Buscar

TEORIA-GERAL-DO-COMÉRCIO-EXTERIOR

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TEORIA GERAL DO COMÉRCIO 
EXTERIOR 
 
 
 
2 
Sumário 
 
COMÉRCIO EXTERIOR .................................................................................. 4 
CONTEXTO HISTÓRICO COMÉRCIO EXTERIOR .................................... 7 
TEORIAS DO COMERCIO EXTERIOR ......................................................... 10 
TEORIAS TRADICIONAIS ......................................................................... 12 
TEORIAS CLÁSSICAS .............................................................................. 12 
TEORIA DA VANTAGEM ABSOLUTA ................................................... 14 
TEORIA DA VANTAGEM COMPARATIVA ............................................ 15 
TEORIAS NEOCLÁSSICAS....................................................................... 18 
A TEORIA DE HECKSHER-OHLIN ........................................................ 19 
TEORIA DE HECKSHER-OHLIN- SAMUELSON ................................... 22 
TEOREMA DE STOLPER-SAMUELSON .............................................. 23 
NOVAS TEORIAS DO COMÉRCIO EXTERIOR ........................................ 24 
O COMÉRCIO INTRAINDUSTRIA ......................................................... 25 
POLÍTICA COMERCIAL ESTRATÉGICA ............................................... 27 
NOVA GEOGRAFIA ECÔNOMICA ........................................................ 28 
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
FACUMINAS 
 
A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo 
de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
COMÉRCIO EXTERIOR 
 
As profundas transformações do comércio exterior, chamado também de 
comércio internacional, nos últimos anos trouxeram à tona o debate sobre 
competitividade internacional. A literatura sobre o tema sugere que são diversos os 
seus fatores determinantes, com ênfase para aqueles que residem no âmbito da firma, 
do setor e do ambiente macroeconômico. Da mesma forma, são distintos os impactos 
daqueles sobre os diferentes segmentos produtivos. 
A globalização é definida pelos fluxos de mercadorias, pessoas e informações, 
e o gerenciamento da cadeia de suprimentos visa a redução de custos relacionados 
à distribuições de materiais ao longo das cadeias de suprimentos, com isso é 
necessário a utilização de estruturas que controlem os fluxos internacionais de 
materiais, visando a fluidez destes com os menores custos possíveis. Estas estruturas 
são coordenadas pelas áreas de comércio exterior das empresas. 
Antes do século XVIII não havia por parte das grandes potências a 
preocupação com o livre comércio. As políticas mercantilistas, predominantes desde 
a consolidação dos Estados nacionais nos séculos XVI, baseava-se principalmente 
na busca de superávit comercial, acúmulo de metais preciosos e constante 
interferência do Estado na elaboração e implementação das práticas de comércio 
exterior. Havia a crença de que o comércio deveria ser um jogo de soma zero – a 
vantagem para um dos lados significa desvantagem para o parceiro comercial. 
No século XVIII, com o esgotamento da exploração das colônias, a entrada de 
novas potências no cenário internacional, o fortalecimento da ideologia liberalista e 
dos princípios democráticos foi publicada primeira edição do clássico “A riqueza das 
nações”, de Adam Smith, que sintetizava as mudanças que vinham sendo discutidas 
na Europa, mas que ainda enfrentava o senso comum, de que a intervenção do 
Estado era indispensável ao comércio exterior. 
 
 
 
5 
Segundo Barral, 2007, “quanto ao comércio exterior, Adam Smith buscou 
demonstrar a irracionalidade de subsídios e barreiras praticadas pelo governo 
britânico da época. O funcionamento de mercado, na lógica liberal, levaria cada 
Estado a especializar-se naquele setor econômico para o qual tivesse maiores 
recursos e aptidão. Cada Estado, portanto, deveria aproveitar-se de suas vantagens 
absolutas no comércio internacional”. 
Ao final do século XIX começam as críticas ao modelo de liberalismo 
econômico com a sistematização das ideias socialistas, que afirmavam não haver 
racionalidade no mercado como defendiam os liberais e que o capitalismo teria, por 
isto, crises cíclicas que ameaçariam todo o sistema. Nesta época as relações de 
mercado eram baseadas em exploração por detentores dos meios de produção sobre 
os trabalhadores. 
A mesma lógica pode ser aplicada ao comércio internacional, já que as nações 
exploradas serviam aos interesses das burguesias. Uma série de eventos históricos 
ao longo do século XX, como a quebra da bolsa de Nova Iorque e a segunda guerra 
mundial ameaçaram o liberalismo econômico e pareciam legitimar a intervenção 
estatal para equilibrar as falhas do mercado livre. 
Neste contexto o New Deal, plano de reconstrução econômica americano de 
Franklin Roosevelt advoga em favor da utilização de mecanismos regulatórios para o 
alcance da estabilidade. Já no final do XX, devido a grande presença de políticas de 
direita nas principais economias mundiais, fundamentou as bases do neoliberalismo 
e, como consequência, houve o abandono das estratégias nacionais em favor de uma 
maior integração econômica mundial. 
Dentro deste contexto, é importante ressaltar o conceito central de exportação, 
que é a venda de bens para uma empresa em outro país, em moeda forte. É a saída 
regulamentar de mercadorias para além da fronteira territorial de um país. Em um 
 
 
 
6 
sentido amplo poderá compreender, além dos bens propriamente ditos, também os 
serviços ligados a essa exportação. 
 
 
Fonte: Ramos, 2016. 
Alguns dos estudos enfatizam ainda a existência de uma relação importante 
entre o padrão de especialização dos países e a sua competitividade internacional As 
metodologias de mensuração da competitividade guardam forte ligação com os 
determinantes para o sucesso competitivo em cada perspectiva analítica considerada. 
Alguns autores enfatizam a medida de aspectos internos às firmas, buscando 
avaliar o potencial competitivo das mesmas e dos países em que operam 
(Haguenauer, 1989). Outros pesquisadores optam por indicadores mais amplos, 
baseados no desempenho das exportações e na evolução do marketshare. 
Entre esses últimos há o modelo de Constant-Market-Share (CMS), que 
consiste na decomposição da variação das exportações com vistas à identificação 
 
 
 
7 
dos efeitos da conjuntura internacional, da composição da pauta, da distribuição dos 
mercados de destino e da competitividade. 
 
