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Livro-Texto - Unidade IV Fundamentos de Ecologia - Ecossistema e Biodiversidade (uni gestão ambiental)

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Unidade IV
Unidade IV
Conservação ambiental
O que é melhor: viver em uma grande cidade ou viver em uma pequena cidade isolada do interior? 
A resposta depende do ponto de vista, as duas opções apresentam vantagens e desvantagens. Numa 
cidade grande, o acesso à infraestrutura é melhor, você consegue se locomover com mais facilidade, as 
opções de lazer e de alimentação são variadas, há saúde pública, tecnologias à disposição e saneamento 
básico. Já uma cidade isolada do interior, quanto mais distante ela estiver de um grande centro, maior 
será a probabilidade de que todos os serviços mencionados sejam mais escassos. Porém, o ar é mais puro 
e a alimentação é mais saudável, além de o ambiente ser mais calmo que na cidade.
A questão é que, para a humanidade, o local onde nos estabelecemos é opcional, conforme a 
preferência e valores culturais. E para todos os outros seres vivos do planeta que não possuem essa 
capacidade de discernimento? Faz diferença habitar um ambiente maior, com uma taxa mais alta de 
produtividade primária? Com mais diversidade de espécies, maior disponibilidade de alimento, abrigo 
e estabilidade? Ou é indiferente se esse local for, de alguma forma, separado em partes menores? As 
relações serão as mesmas? A oferta de alimentos, água e abrigo será igual?
Não podemos esperar que o sucesso do humano em habitar locais diferentes possa ser o mesmo de 
outras espécies na natureza. Logo, para que os seres vivos tenham condições de sobreviver, é necessário 
conservar de seu meio ambiente o mais estável possível. Este apresenta características de um sistema 
aberto, pois importa e exporta energia, tendo como subsistemas o meio físico, os componentes da 
natureza, as atividades econômicas e as atividades humanas.
A fragmentação de hábitats causa danos irreversíveis para as populações biológicas e é uma das 
principais razões para o declínio das populações de muitas espécies, o que pode acarretar em extinção 
local. Essa fragmentação é a ameaça mais séria à diversidade biológica e a responsável pela crise de 
extinção atual; acarreta prejuízos sérios, como a diminuição do fluxo de animais, pólen, sementes, 
diversidade biológica, além de isolar populações, reduzir a escala de recursos disponíveis, aumentar 
e intensificar o efeito de borda no ecossistema e proporcionar a perda do patrimônio genético das 
espécies, entre outros. 
Resgatando alguns conceitos já vistos, sabemos que a fragmentação de um hábitat natural pode 
ser provocada naturalmente por um evento da natureza, como uma tempestade em que os raios 
formem uma clareira, um desmoronamento, um terremoto ou uma atividade vulcânica. Porém, pode 
ser fruto da atividade humana: desmatamento, as queimadas, a construção de estradas, a mudança 
no curso de rios, as construções de barragens etc. Quando se altera o ambiente natural a ponto de se 
formarem partes menores, estamos fragmentando e, de certa forma, isolando pequenas populações 
dentro dessas porções. 
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FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
Os conjuntos de indivíduos que passam a viver nesses fragmentos são chamados de metapopulações. 
Elas podem continuar vivendo e se multiplicando ou podem sair em busca de alimento e condições 
melhores. Algumas vezes encontram outro fragmento com outra metapopulação semelhante à sua; 
outras, não conseguem achar nada, nem voltar, e morrem.
Em florestas tropicais, a fragmentação é a principal causa da perda da biodiversidade, o que torna 
as populações de fragmentos isolados mais suscetíveis ao declínio, sendo pouco provável a preservação, 
em longo prazo, de espécies animais e vegetais nesses contextos.
Fatores como a fronteira agrícola, o crescimento da população, sua distribuição e o comportamento 
em relação ao meio ambiente, o turismo desorganizado e o acesso ao uso dos recursos naturais podem 
comprometer o equilíbrio dos ecossistemas de uma região. O uso da paisagem de forma sustentável 
significa o respeito à utilização dos recursos naturais, garantindo sua continuidade e a qualidade da 
vida ambiental. 
