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NOÇÕES GERAIS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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NOÇÕES GERAIS DE DIREITO CONSTITUCIONAL
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1. APRESENTAÇÃO DO TRABALHO
Este trabalho tem como objetivo delinear os principais conceitos necessários para que a Teoria acerca da Constituição seja estudada. Para isso, foram criados tópicos específicos que abordam, de maneira superficial, mas eficiente, as questões mais essenciais relacionadas à matéria de Direito Constitucional.
2. O CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
O conceito de Constituição é amplo. Isso ocorre porque este importante documento legislativo foi construído durante os períodos históricos, estando as concepções ligadas a ele intimamente ligadas com as formas de Estado e as evoluções ocorrentes no meio deste ao redor do mundo e ao longo do tempo. 
Segundo Motta apud Barthelèmy, a Constituição deverá ser a manifestação mais básica e essencial do titular do poder sobre como deverá ser o Estado[footnoteRef:0].Nos tempos atuais, no âmbito do Direito Constitucional, a Constituição pode ser concebida como “a norma fundamental de organização do Estado que determina a divisão dos poderes políticos, os direitos e garantias fundamentais e a ordem social e econômica”[footnoteRef:1]. Juridicamente, por tanto, a Constituição “deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências [...]”[footnoteRef:2], dentre outras funções. [0: MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Forense, 2021, p. 60] [1: PADILHA, Rodrigo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2019, p. 31] [2: MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Atlas, 2021, p. 37] 
Assim, o conceito de Constituição pode ser classificado em material, formal, moderno e valorativo. O conceito material se refere ao conjunto de normas que compõem a Constituição. Já no que tange ao conceito formal, a Constituição define-se por si mesma, correspondendo, assim, ao conjunto de normas prescritas por ela mesma. O conceito moderno de Constituição a define como lei fundamental do Estado. Por último, o conceito valorativo da Constituição define esta como conteúdo valorativo mínimo para que a Constituição seja válida[footnoteRef:3]. [3: MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Forense, 2021, p. 63] 
2.1. O CONSTITUCIONALISMO
A origem do Constitucionalismo está ligada aos movimentos de Revoluções Liberais, ocorridas tanto nos Estados Unidos da América quanto na Europa, apresentando como traços marcantes a organização do Estado e a limitação do poder estatal.
Na doutrina, a concepção do termo Constitucionalismo que se apresenta mais aceita considera este um movimento jus-político, iniciado pela burguesia europeia durante o Iluminismo, sendo, portanto, produto da ideologia liberal. Logo, este é “o movimento nascido da vontade do homem de comandar seu destino político e de participar da vida do Estado”[footnoteRef:4]. Assim, o Constitucionalismo, basicamente, tem como objetivo a limitação do poder e a imposição da supremacia da lei[footnoteRef:5]. É delineado como proposta teórica, ideológica ou metodológica de limitação dos poderes do governo nas mãos dos governados, de modo a resguardá-los do arbítrio[footnoteRef:6]. [4: MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Forense, 2021, p. 43] [5: PADILHA, Rodrigo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2019, p. 3] [6: MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Editora Atlas, 2020, p.8] 
Nesse sentido, importa ressaltar que “não há Estado sem soberania. A Constituição é a expressão da soberania do Estado. Logo, não há Estado sem Constituição”[footnoteRef:7]. [7: MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Forense, 2021, p. 167] 
2.2. AS CLASSIFICAÇÕES DA CONSTITUIÇÃO
Quanto à forma, as Constituições podem ser escritas ou não escritas. As primeiras estão ordenadas de maneira sistemática em um único documento, enquanto as segundas são encontradas em diversas fontes normativas constitucionais.
Quanto ao conteúdo, as Constituições podem ser classificadas em material ou em formal. Uma Constituição material trata especificamente sobre a divisão dos poderes políticos, distribuição de competência ou direitos fundamentais. Uma Constituição formal, por sua vez, é uma Constituição que abrange todas as normas jurídicas que têm como fonte principal o poder constituinte.
