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ESPACO E SUSTENTABILIDADE COM RESPOSTAS 1010

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ESPAÇO E SUSTENTABILIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
 
2 
 
 
 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com 
(31) 3270 4500 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 SOBRE O ESPAÇO E SOBRE SUSTENTABILIDADE ........................................... 3 
2 LUGAR, TERRITÓRIO E REGIÃO ......................................................................... 5 
3 O CONCEITO DE PAISAGEM .............................................................................. 12 
4 PLANEJAMENTO SOCIOAMBIENTAL................................................................. 14 
5 GEOGRAFIA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ......................................................... 16 
6 CLIMATOLOGIA, MUDANÇAS AMBIENTAIS: A QUESTÃO DA 
POPULAÇÃO ............................................................................................................ 19 
7 PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS SOB A ÓTICA DA GEOGRAFIA ..... 25 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UTILIZADAS E CONSULTADASErro! Indicador 
não definido. 
AVALIAÇÃO ................................................................. Erro! Indicador não definido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com 
(31) 3270 4500 
 
 Tópico I: Sobre O Espaço E Sobre A Sustentabilidade 
 
Sobre o espaço: De acordo com Faria (2009, s/p) espaço geográfico é 
aquele que foi modificado pelo homem ao longo da história. Que contém um passado 
histórico e foi transformado pela organização social, técnica e econômica daqueles 
que habitaram ou habitam os diferentes lugares (“o espaço geográfico é o palco das 
realizações humanas”). 
 
Um conceito bastante presente na geografia em geral, o espaço geográfico 
apresenta definição bastante complexa e abrangente. Outros conceitos também 
relacionados ao espaço geográfico, ou antes, que estão contidos nele são: lugar, que 
é um conceito ligado a um local que nos é familiar ou que faz parte de nossa vida, e 
paisagem que é a porção do espaço que nossa visão alcança e é produto da 
percepção. 
 
A primeira definição de “espaço” foi feita pelo filósofo Aristóteles para o qual 
este era inexistência do vazio e lugar como posição de um corpo entre outros corpos. 
Aristóteles ignorava o homem como constituinte do espaço, contudo, ele já 
considerava um aspecto importante da estrutura do espaço geográfico, a localização. 
Mais adiante, no século XVIII, Immanuel Kant define o espaço como sendo algo não 
passível de percepção, porém, o que permite haver a percepção. Ou seja, Kant 
introduziu a ideia de que o espaço é algo separado dos demais elementos espaciais. 
Entretanto, suas ideias não permitem concebê-lo como algo constituído de significado 
ou estrutura própria. 
 
Mais tarde, outros filósofos inserem o homem como um componente 
essencial para a compreensão do espaço, como ser que cria e modifica espaços de 
acordo com suas culturas e objetivos. Por último, seguiu-se a concepção filosófica de 
espaço proposta por Maurice Merleau-Ponty: “O espaço não é o meio (real ou lógico) 
onde se dispõe as coisas, mas o meio pelo qual a posição das coisas se torna 
possível. ” Todas estas são concepções filosóficas do espaço que, entretanto, diferem 
um pouco da concepção geográfica. A concepção geográfica de espaço que 
predominou de 1870 a meados de 1950, embora este ainda não fosse considerado 
como objeto de estudo, foi a introduzida por Ratzel e Hartshorne para os quais a 
concepção de “espaço vital” se confundia com a de território na medida em que era 
atrelado à ele uma relação de poder. Hatshorne usa o conceito de Kant, ou seja, para 
ele o espaço em si não existe, o que existe são os fenômenos que se materializam 
neste referencial. Aqui, espaço e tempo são desprezados. 
 
4 
 
 
 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com 
(31) 3270 4500 
 
 A partir de 1950 o espaço passa a ser associado à noção de “planície 
isotrópica” (superfície plana com as mesmas propriedades físicas em todas as 
direções. Homogênea) sob a ação de mecanismos unicamente econômicos (uso da 
terra, relações centro – periferia, etc.). Em 1970 surge uma nova concepção atrelada 
à geografia crítica, que tem com base os pensamentos marxistas e para a qual o 
espaço é definido como o locus da reprodução das relações sociais de produção. 
Nesta concepção espaço e sociedade estão intimamente ligados. Mais tarde surge 
uma nova concepção epistemológica para geografia que passa a encarar o espaço 
como fenômeno materializado. Ou, nas palavras de ALVES (1999), o espaço “é 
produto das relações entre homens e dos homens com a natureza, e ao mesmo tempo 
é fator que interfere nas mesmas relações que o constituíram. O espaço é, então, a 
materialização das relações existentes entre os homens na sociedade.” (FARIA, 2009, 
s/p) 
 
Sobre a sustentabilidade: Abreu (2008, s/p) aponta que nunca antes se ouviu 
falar tanto nessa palavra quanto nos dias atuais: sustentabilidade. Mas, afinal de 
contas, o que é sustentabilidade? (...) “sustentabilidade é um conceito sistêmico; 
relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e 
ambientais da sociedade humana”. Mas você ainda pode pensar: “E que isso tudo 
pode significar na prática?” 
 
Podemos dizer “na prática”, que esse conceito de sustentabilidade 
representa promover a exploração de áreas ou o uso de recursos planetários (naturais 
ou não) de forma a prejudicar o menos possível o equilíbrio entre o meio ambiente e 
as comunidades humanas e toda a biosfera que dele dependem para existir. Pode 
parecer um conceito difícil de ser implementado e, em muitos casos, economicamente 
inviável. No entanto, não é bem assim. Mesmo nas atividades humanas altamente 
impactantes no meio ambiente como a mineração; a extração vegetal, a agricultura 
em larga escala; a fabricação de papel e celulose e todas as outras; a aplicação de 
práticas sustentáveis nesses empreendimentos; revelou-se economicamente viável e 
em muitos deles trouxe um fôlego financeiro extra. 
 
Assim, as ideias de projetos empresariais que atendam aos parâmetros de 
sustentabilidade, começaram a multiplicar-se e a espalhar-se por vários lugares antes 
degradados do planeta. Muitas comunidades que antes viviam sofrendo com doenças 
de todo tipo; provocadas por indústrias poluidoras instaladas em suas vizinhanças 
viram sua qualidade de vida ser gradativamente recuperada e melhorada ao longo do 
desenvolvimento desses projetos sustentáveis. Da mesma forma, áreas que antes 
eram consideradas meramente extrativistas e que estavam condenadas ao extermínio 
por práticas predatórias, hoje tem uma grande chance de se recuperarem após a 
adoção de projetos de exploração com fundamentos sólidos na sustentabilidade e na 
5 
 
 
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viabilidade de uma exploração não predatória dos recursos disponíveis. Da mesma 
forma, cuidando para que o envolvimento das comunidades viventes nessas regiões 
seja total e que elas ganhem algo com isso; todos ganham e cuidam para que os 
projetos atinjam o sucesso esperado. 
 
A exploração e a extração de recursos com mais eficiência e com a garantia 
da possibilidade de recuperação das áreas degradadas é a chave para que a 
sustentabilidade seja uma prática exitosa e aplicada com muito mais frequência aos 
grandes empreendimentos. Preencher as necessidades humanas de recursos 
naturais e garantir a continuidade da biodiversidade local; além de manter, ou 
melhorar, a qualidade de vida das comunidades inclusas na área de extração desses 
recursos é um desafio permanente que deve ser vencido dia a dia. A seriedade e o 
acompanhamento das autoridades e entidades ambientais, bem como assegurar 
instrumentos fiscalizatórios e punitivos eficientes, darão ao conceito de 
sustentabilidade uma forma e umpoder agregador de ideias e formador de opiniões 
ainda muito maior do que já existe nos dias atuais. 
 
De uma forma simples, podemos afirmar que garantir a sustentabilidade de 
um projeto ou de uma região determinada; é dar garantias de que mesmo explorada 
essa área continuará a prover recursos e bem estar econômico e social para as 
comunidades que nela vivem por muitas e muitas gerações. Mantendo a força vital e 
a capacidade de regenerar-se mesmo diante da ação contínua e da presença atuante 
da mão humana. (ABREU, 2008, s/p) 
 
Tópico II: Lugar, Território E Região 
 
Lugar: Aponta Cabral (2007, p. 148) que Ferreira (2000) lembra que, como 
categoria do pensamento geográfico, a evolução do conceito de lugar vinculou-se à 
trajetória da geografia humana, principalmente através de dois de seus principais 
ramos: a geografia humanista e a geografia radical. Partindo de uma perspectiva 
humanista, interessada na subjetividade da relação homem-ambiente, a preocupação 
está em definir o lugar como base fundamental para a existência humana, como 
experiência ou “centro de significados” que está em relação dialética com o constructo 
abstrato que denominamos espaço (HOLZER, 1999). Para Tuan (1983), espaço e 
lugar são termos familiares e complementares: o que começa como espaço 
indiferenciado acaba assumindo a configuração de lugar, ao conhecermos e o 
dotarmos de valor. Frémont (1976) diz que os lugares formam a trama elementar do 
espaço. 
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De uma forma ou de outra, os geógrafos humanistas admitem que o lugar 
permite focalizar o espaço em torno das intenções, ações e experiências humanas – 
desde as mais banais até aquelas eventuais ou extraordinárias – e que sua essência 
é ser um centro onde são experimentados os eventos mais significativos de nossa 
existência: o viver e o habitar, o uso e o consumo, o trabalho e o lazer etc., sobretudo, 
porque “(...) toda consciência não é meramente consciência de algo, mas de algo em 
seu lugar.” (RELPH apud HOLZER, 1999, p. 72) 
 
