Buscar

Aprendizado e memória - Resenha Capítulo 1 e 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Resenha dos capítulos 1 e 2 do livro: “Princípios Básicos de Análise do Comportamento”
Os dois primeiros capítulos do livro “Princípios Básicos de Análise do Comportamento” dos autores Márcio Borges Moreira e Carlos Augusto de Macedo buscam apresentar, de forma acessível e didática, alguns princípios da análise comportamental e suas bases conceituais. 
O capítulo 1, denominado “Reflexo inato” busca, de forma ricamente ilustrada com exemplos, introduzir o conceito do comportamento reflexo, assim como sua relação com o ambiente e as leis que o estruturam. Neste capítulo, os autores abordam o reflexo inato. Presente em todos os seres vivos desde o nascimento, o reflexo inato é uma reação involuntária que atua no organismo como uma base preparatória para aumentar a sua chance de sobrevivência na interação com o ambiente. Eles citam como exemplo o reflexo de sucção que nasce com o bebê, não sendo necessário ter que aprender posteriormente uma reação tão essencial a sua alimentação e sobrevivência.
Segundo os autores, há sempre alterações no ambiente que produzem uma resposta no organismo. Alteração, neste contexto, entendida como estímulo. Eles afirmam que, na psicologia, os termos estímulo e resposta possuem significados diferentes dos utilizados no cotidiano. Nesse sentido, eles pontuam que estímulo pode ser entendido estímulo é uma parte ou mudança em uma parte do ambiente. Já a resposta é uma mudança no organismo. Com intuito de simplificar os exemplos são adotados, respectivamente, S e R como símbolos para estímulo e resposta. Portanto, quando mencionamos “reflexo”, estamos nos referindo às relações entre S e R que especificam que determinada mudança no ambiente produz determinada mudança no organismo. Ou ainda, utilizando termos técnicos, o reflexo seria uma relação entre um estímulo e uma resposta na qual o estímulo elicia uma resposta.
Ainda segundo os autores, diversos pesquisadores no intuito de estabelecer relações constantes entre os eventos comportamentais reflexos formularam leis ou propriedades que determinam o funcionamento dos reflexos. A lei intensidade-magnitude postula que a intensidade do estímulo é uma medida diretamente proporcional à magnitude da resposta, isto é, quanto maior a intensidade do estímulo, maior será a sua resposta. Tomando o calor como exemplo de estímulo e suor como resposta podemos entender que quanto maior é a intensidade do estímulo (calor), maior será a magnitude da resposta (suor). Já a lei do limiar estabelece que existe uma intensidade mínima do estimulo necessária para eliciar uma resposta. Os autores citam como exemplo o estímulo choque elétrico e a resposta contração muscular. Isto é, o choque elétrico só eliciará a resposta de contração se a intensidade mínima do choque ultrapassar o valor do limiar necessário para que ocorra a resposta. Por último, eles citam a lei da latência, que determina que quanto mais fraco for o estímulo, mais tempo se passará entre a apresentação do estímulo e a ocorrência da resposta, ou seja, maior será a latência da resposta. 
Moreira e Macedo também ressaltam que eliciações sucessivas tornam possível se habituar a um reflexo. Eles afirmam que quando somos expostos a um determinado estímulo sucessivamente em curtos intervalos de tempo, a magnitude da resposta tende a diminuir. Efeito esse que eles denominaram habituação. Todavia, eles pontuam que para alguns reflexos, o efeito de eliciações sucessivas é exatamente o oposto.
Por fim, na parte final do capítulo, os autores abordam a relação entre o reflexo, as emoções e sua relação com a psicologia. Segundo eles, algumas emoções fogem do nosso controle pois são respostas reflexas a estímulos ambientais. Eles ressaltam que, assim como os animais, nascemos também preparados para ter algumas respostas emocionais quando determinados estímulos surgem em nosso ambiente. Nesse sentido, como diversas emoções desencadeiam respostas fisiológicas quando sentimos medo, por exemplo, ocorre no organismo uma reação em cadeia que desencadeia o aumento na frequência cardíaca, constrição capilar (ficar branco de medo) e secreção de adrenalina.