Quanto ao modo de elaboração, por sua vez, a Constituição pode ser classificada como dogmática, materializando-se em um único momento e abrangendo os conteúdos valorativos e ideológicos predominantes no momento em que fora formada, ou histórica, sendo formada após lenta evolução histórica[footnoteRef:8]. Este último modo é sempre não escrito, podendo também ser chamado de modo consuetudinário. [8: PADILHA, Rodrigo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2019, p. 35] 
Quanto à origem, a Constituição pode ser classificada como democrática, quando há forte participação popular em sua promulgação, ou outorgada, quando imposta sem o consentimento popular.
Quanto à estabilidade, uma Constituição pode ser classificada como imutável, rígida, flexível ou semirrigada.
Quanto à extensão, a Constituição pode ser entendida como sintética ou como analítica, sendo a primeira classificação referente àquelas que só trata de temas materialmente constitucionais e a segunda referente àquelas que só tratam de temas formalmente constitucionais.
2.3. O PODER CONSTITUINTE
De maneira geral, o poder constituinte configura o poder de criar a Constituição e as normas que a compõem, instituindo o ordenamento jurídico supremo do Estado[footnoteRef:9]. É “a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado”[footnoteRef:10]. [9: MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Forense, 2021, p. 163] [10: MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Atlas, 2021, p. 55] 
Um dos maiores teóricos desse elemento foi Emmanuel Sieyès, que estabelece a titularidade do poder constituinte à nação.
Pode ele ser classificado em formal ou em material, sendo o formal o poder de estabelecer uma forma específica às normas constitucionais, atribuindo a elas uma força jurídica peculiar à Constituição; enquanto, noutro lado, o poder constituinte material seria o poder de autorregulação e auto-organização do Estado, configurando a expressão da soberania estatal[footnoteRef:11]. [11: PADILHA, Rodrigo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2019, p. 53] 
A titularidade de tal poder é concentrada na vontade do povo, mas seu exercício é designado a pessoa específica, em razão de sua função. Essa diferenciação, logo, consiste em técnica de legitimação do poder constituinte, uma vez que a edição de normas constitucionais estará subordinada ao consentimento dos titulares do poder constituinte, em nome dos quais o poder constituinte é exercido[footnoteRef:12]. [12: MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Editora Atlas, 2020, p.29] 
Nesse sentido, importa ressaltar que o poder constituinte pode ser classificado em legítimo ou usurpado, sendo a primeira classificação utilizada para classificar o poder constituinte efetivamente exercido pelo povo e a segunda classifica aqueles que foram usurpados, roubados, em sede de golpe de Estado ou de Revolução.
Outra classificação importante é quanto à sua formação e a sua função. É chamado de originário o poder constituinte cuja função é elaborar a Constituição. É chamado de derivado o poder de reformar a Constituição. 
2.4. A EFICÁCIA E A APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
A eficácia nada mais é do que a aptidão, força, que a norma possui para produzir efeitos próprios. Já a aplicabilidade é a aptidão para se produzir efeitos sobre uma determinada situação, sendo, logo, a materialização da eficácia[footnoteRef:13] [13: PADILHA, Rodrigo. Direito Constitucional. Rio deJaneiro: Grupo GEN, 2019, p. 97] 
A eficácia e a aplicabilidade das normas constitucionais é uma classificação idealizada por José Afonso da Silva, um grande constitucionalista. Segundo ele, as normas constitucionais, quanto a esse critério, podem ser classificadas em normas de eficácia plena, normas de eficácia contida e normas de eficácia limitada. É a classificação tripartida das normas constitucionais.
As normas constitucionais de eficácia plena possuem aplicabilidade direta, imediata e integral, no momento em que entram em vigor a Constituição. Já as de eficácia contida, não tem aplicabilidade integral, mas sim apenas direta e imediata. Por fim, a eficácia limitada não permite que a norma produza efeitos com a entrada da Constituição em vigor; possuem, apenas, aplicabilidade mediata, dependendo de lei infraconstitucional para produzir os efeitos fins desejados[footnoteRef:14]. [14: Idem.] 
