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FUNDAÇÃO KARNIG BAZARIAN FACULDADES INTEGRADAS DE ITAPETININGA FLÁVIO RICARDO DA SILVA PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA: CORREÇÃO DOS ATOS IMORAIS Itapetininga, SP 2021 FACULDADES INTEGRADAS DE ITAPETININGA CURSO SUPERIOR DE DIREITO Flávio Ricardo Da Silva PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA: CORREÇÃO DOS ATOS IMORAIS Monografia apresentada à Banca Examinadora do Curso de Direito das Faculdades Integradas de Itapetininga, como exigência parcial para obtenção do grau de bacharel. Orientador: Prof. Dr. Esp. Edson Canto Cardoso de Moraes Itapetininga, SP 2021 FLÁVIO RICARDO DA SILVA PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA: CORREÇÃO DOS ATOS IMORAIS Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Jurídicas do Curso de Direito das Faculdades Integradas de Itapetininga, pela Banca Examinadora formada pelos seguintes professores: Ass.___________________________ Presidente: Prof. Instituição: FII. Ass.___________________________ 1°Exam. Instituição: FII. Ass.___________________________ 2°Exam. Instituição: FII. Nota: Itapetininga, 03 de dezembro de 2021. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela vida e oportunidade de poder cursar uma faculdade. Agradeço também aos meus pais por serem um exemplo de força e determinação e que sempre estiveram ao meu lado independente das dificuldades. Agradeço também aos meus colegas de curso pela amizade e companheirismo nessa jornada, bem como a todos os professores que se doaram e contribuíram para a nossa formação acadêmica e profissional, que fomentaram a vontade de vencer e a certeza de estar trilhando o caminho certo. Agradeço a minha esposa e filha, por todo o apoio e confiança que nos passaram ao longo desses cinco anos de curso. Agradeço novamente aos meus queridos pais, que sempre se dedicaram e me ajudaram, apoiando em momentos difíceis e fizeram chegar ao décimo semestre, podendo agradecê-los neste trabalho de conclusão de curso. Agradeço imensamente a Fundação Karnig Bazarian e seus integrantes, a qual posso dizer que caminhamos lado a lado, nos momentos de dificuldades e conquistas. Agradeço aos Professores pela competência e dedicação que tiveram conosco, demonstrando sempre que poderíamos alcançar nossos objetivos. E por fim, agradeço a paciência, competência e empatia do nosso orientador, por compreender as dificuldades enfrentadas na elaboração desta monografia, oferecendo sempre o melhor direcionamento. “Preocupe-se mais com seu caráter do que com sua reputação, porque seu caráter é o que você realmente é, enquanto a reputação é apenas o que os outros pensam que você é”. John Wooden RESUMO Justifica-se esta monografia para discutir uma situação polemica que há séculos enfrentamos, estamos falando da moralidade na administração pública, trata-se de um princípio que vem previsto em nossa Carta Magna e na Legislação Infraconstitucional, quando este princípio não é respeitado, o agente ou administrador público fica a margem da legalidade, podendo incorrer em um possível crime de responsabilidade ou de improbidade administrativa, o que o levará a sofrer sanções, sendo estas podendo abranger a área administrativa, penal, cível e eleitoral. O nosso ordenamento jurídico ainda prevê ferramentas para que a sociedade civil e os órgãos competentes fiscalizem, monitore e posteriormente puna excessos praticados pelo agente ou administrador público no exercício de seu cargo, função ou mandato, procurando inibir o agente público, além de impor o interesse do Estado sob o interesse de particulares. Portanto não podemos deixar de falar em administração pública sem citar o princípio da moralidade, sendo que sem o respeito a tal princípio não se administra ou presta-se um serviço público de qualidade. Palavras-chave: Moralidade. Agente Público. Princípio Constitucional. ABSTRACT This monograph is justified to discuss a controversial situation that we have been facing for centuries, we are talking about morality in public administration, it is a principle that is provided for in our Magna Carta and in the Infraconstitutional Legislation, when this principle is not respected, the agent or public administrator is outside legality, and may incur in a possible crime of liability or administrative improbity, which will lead to sanctions, which may cover the administrative, criminal, civil and electoral areas. Our legal system also provides tools for civil society and the competent bodies to inspect, monitor and subsequently punish excesses practiced by the public agent or administrator in the exercise of their position, function or mandate, seeking to inhibit the public agent, in addition to imposing the interest of the State in the interest of private individuals. Therefore, we cannot stop talking about public administration without mentioning the principle of morality, and without respecting this principle, a quality public service is not administered or provided. Keywords: Morality. Public Agent. Constitutional Principle SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................... 08 2 PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA: CORREÇÃO DOS ATOS IMORAIS........................................................................ 09 2.1 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA................................. 09 2.1.1 Princípio da Legalidade................................................................... 09 2.1.2 Princípio da Impessoalidade........................................................... 10 2.1.3 Princípio da Publicidade................................................................. 10 2.1.4 Princípio da Eficiência..................................................................... 11 2.1.5 Princípio da Moralidade................................................................... 11 2.2 PRINCÍPIO DA MORALIDADE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.... 12 2.2.1 Princípio da Moralidade Relacionada ao Decoro, Lealdade e Boa-Fé............................................................................................... 14 2.3 DISPOSITIVOS LEGAIS ONDE ESTÁ PREVISTO O PRINCÍPIO DA MORALIDADE............................................................................. 15 2.3.1 Exemplo de Ato Imoral.................................................................... 17 2.4 MEIOS COERCITIVOS PREVISTOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO A FIM DE CESSAR ATOS LESIVOS E SUAS LEGISLAÇÕES.................................................................................. 19 2.4.1 Ação Popular.................................................................................... 23 2.4.2 Ação Civil Pública............................................................................ 25 2.4.3 Lei Complementar De Responsabilidade Fiscal Do Administrador Públiconº 100/2000................................................ 27 2.4.4 Lei De Improbidade Administrativa nº 8.429/92............................ 30 3 CONCLUSÃO.................................................................................... 37 REFÊRENCIAS.............................................................................................. 38 8 1 INTRODUÇÃO Esse projeto visa discutir a quebra de um dos princípios mais importantes da administração pública, estamos falando do princípio da moralidade, pois temos observado a constante quebra de tal instituto pelas autoridades dos diferentes poderes, seja praticado pelo chefe do executivo, do legislativo, quanto do judiciário, o que gera uma imensurável crise ética e moral, enfraquecendo a credibilidade das instituições, quanto à confiança nos mesmos. Hart (2007, p. 212)1 claramente explica: “se os homens não são demônios, tampouco são anjos; e o fato de que estão a meio caminho entre estes dois extremos é algo que torna um sistema de abstenções recíprocas simultaneamente necessário e possível”. O que torna o administrador público muitas vezes ser tentado a praticar atos que embora, não sejam ilegais, são imorais. Ainda como podemos notar a moralidade é um princípio constitucional, previsto em nossa Carta Magna (BRASIL, 1988)2. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: Ainda para Meirelles (2012)3, são doze os princípios básicos da Administração Pública: legalidade, moralidade, impessoalidade ou finalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, motivação e supremacia do interesse público. Sendo os cinco primeiros e mais importante estão explícitos na Constituição Federal de 1988, conforme supracitado. Os outros são mencionados na Lei federal 9.784, de 1999, que estabelece as normas gerais da atividade da administração pública em nosso país. Meirelles (2012)4 ainda finaliza neste sentido que: O agente administrativo, como ser humano dotado de capacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o Honesto do Desonesto. E ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético da sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo do injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o honesto e o desonesto. 1 HART, Herbert. O conceito de direito, 5ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007. 2 BRASIL. República Federativa do Brasil. Constituição Federal de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acessado em: 10 de mai. de 2021. 3 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 38ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. 4 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 38ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. 9 2 PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA: CORREÇÃO DOS ATOS IMORAIS 2.1 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Segundo Cretella (1986)5, “princípios de uma ciência são as proposições básicas, fundamentais, típicas que condicionam todas as estruturações subsequentes. Princípios, neste sentido são os alicerces da ciência” A Constituição Federal, por sua vez em seu artigo 37 estabelece cinco princípios básicos que submetem a administração pública direta e indireta, dentre esses princípios está o da moralidade que será o tema principal deste trabalho. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...). (BRASIL, 1988)6. Vale ressaltarmos que na doutrina encontramos outros princípios ligados a administração pública, porém nosso estudo será restrito aos princípios que são o eixo da administração pública, e que estão de forma expressa em nossa Carta Magna. 2.1.1 Princípio da Legalidade O princípio da legalidade nos traz o sentido de que administração pública só pode realizar o que está em texto de lei, caso ocorra excesso ou venha a praticar algo ilegal, este ato será considerado nulo. A declaração de nulidade poderá ser realizada pela própria Administração Pública, no exercício de sua autotutela, ou pelo Poder Judiciário. Vale destacar ainda que a nulidade declarada irá produzir o efeito retroativo, ex tunc, ou seja, como se nunca tivesse existido o ato, exceto em relação a terceiros de boa-fé. Entre as partes, não gera direitos ou obrigações, não constitui situações jurídicas definitivas, nem admite convalidação. Meirelles (1998, p. 67)7, frisa que: A legalidade, como princípio de administração significa que o administrador público está, em toda sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei, e as exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. 5 CRETELLA, Júnior, José. Curso de Direito administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1986. 6 BRASIL. República Federativa do Brasil. Constituição Federal de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acessado em: 10 de mai. de 2021. 7 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros,1998. 10 2.1.2 Princípio da Impessoalidade Os atos praticados pela administração pública devem ser imparciais, inibindo quaisquer tipos de privilégios, interesses e discriminações, além de assegura a defesa do interesse público sobre o privado, pois os atos do administrador público não são necessariamente deste e sim da administração que ele representa, devendo todas as realizações ser atribuídas ao ente estatal que o promove. Portanto entende-se que os atos não são necessariamente do agente, mas sim da administração, sendo desta todo o crédito, a Carta Magna em seu artigo 37 é cristalina a respeito de tal princípio: § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. Em função desse princípio, é que se exige os concursos públicos, para cargo ou carreira pública (BRASIL, 1988)8. 2.1.3 Princípio da Publicidade Este é o princípio que manifesta a imposição da administração em divulgar seus atos. Esses atos são divulgados no diário oficial de sua competência (União, estadual ou municipal) como a obrigação constante na lei em garantir a transparência da administração dando amplo conhecimento e produzindo seus efeitos jurídicos. Ainda para Meirelles (2004)9 a publicação em órgão oficial estende por outros meios de divulgação. Por órgão oficial entendem-se não só o Diário Oficial das entidades públicas, impresso ou pela forma eletrônica pela rede mundial de computadores - internet, no endereço do órgão público, como, também os jornais contratados por essas publicações oficiais. Vale ainda como publicação oficial a afixação dos atos e leis municipais na sede da Prefeitura ou da Câmara, onde não houver órgão oficial, em conformidade com o disposto na Lei Orgânica do Município. É necessário que os atos e decisões tomados sejam devidamente publicados para o conhecimento de todos, no entanto há uma exceção ao sigilo dos atos, deste que este esteja relacionada a casos de segurança nacional. É necessário que eles sejam publicados e divulgados, e assim possam iniciar a ter seus efeitos, alcançando eficácia ao termo exposto. 8 BRASIL. RepúblicaFederativa do Brasil. Constituição Federal de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acessado em: 10 de mai. de 2021. 9 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 29. ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2004. 11 A publicidade também tem como objetivo a divulgação dos atos praticados no processo licitatório. [...] publicidade, que diz respeito não apenas à divulgação do procedimento para conhecimento de todos os interessados, como também aos atos da Administração praticados nas várias fases do procedimento, que podem e devem ser abertas aos interessados, para assegurar a todos a possibilidade de fiscalizar sua legalidade. A publicidade é tanto maior quanto maior for a competição propiciada pela modalidade de licitação; ela é a mais ampla possível na concorrência, em que o interesse maior da Administração é o de atrair maior número de licitantes, e se reduz ao mínimo no convite, em que o valor do contrato dispensa maior divulgação (DI PIETRO, 2009, p. 359)10. 2.1.4 Princípio da Eficiência Este princípio tem como objetivo zelar pela prática da “boa administração”, para que esta consiga atender aos anseios na sociedade, e maneira legal atingir resultados positivos e satisfatórios, como o próprio nome já faz diz, ser eficiente. Estamos diante do mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em se desempenhar apenas com uma legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento as necessidades de toda a comunidade e de seus integrantes. Portanto a eficiência é uma característica que faz com que o agente público consiga atingir resultados positivos, garantindo à sociedade uma real efetivação dos propósitos necessários, como por exemplo, saúde, qualidade de vida, educação, etc. 2.1.5 Princípio da Moralidade Por sua vez o princípio que será explorado neste trabalho não está ligado à consciência do agente como se pensa e sim ao conjunto de regras que podem ser observadas dentro de toda a administração pública, portanto é extraído da administração. Para Moraes (2005, p. 296)11 o princípio da Moralidade Administrativa não é aceito por toda a doutrina. Alguns autores entendem que o conceito é absorvido pelo Princípio da Legalidade e outros acreditam ser tal conceito vago ou impreciso. Pelo princípio da moralidade administrativa, não bastará ao administrador o cumprimento da estrita legalidade, ele deverá respeitar os princípios éticos de razoabilidade e justiça, pois a moralidade constitui pressuposto de validade de todo ato administrativo praticado. 