CONTEXTO HISTÓRICO COMÉRCIO EXTERIOR 
 
O tema se confunde com a história econômica internacional e com a própria 
globalização. Apesar de refletir essencialmente uma tendência de intensificação dos 
fluxos econômicos internacionais, essa história não é invariavelmente linear. Alternaciclos de maior e menor expansão do intercâmbio comercial. Tais ciclos se associam 
a maior ou menor crescimento, bem como a diferentes regimes de comércio. Mesmo 
ocasionalmente se observa a coincidência entre a contração das economias e a 
retração de seu comércio exterior, como ocorreu nas crises de 1929 e 2009. 
Os regimes de livre-comércio, predominantes na segunda metade do século 
XIX, foram substituídos por considerável protecionismo, na Europa e em outras 
regiões, entre as duas Grandes Guerras Mundiais. Entretanto, desde a criação das 
instituições de Bretton Woods e do Plano Marshall, se testemunhou uma progressiva 
liberalização comercial. 
Os registros históricos de comércio inter-regional concentram-se na península 
asiática, que é conhecida atualmente por Europa. Entretanto, as primeiras 
informações quanto à comercialização de bens remontam à Mesopotâmia, que se 
localiza entre os rios Tigres e Eufrates, e ao Egito, no vale do rio Nilo (GRIECO, 1995). 
As navegações no Mediterrâneo proporcionaram a expansão comercial entre 
os povos. Segundo Grieco (1999), houve enriquecimento da cultura e das tradições 
greco-latinas principalmente pela influência exercida pelo intercâmbio do Egito e do 
Oriente próximo. Todavia, somente a partir da descoberta e colonização da América, 
verifica-se a estruturação do intercâmbio global fundamentado na exploração e 
distribuição de riquezas. 
 
 
 
8 
O comércio e o crescimento engendraram oportunidades recíprocas, um 
alimentando o outro, em escala cada vez mais global. Assim, os estudos acerca do 
comércio e do crescimento acabaram por ganhar ímpeto revigorado nas décadas de 
oitenta e, sobretudo, noventa. Desde então, reconstruíram-se os argumentos de que 
o comércio internacional traz benefícios para o crescimento e de que se alcançam tais 
benefícios, mediante a intensificação do comércio pelas vias da abertura econômica, 
como advogaria o Consenso de Washington. 
Motivaram esses argumentos o contraste entre as experiências de crescimento 
rápido na Ásia e as de estagnação na América Latina. Os primeiros estudos sobre o 
“milagre asiático” associam-no ao padrão export-led growth – de obtenção dos 
benefícios de crescimento pelas exportações. Estudos posteriores identificam 
também para a Ásia o padrão inverso, de import-led growth (Lawrence, Weinstein, 
2001). 
Em maior ou menor grau, as estratégias de desenvolvimento representadas 
nesses padrões dependem das instituições e das políticas educacional, tecnológica, 
comercial, industrial e financeira. Ademais, cada caso corresponderia à composição 
de um conjunto de políticas específicas e adequadas para as características do país, 
sem que se precipitem enfoques do gênero one-size-fits-all (RODRIK, 1999). 
Mais constrangidos economicamente e diante de um crescente número de 
regras negociadas internacionalmente, países em desenvolvimento se veem mais 
facilmente confrontados com limitado policy space para a formulação e execução de 
suas mais eficientes estratégias de desenvolvimento (CHANG e GRABEL, 2004). 
No Brasil, o comércio exterior surgiu com a chegada dos primeiros 
portugueses. Essa atividade obteve grande expressividade a ponto de o principal 
produto de exploração, conhecido como pau-brasil, dar nome a nova terra descoberta. 
“Em 1533, Martim Afonso de Souza introduziu as primeiras mudas de cana-de-açúcar 
no nordeste volta de 1622, os estaleiros holandeses estavam construindo anualmente 
quinze navios somente para comércio com o Brasil”. 
 
 
 
9 
Para controlar o comércio internacional da colônia, Portugal instituiu o Pacto 
Colonial que obrigava a comercialização de bens somente com esse país e proibia a 
concorrência direta de produtos brasileiros que fossem também produzidos pela 
Metrópole. Posteriormente, com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 
1808, surgiu a necessidade se incrementar o comércio com outras nações. 
Assim, em 28/01/1808, o Príncipe Regente Dom João VI promulgou a Carta Régia 
que instituía a abertura dos portos brasileiros às nações amigas. 
A partir desse momento, surgiu a comercialização direta com países mais 
industrializados e, assim, ampliou-se o intercâmbio com outras nações o que 
possibilitava o acesso a tecnologias e a produtos a preços mais baixos. A partir dessa 
abertura, as trocas comerciais foram rapidamente implementadas, sobretudo com a 
Inglaterra que era considerada a maior potência na época. 
Independentemente das diferentes e complementares visões, prevalece hoje o 
raciocínio de que se podem auferir benefícios consideráveis do comércio 
internacional, pelas vias conjuntas das exportações e das importações. Ademais, 
predomina a observação de que existe uma correlação entre nível de 
desenvolvimento econômico e o grau de inserção comercial ou de abertura 
econômica. Deduz-se, em particular, dessa correlação, que um maior grau de 
inserção comercial favoreceria o crescimento (WINTERS, 2004). 
Entretanto, não haveria ainda indicação clara e conclusiva sobre as causas 
dessa correlação, se confirmada, nem sobre quão duradouros para o crescimento 
podem ser os efeitos de maior abertura ou liberalização comercial (RODRIGUEZ e 
RODRIK, 2001). Ainda se busca um quadro preciso dos canais de causalidade pelos 
quais o comércio contribui universalmente ao crescimento, e vice-versa. Conforme 
Srinivasan e Bhagwati (2001), tal quadro ainda carece de exame mais aprofundado 
desses canais mediante, sobretudo estudos de casos específicos. 
A questão é especialmente complexa, na medida em que os benefícios 
recíprocos do comércio e do crescimento são auferidos de modo desigual por países 
 