O padrão espacial resultante de um ambiente fragmentado é de grande importância para a 
dinâmica de populações, pois o arranjo em que os fragmentos se apresentam define a disponibilidade 
de recursos para determinada população ou sua escassez, que se torna um fator limitante para 
determinar o seu tamanho.
O grau de prejuízos causados pela fragmentação irá depender de uma série de fatores, ou seja, 
dos atributos espaciais e ecológicos. Entre esses atributos, temos o efeito de borda, que é específico 
para cada caso, mas que geralmente mata o fragmento de fora para dentro. Quando um ambiente é 
fragmentado, ao redor dessa área, temos uma claridade maior que antes não existia e a incidência solar 
eleva a temperatura, diminui a umidade do solo e do ar, além de expor mais a vegetação à ação do vento, 
que pode derrubá-la. Com a perda da vegetação do entorno, esse efeito vai-se adentrando, diminuindo 
o fragmento. Portanto, outros atributos importantes seriam a sua área, sua forma e seu perímetro – 
fatores que estariam fortemente relacionados com o grau de perturbação causado pelo efeito de borda. 
A conectividade entre os fragmentos, a heterogeneidade de hábitats e o contexto no qual o fragmento 
está inserido também interferem e determinam se os danos serão amenos ou irreversíveis.
A biota de um ecossistema é composta de várias populações biológicas, que formam uma comunidade 
local. Essas populações possuem interações inter e intraespecíficas – relações entre os próprios indivíduos 
da mesma população e relações entre indivíduos de populações de espécies diferentes; além dessas 
interações biológicas, há as com fatores bióticos e abióticos, também denominados de fatores limitantes.
As interações entre os indivíduos ou populações com os fatores limitantes são responsáveis pela 
manutenção do equilíbrio do ecossistema, além de serem agentes diretos de regulação da população, 
seu declínio ou seu sucesso. Esse tipo de controle externo faz com que o tamanho efetivo da população 
seja diretamente proporcional à quantia de recursos disponíveis, que, por sua vez, se harmoniza ao 
tamanho do hábitat. Um hábitat fragmentado tem uma quantidade limitada de recursos que obriga os 
indivíduos a emigrarem do fragmento ou, na impossibilidade de movimentação para fora do hábitat, 
implica num aumento das competições intraespecíficas, diminuindo o número de indivíduos.
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Na impossibilidade de fluxo entre os fragmentos, haverá declínio na massa e aumento do 
número de cruzamentos endogâmicos (entre indivíduos aparentados), cuja tendência é diminuir 
drasticamente a variabilidade genética, crescendo a probabilidade de extinção local. Assim, uma 
paisagem contínua, a partir do processo de fragmentação, torna-se um cenário com elementos 
antes inexistentes; as características desses elementos e a forma como eles interagem entre si 
promovem respostas abióticas e bióticas, que alterarão a composição e a estrutura da comunidade, 
bem como o padrão espacial da paisagem. 
As mudanças drásticas na geometria e atributos da paisagem alteram o microclima do hábitat, 
expondo organismos a insolação, ventos e dessecação, o que altera a composição e estrutura da 
comunidade, uma vez que algumas espécies são extremamente dependentes de condições abióticas 
ideais para germinação, crescimento, estabelecimento, florescimento e polinização. A fragmentação 
influencia também nas interações entre plantas e animais, afetando, consequentemente, a densidade 
populacional de polinizadores e dispersores, além da demografia e recrutamento das plantas.
A escassez de recursosem um ambiente fragmentado exige que cada população busque ampliar sua 
escala de utilização e, dessa forma, passe a colonizar locais com disponibilidade de recursos. Caso não 
exista a possibilidade de colonização, a população será reduzida.
