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1 Marjorie Y. Chiesa ATM 2026/B Fisiologia respiratória Aula 1 Entre as funções do sistema respiratório estão: - Ventilação pulmonar; renovação cíclica do gás alveolar pelo gás atmosférico - Difusão de oxigênio (O2) e do dióxido de carbono (CO2) entre os alvéolos e o sangue - Transporte desses gases, sendo O2 dos pulmões para as células e CO2 das células para os pulmões - Regulação da ventilação e de outros aspectos respiratórios Revisão anatomia Os pulmões são revestidos pelas pleuras, visceral e parietal. Entre elas há um espaço virtual, a cavidade pleural, a qual contem o líquido pleural. As estruturas do sistema respiratório são subdivididas em zona de condução, que levam o ar para dentro dos pulmões ou o retiram deles e a zona respiratória, onde ocorrem as trocas gasosas. - Zona de condução: - Inclui nar iz, nasofar inge, lar inge, traqueia, brônquios, bronquíolos e bronquíolos terminais - Transportam, aquecem, umidificam e filtram o ar - Contêm músculo liso com inervação simpática e parassimpática - Simpática: epinefrina e agonistas adrenérgicos ativam receptores β1 e β2 causando broncodilatação - Parassimpática: acetilcolina ligada a receptores muscarínicos causando broncoconstrição - Histamina, ar fr io, agentes i r r itante s também cau sam broncoconstrição - Zona respiratória: - Inclui estruturas revestidas com os alvéolos - Troca gasosa - As paredes alveolares são circundadas por pneumócitos do tipo I e II 2 Marjorie Y. Chiesa ATM 2026/B - Pneumócitos tipo II sintetizam o surfactante pulmonar, necessário para redução da tensão superficial dos alvéolos Resistência das vias aéreas - A viscosidade não é levada em consideração no ar ambiente, apenas no caso de uso de cilindros de oxigênio - Na zona de condução há maior resistência, uma vez que é considerado o calibre dos tubos de forma isolada - Na zona respiratório há menor resistência, pois se considera o calibre de todos os alvéolos juntos - Resistência muda conforme muda o diâmetro das vias aéreas - Fatores que aumentam a resistência ao fluxo de ar: - Broncoconstrição; resposta parassimpática à inalação de irritantes, administração de acetilcolina - Outros fatores: tumores obstrutivos, acúmulo de muco - Por isso durante intubação o paciente precisa ser sedado, assim o ocorrerá a passagem do tubo de intubação na traqueia sem tanta resistência - Fatores que diminuem a resistência ao fluxo de ar - Broncodilatação; estimulação simpática, agonistas adrenérgicos, anti-histamínicos Mecânica da respiração Músculos usados para respirar - Inspiração - Principais: - Diafragma contrai para aumentar o diâmetro long itudinal da caixa torácica. Na respiração basal, 70% do diafragma e restante dos - Intercostais externos elevam as costelas aumentando o diâmetro transversal da caixa torácica - Acessórios, usados na inspiração forçada: - Esternocleiodomastóideo: eleva o esterno na inspiração forçada - Escalenos - Expiração - Principais: - Diafragma relaxa, indo para cima, diminuindo o diâmetro longitudinal da caixa torácica 3 Marjorie Y. Chiesa ATM 2026/B - Acessórios, usados na expiração forçada - Músculos do abdome: reto, oblíquo e transverso; comprimem mais ainda a cavidade torácica, empurrando o diafragma para cima - Intercostais internos Pressão no sistema respiratório - P re s s ã o p le u ra l o u i n t ra p le u ra l : subatmosférica (menos que a pressão atmosférica) - Pressão alveolar ou intrapulmonar: varia conforme a fase da respiração - Pressão transpulmonar: diferença entre as pressões acima, ou seja, diferença de pressão entre o interior dos alvéolos e a superfície do pulmão. Quanto maior for essa pressão, maior a quantidade de ar que entra nos pulmões Lei de Boyle: define a variação