Seguindo esse raciocínio, os autores pontuam que essa relação tem grande implicação no uso de medicamentos psiquiátricos. É devido à natureza fisiológica das emoções que os psiquiatras prescrevem medicamentos que irão influenciar no mecanismo da mente humana. Segundo os autores, a permanência dessas respostas emocionais em função das apresentação de algum estímulo se manteve no processo evolutivo porque mostrou ter algum valor de sobrevivência. Em algum momento do processo de sobrevivência ao ambiente, respostas fisiológicas desencadeadas pelo medo, por exemplo, garantiram alguma vantagem evolutiva para os organismos.
O capítulo 2, denominado “O reflexo aprendido: condicionamento pavloviano" aborda o método de condicionamento do comportamento descoberto pelo fisiologista Ivan Pavlov, ou seja, o processo de aprendizagem de reflexos. Assim como as emoções, abordadas no capítulo anterior, o ser humano também adquiriu outras características em sua história filogenética de grande valor para a sua sobrevivência: a capacidade de aprender novos reflexos, isto é, a partir do processo de aprendizagem adquirir a capacidade de reagir de formas diferentes a novos estímulos. Esse reflexo aprendido corresponde a estímulos que anteriormente não eliciavam determinadas respostas, mas que através da aprendizagem (condicionamento), passam a eliciá-las. 
Pavlov centrou seus estudos na fisiologia do reflexo salivar e, para tal, realizou investigações com cães. Em seu experimento mais famoso, Pavlov media a salivação dos cães em resposta à apresentação de alimento, mediante o emparelhamento de dois estímulos. Basicamente, o fisiologista, ao apresentar a carne ao cão, tocava uma sineta simultaneamente, realizando um emparelhamento. Após repetir o procedimento repetidas vezes, o cão passou a ter a resposta de salivação apenas à sineta, mesmo sem a apresentação da carne. Pavlov então descobriu acidentalmente que outros estímulos além da comida também estavam eliciando salivação no cão, isto é, o cão havia aprendido um novo reflexo: salivar ao ouvir o som da sineta. Portanto, para que haja condicionamento pavloviano, é preciso que um estímulo que não produz uma determinada resposta seja emparelhado a um que produza.
Em seguida, o autor apresenta um vocabulário do condicionamento pavloviano, no qual estão presentes alguns dos principais termos da teoria de Pavloviana. São eles: estímulo neutro (NS), um estímulo que não elicie nenhuma resposta, como a sineta em relação a salivação; estímulo incondicionado (US), que produz um reflexo incondicionado, um estímulo que não depende de aprendizagem e que produz uma resposta inata, como a carne com relação a salivação. Nesse sentido, o reflexo incondicionado vai ser a relação entre um estímulo condicionado (CS) e uma resposta condicionada, no caso a sineta que produz a salivação. Percebe-se que o estímulo neutro e o estímulo condicionado são o mesmo estímulo (som da sineta), entretanto, sua diferente nomeação tem o intuito de dar destaque a suas diferentes funções em cada situação. Portanto, o uso dos termos neutro, incondicionado e condicionado é relativo. Além disso, outra nomenclatura utilizada em relação a comportamentos reflexos na psicologia é comportamento respondente, que consiste na relação entre um estímulo e uma resposta.
Seguindo seu raciocínio, os autores se direcionam para o estudo das emoções. Segundo eles, se os organismos conseguem aprender novos reflexos, podem também aprender a ter respostas emocionais que não são inatas. Em 1920, John Watson fez um experimento conhecido como o “caso do pequeno Albert e o rato”. Seu objetivo era criar em um ser humano (no experimento, um bebê) uma resposta de medo a algo que não tinha antes. O experimento, um condicionamento pavloviano, consistia em emparelhar um estímulo incondicionado que eliciasse uma resposta incondicionada de medo a um estímuloneutro, nesse caso um rato. Para tal, ele utilizou um reflexo inato como base: um som estridente produzido ao martelar uma haste de metal como estímulo que elicia uma resposta de susto ou medo. Quando era produzido o som estridente, o bebê chorava. Depois, foi introduzido no experimento um rato albino, do qual o bebê previamente não tinha medo e tentava interagir. No momento em que bebê tocava o rato, Watson produzia novamente o som estridente com a haste de metal. Após alguns emparelhamentos, a hipótese de Watson, então, sobre o aprendizado de emoções, se confirmou: o bebê aprendeu a ter medo do rato.