Um aspecto curioso dessa abordagem está no reconhecimento de que o 
sentido de lugar não está limitado ao nível pragmático da ação e da percepção e que 
sua experiência (direta ou simbólica) se constitui em diversas escalas: atualmente ela 
formaria um contínuo que inclui o lar, como provedor primário de significados; a 
localidade ou bairro, como campo de sociabilidade; a cidade; as regiões; o 
Estadonação e até mesmo o próprio planeta. Entretanto, como afirma Holzer (1999), 
é preciso admitir que, tanto para o indivíduo como para o grupo, o aumento da 
abrangência impossibilita, progressivamente, um relacionamento espacial direto, 
remetendo-nos a uma visão cada vez mais fragmentária dos lugares, a uma “visão em 
arquipélago”. (CABRAL, 2007, p. 148) 
 
Ainda de acordo com Cabral (2007, p. 148) de um ponto de vista radical, o 
lugar é qualificado como uma construção socio-histórica que cumpre determinadas 
funções. Através de suas formas materiais e não materiais, o lugar é uma 
funcionalização do mundo, acrescenta Santos (1999). Seja qual for o momento da 
história, o mundo se define como um conjunto de possibilidades, e, cada lugar se 
diferencia por realizar apenas um feixe daquelas possibilidades existentes. Referindo-
se à relação local-global, o mesmo autor observa que a ordem global busca impor 
uma racionalidade única, mas os lugares respondem segundo os modos de sua 
própria racionalidade. Enquanto a ordem global funda as escalas superiores e 
externas, a ordem local funda a escala do cotidiano – em que prima a comunicação – 
e seus parâmetros são a co-presença, a vizinhança, a intimidade, a emoção, a 
cooperação e a socialização com base na contiguidade. “Cada lugar é, ao mesmo 
tempo, objeto de uma razão global e de uma razão local, convivendo dialeticamente.” 
(SANTOS, 1999, p. 273) 
 
Ferreira (2000) afirma que, a partir dessas duas acepções aparentemente 
conflitantes e irreconciliáveis – que vão de uma relação autêntica com o espaço, por 
um lado, à materialização da relação local-global, por outro –, estudos recentes têm 
buscado um ponto de contato, ao enquadrar o lugar como um campo de articulação 
das questões cruciais para a compreensão da existência humana e sua relação com 
um ambiente cada vez mais fragmentado e globalizado. Dentre os autores que 
buscam sintetizar aquelas diferentes acepções, sobressaem Oakes (apud 
Neuza Gonçalves
Realce
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FERREIRA, 2000), para quem o lugar é o sítio de identidades significativas e atividade 
imediata, é uma consequência de ligações que o convertem mais numa rede dinâmica 
do que uma localização ou sítio específico. Segundo esse autor, o lugar não deve ser 
compreendido como um contraponto conceitual a uma vaga modernidade 
“deslugarizada”, pois o que acontece no lugar não é simplesmente uma resistência às 
tentativas de hegemonia histórica e espacial, mas uma luta para nos colocarmos como 
sujeitos da história e da espacialidade. (CABRAL, 2007, p. 149) 
 
Território: Cabral (2007, p. 151) afirma que Raffestin (1993, p.143) 
estabelece a diferença entre espaço e território dizendo que, ao apropriar-se concreta 
ou abstratamente (por exemplo, pela representação) de um espaço, o ator o 
territorializa. “O espaço vem, portanto, primeiro, ele é preexistente a toda ação”. 
 
Sabe-se que foi com a etologia, no início do século XX, que os conceitos de 
território e territorialidade ascenderam de forma definitiva ao domínio científico: o 
primeiro como sendo a apropriação biológica de uma área delimitada por uma fronteira 
e que se torna exclusiva de determinados membros de uma espécie e, o segundo, 
como uma conduta característica adotada por um organismo para tomar posse de um 
território e defendê-lo (HOWARD, apud BONNEIMAISON, 2002). 
 
Na geografia tradicional, o território surge como determinada porção da 
superfície terrestre que é apropriada e ocupada por um grupo humano, como um 
espaço concreto em si (com seus atributos naturais e sociais). Em relação a esse 
enquadramento, cabe observar que além de “etológico” e simplista – haja vista que a 
ideia de território se restringe às áreas que são objeto de atuação direta das pessoas 
– ele tende a confundir território e espaço, o que obscurece o caráter político inerente 
ao primeiro. Ao mesmo tempo, embora essa dimensão tenha sido valorizada no 
âmbito da geografia política, o tratamento temático manteve-se extremamente 
atrelado (inclusive ideologicamente) à escala do território nacional, isto é, à figura do 
Estado-nação. 
 
Nas últimas décadas, buscando superar essas limitações analíticas, 
surgiram concepções mais flexíveis e críticas, voltadas às complexidades territoriais. 
Por esse viés, prevalece o entendimento de que, sob a noção de território, deve-se 
privilegiar a reflexão sobre o poder referenciado ao controle e à gestão do espaço. 
Nesse caso, tornou-se necessário conceber o poder como sendo multidimensional, 
derivado de múltiplas fontes, inerente a todos os atores e presente em todos os níveis 
espaciais. 
 
Assim é que o território passou a ser entendido como espaço mobilizado 
como elemento decisivo às relações de poder (RAFFESTIN, 1993) e territorialidade 
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como estratégia(s) utilizada(s) para delimitar e afirmar o controle sobre uma área 
geográfica, ou seja, para estabelecer, manter e reforçar esse poder (GOMES, 2002). 
Visando a aprofundar a compreensão em torno dessa perspectiva, Sack (apud 
SOUZA, 1995) destaca dois importantes aspectos: primeiramente, deve-se ter em 
mente que os territórios não têm uma dimensão espacial e temporal fixa, pois variam 
de tamanho (podendo inclusive ser “móveis”ou “flexíveis”) e da mesma maneira que 
existem num dado momento, noutro poderão desaparecer; e, em segundo lugar, 
vários territórios podem ser apropriados simultaneamente pelo mesmo agente. 
(CABRAL, 2007, p. 152) 
 
Essa última característica, de acordo com Cabral (2007, p. 152) levantada 
pelo autor aplica-se aos territórios articulados em rede, e se torna indispensável para 
compreender os fenômenos socioespaciais atuais. Nesse sentido, outro aspecto 
também importante é salientado por Souza (1995), quando considera que territórios 
com formas e limites variados podem superpor-se e, ainda por cima, com 
territorialidades em contradição, por conta dos atritos e conflitos existentes entre os 
respectivos agentes. Na opinião desse mesmo autor, territórios são campos de forças, 
são antes teias ou redes de relações sociais projetadas no espaço do que o substrato 
material em si, e não há necessidade de forte enraizamento material para que se tenha 
território. 
 
Queremos frisar que o conceito geográfico de território obedece tanto a 
perspectivas analíticas mais rígidas e simplistas, que se restringem à apropriação do 
espaço por grupos humanos ou privilegiam o poder em termos de Estado-nação, 
quanto a abordagens mais flexíveis e complexas, que, assumindo uma concepção de 
poder multidimensional, permitem tratar de territorialidades resultantes da 
coexistência de diferentes agentes, por vezes, ao mesmo tempo e numa mesma 
extensão do espaço físico. (CABRAL, 2007, p. 152) 
 
- Região: Para Amorim (2007, p. 4) Corrêa (2001, p. 183) nos lembra que a 
origem etimológica do termo região estaria no termo regio, do latim, o qual se referia 
“à unidade político-territorial em que se dividia o Império Romano”. Ainda segundo 
este autor, o fato de seu radical ser proveniente do verbo regere, governar, atribuiria 
à região “em sua concepção original, uma conotação eminentemente política”. 
 
Gomes (1995, p. 50-51), por sua vez, segue a mesma linha ao assinalar a 
raiz etimológica da palavra: “regione nos tempos do Império Romano era a 
denominação utilizada para designar áreas que, ainda que dispusessem de uma 
administração local, estavam subordinadas às regras gerais e hegemônicas das 
magistraturas sediadas em Roma”. Porém, vai mais longe, ao enfatizar que alguns 
filósofos interpretam a emergência deste conceito como uma necessidade de um 
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momento histórico em que, pela primeira vez, surge, de forma ampla, a relação entre 
a centralização do poder em um local e a extensão dele sobre uma área de grande 
diversidade social, cultural e espacial (...). Desta forma, os mapas que representam o 
Império Romano são preenchidos pela nomenclatura destas regiões que representam 
a extensão espacial do poder central hegemônico, onde os governadores locais 
dispunham de alguma autonomia, em função mesmo da diversidade de situações 
sociais e culturais, mas deviam obediência e impostos à cidade de Roma (GOMES, 
1995, p. 51). 
 
