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ESPAÇO E SUSTENTABILIDADE Belo Horizonte 2 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 SUMÁRIO 1 SOBRE O ESPAÇO E SOBRE SUSTENTABILIDADE ........................................... 3 2 LUGAR, TERRITÓRIO E REGIÃO ......................................................................... 5 3 O CONCEITO DE PAISAGEM .............................................................................. 12 4 PLANEJAMENTO SOCIOAMBIENTAL................................................................. 14 5 GEOGRAFIA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ......................................................... 16 6 CLIMATOLOGIA, MUDANÇAS AMBIENTAIS: A QUESTÃO DA POPULAÇÃO ............................................................................................................ 19 7 PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS SOB A ÓTICA DA GEOGRAFIA ..... 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UTILIZADAS E CONSULTADASErro! Indicador não definido. AVALIAÇÃO ................................................................. Erro! Indicador não definido. 3 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Tópico I: Sobre O Espaço E Sobre A Sustentabilidade Sobre o espaço: De acordo com Faria (2009, s/p) espaço geográfico é aquele que foi modificado pelo homem ao longo da história. Que contém um passado histórico e foi transformado pela organização social, técnica e econômica daqueles que habitaram ou habitam os diferentes lugares (“o espaço geográfico é o palco das realizações humanas”). Um conceito bastante presente na geografia em geral, o espaço geográfico apresenta definição bastante complexa e abrangente. Outros conceitos também relacionados ao espaço geográfico, ou antes, que estão contidos nele são: lugar, que é um conceito ligado a um local que nos é familiar ou que faz parte de nossa vida, e paisagem que é a porção do espaço que nossa visão alcança e é produto da percepção. A primeira definição de “espaço” foi feita pelo filósofo Aristóteles para o qual este era inexistência do vazio e lugar como posição de um corpo entre outros corpos. Aristóteles ignorava o homem como constituinte do espaço, contudo, ele já considerava um aspecto importante da estrutura do espaço geográfico, a localização. Mais adiante, no século XVIII, Immanuel Kant define o espaço como sendo algo não passível de percepção, porém, o que permite haver a percepção. Ou seja, Kant introduziu a ideia de que o espaço é algo separado dos demais elementos espaciais. Entretanto, suas ideias não permitem concebê-lo como algo constituído de significado ou estrutura própria. Mais tarde, outros filósofos inserem o homem como um componente essencial para a compreensão do espaço, como ser que cria e modifica espaços de acordo com suas culturas e objetivos. Por último, seguiu-se a concepção filosófica de espaço proposta por Maurice Merleau-Ponty: “O espaço não é o meio (real ou lógico) onde se dispõe as coisas, mas o meio pelo qual a posição das coisas se torna possível. ” Todas estas são concepções filosóficas do espaço que, entretanto, diferem um pouco da concepção geográfica. A concepção geográfica de espaço que predominou de 1870 a meados de 1950, embora este ainda não fosse considerado como objeto de estudo, foi a introduzida por Ratzel e Hartshorne para os quais a concepção de “espaço vital” se confundia com a de território na medida em que era atrelado à ele uma relação de poder. Hatshorne usa o conceito de Kant, ou seja, para ele o espaço em si não existe, o que existe são os fenômenos que se materializam neste referencial. Aqui, espaço e tempo são desprezados. 4 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A partir de 1950 o espaço passa a ser associado à noção de “planície isotrópica” (superfície plana com as mesmas propriedades físicas em todas as direções. Homogênea) sob a ação de mecanismos unicamente econômicos (uso da terra, relações centro – periferia, etc.). Em 1970 surge uma nova concepção atrelada à geografia crítica, que tem com base os pensamentos marxistas e para a qual o espaço é definido como o locus da reprodução das relações sociais de produção. Nesta concepção espaço e sociedade estão intimamente ligados. Mais tarde surge uma nova concepção epistemológica para geografia que passa a encarar o espaço como fenômeno materializado. Ou, nas palavras de ALVES (1999), o espaço “é produto das relações entre homens e dos homens com a natureza, e ao mesmo tempo é fator que interfere nas mesmas relações que o constituíram. O espaço é, então, a materialização das relações existentes entre os homens na sociedade.” (FARIA, 2009, s/p) Sobre a sustentabilidade: Abreu (2008, s/p) aponta que nunca antes se ouviu falar tanto nessa palavra quanto nos dias atuais: sustentabilidade. Mas, afinal de contas, o que é sustentabilidade? (...) “sustentabilidade é um conceito sistêmico; relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana”. Mas você ainda pode pensar: “E que isso tudo pode significar na prática?” Podemos dizer “na prática”, que esse conceito de sustentabilidade representa promover a exploração de áreas ou o uso de recursos planetários (naturais ou não) de forma a prejudicar o menos possível o equilíbrio entre o meio ambiente e as comunidades humanas e toda a biosfera que dele dependem para existir. Pode parecer um conceito difícil de ser implementado e, em muitos casos, economicamente inviável. No entanto, não é bem assim. Mesmo nas atividades humanas altamente impactantes no meio ambiente como a mineração; a extração vegetal, a agricultura em larga escala; a fabricação de papel e celulose e todas as outras; a aplicação de práticas sustentáveis nesses empreendimentos; revelou-se economicamente viável e em muitos deles trouxe um fôlego financeiro extra. Assim, as ideias de projetos empresariais que atendam aos parâmetros de sustentabilidade, começaram a multiplicar-se e a espalhar-se por vários lugares antes degradados do planeta. Muitas comunidades que antes viviam sofrendo com doenças de todo tipo; provocadas por indústrias poluidoras instaladas em suas vizinhanças viram sua qualidade de vida ser gradativamente recuperada e melhorada ao longo do desenvolvimento desses projetos sustentáveis. Da mesma forma, áreas que antes eram consideradas meramente extrativistas e que estavam condenadas ao extermínio por práticas predatórias, hoje tem uma grande chance de se recuperarem após a adoção de projetos de exploração com fundamentos sólidos na sustentabilidade e na 5 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 viabilidade de uma exploração não predatória dos recursos disponíveis. Da mesma forma, cuidando para que o envolvimento das comunidades viventes nessas regiões seja total e que elas ganhem algo com isso; todos ganham e cuidam para que os projetos atinjam o sucesso esperado. A exploração e a extração de recursos com mais eficiência e com a garantia da possibilidade de recuperação das áreas degradadas é a chave para que a sustentabilidade seja uma prática exitosa e aplicada com muito mais frequência aos grandes empreendimentos. Preencher as necessidades humanas de recursos naturais e garantir a continuidade da biodiversidade local; além de manter, ou melhorar, a qualidade de vida das comunidades inclusas na área de extração desses recursos é um desafio permanente que deve ser vencido dia a dia. A seriedade e o acompanhamento das autoridades e entidades ambientais, bem como assegurar instrumentos fiscalizatórios e punitivos eficientes, darão ao conceito de sustentabilidade uma forma e umpoder agregador de ideias e formador de opiniões ainda muito maior do que já existe nos dias atuais. De uma forma simples, podemos afirmar que garantir a sustentabilidade de um projeto ou de uma região determinada; é dar garantias de que mesmo explorada essa área continuará a prover recursos e bem estar econômico e social para as comunidades que nela vivem por muitas e muitas gerações. Mantendo a força vital e a capacidade de regenerar-se mesmo diante da ação contínua e da presença atuante da mão humana. (ABREU, 2008, s/p) Tópico II: Lugar, Território E Região Lugar: Aponta Cabral (2007, p. 148) que Ferreira (2000) lembra que, como categoria do pensamento geográfico, a evolução do conceito de lugar vinculou-se à trajetória da geografia humana, principalmente através de dois de seus principais ramos: a geografia humanista e a geografia radical. Partindo de uma perspectiva humanista, interessada na subjetividade da relação homem-ambiente, a preocupação está em definir o lugar como base fundamental para a existência humana, como experiência ou “centro de significados” que está em relação dialética com o constructo abstrato que denominamos espaço (HOLZER, 1999). Para Tuan (1983), espaço e lugar são termos familiares e complementares: o que começa como espaço indiferenciado acaba assumindo a configuração de lugar, ao conhecermos e o dotarmos de valor. Frémont (1976) diz que os lugares formam a trama elementar do espaço. 