 
 
10 
e regiões. Cada um destes aventura-se de modo singular na busca desses benefícios, 
em função de suas diferentes características e políticas. 
Por certo, a distinção entre países desenvolvidos e em desenvolvimento já 
contém implicitamente alguma indicação histórica da defasagem dos benefícios. 
Estes, todavia, dependem de fatores específicos de cada país, determinados não só 
pela geografia, dotação de recursos (naturais) e estágio (histórico) de 
desenvolvimento, mas também em função de sua estrutura econômica, dinamismo 
produtivo e capacidades educacionais e de inovação. Com efeito, tais dinamismo e 
capacidades alteram a estrutura econômica, na medida em que estimulam a 
acumulação de fatores (não naturais), como máquinas e capital humano. Tal 
acumulação não só determina a continuidade desse processo, mas também 
redesenha dinamicamente a composição de fatores e as vantagens comparativas dos 
países. Assim, em ultima análise, se reescrevem a geografia e a história econômica 
dos países. 
 
TEORIAS DO COMERCIO EXTERIOR 
 
Adam Smith e David Ricardo, entre outros, ressaltaram a relevância do 
comércio para a riqueza das nações. Entenderam ser o comércio internacional 
componente eficiente e, em certo sentido, indispensável para a geração de maior 
riqueza e para o aumento do bem-estar dos países. 
Chegaram mesmo a antecipar, conquanto no nível intuitivo, os vários fatores 
pelos quais o comércio atua como indutor do crescimento e vice-versa. Smith 
considerou a importância, entre outros fatores, das economias de escala e do 
desenvolvimento do capital humano para o crescimento em longo prazo. 
Prenunciou, assim, como lembra Kibrtçioglu (2002), as novas teorias do 
comércio, que só chegariam a ser formuladas com rigor científico após cerca de dois 
 
 
 
11 
séculos. Influenciados por um debate rico, marcado pelos avanços da Lógica, da 
Filosofia Moral e Social e das ciências em geral, os economistas clássicos 
vislumbravam um sistema integrado dos processos econômicos. 
Essa visão sistêmica se aplica a cada país e, com mais razão, ao conjunto dos 
países, às relações que passam a ser mantidas entre suas respectivas estruturas 
econômicas. Embora desprovida da formalizaçãoteórica ou analítica que se passou 
a buscar desde a segunda metade do século XX, a concepção de Smith e Ricardo 
acerca do comércio e do crescimento não era simplista, mas sim respondia a 
inquietações profundas sobre o destino de suas sociedades e sobre o 
desenvolvimento humano em geral. 
Apesar de sua origem comum no pensamento econômico, as teorias do 
comércio e do crescimento passaram a ser, especialmente no pós-guerra, objeto de 
desenvolvimentos científicos próprios de suas respectivas agendas. Embora se 
valendo de formalizações no marco de muitas hipóteses e metodologias comuns, as 
teorias do comércio e do crescimento são hoje ensinadas separadamente. 
As teorias do comércio evoluíram como teorias de equilíbrio geral 
essencialmente estático, ao passo que as teorias de crescimento procuraram 
entender os fatores dinâmicos que determinam a evolução da atividade econômica, 
em geral em ambiente desprovido de relações comerciais internacionais. 
Tais diferenças de enfoque teórico podem, talvez, ter agravado as 
controvérsias, inclusive empíricas, sobre as relações entre comércio e crescimento 
que surgiram nas ultimas décadas. A superação dessas controvérsias poderá 
beneficiar-se da integração crescente do comércio e do crescimento em modelos 
comuns às duas respectivas agendas, sendo ainda necessários renovados esforços 
para empiricamente testá-los de modo universalmente robusto. 
 
 
 
 
12 
TEORIAS TRADICIONAIS 
 
As teorias tradicionais do comércio são comumente classificadas em duas 
gerações: teorias clássicas e teorias neoclássicas do comércio. Tradicionalmente, 
estas teorias enfatizam os elementos estáticos em vantagens e, assim, contrastam 
com as novas teorias do comércio, que procuram, em maior medida, sublinhar o 
caráter dinâmico dessas vantagens. 
 
TEORIAS CLÁSSICAS 
 
A teoria clássica do comércio encontra sua forma mais acabada e difundida na 
lei ou no princípio das vantagens comparativas de Ricardo. Anteriormente, Smith 
havia estabelecido uma teoria das vantagens absolutas fundamentada em sua teoria 
do valor e da produção. Conforme a teoria, os países auferem ganhos de renda e de 
bem-estar ao manterem uma situação de livre-comércio entre si. 
 
 
 
13 
 
Fonte: Jurado, 2013. 
Tais fatores e, ainda, assimetrias entre as economias podem levar à 
especialização parcial, havendo tendência à especialização mais em certos países do 
que em outros. Eis porque encontramos países produzindo maior variedade de bens 
que outros. A tendência à especialização é impulsionada pelo comércio e pela 
abertura que o induz, mas estes não são condições suficientes para alterar a estrutura 
das economias. A teoria clássica do comercio exterior se classifica em vantagem 
comparativa e vantagem absoluta, como definida a seguir. 
 
 
 
 
 
14 
 
Fonte: Dias; Rodrigues, 2004. 
TEORIA DA VANTAGEM ABSOLUTA 
 
Na Teoria das vantagens absolutas em 1776, Adam Smith publicou o livro 
“Riqueza das Nações” que inovou a concepção da condução do processo econômico. 
Ressaltava em sua obra, a necessidade de se por fim a exclusividade do Estado na 
gerência econômica em detrimento do empreendedor individual. Nessa nova 
organização, seguindo seu próprio interesse, o investidor direcionava seu capital no 
intuito de maximizar seu lucro, impulsionado pela “mão invisível”. Segundo Faro 
(2010), as trocas econômicas seriam reguladas pela oferta e demanda de produtos e 
pela livre concorrência. 
A partir desse novo entendimento, Faro (2010) destaca que as trocas 
comerciais somente seriam viáveis se a capacidade de produção de um país utilizasse 
o menor coeficiente de trabalho quando comparado com outros países. Assim, haveria 
 