2.5 O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
O controle de constitucionalidade é uma ferramenta que produz a limitação do poder político, ensejando a ineficácia das normas constitucionais quando estas estão em desconformidade com a Carta Magna[footnoteRef:15]. Ele é, portanto, a análise aprofundada sobre a conformidade ou desconformidade de uma norma em relação à norma constitucional, comparando-as com determinados requisitos formais e materiais[footnoteRef:16]. [15: MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Editora Atlas, 2020, p.19] [16: MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Atlas, 2021, p. 812] 
 Sua existência está intimamente relacionada à superioridade hierárquica das normas constitucionais em relação às demais normas, o que implica na subordinação destas frente àquelas, visto que as normas infraconstitucionais devem ter seu fundamento de validade baseado nas normas constitucionais[footnoteRef:17]. Além disso, sua manutenção está relacionada com a própria manutenção do Estado Democrático de Direito. [17: PADILHA, Rodrigo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2019, p. 123] 
No Brasil, o controle de constitucionalidade é constituído pelas espécies de controle preventivo político e de controle preventivo judicial; sendo a primeira implantada por órgãos políticos, que permitem a análise da constitucionalidade de PEC’s e PL’s pelo próprio Poder Executivo ou Legislativo. Já o controle repressivo é implantado por órgão de natureza judicial, promovendo a declaração de inconstitucionalidade de emenda à Constituição ou lei pelo próprio Poder Judiciário. 
Quanto às modalidades de controle de inconstitucionalidade, importa ressaltar que o ordenamento jurídico pátrio ainda disponibiliza o controle difuso e o controle concentrado. O controle difuso permite a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, suscitada como objeto incidental da atividade cognitiva, por qualquer órgão judicial. Já o controle concentrado se apresenta de maneira diversa, sendo a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo a partir de via de ação direta, realizada por dois órgãos judiciais. Esta modalidade de controle é instrumentalizada através da ação direta de inconstitucionalidade, ação direta de constitucionalidade por omissão, ação direta de inconstitucionalidade interventiva e arguição de descumprimento de preceito fundamental, além da ação direta de inconstitucionalidade e ação direta de inconstitucionalidade interventiva nos âmbitos estaduais ou distritais[footnoteRef:18]. [18: MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Editora Atlas, 2020, p.652] 
3. DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
A organização do Estado, de maneira geral, refere-se à organização dos Poderes Políticos atribuídos aos agentes estatais, os quais são divididos de acordo com a territorialidade e a funcionalidade. 
Para entender essa primeira noção dada, importa apenas ressaltar que, para que o Estado cumpra seu dever de Administração, obviamente ele precisa se orientar com base em uma organização coerente e eficaz, haja vista seu papel de “superestrutura administrativo-organizacional que orienta e executa o cumprimento da vontade constitucionalmente manifestada”[footnoteRef:19]. [19: MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Forense, 2021, p. 494] 
O Estado pode ser estruturado de diversas formas, sendo elas: a) Estado unitário; b) Estados regionais; c) Estado autônomo; d) Estado composto (dividido em Confederação e Federação).
3.1. DO FEDERALISMO BRASILEIRO
Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 afirma que a República Federativa do Brasil é constituída pela união dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, de forma indissolúvel, instituindo, portanto, o federalismo brasileiro.
O federalismo, por sua vez, é constituído por uma coordenação entre diversas forças políticas autônomas, ligadas entre si por um poder soberano. 
Através do poder de autonomia dado às unidades federativas, é possível que estas elaborem normas internas de auto-organização, de autolegislação, autogoverno e autoadministração[footnoteRef:20]. Para que isso ocorra de maneira eficaz, entretanto, é preciso que esteja dotado de algumas características essenciais, como a descentralização política, a existência de uma Constituição rígida e de um órgão guardião desta, a presença soberana de um Estado federal e a inexistência do direito à secessão, bem como a repartição da receita interna tributária[footnoteRef:21]. [20: PADILHA, Rodrigo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2019, p. 388] [21: Idem.] 