Atualmente a expressão região é empregada no senso comum, no cotidiano 
como uma forma de referência a lugares que se diferenciam uns dos outros. A 
categoria região é de uso corrente está disseminada na linguagem comum e na 
científica. Ela foi incorporada ao nosso dia-a-dia e possui um peso específico na 
estrutura conceitual analítica. 
 
Há muito uma Geografia Regional vem sendo construída. Lencioni (1999) 
enfatiza o conceito de região e busca na história antiga da humanidade os referenciais 
que teriam norteado os estudos regionais dos séculos seguintes. Esta autora destaca 
que Estrabão poderia ser considerado o marco inaugural da Geografia regional, pois 
os recortes analíticos que elabora são estabelecidos segundo a composição territorial 
das civilizações. 
 
A partir do momento em que a Geografia passou a ser considerada uma 
disciplina, um campo do conhecimento científico, com um corpo de conhecimentos 
sistematizados, o conceito de região passou a ser analisado por vários pesquisadores. 
Haesbaert (1999, p. 17) chama a atenção para a necessidade de uma releitura dos 
autores clássicos. 
 
Devemos relembrar, sobretudo, nossos clássicos, responsáveis por uma 
“paternidade” da região em Geografia, especialmente Vidal de La Blache, Carl Sauer 
e Richard Hartshorne. Esses autores em distintas perspectivas enfatizaram a 
“diferenciação de áreas” como questão fundamental para o trabalho do geógrafo. 
 
É nesta perspectiva que apresentamos uma breve leitura dos autores 
responsáveis pelas primeiras reflexões sobre o estudo da Região na ciência 
Geografia. Como nos lembra Haesbaert (1999, p. 18), La Blache, Sauer e Hartshorne 
constituem-se em referenciais aos estudos de caráter regional em função de sua 
contribuição para a sistematização dos estudos que se propunham a analisar um 
espaço geográfico pela lógica zonal. O que deve ser considerado, entretanto, são os 
contextos específicos, os espaços e tempos próprios, em que produziram suas 
contribuições para o estudo da região. Uma vez que concordamos com Haesbaert 
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(2002, p. 134) para quem “todo conceito tem uma validade temporal, ou seja, deve ser 
delimitado historicamente (...) é importante revelar a origem do conceito, tanto no 
sentido de sua existência ‘real’ quanto de sua formulação teórica” Paul Vidal de La 
Blache (1921) pensava a região enquanto um “corpo vivo”, único. 
 
Gomes (2000, p. 57) destaca que, para este autor, “a região é uma realidade 
concreta, física, ela existe como um quadro de referências para a população que aí 
vive”. Haesbaert (2002, p. 05), em artigo sobre Morte e vida da região: antigos 
paradigmas, e, novas perspectivas da Geografia Regional, enfatiza que La Blache é 
o fundador do conceito mais difundido de região e que esse conceito acaba por 
legitimar a Geografia como campo do conhecimento científico. (AMORIM, 2007, p. 6) 
 
Ainda conforme Amorim (2007, p. 6) ao trabalhar com o conceito de região, 
La Blache inicialmente entende a região natural como o recorte de análise básico para 
a Geografia desenvolver seu campo de estudo. Esta visão é alterada à medida que 
avançam seus estudos para o entendimento dos recortes regionais na França, ao 
passar das regiões naturais ao estudo das regiões econômicas, chegando a fazer 
análises de geopolítica quando escreve sobre a região da Alsácia e Lorena. 
 
Ozouf-Marignier, Robic (1995, p. 46) destacam duas posturas de um La 
Blache muitas vezes desconhecidas da maioria dos seus leitores: o de um tradicional 
defensor dos estudos regionais a partir do lugar e da ligação com a terra, e um outro 
La Blache, que avançou nos estudos regionais, o moderno La Blache, estudioso dos 
arranjos territoriais. 
 
Na introdução de Princípios de Geografia Humana, La Blache (1921, p. 40) 
expressa uma nova concepção das relações entre a Terra e o homem, “concepção 
sugerida por um conhecimento mais sintético das leis físicas que regem a nossa 
esfera e das relações entre os seres vivos que a povoam”. Um campo novo, quase 
ilimitado, abre-se às observações e, talvez, até à experimentação. Estudando a ação 
do homem sobre a terra e os estigmas impressos na sua superfície por uma ocupação 
tantas vezes secular, a Geografia humana tem um duplo objeto: não lhe pertence 
pensar fazer o balanço das destruições que, sem ou com a participação do homem, 
tão singularmente reduziram, desde os tempos pliocênicos, o número das grandes 
espécies animais; encontra também, no conhecimento mais íntimo das relações que 
unem o conjunto dos seres vivos, o meio de perscrutar as transformações atualmente 
em curso e que é permitido prever. A este respeito, a ação presente e futura do 
homem, senhor das distâncias, armado de tudo o que a ciência põe ao seu serviço, 
ultrapassamuito a ação que os nossos longínquos antepassados podiam exercer. 
Felicitemo-nos por isso, porque a empresa da colonização, à qual a nossa época ligou 
a sua glória, seria um engano se a natureza impusesse quadros rígidos, em vez de 
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dar margem às obras de transformação ou de restauração que estão no poder do 
homem. (LA BLACHE, 1921, p. 40) É a partir deste referencial de La Blache que 
Gomes (1995, p. 57) menciona que o método recomendado nos estudos regionais é 
a descrição, pois somente através dela seria possível penetrar na complexa dinâmica 
que estrutura este espaço. 
 
Carl Sauer, “situa-se entre os grandes mestres que, pelo espírito crítico, 
criatividade, talento e liderança intelectual”. Consolidou novos rumos para a 
Geografia, a partir do seu legado com ênfase na geografia cultural. Sauer defendia 
que os estudos regionais deveriam promover a construção de uma “morfologia da 
paisagem”. Ao tentar apresentar outra possibilidade aos estudos geográficos, Sauer 
rompe com o que se fixou como “determinismo geográfico”, e publica em 1925 The 
Morphology of Landscape, onde define a Geografia como o estudo da diferenciação 
de áreas ou corologia; deste estudo surge também uma forte vertente da geografia 
cultural. (CORRÊA, 2001, p. 261) 
 
Para Corrêa (2001, p. 267), o modo de estudar a paisagem geográfica de 
Sauer, por meio do que ele denominou de “método morfológico”, é similar ao que Vidal 
de La Blache estabeleceu para suas monografias regionais. A Geografia Regional 
seria, assim, “uma morfologia comparativa”. Este método, no entender de Corrêa 
(2001, p. 267), consiste em considerar os fenômenos como formas que estão 
integradas entre si, se admitirmos: que há uma unidade de qualidade orgânica ou 
quase orgânica; isto é, uma estrutura para a qual certos componentes são 
necessários, estes elementos componentes sendo, neste trabalho, denominados 
formas. Que a similaridade de formas em diferentes estruturas é reconhecida devido 
à equivalência funcional, as formas sendo então homologas; e que os elementos 
estruturais possam ser colocados em séries, especialmente em sequência de 
desenvolvimento, indo do incipiente ao estágio completo ou final (SAUER, 1963, apud 
CORREA 2001, p. 267, apud AMORIM, 2007, p. 8). 
 
Continuando Amorim (2007, p. 8) aponta que Hartshorne também contribui 
para os estudos regionais, após os estudos de La Blache e Sauer. Para Hartshorne a 
região constituiria “um constructo intelectual e que, como tal, poderia variar em sua 
delimitação de acordo com os objetivos do pesquisador”. (HAESBAERT, 1999, p. 18) 
 
Corrêa (2001, p. 266) enfatiza que os estudos corológicos foram resgatados 
por Hartshorne em The Nature of Geography, no entanto: estes estudos são 
desenvolvidos apenas como estudo das inter-relações em área de fenômeno de 
natureza física e social, sem considerar o fato de que a paisagem geográfica resulta 
da ação, ao longo do tempo, da cultura do homem sobre a natureza, modificando-a, 
transformando uma paisagem natural em paisagem cultural, sem privilegiar a cultura 
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como fator fundamental da criação e modificação da paisagem, e sem dar ao tempo, 
à História, o papel que Sauer já lhes emprestara em 1925, e que acentuaria mais ainda 
ao longo da sua carreira. 
 
Segundo Gomes (1995, p. 59), Hartshorne, em The Nature of Geography, 
tenta demonstrar que a Geografia caracterizou-se sempre por ser o estudo das 
diferenças regionais. “O método regional, ou seja, o ponto de vista da Geografia, de 
procurar na distribuição espacial dos fenômenos a caracterização de unidades 
regionais, é a particularidade que identifica e diferencia a Geografia das demais 
ciências”. Essa perspectiva de Hartshorne é a de valorização regional como objeto 
particular da Geografia, mas propõe também que a região seja encarada como um 
produto mental, “uma forma de ver o espaço que coloca em evidência os fundamentos 
da organização diferenciada do espaço”. 
 
