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Unidade I - Giscard

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A verdade e mentira no sentido extramoral (Nietzsche)
Processo de metaforização
Metáfora: A representação figurativa de algo, ou seja, ela não é a coisa em si, mas é uma representação daquilo. Não vai trazer a essência da coisa, também não vai ser igual a coisa. É apenas a representação figurativa de algo.
Nietzsche trata ao longo do texto uma série de metáforas que vão constar como é que são criadas as verdades.
Nós sabemos que indivíduo ele é cerceado por fatores culturais, mas também sabemos que existem percepções diferentes que o próprio indivíduo faz a partir desses valores culturais que o rodeia. Por exemplo, nós temos o contato com a coisa em si e a partir disso iremos criar uma imagem mental dessa coisa, isso tudo vai ser rodeado desses valores, dessa percepção. Fazendo um adendo, Giscard ressalta muito em sala, existem verdade coletivas, mas as percepções de cada indivíduo são individuais. 
Então, a partir do momento em que o sujeito tem o contato com a coisa ele vai criar uma imagem mental a partir dela. Quando, por exemplo, falo em cadeira eu crio uma imagem mental para isso e quando pensamos na cadeira teremos sempre a mesma imagem. E então depois dessa imagem mental, você vai verbalizar aquilo por meio de sons e depois desses sons você vai transformar esses sons em palavras, que são os símbolos gráficos. 
Tanto a imagem mental, quanto o som, quanto as palavras nada mais são do que metáforas, são as representações figurativas de algo. Significa também trazer algo de um plano, da imagem, para outro plano, verbal. Nessas passagens de uma metáfora para outra são nada mais nada menos que as transposições arbitrárias.
Quando passamos dessas transposições arbitrárias de um plano para outro a gente vai elaborando outras maneiras de expressar isso, como, por exemplo, os conceitos que são aqueles que demonstram os sentidos que nós atribuímos a uma palavra ou a um conjunto de palavras que formam enunciados e que consequentemente esses enunciados vão formar as verdades. Essas “verdades” vão trazer a legitimação dos grupos de poder, observação feita por Foucault. Então, nós voltamos a esse círculo vicioso que leva a toda essa produção de verdades.
As metáforas são baseadas na colocação do homem no centro das coisas, antropomofização.
A esclerose/cristalização da metáfora 
Com o tempo nós esquecemos de todo esse processo, de como as transposições arbitrárias foram feitas, esquecemos que houve toda essa passagem de um plano para outro e consequentemente que isso é, na realidade, uma série de transposições arbitrárias e passamos a tomar os conceitos como a coisa em si. 
Passamos a falar de algo com tanta certeza, com tanta segurança de que uma cadeira é uma cadeira, de que um caderno é um caderno que esquecemos que tudo isso é fruto de um processo de metaforização. Isso é a esclerose ou cristalização da metáfora.
O edifício/céu conceitual
Depois de um tempo nós começamos a usar um conceito para dar base a outro, quando aprendemos algo e vamos procurar o conceito ou definição, uma série de outras palavras são utilizadas para definir aquilo e quando isso começa a acontecer a gente tá construindo, algo que seria considerado por Nietzsche, um edifício conceitual. E autor coloca da seguinte maneira, é uma pirâmide lógica, rígida formada de conceitos um sob o outro.
Existe um problema na construção desse edifício, quando estamos lidando com essas metáforas estamos lidando com algo que é movediço e que não retrata a coisa em si, traz apenas uma representação e algo. Então temos um edifício/pirâmide/céu conceitual construído sob fundações movediças. Este conceito vai embasar o princípio do comentário de Foucault.
Oposição entre a “verdade” e “mentira”
A “verdade do rebanho” e a “verdade da coisa em si”
Primeiramente, no texto de Nietzsche é possível perceber dois tipos de verdade, duas maneiras de enxergar o que é verdade, ele traz a “verdade do rebanho” em contraposição a “verdade da coisa em si”. 
A primeira é uma verdade que é trazida, principalmente, pelo o que o autor coloca como “pastor” e pelo o que Foucault coloca enquanto grupos legitimados no poder e são verdades que possuem uma finalidade, são aquelas verdades que possuem consequências, que na realidade não representam a verdade das coisas em si, representa aquilo que é aceito pelo grupo, as pessoas que constituem a maior parte do rebanho.
