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Resenha sobre Kalecki

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ECONOMIA 
RESENHA SOBRE KALECKI
Os aspectos políticos do pleno emprego relacionados aos determinantes do consumo
CE372 A/B – MACROECONOMIA I
Docente: Prof. Roberto Alexandre Zanchetta Borghi
Alunos: Caio Henrique Melo	167939
Filipe Campos Ragassi	173575
Rachel Gomes de Castro	255317
Victor Eduardo Ribeiro Silva	245023 
CAMPINAS - SP 
Junho/ 2021 
	Michal Kalecki aborda em sua obra “Teoria da Dinâmica Econômica” muito sobre o consumo dos capitalistas e seus determinantes. Destaca, nesse tópico, que as decisões de gastos dos capitalistas são influenciadas por decisões originais tomadas no passado, e que podem ser representadas a partir de uma aproximação da função de consumo dos capitalistas: , em que é o consumo dos capitalistas em um período t, q é o coeficiente que relaciona o consumo no período t ao lucro no período , é o lucro em período anterior a t e A é uma constante de um volume de gastos em consumo no período t.
	A partir dessas definições, é possível inferir que o investimento é a variável central na determinação dos lucros e da renda, e a partir da substituição da função de consumo dos capitalistas no modelo simplificado de Kalecki, temos que , o que permite destacar a relação entre lucros e investimentos existente. Investimentos realizados em um passado próximo contarão na determinação dos lucros correntes , portanto, é possível dizer que os lucros acompanham os investimentos com um hiato temporal (representado por ), e a equação pode ser reescrita como: .
	Jorge Miglioli destaca sobre a importância do investimento como variável fundamental: “[...] o consumo dos capitalistas constitui uma variável secundária na explicação da dinâmica das economias capitalistas, ou seja, na explicação das alterações nos níveis dos lucros, dos salários e, enfim, da renda nacional. Por seu turno, o investimento se converte em variável fundamental”. Agora, entendido que investimento é a variável central, é importante destacar que a queda do investimento leva a uma redução do consumo, em virtude da ocorrência da queda do nível emprego. Kalecki aborda sobre esse aspecto em sua obra “Os aspectos políticos do pleno emprego”.
Kalecki descreve que no sistema capitalista há a relação custo-preço, a qual é encontrada refletida na equação do Produto Nacional Bruto: , relação que demonstra que os lucros caem na mesma proporção e valor que os investimentos somados ao consumo dos capitalistas, através da redução da produção e do nível do emprego.
	Kalecki destaca em sua obra os benefícios claros de uma maior produção e emprego, que não somente seria bom para os trabalhadores, mas também para o aumento dos lucros dos empresários, com uma política de pleno emprego baseada na despesa governamental financiada por empréstimos. Ainda sim, há uma oposição à manutenção do pleno emprego e contra os gastos dirigidos e os investimentos públicos, visto que podem permitir a intrusão do Estado em diversos setores da atividade econômica. “[...] a manutenção do pleno emprego causaria mudanças sociais e políticas que dariam um novo ímpeto à oposição dos líderes empresariais”, destaca Kalecki sobre a pressão popular que também poderia ser gerada.
	Em um período de depressão, ocorre uma intervenção estatal para aliviar e obter permanente pleno emprego a partir do estímulo ao investimento privado: o que pode ser feito através de uma redução da taxa de juro, do importo de renda e o subsídio direto ao investimento. Entretanto, em sua situação em que a depressão é forte, os empresários capitalistas adquirem uma visão pessimista do futuro, ou seja, qualquer dessas medidas tomadas podem não exercer, por um período longo, qualquer influência ou alteração no investimento, que também acaba sem influenciar o nível de produção e de emprego. 
Por fim, os capitalistas não possuem gosto pelo pleno emprego duradouro, visto que os trabalhadores estariam sujeitos a criarem maiores revoltas e ficarem fora de controle. Nessa situação, ocorreria o incremento dos salários e o aumento de preços, como disse Kalecki “[...] o aumento de preços na fase de prosperidade é desvantajoso para os pequenos e médios rentistas e os tornaria ‘aborrecidos’”, e impactaria diretamente na equação de consumo dos capitalistas, em virtude da menor parcela que sobraria reservada ao consumo pela alteração no valor do investimento, considerada a variável central em todo esse processo.
Referências bibliográficas
KALECKI, Michal (1954). Teoria da dinâmica econômica. São Paulo: Abril, 1983.
MIGLIOLI, Jorge (1981). Acumulação de capital e demanda efetiva. São Paulo: TAQ, 1979.
KALECKI, Michal (1977). Crescimento e ciclo das economias capitalistas. São Paulo: Editoria Hucitec, 1977.

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