O fato de todas as áreas da terra diferirem umas das outras desperta também 
um interesse especial em qualquer caso em que áreas separadas se afiguram 
semelhantes. O exame mais atento revela que nunca são exatamente iguais, 
certamente jamais tão parecidas como dois gêmeos idênticos, nem como duas 
pessoas de antepassados em sua totalidade europeus, que possam ter características 
físicas iguais, embora nascidas e criadas num e noutro lado do Atlântico. Não 
obstante, a maneira como áreas separadas se assemelham não é menos significativa 
do que o modo em que diferem. O estudo comparativo de tais áreas permite à 
Geografia utilizar-se de métodos similares aos das Ciências Experimentais, nas quais 
certos fatores são controlados e mantidos constantes, enquanto outros variam 
(GOMES, 1995, p. 59). A região hartshorniana então é vista como um meio de análise, 
uma técnica da geografia na demonstração de suas hipóteses. Ela vai influenciar 
outros autores que vão usar essas prerrogativas como base nos estudos regionais 
posteriores. (AMORIM, 2007, p. 8) 
 
Tópico III: O Conceito De Paisagem 
 
Em sua explanação Cabral (2007, p. 149) explica que se de um lado, a noção 
de “paisagem” sempre esteve associada à ideia de formas visíveis sobre a superfície 
da terra e com sua composição, de outro, sua importância para o pensamento 
geográfico tem variado no tempo: se em certos períodos tem sido visto como um 
conceito capaz de fornecer unidade e identidade à geografia, em outros foi relegada 
a uma posição secundária, suplantada pela ênfase em categorias como espaço, 
região, território ou lugar. (CABRAL, 2002, apud CABRAL, 2007, p. 149) 
 
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No entanto, para Cabral (2007, p. 150) a partir da década de 1970, os 
estudos de paisagem ampliaram-se, sobretudo sob dois enfoques: o sistêmico e o 
cultural. A concepção sistêmica entende a paisagem como realidade objetiva, como o 
resultado de uma combinação dinâmica e, por conseguinte instável, de elementos 
físicos, biológicos e humanos. Essa interação é singular para cada porção do espaço 
e torna a paisagem um conjunto individualizado, indissociável e em contínua evolução. 
A categoria que mais bem reflete essa noção de inter-relação e complexidade é o 
geossistema, que, como uma classe de sistema aberto, dinâmico, flexível e 
hierarquicamente organizado, corresponde, teoricamente, a uma paisagem nítida e 
bem circunscrita. Segundo seus defensores, o enfoque geossistêmico contribuiu para 
revitalizar o caráter de integração e de totalidade da paisagem geográfica 
(MACHADO, 1988). 
 
Sob a ótica cultural, toma-se a paisagem como mediação entre o mundo das 
coisas e aquele da subjetividade humana, a noção surge ligada, portanto, à percepção 
do espaço: “a paisagem, de fato, é uma ‘maneira de ver’, uma maneira de compor e 
harmonizar o mundo externo em uma ‘cena’, em uma unidade visual” (COSGROVE, 
1998, p. 98-99). Entretanto, se tomarmos em conta que a paisagem se trata, grosso 
modo, de uma porção do espaço apreendida com o olhar (Ferreira, 1984), é preciso 
lembrar que o processo perceptivo não se limita a receber passivamente os dados 
sensoriais, mas os organiza para lhes atribuir sentido(s). Portanto, a paisagem 
percebida é também significada e construída. Sua estrutura e dinâmica são acessíveis 
ao homem e agem como guias para suas atitudes e condutas. Berque (1998, p. 84-
85) resume esse entendimento afirmando que: a paisagem é uma marca, pois 
expressa uma civilização, mas é também uma matriz porque participa dos esquemas 
de percepção, de concepção e de ação – ou seja, da cultura – que canalizam, em um 
certo sentido, a relação de uma sociedade com o espaço e com a natureza.Desse modo, o conceito de paisagem tende a privilegiar a coexistência de 
objetos e formas em sua face sociocultural manifesta (SUERTEGARAY, 2000). Dessa 
forma, se a paisagem, como um conjunto de formas naturais e culturais associadas 
em uma dada área (Corrêa, Rozendhal, 1998), traduz-se num “campo de visibilidade”, 
ao ser oferecido a nossa percepção e a nossa experiência, converte-se num “campo 
de significação” individual e coletiva (BARBOSA, 1998). Sendo assim, a paisagem 
pode ser considerada um texto que serve a uma multiplicidade de leituras. Por esse 
viés, admite-se que, tanto pela diversidade de arranjos e cenários como pelas 
diferentes maneiras de olhar e atribuir significados, seria mais adequado referir-se a 
“paisagens que emanam de uma mesma paisagem” (CABRAL, 2002, p. 59, apud 
CABRAL, 2007, p. 151). 
 
 
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Tópico IV: Planejamento Socioambiental 
 
A Permacultura: De acordo com Miranda (2007, s/p) Permacultura “Cultura 
Permanente” foi desenvolvida na década de 70, pelos australianos Bill 
Mollison e David Holmgren; como uma solução viável para a problemática gerada 
pelos sinais de degradação ambiental e perda dos recursos naturais. A Permacultura 
envolve a implantação de projetos e manutenção consciente de ecossistemas 
produtivos por meio de técnicas tradicionais para o planejamento e desenvolvimento 
socioambiental de toda complexidade abordada nas práticas agrícolas, no eco design, 
na compra e venda sustentável, no ciclo de vida, gerenciamento de resíduos, entre 
outros; proporcionando conceitos, práticas e metodologias de trabalho para pequenos 
e médios produtores rurais e comunidades carentes, por meio da interação e inovação 
dos modelos de produtividade tradicionais; discutindo os saberes e a valorização 
humana e social, como a valoração ambiental, proporcionando novas fronteiras para 
a organização e sustentabilidade bio-psicosocial e ambiental. 
 
 A hermenêutica empresarial necessita apresentar inovações estruturais 
interligadas às práticas de ações reais e responsáveis, descobrindo e aprendendo a 
gestão de um trabalho socioeducativo e ambiental, interpretando saberes e 
tecnologias transversais para o comportamento das pessoas e das empresas; 
destacando os principais agentes do desenvolvimento socioeconômico que buscam 
reorganizar suas ações perante a administração, contabilidade e responsabilidades 
socioambientais; pois dentro de uma visão multifuncional podemos direcionar as 
novas atividades empresariais sustentáveis como o ecossistema: possuem ciclos, 
fases intrínsecas e indispensáveis. 
 
 Como desenvolver qualidade e produtividade, quando não percebemos e 
conhecemos nosso meio e a nossa volta? Estamos realmente diagnosticando e 
planejando a garantia e aumento de nossa produtividade? A atual e complexa crise 
planetária não está fora dos planos e projetos de gestão de responsabilidades social 
e ambiental, esta percepção vem mensurar e promover formas de desenvolvimento 
sustentável para o bem-estar do ser humano do ecossistema e de todo ramo 
empresarial. (MIRANDA, 2007, s/p) 
 
 E para atender a este desenvolvimento sustentável, de acordo com Miranda 
(2007, s/p) o contexto de gestão educacional e das responsabilidades socioambiental, 
nos faz refletir a “empresa”; sem a sociedade e sem meio ambiente; como será e qual 
será o produto? A empresa que está inserida neste conceito de criar e agir 
participando das responsabilidades sociais e ambientais, não só proporciona o 
progresso da empresa, mas para todo sistema que a compõem (Dalft, 1999) retrata 
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que a obrigação da administração empresarial é de tomar decisões e ações que irão 
contribuir para o bem-estar e interesses da sociedade e da organização. 
 
 As empresas socialmente responsáveis possuem a visão da ética, onde a 
parceria e o respeito da comunidade passa ser um grande diferencial; e o 
reconhecimento destes fatores tanto pela organização, como pelos consumidores são 
vantagens seguras e palpáveis que atingem maiores níveis do sucesso empresarial. 
Este novo paradigma socioambiental transforma o contexto que engloba o 
desenvolvimento administrativo, social e econômico devido aos efeitos da 
globalização, no entanto as novas características e estratégias que o mercado aponta 
para as empresas são mudanças que buscam particularidades, diferenciando seus 
produtos através de responsabilidades socioambientais, criando assim maior 
confiabilidade e créditos para seus diferenciados tipos de clientes. 
 