de pressão em relação ao volume de gás; lei de compressão de gases - Quando o recipiente (no caso a caixa torácica) se expande, as moléculas de gases ficam mais espalhadas, diminuindo a pressão - Quando o recipiente contrai, as moléculas de gases ficam mais juntas, aumentando a pressão Durante a inspiração: diafragma contrai, fazendo com que o volume do tórax aumente. Pela de Boyle, a pressão pleural fica mais negativa (diminui). Juntamente com o aumento do tórax, há a expansão dos pulmões, fazendo com que a pressão alveolar também diminua, ficando abaixo da pressão atmosférica (-1) e fazendo com que o ar entre 4 Marjorie Y. Chiesa ATM 2026/B Durante a expiração: diafragma relaxa, fazendo com que o tórax se retrai. A pressão alveolar aumenta, ficando positiva (acima da pressão da atmosfera), fazendo com que o ar saia dos pulmões No caso de ocorrer algum dano, como perfuração das pleuras, perde-se a pressão subatmosférica, fazendo com que o pulmão siga sua tendência elástica de retração e o tórax de expansão Tratamento para pneumotórax: dreno de tórax; retirada de líquido e ar dos pulmões O pulmão é um órgão complacente e elástico Complacência Elasticidade O quanto o pulmão consegue se distender/expandir. Facilidade com que o pulmão pode se expandir O quanto o pulmão retrai após uma expansão; relacionada com a capacidade do pulmão de voltar ao normal após ser distendido. Facilidade com que o pulmão volta a posição de repouso Relacionadas com a quantidade de fibras elásticas e tensão superficial 5 Marjorie Y. Chiesa ATM 2026/B Sobre as fibras elásticas - Se há muito tecido elástico (pensar em um elástico grosso): pulmão possui mais elastância e menos complacência, maior tendência a se “retrair”, dificultando que se estique - F i b r o s e c í s t i c a : p u l m ã o c o m comp lacênc ia d im i n u í da ; ma i o r quantidade de tecido elástico - Acúmulo de tecido elástico cicatricial - É uma doença restritiva pois pulmão se expande pouco, restringindo a entrada de ar - Se há poucas fibras elásticas (pensar em elástico fino): pulmão possui mais com complacência e menos elastância, ou seja, se expande facilmente mas tem dificuldade de voltar ao normal, não tem força para retrair - Enfisema pulmonar: doença onde a complacência está aumentada, associado a perda das fibras elásticas pulmonares - É uma doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) - Principal causa: cigarro - Hiperativação de macrófagos que secretam tipsina, a qual “digere" as células elásticas - Fibrose: pouco ar nos pulmões; muita pressão, muita força para encher - Menor CRF - Enfisema: dificuldade para esvaziar - Maior CRF Tensão superficial - É um dos fatores (junto com a quantidade de tecido elástico) que influencia a complacência pulmonar - A tensão superficial é a força/repulsão que ocorre entre moléculas de de natureza química diferente, como a água e o ar - As moléculas de água se atraem entre si enquanto repelem as de ar - A tendência natural dos alvéolos seria colapsar/se juntar por terem moléculas de mesmas características, repelindo o ar que está fora deles (nos pulmões) - Os pneumócitos tipo I produzem o líquido alveolar que reveste a parede dos alvéolos, gerando essa tensão superficial - Já os pneumócitos tipo II produzem surfactante, uma substância fosfolipídica - Fosfolipídeos são moléculas anfipáticas; parte hidrofílico e parte hidrofóbica; - Fosfolipídeos se distribuem no líquido alveolar, reduzindo as moléculas de água 6 Marjorie Y. Chiesa ATM 2026/B e ao reduzir as moléculas de água, reduz então a tensão superficial - Redução da tensão superficial se da por sua natureza antipática - Síndrome da angústia respiratória do recém nascido: quando um bebê nasce com pouco ou nenhum surfactante - Bebês prematuros