 
 
 
15 
vantagem absoluta na compra de bens. Segundo Maia (2001), o liberalismo defendido 
por Smith – por meio de suas características de livre mercado e concorrência, 
iniciativa individual e desregulamentação – traria benefícios para toda a comunidade 
através do acesso de produtos mais baratos. 
Esse mecanismo de redução de custos seria possível graças à divisão 
internacional da produção, à melhor utilização de recursos naturais de cada país e à 
economia em escala. Entretanto, nesse ambiente de liberdade total, torna-se evidente 
o conflito de interesses entre o Estado e a iniciativa privada que é normalmente 
demonstrado pela formação de oligopólios, cartéis, trustes e dumpings. 
Como exemplo negativo dessa inércia estatal, pode-se citar a assinatura do 
Tratado de Methuen, firmado entre Portugal e Inglaterra, em 1703, que garantia aos 
ingleses – indefinitivamente - a venda de seus produtos têxteis em troca de vinhos 
portugueses. Esse desiquilíbrio, segundo Maia (2001), ocasionou a desestruturação 
da indústria têxtil portuguesa. 
 
TEORIA DA VANTAGEM COMPARATIVA 
 
A vantagem comparativa é definida como a ocorrência de indicadores de 
performance econômicos superiores à média de mercado. Atualmente um modelo 
conceitual bastante difundido é o da nova organização industrial, que por sua vez 
baseia-se no modelo conhecido como SCP (Structure-Conduct-Perfomance). 
Segundo Vasconcelos et al. 2000, a performance empresarial de cada setor é 
dependente da estratégia adotada por compradores e vendedores no que diz respeito 
à fixação de preços, níveis de cooperação e de competição, políticas de pesquisa e 
desenvolvimento, publicidade, investimento, entre outros. 
Já o comportamento da empresa é definido pela estrutura da indústria em 
questão, caracterizada pela quantidade e pelo porte dos concorrentes, compradores 
 
 
 
16 
e vendedores, pelo grau de diferenciação dos produtos, pela existência de barreiras 
de entrada de novas firmas, pelo grau de integração vertical existente, etc. 
Na teoria da vantagem comparativa, em 1817, David Ricardo destacou a 
obtenção de vantagem na importação de produtos que exigissem maior emprego de 
mão de obra. Assim, os países poderiam deslocar a mão de obra local para a 
produção de outras mercadorias que trouxessem maior rendimento e vantagens 
comparativas com outros países (GRIECO, 1999). 
Gonçalves (1998) resume a teoria das vantagens comparativas apresentando 
a proposição de que “o comércio bilateral é sempre mais vantajoso que a autarquia 
para duas economias cujas estruturas de produção não sejam similares”. Nesse 
modelo, observa-se a necessidade de distinção entre as quantidades relativas de 
trabalho para produção de duas mercadorias, como por exemplo, vinho e tecido. 
Assim, essa característica torna vantajoso o comércio exterior. 
Para Ricardo (1982, p.103), os dois países saem vitoriosos na comercialização 
de produtos, cuja vantagem comparativa é decorrente de ganhos de eficiência, 
respeitando suas características, pois: 
 É tão importante para o bem da humanidade que nossas satisfações sejam 
aumentadas pela melhor distribuição do trabalho, produzindo cada país 
aquelas mercadorias que, por sua situação, seu clima e por outras vantagens 
naturais ou artificiais, encontra-se adaptado, trocando-as por mercadorias de 
outros países (..) (Ricardo 1982, p.103). 
 
Segundo Faro (2010), a Teoria de Ricardo enfatiza a influência do 
desenvolvimento tecnológico no comércio internacional. Assim, países produtores de 
tecnologia tendem a concentrar seus esforços na venda de produtos industrializados. 
Nesse sentido, Ricardo (1982, p. 43) ressalta que “O valor de uma mercadoria, ou a 
quantidade de qualquer outra pela qual pode ser trocada, depende da quantidade 
relativa de trabalho necessário para sua produção, e não da maior ou menor 
remuneração que é paga por esse trabalho”. 
 
 
 
17 
Cada país se especializa, em alguma medida, na produção e na exportação 
dos bens que produz a custos inferiores, comparados estes em termos absolutos com 
os de seus parceiros. As trocas pelo comércio permitem que os países compartilhem 
asvantagens de menores custos de produção que cada um tem ou desenvolveu em 
um setor ou outro. 
Em bases semelhantes às de Smith, mas elaborando sobre o papel do trabalho 
como principal fonte da riqueza, Ricardo formulou a teoria das vantagens 
comparativas. Procedeu de modo especialmente rigoroso e formal, ao estabelecer 
claramente as hipóteses dessa teoria (RUFFIN, 2002; DEARDORFF, 2007). 
Esclareceu ser indispensável a mobilidade doméstica do trabalho, sendo este 
o fator de produção primordial e único, em última análise. Argumentou advir dessa 
mobilidade os ajustes necessários para que uma economia obtenha as vantagens de 
uma abertura comercial. 
Com base nesse requisito e na hipótese de equilíbrio das contas comerciais, 
demonstrou a tese de que um país, mesmo que tenha vantagens absolutas em todos 
os bens por ele produzidos, poderia ter vantagens comparativas mais em certos bens 
do que em outros em condições de livre-comércio. 
Nessas condições, seu parceiro comercial, conquanto desprovido de 
vantagens absolutas, poderia ter certas vantagens comparativas. Ricardo concluiu 
que os ganhos do comércio não dependiam apenas do intercâmbio de bens 
produzidos a menores custos, mas também do uso globalmente mais eficiente e pleno 
das capacidades produtivas disponíveis nos países. 
Para tanto, cada país deveria especializar-se nos bens em que é mais eficiente, 
em termos relativos, independentemente de haver países que sejam ainda mais 
eficientes nesses mesmos bens. Em suma, um país – mesmo sem vantagens 
absolutas – pode auferir ganhos e também proporcionar outros a seus parceiros em 
situação de livre-comércio, especializando-se de acordo com as vantagens 
comparativas. 
 