A “verdade da coisa em si” é uma verdade sem consequências, sem finalidade, e portanto, é ininteligível para nós, é incompreensível para o ser humano que sempre está buscando uma finalidade nos seus atos, nas suas palavras no que ele traz enquanto verdades.
A mentira é aquilo que não é considerado aceito pelo rebanho, ela iria se contrapor a essa verdade do rebanho, não estaria no campo do que seria socialmente aceito.
A vontade de verdade (Conceito Foucault + Texto de apoio: “Nietzsche e a verdade”, de Roberto Machado)
Quando passamos por todas essas considerações acabamos nos perguntando: “Por que essa verdade do rebanho? Por que o nosso grupo tem essa necessidade de haver algo que está localizado no campo do verdadeiro?” Foucault considera isso enquanto vontade de verdade, que se caracterizaria, principalmente, enquanto uma vontade de potência, pois ela consiste nessa nossa necessidade de ter um campo considerado seguro, de que algo seja tido como verdadeiro, de que exista essa distinção entre verdadeiro e falso.
A vontade de verdade teria sido iniciada na filosofia platônica, já que eles buscavam imensamente uma verdade por trás do sentido da existência. Depois também vai aparecer no cristianismo, aquela vontade de que existe um verdadeiro. E na ciência ainda vai haver um refinamento dessa vontade de verdade.
A ciência enquanto refinamento da vontade de verdade.
A ciência foi feita baseada em conceitos, baseada numa rigidez lógica, baseada em uma metodologia que surgiu no séc. XIX. Nós trazemos que tudo que a ciência traz é algo verdadeiro, é algo que faz total sentido. Porém, essa mesma ciência que se baseia em percepções humanas e em toda essa transposição arbitrária de metáforas. Então, apesar da gente estabelecer que a ciência tem toda essa rigidez metodológica essa mesma ciência é cercada por uma vontade de verdade, por uma vontade de descobrir o que é o verdadeiro, ou pela vontade de que algo seja verdadeiro, seja tido enquanto verdadeiro, para termos certeza, para termos segurança, para termos algo enquanto seguro diante dessas constantes mudanças.
O papel do intelecto enquanto “mestre da dissimulação” e o conhecimento enquanto maior mentira da história universal
O intelecto vai ter duas funções principais: a função distintiva do ser humano, o intelecto é utilizado com uma característica responsável por diferenciar os ser humano dos outros animais, porque apenas o ser humano faz essas transposições arbitrárias, o processo de metaforização para transformar da relação que ele tem com a coisa um conceito, e “mestre da dissimulação”, porque nós nos aproveitamos dessa característica para fazer todas essas mudanças; a outra função é que ele vai ser utilizado como o meio de conservação do indivíduo, a gente se continua se baseando nesse conceitos porque eles dão segurança, estabilidade. 
Foucault fala que no momento em que foi inventado o conhecimento foi o momento da maior mentira da história universal, porque esse conhecimento que nos traz tanta certeza, tanta segurança é baseado em fundações movediças.
Homem racional x Homem intuitivo
Nietzsche faz uma distinção entre os tipos de homem, o homem racional, o qual seria conceitual, seria o homem que se baseia totalmente nesses conceitos anteriormente abordados, sem se deixar levar pela particularidade de cada caso, apesar de uma cadeira ser diferente de outras cadeiras o homem racional coloca o conceito na cabeça, ignora as particularidades e capta tudo de uma maneira geral.
O homem intuitivo ele não se deixa levar pelas generalidades dos conceitos, é geralmente aquele que recorre a arte. Ele se deixa levar
pelas experiências de cada momento. Apesar de não se prender a essa rigidez conceitual, ele não aprende a partir das próprias experiências, porque ele não extrai um padrão e se baseia apenas nas particularidades. 
Por mais que ambos os homens terem características diferentes, os dois buscam controlar a vida de alguma maneira, o homem racional por meio dos seus conceitos, o homem intuitivo por meio da beleza, por meio da reprodução das particularidades. 
O papel da arte
Nietzsche diz que o papel da arte é salvar a vida das atrocidades que aparecem nela e ao falar nisso ele traz a arte enquanto refúgio, que pode até ser relacionado com o que Foucault vai trazer como espaço de liberdade. Como se essa arte fosse um espaço de liberdade para que o homem não se deixe prender por esses conceitos, mas que ele se deixe levar pelas particularidades das coisas.