 O futuro empreendedor reconhece a necessidade das responsabilidades 
socioambiental e busca diferentes programas e ações para configurar uma gestão 
compartilhada, satisfazendo as necessidades das empresas sem comprometer a 
capacidade de futuras produções, atendendo a sustentabilidade ecológica e social de 
um mercado globalizado. Os cuidados ambientais ultrapassam as fronteiras 
empresariais, pois afetam direta e indiretamente todos os modos de vida e de 
produção do planeta. E os procedimentos para uma gestão de responsabilidades 
social e ambiental consagram e atribuem cobranças, ou seja, as questões que 
envolvem as externalidades devem ser vistas e compreendidas tanto pelo sistema 
público, como privado, numa visão macro do sistema empresarial. Grajew (2000) 
debate as estatísticas, que mostram as empresas socialmente responsáveis sendo 
mais lucrativas, crescem mais e são mais duradouras. Grajew (2000) cita a página da 
Dow Jones na internet que traz um levantamento comparando a lucratividade dessas 
empresas com a média da Dow Jones; a rentabilidade das empresas socialmente 
responsáveis é o dobro da média das empresas da Bolsa de Nova York. É este o 
movimento da percepção inovadora de práticas responsáveis, que direcionamos a 
apresentação dos conceitos da Permacultura, sendo uma estratégia viável para as 
empresas construírem suas ideias e debaterem seus planos e projetos de 
responsabilidades socioambientais, e assim, proporcionar a trilogia: 
Responsabilidade, Meio Ambiente e Desenvolvimento para o futuro. (MIRANDA, 
2007, s/p) 
 
 Segundo Miranda (2007, s/p) Boff (1999) coloca que o grande desafio para 
o ser humano é combinar trabalho com cuidado, pois eles não se opõem, mas sim se 
compõem. Limitam-se mutuamente e ao mesmo tempo se complementam (...). O 
modo de ser no mundo exclusivamente como trabalho pode destruir o planeta. Esta 
reflexão abrange e integra as finalidades da gestão e responsabilidades 
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socioambiental, a emergência do conhecer promove modelos educacionais e 
participativos de sustentabilidade. Delors (2006) direciona os quatro pilares da 
educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender 
a ser. É esta a extensão integradora de redes que configuram as potencialidades de 
projetos direcionados a gestão de responsabilidades conscientes e sustentáveis, 
fortalecendo e justificando os objetivos da inter-relação do homem com o elo de 
produção seguro e ecológico. 
 
 As propostas e projetos Permaculturais para gestão de responsabilidades 
socioambientais, fazem o transporte da internalização do saber e conhecer de uma 
cultura permanente, seja ela para comunidades internas e externas, fazendo o 
diferencial responsável, ético e consciente do mercado empresarial e do 
desenvolvimento sustentável do local para o planetário. Siqueira (2002) retrata a 
práxis ecológica quando corretamente articulada entre o ambiental e social, 
dificilmente se dilui e assim atinge objetivos éticos mais amplos, chegando a alcançar 
metas imensuráveis. (...) 
 
 O sistema do designPermacultural cria e desenvolvem ambientes 
sustentáveis, observando o ciclo dos sistemas naturais. A gestão da Permacultura traz 
conceitos de ética que visam os cuidados com o planeta, com as pessoas e também 
na a distribuição consciente e organizada do tempo, do dinheiro e de todos os 
materiais sendo os mesmos corretamente utilizados. Podemos assim dizer que a 
Permacultura permeia todos os aspectos de sustentabilidade socioambiental, 
cooperando e proporcionando a responsabilidade inter-relacionada nos sistemas 
econômicos, educacionais, culturais e sociais de todo conjunto administrativo a ser 
desenvolvido. Mollison (1991) retrata no sistema da Permacultura o planejamento dos 
relacionamentos de cada elemento, sendo necessidades a serem supridas pela 
produção sustentável do outro, assim cada qual aponta e descobre suas 
características, potencialidades e necessidades de seus produtos. Dentre planos e 
projetos de responsabilidades da gestão socioambiental, a compreensão da 
necessidade de mudanças comportamentais é a primeira fase para a internalização 
do alicerce sustentável, para em segunda fase abordar as técnicas socioambiental, 
visão esta que a responsabilidade empresarial pode oferecer em seus eixos e metas 
das linguagens de produção e operação segura e sustentável. (...) (MIRANDA, 2007, 
s/p) 
 
Tópico V: Geografia E A Educação Ambiental 
 
Uma possibilidade: Para Barros, Pinto (2008, p. 2) a disciplina Geografia nos 
abre a possibilidade de trabalharmos diversos temas em nossas salas de aula, pois 
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os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia nos deixam claro que, muitas 
questões sociais podem ser incorporadas em uma educação para a cidadania. 
 
Diante deste fato, podemos afirmar que devemos sim trabalhar com a 
educação ambiental em nossas escolas, formando assim cidadãos conscientes de 
seu dever para com a sociedade e com a sustentabilidade de nosso planeta. O 
objetivo do estudo da geografia refere-se às interações entre a sociedade e a 
natureza, ou seja, um grande leque de temáticas acerca do meio ambiente está 
necessariamente dentro de seu estudo. Pode-se dizer inclusive que quase todos os 
conteúdos previstos sobre o Meio ambiente podem ser abordados pelo olhar da 
geografia. 
 
Sustentabilidade é algo muito falado atualmente, portanto devemos 
esclarecer aos alunos que agir de maneira sustentável é provermos nossas 
necessidades no presente preservando o meio ambiente e não comprometendo o 
suprimento das necessidades das próximas gerações. Ao se trabalhar o descarte 
seletivo com alunos do ensino fundamental e médio, é importante utilizarmos algumas 
dinâmicas, maquetes, imagens, filmes didáticos e quando possível possibilitar ao 
aluno conhecer a realidade dos lixões e de cooperativas de resíduos sólidos, para que 
este possa perceber além dos problemas ambientais também os problemas sociais 
relacionados ao lixo. É importante esclarecermos que lixo é tudo aquilo que é 
descartado, isto é, inapto para um reaproveitamento. Resíduo é tudo aquilo que é 
gerado pela atividade humana, mas que podem ser reaproveitadas. (BARROS, 
PINTO, 2008, p. 3) 
 
Ainda para Barros, Pinto (2008, p. 3) podemos evitar a geração excessiva 
de resíduos através da mudança de hábito, e com isso a redução de resíduo. “(...) é 
comum definir como lixo todo e qualquer resíduo que resulte das atividades diárias do 
homem na sociedade. Estes resíduos compõem-se basicamente de sobras de 
alimentos, papéis, papelões, trapos, couros, madeiras, latas, vidros, amas, gases, 
vapores, poeiras, sabões, detergentes e outras substâncias descartadas pelo homem 
no meio ambiente.” (LIMA, 2004, p. 11) De acordo com Lima, se levando em 
consideração a sua natureza e estado físico, podemos classificar o lixo em sólido, 
líquido, gasoso e pastoso. E considerando o critério de origem e produção, podemos 
classificá-lo como sendo residencial, comercial, industrial, hospitalar, especial e 
outros. É importante ressaltarmos que a diminuição da produção de resíduos e a 
prática da reciclagem irão acarretar em uma queda na poluição de áreas de disposição 
final de resíduos sólidos, melhorando a qualidade ambiental destas áreas, 
proporcionando-lhes mais tempo útil e mudando a vida de pessoas que vivem ou 
trabalham nestas áreas. (...) 
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A instalação de depósitos de resíduos sólidos em áreas urbanas e próximo 
a residências afeta a qualidade de vida da população que vive ao redor. Isto gera 
diversos problemas, desde mau cheiro e poluição visual até conflitos com catadores, 
além de problemas ambientais como a contaminação de lençóis freáticos pelo 
chorume, como isso percebemos o quão grave é a quentão do lixo. Mazinni (1997, p. 
3) nos esclarece que “a questão do lixo como um todo, possui implicações que põe 
em risco a qualidade dos recursos naturais através da poluição, muitas vezes 
incontrolável, de diferentes ecossistemas, tornando-os, em muitos casos, uma 
verdadeira ameaça à saúde pública.” (...) De acordo com Lima (2004, p. 29) “o lixo, 
disposto inadequadamente, sem qualquer tratamento, pode poluir o solo, alterando 
suas características físicas, químicas e biológicas, constituindo-se num problema de 
ordem estética e, mais ainda, numa séria ameaça à saúde pública.” 
 
A educação ambiental torna-se cada vez mais importante devido à relação 
não harmoniosa entre a sociedade e a natureza, pois a primeira está poluindo cada 
vez mais o meio ambiente. De acordo com Moura (2002, p. 286), “poluição ambiental 
é definida como sendo qualquer ação ou omissão do homem que, através da descarga 
de material ou energia sobre os elementos da natureza, tais como as águas, o solo e 
o ar, causem um desequilíbrio prejudicial ao meio ambiente.” (BARROS, PINTO, 2008, 
p. 5) 
 
Para diminuir os impactos, de acordo com Barros, Pinto (2008, p. 5) 
causados pela descarga de resíduos no meio ambiente existem as usinas de 
reciclagem de resíduos sólidos, que utilizam materiais que foram descartados para 
fabricar novos, diminuindo desta forma tanto a poluição ambiental causada pela 
disposição inadequada destes resíduos, quanto a utilização de novos recursos 
naturais. “A recuperação dos mais diferentes tipos de resíduos para o 
reaproveitamento dos diversos materiais dos quais são compostos, através do 
processo de transformação que objetiva devolver a alguns destes materiais as 
qualidades perdidas na ação desutilização ou de consumo.” (GONÇALVES, 2006, p. 
101) 
 
 Com a criação de cooperativas de resíduos sólidos recicláveis além de os 
municípios estarem colaborando com a preservação ambiental, estão também 
solucionando problemas sociais, visto que estas cooperativas e empresas podem 
contar com o trabalho de ex-catadores que viviam do trabalho em lixões, estas 
pessoas passam a ter melhores condições de trabalho resultando na melhoria da 
qualidade de vida. 
 