 
 
18 
A teoria de Ricardo tem o mérito de compreender o primeiro e, talvez, o mais 
simples princípio das ciências sociais com resultados não triviais. Independentemente 
de sua simplicidade, as teorias clássicas contêm uma mensagem fundamental: o 
comércio induz processos de especialização que podem tornar as economias 
mutuamente mais eficientes, com mais alto padrão de produção e de consumo. 
A chave para esses ganhos de eficiência, que podem comportar algum 
crescimento econômico temporário, reside no aumento médio da produtividade global 
dos países. O emprego do modelo ricardiano na análise dos fatos pode ser muito útil, 
embora requeira cautela. 
Diferenças absolutas de tamanho e diferenças absolutas de produtividade entre 
as economias podem limitar sua especialização com base nas vantagens do comércio 
internacional. Podem, também, minorar a intensidade dessa especialização outros 
fatores não incluídos em geral nas teorias tradicionais, como custos de transporte e 
imperfeições que dificultam a mobilidade doméstica dos fatores de produção, além 
das próprias barreiras ao comércio. 
 
TEORIAS NEOCLÁSSICAS 
 
As teorias neoclássicas do comércio demonstram que o comércio internacional 
resulta de dotações distintas dos fatores de produção entre os países. Foram 
originalmente desenvolvidas em artigos dos suecos Eli Heckscher (1919) e Bertil Ohlin 
(1924, 1933) e formalizadas de modo definitivo por Paul Samuelson (1948 e 1949) e 
Ronald Jones (1956, 1965). 
Concebidos para sistemas de duas economias, dois bens e dois fatores de 
produção, os modelos Heckscher-Ohlin foi largamente estendidos e generalizados, 
para múltiplos bens e fatores, desde Vanek (1968). As teorias neoclássicas diferemse 
das teorias clássicas na formulação das vantagens comparativas. Nas teorias 
 
 
 
19 
clássicas, tais vantagens se originam de diferenças tecnológicas ou, mais 
precisamente, de produtividade do trabalho. 
No marco das teorias neoclássicas, resultam das diferenças de dotação ou de 
abundância relativa dos fatores. Para tanto, as teorias neoclássicas deixam de 
assumir um fator de produção, como no modelo Ricardiano, e passam a assumir dois 
ou mais fatores de produção. 
 
A TEORIA DE HECKSHER-OHLIN 
 
A Teoria de Hecksher-Ohlin é um modelo neoclássico de comércio cuja mão 
de obra por si não é suficiente para obtenção de vantagens comparativas. Essa teoria 
destacava a abundância de insumos utilizados na produção como estímulo da 
especialização no comércio internacional de um país. Segundo Willianson (1989, 
p.30), “um país com oferta abundante de capital considera relativamente barato 
produzir bens cuja produção precise de muito capital e pouca mão de obra, tendo, 
portanto, uma vantagem comparativa nestes bens intensivos de capital e 
 
 
 
20 
 
Fonte: Jurado, 2013. 
No marco das teorias neoclássicas foram estabelecidos importantes teoremas 
sobre os ajustes de preços. Estes podem ser agrupados em ordem a partir do menos 
restritivo: 
A. Da insensibilidade dos preços de fatores: em uma pequena economia 
aberta, as demandas por fatores são infinitamente elásticas; 
B. Da igualdade de preços de fatores: os países que produzem o mesmo 
conjunto de produtos, com as mesmas tecnologias e com os mesmos 
preços de produtos, devem ter os mesmos preços de fatores, além de 
dispor de idênticas proporções de fatores na produção; 
C. Da convergência de preços de fatores: a eliminação das barreiras ao 
comércio entre dois países leva, mediante a equalização de preços de 
exportando - os”. 
 
 
 
 
21 
produtos, à eliminação de diferenças entre preços de fatores, ou seja, à 
chamada “equalização” de preços de fatores; e 
D. De Stolper-Samuelson: uma elevação do preço do bem intensivo em um 
determinado fator causa a elevação do preço desse fator e a redução 
do preço do outro fator. 
De acordo com as hipóteses (não extremas) em geral empregadas, os modelos 
resultam em ganhos do comércio. Esses ganhos, todavia, são invariavelmente de 
natureza estática, sem que a elevação da corrente de comércio determine a 
continuada elevação do nível de produção e da renda. 
Nessas condições, por exemplo, a redução generalizada de tarifas de 
importação de certo país ou entre países pode produzir ganhos de produção e de 
renda nos países envolvidos na importação e exportação, mas não indefinidamente. 
Uma vez esgotadas as possibilidades de eliminação de barreiras ao comércio, 
tarifárias e não tarifárias, não mais se expandiriam os ganhos de produção e de renda 
derivados do comércio internacional. 
Estes ganhos podem ser consideravelmente desiguais entre agentes e setores 
econômicos, em função da abundância relativa de fatores em cada país e de quanto 
são estes agentes e setores dependentes desses fatores. Cientes das implicações de 
desigualdade de renda, vários economistas, como Deardorff e Stein (2002), chegam 
a propor que, para auferir os seus possíveis ganhos, a liberalização comercial deveria 
ser conduzida com certo gradualismo, de modo que pudessem ser suavizados no 
tempo os ajustes consequentes. 
Entretanto, Faro (2010, p.117) destaca a existência de outras condições sócio-
naturais na comercialização de bens: 
Nem sempre os países desenvolvidos e abundantes de capital 
exportam bens intensivos em capital e importam bens intensivos 
em mão de obra. Isso porque os preços dos bens não são 
equalizados automaticamente pela própria dinâmica das trocas 
comerciais (Faro 2010, p. 117) 
 
 
 