6 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 De uma forma ou de outra, os geógrafos humanistas admitem que o lugar permite focalizar o espaço em torno das intenções, ações e experiências humanas – desde as mais banais até aquelas eventuais ou extraordinárias – e que sua essência é ser um centro onde são experimentados os eventos mais significativos de nossa existência: o viver e o habitar, o uso e o consumo, o trabalho e o lazer etc., sobretudo, porque “(...) toda consciência não é meramente consciência de algo, mas de algo em seu lugar.” (RELPH apud HOLZER, 1999, p. 72) Um aspecto curioso dessa abordagem está no reconhecimento de que o sentido de lugar não está limitado ao nível pragmático da ação e da percepção e que sua experiência (direta ou simbólica) se constitui em diversas escalas: atualmente ela formaria um contínuo que inclui o lar, como provedor primário de significados; a localidade ou bairro, como campo de sociabilidade; a cidade; as regiões; o Estadonação e até mesmo o próprio planeta. Entretanto, como afirma Holzer (1999), é preciso admitir que, tanto para o indivíduo como para o grupo, o aumento da abrangência impossibilita, progressivamente, um relacionamento espacial direto, remetendo-nos a uma visão cada vez mais fragmentária dos lugares, a uma “visão em arquipélago”. (CABRAL, 2007, p. 148) Ainda de acordo com Cabral (2007, p. 148) de um ponto de vista radical, o lugar é qualificado como uma construção socio-histórica que cumpre determinadas funções. Através de suas formas materiais e não materiais, o lugar é uma funcionalização do mundo, acrescenta Santos (1999). Seja qual for o momento da história, o mundo se define como um conjunto de possibilidades, e, cada lugar se diferencia por realizar apenas um feixe daquelas possibilidades existentes. Referindo- se à relação local-global, o mesmo autor observa que a ordem global busca impor uma racionalidade única, mas os lugares respondem segundo os modos de sua própria racionalidade. Enquanto a ordem global funda as escalas superiores e externas, a ordem local funda a escala do cotidiano – em que prima a comunicação – e seus parâmetros são a co-presença, a vizinhança, a intimidade, a emoção, a cooperação e a socialização com base na contiguidade. “Cada lugar é, ao mesmo tempo, objeto de uma razão global e de uma razão local, convivendo dialeticamente.” (SANTOS, 1999, p. 273) Ferreira (2000) afirma que, a partir dessas duas acepções aparentemente conflitantes e irreconciliáveis – que vão de uma relação autêntica com o espaço, por um lado, à materialização da relação local-global, por outro –, estudos recentes têm buscado um ponto de contato, ao enquadrar o lugar como um campo de articulação das questões cruciais para a compreensão da existência humana e sua relação com um ambiente cada vez mais fragmentado e globalizado. Dentre os autores que buscam sintetizar aquelas diferentes acepções, sobressaem Oakes (apud Neuza Gonçalves Realce 7 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 FERREIRA, 2000), para quem o lugar é o sítio de identidades significativas e atividade imediata, é uma consequência de ligações que o convertem mais numa rede dinâmica do que uma localização ou sítio específico. Segundo esse autor, o lugar não deve ser compreendido como um contraponto conceitual a uma vaga modernidade “deslugarizada”, pois o que acontece no lugar não é simplesmente uma resistência às tentativas de hegemonia histórica e espacial, mas uma luta para nos colocarmos como sujeitos da história e da espacialidade. (CABRAL, 2007, p. 149) Território: Cabral (2007, p. 151) afirma que Raffestin (1993, p.143) estabelece a diferença entre espaço e território dizendo que, ao apropriar-se concreta ou abstratamente (por exemplo, pela representação) de um espaço, o ator o territorializa. “O espaço vem, portanto, primeiro, ele é preexistente a toda ação”. Sabe-se que foi com a etologia, no início do século XX, que os conceitos de território e territorialidade ascenderam de forma definitiva ao domínio científico: o primeiro como sendo a apropriação biológica de uma área delimitada por uma fronteira e que se torna exclusiva de determinados membros de uma espécie e, o segundo, como uma conduta característica adotada por um organismo para tomar posse de um território e defendê-lo (HOWARD, apud BONNEIMAISON, 2002). Na geografia tradicional, o território surge como determinada porção da superfície terrestre que é apropriada e ocupada por um grupo humano, como um espaço concreto em si (com seus atributos naturais e sociais). Em relação a esse enquadramento, cabe observar que além de “etológico” e simplista – haja vista que a ideia de território se restringe às áreas que são objeto de atuação direta das pessoas – ele tende a confundir território e espaço, o que obscurece o caráter político inerente ao primeiro. Ao mesmo tempo, embora essa dimensão tenha sido valorizada no âmbito da geografia política, o tratamento temático manteve-se extremamente atrelado (inclusive ideologicamente) à escala do território nacional, isto é, à figura do Estado-nação. Nas últimas décadas, buscando superar essas limitações analíticas, surgiram concepções mais flexíveis e críticas, voltadas às complexidades territoriais. Por esse viés, prevalece o entendimento de que, sob a noção de território, deve-se privilegiar a reflexão sobre o poder referenciado ao controle e à gestão do espaço. Nesse caso, tornou-se necessário conceber o poder como sendo multidimensional, derivado de múltiplas fontes, inerente a todos os atores e presente em todos os níveis espaciais. Assim é que o território passou a ser entendido como espaço mobilizado como elemento decisivo às relações de poder (RAFFESTIN, 1993) e territorialidade 8 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 como estratégia(s) utilizada(s) para delimitar e afirmar o controle sobre uma área geográfica, ou seja, para estabelecer, manter e reforçar esse poder (GOMES, 2002). Visando a aprofundar a compreensão em torno dessa perspectiva, Sack (apud SOUZA, 1995) destaca dois importantes aspectos: primeiramente, deve-se ter em mente que os territórios não têm uma dimensão espacial e temporal fixa, pois variam de tamanho (podendo inclusive ser “móveis”ou “flexíveis”) e da mesma maneira que existem num dado momento, noutro poderão desaparecer; e, em segundo lugar, vários territórios podem ser apropriados simultaneamente pelo mesmo agente. (CABRAL, 2007, p. 152) Essa última característica, de acordo com Cabral (2007, p. 152) levantada pelo autor aplica-se aos territórios articulados em rede, e se torna indispensável para compreender os fenômenos socioespaciais atuais. Nesse sentido, outro aspecto também importante é salientado por Souza (1995), quando considera que territórios com formas e limites variados podem superpor-se e, ainda por cima, com territorialidades em contradição, por conta dos atritos e conflitos existentes entre os respectivos agentes. Na opinião desse mesmo autor, territórios são campos de forças, são antes teias ou redes de relações sociais projetadas no espaço do que o substrato material em si, e não há necessidade de forte enraizamento material para que se tenha território. Queremos frisar que o conceito geográfico de território obedece tanto a perspectivas analíticas mais rígidas e simplistas, que se restringem à apropriação do espaço por grupos humanos ou privilegiam o poder em termos de Estado-nação, quanto a abordagens mais flexíveis e complexas, que, assumindo uma concepção de poder multidimensional, permitem tratar de territorialidades resultantes da coexistência de diferentes agentes, por vezes, ao mesmo tempo e numa mesma extensão do espaço físico. (CABRAL, 2007, p. 152) - Região: Para Amorim (2007, p. 4) Corrêa (2001, p. 183) nos lembra que a origem etimológica do termo região estaria no termo regio, do latim, o qual se referia “à unidade político-territorial em que se dividia o Império Romano”. Ainda segundo este autor, o fato de seu radical ser proveniente do verbo regere, governar, atribuiria à região “em sua concepção original, uma conotação eminentemente política”. Gomes (1995, p. 50-51), por sua vez, segue a mesma linha ao assinalar a raiz etimológica da palavra: “regione nos tempos do Império Romano era a denominação utilizada para designar áreas que, ainda que dispusessem de uma administração local, estavam subordinadas às regras gerais e hegemônicas das magistraturas sediadas em Roma”. Porém, vai mais longe, ao enfatizar que alguns filósofos interpretam a emergência deste conceito como uma necessidade de um 9 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 momento histórico em que, pela primeira vez, surge, de forma ampla, a relação entre a centralização do poder em um local e a extensão dele sobre uma área de grande diversidade social, cultural e espacial (...). Desta forma, os mapas que representam o Império Romano são preenchidos pela nomenclatura destas regiões que representam a extensão espacial do poder central hegemônico, onde os governadores locais dispunham de alguma autonomia, em função mesmo da diversidade de situações sociais e culturais, mas deviam obediência e impostos à cidade de Roma (GOMES, 1995, p. 51). Atualmente a expressão região é empregada no senso comum, no cotidiano como uma forma de