Lei de Laplace; lei da pressão que tende a colapsar os alvéolos. Diz que a pressão que tende a colapsar os alvéolos é, diretamente, proporcional à tensão superficial,gerada pelas moléculas de líquido, revestindo o alvéolo e inversamente proporcional ao raio Volume e capacidade pulmonar Volume corrente e capacidade vital= principais Volumes pulmonares: - Volume corrente: volume de ar que entra e sai dos pulmões a cada ciclo respiratório (inspiração e expiração; é cerca de 500 mL); respiração basal - Vo lum e de re s e r va exp i rató r i o e inspiratório: volume que pode ser expirado ou inspirado ou expirado além do volume corrente; respiração forçada (cerca de 1200/1300mL) - Volume residual: volume de ar que permanece nos pulmões após expiração forçada (1200mL) Capacidade pulmonar: soma de dois ou mais volumes - Capacidade inspiratório: volume corrente + volume de reserva inspiratório; cerca de 3,5L (500mL + 3000mL) - Capacidade residual funcional: volume residual + volume expiratório de reserva; cerca de 2,4 L - Capacidade vital: o que inspiramos e expiramos na respiração forçada - volume corrente (capacidade inspiratório) + volume de reserva inspiratório + volume de reserva expiratório; cerca de 4,7 L - Homens possuem capacidade vital maior do que as mulheres pelo tamanho da caixa torácica - Capacidade pulmonar total: todos os volumes; vol residual + capacidade vital 5,9 L 7 Marjorie Y. Chiesa ATM 2026/B Resumo: Doença restritiva tem como característica mecânica a baixa complacência pulmonar. Doenças restritivas= restrição a entrada de ar - Diminuição da produção de surfactante alveolar; - Obesi dade, impe din do o trabalho do diafragma. - Fibrose intersticial, em consequência da inalação de produtos tóxicos; - Qualquer situação que impeça o aumento do volume da caixa torácica, tendo, como exemplo, a obesidade; - Qualquer paralisia da musculatura torácica ou qualquer problema de natureza óssea, associada aos ossos do tórax; - Doenças auto-imunes - Entra pouco e sai pouco ar Doenças obstrutivas- aumento da resistência das vias aéreas (DPOCs) - Enfisema pulmonar - Asma - Bronquite crônica - DPOC: aumento da resistência das vias aéreas ou perda de tecido elástico - O ar até entra, mas tem dificuldade em sair Espaço morto anatômico X espaço morto fisiológico Espaço morto= volume das vias aéreas e pulmões que não participa nas trocas gasosas Espaço morto anatômico É o volume das vias condutas aéreas, incluindo o ar no nariz ao bronquíolo terminal; cerca de 150 mL - Esse volume das vias condutoras, o ar que preenche a zona de condução, não participa de trocas gasosas - Ou seja, quando o volume corrente é de 500 mL, 150 mL estarão nas vias condutoras e 350 mL irão preencher os alvéolos - Na próxima inspiração, esse ar do espaço morto anatômico será o primeiro a entrar nos alvéolos - Esses 150 mL não irão participar de trocas gasosas (?) Espaço morto fisiológico- sem vent e perfu É o volume total dos pulmões que não participa na troca gasosa; inclui o espaço morto anatômico das vias condutoras mais o espaço morto funcional nos alvéolos 8 Marjorie Y. Chiesa ATM 2026/B Em pessoas saudáveis: Espaço morto anatômico= espaço morto fisiológico No caso de situações patológicas, o espaço morto fisiológico pode se tornar maior que o anatômico, surgindo defeito na ventilação/ perfusão, ou seja, paciente tem uma região da zona respiratória que não tem ventilação ou perfusão - Uma redução do volume corrente impacta na respiração alveolar Intensidade da ventilação Hiperventilação - Pode ser por uma redução da frequência respiratória - Bradipineia - Ou por uma obstrução das vias respiratórias - Apneia - Eupneia= frequência respiratória normal - Dispneia: desconforto respiratório - Taqu ipn e ia : aumenta da f requênc