10 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 22ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. 11 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2005. 12 Moraes (2005, p. 296)12 conclui que o princípio da moralidade administrativa, não é somente o administrador o cumprir de maneira estrita a legalidade, ele deverá também respeitar os princípios éticos de razoabilidade e justiça, pois a moralidade constitui pressuposto de validade de todo ato administrativo praticado (MORAES, 2005, p. 296)13. 2.2 PRINCÍPIO DA MORALIDADE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O texto constitucional ao trazer os princípios que devem ser observados pelo administrador público no exercício de sua função inseriu entre eles o princípio da moralidade. Isso significa que em sua atuação enquanto administrador público deve atender aos ditames da conduta ética, honesta, exigindo a observância rigorosa dos padrões éticos, de boa-fé, de lealdade, de regras que assegurem a boa administração e a disciplina interna na Administração Pública, ou seja, moralidade administrativa está ligada diretamente ao conceito de bom administrador (MARINELLA, 2005, p. 37)14. O princípio aqui retratado é um dos requisitos de validade dos atos praticados pelos agentes públicos, caso não preenchido pode acarretar a nulidade do ato, ainda para Madeira (2017, p. 19)15 a moralidade administrativa compreende: “A Moralidade é o princípio que obriga não a Administração Pública, como também aos particulares que tratem com ela, a agir segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé”. O mesmo autor ainda completa o seu entendimento, da seguinte forma: Moralidade Administrativa tem a ver com honestidade, dignidade no desempenho das atividades administrativas ou em razão delas. No Brasil, especialmente a partir da Constituição de 1988, passou à condição de princípio autônomo em relação ao Princípio da Legalidade, o que pode ser claramente identificado no artigo 37, caput e seu § 4º; no artigo 14, § 9º; no artigo 15, inciso V e no artigo 5º, LXXIII, todos da Carta de 1988. (MADEIRA, 2017 p. 19)16. Como podemos observar o princípio da moralidade deve ser interpretado em conjunto com os demais princípios trazidos no dispositivo constitucional, pois já que ambos também se encontram na mesma redação legal, artigo 37 da Constituição Federal (BRASIL, 1988)17. 12 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2005. 13 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2005. 14 MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 1ª ed. Salvador: Juspodivm, 2005. 15 MADEIRA. José Maria Pinheiro. Direito Administrativo I. Rio de Janeiro: SESES, 2017. 192 p: Il; 16 MADEIRA. José Maria Pinheiro. Direito Administrativo I. Rio de Janeiro: SESES, 2017. 192 p: Il; 17 BRASIL. República Federativa do Brasil. Constituição Federal de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acessado em: 10 de mai. de 2021. 13 Hart (2007, p. 212)18 ainda explica: “se os homens não são demônios, tampouco são anjos; e o fato de que estão a meio caminho entre estes dois extremos é algo que torna um sistema de abstenções recíprocas simultaneamente necessário e possível”. O que torna o administrador público muitas vezes ser tentado a praticar atos que embora, não sejam ilegais, são imorais. Madeira (2017, p. 19)19 ainda compreende que a moralidade não é apenas a observância da lei, é mais que isso, é também agir com bom senso, honestidade e equidade, como podemos observar no trecho abaixo: Assim, pode-se dizer que a Moralidade Administrativa impõe, enquanto princípio, que o comportamento da Administração Pública e dos administrados que com ela se relacionam juridicamente, não só a observância da lei (em sentido amplo), como também à moral, aos bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça, equidade e honestidade. Meirelles (2012)20, ainda vai além e nos lembra de que são doze os princípios básicos da Administração Pública: legalidade, moralidade, impessoalidade ou finalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, motivação e supremacia do interesse público. Os cinco primeiros são explícitos na Constituição Federal de 1988, conforme supracitado. Os outros são mencionados na Lei federal 9.784, de 1999, que estabelece as normas gerais da atividade da administração pública em nosso país. Dando assim uma visão mais ampla, e que ajuda a elucidar que todos os atos praticados, além da necessidade de cumprir os princípios constitucionais também, devem ser observados os infraconstitucionais, para que o ato final seja finalizado, em conformidade com os dispositivos legais. Desta forma o administrador além de ter sucesso em sua administração, não correrá riscos de responder, civil e penalmente. O Supremo Tribunal Federal, analisando o princípio da moralidade administrativa, também se manifestou a respeito da temática afirmando: Poder-se-á dizer que apenas agora a Constituição Federal consagrou a moralidade como princípio de administração pública (art 37 da CF). isso não é verdade. Os princípios podem estar ou não explicitados em normas. Normalmente, sequer constamde texto regrado. Defluem no todo do ordenamento jurídico. Encontram-se ínsitos, implícitos no sistema, permeando as diversas normas regedoras de determinada matéria. O só fato de um princípio não figurar no texto constitucional, não significa que nunca teve relevância de princípio. A circunstância de, no texto constitucional anterior, não figurar o princípio da moralidade não significa que o administrador poderia agir de forma imoral ou mesmo amoral. Como ensina JesusGonzales Perez “el hecho de su consagracion em uma norma legal no 18 HART, Herbert. O conceito de direito, 5ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007. 19 MADEIRA. José Maria Pinheiro. Direito Administrativo I. Rio de Janeiro: SESES, 2017. 192 p: Il; 20 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 38ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. 14 supone que com anterioridad no existiera, ni que por tal consagración legislativa haya perdido tal carácter” (El principio de buena fé em el derecho administrativo. Madri, 1983. p. 15). Os princípios gerais de direito existem por força própria, independentemente de figurarem em texto legislativo. E o fato de passarem a figurar em texto constitucional ou legal não lhes retira o caráter de principio. O agente público não só tem que ser honesto e probo, mas tem que mostrar que possui tal qualidade. Como a mulher de César (BRASIL, 2015)21. Para concluirmos o entendimento sobre moralidade, encerramos com o pensamento de Srour (2013)22, que compreende a moral da seguinte forma: “A moral vem a ser um conjunto de valores e de regras de comportamento, um código de conduta que coletividades adotam, quer sejam uma nação, uma categoria social, uma comunidade religiosa ou uma organização. Enquanto a ética diz respeito à disciplina teórica, ao estudo sistemático, a moral correspondente às representações imaginárias que dizem aos agentes sociais o que se espera deles, quais comportamentos são bem-vindos e quais não. Em resumo, as pautas de ação ensinam o “o bem fazer” ou o “fazer virtuoso”, a melhor maneira de agir coletivamente; qualificam o bem e o mal, o permitido e o proibido, o certo e o errado, a virtude e o vício”. 