referência a lugares que se diferenciam uns dos outros. A categoria região é de uso corrente está disseminada na linguagem comum e na científica. Ela foi incorporada ao nosso dia-a-dia e possui um peso específico na estrutura conceitual analítica. Há muito uma Geografia Regional vem sendo construída. Lencioni (1999) enfatiza o conceito de região e busca na história antiga da humanidade os referenciais que teriam norteado os estudos regionais dos séculos seguintes. Esta autora destaca que Estrabão poderia ser considerado o marco inaugural da Geografia regional, pois os recortes analíticos que elabora são estabelecidos segundo a composição territorial das civilizações. A partir do momento em que a Geografia passou a ser considerada uma disciplina, um campo do conhecimento científico, com um corpo de conhecimentos sistematizados, o conceito de região passou a ser analisado por vários pesquisadores. Haesbaert (1999, p. 17) chama a atenção para a necessidade de uma releitura dos autores clássicos. Devemos relembrar, sobretudo, nossos clássicos, responsáveis por uma “paternidade” da região em Geografia, especialmente Vidal de La Blache, Carl Sauer e Richard Hartshorne. Esses autores em distintas perspectivas enfatizaram a “diferenciação de áreas” como questão fundamental para o trabalho do geógrafo. É nesta perspectiva que apresentamos uma breve leitura dos autores responsáveis pelas primeiras reflexões sobre o estudo da Região na ciência Geografia. Como nos lembra Haesbaert (1999, p. 18), La Blache, Sauer e Hartshorne constituem-se em referenciais aos estudos de caráter regional em função de sua contribuição para a sistematização dos estudos que se propunham a analisar um espaço geográfico pela lógica zonal. O que deve ser considerado, entretanto, são os contextos específicos, os espaços e tempos próprios, em que produziram suas contribuições para o estudo da região. Uma vez que concordamos com Haesbaert 10 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 (2002, p. 134) para quem “todo conceito tem uma validade temporal, ou seja, deve ser delimitado historicamente (...) é importante revelar a origem do conceito, tanto no sentido de sua existência ‘real’ quanto de sua formulação teórica” Paul Vidal de La Blache (1921) pensava a região enquanto um “corpo vivo”, único. Gomes (2000, p. 57) destaca que, para este autor, “a região é uma realidade concreta, física, ela existe como um quadro de referências para a população que aí vive”. Haesbaert (2002, p. 05), em artigo sobre Morte e vida da região: antigos paradigmas, e, novas perspectivas da Geografia Regional, enfatiza que La Blache é o fundador do conceito mais difundido de região e que esse conceito acaba por legitimar a Geografia como campo do conhecimento científico. (AMORIM, 2007, p. 6) Ainda conforme Amorim (2007, p. 6) ao trabalhar com o conceito de região, La Blache inicialmente entende a região natural como o recorte de análise básico para a Geografia desenvolver seu campo de estudo. Esta visão é alterada à medida que avançam seus estudos para o entendimento dos recortes regionais na França, ao passar das regiões naturais ao estudo das regiões econômicas, chegando a fazer análises de geopolítica quando escreve sobre a região da Alsácia e Lorena. Ozouf-Marignier, Robic (1995, p. 46) destacam duas posturas de um La Blache muitas vezes desconhecidas da maioria dos seus leitores: o de um tradicional defensor dos estudos regionais a partir do lugar e da ligação com a terra, e um outro La Blache, que avançou nos estudos regionais, o moderno La Blache, estudioso dos arranjos territoriais. Na introdução de Princípios de Geografia Humana, La Blache (1921, p. 40) expressa uma nova concepção das relações entre a Terra e o homem, “concepção sugerida por um conhecimento mais sintético das leis físicas que regem a nossa esfera e das relações entre os seres vivos que a povoam”. Um campo novo, quase ilimitado, abre-se às observações e, talvez, até à experimentação. Estudando a ação do homem sobre a terra e os estigmas impressos na sua superfície por uma ocupação tantas vezes secular, a Geografia humana tem um duplo objeto: não lhe pertence pensar fazer o balanço das destruições que, sem ou com a participação do homem, tão singularmente reduziram, desde os tempos pliocênicos, o número das grandes espécies animais; encontra também, no conhecimento mais íntimo das relações que unem o conjunto dos seres vivos, o meio de perscrutar as transformações atualmente em curso e que é permitido prever. A este respeito, a ação presente e futura do homem, senhor das distâncias, armado de tudo o que a ciência põe ao seu serviço, ultrapassamuito a ação que os nossos longínquos antepassados podiam exercer. Felicitemo-nos por isso, porque a empresa da colonização, à qual a nossa época ligou a sua glória, seria um engano se a natureza impusesse quadros rígidos, em vez de 11 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 dar margem às obras de transformação ou de restauração que estão no poder do homem. (LA BLACHE, 1921, p. 40) É a partir deste referencial de La Blache que Gomes (1995, p. 57) menciona que o método recomendado nos estudos regionais é a descrição, pois somente através dela seria possível penetrar na complexa dinâmica que estrutura este espaço. Carl Sauer, “situa-se entre os grandes mestres que, pelo espírito crítico, criatividade, talento e liderança intelectual”. Consolidou novos rumos para a Geografia, a partir do seu legado com ênfase na geografia cultural. Sauer defendia que os estudos regionais deveriam promover a construção de uma “morfologia da paisagem”. Ao tentar apresentar outra possibilidade aos estudos geográficos, Sauer rompe com o que se fixou como “determinismo geográfico”, e publica em 1925 The Morphology of Landscape, onde define a Geografia como o estudo da diferenciação de áreas ou corologia; deste estudo surge também uma forte vertente da geografia cultural. (CORRÊA, 2001, p. 261) Para Corrêa (2001, p. 267), o modo de estudar a paisagem geográfica de Sauer, por meio do que ele denominou de “método morfológico”, é similar ao que Vidal de La Blache estabeleceu para suas monografias regionais. A Geografia Regional seria, assim, “uma morfologia comparativa”. Este método, no entender de Corrêa (2001, p. 267), consiste em considerar os fenômenos como formas que estão integradas entre si, se admitirmos: que há uma unidade de qualidade orgânica ou quase orgânica; isto é, uma estrutura para a qual certos componentes são necessários, estes elementos componentes sendo, neste trabalho, denominados formas. Que a similaridade de formas em diferentes estruturas é reconhecida devido à equivalência funcional, as formas sendo então homologas; e que os elementos estruturais possam ser colocados em séries, especialmente em sequência de desenvolvimento, indo do incipiente ao estágio completo ou final (SAUER, 1963, apud CORREA 2001, p. 267, apud AMORIM, 2007, p. 8). Continuando Amorim (2007, p. 8) aponta que Hartshorne também contribui para os estudos regionais, após os estudos de La Blache e Sauer. Para Hartshorne a região constituiria “um constructo intelectual e que, como tal, poderia variar em sua delimitação de acordo com os objetivos do pesquisador”. (HAESBAERT, 1999, p. 18) Corrêa (2001, p. 266) enfatiza que os estudos corológicos foram resgatados por Hartshorne em The Nature of Geography, no entanto: estes estudos são desenvolvidos apenas como estudo das inter-relações em área de fenômeno de natureza física e social, sem considerar o fato de que a paisagem geográfica resulta da ação, ao longo do tempo, da cultura do homem sobre a natureza, modificando-a, transformando uma paisagem natural em paisagem cultural, sem privilegiar a cultura 12 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 como fator fundamental da criação e modificação da paisagem, e sem dar ao tempo, à História, o papel que Sauer já lhes emprestara em 1925, e que acentuaria mais ainda ao longo da sua carreira. Segundo Gomes (1995, p. 59), Hartshorne, em The Nature of Geography, tenta demonstrar que a Geografia caracterizou-se sempre por ser o estudo das diferenças regionais. “O método regional, ou seja, o ponto de vista da Geografia, de procurar na distribuição espacial dos fenômenos a caracterização de unidades regionais, é a particularidade que identifica e diferencia a Geografia das demais ciências”. Essa perspectiva de Hartshorne é a de valorização regional como objeto particular da Geografia, mas propõe também que a região seja encarada como um produto mental, “uma forma de ver o espaço que coloca em evidência os fundamentos da organização diferenciada do espaço”. O fato de todas as áreas da terra diferirem umas das outras desperta também um interesse especial em qualquer caso em que áreas separadas se afiguram semelhantes. O exame mais atento revela que nunca são exatamente iguais, certamente jamais tão parecidas como dois gêmeos idênticos, nem como duas pessoas de antepassados em sua totalidade europeus, que possam ter características físicas iguais, embora nascidas e criadas num e noutro lado do Atlântico. Não obstante, a maneira como áreas separadas se assemelham não é menos