A atividade criativa vai ter uma função precípua que é mascarar os horrores, atrocidades da realidade, porque a realidade é difícil de suportar e arte é um meio de tentar sair desse mundo de conceituações e generalidades para entrar no mundo das particularidades e das experiências.
A ordem do discurso (Foucault)
A verdade para Foucault
A verdade seria o discurso que é legitimado pelas instituições de poder, o discurso que foi validado por grupos de poder, esse discurso está de acordo pelos procedimentos impostos pelas instituições de poder, então, portanto ele está de acordo com os interesses de quem está no poder, caso contrário ele não é verdade.
A relação entre discurso e poder 
O discurso não são só palavras, ele não é inocente, ele organiza práticas ele tem pretensões. O discurso é objeto de desejo, ele não é só aquilo que traduz a luta, mas aquilo por que e para que se luta. É por isso que vigora e é considerado verdade os discursos dos grupos que estão no poder. 
Ao longo da história quando havia alguma revolução e alternava o grupo que estava no poder, junto com esses grupos os discursos também mudavam.
O discurso do louco
O discurso que não legitimado pelos grupos de poder, que não se adequou aos procedimentos, para Nietzsche, é a mentira, para Foucault é o discurso do louco.
Vontade de verdade e o campo “do verdadeiro”
A vontade de verdade é um conceito definido pelo Foucault, é uma ânsia, como o próprio nome diz é uma vontade para saber a verdade por trás de todas as coisas. O autor diz que o homem quer encarar o mundo como uma face legível que pode tudo decifrar, como se tudo tivesse uma causa prévia, uma origem, uma verdade. 
O campo “do verdadeiro” pode ser imaginado como se uma esfera fosse e dentro dela estão os discursos que foram legitimados, fora dela tem os discursos que não foram legitimados pelas instituições de poder. Um exemplo que Foucault traz é o Mendel, que hoje é conhecido como o pai da genética e com grandes contribuições para a botânica, mas na sua época como ele não utilizou as técnicas determinadas pelas instituições científicas, tendo assim sua descoberta fora do campo “do verdadeiro”.
Com isso é possível observar que a verdade é o discurso que foi legitimado. Na época o discurso de Mendel foi conceituado como o discurso do louco.
Procedimentos externos (exclusão)
São externos porque não se está fazendo uma referência ao conteúdo do discurso, mas de elementos externos a ele. Isso ocorre para que seja feita a manutenção da legitimação dos discursos dos grupos de poder.
Separação e rejeição ou razão x loucura
Basicamente já foi falado anteriormente, esse seria o discurso do louco, o discurso que não foi validado, o discurso que não foi legitimado pelas instituições de poder. É o discurso rejeitado, que ninguém vai ouvir. Lembrando que o discurso do louco é aquele que está além ou aquém do discurso legitimado. O discurso do louco é histórico, já que depende do contexto em que o discurso é inserido, como por exemplo, o profeta de antigamente é o louco dos dias atuais. Pode mudar com o tempo, com o contexto, com o lugar em um determinado momento o discurso vai ser muito honrado e em outro ninguém vai escutar.
Vontade de verdade 
Também já falado, é a vontade, o desejo que buscar uma verdade por trás das coisas, uma causa prévia por trás das coisas, uma origem metafísica, científica, não importa, sempre querer saber a verdade. Essa vontade sempre vai destoar os discursos que não sejam iguais a ela, discursos que não anseiem pela verdade. Foucault diz que a vontade de verdade tem um poder coercitivo sob os outros discursos, uma pressão.
Interdição 
É quando o discurso se faz proibido, é a palavra proibida. O discurso estando intimamente ligado ao poder não é qualquer um que pode falar.
Tabu do objeto
Faz referência ao assunto, não se pode falar sobre tudo o quer, existem assuntos que são tabus, como por exemplo, sexo, suicídio.
Ritual da circunstância
Não se pode falar tudo o que quer quando se quer, como por exemplo, não se pode chegar a um leito de morte falando sobre a morte, nesse momento não é cabível.
Direito privilegiado ou exclusivo do sujeito
Não é qualquer um que pode falar, algumas pessoas precisam ter o aval da instituição para poder falar.
Procedimentos internos (limitação na produção)
São chamados de internos porque se faz referência ao conteúdo do discurso em si. As instituições de poder têm medo de novos discursos, porque o novo discurso pode questionar a o discurso dessa instituição. Por isso o novo tem que ser limitado.
