no fragmento Fc. 
As diferentes classes de imunoglobulinas 
também podem apresentar estruturas 
distintas. 
 
A molécula de IgG apresenta duas cadeias 
leves e duas pesadas, sendo que existem 
seis domínios constantes na cadeia pesada, 
quatro deles estando no fragmento Fc. A 
IgM pentamérica tem uma grande 
capacidade de ativação do sistema de 
complemento, além de ser uma excelente 
aglutinadora de antígeno. A IgE é importante 
para armar mastócitos e atuar no processo 
de desgranulação e em fenômenos alérgicos. 
A IgA dimérica é secretada nas mucosas e 
é importante para a ligação de substâncias 
antigênicas na luz intestinal e também nas 
mucosas como um todo, incluindo o BALT 
(tecido linfoide bronco-alveolar) e também as 
mucosas do trato geniturinário. A IgD é 
sintetizada em algumas espécies animais e é 
produzida principalmente na superfície de 
linfócitos B imaturos. 
Os primeiros animais a possuírem sistema 
imune adaptativo, ou seja, linfócitos e 
anticorpos, foram os peixes cartilaginosos. 
Alguns tipos de imunoglobulinas são 
encontrados apenas nos peixes 
cartilaginosos, como a IgW identificada em 
tubarões, a IgW longa e a IgNAR, um 
anticorpo que não tem as cadeias leves, 
somente as pesadas. Os peixes ósseos 
apresentam somente a IgM e a IgD. Os 
peixes pulmonados possuem a IgM, mas 
também a IgW e a IgW longa. 
O anfíbio, que é o xenopus, possuem além da 
IgM, classes diferentes como a IgX e a IgY. 
As aves, no caso as galinhas, apresentam 
IgM, IgA e IgY. 
Os seres humanos e os camundongos 
apresentam os cinco tipo clássicos de 
imunoglobulinas (IgG, IgM, IgE, IgD e IgA). 
Obs.: O cavalo possui uma variação na IgG que 
é chamada de IgG(T). 
 
PRODUÇÃO 
Quais células produzem anticorpos: tanto o 
linfócito B quanto o plasmócito. Porém, só o 
plasmócito os secreta para o meio 
extracelular. 
Para sintetizar anticorpo, a célula precisa 
ter um retículo endoplasmático rugoso (REG) 
funcional, e deve haver a participação de 
proteínas que fazem o dobramento da 
cadeia polipeptídica, que são as chaperones. 
Também deve haver a participação de 
proteínas que atuam como as chaperones, 
mas dependem de cálcio, as calnexinas. 
Precisa haver os chamados BiPs, que são 
peptídeos de sinalização, e também um 
complexo de Golgi desenvolvido. Os linfócitos 
B reúnem essas características, mas 
quando se diferenciam em plasmócitos, 
essas características são ainda mais 
acentuadas. 
 
Como os linfócitos B e diferenciam em plasmócitos. 
A célula tronco indiferenciada vai começar a 
ativar alguns genes do seu genoma que em 
outras células somáticas não são expressas, 
e que vão comprometer aquela célula com a 
linhagem de linfócitos B. Quando um 
precursor de linfócito B começa a se 
desenvolver em um órgão linfoide primário, 
aparecem os pré-receptores de linfócitos 
B, que são formados por cadeias pesadas e 
uma falsa ou falsas cadeias leves, que vão 
formar um pré-receptor que irá sinalizar 
que o linfócito B está se desenvolvendo no 
ambiente da medula óssea, de onde o 
processo continua e começam a ser 
produzidas as cadeias leves (kappa ou 
lambda dependendo da espécie animal). Vão 
ser produzidas duas classes de 
imunoglobulinas presas na superfície do 
linfócito B, a IgD e a IgM. Quando isso 
acontece, diz-se que há um linfócito B 
maduro, mas ainda inexperiente (virgem). 
Esse linfócito cai na corrente sanguínea e 
entra em contato com um antígeno no órgão 
linfoide secundário, e se for um contato 
efetivo, ele é ativado, proliferando e se 
diferenciando em plasmócitos. 
A secreção é marcada pela perda da 
sequência de resíduos hidrofóbicos da cadeia 
pesada principalmente na porção 
carboxiterminal, e como não tem mais esses 
resíduos hidrofóbicos, a imunoglobulina não 
fica mais ancorada na membrana. Os 
anticorpos secretados possuem cadeias 
pesadas com resíduos hidrofílicos ou com 
carga na porção carboxiterminal.