significativa do que o modo em que diferem. O estudo comparativo de tais áreas permite à Geografia utilizar-se de métodos similares aos das Ciências Experimentais, nas quais certos fatores são controlados e mantidos constantes, enquanto outros variam (GOMES, 1995, p. 59). A região hartshorniana então é vista como um meio de análise, uma técnica da geografia na demonstração de suas hipóteses. Ela vai influenciar outros autores que vão usar essas prerrogativas como base nos estudos regionais posteriores. (AMORIM, 2007, p. 8) Tópico III: O Conceito De Paisagem Em sua explanação Cabral (2007, p. 149) explica que se de um lado, a noção de “paisagem” sempre esteve associada à ideia de formas visíveis sobre a superfície da terra e com sua composição, de outro, sua importância para o pensamento geográfico tem variado no tempo: se em certos períodos tem sido visto como um conceito capaz de fornecer unidade e identidade à geografia, em outros foi relegada a uma posição secundária, suplantada pela ênfase em categorias como espaço, região, território ou lugar. (CABRAL, 2002, apud CABRAL, 2007, p. 149) 13 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 No entanto, para Cabral (2007, p. 150) a partir da década de 1970, os estudos de paisagem ampliaram-se, sobretudo sob dois enfoques: o sistêmico e o cultural. A concepção sistêmica entende a paisagem como realidade objetiva, como o resultado de uma combinação dinâmica e, por conseguinte instável, de elementos físicos, biológicos e humanos. Essa interação é singular para cada porção do espaço e torna a paisagem um conjunto individualizado, indissociável e em contínua evolução. A categoria que mais bem reflete essa noção de inter-relação e complexidade é o geossistema, que, como uma classe de sistema aberto, dinâmico, flexível e hierarquicamente organizado, corresponde, teoricamente, a uma paisagem nítida e bem circunscrita. Segundo seus defensores, o enfoque geossistêmico contribuiu para revitalizar o caráter de integração e de totalidade da paisagem geográfica (MACHADO, 1988). Sob a ótica cultural, toma-se a paisagem como mediação entre o mundo das coisas e aquele da subjetividade humana, a noção surge ligada, portanto, à percepção do espaço: “a paisagem, de fato, é uma ‘maneira de ver’, uma maneira de compor e harmonizar o mundo externo em uma ‘cena’, em uma unidade visual” (COSGROVE, 1998, p. 98-99). Entretanto, se tomarmos em conta que a paisagem se trata, grosso modo, de uma porção do espaço apreendida com o olhar (Ferreira, 1984), é preciso lembrar que o processo perceptivo não se limita a receber passivamente os dados sensoriais, mas os organiza para lhes atribuir sentido(s). Portanto, a paisagem percebida é também significada e construída. Sua estrutura e dinâmica são acessíveis ao homem e agem como guias para suas atitudes e condutas. Berque (1998, p. 84- 85) resume esse entendimento afirmando que: a paisagem é uma marca, pois expressa uma civilização, mas é também uma matriz porque participa dos esquemas de percepção, de concepção e de ação – ou seja, da cultura – que canalizam, em um certo sentido, a relação de uma sociedade com o espaço e com a natureza.Desse modo, o conceito de paisagem tende a privilegiar a coexistência de objetos e formas em sua face sociocultural manifesta (SUERTEGARAY, 2000). Dessa forma, se a paisagem, como um conjunto de formas naturais e culturais associadas em uma dada área (Corrêa, Rozendhal, 1998), traduz-se num “campo de visibilidade”, ao ser oferecido a nossa percepção e a nossa experiência, converte-se num “campo de significação” individual e coletiva (BARBOSA, 1998). Sendo assim, a paisagem pode ser considerada um texto que serve a uma multiplicidade de leituras. Por esse viés, admite-se que, tanto pela diversidade de arranjos e cenários como pelas diferentes maneiras de olhar e atribuir significados, seria mais adequado referir-se a “paisagens que emanam de uma mesma paisagem” (CABRAL, 2002, p. 59, apud CABRAL, 2007, p. 151). Neuza Gonçalves Realce 14 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Tópico IV: Planejamento Socioambiental A Permacultura: De acordo com Miranda (2007, s/p) Permacultura “Cultura Permanente” foi desenvolvida na década de 70, pelos australianos Bill Mollison e David Holmgren; como uma solução viável para a problemática gerada pelos sinais de degradação ambiental e perda dos recursos naturais. A Permacultura envolve a implantação de projetos e manutenção consciente de ecossistemas produtivos por meio de técnicas tradicionais para o planejamento e desenvolvimento socioambiental de toda complexidade abordada nas práticas agrícolas, no eco design, na compra e venda sustentável, no ciclo de vida, gerenciamento de resíduos, entre outros; proporcionando conceitos, práticas e metodologias de trabalho para pequenos e médios produtores rurais e comunidades carentes, por meio da interação e inovação dos modelos de produtividade tradicionais; discutindo os saberes e a valorização humana e social, como a valoração ambiental, proporcionando novas fronteiras para a organização e sustentabilidade bio-psicosocial e ambiental. A hermenêutica empresarial necessita apresentar inovações estruturais interligadas às práticas de ações reais e responsáveis, descobrindo e aprendendo a gestão de um trabalho socioeducativo e ambiental, interpretando saberes e tecnologias transversais para o comportamento das pessoas e das empresas; destacando os principais agentes do desenvolvimento socioeconômico que buscam reorganizar suas ações perante a administração, contabilidade e responsabilidades socioambientais; pois dentro de uma visão multifuncional podemos direcionar as novas atividades empresariais sustentáveis como o ecossistema: possuem ciclos, fases intrínsecas e indispensáveis. Como desenvolver qualidade e produtividade, quando não percebemos e conhecemos nosso meio e a nossa volta? Estamos realmente diagnosticando e planejando a garantia e aumento de nossa produtividade? A atual e complexa crise planetária não está fora dos planos e projetos de gestão de responsabilidades social e ambiental, esta percepção vem mensurar e promover formas de desenvolvimento sustentável para o bem-estar do ser humano do ecossistema e de todo ramo empresarial. (MIRANDA, 2007, s/p) E para atender a este desenvolvimento sustentável, de acordo com Miranda (2007, s/p) o contexto de gestão educacional e das responsabilidades socioambiental, nos faz refletir a “empresa”; sem a sociedade e sem meio ambiente; como será e qual será o produto? A empresa que está inserida neste conceito de criar e agir participando das responsabilidades sociais e ambientais, não só proporciona o progresso da empresa, mas para todo sistema que a compõem (Dalft, 1999) retrata 15 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 que a obrigação da administração empresarial é de tomar decisões e ações que irão contribuir para o bem-estar e interesses da sociedade e da organização. As empresas socialmente responsáveis possuem a visão da ética, onde a parceria e o respeito da comunidade passa ser um grande diferencial; e o reconhecimento destes fatores tanto pela organização, como pelos consumidores são vantagens seguras e palpáveis que atingem maiores níveis do sucesso empresarial. Este novo paradigma socioambiental transforma o contexto que engloba o desenvolvimento administrativo, social e econômico devido aos efeitos da globalização, no entanto as novas características e estratégias que o mercado aponta para as empresas são mudanças que buscam particularidades, diferenciando seus produtos através de responsabilidades socioambientais, criando assim maior confiabilidade e créditos para seus diferenciados tipos de clientes. O futuro empreendedor reconhece a necessidade das responsabilidades socioambiental e busca diferentes programas e ações para configurar uma gestão compartilhada, satisfazendo as necessidades das empresas sem comprometer a capacidade de futuras produções, atendendo a sustentabilidade ecológica e social de um mercado globalizado. Os cuidados ambientais ultrapassam as fronteiras empresariais, pois afetam direta e indiretamente todos os modos de vida e de produção do planeta. E os procedimentos para uma gestão de responsabilidades social e ambiental consagram e atribuem cobranças, ou seja, as questões que envolvem as externalidades devem ser vistas e compreendidas tanto pelo sistema público, como privado, numa visão macro do sistema empresarial. Grajew (2000) debate as estatísticas, que mostram as empresas socialmente responsáveis sendo mais lucrativas, crescem mais e são mais duradouras. Grajew (2000) cita a página da Dow Jones na internet que traz um levantamento comparando a lucratividade dessas empresas com a média da Dow Jones; a rentabilidade das empresas socialmente responsáveis é o dobro da média das empresas da Bolsa de Nova York. É este o movimento da percepção inovadora de práticas responsáveis, que direcionamos a apresentação dos conceitos da Permacultura, sendo uma estratégia viável para as empresas construírem suas ideias e debaterem seus planos e projetos de responsabilidades socioambientais, e assim, proporcionar a trilogia: Responsabilidade, Meio Ambiente e Desenvolvimento para o futuro. (MIRANDA, 2007, s/p) Segundo Miranda (2007, s/p) Boff (1999) coloca que o grande desafio para o ser humano é combinar trabalho com cuidado, pois eles não se opõem, mas sim se compõem. Limitam-se mutuamente e ao mesmo tempo se complementam (...). O modo de ser no mundo exclusivamente como trabalho pode destruir o planeta. Esta reflexão abrange e integra as finalidades da gestão e responsabilidades Neuza Gonçalves Realce 16 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 socioambiental, a emergência do conhecer promove modelos educacionais e participativos de sustentabilidade. Delors (2006) direciona os quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. É esta a extensão integradora de redes que configuram as potencialidades de projetos direcionados a gestão de responsabilidades conscientes e sustentáveis, fortalecendo e justificando os objetivos da inter-relação do homem com o elo de produção seguro e ecológico. As propostas e projetos Permaculturais para gestão de responsabilidades socioambientais, fazem o transporte da internalização do saber e conhecer de uma cultura permanente, seja ela para comunidades internas e externas, fazendo o diferencial responsável, ético e consciente do mercado empresarial e do desenvolvimento sustentável do local para o planetário. Siqueira (2002) retrata a práxis ecológica quando corretamente articulada entre o ambiental e social, dificilmente se dilui e assim atinge objetivos éticos mais amplos, chegando a alcançar metas imensuráveis. (...) O sistema do designPermacultural cria e desenvolvem ambientes sustentáveis, observando o ciclo dos sistemas naturais. A gestão da Permacultura traz conceitos de ética que visam os cuidados com o planeta, com as pessoas e também na a distribuição consciente e organizada do tempo, do dinheiro e de todos os materiais sendo os mesmos corretamente utilizados. Podemos assim dizer que a Permacultura permeia todos os aspectos de sustentabilidade socioambiental, cooperando e proporcionando a responsabilidade inter-relacionada nos sistemas econômicos, educacionais, culturais e sociais de todo conjunto administrativo a ser desenvolvido. Mollison (1991) retrata no sistema da Permacultura o planejamento dos relacionamentos de cada elemento, sendo necessidades a serem supridas pela produção sustentável do outro, assim cada qual aponta e descobre suas características, potencialidades e necessidades de seus produtos. Dentre planos e projetos de responsabilidades da gestão socioambiental, a compreensão da necessidade de mudanças comportamentais é a primeira fase para a internalização do alicerce sustentável, para em segunda fase abordar as técnicas socioambiental, visão esta que a responsabilidade empresarial pode oferecer em seus eixos e metas das linguagens de produção e operação segura e sustentável. (...) (MIRANDA, 2007, s/p) Tópico V: Geografia E A Educação Ambiental Uma possibilidade: Para Barros, Pinto (2008, p. 2) a disciplina Geografia nos abre a possibilidade de trabalharmos diversos temas em nossas salas de aula, pois 17 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia nos deixam claro que, muitas questões sociais podem ser incorporadas em uma educação para a cidadania. Diante deste fato, podemos afirmar que devemos sim trabalhar com a educação ambiental em nossas escolas, formando assim cidadãos conscientes de seu dever para com a sociedade e com a sustentabilidade de nosso planeta. O objetivo do estudo da geografia refere-se às interações entre a sociedade e a natureza, ou seja, um grande leque de temáticas acerca do meio ambiente está necessariamente dentro de seu estudo. Pode-se dizer inclusive que quase todos os conteúdos previstos sobre o Meio ambiente podem ser abordados pelo olhar da geografia. Sustentabilidade é algo muito falado atualmente, portanto devemos esclarecer aos alunos que agir de maneira sustentável é provermos nossas necessidades no presente preservando o meio ambiente e não comprometendo o suprimento das necessidades das próximas gerações. Ao se trabalhar o descarte seletivo com alunos do ensino fundamental e médio, é importante utilizarmos algumas dinâmicas, maquetes, imagens, filmes didáticos e quando possível possibilitar ao aluno conhecer a realidade dos lixões e de cooperativas de resíduos sólidos, para que este possa perceber além dos problemas ambientais também os problemas sociais relacionados ao lixo. É importante esclarecermos que lixo é tudo aquilo que é descartado, isto é, inapto para um reaproveitamento. Resíduo é tudo aquilo que é gerado pela atividade humana, mas que podem ser reaproveitadas. (BARROS, PINTO, 2008, p. 3) Ainda para Barros, Pinto (2008, p. 3) podemos evitar a geração excessiva de resíduos através da mudança de hábito, e com isso a redução de resíduo. “(...) é comum definir como lixo todo e qualquer resíduo que resulte das atividades diárias do homem na sociedade. Estes resíduos compõem-se basicamente de sobras de alimentos, papéis, papelões, trapos, couros, madeiras, latas, vidros, amas, gases, vapores, poeiras, sabões, detergentes e outras substâncias descartadas pelo homem no meio ambiente.” (LIMA, 2004, p. 11) De acordo com Lima, se levando em consideração a sua natureza e estado físico, podemos classificar o lixo em sólido, líquido, gasoso e pastoso. E considerando o critério de origem e produção, podemos classificá-lo como sendo residencial, comercial, industrial, hospitalar, especial e outros. É importante ressaltarmos que a diminuição da produção de resíduos e a prática da reciclagem irão acarretar em uma queda na poluição de áreas de disposição final de resíduos sólidos, melhorando a qualidade ambiental destas áreas, proporcionando-lhes mais tempo útil e mudando a vida de pessoas que vivem ou trabalham nestas áreas. (...) 18 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A instalação de depósitos de resíduos sólidos em áreas urbanas e próximo a residências afeta a qualidade de vida da população que vive ao redor. Isto gera diversos problemas, desde mau cheiro e poluição visual até conflitos com catadores, além de problemas ambientais como a contaminação de lençóis freáticos pelo chorume, como isso percebemos o quão grave é a quentão do lixo. Mazinni (1997, p. 3) nos esclarece que “a questão do lixo como um todo, possui implicações que põe em risco a qualidade dos recursos naturais através da poluição, muitas vezes incontrolável, de diferentes ecossistemas, tornando-os, em muitos casos, uma verdadeira ameaça à saúde pública.” (...) De acordo com Lima (2004, p. 29) “o lixo, disposto inadequadamente, sem qualquer tratamento, pode poluir o solo, alterando suas características físicas, químicas e biológicas, constituindo-se num problema de ordem estética e, mais ainda, numa séria ameaça à saúde pública.” A educação ambiental torna-se cada vez mais importante devido à relação não harmoniosa entre a sociedade e a natureza, pois a primeira está poluindo cada vez mais o meio ambiente. De acordo com Moura (2002, p. 286), “poluição ambiental é definida como sendo qualquer ação ou omissão do homem que, através da descarga de material ou energia sobre os elementos da natureza, tais como as águas, o solo e o ar, causem um desequilíbrio prejudicial ao meio ambiente.” (BARROS, PINTO, 2008, p. 5) Para diminuir os impactos, de acordo com Barros, Pinto (2008, p. 5) causados pela descarga de resíduos no meio ambiente existem as usinas de reciclagem de resíduos sólidos, que utilizam materiais que foram descartados para fabricar novos, diminuindo desta forma tanto a poluição ambiental causada pela disposição inadequada destes resíduos, quanto a utilização de novos recursos naturais. “A recuperação dos mais diferentes tipos de resíduos para o reaproveitamento dos diversos materiais dos quais são compostos, através do processo de transformação que objetiva devolver a alguns destes materiais as qualidades perdidas na ação desutilização ou de consumo.” (GONÇALVES, 2006, p. 101) Com a criação de cooperativas de resíduos sólidos recicláveis além de os municípios estarem colaborando com a preservação ambiental, estão também solucionando problemas sociais, visto que estas cooperativas e empresas podem contar com o trabalho de ex-catadores que viviam do trabalho em lixões, estas pessoas passam a ter melhores condições de trabalho resultando na melhoria da qualidade de vida. Há também a possibilidade de um resíduo deixar de ser resíduo se a ele for atribuído uma nova função através de sua reutilização. Contudo, quando um resíduo 19 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 é descartado deve entrar no processo da coleta seletiva e ser reciclado. O caminho no qual destinamos os resíduos sólidos deve ser pensado por todos os indivíduos, pois a decomposição deste produz o chorume que uma vez laçado no solo in natura é altamente tóxico e degradante para o meio ambiente. Coleta seletiva é separar o lixo dos resíduos sólidos para que seja enviado para reciclagem. Significa não misturar materiais recicláveis com o restante do lixo. Ela pode ser feita por um cidadão sozinho ou organizada em comunidades, como por exemplo, em