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De acordo com o edital da PM-SP/2021. Organizado por disciplinas. Questões atualizadas da VUNESP. Gabarito oficial ao final de cada disciplina. ?caderno deQUESTÕES QUESTÕES PARA 600 Noções de Direito Penal Noções de Direitos Humanos e Participação Social Legislação Especial ?caderno deQUESTÕES QUESTÕES PARA Língua Portuguesa Raciocínio Lógico Informática Noções de Direito Constitucional POLÍCIA PENAL (AGEPEN)-MG • De acordo com os principais assuntos do edital oficial SEJUSP Nº 02/2021, de 17 de agosto de 2021. • Organizado por disciplinas e assuntos. • Inclui questões gabaritadas do Instituto Selecon + questões de bancas variadas para concursos da área de Segurança Penitenciária. NV-LV027-21-600-QUESTOES-PP-MG Cód.: 7908428800871 Todos os direitos autorais dessa obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito pela editora Nova Concursos. Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. Organização Alan Firmo Carolina Gomes Karina Oliveira Diagramação Joel Ferreira dos Santos Willian Lopes Capa Joel Ferreira dos Santos Projeto Gráfico Daniela Jardim & Rene Bueno Dúvidas www.novaconcursos.com.br/contato sac@novaconcursos.com.br Obra Caderno de Questões para Polícia Penal (AGEPEN)-MG Disciplinas LÍNGUA PORTUGUESA • 214 QUESTÕES RACIOCÍNIO LÓGICO • 33 QUESTÕES INFORMÁTICA • 82 QUESTÕES NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL • 55 QUESTÕES NOÇÕES DE DIREITO PENAL • 56 QUESTÕES NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL • 34 QUESTÕES LEGISLAÇÃO ESPECIAL • 153 QUESTÕES Data da Publicação Agosto/2021 APRESENTAÇÃO O treino de questões, além de testar seus conhecimentos, é fundamental para compreender melhor o perfil da banca organizadora. Ao mesmo tempo que você revisa a teoria estudada, você pratica a metodologia da banca e cria uma rotina de estudos essencial para a sua preparação. Pensando nisso, a série Caderno de Questões da Editora Nova Concursos apresenta 600 Questões Gabaritadas para o concurso da Polícia Penal-MG, cargo de Agente Penitenciário, organizadas por disciplinas, de acordo com os principais assuntos abordados no edital SEJUSP Nº 02/2021, de 17 de agosto de 2021. Ao final do material você encontra, ainda, o gabarito oficial, para conferir e acompanhar o seu desempenho. A meta é estudar até passar! SUMÁRIO LÍNGUA PORTUGUESA ...........................................................................................07 RACIOCÍNIO LÓGICO ............................................................................................... 74 INFORMÁTICA ............................................................................................................. 78 DIREITO CONSTITUCIONAL ..................................................................................95 DIREITO PENAL .........................................................................................................104 DIREITOS HUMANOS .............................................................................................112 LEGISLAÇÃO ESPECIAL ..........................................................................................118 LÍ N G U A P O RT U G U ES A 7 LÍNGUA PORTUGUESA Æ ORTOGRAFIA 1. (SELECON – 2018) Leia o texto a seguir e responda à questão: Receita de Ano Novo Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagem [...] Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome você, meu caro, tem que merecê-lo, tem que fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre. Carlos Drummond de Andrade. In: Discurso de primavera e algumas sombras, 1978. Espontâneo escreve-se com a letra s. Deve ser escrita com s a palavra: a) e_ plicar b) e_ perto c) e_ pirou d) e_ celente Æ ACENTUAÇÃO 2. (SELECON – 2020) Ciência e epidemia, construções coletivas Vacinas, atuando por meio de agentes semelhantes ao patógeno da doença, mas incapazes de causá-Ia, geram uma memória imunológica que nos protege da doença, às vezes por toda a vida. Mais que seu efeito individual, porém, importa seu efeito comunitário. Se bem utilizadas, podem proteger até quem não se vacinou. Epidemias são fenômenos intrinsecamente sociais: con- traímos as doenças infecciosas e as transmitimos para as pessoas ao redor. E a reação do grupo determina o curso e a gravidade do surto. Se boa parte da população já tem imunidade contra deter- minada doença, é mais difícil que um indivíduo infectado con- tamine outras pessoas. Esse fenômeno, inicialmente estudado em animais, é chamado de imunidade de rebanho. Para a gripe, observa-se a proteção comunitária quando cerca de 40% da população é imune ao vírus; para o sarampo, a taxa fica por volta de 95%. Se um número suficiente de indiví- duos for vacinado de modo a atingir a imunidade de rebanho, então a população como um todo recebe proteção contra a epidemia. É nesse contexto que segue a busca por uma vacina para a Covid-19. Calcula-se que atingiremos a imunidade de rebanho quando entre 60 e 70% da população estiver imune ao vírus. Há quem estime que a taxa seja menor, dada a heterogeneidade da população. De um modo ou de outro, várias pesquisas (inclusive bra- sileiras) evidenciam que sem a vacina essas taxas não serão alcançadas no curto prazo. Para agravar a situação, pairam dúvidas sobre a imunidade a longo prazo para a doença. Essa é uma batalha que precisa ser travada com as armas da ciência. Pela primeira vez na história, o público acompanha tão de perto e com tanta expectativa a produção do conhe- cimento científico. E esse processo pode às vezes parecer caótico. A ciência é um processo de construção coletiva, tão social quanto a epidemia que ela tenta enfrentar. Esforços colossais foram canalizados para o enfrentamento da Covid-19 - só de vacinas temos 135 iniciativas, 22 delas sendo testadas em humanos (duas das quatro que estão no último estágio de ensaios em humanos estão sendo testadas no Brasil). Enquan- to assistimos ao desenrolar dessa busca, vemos o fracasso de projetos promissores e o questionamento de informações antes tidas por favas contadas. 8 Esse processo de construção do conhecimento científico costuma se estender por anos. Mas a urgência e a intensida- de da pesquisa sobre a Covid-19 têm forçado adaptações e aperfeiçoamento. A demanda do público por informação vem estimulando estudiosos a melhorar o modo de comunicar seus achados e também as discussões sobre a construção do conhecimento. É um momento único: pela primeira vez experimentamos uma pandemia de tais proporções, com os atuais níveis de conheci- mento científico e recursos de comunicação. Vamos torcer para que as pessoas, confrontadas com estu- dosde resultados conflitantes, descubram um pouco mais a respeito da formação do conhecimento científico. E, com sorte, passem a admirar a beleza e o esforço envolvido na construção da ciência. Gabriella Cybis Folha de São Paulo, 15/07/2020 1. A palavra “difícil” é acentuada pelo mesmo motivo de: a) níveis b) único c) também d) científico 3. (SELECON – 2020) Texto I Qual é a relação entre os incêndios na Austrália e o aquecimento global? Para cientistas de diversas partes do mundo, a violen- ta onda de incêndios na Austrália tem forte relação com as mudanças climáticas. Embora as florestas australianas estejam naturalmente propensas à ocorrência natural do fogo, com a vegetação rela- tivamente bem preparada para suportá-lo, a região sofreu nos últimos anos com dois dos fenômenos típicos das alterações climáticas: secas prolongadas e temperaturas cada vez mais elevadas. Dados do Escritório de Meteorologia do governo, divulga- dos nesta quarta (8) — quinta-feira (9) na Austrália —, indicam que 2019 foi o ano mais seco e o de temperaturas mais eleva- das da história. Em 18 de dezembro, o país bateu seu recorde histórico de temperatura média, chegando a 41,9ºC. No mesmo mês, todos os estados australianos tiveram temperaturas superiores aos 40ºC, incluindo a região da Tas- mânia, uma ilha que tem clima mais ameno do que o restante do país. A combinação de temperaturas cada vez mais escaldantes com as florestas progressivamente mais secas é literalmente explosiva. “As mudanças climáticas estão impressas em todas as partes deste verão ‘raivoso’ na Austrália”, avalia a climatolo- gista Nerilie Abram e pesquisadora da Universidade Nacional Australiana. A comunidade científica vem dando alertas sobre a vulne- rabilidade da Austrália aos incêndios florestais há anos. Em 2007, o relatório do IPCC (painel do clima da ONU) já falava no assunto. “E provável que um aumento no perigo de incêndio na Austrália esteja associado a um intervalo menor entre incêndios, maior intensidade do fogo, diminuição da extinção de incêndios e propagação mais rápida das chamas”, diz o texto. Por conta das características multifatoriais dos incêndios, que envolvem variáveis como a velocidade do vento, o tipo de matéria orgânica e a quantidade de chuvas de uma determina- da região, os especialistas costumam ser cautelosos ao apon- tar o dedo para uma razão específica. No hemisfério Norte, de acordo com dados de pesquisa- dores da Nasa, há evidências fortes do papel do aquecimento global em diversos eventos, incluindo os grandes fogos da Cali- fórnia e no Alasca. Além da combinação de eventos climáticos extremos, como seca prolongada e temperaturas mais altas, os cientistas identificaram