O mau uso dos recursos naturais e a ocupação do solo de forma desordenada têm suprimido diversas 
áreas de relevante caráter biológico, como florestas primárias, vegetação, as áreas mais próximas das 
margens de rios, lagos, lagoas, mangues e suas áreas de estabilização, as áreas de vales de alagamentos 
de rios e os topos de encostas. Um ambiente bem conservado tem grande valor econômico, estético 
e social. Mantê-lo significa preservar todos os seus componentes em boas condições, ecossistemas, 
comunidades e espécies, garantindo sua existência para as futuras gerações. 
Na era das descobertas científicas, uma mentalidade ambientalista formava-se na Europa, com o 
florescimento das ciências naturais e nascimento do industrialismo, em contraposição à uma visão 
desenvolvimentista que desvinculava o homem da natureza. Com o movimento ambientalista, surgiram 
as primeiras reservas destinadas à preservação de ambientes selvagens, na Inglaterra, na Austrália, na 
África do Sul e, sobretudo, nos Estados Unidos.
Com relação à conservação, existem discussões a respeito de qual seria o modelo ideal. Inicialmente, 
imaginou-se que seria a manutenção de grandes unidades de conservação, dispersas geograficamente, 
de modo a manter populações viáveis e representativas da biota, as quais seriam reservas biológicas 
protegidas por lei, como Parques Estaduais ou Nacionais. 
Existem pontos a serem considerados nessa situação, por exemplo: você preservaria uma área apenas 
isolando-a? O que poderíamos fazer para amparar essas populações isoladas?
Algumas respostas estão na ecologia da paisagem que discutiremos a seguir.
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 Lembrete
Metapopulações são pequenos grupamentos de seres vivos que habitam 
ambientes fragmentados. 
7 ECOLOGIA DA PAISAGEM E DINÂMICA DE POPULAÇÕES
Dentro do estudo da Ecologia, há um ramo chamado de Ecologia da Paisagem, que analisa os 
ecossistemas como o conhecemos agora – sofrendo agressões e fragmentações –, a formação de 
metapopulações, a dinâmica envolvida e as possibilidades de sucessão ecológica. Atualmente, a Ecologia 
da Paisagem se tornou uma das maiores ferramentas para a conservação dos ecossistemas, na gestão 
dos recursos naturais, na manutenção de espécies raras e nas relações de espécies introduzidas.
A Ecologia da Paisagem conta com ferramentas tecnológicas atuais, como as previsões meteorológicas 
e o sensoriamento remoto, imagens de satélites e uma vasta lista de equipamentos que tornam mais 
precisos cada variável ambiental, como medidores de umidade relativa do ar, sondas terrestres para 
análise do solo, dosímetros de salinidade, acidez, detectores específicos para uma determinada substância 
presente na terra, na água ou no ar e até técnicas de biologia molecular no sequenciamento do DNA 
dos organismos. 
Dentro da Ecologia da Paisagem, usam-se termos mais formais, que na verdade já conhecemos e 
poderemos identificá-los com maior facilidade. Nessa área, consideramos a paisagem como um mosaico 
composto por unidades distintas de ecossistemas ou ecótopos. As unidades da paisagem compõem-se 
por uma matriz composta por um grupo de ecossistemas dominantes, que contém manchas ou 
fragmentos de outros ecossistemas, arranjados em padrões variáveis, conectados entre si ou isolados. As 
possíveis conexões entre os fragmentos são denominadas corredores ecológicos, pois funcionam como 
meio de passagem para a biota que ocupa os fragmentos. 
Cada unidade da paisagem possui estrutura, condições ambientais, funcionamento e percepções 
próprias e inerentes à sua área e disposição espacial. A estrutura da paisagem é de suma importância 
para a conservação de populações biológicas, pois dela depende a dinâmica de populações.