condomínios, empresas, escolas, clubes, cidades,etc. Todos os materiais devem estar separados, limpos e secos. As cores dos receptores de resíduos sólidos recicláveis são: vermelho = plásticos; amarelo = metais; verde = vidros; azul = papel e papelão. Ao falarmos de resíduos sólidos temos sempre que nos lembrar da política dos 3R’s, que consiste num conjunto de medidas adotadas com o intuito de reduzir o consumo exagerado, reutilizar materiais e reciclar tudo que for possível, visando com isso a preservação ambiental: Temos que enxergar a escola como sendo como um potencial formador de cidadãos, desta forma uma das funções da escola é a educação ambiental, pois a partir dela faremos com que os alunos tenham atitudes ambientalmente corretas no seu cotidiano. (BARROS, PINTO, 2008, p. 7) Tópico VI: Climatologia, Mudanças Ambientais: A Questão Da População Do ponto de vista de Carmo (2007, p. 67) de maneira muito simplificada podese dizer que a variação bruta de um determinado grupo populacional ocorre a partir dos acréscimos decorrentes dos nascimentos e da chegada de indivíduos de outras áreas (imigração), enquanto a diminuição ocorre em função dos óbitos e da emigração. É importante ressaltar as definições temporais e espaciais, tendo em vista 20 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 que o grupo considerado ocupa um espaço geográfico específico e que as transformações são observadas a partir de uma variação temporal. De maneira bem sintética, as mudanças são descritas pela fórmula da Equação Compensadora: PΔ = (N-O) + (I- E) Onde: PΔ = variação de população N = nascimentos O = óbitos I = imigrantes E = emigrantes (N-O) = crescimento vegetativo (I-E) = saldo migratório A inserção da população em um determinado contexto ambiental faz com que se estabeleça uma relação dialética. Ou seja, a população transforma o ambiente, da maneira historicamente possível através de seus instrumentos técnicos e de suas concepções culturais; ao mesmo tempo, a população é impactada pelo ambiente, através das variações na quantidade e na qualidade dos elementos que o compõem. Assim, de maneira resumida, pode-se considerar que a relação entre população e ambiente ocorre a partir da relação entre os elementos componentes de cada dinâmica, influenciados por fatores mediadores, destacados na representação a seguir, elaborada por Hunter (2000). O diagrama é esclarecedor, tendo em vista que por um lado lista uma série de fatores ligados à dinâmica populacional, como tamanho (volume) da população, crescimento, distribuição e composição. Por outro lado, lista os elementos básicos dos ambientes (água, terra e ar), sendo que a relação entre os dois conjuntos é mediada por fatores como ciência, tecnologia, instituições, contexto político e fatores culturais. Fonte: Hunter 2000. 21 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Conforme Carmo (2007, p. 68) dentre os aspectos ambientais, o clima não aparece no diagrama proposto por Hunter (2000). Entretanto, devido à importância crescente dos fenômenos climáticos, que envolvem e implicam em interações entre os demais elementos ambientais, a questão climática passa a ter uma relevância crescente. No contexto do aumento do número de eventos climáticos extremos e das crescentes médias de temperatura, assim como dos impactos em termos sociais desses eventos, justifica-se que as questões climáticas sejam incorporadas à análise da relação entre população e ambiente. Quando se discute a relação entre população e ambiente é fundamental considerar a questão da escala. Dependendo da unidade espacial da análise podem ser identificadas problemáticas diferenciadas. Tomando como exemplo a questão hídrica, problemas diferenciados poderão ser observados a partir de informações referentes a grandes bacias, ou a microbacias. O mesmo ocorre em relação à questão demográfica, tendo em vista que se pode estudar a situação do planeta como um todo, ou a situação de países ou regiões dentro de um país. Assim, quando consideramos a Terra como um todo, destaca-se o crescimento populacional significativo ocorrido durante a segunda metade do século XX. Entretanto, quando se considera o Brasil, o crescimento é um dos aspectos a ser considerados, mas, tendo em vista o decréscimo acelerado das taxas de fecundidade, não é o mais relevante. A imagem global do crescimento populacional expressivo em termos numéricos é marcante, por isso vale tecer algumas considerações. A população mundial passou de 1,2 billhão de pessoas em 1850 para 1,6 bilhão de pessoas em 1950, segundo Livi-Bacci (1990), sendo que em 2007 a população mundial estimada é da ordem de 6,6 bilhões de pessoas. Todavia, quando se consideram situações específicas, como a dos países europeus, observa-se uma tendência de taxas de crescimento muito próximas à zero, apontando para a possibilidade de decréscimo populacional nas próximas décadas. O Japão já vivencia essa situação de taxas negativas de crescimento populacional, enquanto em alguns países da África as taxas de crescimento ainda são elevadas. Essa diferença entre o crescimento populacional de países ricos e países pobres tem servido para reavivar a discussão malthusiana, que sobrevive mesmo após 200 anos, centrada na discussão da pressão do volume populacional sobre a disponibilidade de recursos, conforme apresenta Szmrecsányi (1982). O crescimento populacional mundial ocorrido principalmente a partir de 1950 fez com que as preocupações estivessem sempre muito voltadas para a questão do número de habitantes do planeta. (...) Em termos de mudanças ambientais globais o volume da população mundial, que em 2050 deve chegar a 9 bilhões de pessoas, possui um importante significado em termos de aumento da emissão de gases estufa, considerando as necessidades 22 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 de energia e produção de alimentos, por exemplo. Esse impacto, apreendido com o olhar atual, será mediado pelas mudanças tecnológicas e culturais, que certamente serão fundamentais nas próximas décadas no sentido de diminuir a emissão de poluentes e também no sentido de aumentar a produtividade e a racionalidade no consumo de alimentos e de bens ambientais. Em outras palavras, além de uma postura malthusiana de considerar simplesmente o impacto do volume populacional sobre os aspectos ambientais, é fundamental considerar que existe uma série de fatores com capacidade de reorganizar esse balanço, sendo que um dos principais é a tecnologia. Não se pode perder de vista a questão do volume populacional. Entretanto, a “explosão demográfica” que se havia prenunciado na década de 1960 não aconteceu. O que se verifica nesse início do século XXI é a consolidação de uma tendência de diminuição das taxas de crescimento populacional, na qual podem ser identificados diversos estágios do processo denominado “transição demográfica”. A transição demográfica é um processo que decorre da diminuição das tendências de mortalidade e de natalidade, que ao longo do tempo declinam e se equilibram em patamares mais baixos. A transição demográfica ocorre como resultado de importantes transformações sociais e econômicas como industrialização, urbanização, mudanças no papel social da mulher, dentre outros aspectos que são discutidos por Goldani (2001). (CARMO, 2007, p. 71) No caso brasileiro, de acordo com Carmo (2007, p. 71) os níveis de mortalidade e natalidade caíram de maneira muito significativa nos últimos 50 anos, com a taxa bruta de natalidade caindo de 45 por mil, para cerca de 20 por mil habitantes, enquanto que a taxa bruta de natalidade passou de pouco mais de 20 para menos de 10 por mil habitantes. Como o declínio da mortalidade foi maisacentuado durante as décadas de 1960 e 1970, estes foram os períodos nos quais se verificaram as maiores taxas de crescimento populacional, próximas a 3% ao ano para o conjunto do país. Com a queda acentuada da fecundidade (número médio de filhos por mulher em idade reprodutiva), houve um arrefecimento do crescimento populacional, completando a transição demográfica. Com o processo de transição demográfica acontecendo em uma quantidade grande de países, outras questões além do volume populacional passam a adquirir importância, como a composição da população por idade, por exemplo. Em termos da composição da população por idade, um dos aspectos decorrentes da diminuição acentuada da fecundidade em alguns países tem sido o envelhecimento da população. Ou seja, uma proporção menor de nascimentos diminui o peso relativo do grupo etário jovem e implica em um aumento do peso proporcional dos idosos, potencializado pelo aumento da expectativa de vida. Esses processos 23 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 adquirem características específicas quando se analisa cada país, tendo em vista que as variações das taxas de fecundidade e outros indicadores podem ter variações expressivas. Dalton, et al. (2006), em um estudo que cria cenários futuros de crescimento populacional e emissão de CO2, chegaram à conclusão de que o envelhecimento da população dos Estados Unidos pode levar a uma redução das emissões desse gás em 40% até o final do século XXI. O pressuposto