Portanto, percebe-se que nossas emoções, na verdade, estão na história do condicionamento de cada indivíduo, pois todos, em algum momento, passaram por emparelhamentos de estímulos incondicionados que nos causaram alguma resposta emocional a estímulos neutros. Motivo esse que explica porque as pessoas têm reações emocionais tão distintas ou até mesmo incomuns aos mesmos estímulos. 
Todavia, assim como apresentam respostas distintas devido a diferentes condicionamentos, também existem respostas emocionais semelhantes em função de condicionamentos semelhantes. Esse fenômeno é perceptível em outra descoberta feita no experimento com o pequeno Albert: a generalização respondente. Processo este onde estímulos semelhantes fisicamente ao estímulo condicionado podem passar a eliciar a mesma resposta aprendida (condicionada). Watson descobriu isso ao perceber que o medo do bebê Albert havia extrapolado o estímulo do rato e se estendido também para barbas brancas, animais de pelúcia brancos, cachorros brancos, etc. Temos também o gradiente de generalização: dependendo do grau de semelhança entre os estímulos, a resposta eliciada será mais ou menos intensa. Por exemplo, uma pessoa que tenha sido atacada por um pastor alemão poderá aprender a ter medo tanto desse cão como de outros cães em geral. Quanto mais parecido com pastor alemão, mais medo a pessoa terá.
No entanto, é possível enfraquecimento ou desaparecimento gradual de uma resposta condicionada se um determinado estímulo condicionado for apresentado sem a presença do estímulo incondicionado. A esse processo, chamamos extinção respondente. Entretanto, é possível também que após a extinção ter ocorrido, a força de reflexo volte espontaneamente, em menor intensidade e em episódios esparsos, o que é chamado de recuperação espontânea. 
Os autores, então, indicam que a extinção respondente pode se dar de duas formas: o contracondicionamento e a dessensibilização sistemática. O contracondicionamento consiste no aparelhamento de um estímulo que elicie uma resposta contrária a resposta condicionada – como emparelhar um estímulo condicionado a resposta de ansiedade a um estímulo que elicie respostas de relaxamento. Já a dessensibilização sistemática é a divisão do processo de extinção em pequenos passos, construindo assim uma escala crescente da intensidade do estímulo. Baseado na generalização respondente, essa técnica consiste na apresentação de estímulos que eliciem a resposta condicionada da forma mais suave possível. A uma pessoa que tem medo de cães, por exemplo, um psicólogo poderia orientar a pessoa a pensar em cães, ver fotos de cães, tocar em cães de pelúcia, observar de longe cães diferentes daquele que lhe atacou, observar de perto cães, tocá-los, etc. Eles ainda ressaltam que, na prática psicológica, utilizar em conjunto contracondicionamento e dessensibilização sistemática é bastante comum.
Moreira e Macedo, em seguida, atentam para como as palavras também estão sujeitas ao condicionamento pavloviano. O emparelhamento de determinadas palavras com situações que causam sensações agradáveis ou desagradáveis para o indivíduo faz com que essas palavras, posteriormente, passem a eliciar respostas semelhantes às respostas eliciadas pelas situações onde as palavras foram ditas. Isto é, o pronunciamento dessas palavras passa a eliciar sensações desagradáveis ou agradáveis dependendo da sensação que foi causada anteriormente.
Também é abordado pelos autores o condicionamento de ordem superior – ou seja, um processo de emparelhamento de um estímulo condicionado a um estímulo neutro, criando um novo reflexo. No experimento de Pavlov com os cães, o emparelhamento de um quadro-negro (estímulo neutro) ao som da sineta (estímulo condicionado) faz com que a apresentação do estímulo quadro-negro elicie uma resposta de salivação. Esse novo reflexo condicionado recebe o nome de reflexo condicionado de segunda ordem e o estímulo neutro de estímulo condicionado de segunda ordem. A cada nova ordem, entretanto, ocorre uma diminuição da força desse reflexo condicionado. 
Por fim, é apontado alguns fatores que influenciam o condicionamento pavloviano. Fatores esses que tanto aumentam as chances dele ocorrer, quanto a força da resposta que será eliciada. São eles: a frequência dos emparelhamentos, o tipo do emparelhamento, a intensidade do estímulo incondicionado e o grau de predição do estímulo condicionado.
Referências bibliográficas
MOREIRA, Márcio Borges; MEDEIROS, Carlos Augusto de. Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2007.

Continue navegando