ainda uma possível relação entre aquecimento global e aumento de relâmpagos, a principal causa natural de incêndios na natureza. Um artigo publicado na revista Nature, que analisou o per- fil dos fogos florestais do Alasca em 2015, descobriu que uma quantidade anormalmente alta de descargas elétricas foi gera- da com as temperaturas maiores, o que ajudou a “alimentar” as chamas. Já na Europa, chama a atenção o caso português. Após uma temporada extremamente quente e seca, em 2017, uma série de grandes incêndios deixou mais de cem mortos. Pesquisador da Universidade de Lisboa, Pedro Miranda destaca que, no caso dos incêndios em Portugal, o manejo florestal, a substituição de vegetação nativa por outras mais inflamáveis, como eucaliptos e as questões humanas também têm um papel importante. Para os cientistas, no entanto, é importante rechaçar as comparações entre os fogos da Amazônia e os da Austrália. Segundo Erika Berenguer, pesquisadora da Universida- de Oxford e da Universidade de Lancaster, grande parte da Austrália tem uma vegetação seca acostumada a regimes fre- quentes de fogo. Já na Amazônia, o fogo não é uma presença natural. “Assim como o fogo pode ocorrer de forma natural nas savanas africanas e no cerrado brasileiro, ele também pode ocorrer naturalmente na Austrália. O que está acontecendo na Austrália já estava em alguns modelos climáticos. No caso do Brasil, o fogo que vimos em 2019 foi decorrente da imensa alta do desmatamento”, diz Berenguer. Giuliana Miranda (Extraído e adaptado de: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/ 2020/01/qual-e-a-relacao-entre-os-incendios-na-australia-e-o-aqueci- mento-global.shtml) A palavra acentuada por ser uma paroxítona é: a) último b) histórico c) provável d) orgânica 4. (SELECON – 2019) O que é a síndrome do coração festeiro O nome parece indicar algo positivo. Afinal, a festa está associada ao descanso, a celebrações e inclusive à felicidade. Mas, neste caso, nada mais longe da realidade. A chamada “síndrome do coração festeiro” se refere ao aumento de pro- blemas cardiovasculares após os feriados. O termo foi cunhado em 1978 pelo pesquisador Philip Ettinger e sua equipe da CMDNJ-New Jersey Medical School (EUA) quando, depois de estudar 32 internações em hospi- tais distintos, eles perceberam que, depois de uma série de dias livres, aumentava a quantidade de pacientes que chega- vam com problemas cardiovasculares ao médico. A causa: o aumento do consumo de álcool durante as festas. “Os casos ocorriam depois das farras de fim de semana ou das festividades”, apontaram os especialistas, acrescentando que os problemas normalmente apareciam entre domingo e terça-feira (quando o aumento do consumo de álcool ocorria no fim de semana) e durante os últimos dias do ano, nas festas natalinas. Esse não foi o único trabalho sobre essa síndrome. Trinta e quatro anos depois, especialistas da Universidade de Coim- bra (Portugal) fizeram uma revisão da pesquisa de Ettinger e concluíram que, efetivamente, o consumo de álcool, longe de trazer benefícios para nossa saúde, “desempenha um papel importante no aparecimento de arritmias [um distúrbio da frequência ou do ritmo cardíaco, que pode se manifestar com sintomas como agitação no peito, aceleração dos batimentos LÍ N G U A P O RT U G U ES A 9 do coração, dor, dificuldade para respirar, tontura, sudorese e desmaios]”. O maior risco ocorre durante as festas de Natal e Ano Novo, conclui outro estudo, realizado por especialistas de diferen- tes universidades suecas e publicado este mês no The British Medical Journal. Neste caso, os pesquisadores analisaram 16 anos de registros de pacientes com problemas coronarianos e descobriram que o dia do ano em que há mais internações por problemas cardíacos relacionados ao álcool, como o infarto do miocárdio, é a véspera de Natal. Essas internações também aumentam nos dias 25 e 26 de dezembro e em 1º de janeiro, segundo a Fundação Espanhola do Coração (FEC). Depois das festas de fim de ano, as férias de verão são o segundo momento em que mais pessoas têm esse risco, diz o estudo sueco. A FEC também aponta nessa direção: “A ingestão excessiva e abrupta de bebidas alcoólicas pode provocar uma aceleração do ritmo cardíaco”. “O álcool atua como um tóxico no coração. Assim, o consu- mo de grandes quantidades dessa substância e em um perío- do curto de tempo (uma festa, por exemplo) libera adrenalina e noradrenalina, dois hormônios que provocam uma acelera- ção do ritmo cardíaco”, explicou o cardiologista e membro da FEC Miguel Ángel García-Fernández. El País (Disponível em: brasil.elpais.com/brasil/2018/12/19/cultura/ 1545230912_988865.html) A palavra “único” é acentuada pelo mesmo motivo de: a) saúde b) também c) síndrome d) concluíram 5. (SELECON – 2019) TEXTO I Onde o plástico é proibido no mundo O planeta produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico nos últimos 65 anos, e apenas 9% foram recicladas. Preocupa- ções com o meio ambiente e a poluição dos mares impulsio- nam medidas em vários países, inclusive no Brasil. À medida que o mundo lentamente desperta para a escala do problema da poluição plástica, um número crescente de países e cidades tem introduzido proibições de certospro- dutos. As medidas não apenas podem ajudar a impedir que plásticos poluam os ecossistemas marinhos, mas também enfrentam o mito de que podemos nos livrar do problema por meio da reciclagem. Além do fato de que apenas 9% das 8,3 bilhões de tonela- das de plástico produzidas entre 1950 e 2015 foram recicladas, muitos dos produtos plásticos fabricados atualmente não são realmente recicláveis. (Extraído de: https:ltwww.dw.com/pt-br/ ) Em “países”, a acentuação marca tonicidade em: a) hiato b) oxítona c) dissílabo d) proparoxítona 6. (SELECON – 2019) TEXTO I Por que a dieta pode baixar a imunidade Toda vez que começo uma dieta, mesmo com acompanha- mento nutricional, percebo que minha imunidade fica mais baixa. Será que estou restringindo alimentos importantes, e isso estaria me deixando mais suscetível a doenças? Há como emagrecer sem passar por isso? A queda na imunidade ocorre porque seu corpo não está recebendo os nutrientes de que precisa para funcionar em equilíbrio. A falta de zinco, por exemplo, enfraquece o siste- ma imune. O ideal é não adotar mudanças severas no padrão alimentar, mas modificá-lo de forma consistente ao longo do tempo. As dietas bruscas agridem o corpo e raramente trazem resultados no futuro. Uma alimentação equilibrada – que inclui deslizes ocasionais – é o único caminho para ter saúde. Se alia- da a uma atividade física regular, pode fortalecer o sistema imune. Márcio Atalla (Disponível: http://revistaepoca.globo.com/Revista/ EpocalAdaptado). A palavra “saúde” é acentuada pelo mesmo motivo de: a) juízes b) saudável c) límpido d) farmacêutico 7. (SELECON – 2019) Texto I Poluição do ar pode ser tão perigosa quanto fumar um maço de cigarro por dia Pesquisadores dos Estados Unidos concluíram que a exposição à poluição do ar pode ser equivalente a fumar uma carteira de cigarros por dia e que ela ainda pode aumentar a chance de se ter enfisema pulmonar, uma doença perigosa e sem cura. Os cientistas notaram uma maior incidência da enfermida- de em pessoas que estão expostas por muito tempo a gases poluentes, em especial ao ozônio. O enfisema é uma doença respiratória grave, que diminui a elasticidade dos pulmões e leva à destruição dos alvéolos pulmonares, provocando sin- tomas como respiração rápida, tosse ou dificuldade para respirar. Segundo o estudo, conduzido por universidades america- nas, em áreas com aumento de três partes por milhão (3 ppm) no nível de ozônio ao longo de dez anos, as pessoas têm maior chance de ter enfisema. Essa possibilidade é a mesma que tem alguém que fume uma carteira de cigarros por dia ao longo de 29 anos. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores estuda- ram 7 mil pessoas e a poluição a que elas estiveram expostas do ano 2000 até 2018. Os participantes, que foram expostos a exames de tomografia computadorizada, viviam todos em grandes regiões metropolitanas como Chicago, Baltimore, Los Angeles, Minnesota e Nova York. Os resultados foram publica- dos no periódico médico JAMA. Os cientistas acreditam que a principal causa para a maior predisposição ao enfisema é o ozônio que fica concentrado na troposfera (camada mais baixa da atmosfera). O gás é produ- zido especialmente quando a luz ultravioleta age com outros poluentes liberados por combustíveis fósseis. “Conforme as temperaturas aumentam com o aquecimen- to global, o nível de ozônio troposférico vai continuar a aumen- tar”, contou R. Graham Barr, professor de epidemiologia na Universidade Columbia. “A não ser que passos sejam toma- dos para reduzir os poluentes, ainda não é claro qual nível ou sequer se esses gases são seguros para a saúde humana.” Disponível em: revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/ A palavra “fósseis” é acentuada pelo mesmo motivo de: a) gás b) nível c) rápida d) médico 8. (SELECON – 2018) Leia o texto a seguir e responda à questão: Receita de Ano Novo Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) 10 para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagem [...] Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome você, meu caro, tem que merecê-lo, tem que fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre. Carlos Drummond de Andrade. In: Discurso de primavera e algumas sombras, 1978. Belíssimo é uma palavra proparoxítona e por isso mesmo recebe acento gráfico. É também acentuada pelo mesmo motivo a seguinte palavra: a) egoísmo b) impossível c) econômico d) confiável 9. (SELECON – 2018) Estudo de crânios serviu como base à falha ciência do racismo Médico do século XIX conquistou intelectuais ao criar jus- tificativa para uma suposta superioridade dos brancos RIO - A banana atirada no jogador Daniel Alves durante um jogo do Barcelona e as declarações racistas do dirigente de um clube de basquete americano provocaram repúdio mundial esta semana, mas as manifestações preconceituosas seriam vis- tas com naturalidade pelo médico americano Samuel George Morton. Ele angariou fama em seu país e na Europa no sécu- lo XIX disseminando a teoria de que a superioridade racial é corroborada pelo estudo dos crânios. Aqueles de estrutura mais complexa e avançada, um sinal inegável de inteligência e maior capacidade de raciocínio, seriam os de caucasianos. Seu argumento resistiu por 150 anos. Foi analisado por figu- ras como Charles Darwin, convenceu abolicionistas e só foi definitivamente desmantelado na década de 1980, embora as manifestações racistas persistam. – Ele fez amizades com as pessoas certas, aquelas que real- mente importavam – conta o historiador James Poskett, que lidera as pesquisas de Cambridge. – Morton produziu apenas 500 cópias de “Crania americana” e distribuiu para pessoas influentes como antropólogos famosos na Inglaterra e editores de revistas científicas americanas. Mesmo com a pequena tira- gem, seu trabalho foi lido em países como França, Alemanha, Rússia e Índia. Morton, então, ganhou as graças da elite intelectual do Velho Mundo. Sua obra foi assumidamente uma inspiração para autores de livros como “Crania Britannica” e “Crania Ger- manica” e ainda para os trabalhos do italiano Cesare Lom- broso, de 1876, que partia de características físicas do crânio para determinar criminosos. Até o evolucionista (e abolicionis- ta) Charles Darwin, que leu o texto de Morton, considerou-o uma “autoridade” na discussão racial, embora não tenha usa- do nada dos seus estudos nos trabalhos que fez. Muito pelo contrário. O elogio ao racismo de Morton só desabou em 1981, quando o evolucionista Stephen Jay Gould, professor da Uni- versidade de Harvard, publicou o livro “A falsa medida do homem”, demonstrando que não havia relação entre as raças e seus níveis de inteligência. Ainda assim, mesmo sem qual- quer suporte acadêmico, não faltam convictos de que brancos e negros ocupam polos opostos. E, 175 anos depois de “Crania americana”, entre bananas e o basquete, surge mais uma polê- mica que desafia a razão: a ideia, errada, de que somos todos macacos. Renato Grandelle (Adaptado de O GLOBO,03/05/2014) (https://oglobo.globo.com/ sociedade/historia/estudo-de-cranios- serviu-como-base-falha-ciencia- -do-racismo-12370323) A palavra “países” recebe acento gráfico pelo mesmo motivo de: a) inegável b) científicas c) saúde d) cópias 10. (SELECON – 2018) Ficar grudado no smartphone é antissocial ou hipersocial? Muitos estudiosos têm chamado atenção para as conse- quências do uso excessivo dos smartphones. Mas pesquisa- dores canadenses fizeram uma análise de diversos trabalhos publicados sobre o tema e concluíram que o fenômeno é sim- plesmente um reflexo do desejo profundo de se conectar com outras pessoas. Em outras palavras, eles sugerem que esse tipo de comportamento não é antissocial, e sim hipersocial. Em artigo publicado em uma revista científica, Samuel Veis- sière e Moriah Stendel, da Universidade McGill, tentam mos- trar que existe um lado positivo nessa mania das pessoas. Para eles, é preciso ter em mente que o que vicia não é o aparelho, e sim a conexão que ele proporciona. Os autores observam que os humanos evoluíram como espécies exclusivamente sociais, que precisam do retorno constante dos outros para se guiar e saber o que é cultural- mente apropriado. A interação social traz significado, objetivos e senso de identidade para as pessoas. O problema é que essa sede por conexões, que é absolu- tamente normal e até saudável, muitas vezes se transforma num comportamento insalubre – a hiperconectividade faz o sistema de recompensa no cérebro funcionar em ritmo exage- rado e surge uma compulsão que pode trazer diversas conse- quências à saúde e aos próprios relacionamentos. Eles também reforçam que é preciso fazer um esforço para não cair na cilada de se comparar com os outros, já que a realidade apresentada nas mídias sociais é distorcida. Ter isso sempre em mente é uma forma de evitar as consequên- cias negativas das tecnologias móveis. A outra dica é guardar o LÍ N G U A P O RT U G U ES A 11 aparelho durante os encontros reais – já que eles são poucos, que sejam aproveita- dos ao máximo. Jairo Bauer (https://doutorjairo.blogosfera.uol.com.br/2018/03/07/ ficar- grudado-no-smartphone-e-antissocial-ou-hipersocial/) A palavra “evoluíram” recebe acento gráfico por conter o seguinte elemento: a) hiato b) oxítona c) ditongo tônico d) paroxítona 11. (SELECON – 2018) Leia o texto a seguir e responda à questão. Satélite utiliza rede para capturar lixo espacial Desde 4 de outubro de 1957, quando a União Soviética lançou o primeiro satélite artificial para o espaço, milhares de objetos foram lançados para fora de nosso planeta. É tanta coisa colocada em órbita da Terra que as últimas estimativas indicam 7,5 mil toneladas de objetos fora de uso entulhando os arredores do planeta, colocando em risco novas missões espaciais. Muitas são as ideias para limpar essa quantidade de lixo espacial, incluindo armas a laser. Uma iniciativa da Universi- dade de Surrey, no Reino Unido, acaba de fazer, com sucesso, O primeiro teste para pôr em prática um satélite que funciona como lixeiro espacial. A 300 quilômetros de altitude, o RemoveDebris (Remo- vedor de detritos), como foi batizado, lançou uma rede para capturar um objeto do tamanho de uma caixa de sapatos que estava entre seis e oito metros a sua frente. “Funcionou exatamente como esperávamos”, disse à BBC o professor Guglielmo Aglietti, diretor do Centro Espacial de Surrey. “O alvo estava girando como você esperaria que um lixo não cooperativo se comportasse, mas você pode ver cla- ramente que a rede o captura, e estamos muito felizes com a maneira como o experimento foi feito.” É verdade que o lixo em questão tinha acabado de ser lançado pelo próprio satélite, mas foi somente o primeiro de quatro testes a serem desempenhados pelo satélite. Ainda esse ano, a ideia é que coloquem em ação um sistema de câmeras para rastrear o lixo espacial. Em seguida, será a vez de um outro sistema de captura, que utiliza um arpão, ser testado. Por fim, uma espécie de rede de arrasto, como as utilizadas por pescadores, será lançada para capturar tudo que encon- trar em seu caminho pela alta atmosfera. Depois de cumprida a missão, o satélite, que custou US 17 milhões, entrará em rota de colisão com a Terra e vai se desintegrar junto com todo o lixo conforme mergulha na atmosfera. (por Redação Galileu, em 19/09/2018) Disponível em >https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/ noti- cia/2018/09/satelite-utiliza-rede-para-capturar-lixo-espacial- veja- video.html> Acesso em 25/09/2018. Adaptado. A série em que as palavras recebem acento gráfico seguindo as mesmas regras de acentuação de satélite, espécie e entrará, respectivamente, é: a) variáveis, cafeína, também b) conteúdo, próprio, cafuné c) quilômetro, sérias, bisavô d) soviéticos, viúvo, sairá 12. (SELECON – 2017) Microscópio impulsionou descobertas Os microscópios ganharam a tecnologia básica de hoje a partir do começo do século 19. Mas, mesmo no século ante- rior, já havia microscópios com formas semelhantes. No sécu- lo 17, descobertas importantes foram feitas com esse tipo de aparelho. “Noventa por cento das descobertas em citologia, o estudo das células, foram feitas com microscópios rudimenta- res”, diz o biólogo Nelio Bizzo, especialista em ensino de bio- logia na Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo). “O microscópio é uma ferramenta indispensável para quem estuda biologia”, afirma Bizzo. “Deveria haver uma lei federal proibindo escolas de comprar computadores se não tiverem um microscópio.” Para o professor da USP, “quem vê uma foto de vírus, de bactérias, e que nunca manipulou um microscópio, não tem condição de entender como a foto foi feita”. O micros- cópio teve para a biologia o mesmo impacto que seu parente para ver mais longe, o telescópio, teve na astronomia. Graças ao telescópio foi possível enxergar novos planetas e novas luas girando em torno deles, e confirmar a hipótese de que a Terra não era o centro do universo, mas sim apenas mais um corpo celeste que girava em torno do Sol. Graças aos microscópios foi possível descobrir todo um novo mundo desconhecido da ciência: aquele dos seres vivos de dimensões muito pequenas, microscópicas, os chamados micróbios. Um dos mais notáveis pioneiros foi o holandês Antonie van Leeuwenhoek (1632- 1723), o primeiro pesquisador a observar micróbios como bac- térias e protozoários. Ele batizou esses seres de “animálculos”, pequenos ani- mais que pôde observar na água ou no interior do