Em áreas com intenso crescimento populacional, a atividade humana transformou a paisagem 
original em um mosaico fragmentado. Este é dominado por uma matriz antropizada, geralmente 
resultante de atividades agropastoris e inserções urbanas ou de serviços. Inseridos na matriz (região total 
que que contém os fragmentos), encontram-se manchas de ecossistemas originais ou deles derivados, 
que funcionam como hábitats naturais para a biota regional (os fragmentos). As dimensões dessas 
manchas, suas formas e a disposição espacial de seu conjunto determinam as suas qualidades como 
hábitat para a biota (metapopulações). As manchas podem estar conectadas por corredores ecológicos, 
que também têm suas qualidades como meio de fluxo gênico ou mesmo como hábitat para manutenção 
de população biológica, determinadas pelos seus padrões espaciais. 
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A matriz, no contexto de Ecologia da Paisagem, é o meio que envolve as áreas com ecossistemas 
naturais, apresentando, em geral, menor probabilidade de ocorrência de espécies silvestres. Por essa 
baixa adequação às populações silvestres, a matriz impõe uma resistência ao deslocamento de espécies 
com consequente diminuição do fluxo gênico. Porém, a resistência que um indivíduo encontra para 
transpor a matriz e deslocar-se de um fragmento a outro depende principalmente do tipo de cobertura 
de solo existente na matriz.
As possíveis áreas de passagem de organismos entre os fragmentos são regiões com alto potencial 
de sucessão ecológica, formando corredores capazes de assegurar uma maior estabilidade entre as 
populações e os ecossistemas dos fragmentos isolados. A sucessão ecológica no desenvolvimento de 
um ecossistema também foi discutida anteriormente. Ela mostra os processos que ocorrem durante 
a recolonização de uma área: primeiramente, pelo avanço de comunidades vegetais, as espécies 
pioneiras – geralmente liquens –, seguidas por espécies rasteiras, que garantem a umidade do solo 
e, assim, permitem o avanço de espécies maiores, favorecendo, desse modo, a retomada da área por 
outros organismos de vida livre. Quando o processo que ocorre gradualmente finalmente se estabiliza, 
consideramos que se chegou a uma comunidade clímax. 
Você consideraria os corredores ecológicos uma evolução na conservação das espécies?
Os corredores são uma referência mundial de preservação e uma inovação, pois nenhum outro país 
havia pensado nessa ideia.
Exemplo de aplicação
Realize uma pesquisa sobre os efeitos de borda de florestas fragmentadas e prepare um texto 
explicando suas implicações para espécies nativas comuns e para espécies endêmicas. 
7.1 Corredor ecológico
Corredor ecológico ou corredor de biodiversidade são todas as áreas protegidas e os interstícios 
entre elas, compostos por cordões de vegetação nativa que conectam ambientes fragmentados. 
As conexões entre os fragmentos de hábitat propiciadas pelos corredores ecológicos são de grande 
importância para as dinâmicas das populações silvestres, pois do fluxo gênico entre subpopulações 
depende a manutenção da variabilidade genética da população regional. Os corredores podem 
apresentar-se de várias formas e possuir funções variadas na manutenção das populações fragmentadas, 
como servir de hábitat para algumas espécies, meio para a movimentação de indivíduos entre fragmentos, 
fonte de fatores bióticos e abióticos para as redondezas da matriz. 
Outro fator importante em um corredor ecológico é a sua qualidade, que irá depender do tamanho, 
da largura e do grau de cobertura que possui. Dessa avaliação, verifica-se que quanto maior for um 
corredor e quanto mais alta for sua qualidade, largura e a presença de cobertura vegetal em fases 
sucessionais adiantadas, maior será a propagação do fluxo de espécies.141
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Além de apresentar essas funções, os corredores também podem exibir formas distintas, como 
corredores em linha, formados exclusivamente por hábitat de borda, ocupados, portanto, apenas por 
espécies típicas de borda; corredores em faixa, podendo conter hábitats e espécies tanto de borda, como 
de interior, dependendo de sua largura; e corredores de mata ciliar, os quais possuem um ecossistema 
peculiar de espécies ribeirinhas, mas que também permitem o fluxo de espécies de interior e borda.