Princípio do comentário
Para entender o princípio do comentário é preciso entender o conceito de texto fundante ou texto primeiro, que são narrativas maiores, são ditos, permanecem ditos e ainda estão por dizer, são textos com caráter dogmático, sagrado; as pessoas acreditam que dentro desses textos há algum segredo a ser desvendado, palavras do próprio Foucault. O princípio do comentário são os comentários do texto fundante, são uma repetição do texto primeiro é dizer com outras palavras o que dizia no texto fundante, interpretações do texto.
Observação: Às vezes o comentário se torna mais importante do que o texto fundante e a partir daí Foucault diz que o texto fundante desaparece e o comentário é colocado em primeiro.
Princípio do autor
O autor para Foucault é a unidade, é o agrupamento de discursos. No entanto aos textos que autor produz é atribuída uma imagem, uma personalidade, uma identidade fixa, imutável. Sendo não considera que o autor tenha ressignificado suas ideologias, seus conceitos e etc. A individualidade do autor limita o sentido do discurso, o autor tem que ter autoridade.
Princípio da disciplina
Aqui de fato teremos a produção do novo. Até agora só abordamos repetições. Todavia esse novo é um novo cauteloso, onde a instituição fica de olho, já que a produção do novo assusta as instituições de poder, já que o novo pode questionar o discurso dos grupos de poder. Todo discurso novo tem que se adequar asa técnicas, os métodos da disciplina em que ele está inserido.
Controle de circulação
Aqui vai haver a rarefação de quem fala, a diminuição de quem fala só vai entrar na ordem do discurso aquele que atender a certas exigências e tudo isso para manter o acesso ao discurso sempre limitado.
Ritual da circunstância
É a exibição de poder em torno do discurso, são todos adereços, formação, roupa, carro, oratória, que o indivíduo possui para legitimar o seu discurso. É a exibição do poder que está em torno do discurso. Antes mesmo de falar o discurso desse individuo já é legitimado.
Sociedade do discurso
Faz referência a um discurso que tem tom de segredo, restrição. Restrito a um grupo pequeno. Como exemplo as linguagens técnicas, se médicos chegassem e começassem a falar com juristas sobre situações nos hospitais teriam momentos onde o jurista não iria compreender, já que serão utilizados jargões os quais desconhecem. Quem estiver de fora da sociedade do discurso não vai conseguir entender o que tá sendo dito. Só consegue ser significado pelos participantes do grupo. 
Doutrina
É o inverso da sociedade do discurso, é o discurso para
as massas, quanto mais difundido melhor. A massa ela entra em contato com o discurso, ela se identifica com o discurso, ela se vê no discurso ela cria um sentimento de pertença ao discurso e a partir daí ela adere a ele. É algo que une pessoas com a mesma doutrina e separa as de doutrinas diferentes. 
Apropriação social
Faz referência ao sistema de ensino, Foucault diz que todo sistema de educação é uma forma política de manter ou modificar a apropriação de um discurso. As instituições não querem que você pense diferente dela, logo elas colocam no sistema de ensino aqueles discursos os quais querem que sejam reproduzidos.
Logofilia e logofobia 
Logofilia é a aparente veneração do discurso, Foucault fala que não existe sociedade em que se ame mais ou respeite mais o discurso do que a nossa. Por trás dessa suposta veneração em cima do discurso há um temor, há um medo.
Esse medo é a logofobia, que é o medo da produção de novos discursos, já que são perigosos e podem questionar essas instituições de poder. Pode colocar me cheque os interesses dessas instituições.
Princípios de método
São formas de orientar a análise do discurso.
Princípio da inversão
O próprio nome já é bastante sugestivo, ao analisar o discurso você vai inverter a ordem, porque se enxerga um dos procedimentos, principalmente os do autor, vontade de verdade, disciplina, texto fundante, como a origem do discurso. Começar a análise pelas consequências. Como por exemplo, no lugar de começar por um texto fundante, começar pelo comentário.
Princípio da descontinuidade*
Se entende tudo como uma linearidade:
 Causa 	 Consequência
Todavia, não funciona assim, tem que se aceitar a natureza caótica, desordenada do discurso. Ele não está sob controle, essa sensação de controle, de segurança são falsas sensações de tranquilidade e de controle. O discurso tende ao caos. É enxergar um discurso como uma prática descontínua, às vezes se cruzam, às vezes se ignoram. A natureza do discurso é caótica, aleatória, repleta de rupturas, descontinuidades. 