Há também a possibilidade de um resíduo deixar de ser resíduo se a ele for 
atribuído uma nova função através de sua reutilização. Contudo, quando um resíduo 
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é descartado deve entrar no processo da coleta seletiva e ser reciclado. O caminho 
no qual destinamos os resíduos sólidos deve ser pensado por todos os indivíduos, 
pois a decomposição deste produz o chorume que uma vez laçado no solo in natura 
é altamente tóxico e degradante para o meio ambiente. Coleta seletiva é separar o 
lixo dos resíduos sólidos para que seja enviado para reciclagem. Significa não misturar 
materiais recicláveis com o restante do lixo. Ela pode ser feita por um cidadão sozinho 
ou organizada em comunidades, como por exemplo, em condomínios, empresas, 
escolas, clubes, cidades,etc. Todos os materiais devem estar separados, limpos e 
secos. As cores dos receptores de resíduos sólidos recicláveis são: vermelho = 
plásticos; amarelo = metais; verde = vidros; azul = papel e papelão. 
 
Ao falarmos de resíduos sólidos temos sempre que nos lembrar da política 
dos 3R’s, que consiste num conjunto de medidas adotadas com o intuito de reduzir o 
consumo exagerado, reutilizar materiais e reciclar tudo que for possível, visando com 
isso a preservação ambiental: 
 
 
 
Temos que enxergar a escola como sendo como um potencial formador de 
cidadãos, desta forma uma das funções da escola é a educação ambiental, pois a 
partir dela faremos com que os alunos tenham atitudes ambientalmente corretas no 
seu cotidiano. (BARROS, PINTO, 2008, p. 7) 
 
Tópico VI: Climatologia, Mudanças Ambientais: A Questão 
Da População 
 
Do ponto de vista de Carmo (2007, p. 67) de maneira muito simplificada 
podese dizer que a variação bruta de um determinado grupo populacional ocorre a 
partir dos acréscimos decorrentes dos nascimentos e da chegada de indivíduos de 
outras áreas (imigração), enquanto a diminuição ocorre em função dos óbitos e da 
emigração. É importante ressaltar as definições temporais e espaciais, tendo em vista 
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que o grupo considerado ocupa um espaço geográfico específico e que as 
transformações são observadas a partir de uma variação temporal. 
 
De maneira bem sintética, as mudanças são descritas pela fórmula da 
Equação Compensadora: 
PΔ = (N-O) + (I-
E) Onde: 
PΔ = variação de população 
N = nascimentos 
O = óbitos 
I = imigrantes 
E = emigrantes 
(N-O) = crescimento vegetativo 
(I-E) = saldo migratório 
 
A inserção da população em um determinado contexto ambiental faz com 
que se estabeleça uma relação dialética. Ou seja, a população transforma o ambiente, 
da maneira historicamente possível através de seus instrumentos técnicos e de suas 
concepções culturais; ao mesmo tempo, a população é impactada pelo ambiente, 
através das variações na quantidade e na qualidade dos elementos que o compõem. 
 
Assim, de maneira resumida, pode-se considerar que a relação entre 
população e ambiente ocorre a partir da relação entre os elementos componentes de 
cada dinâmica, influenciados por fatores mediadores, destacados na representação a 
seguir, elaborada por Hunter (2000). O diagrama é esclarecedor, tendo em vista que 
por um lado lista uma série de fatores ligados à dinâmica populacional, como tamanho 
(volume) da população, crescimento, distribuição e composição. Por outro lado, lista 
os elementos básicos dos ambientes (água, terra e ar), sendo que a relação entre os 
dois conjuntos é mediada por fatores como ciência, tecnologia, instituições, contexto 
político e fatores culturais. 
 
Fonte: Hunter 2000. 
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Conforme Carmo (2007, p. 68) dentre os aspectos ambientais, o clima não 
aparece no diagrama proposto por Hunter (2000). Entretanto, devido à importância 
crescente dos fenômenos climáticos, que envolvem e implicam em interações entre 
os demais elementos ambientais, a questão climática passa a ter uma relevância 
crescente. No contexto do aumento do número de eventos climáticos extremos e das 
crescentes médias de temperatura, assim como dos impactos em termos sociais 
desses eventos, justifica-se que as questões climáticas sejam incorporadas à análise 
da relação entre população e ambiente. 
 
Quando se discute a relação entre população e ambiente é fundamental 
considerar a questão da escala. Dependendo da unidade espacial da análise podem 
ser identificadas problemáticas diferenciadas. Tomando como exemplo a questão 
hídrica, problemas diferenciados poderão ser observados a partir de informações 
referentes a grandes bacias, ou a microbacias. O mesmo ocorre em relação à questão 
demográfica, tendo em vista que se pode estudar a situação do planeta como um todo, 
ou a situação de países ou regiões dentro de um país. Assim, quando consideramos 
a Terra como um todo, destaca-se o crescimento populacional significativo ocorrido 
durante a segunda metade do século XX. Entretanto, quando se considera o Brasil, o 
crescimento é um dos aspectos a ser considerados, mas, tendo em vista o decréscimo 
acelerado das taxas de fecundidade, não é o mais relevante. 
 
A imagem global do crescimento populacional expressivo em termos 
numéricos é marcante, por isso vale tecer algumas considerações. A população 
mundial passou de 1,2 billhão de pessoas em 1850 para 1,6 bilhão de pessoas em 
1950, segundo Livi-Bacci (1990), sendo que em 2007 a população mundial estimada 
é da ordem de 6,6 bilhões de pessoas. Todavia, quando se consideram situações 
específicas, como a dos países europeus, observa-se uma tendência de taxas de 
crescimento muito próximas à zero, apontando para a possibilidade de decréscimo 
populacional nas próximas décadas. O Japão já vivencia essa situação de taxas 
negativas de crescimento populacional, enquanto em alguns países da África as taxas 
de crescimento ainda são elevadas. Essa diferença entre o crescimento populacional 
de países ricos e países pobres tem servido para reavivar a discussão malthusiana, 
que sobrevive mesmo após 200 anos, centrada na discussão da pressão do volume 
populacional sobre a disponibilidade de recursos, conforme apresenta Szmrecsányi 
(1982). O crescimento populacional mundial ocorrido principalmente a partir de 1950 
fez com que as preocupações estivessem sempre muito voltadas para a questão do 
número de habitantes do planeta. (...) 
 
Em termos de mudanças ambientais globais o volume da população mundial, 
que em 2050 deve chegar a 9 bilhões de pessoas, possui um importante significado 
em termos de aumento da emissão de gases estufa, considerando as necessidades 
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de energia e produção de alimentos, por exemplo. Esse impacto, apreendido com o 
olhar atual, será mediado pelas mudanças tecnológicas e culturais, que certamente 
serão fundamentais nas próximas décadas no sentido de diminuir a emissão de 
poluentes e também no sentido de aumentar a produtividade e a racionalidade no 
consumo de alimentos e de bens ambientais. Em outras palavras, além de uma 
postura malthusiana de considerar simplesmente o impacto do volume populacional 
sobre os aspectos ambientais, é fundamental considerar que existe uma série de 
fatores com capacidade de reorganizar esse balanço, sendo que um dos principais é 
a tecnologia. 
 
Não se pode perder de vista a questão do volume populacional. Entretanto, 
a “explosão demográfica” que se havia prenunciado na década de 1960 não 
aconteceu. O que se verifica nesse início do século XXI é a consolidação de uma 
tendência de diminuição das taxas de crescimento populacional, na qual podem ser 
identificados diversos estágios do processo denominado “transição demográfica”. A 
transição demográfica é um processo que decorre da diminuição das tendências de 
mortalidade e de natalidade, que ao longo do tempo declinam e se equilibram em 
patamares mais baixos. A transição demográfica ocorre como resultado de 
importantes transformações sociais e econômicas como industrialização, 
urbanização, mudanças no papel social da mulher, dentre outros aspectos que são 
discutidos por Goldani (2001). (CARMO, 2007, p. 71) 
 
No caso brasileiro, de acordo com Carmo (2007, p. 71) os níveis de 
mortalidade e natalidade caíram de maneira muito significativa nos últimos 50 anos, 
com a taxa bruta de natalidade caindo de 45 por mil, para cerca de 20 por mil 
habitantes, enquanto que a taxa bruta de natalidade passou de pouco mais de 20 para 
menos de 10 por mil habitantes. Como o declínio da mortalidade foi maisacentuado 
durante as décadas de 1960 e 1970, estes foram os períodos nos quais se verificaram 
as maiores taxas de crescimento populacional, próximas a 3% ao ano para o conjunto 
do país. Com a queda acentuada da fecundidade (número médio de filhos por mulher 
em idade reprodutiva), houve um arrefecimento do crescimento populacional, 
completando a transição demográfica. Com o processo de transição demográfica 
acontecendo em uma quantidade grande de países, outras questões além do volume 
populacional passam a adquirir importância, como a composição da população por 
idade, por exemplo. 
 