Assim, são reconhecidos como componentes da paisagem fragmentada: a matriz, componente 
mais extenso da paisagem, altamente conectado, que controla a dinâmica regional; os fragmentos, 
remanescentes do hábitat original, agora reorganizados espacialmente em manchas menores e de 
menor área total, que apresentam certo grau de isolamento entre si; e os corredores, que vêm a ser 
unidades que diferem da matriz e conectam os fragmentos. 
A composição da matriz é uma das variáveis que alteram a conectividade da paisagem, a sua 
capacidade de facilitar os fluxos biológicos e a continuidade espacial do hábitat original. Portanto, em 
uma paisagem de matriz com baixa permeabilidade, a mobilidade dos organismos – e sua consequente 
dispersão e colonização para novos fragmentos – é comprometida. É fácil entender isso se pensamos em 
um remanescente de mata incrustado no meio urbano e na probabilidade de atropelamento da fauna. 
Uma matriz mais permeável seria um ambiente cujas alterações não tivessem sido tão drásticas, ou seja, 
que se aproximasse do ambiente original. 
Existem justificativas para que grandes unidades de conservação sejam implantadas e as que já 
existem sejam ampliadas e administradas com cuidado, pois alguns trabalhos comprovam que áreas sem 
proteção por lei tendem a sofrer danos maiores com desmatamento, queimadas, caças e fragmentação. 
A grande crítica ao modelo de unidades de conservação deve-se ao fato de o tamanho da área para 
manter uma população mínima viável em longo prazo ser pequena e restrita. Alguns estudos demonstram 
que a riqueza de um ecossistema depende diretamente da área ocupada por ele, e que a projeção da 
viabilidade de uma determinada espécie no tempo é muito complexa.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, s.d.): 
[...] unidades de conservação, são espaços territoriais e seus componentes 
abrangem as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, 
legalmente instituídas pelo poder público, com objetivos de preservação, 
conservação com limites definidos, sob regime especial de administração, 
ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. As unidades de 
conservação podem ser de uso indireto quando não envolvem consumo, 
coleta, dano ou destruição dos recursos naturais e de uso direto quando 
envolvem o uso comercial ou não dos recursos naturais [...].
Outro fator crítico no modelo de unidades de conservação é o tamanho do fragmento. Em 
alguns casos, fragmentos pequenos eram muito pobres em diversidade, ao passo que a riqueza de 
espécies e a complexidade das relações inter e intraespecíficas aumentavam significativamente 
com o aumento do tamanho do fragmento. Em relação ao tamanho dos fragmentos, podemos 
dizer que os pequenos sofrem mais com as consequências da fragmentação, invasão de espécies 
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exóticas, caças, queimadas, homogeneidade de hábitat, aumento de interferência humana e 
mudanças de efeitos estruturais, como aumento da temperatura, da claridade e da velocidade do 
vento e diminuição da umidade.
A conectividade da paisagem depende da proporção que os fragmentos ocupam nela e da existência 
de corredores. O tamanho dos fragmentos e o grau de isolamento entre eles – por barreiras espaciais 
ou ecológicas – é importante, devido ao fato de que fragmentos maiores e com mais diversidade de 
hábitats teriam mais condições de manter os processos ecológicos e um maior número de espécies e 
populações viáveis. Os corredores conectam os fragmentos, facilitando a sobrevivência dos organismos 
durante o fluxo entre as manchas, e podem apresentar as condições necessárias de hábitat temporário 
ou permanente para algumas populações. 
Desde o surgimento da proposta dos corredores como importante elemento na conectividade da 
paisagem, muitos estudos têm mostrado seus efeitos positivos no movimento das espécies; há também 
quem afirme que, muitas vezes, a falta de recolonização de fragmentos não se dá devido ao caráter 
inóspito do hábitat, mas, sim, devido à impossibilidade de as espécies colonizadoras chegarem às 
manchas, em algumas circunstâncias, pela ausência de corredores.