próprio corpo humano. Nem todos podem hoje ser chamados de “ani- mais”, mas com seus esforços Leeuwenhoek abriu toda uma área de pesquisa científica. Leeuwenhoek usava um microscó- pio de um modelo bem simples, que se constituía basicamen- te de duas placas de latão entre as quais havia apenas uma lente, com um parafuso ajustável para manter o espécime sendo observado. Apesar da simplicidade do microscópio, ele conseguiu enxergar as bactérias, pela primeira vez em 1676, com um instrumento que tinha uma ampliação de no máximo 280 vezes. Tanto telescópios como microscópios surgiram no momen- to em que se criaram as bases da ciência moderna, a chama- da Revolução Científica. Eles foram tanto causa como efeito dessa revolução. (Adaptado de: http:!lwww1.foIha.uoI.com.br/fsg/brasiI/fc15119821. htm) A palavra “indispensável” recebe acento gráfico pelo mesmo motivo de: a) vírus b) básica c) hipótese d) constituía Æ FORMAÇÃO E ESTRUTURA DAS PALAVRAS 13. (SELECON – 2017) Densidade No meio do caminho tinha uma pedra porosa. Dava para ver seus grãos. Chegando mais perto, raios finíssimos de sol atravessavam a pedra. Mais perto ainda, um turbilhão, um pequeno redemoinho (uma galáxia minúscula) se movia lá dentro, no Ieve corpo da pedra. A pedra, no meio do caminho, era permeável: se chovesse, ficava encharcada. O vento do meio-dia a deixava com sono e sede. A neblina que às vezes baixava no fim da tarde invadiaa pedra, no seu corpo as nuvens trafegavam sem pressa. Os sons passavam por ela e iam se extinguir em algum lugar des- conhecido. Na pequena galáxia dentro da pedra havia peque- nos planetas orbitando em torno de sóis de diamante. (LISBOA, A. Caligrafias. Rio de Janeiro: Rocco, 2004) Leia a frase abaixo para responder à pergunta. “Chegando mais perto, raios finíssimos de sol atravessa vam a pedra” A terminação —íssimos, em “finíssimos”, acres- centa à base do adjetivo uma informação com o valor de: 12 a) neutralidade b) contradição c) comparação d) intensidade Æ CONJUGAÇÃO, RECONHECIMENTO E EMPREGO DOS MODOS E TEMPOS VERBAIS 14. (SELECON – 2020) Publicidade de alimentos e obesidade infantil: uma reflexão necessária A epidemia de obesidade e doenças crônicas é um pro- blema que atinge, de maneira crescente, o mundo inteiro. E tornou-se consenso entre as principais organizações e pesqui- sadores em saúde pública que a regulação da publicidade de alimentos é uma das estratégias necessárias para combatê-la. As campanhas de marketing não apenas influenciam as esco- lhas alimentares na infância, mas também buscam fidelizar consumidores desde a mais tenra idade. O objeto preferencial são os alimentos ultraprocessados, feitos a partir de ingredien- tes industriais, com pouco ou nenhum produto fresco, e, geral- mente, com alta quantidade de açúcar, gordura e/ou sódio. Em 2010, a Organização Mundial da Saúde recomendou a redução da exposição das crianças à propaganda de alimentos, sobretudo aqueles com alta quantidade de açúcar, sal e gor- dura. Em 2012, a Organização Pan-Americana da Saúde apro- fundouse no tema e também apresentou recomendações de ações concretas por parte dos governos para reduzir a exposi- ção das crianças à publicidade de alimentos. Para especialistas, a autorregulamentação do setor não tem funcionado. A mais recente publicação sobre obesidade do periódi- co Lancet, divulgada em fevereiro deste ano, indica que, até o momento, as iniciativas de regulação da propaganda não foram suficientes. Desde os avanços conquistados na proteção da amamentação, com a eliminação de anúncios que apresen- tam substitutos do leite materno, poucas ações efetivas foram implementadas para frear o massivo marketing da indústria de alimentos para crianças em todo o mundo. No Brasil, apesar da proibição da publicidade abusiva (dire- cionada à criança) prevista no Código de Defesa do Consumi- dor (CDC) desde 1990, a falta de regulamentação específica para alimentos prejudica a efetivação da lei. Em 2010, a movi- mentação internacional em torno do tema motivou a elabo- ração da primeira regulação sobre publicidade de alimentos em geral, por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A regulação, no entanto, foi suspensa logo após sua publicação, devido à pressão de diversas associações da indús- tria de alimentos. A Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL) contribuiu muito para a proteção ao aleitamento materno, porém aguar- da regulamentação, desde 2006, o que compromete a fiscaliza- ção e o cumprimento da lei. Alguns avanços também precisam ser reconhecidos, como a Resolução 163/2014 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), que regulamentou a pro- paganda abusiva, descrevendo todos os casos em que o Código do Consumidor deve ser aplicado. Porém, os órgãos de fisca- lização ainda não possuem força suficiente para colocá-la em prática, também por conta da grande pressão das associações da indústria e de publicidade. Assim como na suspensão da resolução da Anvisa, esses segmentos fazem pressão contra a resolução do Conanda, alegando que esses órgãos não têm competência legal para regular a publicidade ou que as regras ferem a liberdade de expressão das empresas. Argumentos que já foram refutados por renomados juristas e contestados pelas evidências científicas na área da saúde pública. O novo Guia Alimentar para a População Brasileira, publi- cado pelo Ministério da Saúde em 2014, reconhece a influência e coloca a publicidade de alimentos como um dos obstáculos para a alimentação saudável. O guia destaca que a regulação é necessária, pois a publicidade estimula o consumo de alimen- tos ultraprocessados, induzindo a população a considerá-los mais saudáveis, com qualidade superior aos demais, e fre- quentemente associá-los à imagem de bem-estar, felicidade e sucesso. Independentemente do tipo de alimento, a propagan- da direcionada a crianças se aproveita da vulnerabilidade de indivíduos em fase de desenvolvimento para incentivar o consumo. Por isso, não deve ser permitida. Ainda temos um longo caminho pela frente para alcançar a garantia dos direitos à alimentação adequada e saudável e os direitos dos consumidores. Ana Paula Bortoletto (https://epoca.globo.com/vida/noti- cia/2015/03/publicidade-dealimentos-e-obesidade-infantil-buma-refle- xao-necessariab.html) Adaptado. “Por isso, não deve ser permitida” (7º parágrafo). O verbo subli- nhado tem a função de: a) interrogar ação b) paralisar ação presente c) indicar ação futura d) formular dúvida 15. (SELECON – 2020) A mobilidade da criança O que significa a mobilidade para os pequenos habitantes das cidades brasileiras? Para parte deles, o ir e vir está sempre relacionado ao carro. Das janelas dos automóveis, eles enxer- gam reflexos da cidade, mas não participam dela. Para a maior parcela, que se locomove a pé e de transpor- te coletivo, há insegurança, medo e a certeza de que o pedes- tre é considerado um intruso, um invasor do espaço. Além de aprender que precisa atravessar a rua correndo porque o tem- po do semáforo é insuficiente e o pedestre não é respeitado, a criança brasileira se acostuma a caminhar em calçadas muito estreitas e até em ruas sem a presença delas. As décadas de planejamento urbano focado no carro tornaram as ruas um território de guerra – o fato de que o Brasil é o quarto país do mundo em mortes no trânsito fala por si só. Pesquisadores internacionais há tempos discutem os efeitos da “imobilidade” e da violência no trânsito no desenvolvimento físico, cogniti- vo, motor e social das crianças. Exercer a independência numa cidade segura é fundamental para o crescimento saudável. Nos países em que as crianças andam de bicicleta e a pé com segurança, como na Holanda e na Dinamarca, por exemplo, os acidentes são praticamente inexistentes e a infância é um período de feliz interação na sociedade. Sobrepeso e falta de luz solar Segundo a urbanista e arqui- teta espanhola Irene Quintáns, os urbanistas usam a presen- ça de crianças no espaço público como indicador de sucesso urbano. “A ausência delas nas ruas aponta as falhas das nossas cidades”, ela diz. Moradora da capital paulista há sete anos e mãe de dois filhos, Irene acredita que privar os pequenos de caminhar não é positivo. “Uma criança que fica circunscrita à locomoção no carro tende a ficar insegura para se movimentar. Ela também tem mais dificuldade em perceber o outro. Isso se chama empatia e é muito importante para a vida em sociedade. Há ainda a questão do sedentarismo, do sobrepeso e da falta de luz solar. Crianças que caminham para a escola têm mais con- centração para desenvolver atividades complexas”. Mesmo com todas as dificuldades já citadas, é importan- te usar o transporte público, caminhar e participar da vida na cidade. Na próxima vez que levar seus filhos à escola, reflita: por que ir de carro? Que tal descobrir a cidade ao lado deles, trocando ideias sobre o que vocês veem? Assim, eles apren- dem a ser cidadãos e a viver o coletivo, enquanto exigimos que o poder público priorize a proteção das nossas crianças. (https://www.metrojornal.com.br/colunistas/2018/10/11/ mobilida- de-da-crianca.html) LÍ N G U A P O RT U G U ES A 13 No último parágrafo, a forma verbal “priorize” indica ação com valor de:a) certeza b) hesitação c) possibilidade d) inviabilidade 16. (SELECON – 2020) Texto II No terceiro quadrinho, o modo verbal