desse trabalho é que os domicílios com população mais idosa possuem um padrão de consumo menor do que os domicílios habitados por jovens. Aplicando esta hipótese ao caso brasileiro, a mudança na estrutura etária que vai marcar o país nas próximas décadas também pode ter efeito semelhante. Muito embora, conforme salientam Hogan (2001) e Sawyer (2002), o aumento da afluência das populações mais pobres possa ter reflexos importantes em termos de demanda por energia e recursos ambientais. Essa relação entre estrutura demográfica e ambiente tem se expandido no período recente. Vários autores têm evidenciado que a relação entre população e ambiente possui um fator interveniente fundamental, que é o padrão de consumo. (MARTINE, 1993). Ocorre que os países mais desenvolvidos possuem um nível de consumo muito maior do que os países em desenvolvimento. E esse padrão elevado de consumo impacta de maneira mais decisiva os recursos ambientais do que o crescimento populacional. Não se pretende aprofundar tal discussão neste texto, porém este é um aspecto ao qual há que se estar atento. As contribuições de cada país em termos de distribuição da emissão de gases de efeito estufa são bem diferenciadas, refletindo, em grande parte, os resultados do processo de desenvolvimento calcado no uso de energia a partir de combustíveis fósseis. Ademais da estrutura etária, outros componentes da dinâmica demográfica podem ser importantes, como é o caso da migração. Considerando a imigração nos Estados Unidos, Pitkin (2007) mostra que os diferentes níveis de incorporação dos imigrantes ao padrão de consumo norte-americano, assim como a velocidade dessa incorporação, podem significar mudanças importantes em termos de emissão de CO2. Tal fato é relevante naquele país, tendo em vista a importância da imigração no crescimento populacional e também considerando as diferenças que existem em termos econômicos entre os imigrantes e os naturais daquele país. No caso do Brasil já estamos em uma fase bem adiantada da transição demográfica. Ou seja, as taxas de natalidade e mortalidade foram reduzidas de maneira significativa e nas próximas décadas deveremos estabilizar o crescimento, atingindo um volume populacional de cerca de 250 milhões de habitantes no ano de 2050. Nesse contexto salienta-se que na interface entre população e mudanças ambientais globais existem outros fatores que serão tão importantes quanto o 24 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 crescimento populacional bruto, tendo em vista as necessidades em termos de políticas públicas. (CARMO, 2007, p. 79) Para Carmo (2007, p. 79) outro componente da dinâmica demográfica que poderá ser afetado pelas mudanças ambientais globais é a mobilidade espacial da população. A mobilidade quando implica em mudança de residência é definida como migração. Considerando um espaço específico e um determinado período de tempo, a chegada e saída de contingentes populacionais é que definem os imigrantes e os emigrantes. Durante as últimas décadas houve uma mudança importante na dinâmica migratória brasileira. (CUNHA, 2006) Os movimentos de longa distância, que foram característicos das décadas anteriores a 1980, deram lugar a uma mudança, com os deslocamentos passando a ser principalmente de curta distância. (HAKKERT, MARTINE, 2006) Os movimentos de retorno, com os migrantes retornando à sua região de nascimento, também foram ampliados. Por outro lado, a mobilidade de curta distância, realizada com a finalidade de realizar atividades como trabalhar ou estudar, sem que isso signifique mudança de residência, tem aumentado de maneira significativa. Esse tipo de movimento é chamado de “mobilidade pendular” e ocorre de maneira muito evidente entre os municípios das regiões metropolitanas brasileiras. Existe uma ampla gama de fatores que podem estar associados ao deslocamento populacional no espaço. Dentre esses fatores destaca-se a busca por oportunidades de trabalho e a busca por melhores condições de vida. Entretanto, outros aspectos de caráter mais impositivo também podem fazer com que haja um deslocamento populacional. É o caso, por exemplo, dos deslocamentos em função de constrangimentos ambientais ou socioeconômicos. Assim, os períodos de seca contínuos favoreceram os deslocamentos de população da Região Nordeste do Brasil em direção a Sudeste; a construção de barragens é outro exemplo que exige deslocamento não voluntário de contingentes populacionais. Considerando as possíveis implicações das mudanças ambientais globais, esse tipo de deslocamento pode vir a se tornar mais frequente, criando uma categoria de migrantes forçados, os “refugiados ambientais”. (BATES, 2002) Com a elevação do nível do mar os habitantes de pequenas ilhas têm sido os primeiros refugiados ambientais diretamente associados às mudanças ambientais globais. Em relação à elevação do nível do mar é importante considerar que existe um volume considerável de população residindo em municípios litorâneos no Brasil. Alguns trabalhos já foram realizados no sentido de avaliar de maneira mais exata o conjunto de população exposta ao risco de elevação do nível do mar. (CARMO, 2005a, CARMO, NUNES, 2005, CARMO, YOUNG, 2007) O litoral brasileiro é subdividido administrativamente em 478 municípios. Desses municípios alguns estão mais suscetíveis aos efeitos da elevação do nível do mar. Alguns critérios podem ser Neuza Gonçalves Realce 25 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 utilizados para definir qual o volume populacional mais exposto a essa situação. Com a ajuda de um Sistema de Informação Geográfica (SIG) já existente, (Carmo, Young 2007) foram consideradas algumas variáveis para identificar qual o contingente populacional mais exposto ao risco da elevação do nível do mar. As variáveis escolhidas foram a distância da sede municipal em relação à linha da praia e a altitude da sede municipal. O pressuposto básico é que as maiores concentrações humanas, representadas pelas sedes municipais, serão as mais afetadas por esse risco. Assim, foram selecionados os municípios brasileiros cujas sedes se encontravam a 5 km da linha do mar e com uma altitude inferior a 20 m. Dentre os municípios litorâneos, 165se encaixam nessa categoria. Nesse conjunto de municípios 24,3 milhões de habitantes residem em áreas urbanas do município. Esse seria o contingente populacional mais diretamente exposto ao risco de elevação do nível do mar, de acordo com dados do ano 2000 do IBGE, supondo que as populações urbanas se concentram primordialmente nos locais definidos como sede municipal. Durante a década de 1990 essa população apresentou um crescimento anual médio da ordem de 2,1% ao ano. Ou seja, é um contexto de expansão populacional ainda com crescimento expressivo, mesmo considerando que o crescimento da população urbana brasileira foi de 2,4% ao ano no mesmo período. Mas os efeitos das mudanças ambientais globais não serão sentidos apenas pelas populações urbanas. Caso os efeitos das mudanças climáticas se efetivem, os impactos podem ser significativos em termos de produção agrícola, com uma série de cultivos podendo ser atingidos. (PINTO, ET AL, 2002) Tais mudanças podem ter implicações importantes em termos de redistribuição espacial da população, especialmente dos grupos populacionais relacionados às atividades agrícolas. (...) (CARMO, 2007, p. 80) Tópico VII: Problemas Ambientais Urbanos Sob A Ótica Da Geografia Conforme Miranda (s/d, s/p) é muito comum a ideia de que a cidade constitui um ecossistema urbano, mas, na verdade, esta é uma expressão incorreta. Primeiro, para existir um ecossistema, é preciso que haja um ambiente em perfeito equilíbrio e harmonia, formado por interações entre fauna, flora, e micro-organismos - e pelas relações que o solo, a água e a atmosfera mantêm entre si. Além disso, um ecossistema deve ser autossuficiente e conter organismos produtores de matéria e energia, bem como a presença de consumidores e decompositores. A cidade representa somente a parte consumidora desse sistema, pois demanda imensa quantidade de matéria e energia que não é capaz de produzir com autossuficiência - e gera resíduos que não são reciclados, ou seja, reaproveitados dentro do sistema por outros organismos. Devido à incapacidade de absorção, pelo 26 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 sistema urbano, desses resíduos, eles vão se acumulando no ar, no solo e na água, ocasionando uma série de alterações e impactos no ambiente urbano. As cidades e o meio ambiente natural: A cidade surgiu das tentativas, durante muitos séculos, de o homem dominar as forças da natureza. As cheias periódicas dos rios fertilizavam a terra próxima, favorecendo a sua produtividade. Somente com o desenvolvimento da agricultura irrigada nas planícies dos grandes rios e um trabalho coletivo da população de várias aldeias, para a abertura de canais de irrigação, a drenagem de pântanos e a construção de represas e poços é que os campos de cultivo puderam crescer. Com o controle das águas, a produtividade agrícola aumentou de modo a gerar excedentes para abastecer a cidade. A ausência de meios de transporte que possibilitassem a circulação