A existência de uma Constituição soberana e de um Governo Federal implica portanto, na submissão dos entes federativos à uma autoridade superior, estando todos submetidos a regras constitucionais de organização destinadas a eles[footnoteRef:22]. [22: MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Editora Atlas, 2020, p.596] 
 3.1.1. DA REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS
Como dito anteriormente, as unidades federativas detêm certa autonomia, podendo se autoregular nas diversas esferas administrativas. Para que isso ocorra, entretanto, necessário é que uma divisão de competências seja realizada, assegurando o convívio no Estado Federal[footnoteRef:23]. [23: MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Atlas, 2021, p. 379] 
A competência, por sua vez, é uma faculdade atribuída a uma entidade, órgão ou agente, o qual faz parte do Poder Público e tem o poder de emitir decisões[footnoteRef:24]. Esta será destinada aos agentes públicos através da própria Constituição Federal, a qual estabelece as matérias próprias de cada um dos entes federativos, União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, e a partir disso poderá acentuar a centralização de poder. [24: SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 1999] 
Para que a repartição seja feita, é preciso a observância do princípio mais essencial: o princípio da predominância do interesse. Através dele, à União, caberá as matérias e questões de predominância do interesse geral (arts. 21 e 22, CF), independente de nenhuma outra classificação. Já aos Estados, serão atribuídas as matérias de interesse regional (art. 25, §1º, CF), ao passo que, aos municípios, serão atribuídas as matérias de interesse local (art. 30, CF). Por último, ao Distrito Federal, serão atribuídas as matérias de interesse local e regional (art. 32, §1º, CF)[footnoteRef:25]. [25: MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Atlas, 2021, p. 380] 
Algumas competências podem ser delegadas, nos termos do art. 22, da Constituição Federal. Além disso, algumas áreas de atuação são comuns entre as unidades, exigindo a atuação administrativa paralela (art. 23, CF). Existem, ainda, as áreas de atuação legislativas concorrentes (art. 24, CF).
3.2. DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
A organização dos poderes é algo idealizado por filósofos há muito tempo, estando ligado à crítica às discricionariedades dos monarcas e do abusode poder cometido por eles. Foi consagrada na obra O Espírito das Leis, de Montesquieu.
A separação dos poderes e a criação do ministério Público tem como objetivo evitar o arbítrio e o desrespeito aos direitos fundamentais do homem. Para que isso ocorra de maneira mais objetiva, portanto, foi definido que tais poderes deveriam estar em consonância, porém com um nível de independência e harmonia entre si, sendo atribuídos a cada um deles funções estatais e prevendo mecanismos para que pudessem exercê-las. Foram criados, também, mecanismos de controle recíprocos[footnoteRef:26]. [26: MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Atlas, 2021, p. 491] 
Uma das principais implicações relacionadas à adoção do Estado Democrático de Direito é a necessidade de se limitar o poder dos agentes públicos, evitando a discricionariedade e o abuso do poder. Importa lembrar que tal noção é advinda das revoluções liberais europeias, em especial a Revolução Francesa. A separação e organização dos poderes têm, como finalidade principal, justamente essa limitação. No Brasil, esta divisão é feita em Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Tal organização é regulada pelos arts. de 44 a 135 da Constituição Federal.
3.2.1 DO PODER LEGISLATIVO
A função do Poder Legislativo, de maneira típica, é figurar no processo legislativo, por meio do Congresso Nacional, e fazer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, patrimonial e operacional do Poder Executivo (art. 70, CF).