empregado indica ação com valor de: a) promessa b) certeza c) suposição d) possibilidade 17. (SELECON – 2019) Leia o texto para responder às questões Liberdade Cecília Meireles Deve existir nos homens um sentimento profundo que cor- responde a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se têm levantado estátuas e monumentos, por ela se têm até morrido com alegria e felicidade. Diz-se que o homem nasceu livre, que a liberdade de cada acaba onde começa a liberdade de outrem; que onde não há liberdade não há pátria, que a morte é preferível à falta de liberdade; que renunciar à liberdade é renunciar à própria con- dição humana; que a liberdade é o maior bem do mundo; que a liberdade é o oposto à fatalidade e à escravidão; nossos bisa- vós gritavam “Liberdade, Igualdade e Fraternidade!” ; nossos avós cantaram: “Ou ficar a Pátria livre/ ou morrer pelo Brasil”; nossos pais pediam: “Liberdade! \abre as asas sobre nós”, e nós recordamos todos os dias que “o sol da liberdade em raios fúlgidos/ brilhou no céu da Pátria...” em certo instante. Somos, pois criaturas nutridas de liberdade há muito tem- po , com disposições de cantá-la, amá-la, combater e certa- mente morrer por ela. Ser livre como diria o famoso conselheiro... é não ser escra- vo; é agir segundo nossa cabeça e o nosso coração, mesmo tendo de partir esse coração e essa cabeça para encontrar um caminho... Enfim, ser livre é ser responsável, é repudiar a con- dição de autômato e de teleguiado, é proclamar o triunfo lumi- noso do espírito. (Suponho que seja isso.) Ser livre ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimen- sões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver |obrigatoriamente entre quatro paredes. Por isso, os meninos atiram pedras e soltam papagaios. A pedra inocente- mente vai até onde o sonho das crianças deseja ir (Ás vezes, é certo, quebra alguma coisa, no seu percurso...) Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora (muito de outrora!...) não acreditavam que se pudessem chegar tão simplesmente, com um fio de linha e um pouco de vento!.... Acontece, porém, que um menino, para empinar um papa- gaio, esqueceu-se da fatalidade dos fios elétricos e perdeu a vida. E os loucos que sonharam a sair de seus pavilhões, usando a fórmula do incêndio para chegarem à liberdade, morreram queimados, com o mapa da Liberdade nas mãos!... São essas coisas tristes que contornam sombriamente aquele sentimento luminoso da LIBERDADE. Para alcançá-la, estamos todos os dias expostos à morte. E os tímidos prefe- rem ficar onde estão, preferem mesmo prender melhor suas correntes e não pensar em assunto tão ingrato. Mas os sonhadores vão para a frente, soltando seus papa- gaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos, que falam de asas, de raios fúlgidos linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel... Texto extraído do livro “Escolha o seu sonho”, Editora Record Rio de Janeiro, 2002, p 07, Adaptado. Em “pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se têm levantado estátuas e monumentos” a combinação do verbo auxiliar ter com o particípio do verbo principal, nos dois exem- plos destacados, constitui um novo tempo chamado compos- to. Esta combinação denota que, no momento em que o autor escreve, essas ações verbais: a) estão concluídas b) não terminaram c) não se realizaram d) estão no início 18. (SELECON – 2019) TEXTO II O drama do degelo da Groenlândia em uma só foto Uma imagem mostra as consequências da mudança climá- tica na região, que registrou até 17 graus Celsius na semana passada, quando a temperatura máxima nesta época é de 3,2 graus. Os cientistas concordam que, embora a imagem seja sur- preendente, não é inesperada. Ainda assim, a foto, tirada em 13 de junho por Steffen M. Olsen, deu a volta ao mundo. Nela aparecem vários cães puxando um trenó no fiorde de Ingle- field Bredning, no noroeste da Groenlândia, e se vê como os animais estão caminhando sobre o gelo derretido. Embora o verão já esteja muito próximo, nesta região da Terra as tempe- raturas máximas em junho costumam ser de 3,2 graus Celsius, segundo o pesquisador espanhol Andrés Barbosa, diretor de campanhas no Àrtico. Na semana passada, a estação meteoro- lógica mais próxima do aeroporto de Qaanaaq, no noroeste da Groenlândia, registrou uma máxima de 17,3°C na quarta-feira, 12 de junho, e 15°C no dia seguinte. O cientista que fez a foto contou que os caçadores e pes- cadores locais se surpreenderam ao encontrar tanta água em cima do gelo, especialmente no princípio da temporada. Embo- ra não seja um fato isolado, nunca tinham visto tanto gelo der- retido antes de julho. Os sinais da mudança climática são cada vez mais evidentes. As temperaturas superiores à média em quase todo o oceano Ártico e Groenlândia durante o mês de maio fizeram o gelo derreter antes do habitual, resultando no menor bloco de gelo registrado em 40 anos, segundo os dados do Centro Nacional de Neve e Gelo dos EUA. As temperaturas registradas na semana passada na Groen- lândia e em grande parte do Ártico foram impulsionadas por um ar mais quente que subia do sul. “Este fato ocorre de vez em quando, mas há evidências de que está se tornando mais comum, embora seja uma área de pesquisa que evolui com muita rapidez. Além disso, à medida que a atmosfera se tornar mais calorosa haverá um maior derretimento”, afirma Ruth H. Mottram, cientista do Instituto Meteorológico Dinamarquês e colega de Steffen M. Olsen, o pesquisador que tirou a foto. O autor da popular imagem revelou no Twitter que se tratava de um “dia incomum” e que a imagem “para muitos MAGRINHA, COMO ASSIM? EU PESARIA MENOS DE UMA GRAMA POR WILLIAN RAPHAEL SILVA E DARIO MARTINS EU SERIA UMA GRAMA MAGRINHA.SE VOCÊ FOSSE UM VEGETAL, O QUE VOCÊ SERIA? 14 é mais simbólica que científica”. Os pesquisadores concordam que o alarmante não é o aumento pontual das temperaturas, e sim a tendência de alta que observam há anos. “Por causa desse aumento 63% das geleiras da Groenlândia estão em retrocesso, e já houve uma perda de 30% do gelo marinho”, diz Barbosa. Além disso, Mottram explica que, embora o degelo mari- nho não contribua imediatamente para o aumento do nível do mar, em longo prazo isso ocorre. Seus modelos de simulações climáticas preveem que o gelo marinho se derreta, com conse- quências para as populações locais e os ecossistemas do Árti- co. “Também é provável que no futuro haja uma quantidade cada vez maior de água que contribua para a elevação do nível do mar a partir da Groenlândia”, conclui. Belén Juaréz (Adaptado de: https:l/brasil.elpais.com/brasil[) No último parágrafo, o modo verbal em “contribua” assume o valor de: a) possibilidade b) imaginação c) incerteza d) desejo 19. (SELECON – 2019) Vacinas, para que as quero? Em um momento em que os menos avisados suspeitam das vacinas, as autoridades em saúde pública e imunologia apresentam dados mostrando que, na realidade, as vacinas precisam, sim, ser inoculadas com mais frequência. Esse é o teor do artigo ‘Quanto tempo duram as vacinas?’, assinado por Jon Cohen e publicado na prestigiosa revista Science em abril de 2019 Nele, Cohen indaga, entre outros assuntos, por que o efeito protetor das vacinas contra a gripe dura tão pouco (em média, depois de 90 dias, a proteção começa a cair) e em outras, como as da varíola e da febre amarela, a ação é bem mais prolongada. Alguns especialistas argumentam que certos vírus sofrem altas taxas de mutação e geram novos clones, que, por serem ligeiramente diferentes dos originais, não seriam reconhecidos pelas células do sistema imune. Mas, a coisa não é tão simples assim. Ao estudar a caxumba (que ainda afeta os humanos),por exemplo, os epidemiologistas descobriram que a recorrência da doença acontece com mais frequência em uma determina- da faixa etária (entre 18 e 29 anos de idade). Se a reinfecção dependesse apenas de mutações, todas as idades deveriam ser igualmente afetadas. Assim, o enigma perdura. No entanto, o consenso entre os imunologistas especializa- dos em vacinas é que, de fato, precisamos de mais exposição aos agentes infecciosos ou às próprias vacinas. Em outras pala- vras, no caso da gripe, teríamos que tomar doses seguidas da vacina a fim de aumentar seu efeito protetor. Em razão desses achados, os pesquisadores chegaram até a criticar a decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de recomendar que a vacina contra a febre amarela devesse ser inoculada apenas uma vez, isto é, seria uma vacina vitalícia. A necessidade da exposição constante aos agentes infec- ciosos vai de encontro à hipótese do biólogo norte-americano Jared Diamond que, em seu livro Armas, germes e aço, defende a ideia de que, ao longo da história, o sucesso dos conquista- dores se deveu, em parte, ao fato de eles serem originalmente cosmopolitas e, dessa maneira, terem adquirido resistência imunológica aos agentes infecciosos da época. Mesmo resis- tentes, seriam portadores desses agentes, o que manteria a memória imunológica. Já os conquistados, grupo formado por populações menores, sucumbiriam ao confronto por não serem capazes de se defender tanto dos invasores humanos quanto daqueles microscópicos. Embora o avanço nessa área seja promissor, o mecanis- mo que torna uma vacina mais duradoura ou não ainda segue sem resposta. Como afirma Cohen em seu artigo,”essa é uma