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Análise textual do livro “Ética a Nicômaco”, livro VI, de Aristóteles O trabalho acadêmico consiste no resumo da obra “Ética a Nicômaco”, livro VI, de Aristóteles, abordando os principais pontos do seu discurso. Nessa perspectiva, o filósofo elenca que o homem segue uma meta orientado pela razão, esforçando-se em um estado médio (sem exageros nem faltas), em consonância com a reta razão, no qual se faz necessário às disposições da alma para definir o que sejam a justa regra e o padrão que a determina. O autor considera que alma era dividida em duas partes, uma que seria racional e a outra irracional, bem como possuía virtudes divididas em algumas do caráter e outras do intelecto. A parte irracional da alma implicava com as virtudes morais e com a busca do meio-termo, que também é definido pelo princípio da reta razão. E é a primeira parte da alma que trata de identificar qual é esta reta razão. Dessa forma, a parte racional da alma também se divide em duas partes: aquelas coisas cujos princípios primeiros são invariáveis e aquelas que são variáveis. Existem na alma três coisas que controlam a ação e a verdade: sensação, razão e desejo. Dentre eles, a sensação não é capaz de gerar ação. A afirmação e a negação correspondem no desejo na esfera da razão, tais como o desejo deliberado e o desejo deveriam ser buscar escolhas acertadas. O homem deve desejar o que é bom, sendo a escolha a origem da razão. A alma possuidora da verdade detém de cinco qualidades: a arte, o conhecimento científico, a sabedoria prática, a sabedoria filosófica e a razão intuitiva. Trata-se o conhecimento cientifico de um estado em que podemos demonstrar, aquilo em que podemos ter certeza, a ciência é passível de ser ensinada e aprendida. Na visão em que há uma diferença entre produzir e agir, a arte é idêntica a uma capacidade de produzir que envolve o reto raciocínio. Logo, toda arte visa à geração e se ocupa em inventar e em considerar as maneiras de produzir alguma coisa. O texto estabelece uma relação entre sabedoria prática e deliberação ao dizer que uma característica da sabedoria é poder decidir o que é bom e conveniente, não sob um aspecto particular, mas sim sob um sentido geral. Entretanto, ele estipula limites da sabedoria prática ao expressar que o homem não determina sobre coisas que lhe são impossíveis de fazer visto que estas são necessidades sendo, portanto, variáveis. Assim, ela não pode ser considerada nem ciência nem arte restando desse modo à alternativa de ser ela uma capacidade verdadeira e raciocinada de agir com respeito às coisas que são boas ou más para o homem. Dessa forma, torna-se evidente que a sabedoria prática é uma virtude da parte que forma opiniões porque esta se apresenta sobre a variável, assim como aquela. De acordo com o texto tanto o conhecimento científico quanto as demonstrações decorrem de primeiros princípios. Porém, o primeiro princípio de que decorre o que é cientificamente conhecido não pode ser objeto da ciência, da arte e da sabedoria prática uma vez que essas versam sobre coisas variáveis e não são passíveis de demonstração restando apenas, como alternativa, que a razão intuitiva que apreende os primeiros princípios. A sabedoria, de todas as formas do conhecimento é a mais perfeita visto que aquele que possui tal virtude possuirá a verdade a respeito dos primeiros princípios. Desse modo, sua perfeição decorre da razão intuitiva combinada com o conhecimento científico. Conforme o texto se estende, ele revela que àquele que observa bem as diversas coisas atribuímos a sabedoria prática, não sendo, portanto, somente o homem a possuir esse atributo. Junto a isso, determina a diferença entre sabedoria filosófica e sabedoria prática ao dizer que esta não procura por bens humanos, mas sim coisas notáveis e difíceis que acabam sendo improdutíveis enquanto aquela, pelo contrário, versa sobre coisas humanas que podem ser objetos de deliberação. Apesar disso, finaliza ao dizer que as duas sabedorias são necessárias e, assim sendo, devemos possuir ambas. A sabedoria política e a prática são a mesma disposição mental, mas sua essência não é a mesma. Sabedoria legislativa é a que diz respeito à cidade, a sabedoria prática que desempenha um papel controlador. A que se relaciona com os assuntos da cidade como particulares dentro do seu universal é a "sabedoria política" e se ocupa com a ação e a deliberação. A sabedoria prática também é identificada especialmente com aquela de suas formas que diz respeito ao próprio homem. São outras espécies: administração doméstica, legislação, política, deliberativa e judicial. Saber o que é bom para si é uma espécie de conhecimento. Ao homem que conhece os seus interesses, e com eles se ocupa, atribui-se sabedoria prática. Essa espécie de sabedoria diz respeito não só aos universais, mas também aos particulares, que se tornam conhecidos pela experiência. Além disso, o erro na deliberação pode versar tanto sobre o universal como sobre o particular. A sabedoria prática não se identifica com o conhecimento científico, pois ela se ocupa com o fato particular imediato. Ela opõe-se à razão intuitiva e se ocupa com o particular imediato, que é objeto não de conhecimento científico, mas de percepção. Percepção semelhante àquela pela qual sabemos que a figura particular que temos diante