ia respiratória - Pode levar a uma hiperventilação Padrão normal: volume corrente de 500 mL e 16x por minuto, resultado em 8L/min Impacto de hipo ou hiperventilação: distúrbios ácido-base; ocorre no caso de ventilação mecânica Distribuição da ventilação nos pulmões Na posição ortostática: - Base: alvéolos menos distendidos, enchem mais; estão submetidos a menor pressão 9 Marjorie Y. Chiesa ATM 2026/B - Áp ice : a lvéo lo s ma is r íg i do s, menos complacentes, enchem menos; submetidos a maior pressão - Ou seja, na base há maior ventilação do que no ápice Ao deitar, esse efeito some Circulação pulmonar - Circulação de alta pressão e fluxo baixo: supre a traqueia, a árvorebrônquica, incluindo os bronquíolos terminais, os tecidos de sustentação do pulmão, artérias e veias, com sangue arterial sistêmico. Vem das artérias brônquicas. 1-2% do DC - Circulação de baixa pressão e fluxo elevado: circulação pulmonar, onde ocorre as trocas gasosas - Vasos Linfáticos: presentes em todo o tecido de suporte do pulmão, drenam para o duto linfático torácico direito .Partículas que chegam aos alvéolos são parcialmente removidas por meio desses canais, e a proteína plasmática que escapa dos capilares pulmonares também é removida dos tecidos pulmonares, ajudando a prevenir um edema pulmonar Quantidade de oxigênio disponível controla o fluxo sanguíneo - Oferta normal = fluxo normal - Baixa oxigenação= vasoconstrição no sistema pulmonar - Se o vaso contrai, aumenta a resistência pulmonar, aumenta a pressão, dificultando o fluxo de sangue pelo pulmão - Sangue não consegue voltar, causando edema - Hipertensão pulmonar: condição clínica grave pois pode gerar edema - Se não houver edema: hipertrofia do ventrículo direito (que bombeia sangue para o pulmão) Perfusão Zona 1: em pessoas saudáveis não existe - Pelo efeito da gravidade, pressão arterial no ápice pode ser menor que a pressão alveolar 10 Marjorie Y. Chiesa ATM 2026/B - Vasos estão “esmagados”, fluxo sanguíneo regional reduzido - Pressão alveolar maior do que a arterial e venosa Zona 2: pressão arterial maior do que a pressão alveolar, porém pressão venosa mais baixa (alveolar mais alta do que a venosa) - Fluxo intermitente Zona 3: alvéolo está complacente, não esticado, pressão arterial e venosa maior do que a pressão alveolar - Área da base é mais ventilada e mais perfundida +- na terceira costela há um ponte de intersecção Na base do pulmão: perfusão maior que ventilação - Relação V/Q baixo - Ventilação baixa e fluxo sanguíneo alto; mistura de sangue venoso artéria (shunt ou desvio intrapulmonar), podendo produzir uma hipoxemia com ou ser hipercapnia No ápice do pulmão: ventilação maior - Relação V/Q alta - Ventilação é alta e o fluxo sanguíneo baixo, produz aumento de espaço morto, produzindo hipoxemia e hipercapnia 11 Marjorie Y. Chiesa ATM 2026/B * cai na prova Tosse e espirro são mecanismos importantes de defesa das vias aéreas Reflexo da tosse - Desencadeados por receptores sensíveis a irritação - Estímulos químicos corrosivos, gases - Esses estímulos sensibilizam os receptores de irritação e sinalizam para o nervo vago (reflexo vago-vagal), onde desencadeia - Inalação rápida de grande quantidade de ar - Fecha a epiglote - Contração da m. Abdominal e torácicos com força para empurrar o diafragma - Pressão nos pulmões aumenta - As cordas voca is e a ep ig lote subitamente se abrem de forma ampla, e o ar sob alta pressão nos pulmões explode em direção ao exterior. Reflexo do espirro - Impulso aferente passa pelo 5º par craniano - Semelhante a tosse, porem a úvula é deprimida, de forma que grande quantidade de ar passe rapidamente pelo nariz, ajudando assim a limpar as vias nasais do material estranho
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