pergunta de um milhão de dólares!” (aproximadamente, o valor do prêmio Nobel). A despeito disso, ninguém deveria duvidar do poder das vacinas Muito pelo contrário A tendência atual no tratamento de doenças crônicas, como o câncer e a artrite reumatoide, é a imunoterapia. Um dia, quem sabe, teremos vacinas contra todos esses males. Franklin Rumjanek (Disponível em: http://cienciahoie.orq.br/artiqo/ vacinaspara- que-as-guero/) No terceiro parágrafo, o emprego do modo verbal em “depen- desse” expressa a seguinte ideia: a) evento com prolongamento constante b) ação com duração no passado c) hipótese pouco provável d) probabilidade com ocorrência certa 20. (SELECON – 2019) De onde menos se espera O sucesso de atletas de elite depende de muitos fatores. Estamos acostumados a acompanhar relatos diversos que descrevem protocolos rígidos, geralmente envolvendo treina- mento árduo, alimentação controlada, descanso e, em alguns casos, a dopagem – prática proibida que consiste na injeção de compostos, como a testosterona (hormônio anabolizante), para aumentar a massa muscular dos atletas. Jamais imagina- ríamos que um dos segredos do sucesso poderia ter origem no intestino dos atletas, mais especificamente, num gênero de bactérias com o curioso nome de Veillonela atypica. Pesquisadores norte-americanos descobriram que, duran- te – e logo após – o exercício vigoroso, ocorre o crescimento agudo de populações de bactérias V. atypica nos intestinos de alguns maratonistas. A pergunta seguinte foi: qual a relação desses microrganismos com o desempenho dos atletas de eli- te? Essa pergunta foi respondida recentemente e se encontra no artigo do biólogo molecular Jonathan Scheiman e colabora- dores, publicado na revista Nature Medicine em junho último. Para explicar esse fenômeno, é preciso antes descrever rapidamente um pouco o que acontece no metabolismo. Um exercício como a maratona implica a contração muscular repetitiva durante um período relativamente longo. Para que a contração ocorra, o músculo usa a glicose como combustível. Acontece que a glicólise também produz o lactato ou ácido láctico. Quem já fez exercícios repetitivos sabe que, ao final de certo tempo, o músculo sofre fadiga, o que produz uma sen- sação bem conhecida de queimação ou dor e, nesse momento, a pessoa deve parar o exercício. Quando isso acontece, o des- conforto cessa e, após algum tempo, os músculos estão pron- tos para continuar a contrair. Para que haja recuperação da contração muscular, é importante que o lactato acumulado no músculo tenha sua concentração diminuída. Mas, qual a relação do lactato com a V. atypica? Bem, os cientistas descobriram que essas bacté- rias consomem o lactato, isto é, usam o lactato como nutriente. Assim, as bactérias contribuem para reduzir mais rapidamente a concentração do lactato nos músculos e, dessa forma, apres- sar a recuperação muscular. Isso é, decididamente, uma van- tagem para os atletas que têm a V. atypica em seu intestino. Os pesquisadores realizaram experimentos com camun- dongos para demonstrar esse efeito. Transplantaram as bacté- rias para os roedores e os testaram em uma esteira adaptada para eles. Os animais que receberam as bactérias corriam durante bem mais tempo que aqueles controles, que não as receberam. Descobriu-se também que a V. Atypica, além de consu- mir o lactato, produz propionato – composto que é produto do metabolismo do lactato. Já se mostrou em camundongos que o propionato aumenta os batimentos cardíacos e, tam- bém, o consumo máximo de oxigênio (que é importante para gerar energia na fase aeróbica do exercício). Assim, estar LÍ N G U A P O RT U G U ES A 15 contaminado com V. atypica é tudo de bom – se você for um atleta, é claro. Franklin Rumjanek Adaptado de: http://cienciahoje.org.br/ No 1º parágrafo, o emprego do tempo verbal em “imaginaría- mos” apresenta significado equivalente a: a) temos imaginado b) quisemos imaginar c) poderemos imaginar d) teríamos imaginado 21. (SELECON – 2018) Leia o texto a seguir para responder às questões: Para você estar passando adiante Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar recortando e possa estar deixando discretamente sobre a mesa de alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrível da comunicação moderna, o futuro do gerúndio. Você pode também estar passando por fax, estar mandando pelo correio ou estar enviando pela Internet. O importante é estar garantindo que a pessoa em questão vá estar recebendo esta mensagem, de modo que ela possa estar lendo e, quem sabe, consiga até mesmo estar se dando conta da maneira como tudo o que ela costuma estar falando deve estar soando nos ouvidos de quem precisa estar escutando. Sinta-se livre para estar fazendo tantas cópias quantas você vá estar achando necessárias, de modo a estar atingindo o maior número de pessoas infectadas por essa epidemia de transmissão oral. Mais do que estar repreendendo ou estar caçoando, o objetivo deste movimento é estar fazendo com que esteja cain- do a ficha nas pessoas que costumam estar falando desse jeito sem estar percebendo. Nós temos que estar nos unindo para estar mostrando a nossos interlocutores que, sim!, pode estar existindo uma maneira de estar aprendendo a estar parando de estar falando desse jeito. Até porque, caso contrário, todos nós vamos estar sendo obrigados a estar emigrando para algum lugar onde não vão estar nos obrigando a estar ouvindo frases assim o dia inteirinho. Ricardo Freire In “As Cem Melhores Crônicas Brasileiras”. Ed. Objetiva, RJ, 2009. Para o autor, o uso indevido do que ele denomina “futuro do gerúndio” propagou-se na comunicação moderna a ponto de se tornar uma: a) maneira de estar aprendendo b) garantia de enviar mensagens c) epidemia de transmissão oral d) construção de linguagem erudita 22. (SELECON – 2018) As expressões “estou dirigindo” e “estamos andando” apresentam os verbos principais da ação no gerúndio e demonstram que esta ação acontece, no momento da fala, de forma: a) hipotética b) contínua c) duvidosa d) imperativa 23. (SELECON – 2018) Leia o texto a seguir e responda às questões: Receita de Ano Novo Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da suapaz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagem [...] Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome você, meu caro, tem que merecê-lo, tem que fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre. Carlos Drummond de Andrade. In: Discurso de primavera e algumas sombras, 1978. Em “mas novo nas sementinhas do vir-a-ser”, o poeta faz refe- rência ao tempo: a) presente b) passado c) futuro d) imperfeito 24. (SELECON – 2018) “eu sei que não é fácil” Passando os verbos da frase acima para o futuro do presente do modo Indicativo, estará correta a seguinte alternativa: a) eu sabia que não seria fácil b) eu soube que não será fácil c) eu saberei que não será fácil d) eu saberia que não seria fácil 16 25. (SELECON – 2018) Leia o texto a seguir e responda à questão. Satélite utiliza rede para capturar lixo espacial Desde 4 de outubro de 1957, quando a União Soviética lançou o primeiro satélite artificial para o espaço, milhares de objetos foram lançados para fora de nosso planeta. É tanta coisa colocada em órbita da Terra que as últimas estimativas indicam 7,5 mil toneladas de objetos fora de uso entulhando os arredores do planeta, colocando em risco novas missões espaciais. Muitas são as ideias para limpar essa quantidade de lixo espacial, incluindo armas a laser. Uma iniciativa da Universi- dade de Surrey, no Reino Unido, acaba de fazer, com sucesso, O primeiro teste para pôr em prática um satélite que funciona como lixeiro espacial. A 300 quilômetros de altitude, o RemoveDebris (Remo- vedor de detritos), como foi batizado, lançou uma rede para capturar um objeto do tamanho de uma caixa de sapatos que estava entre seis e oito metros a sua frente. “Funcionou exatamente como esperávamos”, disse à BBC o professor Guglielmo Aglietti, diretor do Centro Espacial de Surrey. “O alvo estava girando como você esperaria que um lixo não cooperativo se comportasse, mas você pode ver cla- ramente que a rede o captura, e estamos muito felizes com a maneira como o experimento foi feito.” É verdade que o lixo em questão tinha acabado de ser lançado pelo próprio satélite, mas foi somente o primeiro de quatro testes a serem desempenhados pelo satélite. Ainda esse ano, a ideia é que coloquem em ação um sistema de câmeras para rastrear o lixo espacial. Em seguida, será a vez de um outro sistema de captura, que utiliza um arpão, ser testado. Por fim, uma espécie de rede de arrasto, como as utilizadas por pescadores, será lançada para capturar tudo que encon- trar em seu caminho pela alta atmosfera. Depois de cumprida a missão, o satélite, que custou US 17 milhões, entrará em rota de colisão com a Terra e vai se desintegrar junto com todo o lixo conforme mergulha na atmosfera. (por Redação Galileu, em 19/09/2018) Disponível em >https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/ Espaco/ noticia/2018/09/satelite-utiliza-rede-para-captu- rar-lixo-espacial- veja- video.html> Acesso em 25/09/2018. Adaptado. “Ainda esse ano, a ideia é que coloquem em ação um sistema de câmeras para rastrear o lixo espacial.” Admitindo-se o verbo ser, em destaque, no Futuro do Pretérito do Modo Indicativo, a frase acima está