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Pigmentação patológica VetBia Bogliolo, patologia/Geraldo Brasileiro Filho. – 9. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Pigmentações Os pigmentos são substâncias de cor própria, origem, composição química e significado biológico diversos. São encontrados em células vegetais e animais, nas quais desempenham importantes funções (clorofila, citocromo, melanina). *Pigmentação é o processo de formação e/ou acúmulo, normal ou patológico, de pigmentos no organismo. Grande número de pigmentos origina-se de substâncias sintetizadas pelo próprio organismo (pigmentos endógenos), enquanto outros são formados no exterior e, por via respiratória, digestiva ou parenteral, penetram e depositam-se em diversos órgãos (pigmentos exógenos). Pigmentações endógenas Podem ser derivadas da hemoglobina (pigmentos biliares, hematoidina hemossiderina, pigmento malárico, pigmento esquistossomótico); melanina; liposfuscina. Pigmentos de hemoglobina *Pigmentos biliares O principal pigmento biliar é a bilirrubina (Bb), um pigmento amarelo, produto final do catabolismo da fração heme da hemoglobina e de outras hemoproteínas. *O aumento nos níveis sanguíneos de Bb não conjugada pode causar lesão cerebral irreversível; *O conhecimento do metabolismo da Bb é essencial para o diagnóstico de grande número de doenças, hereditárias ou adquiridas, do fígado ou sangue. Aumento na produção de Bb ou defeito hepático na remoção do pigmento da circulação resultam na elevação de seu nível no sangue (hiperbilirrubinemia) e em um sinal clínico muito importante, a icterícia, que se caracteriza por deposição do pigmento na pele, esclera e mucosas. Formação da bilirrubina Aproximadamente 80% da Bb provêm da hemoglobina livre resultante da hemocaterese (destruição fisiológica das hemácias senescentes), com cerca de 120 dias de vida, por macrófagos no baço, fígado e medula óssea. O restante da Bb origina-se de hemoproteínas hepáticas e do pool de heme livre. Para que a Bb possa ser liberada da hemoglobina, é necessário que a fração heme, seja separada da globina; em seguida, abre-se o anel porfirínico do heme por meio de cisão oxidativa pela enzima heme oxigenase, na presença de oxigênio e NADPH, resultando na liberação da molécula de ferro e monóxido de carbono e na formação de biliverdina (pigmento tetrapirrólico verde), que é rapidamente reduzida para Bb por ação da biliverdina redutase. Transporte no sangue A bilirrubina lançada na circulação (bilirrubina não conjugada) é insolúvel em solução aquosa e é transportada em sua maior parte ligada à albumina. No fígado, a Bb é conjugada com o ácido glicurônico. Causas e mecanismos De forma resumida, isso acontece em: (1) aumento da produção de Bb, como ocorre em anemias hemolíticas; (2) redução na captação e no transporte de Bb nos hepatócitos, que se dá por defeitos genéticos; (3) diminuição na conjugação da Bb, por carência de enzimas envolvidas no processo, como ocorre em algumas doenças genéticas; (4) baixa excreção celular de Bb, por doenças genéticas; (5) obstrução biliar, intra ou extra-hepática, sobretudo por cálculos ou tumores; (6) Pigmentação patológica VetBia combinação de lesões, como acontece em hepatites e na cirrose hepática. Hemossiderina Hemossiderina e ferritina são as duas principais formas de armazenamento intracelular de ferro. O ferro é vital para todos os seres vivos, pois participa de diversos processos metabólicos, como transporte de oxigênio e de elétrons (hemoproteínas) e síntese de DNA; no entanto, é potencialmente tóxico. Ferritina Formada pela associação da apoferritina com o ferro. Além de armazenar ferro, a ferritina mantém esse metal sequestrado em forma oxidada, controlando sua atividade pós oxidante formadora de radicais livres de oxigênio. É distribuída no citoplasma sob a forma de micelas. A degradação da ferritina no citosol libera ferro. Quando há excesso de ferro, micelas de ferritina se agregam e formam a hemossiderina, que é um pigmento visível à microscopia de luz. A hemossiderina aparece como grânulos intracitoplasmáticos grosseiros, castanho- escuros ou amarelo-dourados. A deposição excessiva de hemossiderina (hemossiderose) pode ser localizada ou sistêmica. *Hemossiderose localizada é encontrada em hemorragias, em que a hemossiderina é vista no interior de macrófagos após o início do sangramento. *Logo após um traumatismo, a hemorragia aparece como uma área vermelho-azulada ou negro-azulada, devido à hemoglobina desoxigenada. Com o início da degradação da hemoglobina e formação de biliverdina e Bb, a pele adquire tonalidade verde- azulada a amarelada e, finalmente, com a formação de hemossiderina, cor ferruginosa ou amarelo-dourada. *Hemossiderose localizada ocorre por aumento da absorção intestinal de ferro, em anemias hemolíticas. O pigmento acumula-se em macrófagos do fígado, baço, medula óssea, linfonodos. Sem distúrbio funcional dos órgãos. Hemossiderina no citoplasma de macrófagos em foco de hemorragia antiga. Pigmentação patológica VetBia Hemossiderose hepática. Deposição de hemossiderina nos hepatócitos. *Pigmento malárico: Resulta da degradação da hemoglobina ingerida pelos parasitas da malária (Plasmodium) durante seu ciclo de vida assexuado nas hemácias. Os aminoácidos gerados da globina são utilizados para o crescimento e a maturação do parasito. O heme liberado é potencialmente tóxico. Pigmento nas células de Kupffer na malária pelo Plasmodium falciparum. Melanina Pigmento cuja cor varia do castanho ao negro. As funções da pigmentação melânica cutânea são proteção contra a radiação ultravioleta, absorção de calor, camuflagem em algumas espécies de peixes e anfíbios. A melanina é um polímero complexo sintetizado em melanócitos (originados de células precursoras da crista neural e migradas para várias partes do organismo), na pele, os melanócitos estão situados junto à camada basal da epiderme e na matriz do folículo piloso. Lipofuscina Também chamada de lipocromo, pigmento do desgaste, pigmento do envelhecimento e ceroide, marcador biológico do envelhecimento celular. Aparece como grânulos intracitoplasmáticos, pardo-amarelos, autoflorescentes e PAS-positivos. Cora-se alguns corantes de lipídeos, sudan e azul do Nilo e reduz a sais prata. Pigmento de lipofuscina no citoplasma de células musculares cardíacas. Com o avançar da idade, a lipofuscina deposita-se especialmente em células pós- mitóticas como neurônios, células musculares cardíacas e esqueléticas e epitélio pigmentar da retina. Células diferenciadas de vida curta, como queratinócitos, enterócitos e hemácias, são logo substituídas e, portanto, não acumulam quantidades significativas de corpos residuais. Pigmentações exógenas Dos pigmentos inalados, o mais comum é o carvão. Sua deposição causa a antracose. Uma vez inalado, o pigmento de carvão é fagocitado por macrófagos alveolares e transportado por vasos linfáticos aos linfonodos regionais. Acúmulo progressivo do pigmento produz coloração negra nas Pigmentação patológica VetBia partes afetadas, em forma de manchas irregulares no parênquima dos pulmões, na pleura e nos linfonodos do hilo pulmonar. Pigmento de carvão na antracose pulmonar.
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