2.2.1 Princípio da Moralidade Relacionada ao Decoro, Lealdade e Boa-Fé Ainda para Madeira (2017)23 a moralidade vem associada como a lealdade, a boa-fé e o decoro, pois um agente público que age com moralidade em seus atos, está respeitando a lealdade, ou seja, sem quere beneficiar ou prejudicar ninguém, irá agir com boa-fé, sempre de maneira justa e com decoro, ou seja, com comportamento exemplar e de maneira descente. A moralidade administrativa ampara e protege alguns bens jurídicos. Quais são eles? Lealdade, boa-fé, decoro. Portanto, ao se ferir a lealdade, a boa- fé, o decoro, estamos ferindo a moralidade pública com a utilização de qualquer modalidade de cargo e função, independentemente de importarem enriquecimento ilícito ou de causarem prejuízo material ao erário público. Ainda no que tange a respeito moralidade, a mesma apresenta-se como um aspecto específico e singular do princípio da licitude, e, portanto as ações da administração pública sejam norteadas pelo princípio da moralidade, pois, a Constituição Federal de 1988 elevou a moralidade administrativa à categoria de princípio constitucional, não sendo suficiente que o agente administrativo esteja submisso somente ao que dita à lei ordinária; fazendo-se necessário, portanto, que atue também de acordo a moralidade, a boa-fé e a ética. (NETO, 2014)24. 21 BRASIL. Supremo Tribunal Federal - 2ª T. Recurso Extraordinário nº 160.381 – SP, Rel. Min. Marco Aurélio, v.u.; RTJ 153/1.030. 2015. Disponível em: https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=9551425. Acessado em: 14 de out. de 2021. 22 SROUR, Robert Henry. Ética Empresarial. 4° ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 23 MADEIRA. José Maria Pinheiro. Direito Administrativo I. Rio de Janeiro: SESES, 2017. 192 p: Il. 24 NETO, Diogo de Figueiredo, Moreira. Curso de Direito Administrativo. In. Princípio da Moralidade Administrativa.16ª ed. São Paulo, Editora Forense, 2014, p.167-171. 15 Ainda neste tocante não podemos deixar de falar da moralidade no campo mais polêmico da atualidade a política, para Simoni (2011)25, a moralidade política tem demonstrado que os princípios são justificações, sendo o alicerce das instituições e leis da comunidade, sendo este princípio examinado à luz de um entendimento realizado de acordo com a capacidade que o princípio possui em propiciar uma justificação mais adequada e mais bem justificada da interpretação do direito. Demonstrando uma moralidade política convincente, com a competência de colocar a interpretação jurídica sob sua melhor ótica, capaz de revelar, do melhor modo possível, a virtude do direito. Dutra (2007)26 destaca ainda que a moralidade política é compreendida a partir da utilização de determinações morais a respeito da política, de tal modo que estas se regulamentem por estatutos dos princípios básicos morais que carecem de ser respeitados pelos atos da política, ou melhor, por aqueles atos que emanam coativamente do Estado; numa democracia, estes princípios podem tomar claramente uma feição contra majoritária Para que os atos da comunidade política sejam também os atos de cada um, é preciso que todos sejam autores de tais atos, portanto, que todos sejam membros de tal comunidade. O conceito moral de membro faz o indivíduo tomar parte no autogoverno, pois a democracia é um governo pelo povo, o que induz ao conceito de ser membro co-autor dos atos legislativos: Se eu sou um membro genuíno de uma comunidade política, seus atos são, em algum sentido pertinente, meus atos mesmo quando argumentei e votei contra. Nesse sentido, majoritarianismo não pode garantir (DUTRA, 2007)27. 2.3 DISPOSITIVOS LEGAIS ONDE ESTÁ PREVISTO O PRINCÍPIO DA MORALIDADE O carro chefe e norteador de todo o ordenamento jurídico brasileiro é a Constituição Federal de 1988, e nele vêm expresso, cinco princípios da administração 25 SIMIONI, Rafael. Regras, princípios e políticas públicas em Ronald Dworkin: a questão da legitimidade democrática das decisões jurídicas. Revista Direito Mackenzie, São Paulo, v. 5, n. 1, 2011. Disponível em: <http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/rmd/article/view/4756/3658>. Acesso em: 22 jun. 2021. 26 DUTRA, Delamar José Volpato. Moralidade política e bioética: os fundamentos liberais da legitimidade do controle de constitucionalidade. Veritas: revista de filosofia da PUCRS, Porto Alegre, v. 52, n. 1, 2007. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/veritas/article/view/1860/1390>. Acesso em: 15 jun. 2021. 27 DUTRA, Delamar José Volpato. Moralidade política e bioética: os fundamentos liberais da legitimidade do controle de constitucionalidade. Veritas: revista de filosofia da PUCRS, Porto Alegre, v. 52, n. 1, 2007. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/veritas/article/view/1860/1390>. Acesso em: 15 jun. 2021. 16 pública, coma dito anteriormente, dentre os princípios está, o princípio da moralidade (BRASIL, 1988)28. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: Não bastou o constituinte trazer no texto constitucional, o legislador em 1999, editou a Lei federal 9.784, de 1999, em que prevê de forma mais especifica o processo da administração pública, e neste texto ele reforça o princípio da moralidade, e completa com outros princípios a o constituinte não previu anteriormente, e que também estão relacionados, com o bom andamento da administração pública. Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I - atuação conforme a lei e o Direito; II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei; III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei; XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados; XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação (BRASIL, 1999)29. Os princípios aqui trazidos e que não vem expresso na Carta Magna, recebem o nome de princípios infraconstitucionais, por estarem previsto em uma legislação abaixo da Constituição Federal, embora esteja abaixo do diploma constitucional, a sua 28 BRASIL. República Federativa do Brasil. Constituição Federal de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acessado em: 10 de mai. de 2021. 29 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999. Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9784.htm. Acessado em: 23 de jun. de 2021. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.784-1999?OpenDocument 17 inobservância por parte do agente público, irá acarretar invalidade do ato por ele praticado. A lei federal ainda reafirma que tais princípios nele previsto se aplicam em todos os órgãos e esferas da administração pública nacional, ou seja, abrangendo todos os agentes públicos, sejam estes em cargos permanentes ou eletivos. Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa (BRASIIL, 1999)30. Portanto não resta duvidas que seja dever de todos os agente públicos zelar pelo princípio da moralidade, não importando se este se encontra em cargo permanente ou eletivo, se está no poder legislativo, executivo ou judiciário, todos tem o dever de observância a este preceito constitucional, para que seja atingido a finalidade de atender o interesse coletivo, e não particular. 2.3.1 Exemplo de Ato Imoral Nos Últimos anos temos vivido escândalos que a balam a moralidade de agentes das três esferas administrativas de nosso país, agentes estes que ocupam os mais altos escalão da administração pública, em seu livro Madeira (2017)31 aborda os momentos difíceis em que o nosso país tem passado, diante da imensa crise moral. É fato público e notório, que vivemos no Brasil, nesses últimos anos, variados e sucessivos escândalos pelos quais são tornadas públicos a sociedades diversas condutas atentatórias à Moralidade Administrativa, sem prejuízo da tipificação como crimes, atos de improbidade administrativa, infrações funcionais e danos ao erário e a outros particulares. Isso tudo não ofusca, nem descredencia a Moralidade Administrativa como princípio aplicável à Administração Pública. Ao contrário, faz demonstrar que ela é um poderoso filtro que deixa bem claro o que se espera e o que se repudia em termos de condutas estatais de um modo geral. O autor supracitado ainda traz em sua obra um exemplo claro de imoralidade praticado contra a administração, este exemplo nos ajuda a entender que nem todo ato que seja imoral é ilegal, mas pode ser utilizado para atingir uma finalidade ilegal, ferindo a imagem da entidade, do órgão, ou até mesmo do agente. No caso em tela o Chefe de Polícia Civil se vale de um ato lícito, com o intuito de atingir um fim ilícito. 