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Direito Constitucional Introdução ao Direito Constitucional 1. Conceito – Normas jurídicas (conjunto de imposições) Constitucionalismo Sabemos que a sociedade se organiza por meio do chamado Estado, que contém os seguintes elementos: Povo, Território e Governo. Alguns doutrinadores mais modernos acrescentam ainda como elemento do Estado a finalidade, ou seja, a organização do Estado deve ser orientada para atingir um conjunto definido de finalidades. Todo Estado tem uma Constituição, que é como se define a organização do Estado, que nada mais é do que a nossa própria convivência no modelo comunitário. Liberalmente o “um por todos e todos por um” – o tal do espirito coletivo. Ainda que insistamos em não entender tal modelo de convivência. Apesar de todos os estados terem uma Constituição, foi apenas com o surgimento das Constituições escritas que se passou a estudar efetivamente o surgimento da Constituições. O movimento (jurídico, político e ideológico) de criação de uma Constituição escrita, criada como documento fundamental e supremo na organização e estruturação do Estado, e tem como traço principal a limitação do poder político é chamado de Constitucionalismo. Doutrinariamente, tem-se o inicio do constitucionalismo com a Constituição Americana (1787) e Constituição Francesa (1791). São Constituições marcadas pelas ideias iluministas do século XVIII e pelo Liberalismo, valorizando as liberdades e garantias individuais. Com a evolução do Estado o constitucionalismo avança para aspectos democráticos e sociais, no entanto é importante estudar o instituto do Estado politicamente organizado, LOGO: · Estado · Povo · Território · Governo ESTADO: Sociedade política dotada de características próprias, elementos essenciais, que as o diferenciam das demais sociedades, quais sejam: POVO: ELEMENTO HUMANO do Estado; determina as pessoas que matem vinculo jurídico-político com o Estado, e se tornam parte dele – conceito jurídico político. · População – conjunto de pessoas que se encontram em determinado território de um Estado – nacionais ou estrangeiros – conceito numérico. · Nação – conjunto de pessoas ligadas que formam uma comunidade unida por laços históricos e culturais – conceito sociológico. TERRITÓRIO: ELEMENTO MATERIAL do Estado – espaço sobre o qual o Estado exerce de modo efetivo e exclusivo o poder de império, sua supremacia sobre pessoas e bens. Exemplo: embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública o a serviço do governo brasileiro. Trata-se de um conceito JURÍDICO. GOVERNO: Exercício do poder soberano estatal voltado ao atingimento das finalidades do Estado. Alguns autores relacionam a ideia de SOBERANIA “posta em ação” Natureza e objeto de estudo O Direito Constitucional surge com o Constitucionalismo, é considerado como um ramo do Direito Público, que em pôr objeto o estudo da Constituição. De acordo com José Afonso da Silva: “É um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma do seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Em síntese, a constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado. ” E para o Grande Jurista, a constituição então teria: - Como FORMA, um complexo de normas (escritas ou costumeiras). - Como CONTEUDO, a conduta humana motivada pelas relações sociais (econômicas, políticas, religiosas). - Como FIM, a realização dos valores que apontam para o existir da comunidade. - Como CAUSA CRIADORA, o poder que emana do povo, VERDADEIRO E ÚNICO titular de qualquer poder (AINDA QUE ESTEJAMOS LOGE DE TAL CONSCIÊNCIA!). A Constituição, objeto de estudo do Direito Constitucional, deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, que rege a sua organização político-jurídica. As normas de uma Constituição devem dispor acerca da forma do Estado, dos órgãos que integram a sua estrutura, das competências desses órgãos, da aquisição do poder e de seu exercício. Além disso, devem estabelecer as limitações ao poder do Estado, especialmente mediante a separação dos poderes (sistema de freios e contrapesos) e a enumeração de direitos e garantias fundamentais. Constituição é o nomen juris que se dá ao complexo de regras que dispõe sobre a organização do Estado, a origem e o exercício do Poder, a discriminação das competências estatais e a proclamação das liberdades públicas. Constituição ≠ Carta Constitucional → significados diferentes → Carta Constitucional deriva de um ato arbitrário e ilegítimo (outorga). Podemos dizer ainda que o Direito Constitucional é a base, a