22 
Já Krugman e Obstfeld (2001) apontam algumas considerações falsas do 
modelo de Hecksher-Ohlin. Por exemplo, no caso de dois países produzirem dois 
bens simultaneamente, a proposição de que cada país tenderá a produzir aquilo cujo 
insumo for abundante é carente de verdade, pois – segundo esses autores – exige-
se que a equalização de preços entre os países seja decorrente da adoção similar de 
fatores. 
Além desse caso, esses autores apontaram ressalva quanto ao enunciado de 
que a equalização de preços seria exercida pelo comércio entre dois países. Segundo 
Krugman e Obstfeld (2001), a convergência de preços é decorrente de barreiras 
comerciais- como por abandonam formulações tecnológicas lineares e adotam 
função de produção “marginalista”, em geral do gênero Cobb-Douglas, a qual impõe 
diferenças intersetoriais de alocação e de distribuição de renda nos países. Os 
resultados dos modelos neoclássicos de comércio derivam da convergência de 
preços de bens engendrada pela abertura comercial. 
Considerando hipoteticamente as tecnologias idênticas, os países se 
especializam nos bens mais intensivos nos fatores de que dispõem em maior 
abundância, em comparação com seus parceiros. No interior de cada país, os 
detentores dos fatores mais são mais beneficiados pela abertura comercial e pela 
especialização, implicando assim diferenças intersetoriais na distribuição dos ganhos 
do comércio. 
 
TEORIA DE HECKSHER-OHLIN- SAMUELSON 
 
Teoria de Hecksher-Ohlin- Samuelson foi desenvolvida pelo economista Paul 
Samuelson que é um corolário da Teoria de Hecksher-Ohlin. Assim, respeitadas as 
hipóteses da Teoria de Hecksher-Ohlin, Faro (2010, p.119) apresenta que “o comércio 
 
 
 
23 
de bens equaliza a remuneração dos fatores de bens”. Assim, Faro (2010, p.119) 
destaca que: 
 Se há circunstância adequada ou favorável à mobilidade 
completa dos fatores de produção entre as nações, é bastante 
razoável pensar que o fator capital humano pode migrar para 
lugares onde é clara a prática de melhores salários e, da mesma 
forma, o capital também pode buscar mercados onde é possível 
encontrar maiores retornos e menores riscos (Faro 2010, p.119). 
 
Dessa forma, observa-se que – no comércio de bens - a mobilidade dos fatores 
de produção exerce o mesmo efeito sobre as taxas de salário e a taxa de retorno do 
capital. 
 
TEOREMA DE STOLPER-SAMUELSON 
 
Nesse teorema formulado por Paul Samuelson e Wolgang Stolper, em 1941, 
são analisados os efeitos da prática comercial sobre a distribuição de renda (FARO, 
2010). A partir da premissa do pleno emprego, os autores discutem as diferenças nas 
dotações relativas dos fatores, que influenciam na determinação de diversos níveis 
de taxas de salários. 
A partir dessa análise, Faro (2010, p.120) afirma que “haverá uma 
concentração de renda em favor daqueles que são fiéis proprietários do “capital 
físico”, pois os salários apresentar-se-ão mais baixos que a taxa de retorno do capital 
nas nações onde o fator trabalho mostra-se abundante”. Como exemplo, citam-se os 
incentivos concedidos pelo governo dos Estados Unidos da América às empresas que 
demandam mão de obra não qualificada. 
Segundo Willianson (1989, p.45), as tarifas protecionistas de importação 
aumentam a renda dos trabalhadores que atuam em empresas diretamente 
 
 
 
24 
beneficiadas pelas medidas protecionistas, mesmo que a sociedade perca como um 
todo. 
 
NOVAS TEORIAS DO COMÉRCIO EXTERIOR 
 
As novas teorias do comércio se caracterizam por contemplar as chamadas 
economias de escala. Ausente das teorias convencionais, as economias de escala 
podem advir de fatores tecnológicos e de estruturas dos mercados. Tipicamente, 
esses fatores se complementam. Essenciais a essas teorias, são comuns igualmente 
às teorias de crescimento endógeno. 
Tecnologias que permitem rendimentos crescentes de escala garantem 
condições favoráveis de competição às firmas que as detêm. Em geral, verificam-se 
nos modelos dois tipos de estruturas de concorrência imperfeita: 
A. Concorrência monopolística, apoiada por preferência dos consumidores à 
variedade de produtos; 
B. Equilíbrios estratégicos de mercado, por exemplo, na forma de duopólio. 
As novas teorias do comércio foram inicialmente elaboradas, entre 1978 e 
1985, em artigos seminais de Krugman (1979, 1980), Helpman (1981), entre outros. 
Desenvolveram-se em amplo e rico corpo teórico. Sua evolução pode ser classificada 
em três gerações ou vertentes: 
a. Comércio intraindústria; 
b. Política comercial estratégica (strategic trade policy); 
c. Nova geografia econômica. 
 As novas teorias do comércio substituíram as hipóteses de concorrência 
perfeita por hipóteses alternativas de concorrência imperfeita, como base de 
funcionamento dos mercados. Assumiram economias de escala ou rendimentos 
 
 
 
25 
crescentes de escala, ao invés de rendimentos constantes. Essas novas hipóteses 
haviam sido difundidas, com sólida fundamentação microeconômica, em estudos de 
organização das indústrias, notadamente no marco do modelo de Dixit e Stiglitz 
(1977). Semelhante abordagem teórica foi inspirada, de um lado, das contribuições 
seminais de Joan Robinson e Edward H. Chamberlin, respectivamente em “The 
Economics of Imperfect Competition” e “The Theory of Monopolistic Competition”, 
ambos publicados em 1933. Do outro lado, remontam a argumentos anteriormente 
feitos por Adam Smith, Alfred Marshall e Bertil Ohlin. 
 