30 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999. Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9784.htm. Acessado em: 23 de jun. de 2021. 31 MADEIRA. José Maria Pinheiro. Direito Administrativo I. Rio de Janeiro: SESES, 2017: Il. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.784-1999?OpenDocument 18 Imagine-se o seguinte exemplo: se o presidente do sindicato dos delegados de um determinado Estado é um reconhecido inimigo detrator do chefe da Polícia Civil e este chefe da Polícia Civil, ao assumir, transfere o presidente do sindicato dos delegados de uma delegacia da capital para delegacia regional que, por exemplo, fica na Zona da Mata. Em princípio, do ponto de vista da legalidade estrita, esse ato de relotação é legal. É legal porque há uma vaga na mencionada delegacia, e há outro delegado para ser provido na vaga aberta na capital com a relotação daquele delegado no interior. E a escolha de onde os delegados serão lotados, na falta de outro critério legal específico, é ato discricionário e constitui porção discricionária do ato do chefe da Polícia Civil, que é a autoridade administrativa hierarquicamente superior. Porém, conhecendo os fatos subjacentes a essa relotação, é possível dizer que o chefe da Polícia Civil se valeu de um meio lícito, que era discricionariamente lotar e relotar delegados, para atingir um fim ilícito, imoral do ponto de vista administrativo, que contraria em sentido amplo a finalidade da lei, que é utilizar a relotação para punir inimigos políticos, detratores políticos, ou para punir até servidores que tenham praticado algum tipo de infração. E relotação ou remoção não é meio de punição. A relotação é um meio de distribuir servidores de forma a atender o interesse do serviço. Tanto ainda que, se do ponto de vista da legalidade estrita o ato fosse inatacável, seria inválido, por imoral (MADEIRA, 2017, p. 20)32. À luz da jurisprudência pátria, segue um rol exemplificativo de condutas que demonstram desobediência a tal princípio abordado neste trabalho: Realização de gastos excessivos, a pretexto de outorga de títulos e honrarias, com bebidas, comestíveis, peças de vestuário etc.; • Resolução de Câmara de Vereadores que fixou os subsídios destes, em época de congelamento de preços e salários instituído no plano federal, em quantia exorbitante; • Custeio, pela municipalidade, das despesas de viagem ao exterior da esposa do Prefeito, em companhia dele, o que não representa nenhum benefício para o Município, ainda que ela dirigisse algum órgão público; sendo idêntica a conclusão em relação às despesas com viagens do Prefeito não autorizadas pela CâmaraMunicipal; e • Abertura de conta corrente em nome de particular para movimentar recursos públicos, independentemente da demonstração de prejuízo material aos cofres públicos. Como observado nos exemplos acima, tais atitudes ferem a moral, e devido ao seu grau de reprovação o a gentes pode ser obrigados a repara efetivos danos causados ao erário e responder judicialmente, por exemplo, na lei de responsabilidade, adiante veremos os meios existente no ordenamento jurídico pátrio que visam corrigir e anular eventuais atos com vicio da imoralidade. 32 MADEIRA. José Maria Pinheiro. Direito Administrativo I. Rio de Janeiro: SESES, 2017: Il. 19 Moraes (2005)33 ainda nos traz em sua obra a definição do que é a improbidade, estando está relacionada diretamente com a prática de atos imorais: Atos de improbidade administrativa são aqueles que, possuindo natureza civil e devidamente tipificados em lei federal, ferem direta ou indiretamente os princípios constitucionais e legais da administração pública, independentemente de importarem enriquecimento ilícito ou de causarem prejuízo material ao erário público. Quando o administrador público age contrariando as regras de probidade administrativa também a moralidade administrativa restou prejudicada, desrespeitada, ainda que de forma indireta. Isso ocorre porque o dever da boa administração está ligado ao atendimento à finalidade pública, mas sem flexibilização das normas às quais está submetida à Administração Pública, sob pena de atropelar o ordenamento jurídico. Isto significa que, por mais que esteja bem-intencionado o administrador, ele não poderá afastar os preceitos do regime jurídico vigente sob o argumento de que os mesmos impedem ou inviabilizam o interesse público (FRANÇA, 2001)34. 2.4 MEIOS COERCITIVOS PREVISTOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO A FIM DE CESSAR ATOS LESIVOS E SUAS LEGISLAÇÕES O Texto Magno em seu artigo 5º, inciso LXXIII deu legitimidade a qualquer cidadão propor Ação Popular com a finalidade de anular ato lesivo aos erários público e a moralidade administrativa, sendo certo que a Ação Civil Pública também pode se prestar a tal finalidade corretiva e anulatória. A Ação popular, uma vez que legitima qualquer cidadão poder-se-á intentá-la, traduzindo-se no mais puro mecanismo de controle popular, para tutelar e proteger direitos difusos e coletivos (BRASIL, 1988)35. O nosso ordenamento jurídico também dispõe de outros meios coercitivos que visam impedir a prática de atos de imoralidade, tais como a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei complementar nº 100/2000), normas sobre improbidade administrativa, previstas no art. 37, § 4º, da CF e a Lei 8.429/92, entre outros. É a Lei 8.429, de junho de 1992 que cuida especificamente da Improbidade Administrativa, dispondo sobre as sanções aplicáveis ao agente público, que no exercício do mandato, cargo, emprego ou função, na administração direta, indireta ou fundacional, além de definir como e quando sua conduta se traduz em ato com tal 33 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2005. 34 FRANÇA, Vladimir da Rocha. Eficiência Administrativa na constituição Federal. Revista de Direito Constitucional e Internacional, nº 35. São Paulo: Revista dos Tribunais, abr/jun 2001. 35 BRASIL. República Federativa do Brasil. Constituição Federal de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acessado em: 10 de mai. de 2021. 20 definição. Essa lei estabelece uma lista de condutas definidas como ato de improbidade, mas trata-se de rol meramente exemplificativo, pois uma determinada conduta, ainda que não se enquadre em uma das hipóteses previstas expressamente nos dispositivos legais, poderá será considerada conduta ímproba. Isto porque, além da Carta Magna, temos o artigo 1º da Lei 4.717 de 1965 assevera que a Ação Popular serve à tutela preventiva ou ressarcitória de direitos difusos como a moralidade administrativa, conforme explanaremos mais a diante (BRASIL, 1965)36. Cahali (2007, p. 13)37 Cita a função e a obrigação do Estado, para que nenhum agente ultrapasse o limite a ele imposto: (...) dupla é a atividade exercida pelo Estado, a Jurídica e a social; a atividade jurídica é aquela que colima o asseguramento da ordem jurídica interna e a defesa do território contra o inimigo externo; o asseguramento da ordem interna, por sua vez compreende a manutenção da ordem pública e a distribuição da justiça; a atividade social tem por objeto a promoção do bem comum. Portanto não paira dúvidas acerca do caráter difuso na defesa da moralidade pública, independentemente de sua legitimidade ativa, sendo o particular na Ação Popular, ou o Ministério Público em caso de Ação Civil Pública, ou seja, o nosso legislador disponibilizou estas duas ferramentas como forma de prevenção, repressão e correção de atos que lesem a moralidade na administração pública. Um julgado famoso sobre o respectivo tema demonstra de maneira clara e didática como o se posiciona o judiciário em especial os Tribunais: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. 