Em termos da composição da população por idade, um dos aspectos 
decorrentes da diminuição acentuada da fecundidade em alguns países tem sido o 
envelhecimento da população. Ou seja, uma proporção menor de nascimentos diminui 
o peso relativo do grupo etário jovem e implica em um aumento do peso proporcional 
dos idosos, potencializado pelo aumento da expectativa de vida. Esses processos 
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adquirem características específicas quando se analisa cada país, tendo em vista que 
as variações das taxas de fecundidade e outros indicadores podem ter variações 
expressivas. Dalton, et al. (2006), em um estudo que cria cenários futuros de 
crescimento populacional e emissão de CO2, chegaram à conclusão de que o 
envelhecimento da população dos Estados Unidos pode levar a uma redução das 
emissões desse gás em 40% até o final do século XXI. O pressuposto desse trabalho 
é que os domicílios com população mais idosa possuem um padrão de consumo 
menor do que os domicílios habitados por jovens. Aplicando esta hipótese ao caso 
brasileiro, a mudança na estrutura etária que vai marcar o país nas próximas décadas 
também pode ter efeito semelhante. Muito embora, conforme salientam Hogan (2001) 
e Sawyer (2002), o aumento da afluência das populações mais pobres possa ter 
reflexos importantes em termos de demanda por energia e recursos ambientais. 
 
Essa relação entre estrutura demográfica e ambiente tem se expandido no 
período recente. Vários autores têm evidenciado que a relação entre população e 
ambiente possui um fator interveniente fundamental, que é o padrão de consumo. 
(MARTINE, 1993). Ocorre que os países mais desenvolvidos possuem um nível de 
consumo muito maior do que os países em desenvolvimento. E esse padrão elevado 
de consumo impacta de maneira mais decisiva os recursos ambientais do que o 
crescimento populacional. Não se pretende aprofundar tal discussão neste texto, 
porém este é um aspecto ao qual há que se estar atento. As contribuições de cada 
país em termos de distribuição da emissão de gases de efeito estufa são bem 
diferenciadas, refletindo, em grande parte, os resultados do processo de 
desenvolvimento calcado no uso de energia a partir de combustíveis fósseis. 
 
Ademais da estrutura etária, outros componentes da dinâmica demográfica 
podem ser importantes, como é o caso da migração. Considerando a imigração nos 
Estados Unidos, Pitkin (2007) mostra que os diferentes níveis de incorporação dos 
imigrantes ao padrão de consumo norte-americano, assim como a velocidade dessa 
incorporação, podem significar mudanças importantes em termos de emissão de CO2. 
Tal fato é relevante naquele país, tendo em vista a importância da imigração no 
crescimento populacional e também considerando as diferenças que existem em 
termos econômicos entre os imigrantes e os naturais daquele país. 
 
No caso do Brasil já estamos em uma fase bem adiantada da transição 
demográfica. Ou seja, as taxas de natalidade e mortalidade foram reduzidas de 
maneira significativa e nas próximas décadas deveremos estabilizar o crescimento, 
atingindo um volume populacional de cerca de 250 milhões de habitantes no ano de 
2050. Nesse contexto salienta-se que na interface entre população e mudanças 
ambientais globais existem outros fatores que serão tão importantes quanto o 
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crescimento populacional bruto, tendo em vista as necessidades em termos de 
políticas públicas. (CARMO, 2007, p. 79) 
 
Para Carmo (2007, p. 79) outro componente da dinâmica demográfica que 
poderá ser afetado pelas mudanças ambientais globais é a mobilidade espacial da 
população. A mobilidade quando implica em mudança de residência é definida como 
migração. Considerando um espaço específico e um determinado período de tempo, 
a chegada e saída de contingentes populacionais é que definem os imigrantes e os 
emigrantes. Durante as últimas décadas houve uma mudança importante na dinâmica 
migratória brasileira. (CUNHA, 2006) Os movimentos de longa distância, que foram 
característicos das décadas anteriores a 1980, deram lugar a uma mudança, com os 
deslocamentos passando a ser principalmente de curta distância. (HAKKERT, 
MARTINE, 2006) Os movimentos de retorno, com os migrantes retornando à sua 
região de nascimento, também foram ampliados. Por outro lado, a mobilidade de curta 
distância, realizada com a finalidade de realizar atividades como trabalhar ou estudar, 
sem que isso signifique mudança de residência, tem aumentado de maneira 
significativa. Esse tipo de movimento é chamado de “mobilidade pendular” e ocorre de 
maneira muito evidente entre os municípios das regiões metropolitanas brasileiras. 
 
Existe uma ampla gama de fatores que podem estar associados ao 
deslocamento populacional no espaço. Dentre esses fatores destaca-se a busca por 
oportunidades de trabalho e a busca por melhores condições de vida. Entretanto, 
outros aspectos de caráter mais impositivo também podem fazer com que haja um 
deslocamento populacional. É o caso, por exemplo, dos deslocamentos em função de 
constrangimentos ambientais ou socioeconômicos. Assim, os períodos de seca 
contínuos favoreceram os deslocamentos de população da Região Nordeste do Brasil 
em direção a Sudeste; a construção de barragens é outro exemplo que exige 
deslocamento não voluntário de contingentes populacionais. Considerando as 
possíveis implicações das mudanças ambientais globais, esse tipo de deslocamento 
pode vir a se tornar mais frequente, criando uma categoria de migrantes forçados, os 
“refugiados ambientais”. (BATES, 2002) Com a elevação do nível do mar os habitantes 
de pequenas ilhas têm sido os primeiros refugiados ambientais diretamente 
associados às mudanças ambientais globais. 
 
Em relação à elevação do nível do mar é importante considerar que existe 
um volume considerável de população residindo em municípios litorâneos no Brasil. 
Alguns trabalhos já foram realizados no sentido de avaliar de maneira mais exata o 
conjunto de população exposta ao risco de elevação do nível do mar. (CARMO, 2005a, 
CARMO, NUNES, 2005, CARMO, YOUNG, 2007) O litoral brasileiro é subdividido 
administrativamente em 478 municípios. Desses municípios alguns estão mais 
suscetíveis aos efeitos da elevação do nível do mar. Alguns critérios podem ser 
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utilizados para definir qual o volume populacional mais exposto a essa situação. Com 
a ajuda de um Sistema de Informação Geográfica (SIG) já existente, (Carmo, Young 
2007) foram consideradas algumas variáveis para identificar qual o contingente 
populacional mais exposto ao risco da elevação do nível do mar. As variáveis 
escolhidas foram a distância da sede municipal em relação à linha da praia e a altitude 
da sede municipal. O pressuposto básico é que as maiores concentrações humanas, 
representadas pelas sedes municipais, serão as mais afetadas por esse risco. Assim, 
foram selecionados os municípios brasileiros cujas sedes se encontravam a 5 km da 
linha do mar e com uma altitude inferior a 20 m. Dentre os municípios litorâneos, 165se encaixam nessa categoria. Nesse conjunto de municípios 24,3 milhões de 
habitantes residem em áreas urbanas do município. Esse seria o contingente 
populacional mais diretamente exposto ao risco de elevação do nível do mar, de 
acordo com dados do ano 2000 do IBGE, supondo que as populações urbanas se 
concentram primordialmente nos locais definidos como sede municipal. Durante a 
década de 1990 essa população apresentou um crescimento anual médio da ordem 
de 2,1% ao ano. Ou seja, é um contexto de expansão populacional ainda com 
crescimento expressivo, mesmo considerando que o crescimento da população 
urbana brasileira foi de 2,4% ao ano no mesmo período. Mas os efeitos das mudanças 
ambientais globais não serão sentidos apenas pelas populações urbanas. Caso os 
efeitos das mudanças climáticas se efetivem, os impactos podem ser significativos em 
termos de produção agrícola, com uma série de cultivos podendo ser atingidos. 
(PINTO, ET AL, 2002) Tais mudanças podem ter implicações importantes em termos 
de redistribuição espacial da população, especialmente dos grupos populacionais 
relacionados às atividades agrícolas. (...) (CARMO, 2007, p. 80) 
 
Tópico VII: Problemas Ambientais Urbanos Sob A Ótica Da 
Geografia 
 
Conforme Miranda (s/d, s/p) é muito comum a ideia de que a cidade constitui 
um ecossistema urbano, mas, na verdade, esta é uma expressão incorreta. Primeiro, 
para existir um ecossistema, é preciso que haja um ambiente em perfeito equilíbrio e 
harmonia, formado por interações entre fauna, flora, e micro-organismos - e pelas 
relações que o solo, a água e a atmosfera mantêm entre si. Além disso, um 
ecossistema deve ser autossuficiente e conter organismos produtores de matéria e 
energia, bem como a presença de consumidores e decompositores. 
 
A cidade representa somente a parte consumidora desse sistema, pois 
demanda imensa quantidade de matéria e energia que não é capaz de produzir com 
autossuficiência - e gera resíduos que não são reciclados, ou seja, reaproveitados 
dentro do sistema por outros organismos. Devido à incapacidade de absorção, pelo 
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sistema urbano, desses resíduos, eles vão se acumulando no ar, no solo e na água, 
ocasionando uma série de alterações e impactos no ambiente urbano. 
 
As cidades e o meio ambiente natural: A cidade surgiu das tentativas, 
durante muitos séculos, de o homem dominar as forças da natureza. As cheias 
periódicas dos rios fertilizavam a terra próxima, favorecendo a sua produtividade. 
Somente com o desenvolvimento da agricultura irrigada nas planícies dos grandes 
rios e um trabalho coletivo da população de várias aldeias, para a abertura de canais 
de irrigação, a drenagem de pântanos e a construção de represas e poços é que os 
campos de cultivo puderam crescer. 
 