origem de toda a ordem jurídica, ou seja, é do direito constitucional que se derivam os demais ramos do direito. Pois apenas aqui regulamentamos a sistemática de toda vida política ou comunitária onde haverá: - POVO, aos quais entregarei direitos e deveres; - TERRITÓRIO, o qual delimitarei; - GOVERNO (PODER), o qual limitarei. Elementos da Constituição Nas lições de José Afonso da Silva, apesar da Constituição ser um conjunto uno, que trata de vários assuntos, a doutrina classifica a constituição em 5 elementos: Elementos Orgânicos: são as normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder. Ex.: títulos da Organização do Estado e dos Poderes. Elementos limitativos: são as normas que estabelecem limites ao Estado, como por exemplo, os direitos individuais, nacionalidade, políticos. Elementos socioideológicos: são normas que asseguram direitos com viés sociológico, intervencionais. Exemplo.: os direitos sociais, o título da Ordem Social e o título da Ordem Econômica. Elementos de estabilidade constitucional: são normas que visam assegurar uma solução para situações de conflito e instabilidade, por exemplo, o título da Defesa do Estado e das Instituições democráticas, o art. 34 a 36 que tratam da intervenção. Elementos formais de aplicabilidade: normas que estabelecem regras de aplicação da Constituição. Por exemplo: preâmbulo; art. 5º parágrafo 1º; ADCT. Concepções ou sentidos da Constituição: SENTIDO SOCIOLOGICO – FERDINAND LASSALE Na concepção sociológica, a Constituição deve representar a soma dos fatores reais do poder que formam e regem um determinado Estado, ou seja, das forças sociais que constituem o poder. Para Ferdinand Lassale, representante dessa doutrina, a Constituição só teria validade se correspondesse a realidade social, caso contrário não passaria de uma mera “folha de papel”. Na visão sociológica, a Constituição é concebida como fato social, e não propriamente como norma. O texto da Constituição seria o resultado da realidade social do país, num determinado momento histórico. Lassalle, diferencia a constituição escrita/jurídica do real/efetiva. Constituição real é a soma dos fatores reais de poder que regem determinada nação. Para ele, a Constituição real não é a do texto normativo, mas os fatores reais de poder. Nesta concepção, havendo conflitos entre a constituição real e a escrita, a primeira permanece. “se a constituição escrita não condiz com a constituição real, ela não passa de uma folha de papel”, por não ter o poder de mudar a realidade, sendo assim, insignificante. SENTIDO POLÍTICO – CARL SCHMIT Na concepção política, encabeçada por Carl Schmitt, a Constituição é uma decisão política realizada pelo titular do Poder Constituinte, resultado de uma vontade política, que podem apresentar normas materialmente e formalmente constitucionais. Assim, podemos estabelecer uma diferença entre: Constituição em sentido material: são normas com conteúdo propriamente constitucional (organização do poder, direitos fundamentais, organização do Estado etc.) Constituição em sentido formal: na acepção formal, considera-se como norma constitucional aquelas previstas na constituição independentemente do seu conteúdo. A Constituição é uma decisão política fundamental. Difere constituição e leis constitucionais: Constituição – é só o que decorre dessadecisão política anterior. Por exemplo, os direitos fundamentais, estrutura do Estado, organização dos poderes. Pode-se associar esses assuntos com as matérias constitucionais. Leis constitucionais – tudo aquilo que está no texto da constituição, mas que não decorrem de uma decisão política fundamental. São assuntos que poderiam ser tratados por leis infraconstitucionais. SENTIDO JURÍDICO – HANS KELSEN Na concepção jurídica, defendida por Hans Kelsen, é uma norma hipotética fundamental, que deve ser utilizada como fundamento de validade de todas as demais normas. Estabelece um distanciamento entre a norma jurídica e os valores sociais. A constituição estabelece um mundo do DEVER-SER e não efetivamente do ser, sendo o resultado de uma vontade racional do ser humano, e não das leis naturais. A Constituição é uma norma jurídica. Norma fundamental do Estado e da vida jurídica de um país, paradigma de validade de todo o ordenamento jurídico e instituidora da estrutura do Estado. PRINCIPAIS FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL · Constituição Federal; · Doutrina Constitucional: · A Jurisprudência, em especial a do STF – que é o guardião da Constituição.
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