corretamente formula- da, com as devidas alterações, em: a) Ainda esse ano, a ideia foi que colocariam em ação um sis- tema de câmeras para rastrear o lixo espacial. b) Ainda esse ano, a ideia será que colocarão em ação um sis- tema de câmeras para rastrear o lixo espacial. c) Ainda esse ano, a ideia seria que colocassem em ação um sistema de câmeras para rastrear o lixo espacial. d) Ainda esse ano, a ideia era que colocaram em ação um sis- tema de câmeras para rastrear o lixo espacial. Æ PRONOMES PESSOAIS 26. (SELECON – 2019) Nascer no Cairo, ser fêmea de cupim Rubem Braga Conhece o vocábulo escardinchar? Qual o feminino de cupim? Qual o antônimo de póstumo? Como se chama o natu- ral do Cairo? O leitor que responder “não sei” a todas estas perguntas não passará provavelmente em nenhuma prova de Português de nenhum concurso oficial. Aliás, se isso pode servir de algum consolo à sua ignorância, receberá um abraço de felicitações deste modesto cronista, seu semelhante e seu irmão. Porque a verdade é que eu também não sei. Você dirá, meu caro professor de Português, que eu não deveria confes- sar isso; que é uma vergonha para mim, que vivo de escrever, não conhecer o meu instrumento de trabalho, que é a língua. Concordo. Confesso que escrevo de palpite, como outras pes- soas tocam piano de ouvido. De vez em quando um leitor culto se irrita comigo e me manda um recorte de crônica anotado, apontando erros de Português. Um deles chegou a me pas- sar um telegrama, felicitando-me porque não encontrara, na minha crônica daquele dia, um só erro de Português; acrescen- tava que eu produzira uma “página de bom vernáculo, exem- plar”. Tive vontade de responder: “Mera coincidência” - mas não o fiz para não entristecer o homem. Espero que uma velhice tranquila – no hospital ou na cadeia, com seus longos ócios - me permita um dia estudar com toda calma a nossa língua, e me penitenciar dos abusos que tenho praticado contra a sua pulcritude. (Sabem qual o superlativo de pulcro? Isto eu sei por acaso: pulquérrimo! Mas não é desanimador saber uma coisa dessas? Que me acontece- ria se eu dissesse a uma bela dama: a senhora é pulquérrima? Eu poderia me queixar se o seu marido me descesse a mão?). Alguém já me escreveu também – que eu sou um escoteiro ao contrário. “Cada dia você parece que tem de praticar a sua má ação – contra a língua”. Mas acho que isso é exagero. Como também é exagero saber o que quer dizer escardin- char. Já estou mais perto dos cinquenta que dos quarenta; vivo de meu trabalho quase sempre honrado, gozo de boa saúde e estou até gordo demais, pensando em meter um regime no organismo – e nunca soube o que fosse escardinchar. Espero que nunca, na minha vida, tenha escardinchado ninguém; se o fiz, mereço desculpas, pois nunca tive essa intenção. Vários problemas e algumas mulheres já me tiraram o sono, mas não o feminino de cupim. Morrerei sem saber isso. E o pior é que não quero saber; nego-me terminantemente a saber, e, se o senhor é um desses cavalheiros que sabem qual é o feminino de cupim, tenha a bondade de não me cumprimentar. Por que exigir essas coisas dos candidatos aos nossos car- gos públicos? Por que fazer do estudo da língua portuguesa uma série de alçapões e adivinhas, como essas histórias que uma pessoa conta para “pegar” as outras? O habitante do Cairo pode ser cairense, cairei, caireta, cairota ou cairiri - e a única utilidade de saber qual a palavra certa será para decifrar um problema de palavras cruzadas. Vocês não acham que nossos funcionários públicos já gastam uma parte excessiva do expe- diente matando palavras cruzadas da “Última Hora” ou lendo o horóscopo e as histórias em quadrinhos de “O Globo?”. No fundo, o que esse tipo de gramático deseja é tornar a língua portuguesa odiosa; não alguma coisa através da qual as pessoas se entendam, mas um instrumentode suplício e de opressão que ele, gramático, aplica sobre nós, os ignaros. Mas a mim é que não me escardincham assim, sem mais nem menos: não sou fêmea de cupim nem antônimo do póstu- mo nenhum; e sou cachoeirense, de Cachoeiro, honradamente - de Cachoeiro de Itapemirim! Texto extraído do livro “Ai de Ti, Copacabana”, Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 197. Em “Mas a mim é que não me escardincham assim” (último parágrafo), o uso dos pronomes mim e me evidenciam a 1ª pes- soa do singular. Passando-se a frase acima para a 1ª pessoa do plural, a forma correta é: a) Mas a eles é que não os escardincham assim b) Mas a nós é que não nos escardincham assim c) Mas a nós é que não se escardincham assim d) Mas a eles é que não se escardincham assim LÍ N G U A P O RT U G U ES A 17 Æ PRONOMES RELATIVOS 27. (SELECON – 2018) Leia o texto a seguir e responda à questão. Ética Adolfo Sanchez Vásquez Nas relações cotidianas dos indivíduos entre si, surgem continuamente problemas como estes: devo cumprir a pro- messa x que fiz ontem ao meu amigo y, embora hoje perceba que o cumprimento me causará certos prejuízos? Devo dizer sempre a verdade ou há ocasiões em que devo mentir? Quem, numa guerra de invasão, sabe que o seu amigo z está cola- borando com o inimigo, deve calar, por causa da amizade, ou deve denunciá-lo como traidor? Podemos considerar bom o homem que se mostra caridoso com o mendigo que bate à sua porta e, durante o dia — como patrão —, explora impie- dosamente os operários e os empregados da sua empresa? Se um indivíduo procura fazer o bem e as consequências de suas ações são prejudiciais àqueles que pretendia favorecer, por- que lhes causa mais prejuízo do que benefício, devemos julgar que age corretamente de um ponto de vista moral, quaisquer que tenham sido os efeitos de sua ação? (...) Em situações como essas que acabamos de enumerar, os indivíduos se defrontam com a necessidade de pautar o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser cumpridas. Estas normas são aceitas intimamente e reconhecidas como obrigatórias: de acordo com elas, os indivíduos compreendem que têm o dever de agir desta ou daquela maneira. Nestes casos, dizemos que o homem age moralmente e que neste seu comportamento se evidenciam vários traços característicos que o diferenciam de outras formas de conduta humana. Sobre este comportamento, que é o resultado de uma decisão refletida e, por isto, não puramente espontânea ou natural, os outros julgam, de acordo também com normas estabelecidas, e formulam juízos como os seguintes: “X agiu bem mentindo naquelas circunstâncias”; “Z devia denunciar o seu amigo traidor” etc. Dessa maneira temos, pois, de um lado, atos e formas de comportamento dos homens em face de determinados pro- blemas, que chamamos morais, e, do outro lado, juízos que aprovam ou desaprovam moralmente os mesmos atos. Mas, por sua vez, tanto os atos quanto os juízos morais pressupõem certas normas que apontam o que se deve fazer. Assim, por exemplo, o juízo: “Z devia denunciar o seu amigo traidor”, pressupõe a norma “os interesses da pátria devem ser postos acima dos da amizade”. Por conseguinte, na vida real, defron- tamo-nos com problemas práticos do tipo dos enumerados, dos quais ninguém pode eximir-se. E, para resolvê-los, os indivíduos recorrem a normas, cumprem determinados atos, formulam juízos e, às vezes, se servem de determinados argu- mentos ou razões para justificar a decisão adotada ou os pas- sos dados. Tudo isso faz parte de um tipo de comportamento efeti- vo, tanto dos indivíduos quanto dos grupos sociais e tanto de ontem quanto de hoje.(...) A este comportamento prático-moral, que já se encontra nas formas mais primitivas da comunidade, sucede posterior- mente — muitos milênios depois — a reflexão sobre ele. Os homens não só agem moralmente (isto é, enfrentam determi- nados problemas nas suas relações mútuas, tomam decisões e realizam certos atos para resolvê-los e, ao mesmo tempo, jul- gam ou avaliam de uma ou de outra maneira estas decisões e estes atos), mas também refletem sobre esse comportamento prático e o tomam como objeto da sua reflexão e do seu pen- samento. Dá-se assim a passagem do plano da prática moral para o da teoria moral; ou, em outras palavras, da moral efeti- va, vivida, para a moral reflexa. Quando se verifica essa passagem, que coincide com os inícios do pensamento filosófico, já estamos propriamente na esfera dos problemas teórico-morais ou éticos. À diferen- ça dos problemas prático-morais, os éticos são caracterizados pela sua generalidade. Se na vida real um indivíduo concreto enfrenta uma determinada situação, deverá resolver por si mesmo, com a ajuda de uma norma que reconhece e aceita intimamente, o problema de como agir de maneira que sua ação possa ser boa, isto é, moralmente valiosa. Será inútil recorrer à ética com a esperança de encontrar nela uma norma de ação para cada situação concreta. Aética poderá dizer-lhe, em geral, o que é um comportamento pau- tado por normas, ou em que consiste o fim — o bom — visado pelo comportamento moral, do qual faz parte o procedimento do indivíduo concreto ou o de todos.