dos olhos é um triângulo. Mas isso é antes percepção do que sabedoria prática, embora seja uma percepção de outra espécie que não a das qualidades peculiares a cada sentido. Há uma diferença entre investigação e deliberação, pois esta última é a investigação de uma espécie particular de coisa. Devemos apreender igualmente a natureza da excelência na deliberação: se ela é uma forma de conhecimento científico, uma opinião, a habilidade de fazer conjeturas, etc. Não se trata de conhecimento científico, ao passo que a boa deliberação é uma espécie de investigação, e quem delibera investiga e calcula. Não se pode identificar a excelência na deliberação com uma opinião de qualquer espécie que seja. Conhecimento correto é coisa que não existe, assim como não existe conhecimento errado. Tudo que é objeto de opinião já se acha determinado. A excelência da deliberação envolve raciocínio. Ela, na verdade, é a correção do raciocínio. A excelência da deliberação é certamente a deliberação correta. Uma vez que existe mais de uma espécie de correção, evidentemente a excelência no deliberar não é uma espécie qualquer. O homem incontinente e o homem mau, se forem hábeis, alcançarão como resultado do seu cálculo o que propuseram a si mesmos, de forma que terão deliberado corretamente, mas o que terão alcançado é um grande mal para eles. A excelência da deliberação no sentido absoluto é aquilo que logra êxito com referência ao que é o fim no sentido absoluto, e a excelência da deliberação num sentido particular é o que logra um fim particular. Se é característico dos homens dotados de sabedoria prática o ter deliberado bem, a excelência da deliberação será a correção no que diz respeito àquilo que conduz ao fim de que a sabedoria prática é a apreensão verdadeira. A inteligência e a perspicácia, nem se identificam de todo com a opinião ou o conhecimento científico nem são elas uma das ciências particulares, como a medicina, que é a ciência da saúde, ou a geometria, que é a ciência das grandezas espaciais. Com efeito, a inteligência nem versa sobre as coisas eternas e imutáveis, nem sobre toda e qualquer coisa que vem a ser, mas apenas sobre aquelas que podem tornar- se assunto de dúvidas e deliberação. Portanto, os seus objetos são os mesmos que os da sabedoria prática. Todavia, inteligência e sabedoria prática não é a mesma coisa. Esta última emite ordens e a primeira limita-se a julgar. Ela não é nem a posse, nem a aquisição da sabedoria prática, mas, assim como o aprender é chamado entendimentoquando significa o exercício da faculdade de conhecer, o termo "entendimento" é aplicável ao exercício da faculdade de opinar com o fim de aquilatar o que outra pessoa diz sobre assuntos que constituem o objeto da sabedoria prática. E daí provém o uso do nome "inteligência", em virtude do qual se diz que os homens são "perspicazes". O que se chama discernimento é a reta discriminação do equitativo. E esse discernimento é aquele que discrimina corretamente o que é equitativo, sendo o discernimento correto aquele que julga com verdade. Quando falamos de discernimento de inteligência, de sabedoria prática e de razão intuitiva, atribuímos às mesmas pessoas a posse do discernimento, todas essas faculdades giram em torno de coisas imediatas. Eis aí por que tais disposições são consideradas como dotes naturais, e enquanto de ninguém se diz que é filósofo por natureza, a muitos se atribui um discernimento, inteligência e uma razão intuitiva inatos. Portanto, que coisas são a sabedoria prática e a sabedoria filosófica cada uma é a virtude de uma parte diferente da alma. A sabedoria prática é a disposição da mente que se ocupa com as coisas justas, nobres e boas para o homem, mas essas são as coisas cuja prática é característica de um homem bom, e não nos tornamos mais capazes de agir pelo fato de conhecê-las se as virtudes são disposições de caráter, do mesmo modo que não somos mais capazes de agir pelo fato de conhecer as coisas sãs e saudáveis não no sentido de produzirem a saúde, mas no de serem consequência dela. A virtude torna reta a escolha, mas que coisas sejam aptas por natureza a pôr em prática a nossa escolha não as aprendemos da virtude e sim de outra faculdade. Existe uma faculdade que se chama habilidade, e tal é a sua natureza que tem o poder de fazer as coisas que conduzem ao fim proposto e a alcançá-lo. De certo modo, pois, todos os homens parecem adivinhar que essa espécie de disposição, a saber, a que está de acordo com a sabedoria prática, é virtude. Nós, porém, devemos ir um pouco mais longe, pois não é apenas a disposição que concorda com a reta razão, mas a que implica a presença da reta razão, que é virtude: e a sabedoria prática é a reta razão no tocante a tais assuntos. Sócrates, por conseguinte, pensava que as virtudes fossem regras ou princípios racionais, enquanto nós pensamos que elas envolvem um princípio racional. Do que se disse fica bem claro que não é possível ser bom na acepção estrita do termo sem sabedoria prática, nem possuir tal sabedoria sem virtude moral. E desta forma podemos também refutar o argumento dialético de que as virtudes existem separadas umas das outras, e o mesmo homem não é perfeitamente dotado pela natureza para todas as virtudes, de modo que poderá adquirir uma delas sem ter ainda adquirido outra.
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