Ao invés de ter uma causa, você tem várias causas, ao invés de uma consequência você tem várias consequências, isso é ser descontínuo.
CausaConsequência
Princípio da especificidade
Tem ligação com a vontade de verdade, perceber os interesses humanos por trás dos discursos, perceber o quanto é violento.
Princípio da materialidade ou exterioridade
É observar a materialização dos discursos e suas consequências.
Teoria das sistematicidades descontínuas
É fundamental reconhecer os discursos como práticas descontínuas. São práticas que se intrecruzam pelo caminho, que se mistura, que se rompem. Tem que analisar as mudanças que aqueles discursos acarretaram no sociedade. Não pode impor noções de estruturas homogêneas aos enunciados. 
Espaços de liberdade nas Instituições 
Como eu posso produzir novos discursos e questionar o discurso das instituições sem que o que eu fale seja considerado o discurso do louco? Através desses espaços de liberdade das instituições, podendo questionar a vontade de verdade, dando notoriedade aos discursos dos grupos não dominantes.
A história do direito na formação dos juristas (Hespanha)
A história do direito como discurso legitimador
A história do direito, normalmente, abordada no curso de direito, acaba sendo uma história utilizada pela perspectiva utilitarista de legitimar o direito estudado. 
Consenso social sobre a obrigatoriedade do direito
Estruturas de legitimação e seus vícios metodológicos
Tradição (Anacronismo)
Essa legitimação se dá pela ideia de continuidade, como se apesar das mudanças de contexto, das mudanças de locais o que ocorreu no passado continuasse existindo até agora. O passado é visto é como igual, o que teria ocorrido no passado seria igual ao que nós teríamos hoje e, portanto, seria tão bom que resistiu a toda essa prova do tempo.
Anacronismo é transposição de conceitos de uma época para outra.
Progreso (Teleologia)
A legitimação pelo se dá com se estivéssemos em uma escada evolutiva, porque ela trata nosso presente de hoje enquanto uma evolução, uma melhoria, um aperfeiçoamento do que aconteceu no passado. É como se depois da prova da história e todas as mudanças que foram ocorrendo, o que nós temos hoje é o ápice da evolução do direito. O passado não é visto enquanto igual ao presente, ele é inferior, é como se ele fosse o ponto início para o que nós temos hoje. 
	Formas de legitimação
	Passado
=
	Vicio metodológico mais recorrente
	Exemplos
	Progresso
	Estrutura embrionária
	Teleologia
	 A inconfidência mineira, enquanto prenuncio da proclamação da República.
	Tradição
	Igual
	Anacronismo
	O termo “família” 
A teleologia vai insistir em captar as coisas com a causalidade, é como se tratássemos tudo como causa e consequência. Ela vai trazer uma ideia de evolução, uma causa-consequência, um resultado.
Formalista/Neutralidade/Racionalização
No século XIX, começou a se valorizar muito o positivismo científico, uma rigidez lógica das coisas, uma rigidez conceitual das coisas. E o direito acabou sendo essa coisa que nós vemos como algo despolitizado. 
Escola Metódica x Escola dos Anales
Causalidade e linearidade; 
Valores absolutos;
Objeto: documentos produzidos pelo Estado;
A neutralidade do historiador;
Vícios metodológicos: teleologia e anacronismo
O mito da neutralidade;
Objeto: tudo que é feito pelo homem, cultura e suas produções;
Valores não absolutos;
Materialização do discurso
Historiografia jurídica x Historiografia geral
Na historiografia geral, no presente, está sendo levado em consideração a escola dos Anales, enquanto na historiografia jurídica não adotou por inteiro a postura dessa escola.
Consciência metodológica do historiador e desnaturalização das verdades na Historiografia jurídica
Incognoscibilidade do passado;
Caráter poiético do historiador;
A impossibilidade de neutralidade;
Passado e presente como tempos autônomos;
Reconhecer as rupturas e descontinuidades do discurso histórico (Foucault);
O estudo da historiografia de acordo com os contextos;
Reconhecimento da existência do pluralismo jurídico e dos poderes periféricos
O medo dos bárbaros (Todorov)
Cultura Viva
 A cultura é mutável, ela é estável, mas não é estática. Significa dizer que ela tem essa característica da estabilidade, mas ela não é parada, já que uma cultura parada, que não muda, é considerada morta.