Com o controle das águas, a produtividade agrícola aumentou de modo a 
gerar excedentes para abastecer a cidade. A ausência de meios de transporte que 
possibilitassem a circulação desses excedentes fazia com que a vida urbana ficasse 
restrita apenas aos vales dos rios. O aperfeiçoamento dos meios de transporte fluvial, 
marítimo e terrestre e o cultivo de alimentos menos perecíveis venceram esse limite à 
expansão urbana. 
 
A partir do século 19, com a Revolução Industrial, começou um novo período 
na história das relações entre a cidade e o meio ambiente natural. Os últimos 
obstáculos presentes na natureza para o crescimento populacional e físico das 
cidades foram extintos. Como consequência, surgiram diversos problemas ambientais 
nas cidades industriais europeias e norte-americanas, sobretudo o da poluição 
atmosférica ocasionada pela queima de combustíveis fósseis pelas indústrias e o 
despejo de resíduos industriais em corpos d'água e no solo. Até a Segunda Guerra 
Mundial, os problemas ambientais urbanos estavam reduzidos a um conjunto de 
países industrializados do mundo, pois neles se concentrava grande parte das 
metrópoles e das regiões industriais. Nas nações em desenvolvimento, a urbanização 
se intensificou a partir de 1950, graças ao processo de industrialização. Atualmente, 
o mundo passa por acelerado processo de urbanização, afetando principalmente os 
países em desenvolvimento, os menos equipados para prover transporte, habitação, 
água e esgoto. O inchaço populacional das cidades tem sérias consequências 
ambientais, econômicas e sociais nesses países. (MIRANDA, s/d, s/p) 
 
A metrópole: para Miranda (s/d, s/p) é a grande aglomeração na qual uma 
cidade central polariza (política, econômica e culturalmente) uma ampla região 
constituída de várias outras cidades - é a maior amostra do poder do homem para 
transformar o ambiente natural. De maneira geral, os problemas ambientais se 
manifestam mais nas grandes cidades, em comparação às pequenas ou ao meio rural. 
Nesses grandes centros urbanos há problemas ambientais que produzem diversas 
consequências sobre todos os aspectos do meio ambiente natural (como a fauna, a 
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flora, o relevo, o clima e a hidrologia). Além da poluição atmosférica, as metrópoles 
apresentam outros problemas ambientais, como: 
• Poluição sonora: provocada pelo excesso de ruídos (do trânsito de veículos 
automotores, indústrias, obras nas ruas, movimento de pessoas, propaganda 
comercial, sirenes e alarmes, atividades recreativas, entre outras). Isso pode 
causar danos aos seres humanos, como estresse, efeitos psicológicos, 
distúrbios neurológicos, náuseas e cefaleias, até a perda da audição. 
• Poluição visual: ocasionada pelo excesso de cartazes, anúncios, propagandas, 
banners, totens, placas, etc. dispostos no ambiente urbano e que escondem a 
fachada das casas e dos edifícios - e, principalmente, a paisagem natural. 
• Água e esgotos: devido ao excesso de consumo de água e à poluição dos 
mananciais (reservas de água) por resíduos domésticos e industriais, os 
sistemas de abastecimento tornam-se cada vez mais caros, pois quando as 
reservas locais estão contaminadas é preciso, para abastecer os grandes 
centros urbanos, transportar água de locais distantes. O esgoto também se 
configura num problema grave, sobretudo nas cidades dos países em 
desenvolvimento, que não dispõem de redes completas de coleta e de estações 
adequadas de tratamento. Como consequência, ocorre a poluição das águas 
dos rios e córregos, causados pelo lançamento de efluentes industriais e 
agrícolas - e também de esgotos domésticos, além de outros resíduos sólidos. 
 
No estudo desenvolvido pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento), intitulado “Além da Escassez: Poder, Pobreza e a Crise Mundial 
do Fornecimento de Água”, a agência das Nações Unidas informa que, anualmente, 
1 milhão e 800 mil crianças morrem de diarreia (o equivalente a 205 crianças por hora), 
443 milhões faltam à escola por doenças causadas pelo consumo de água inadequada 
e metade da população dos países em desenvolvimento passa por algum problema 
de saúde dessa natureza. 
• Congestionamentos frequentes: um dos problemas que tem recebido maior 
atenção de especialistas e governos é referente ao tráfego e à crescente 
motorização das populações urbanizadas. Nas grandes cidades, a expansão 
da motorização individual gerou um aumento nos deslocamentos por 
automóvel, ao passo que a utilização dos transportes públicos estagnou ou 
declinou. 
 
Nas cidades dos países em desenvolvimento, devido à carência de 
adequados sistemas de transporte público, o uso do automóvel foi privilegiado para 
os habitantes realizarem seus deslocamentos. Além disso, a expansão das cidades e 
a consequente formação de subúrbios distantes do centro propiciaram o aumento das 
distâncias percorridas por aqueles que diariamente se deslocam para trabalhar, 
utilizando,para isso, o automóvel. Assim, o congestionamento das vias urbanas de 
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tráfego é resultado da ligação desses dois processos. Vale lembrar ainda os impactos 
locais ocasionados pelo automóvel, como a poluição do ar, a poluição sonora e os 
acidentes de tráfego, bem como a infraestrutura viária construída (pistas expressas, 
vias elevadas, viadutos, anéis periféricos), que consome amplos espaços, 
descaracteriza grande parte da paisagem urbana e deteriora parques, praças e áreas 
residenciais. (MIRANDA, s/d, s/p) 
• Carência de arborização: Segundo Miranda (s/d, s/p) entende-se por 
arborização urbana toda cobertura vegetal de porte arbóreo existente nas 
cidades. As árvores desempenham uma importante função nas áreas 
urbanizadas, no que se refere à qualidade ambiental. A sua falta implica em 
diversas consequências para o ambiente urbano, já que elas realizam a 
purificação do ar por meio da fixação de poeiras e gases tóxicos e pela 
reciclagem de gases através de mecanismos fotossintéticos. As árvores 
melhoram o microclima da cidade, retendo a umidade do solo e do ar e gerando 
sombra; influenciam o balanço hídrico, favorecendo a infiltração da água no 
solo e provocando evapotranspiração mais lenta; protegem as nascentes e os 
mananciais; reduzem a poluição sonora, pois amortecem os ruídos; e, 
finalmente, servem de abrigo à fauna, principalmente aos pássaros. 
 
 Quase tudo que existe nas metrópoles tem origem artificial. O que existe 
de natural acaba sempre apresentando alterações provocadas pela interferência do 
homem, como é o caso do clima, o chamado clima urbano. 
 
 Nas grandes cidades, geralmente a camada de ar mais próxima ao solo é 
mais aquecida do que nas áreas rurais. A cidade é considerada um grande 
modificador do clima devido às intensas atividades humanas, ao grande número de 
veículos em circulação, à presença maciça de indústrias, prédios, asfalto nas ruas, e 
à diminuição de áreas verdes. Tudo isso provoca mudanças profundas não só na 
atmosfera local, mas também na temperatura e nas chuvas da região. O aumento do 
calor na cidade altera a circulação dos ventos, a umidade relativa do ar e as chuvas. 
Materiais como o asfalto das ruas e o concreto, encontrado nas casas e nos edifícios, 
propiciam a evaporação rápida da água da chuva que está no solo, reduzindo o 
resfriamento. 
 
 As partículas emitidas pelos veículos automotores e pelas indústrias 
produzem o aumento da quantidade de nuvens e, consequentemente, de chuvas, pois 
a poeira e a fuligem desempenham o papel de núcleos higroscópicos que facilitam a 
condensação do vapor de água da atmosfera. A mudança nas características da 
atmosfera local é provocada pela substituição dos materiais naturais pelos urbanos. 
Por isso, podemos observar o aumento da temperatura nas grandes cidades, 
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fenômeno chamado de ilha de calor, uma anomalia térmica que faz o ar da cidade se 
tornar mais quente que o das regiões vizinhas. 
 
Inversão térmica: A inversão térmica é um fenômeno meteorológico 
facilmente enxergado nas grandes cidades, como São Paulo ou Nova York, sendo 
comum, por exemplo, no outono e, principalmente, no inverno. Para que ela aconteça, 
é preciso que ocorram alguns fatores específicos, como uma baixa umidade relativa 
do ar, comum nos invernos. O fenômeno pode ocorrer em qualquer época do ano, 
mas fica mais intenso nas épocas de noites longas, com baixas temperaturas e pouco 
vento. A inversão térmica ocorre quando uma camada de ar quente se sobrepõe a 
uma camada de ar frio, impedindo o movimento ascendente do ar, uma vez que o ar 
abaixo dessa camada fica mais frio - portanto, mais pesado -, fazendo com que os 
poluentes se mantenham próximos da superfície e, assim, criando uma névoa sobre 
a cidade. Essa névoa é composta de gases tóxicos e poluentes, que são 
extremamente prejudiciais à saúde, podendo ocasionar bronquite, agravamento de 
doenças cardíacas, irritação nos olhos, tonturas, náuseas e dor de cabeça. As 
inversões térmicas também podem ser provocadas pela entrada de uma frente fria, o 
que ocorre geralmente nos dias mais frios do inverno. (MIRANDA, s/d, s/p) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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