O COMÉRCIO INTRAINDUSTRIA 
 
As novas teorias do comércio foram motivadas pela longa expansão do 
comércio mundial em ritmo mais intenso que o produto mundial e, sobretudo, pela 
concentração dessa expansão nas trocas intraindustriais, desde as primeiras décadas 
do pós-Guerra. 
Semelhante intercâmbio se intensificou especialmente entre economias 
avançadas, caracterizando o padrão econômico Norte-Norte de relações comerciais. 
As exportações entre tais economias, que representavam 38% das exportações 
mundiais em 1953, passaram a corresponder a 76% desses fluxos em 1990. 
Ao mesmo tempo, verificou-se um aumento considerável da parcela do 
comércio intraindústria, tornando-se este o maior responsável pela expansão do 
comércio total entre esses países (OCDE, 2002). O comércio intraindústria é medido 
na literatura pelo índice desenvolvido por Grubel e Lloyd (1975). 
Este calcula a proporção da corrente de comércio que corresponde ao 
comércio intraindústria. Quanto menos concentradas as exportações e as 
importações em setores ou produtos diferentes, mais elevado é o índice. Seu nível 
máximo seria 100%, caso em que todo o comércio seria praticado entre os mesmos 
 
 
 
26 
setores produtivos ou mediante a troca equitativa de bens equivalentes, embora 
diferenciados. 
O índice eleva-se à medida que se fortalece a capacidade de o país 
indistintamente importar e exportar bens dentro de um mesmo setor. Reduz-se 
quando o país passa a concentrar a exportação em um conjunto de bens e a 
importação em outro conjunto de bens. O índice pode ser calculado para diferentes 
níveis de desagregação. 
Na prática, ao elevar-se o grau de desagregação, reduz-se o índice. Este pode 
ainda ser aplicado para toda a corrente de comércio de bens ou para seus 
subconjuntos, por exemplo, apenas para comércio de bens transformados 
industrialmente (descontados os produtos primários) ou ainda mais restritivamente 
para bens manufaturados (excluindo-se produtos primários e bens 
semimanufaturados). 
Ao restringir-se o subconjunto de bens em favor daqueles de maior valor 
agregado, tende o índice a elevar-se na prática, sobretudo entre economias 
avançadas, para o qual tem sido mais frequentemente aplicado (OCDE, 2002). 
As novas teorias do comércio assumem de modo realista que os consumidores 
dispõem de preferências por diversos produtos, ainda que pertencentes a uma mesma 
indústria. Assim, podem os países especializar-se na mesma indústria e não 
necessariamente em indústrias distintas, que requerem diferentes proporções 
relativas de fatores de produção. 
Basta para tanto que a produção transcorra com ganhos de escala, e esses 
bens sejam comercializados em concorrência imperfeita. Nessas condições, o 
comércio intrafirma passa a representar um padrão de comércio novo. São reduzidos 
os contrastes do padrão Norte-Sul de comércio, em que certos países (Norte) 
assumem a função de exportadores líquidos de bens intensivo em capital (físico e/ou 
humano), 
 
 
 
27 
 
POLÍTICA COMERCIAL ESTRATÉGICA 
 
A Política ComercialEstratégica se conforma como conjunto de 
recomendações de política que derivam das novas teorias do comércio. Confrontase 
com as propostas livre, cambistas das teorias clássica e neoclássica. Essencialmente, 
as novas teorias podem fundamentar intervenção governamental via, por exemplo, 
tarifas e outras barreiras à importação, estímulos e subsídios à exportação, à 
inovação, à pesquisa e ao desenvolvimento. 
 
Fonte: Jurado, 2013. 
Semelhantes formas de intervenção podem permitir os investimentos 
necessários para o surgimento e a consolidação de empresas em setores mais 
desenvolvidos tecnologicamente, que operam em ambiente de concorrência 
imperfeita e com possíveis rendimentos crescentes de escala. Assim, as novas teorias 
 
 
 
 
28 
também atribuem especial importância às economias de escala que podem derivar de 
investimentos internos das firmas em inovação, bem como externos às firmas nas 
áreas de educação e de capacitação científica e tecnológica. 
Trata-se, portanto, não só de uma reedição revigorada de antigos argumentos 
em favor da proteção e do estímulo à indústria nacional, mas também um golpe teórico 
nas correntes tradicionais que favorecem o automatismo do livrecambismo. Ademais, 
tal golpe se opera em bases solidamente fundamentadas na teoria econômica, 
enfraquecendo pressupostos neoclássicos que levaram a uma visão marcadamente 
estática das vantagens comparativas. 
 
NOVA GEOGRAFIA ECÔNOMICA 
 
Formulada por Fujita, Krugman e Venables (1999), a Nova Geografia 
Econômica pode ser entendida como uma extensão das novas teorias do comércio. 
Vários dos seus aspectos temáticos já estavam presentes em trabalhos que ajudaram 
a conformar a Economia da Urbanização ou Spatial Economics (von Thünen, 1783-
1850) e a Economia do Desenvolvimento. 
Os backward and forward linkages intersetoriais e intermercados eram 
enfatizados nos anos 1960, em particular nas High Development Theories de Paul 
Rosentein-Rodan (1943), Fleming (1954) e Hirschman (1958). Todavia, como discute 
Krugman (1997), esses trabalhos não chegaram a constituir teorias econômicas no 
sentido moderno. 
Eram conceitos e delineamentos, sem constituir modelos econômicos capazes 
de explicar qualitativa e quantitativamente os fenômenos em questão, como a 
localização da produção e do comércio. A Nova Geografia Econômica procura projetar 
a produção e o comércio na dimensão espacial, como sugere o termo geografia. 
Destarte, passa a prover as novas teorias do comércio de atributos adicionais para 
 
 
 
29 
aproximar potencialmente estas de uma compreensão do comércio como aspecto 
indissociável do crescimento econômico. 
A Nova Geografia Econômica se fundamenta nas mesmas hipóteses 
essenciais das novas teorias e acrescenta importantes elementos antes 
negligenciados, sobretudo pelas teorias tradicionais de comércio. Entre esses 
elementos, sobressaem: 
A. Os custos de transação no espaço, em particular custos de transporte; 
B. O tamanho das economias ou a escala dos mercados; 
C. As cadeias verticais de produção – a montante e a jusante. 
A introdução de custos de transação física corresponde a um ajuste realista 
nos modelos de comércio. Com efeito, os chamados modelos gravitacionais têm 
estimado empiricamente papel adverso dos custos de transporte na expansão do 
comércio internacional. Tal expansão tende a ocorrer comparativamente mais entre 
economias situadas próximas ou que dispõem de conexões de transporte a custos 
menores. 
 
REFERÊNCIAS 
 
CHANG, Há-Joon; GRABEL, Ilene. Reclaiming development from the 
Washington Consensus. Journal of Post Keynesian Economics, v. 27, no 2, pp. 
273-291, dez. 2004. 
 