1. A probidade administrativa é consectário da moralidade administrativa, anseio popular e, a fortiori, difuso. 2. A característica da ação civil pública está, exatamente, no seu objeto difuso, que viabiliza multifária legitimação, dentre outras, a do Ministério Público como o mais adequado órgão de tutela, intermediário entre o Estado e o cidadão. 3. A Lei de Improbidade Administrativa, em essência, não é lei de ritos senão substancial, ao enumerar condutas contra legem, sua exegese e sanções correspondentes. 4. Considerando o cânone de que a todo direito corresponde um ação que o assegura, é lícito que o interesse difuso à probidade administrativa seja veiculado por meio da ação civil pública máxime porque a conduta do Prefeito interessa à toda a comunidade local mercê de a eficácia erga omnes da decisão aproveitar aos demais munícipes, poupando-lhes de novéis demandas. 5. As consequências da ação civil pública quanto ao provimento jurisdicional não inibe a eficácia da sentença que pode obedecer à classificação quinaria ou trinária das sentenças. 6. A fortiori, a ação civil pública pode gerar comando condenatório, declaratório, constitutivo, auto executável ou mandamental. 7. Axiologicamente, é a causa petendi que caracteriza a ação difusa e não o pedido formulado, muito 36 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI Nº 4.717, DE 29 DE JUNHO DE 1965. Regula a ação popular. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm. Acessado em 24 de jun. de 2021. 37 CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade civil do Estado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 13. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%204.717-1965?OpenDocument 21 embora o objeto mediato daquele também influa na categorização da demanda. 8. A lei de improbidade administrativa, juntamente com a lei da ação civil pública, da ação popular, do mandado de segurança coletivo, do Código de Defesa do Consumidor e do Estatuto da Criança e do Adolescente e do Idoso, compõem um microssistema de tutela dos interesses transindividuais e sob esse enfoque interdisciplinar, interpenetram-se e subsidiam-se. 9. A doutrina do tema referenda o entendimento de que „A ação civil pública é o instrumento processual adequado conferido ao Ministério Público para o exercício do controle popular sobre os atos dos poderes públicos, exigindo tanto a reparação do dano causado ao patrimônio por ato de improbidade quanto à aplicação das sanções do art. 37, § 4º, da Constituição Federal, previstas ao agente público, em decorrência de sua conduta irregular. (...) Torna-se, pois, indiscutível a adequação dos pedidos de aplicação das sanções previstas para ato de improbidade à ação civil pública, que se constitui nada maisdo que uma mera denominação de ações coletivas, às quais por igual tendem à defesa de interesses meta-individuais. Assim, não se pode negar que a Ação Civil Pública se trata da via processual adequada para a proteção do patrimônio público, dos princípios constitucionais da administração pública e para a repressão de atos de improbidade administrativa, ou simplesmente atos lesivos, ilegais ou imorais, conforme expressa previsão do art. 12 da Lei 8.429/92 (de acordo com o art. 37, § 4º, da Constituição Federal e art. 3º da Lei n.º 7.347/85)‟ (Alexandre de Moraes in „Direito Constitucional‟, 9ª ed., p. 333- 334). 10. Recurso especial desprovido (BRASIL, 2004)38. Em caso de crime contra a Administração Pública tem se o entendimento taxativo o que princípio da moralidade, exige dos agentes públicos uma atuação ética, dentro de um padrão de conduta considerado honesto pela generalidade das pessoas. Disso decorre a possibilidade de invalidação de atos administrativos que sejam praticados com violação desse princípio, bem como a possibilidade de aplicação de sanções legais aos agentes que o descumprirem. No artigo 19 da Lei de improbidade administrativa de 1992, que regula a representação por ato de improbidade administrativa, institui: Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente. Pena: detenção de seis a dez meses e multa. Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado (BRASIL, 1992)39. Portanto o agente público no momento em que estiver praticando um ato imoral poderá ao mesmo tempo estar incorrendo no tipo penal que prevê a sua atitude um ato de improbidade, levando a responder criminalmente. 38 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n.º 510.150/MA (2003/0007895-7). Relator Ministro Luiz Fux. Data de Julgamento: 17/02/2004. Disponível em: http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Sob-medida/Advogado/Jurisprudencia/Pesquisa-de-Jurisprudencia. Acessado em 23 de jun. de 2021. 39 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm. Acessado em 24 de jun. de 2021. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.429-1992?OpenDocument 22 Já o autor Scatolino (2014)40 entende que a ação de improbidade é de caráter civil e não penal. Em razão do art. 37, § 4º, da Constituição Federal, dispor que as sanções serão aplicadas sem prejuízo da ação penal cabível entende-se que se trata de ação civil, uma vez que ainda poderá ser interposta ação penal, se o ato de improbidade também for tipificado como crime na lei penal. Ainda no que tange a criminalização da improbidade administrativa verifica-se que a imoralidade administrativa surge como uma forma de ilegalidade, cabendo ao Judiciário controlar a moralidade dos atos da Administração, respeitada, outro principio consagrado pelo ordenamento jurídico, que é o da inércia da jurisdição. Consequentemente, ao responsável pela prática de atos imorais, é cabível sua responsabilização com base na Lei n. 8.429/92, que define nos seus artigos 9º a 11, com um rol meramente exemplificativo, os atos de improbidade administrativa, notadamente aqueles que importem violação de princípios (SAMPAIO, 2014)41. Sampaio (2014)42 completa que são considerados como atos de improbidade descritos nos artigos da supracitada lei, como por exemplo: usar bens e equipamentos públicos com finalidade particular; intermediar liberação de verbas; estabelecer contratação direta quando a lei manda licitar; vender bem público abaixo do valor de mercado; adquirir bens acima do valor de mercado em casos de superfaturamento, o que tem sido visto no momento com o pagamento de vultosas propinas para encobrir tais crimes. Para Vasconcelos (2003)43 há quem diga, expressamente, que o princípio da probidade administrativa descende da moralidade administrativa, sendo que este último tem plena autonomia no sistema jurídico nacional. Desde a vigência, a Lei nº 8.429, de 1992, lei de improbidade administrativa, tem se mostrado como uma das principais ferramentas de defesa do patrimônio público e da moralidade e eficiência no desempenho da administração dos recursos públicos. O princípio da moralidade deve ser regra de conduta que regula a ação da administração pública, não podendo 40 SCATOLINO, Gustavo. Direito administrativo objetivo. In: Improbidade Administrativa. São Paulo; Alumnus, 2014. 41 SAMPAIO, Camila Chair. Imoralidade administrativa x improbidade administrativa: exata compreensão dos atos ímprobos. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 15 mar. 2014. Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/. Acesso em: 20 de jun. de 2021. 42 SAMPAIO, Camila Chair. Imoralidade administrativa x improbidade administrativa: exata compreensão dos atos ímprobos. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 15 mar. 2014. Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/. Acesso em: 20 de jun. de 2021. 43 VASCONCELOS, Telmo da Silva. O princípio constitucional da moralidade e o nepotismo. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 8, n. 66, 1jun.2003. Disponível em: www.jus.com.br/artigos/4101. Acesso em: 3 de jun. de 2021. 