As diversas culturas estão também em constante contato, estando essas culturas em constante contato nós percebemos que uma vai adquirir características da outra, uma vai se mesclar com a outra, podem se somar, se subtrair, podem se juntar. De maneira que essas junções e essas separações vão formando novas culturas. 
Identidade cultural x Identidade cívica
A identidade cultural vai partir da ideia dessa cultura viva e que o indivíduo está inserido das constantes modificações pelas quais ele vai passando, suas constantes filiações a determinados mundos. Vai partir de uma construção humana dessa cultura.
A identidade cívica parte mais de uma ideia do que é determinado pelo Estado, do que determinado pela lei, por exemplo para ser considerado cidadão. Na constituição diz o que é necessário para ser um cidadão brasileiro, como por exemplo ter nascido no país ou ter parente que nasceram no país. Essa identidade é necessária para que você seja considerado cidadão para algum Estado. 
Identidade coletiva
As diversas características, os diversos atributos que são atribuídos a imagem de um grupo. Não define todas as pessoas de um grupo, nem todas as pessoas vão corresponder a essas características atribuídas a determinado grupo. Todavia, esse grupo possui essas características de maneira que vai determinar uma imagem do grupo. 
Profecia autovalidante 
De tanto as pessoas atribuírem características à sua figura, por causa de um grupo ao qual você
pertence, muitas vezes o indivíduo não possui nem tanta identificação com o grupo, mas assume as características pelas considerações que as pessoas têm delas nele. 
Identidade individual
Essa é a identidade do sujeito. Os sujeitos possuem diversas identidades coletivas, então a medida em que a gente possui diversas filiações isso vai formar quem nós somos enquanto sujeito. A interseção das identidades coletivas de qual o sujeito faz parte.
Identidade nacional (Estado-nação?)
É possível existir um Estado-nação, sendo nação aquilo onde as pessoas possuem a mesma cultura? Na figura do Estado, os requisitos necessários para alguém ser considerado cidadão não são as mesmas características e os mesmos atributos culturais que todas as pessoas possuem. A tentativa de afirmar a possibilidade de um Estado-nação é dizer que há uma entidade política e legal que coincide exatamente com todas as identidades culturais do Estado. Todorov afirma categoricamente, quando o governo Francês tenta trazer um ministério da identidade nacional, que há uma impossibilidade da existência do Estado-nação. 
Identidade cultural inicial e a “cultura essencial”
A identidade cultural inicial é imposta para a gente, sem que tivéssemos escolha. Como, por exemplo, o nome, o idioma falado. É a cultura que nos é imposta, assim que nascemos.
A “cultura essencial” são as coisas que não escolhemos aprender, coisas que nos são impostas para entendermos o lugar em que nós estamos, entender o nosso meio social e cultural e poder se comunicar com as outras pessoas, além de ter a sensação de pertencimento àquele grupo. Todas as referências teóricas que nos são passadas pela sociedade ao longo da vida como pré-requisitos mínimos para podermos nos comunicar um com os outros.
Culturalismo
Está relacionado a profecia autovalidante, porém possui algumas características específicas. É quando uma pessoa passa a interpretar os traços de uma outra pessoa por causa de um único grupo coletivo do qual ela faz parte. Ignorar todas as outras identidades coletivas das quais o indivíduo faz parte em detrimento de uma.
A construção da cultura e a memória coletiva
Após passar por todo esse raciocínio da cultura viva, vamos pensar na cultura do brasileiro: é algo que surgiu diante de diversas mudanças, houve período onde, no território que hoje chamamos de Brasil, havia índios majoritariamente, depois tivemos a chega dos portugueses, tivemos diversos momentos em que podemos mesclar essas culturas. 
Nesse contexto surge a figura de uma memória coletiva, que tem uma função muito específica e é formada com um intuito muito específico também que é trazer a união das pessoas que fazem parte de uma identidade coletiva. A função é criar uma identidade, pegar fatos que muitas vezes não aconteceram de uma determinada maneira, podem ter acontecido de uma maneira totalmente diferente. É uma mistura entre lembrança e esquecimento, só será lembrado o que realmente importa para as pessoas influentes de um grupo.