DEARDORFF, Alan V.; STERN, Robert Stern. What the Public Should Know 
about Globalization and Trade Organization. Review of Economics, v. 10, 2002. 
 
DIAS, Reinaldo; RODRIGUES, Waldemar. Comercio exterior teoria e gestão. 
Atlas, São Paulo: 2004. 
DIXIT, A. K.; STIGLITZ, J . E. Monopolistic competition and optimum product 
diversity. American Economic Review, v. 67, no 3, pp. 297-308, 1977. 
 
FARIA, Bernardo Machado. Processo de importação por meio do porto seco de 
juiz de fora. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade de 
 
 
 
30 
Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora, 2013. Disponível em: < 
www.ufjf.br/engenhariadeproducao/files/2014/09/2012_3_Bernardo.pdf >. Acesso 
em 25 de Nov. de 2019. 
 
FARO, Ricardo. Competitividade no comércio internacional: Acesso das 
empresas brasileiras aos mercados globais. São Paulo: Atlas, 2010. 
 
FELINTO, Wellington de Almeida. Avaliação do comércio exterior do estado de 
pernambuco no período 2008-2014: concentração, perfil e estrutura. Trabalho de 
conclusão de curso (Monografia) apresentado ao Departamento de Ciências 
Contábeis e Atuariais da Faculdade de, Economia Administração e Contabilidade da 
Universidade de Brasília, 2016. Disponível em< 
http://bdm.unb.br/handle/10483/15025 >. Acesso em 25 de Nov. de 2019. 
 
GONÇALVES, Reinaldo. A nova economia internacional: uma perspectiva 
brasileira. Rio de Janeiro: Campus, 1998. 
 
GRIECO, Francisco de Assis. O comércio exterior e as crises financeiras. São 
Paulo: Aduaneiras, 1999. 
 
_______, Francisco de Assis. O Brasil e os novos rumos do comércio 
internacional. Rio de Janeiro: Biblioteca do exército, 1995. 
 
GRUBEL, H. G.; LLOYD, P. J. Intra-Industry Trade: the theory and measurement 
of international trade in differentiated products. Londres: Macmillan. 1975. 
 
HAGUENAUER, L. Competitividade: conceitos e medidas. Uma resenha da 
bibliografia recente com ênfase no caso brasileiro. Rio de Janeiro: UFRJ. IE, 1989. 
(Texto para discussão, n. 211). 
 
JURADO, Gabriela. Teorias do comercio internacional. 2013. Disponível em: < 
https://slideplayer.com.br/slide/369970/>. Acesso em 25 de Nov. de 2019. 
 
KIBRITÇIOGLU, Aykut. On the Smithian Origins of “New” Trade and Growth 
Theories. Economics Bulletin, v. 2, no 1, pp. 1-15. 2002. 
 
KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice. Economia internacional: teoria e 
política. São Paulo: Makron Books, 2001. 
 
LIMA, Manuela Gomes de; LÉLIS, Marcos Tadeu Caputi; CUNHA, André Moreira. 
Comércio internacional e competitividade do Brasil: um estudo comparativo 
utilizando a metodologia Constant Market-Share para o período 2000-2011. 
Economia e Sociedade, Campinas, v. 24, n. 2 (54), p. 419-448, ago. 2015. 
Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/1982-3533.2015v24n2art7>. Acesso em 
25 de Nov. de 2019. 
 
 
 
31 
 
LAWRENCE, Robert Z.; WEINSTEIN, David. Trade and Growth: Import-Led or 
Export-Led? Evidence from Japan and Korea. In: STIGLITZ, Joseph, YUSUF 
Shahid (Orgs.) Rethinking the East Asia Miracle. Oxford University Press, 2001, pp. 
379. 
 
MAIA, Jayme de Mariz. Economia internacional e comércio exterior. São Paulo: 
Atlas, 2001. 
 
OECD. OECD Economic Outlook, n° 71, Paris: OECD, 2002. 
 
RAMOS, Vanessa. Mercado de trabalho em comércio exterior. 27 de Outubro de 
2016. Disponível em: <http://whatsrel.com.br/post/146/>. Acesso em 25 de Nov. de 
2019. 
 
RICARDO, David. Princípios de economia política e tributação. São Paulo: Abril 
Cultural, 1982. 
 
RODRIGUEZ, Francisco; RODRIK, Dani. Trade Policy and Economic Growth: a 
Skeptic’s Guide to the cross-national evidence. In: BERNANKE, Ben; ROGOFF, 
Kenneth. NBER Macroeconomics Annual 2000. Cambridge MA: MIT Press, 2001. 
 
RODRIK, Dani. The new global economy and developing countries: making 
openness work. Washington, D.C.: Overseas Development Council, 1999. 
 
RUFFIN, Roy J. David Ricardo’s. Discovery of Comparative Advantage. History of 
Political Economy, v. 34, no 4, pp. 727-748, 2002. 
 
SARQUIS, José Buainain. Comércio internacional e crescimento econômico no 
Brasil. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2011. 248 p. Disponível em: < 
funag.gov.br/loja/download/864-comércio-internacional.pdf>. Acesso em 25 de Nov. 
de2019. 
 
SCARIOT, Taísa. DURANTE, Daniela Giareta. Comércio internacional: uma 
perspectiva profissional ao secretário executivo. Disponível em: < 
http://seer.upf.br/index.php/ser/article/view/1764 >. Acesso em 25 de Nov. de 2019. 
 
WILLIANSON, John. A economia aberta e a economia mundial: um texto de 
economia internacional. Rio de Janeiro: Campus, 1989. 
 
WINTERS, L. Alan. Trade Liberalization and Economic Performance: an 
overview. Economic Journal, v. 114, pp. 4-21, 2004. 
 
VASCONCELOS, F. C.; CYRINO, A. B. Vantagem competitiva: os modelos 
teóricos atuais e a convergência entre estratégia e teoria organizacional. RAE - 
Revista de Administração de Empresas, São Paulo, SP, 2000. 
 
 
 
32

Outros materiais