23 seus atos contrariar os princípios da lealdade e boa-fé, como já observando anteriormente neste trabalho. Mello (2006)44, ainda compreende que os agentes públicos têm o dever de atuarem submetidos a princípios éticos e a inobservância destes princípios agride o próprio direito, sendo, portanto, a sua conduta passível de invalidação. Afirma ainda que a moralidade administrativa esteja diretamente ligada aos valores acolhidos nas normas jurídicas. 2.4.1 Ação Popular Em razão da possibilidade de o judiciário controlar a moralidade dos atos administrativos, e ante a necessidade de observância do princípio da inércia da jurisdição, a Constituição estabeleceu dois meios de controle da moralidade administrativa, a primeira modalidade que veremos será dá Ação Popular esta prevista na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso LXXIII, e na lei de nº 4.717, de 29 de junho de 1965 a ação popular é utilizada para desconstituir atos lesivos à moralidade administrativa, devendo ser subscrita por um cidadão, mediante prova da cidadania, com título de eleitor e comprovante de votação de apresentação obrigatória. O texto constitucional nos traz a seguinte redação: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência (BRASIL,1988)45. Não satisfeito com o texto constitucional o legislador a fim de regulamentar está ferramenta decidiu criar a lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, que em seu primeiro artigo dispõe que tem a legitimidade para propor a ação. Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição,art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou 44 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 20. ed. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2006. 45 BRASIL. República Federativa do Brasil. Constituição Federal de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acessado em: 10 de mai. de 2021. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%204.717-1965?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%204.717-1965?OpenDocument 24 fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos (BRASIL, 1965)46. Já em seu artigo 2º e seu paragrafo temos a especificidades do que se entende por fatores que geram a nulidade. Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou; b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato; c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo; d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência (BRASIL, 1965)47. Também serão considerados nulos atos ou contratos que sejam celebrados ou firmados com pessoas ou entidades trazidas no artigo abaixo: Art. 4º São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por quaisquer das pessoas ou entidades referidas no art. 1º. I - A admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições de habilitação, das normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. II - A operação bancária ou de crédito real, quando: a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, estatutárias, regimentais ou internas; b) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor for inferior ao constante de escritura, contrato ou avaliação. III - A empreitada, a tarefa e a concessão do serviço público, quando: a) o respectivo contrato houver sido celebrado sem prévia concorrência pública ou administrativa, sem que essa condição seja estabelecida em lei, regulamento ou norma geral; b) no edital de concorrência forem incluídas cláusulas ou condições, que comprometam o seu caráter competitivo; c) a concorrência administrativa for processada em condições que impliquem na limitação das possibilidades normais de competição. IV - As modificações ou vantagens, inclusive prorrogações que forem admitidas, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos de 46 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI Nº 4.717, DE 29 DE JUNHO DE 1965. Regula a ação popular. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm. Acessado em 24 de jun. de 2021. 47 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI Nº 4.717, DE 29 DE JUNHO DE 1965. Regula a ação popular. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm. Acessado em 24 de jun. de 2021. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%204.717-1965?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%204.717-1965?OpenDocument 25 empreitada, tarefa e concessão de serviço público, sem que estejam previstas em lei ou nos respectivos instrumentos. V - A compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos casos em que não cabível concorrência pública ou administrativa, quando: a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, ou constantes de instruções gerais; b) o preço de compra dos bens for superior ao corrente no mercado, na época da operação; c) o preço de venda dos bens for inferior ao corrente no mercado, na época da operação. VI - A concessão de licença de exportação ou importação, qualquer que seja a sua modalidade, quando: a) houver sido praticada com violação das normas legais e regulamentares ou de instruções e ordens de serviço; b) resultar em exceção ou privilégio, em favor de exportador ou importador. VII - A operação de redesconto quando sob qualquer aspecto, inclusive o limite de valor, desobedecer a normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. VIII - O empréstimo concedido pelo Banco Central da República, quando: a) concedido com desobediência de quaisquer normas legais, regulamentares, regimentais ou constantes de instruções gerias: b) o valor dos bens dados em garantia, na época da operação, for inferior ao da avaliação. IX - A emissão, quando efetuada sem observância das normas constitucionais, legais e regulamentadoras que regem a espécie (BRASIL, 1965)48. As consequências de uma condenação são trazidas no artigo 11 deste diploma normativo. Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa (BRASIL, 1965)49. 2.4.2 Ação Civil Pública Ação prevista na Lei nº. 7.347/85, cujo objetivo é a proteção de interesses transindividuais. Em sendo o ato imoral, violador de direitos metaindividuais, a ação civil pública é o instrumento correto para controle da moralidade, podendo dela surgir às sanções descritas no tópico a seguir. Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: VIII – ao patrimônio público e social (BRASIL, 1985)50. 48 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI Nº 4.717, DE 29 DE JUNHO DE 1965. Regula a ação popular. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm. Acessado em 24 de jun. de 2021. 49 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI Nº 4.717, DE 29 DE JUNHO DE 1965. Regula a ação popular. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm. Acessado em 24 de jun. de 2021. 50 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI No 7.347, DE 24 DE JULHO DE 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm. Acessado em 24 de jun. de 2021. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%204.717-1965?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%204.717-1965?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%207.347-1985?OpenDocument 26 A ação civil pode ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou deixar de fazer. Ela poderá ser ajuizada como uma ação cautelar a fimde se evitar danos ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico o artigo 5º traz em seu bojo os legitimados a entrar com ação cautelar. Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o Ministério Público; II - a Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; V - a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (BRASIL, 1985)51. Vale lembrar que o Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei. Os agentes públicos, considerados como responsáveis por atos lesivos à moralidade administrativa, podem sofrer quatro sanções diferentes, de aplicação simultânea, quais sejam: perda da função pública; suspensão dos direitos políticos; declaração de indisponibilidade dos bens; obrigação de ressarcir ao erário (BRASIL, 1985)52. Frisa-se ainda que o legislador inserisse uma ferramenta coercitiva previstas no artigo 11 da Lei número 8.429/92, que prevê ainda uma sanção específicas para o caso de descumprimento judicial, isso tudo sem causar prejuízo à sanção penal cabível ao caso. Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de 51 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI No 7.347, DE 24 DE JULHO DE 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm. Acessado em 24 de jun. de 2021. 52 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI No 7.347, DE 24 DE JULHO DE 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm. Acessado em 24 de jun. de 2021. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%207.347-1985?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%207.347-1985?OpenDocument 27 cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor (BRASIL, 1985)53. Essas sanções têm como objetivo coercitivo fazer cessar o ato abusivo do agente, sem prejuízo a aplicação de possíveis sanções penais e civis para a reparação de eventuais prejuízos que o erário tenha sofrido. 2.4.3 Lei Complementar De Responsabilidade Fiscal Do Administrador Público nº 100/2000 Outra forma de se fiscalizar o administrador público e limitá-lo a fim de que não cometa irregularidades em seu cargo é feito por meio da Lei complementar nº 100/2000 conhecida como a Lei de Responsabilidade Fiscal. Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição. § 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. § 2o As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. § 3o Nas referências: I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos: a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público; b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes; II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal; III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município (BRASIL, 2000)54. Brasil (2000)55 em seus artigos 16 e 17 traz o que serão consideradas despesas públicas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam as seguintes diretrizes: 53 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI No 7.347, DE 24 DE JULHO DE 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm. Acessado em 24 de jun. de 2021. 54 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível Em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm. Acessado em: 10 de out. de 2021. 55 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível Em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm. Acessado em: 10 de out. de 2021. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%207.347-1985?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lcp%20101-2000?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lcp%20101-2000?OpenDocument 28 Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes; II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. § 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se: I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício; II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições. § 2o A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas. § 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante,nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. § 4o As normas do caput constituem condição prévia para: I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras; II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o do art. 182 da Constituição. Já no Capítulo IV deste texto normativo temos a limitação imposta ao administrador com relação a despesas com pessoal, pois a despesa total com pessoal (o que inclui a somatória dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência) tem que respeitar os seguintes limites: Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados: I - União: 50% (cinqüenta por cento); II - Estados: 60% (sessenta por cento); III - Municípios: 60% (sessenta por cento). (BRASIL, 2000)56. O artigo 20 ainda segue trazendo os seguintes percentuais: Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes percentuais: I - na esfera federal: a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União; b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; 56 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível Em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm. Acessado em: 10 de out. de 2021. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lcp%20101-2000?OpenDocument 29 c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19, repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar; d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União; II - na esfera estadual: a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado; b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados; III - na esfera municipal: a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver; b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo. § 1o Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os limites serão repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à média das despesas com pessoal, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar. § 2o Para efeito deste artigo entende-se como órgão: I - o Ministério Público; II - no Poder Legislativo: a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União; b) Estadual, a Assembléia Legislativa e os Tribunais de Contas; c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do Distrito Federal; d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas do Município, quando houver; III - no Poder Judiciário: a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição; b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver. § 3o Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciário, a cargo da União por força do inciso XIII do art. 21 da Constituição, serão estabelecidos mediante aplicação da regra do § 1o. § 4o Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municípios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do inciso II do caput serão, respectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4% (quatro décimos por cento). § 5o Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega dos recursos financeiros correspondentes à despesa total com pessoal por Poder e órgão será a resultante da aplicação dos percentuais definidos neste artigo, ou aqueles fixados na lei de diretrizes orçamentárias. § 6o (VETADO) § 7º Os Poderes e órgãos referidos neste artigo deverão apurar, de forma segregada para aplicação dos limites de que trata este artigo, a integralidade das despesas com pessoal dos respectivos servidores inativos e pensionistas, mesmo que o custeio dessas despesas esteja a cargo de outro Poder ou órgão (BRASIL, 2000)57. 57 BRASIL. República Federativa do Brasil. LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível Em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm. Acessado em: 10 de out. de 2021. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lcp%20101-2000?OpenDocument 30 2.4.4 Lei De Improbidade Administrativa nº 8.429/92 Neste bloco iremos falar da lei mais importante dentre as já citadas, pois ela irá definir o que é improbidade, suas modalidades e suas penalidades, trazendo então consequências ao agente público que case prejuízo ao erário. Brasil (1992)58 em seu artigo 1º traz a definição legal do que se entende por atos de improbidade: Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei. Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. O referido dispositivo normativo ainda traz a definição legal de agentes públicos para fim de aplicação desta lei. Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior (BRASIL, 1992)59. Temos ainda quatro modalidades de atos que configuram a prática de improbidade administrativa, inicia-se no artigo 9º que trata dos atos de improbidade administrativa que importam enriquecimento ilícito, ele se dá da seguinte maneira: Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente: I - receber, para si ou para outrem,
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