Ocorre que também são atribuídas funções atípicas ao Poder Legislativo, assim como também a outros poderes. Dentre eles, está administrar e julgar. Entretanto, tais funções ocorrem de maneira extremamente específica, sendo a primeira ocorrente quando o Legislativo dispõe sobre sua organização e operacionalidade interna, provimento de cargos, promoções de seus servidores. Já a função de julgar ocorrerá durante o processo e julgamento do presidente da República por crime de responsabilidade, por exemplo [footnoteRef:27]. [27: Idem.] 
	A nível federal, o Congresso Nacional corresponde ao órgão responsável pela edição de leis nesse âmbito. Sua organização se baseia no bicameralismo igualitário, uma vez que é formado pela Câmara dos Deputados (art. 48 e 51 ,CF) e pelo Senado Federal (art. 14, 46 e 52, CF), sem que haja hierarquia entre eles. São atribuições do Congresso Nacional o disposto nos art. 49, 51 e 52 da Constituição Federal. Já a âmbito estadual e à âmbito municipal, a edição de leis ocorre a partir do sistema unicameral, a partir de câmaras legislativas próprias (arts. 27, 29 e 32, CF). 
3.2.2. DO PODER EXECUTIVO E JUDICIÁRIO
Os poderes Executivo e Judiciário correspondem, respectivamente, ao Poder responsável pela administração geral e ao Poder responsável pela atividade jurisdicional. 
No Brasil, o Poder Executivo é monocrático, cumprindo a forma republicana e sistema presidencialista, estando o Presidente da República responsável por exercer a função de conduzir política e administrativamente o País. Este é eleito por voto direto e anônimo, através da vontade popular. Sua função principal corresponde à administrativa, estando ele responsável pelo exercício do cargo de Chefe de Estado e de Governo. Atipicamente, o Poder Executivo participa do processo legislativo e edita atos com força de lei, podendo, também, julgar algo, aplicando o Direito aos casos concretos nos pedidos de ordem administrativa de que lhe são feitos[footnoteRef:28]. A multiplicidade da função executiva é ilustrada através dos arts. 37 a 43, 76 a 91, 127 a 135 e 136 a 144, da Constituição da República. [28: MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Forense, 2021, p. 740] 
O Poder Judiciário, por sua vez, é um órgão estratégico no âmbito do próprio Direito e da Justiça, criado para que sejam tuteladas as eventuais lesões à própria Constituição e os atos supralegais. Tal poder é exercido por Tribunais e Juízos, sendo descrito como um conjunto de órgãos voltados ao exercício prevalecente da função jurisdicional[footnoteRef:29]. Sua estrutura é regulada através dos arts. 92 a 100 da Constituição Federal. [29: MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Editora Atlas, 2020, p.553] 
Sobre o Poder Judiciário, importa ressaltar que sua função típica, como o explicado, se concentra na atividade jurisdicional e aplicação do Direito e da norma a um caso concreto. Entretanto, atipicamente, é incubido ao Poder Judiciário a atividade administrativa e também executiva, mas estas estão, majoritariamente, concentradas na administração e execução dentro de seu próprio corpo organizacional. Sobre o assunto, acrescenta-se que cabe ao Judiciário cumprir e defender a Constituição, trabalhando como seu maior defensor e protetor, especialmente na figura do Supremo Tribunal Federal[footnoteRef:30]. [30: MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Editora Atlas, 2020, p.764] 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 04 de set de 2021
MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Editora Atlas, 2020. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788597025156/epubcfi/6/82[%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml39]!/4/10/5:42[o%20%C3%A9%2C%20na]. Acesso em 04 de set de 2021
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Editora Atlas, 2021. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597027648/cfi/6/42!/4@0:0. Acesso em 04 de set de 2021
MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Forense, 2021. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530993993/epubcfi/6/94[%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml45]!/4/22/15:9[for%2C%20ut]. Acesso em 04 de set de 2021
PADILHA, Rodrigo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2019,. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788530988319/epubcfi/6/26[%3Bvnd.vst.idref%3Dchapter02]!/4/172/5:23[UI%C3%87%2C%C3%83O]. Acesso em 30 de agosto de 2021.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 1999

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