desses excedentes fazia com que a vida urbana ficasse restrita apenas aos vales dos rios. O aperfeiçoamento dos meios de transporte fluvial, marítimo e terrestre e o cultivo de alimentos menos perecíveis venceram esse limite à expansão urbana. A partir do século 19, com a Revolução Industrial, começou um novo período na história das relações entre a cidade e o meio ambiente natural. Os últimos obstáculos presentes na natureza para o crescimento populacional e físico das cidades foram extintos. Como consequência, surgiram diversos problemas ambientais nas cidades industriais europeias e norte-americanas, sobretudo o da poluição atmosférica ocasionada pela queima de combustíveis fósseis pelas indústrias e o despejo de resíduos industriais em corpos d'água e no solo. Até a Segunda Guerra Mundial, os problemas ambientais urbanos estavam reduzidos a um conjunto de países industrializados do mundo, pois neles se concentrava grande parte das metrópoles e das regiões industriais. Nas nações em desenvolvimento, a urbanização se intensificou a partir de 1950, graças ao processo de industrialização. Atualmente, o mundo passa por acelerado processo de urbanização, afetando principalmente os países em desenvolvimento, os menos equipados para prover transporte, habitação, água e esgoto. O inchaço populacional das cidades tem sérias consequências ambientais, econômicas e sociais nesses países. (MIRANDA, s/d, s/p) A metrópole: para Miranda (s/d, s/p) é a grande aglomeração na qual uma cidade central polariza (política, econômica e culturalmente) uma ampla região constituída de várias outras cidades - é a maior amostra do poder do homem para transformar o ambiente natural. De maneira geral, os problemas ambientais se manifestam mais nas grandes cidades, em comparação às pequenas ou ao meio rural. Nesses grandes centros urbanos há problemas ambientais que produzem diversas consequências sobre todos os aspectos do meio ambiente natural (como a fauna, a 27 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 flora, o relevo, o clima e a hidrologia). Além da poluição atmosférica, as metrópoles apresentam outros problemas ambientais, como: • Poluição sonora: provocada pelo excesso de ruídos (do trânsito de veículos automotores, indústrias, obras nas ruas, movimento de pessoas, propaganda comercial, sirenes e alarmes, atividades recreativas, entre outras). Isso pode causar danos aos seres humanos, como estresse, efeitos psicológicos, distúrbios neurológicos, náuseas e cefaleias, até a perda da audição. • Poluição visual: ocasionada pelo excesso de cartazes, anúncios, propagandas, banners, totens, placas, etc. dispostos no ambiente urbano e que escondem a fachada das casas e dos edifícios - e, principalmente, a paisagem natural. • Água e esgotos: devido ao excesso de consumo de água e à poluição dos mananciais (reservas de água) por resíduos domésticos e industriais, os sistemas de abastecimento tornam-se cada vez mais caros, pois quando as reservas locais estão contaminadas é preciso, para abastecer os grandes centros urbanos, transportar água de locais distantes. O esgoto também se configura num problema grave, sobretudo nas cidades dos países em desenvolvimento, que não dispõem de redes completas de coleta e de estações adequadas de tratamento. Como consequência, ocorre a poluição das águas dos rios e córregos, causados pelo lançamento de efluentes industriais e agrícolas - e também de esgotos domésticos, além de outros resíduos sólidos. No estudo desenvolvido pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), intitulado “Além da Escassez: Poder, Pobreza e a Crise Mundial do Fornecimento de Água”, a agência das Nações Unidas informa que, anualmente, 1 milhão e 800 mil crianças morrem de diarreia (o equivalente a 205 crianças por hora), 443 milhões faltam à escola por doenças causadas pelo consumo de água inadequada e metade da população dos países em desenvolvimento passa por algum problema de saúde dessa natureza. • Congestionamentos frequentes: um dos problemas que tem recebido maior atenção de especialistas e governos é referente ao tráfego e à crescente motorização das populações urbanizadas. Nas grandes cidades, a expansão da motorização individual gerou um aumento nos deslocamentos por automóvel, ao passo que a utilização dos transportes públicos estagnou ou declinou. Nas cidades dos países em desenvolvimento, devido à carência de adequados sistemas de transporte público, o uso do automóvel foi privilegiado para os habitantes realizarem seus deslocamentos. Além disso, a expansão das cidades e a consequente formação de subúrbios distantes do centro propiciaram o aumento das distâncias percorridas por aqueles que diariamente se deslocam para trabalhar, utilizando,para isso, o automóvel. Assim, o congestionamento das vias urbanas de 28 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 tráfego é resultado da ligação desses dois processos. Vale lembrar ainda os impactos locais ocasionados pelo automóvel, como a poluição do ar, a poluição sonora e os acidentes de tráfego, bem como a infraestrutura viária construída (pistas expressas, vias elevadas, viadutos, anéis periféricos), que consome amplos espaços, descaracteriza grande parte da paisagem urbana e deteriora parques, praças e áreas residenciais. (MIRANDA, s/d, s/p) • Carência de arborização: Segundo Miranda (s/d, s/p) entende-se por arborização urbana toda cobertura vegetal de porte arbóreo existente nas cidades. As árvores desempenham uma importante função nas áreas urbanizadas, no que se refere à qualidade ambiental. A sua falta implica em diversas consequências para o ambiente urbano, já que elas realizam a purificação do ar por meio da fixação de poeiras e gases tóxicos e pela reciclagem de gases através de mecanismos fotossintéticos. As árvores melhoram o microclima da cidade, retendo a umidade do solo e do ar e gerando sombra; influenciam o balanço hídrico, favorecendo a infiltração da água no solo e provocando evapotranspiração mais lenta; protegem as nascentes e os mananciais; reduzem a poluição sonora, pois amortecem os ruídos; e, finalmente, servem de abrigo à fauna, principalmente aos pássaros. Quase tudo que existe nas metrópoles tem origem artificial. O que existe de natural acaba sempre apresentando alterações provocadas pela interferência do homem, como é o caso do clima, o chamado clima urbano. Nas grandes cidades, geralmente a camada de ar mais próxima ao solo é mais aquecida do que nas áreas rurais. A cidade é considerada um grande modificador do clima devido às intensas atividades humanas, ao grande número de veículos em circulação, à presença maciça de indústrias, prédios, asfalto nas ruas, e à diminuição de áreas verdes. Tudo isso provoca mudanças profundas não só na atmosfera local, mas também na temperatura e nas chuvas da região. O aumento do calor na cidade altera a circulação dos ventos, a umidade relativa do ar e as chuvas. Materiais como o asfalto das ruas e o concreto, encontrado nas casas e nos edifícios, propiciam a evaporação rápida da água da chuva que está no solo, reduzindo o resfriamento. As partículas emitidas pelos veículos automotores e pelas indústrias produzem o aumento da quantidade de nuvens e, consequentemente, de chuvas, pois a poeira e a fuligem desempenham o papel de núcleos higroscópicos que facilitam a condensação do vapor de água da atmosfera. A mudança nas características da atmosfera local é provocada pela substituição dos materiais naturais pelos urbanos. Por isso, podemos observar o aumento da temperatura nas grandes cidades, 29 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 fenômeno chamado de ilha de calor, uma anomalia térmica que faz o ar da cidade se tornar mais quente que o das regiões vizinhas. Inversão térmica: A inversão térmica é um fenômeno meteorológico facilmente enxergado nas grandes cidades, como São Paulo ou Nova York, sendo comum, por exemplo, no outono e, principalmente, no inverno. Para que ela aconteça, é preciso que ocorram alguns fatores específicos, como uma baixa umidade relativa do ar, comum nos invernos. O fenômeno pode ocorrer em qualquer época do ano, mas fica mais intenso nas épocas de noites longas, com baixas temperaturas e pouco vento. A inversão térmica ocorre quando uma camada de ar quente se sobrepõe a uma camada de ar frio, impedindo o movimento ascendente do ar, uma vez que o ar abaixo dessa camada fica mais frio - portanto, mais pesado -, fazendo com que os poluentes se mantenham próximos da superfície e, assim, criando uma névoa sobre a cidade. Essa névoa é composta de gases tóxicos e poluentes, que são extremamente prejudiciais à saúde, podendo ocasionar bronquite, agravamento de doenças cardíacas, irritação nos olhos, tonturas, náuseas e dor de cabeça. As inversões térmicas também podem ser provocadas pela entrada de uma frente fria, o que ocorre geralmente nos dias mais frios do inverno. (MIRANDA, s/d, s/p) Neuza Gonçalves Realce Neuza Gonçalves Realce Neuza Gonçalves Realce 30 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 REFERÊNCIAS ABREU, Carlos. Sustentabilidade? O que é sustentabilidade? 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