O problema do Estado-nação e a pluralidade cultural
Funções da cultura
É trazer estabilidade e segurança, o pertencimento ao rebanho de Nietzsche. Tirar o indivíduo do plano individual, para inseri-lo em um plano maior que si mesmo, o plano da vida social, análogo ao rebanho de Nietzsche. 
Nos confins do direito (Rouland)
Considerações iniciais
O Estado na visão do autor
Estado é um poder concentrado, um lugar de onde vai sair as normas, de onde emanam as normas. 
A justiça na visão do autor 
A justiça é um conceito relativizado, vão ter diversas definições de justiça. Cada grupo, cada comunidade vai aplicar a justiça de uma forma diferente.
Sociedades “sem Estado” e Estado primitivo
Sistema vindicativo
Esse sistema é feito a partir de vendetas, que não são meras vinganças, pois ela vai seguir ritos e procedimentos de uma tradição ancestral fundadora.
Justiça privada ou particular
A aplicação da justiça está nas mãos do ofendido. São possíveis casos onde os familiares dos ofendidos apliquem a vendeta. Não há a interferência do Estado na aplicação da justiça. 
Vendetas que seguem lógica de procedimentos tradicionais
Existem linhas progressistas ou doutrinas contratualistas que coloca a vendeta como uma prática irracional, bárbara, mas não é assim são seguidos ritos e procedimentos de uma tradição ancestral fundadora. 
A diferença entre as sociedades sem Estado e as de Estado primitivo
Na sociedade “sem Estado” não é presente uma hierarquia, os clãs estão dispostos em uma ordem horizontal, não havendo assim concentração de poder, por isso é considerado uma sociedade sem Estado.
Estado primitivo é possível identificar a figura de um líder, de um chefe tribal, de um líder religioso. Mas esse líder não interfere na vendeta, porque no sistema vindicativo a justiça é particular, está na mão do ofendido. O líder só conduz a vendeta, apenas fiscaliza e limita. É fiscalizador para que a vendeta seja executada de acordo com os ritos e procedimentos da tradição e limitador porque ele espartilha a vendeta aos procedimentos da tradição.
Vantagens e desvantagens
A vantagem é que a justiça está nas mãos do particular.
A desvantagem é que a vendeta não é personalizada, pode recair em cima de um dos familiares.
Estado Moderno e Estado Liberal
Sistema de Pena Legais
Não acaba com a violência, não acaba com a vingança, apenas erradica o sistema vindicativo.
Justiça pública
É aquela aplicada pelo Estado, ele vai retirar a justiça das mãos do particular, das mãos do ofendido e vai caber ao Estado a punição.
Monopólio da violência
Só o Estado tem o poder de punir. Se alguém faz algo contra outra pessoa, a segunda não pode revidar, tem que procurar as vias legais, o Estado. Não acaba com a violência, apenas monopoliza. A violência usada pelo Estado é tida como racional.
A diferença entre Estado Moderno e Liberal
O Estado Moderno tem o sistema de penas legais através das monarquias absolutistas, com suplícios (castigos físicos).
O Estado Liberal vai ter com as revoluções burguesas o auge da “racionalidade”. Através das prisões, não mais um castigo pro corpo e sim pra mente.
Vantagens e desvantagens
A vantagem é que a pena é personalizada.
A desvantagem é que o Estado retira do particular a participação no processo de aplicação da punição.
Críticas
Essas não são formas menos racionais ou bárbaras são apenas formas diferentes de punir, segundo Rouland. 
Doutrinas contratualistas
Tanto Hobbes, quanto Roseau partem de estados de natureza diferentes. Hobbes diz que o home é mal e precisa de mal ainda maior para controla-lo que seria o Estado. Roseau diz que o homem é bom, mas devido a relações com a propriedade privada isso causa conflitos e precisam de algo para mediar esses conflitos que seria o Estado. 
Rouland diz que não é preciso esse Estado moderno como mediador, já que antes os conflitos se resolviam sem ele, com é o caso das sociedades “sem Estado” e as de Estado primitivo.
Linha progressista
Trazem a relação matemática, de que, quanto mais centralizado, mais forte for o Estado menor a violência. A ideia que o Estado acabaria com a violência. 
 Justiça privada Justiça pública
	
 Sistema vindicativo Sistema de penas legais 
 
 Vendetas

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