(...) Sem dúvida, esta investigação teórica não deixa de ter con- sequências práticas, porque, ao se definir o que é o bom, se está traçando um caminho geral, em cujo marco os homens podem orientar a sua conduta nas diversas situações particu- lares. Neste sentido, a teoria pode influir no comportamento moral-prático. (ÉTICA. VÁSQUEZ, A. S., Ética, Ed. Civilização Brasileira, R. J., 95. Adaptado) No trecho “se está traçando um caminho geral, em cujo marco os homens podem orientar”, o autor utiliza corretamente o pro- nome cujo antecedido por uma preposição. A frase encontra-se gramaticalmente correta em: a) O projeto com cujas estruturas não concordei refere-se ao meio ambiente. b) Este é o medicamento de cuja formulação estou ainda analisando. c) A receita cuja a legibilidade estava comprometida ficou sobre a mesa. d) Não posso concordar com uma pessoa em cujos métodos discordo. Æ ADVÉRBIO 28. (SELECON – 2019) De onde menos se espera O sucesso de atletas de elite depende de muitos fatores. Estamos acostumados a acompanhar relatos diversos que descrevem protocolos rígidos, geralmente envolvendo treina- mento árduo, alimentação controlada, descanso e, em alguns casos, a dopagem – prática proibida que consiste na injeção de compostos, como a testosterona (hormônio anabolizante), para aumentar a massa muscular dos atletas. Jamais imagina- ríamos que um dos segredos do sucesso poderia ter origem no intestino dos atletas, mais especificamente, num gênero de bactérias com o curioso nome de Veillonela atypica. Pesquisadores norte-americanos descobriram que, duran- te – e logo após – o exercício vigoroso, ocorre o crescimento agudo de populações de bactérias V. atypica nos intestinos de alguns maratonistas. A pergunta seguinte foi: qual a relação desses microrganismos com o desempenho dos atletas de eli- te? Essa pergunta foi respondida recentemente e se encontra no artigo do biólogo molecular Jonathan Scheiman e colabora- dores, publicado na revista Nature Medicine em junho último. Para explicar esse fenômeno, é preciso antes descrever rapidamente um pouco o que acontece no metabolismo. Um exercício como a maratona implica a contração muscular repetitiva durante um período relativamente longo. Para que a contração ocorra, o músculo usa a glicose como combustível. Acontece que a glicólise também produz o lactato ou ácido láctico. Quem já fez exercícios repetitivos sabe que, ao final de certo tempo, o músculo sofre fadiga, o que produz uma sen- sação bem conhecida de queimação ou dor e, nesse momento, a pessoa deve parar o exercício. Quando isso acontece, o des- conforto cessa e, após algum tempo, os músculos estão pron- tos para continuar a contrair. Para que haja recuperação da contraçãomuscular, é importante que o lactato acumulado no músculo tenha sua concentração diminuída. Mas, qual a relação do lactato com a V. atypica? Bem, os cientistas descobriram que essas bacté- rias consomem o lactato, isto é, usam o lactato como nutriente. Assim, as bactérias contribuem para reduzir mais rapidamente 18 a concentração do lactato nos músculos e, dessa forma, apres- sar a recuperação muscular. Isso é, decididamente, uma vanta- gem para os atletas que têm a V. atypica em seu intestino. Os pesquisadores realizaram experimentos com camun- dongos para demonstrar esse efeito. Transplantaram as bactérias para os roedores e os testaram em uma esteira adap- tada para eles. Os animais que receberam as bactérias corriam durante bem mais tempo que aqueles controles, que não as receberam. Descobriu-se também que a V. Atypica, além de consumir o lactato, produz propionato – composto que é produto do metabolismo do lactato. Já se mostrou em camundongos que o propionato aumenta os batimentos cardíacos e, também, o consumo máximo de oxigênio (que é importante para gerar energia na fase aeróbica do exercício). Assim, estar contamina- do com V. atypica é tudo de bom – se você for um atleta, é claro. Franklin Rumjanek Adaptado de: http://cienciahoje.org.br/ “O sucesso de atletas de elite depende de muitos fatores”. A pala- vra “muito” é invariável em: a) Pedro observa em sua casa muito inseto. b) Márcia adquire frequentemente muito livro. c) Júlio costuma chegar muito cedo no trabalho. d) Andréa percebe no trabalho muito regulamento. Æ PREPOSIÇÃO 29. (SELECON – 2018) Leia o texto a seguir e responda à questão: Receita de Ano Novo Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagem [...] Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome você, meu caro, tem que merecê-lo, tem que fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre. Carlos Drummond de Andrade. In: Discurso de primavera e algumas sombras, 1978. Em “Não precisa/fazer listas de boas intenções/para arquivá-las na gaveta”, a preposição para estabelece uma relação de sentido de: a) finalidade b) companhia c) condição d) instrumento 30. (SELECON – 2018) Microscópio impulsionou descobertas Os microscópios ganharam a tecnologia básica de hoje a partir do começo do século 19. Mas, mesmo no século anterior, já havia microscópios com formas semelhantes. No século 17, descobertas importantes foram feitas com esse tipo de apare- lho. “Noventa por cento das descobertas em citologia, o estudo das células, foram feitas com microscópios rudimentares”, diz o biólogo Nelio Bizzo, especialista em ensino de biologia na Facul- dade de Educação da USP (Universidade de São Paulo). “O microscópio é uma ferramenta indispensável para quem estuda biologia”, afirma Bizzo. “Deveria haver uma lei federal proibindo escolas de comprar computadores se não tiverem um microscópio.” Para o professor da USP, “quem vê uma foto de vírus, de bactérias, e que nunca manipulou um microscópio, não tem condição de entender como a foto foi feita”. O microscópio teve para a biologia o mesmo impac- to que seu parente para ver mais longe, o telescópio, teve na astronomia. Graças ao telescópio foi possível enxergar novos planetas e novas luas girando em torno deles, e confirmar a hipótese de que a Terra não era o centro do universo, mas sim apenas mais um corpo celeste que girava em torno do Sol. Graças aos microscópios foi possível descobrir todo um novo mundo desconhecido da ciência: aquele dos seres vivos de dimensões muito pequenas, microscópicas, os chamados micróbios. Um dos mais notáveis pioneiros foi o holandês Anto- nie van Leeuwenhoek (1632-1723), o primeiro pesquisador a observar micróbios como bactérias e protozoários. Ele batizou esses seres de “animálculos”, pequenos animais que pôde observar na água ou no interior do próprio corpo humano. Nem todos podem hoje ser chamados de “animais”, mas com seus esforços Leeuwenhoek abriu toda uma área de pesquisa científica. Leeuwenhoek usava um microscópio de um modelo bem simples, que se constituía basicamente de duas placas de latão entre as quais havia apenas uma lente, com um parafuso ajustável para manter o espécime sendo observado. Apesar da simplicidade do microscópio, ele conseguiu enxergar as bactérias, pela primeira vez em 1676, com um instrumento que tinha uma ampliação de no máximo 280 vezes. Tanto telescópios como microscópios surgiram no momen- to em que se criaram as bases da ciência moderna, a chamada Revolução Científica. Eles foram tanto causa como efeito dessa revolução. (Adaptado de: http:!lwww1.foIha.uoI.com.br/fsg/brasiI/ fc15119821.htm) “Para o professor da USP, “quem vê uma foto de vírus, de bacté- rias, e que nunca manipulou um microscópio, não tem condição de entender como a foto foi feita”. No trecho, a preposição “para” expressa o seguinte significado: a) conformidade b) consequência c) comparação d) finalidade LÍ N G U A P O RT U G U ES A 19 Æ CONJUNÇÃO 31. (SELECON – 2021) Texto l (Para responder à questão) Os clássicos estão morrendo? Catástrofe espiritual. Foi assim que Cornel West, um dos mais destacados intelectuais negros dos EUA, classificou a decisão da Universidade Howard, talvez a mais importante ins- tituição de ensino negra do país, de fechar seu departamento de estudos clássicos. West, que escreveu um contundente artigo de opinião para o Washington Post, afirma que a noção de crimes do Ociden- te se tornou tão central na cultura americana que ficou difícil reconhecer as coisas boas que o Ocidente proporcionou, nota- damente os clássicos, que são clássicos justamente porque permitem uma conversação universal, abarcando pensadores de diferentes eras e povos. Diretores de Howard responderam, no New York Times. Dizem que, ao contrário de universidades brancas de elite, a instituição não tem dinheiro para tudo e teve de estabelecer prioridades. Afirmam que os alunos de Howard não ficarão sem ler Platão, Aristóteles e outros clássicos, apenas que não haverá mais um departamento exclusivo dedicado a esses pensadores. Os clássicos estão morrendo? Morrer, eles não morrerão. Haverá sempre, nas universidades e fora delas, uma legião de estudiosos que garantirão que nosso conhecimento sobre esses autores não só não regredirá como avançará. Eu receio, porém, que o chamado cânon ocidental será cada vez mais objeto de estudo de especialistas e menos um corpo de refe- rências que todos os cidadãos educados reconheçam. Isso é ruim, porque, assim como a concordância acerca do que são fatos é fundamental para a ciência e a democracia, um universo de noções comuns em que as pessoas possam se apoiar para dialogar, trocar ideias e identificar-se é vital para a constituição de uma sociedade. E é preferível que esse universo seja povoado por autores densos, que comportem interpretações complexas e que resistiram ao teste do tempo a que seja determinado pelos modismos simplificadores
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