A necessidade de promover a conectividade entre os fragmentos de ecossistemas naturais encontra 
sua base na biologia da conservação. Os processos ecológicos necessitam de áreas extensas para se manter 
em longo prazo. Populações da flora e da fauna isoladas são mais vulneráveis às pressões externas, sendo 
suscetíveis à extinção. Corredores ecológicos não são unidades políticas ou administrativas, são áreas onde se 
destacam ações coordenadas, com o objetivo de proteger a diversidade biológica na escala de biomas. Essas 
ações envolvem o fortalecimento, a expansão e a conexão de áreas protegidas dentro do corredor, incentivando 
usos de baixo impacto, como o manejo florestal e os sistemas agroflorestais, além do desencorajamento de uso 
de alto impacto, como o desmatamento em larga escala. A implementação de corredores ecológicos demanda 
alto grau de envolvimento e cooperação de instituições e de interessados de diversos setores. 
O conceito de corredor ecológico simboliza abordagem alternativa às formas convencionais de 
conservação da diversidade biológica que é, a um só tempo, mais abrangente, descentralizada e participativa. 
[...] existem diferentes tipos de corredores, a serem aplicados, conforme a 
escala de trabalho e o grau de isolamento das áreas a serem ligadas, sendo 
definidos dois tipos: corredor ecológico e corredor florestal. O primeiro 
“compreende uma unidade de planejamento regional, cujas ações são 
integradas e coordenadas para a formação, fortalecimento, expansão e 
conexão entre unidades de conservação, reservas particulares de preservação 
natural, reservas legais, áreas de preservação permanente e áreas de uso 
intensivo, visando à conservação da biodiversidade de determinado bioma” 
[...]. Corredor florestal refere-se às áreas florestais que ligam remanescentes 
isolados de floresta (GANEM, 2005, p. 8). 
A conservação da biodiversidade pode ser feita em várias escalas, dependendo da abordagem adotada. 
Assim, podem-se estabelecer estratégias em escala global, como tratados, acordos internacionais etc., 
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em escala de biomas ou de ecorregiões, com estudos de representatividade, definição de prioridades 
para conservação, e em escala de espécies, com a criação em cativeiro.
A criação e implantação de UCs isoladas, dissociadas de uma perspectiva mais abrangente da 
paisagem, não assegura a conservação da biodiversidade em longo prazo. A eficácia dessa política 
depende da adoção de estratégia de gestão do entorno das unidades, como a gestão das áreas de 
entorno com a implantação de corredores e de zonas de amortecimento, manejo agroecológico, manejo 
agroflorestal e restauração ambiental.
O objetivo do corredor é aumentar as probabilidades de sobrevivência da metapopulação de uma 
determinada espécie, conceito que engloba as diversas populações dessa espécie em nível regional. Os 
corredores visam, portanto, minimizar os riscos de extinção e facilitaro fluxo genético entre populações, 
aumentando a chance de sobrevivência em longo prazo das comunidades biológicas e de suas espécies. 
O corredor de biodiversidade é uma unidade de planejamento regional, muito mais que um mecanismo 
de zoneamento, pois está baseado não na criação de novas restrições involuntárias quanto ao uso da 
terra, mas na implantação de mecanismos econômicos compensatórios que estimulem os proprietários 
privados a comprometer-se com a conservação. 
Corredores biológicos seriam conexões naturais entre ecossistemas que permitem o movimento de 
espécies animais e vegetais, como os cursos de água, formados naturalmente pelos ciclos ecológicos e 
que promovem a circulação de sementes, ovos, sedimentos, nutrientes e outros elementos da natureza. 
Os corredores de conservação, por sua vez, seriam uma estratégia de proteção da biodiversidade, em 
especial dos corredores biológicos, com a participação da população local, visando à melhoria de suas 
condições de vida.
Os corredores ecológicos representam grande avanço na forma de conceber e implantar políticas 
públicas de conservação da biodiversidade, porque visam resolver ou minimizar a contradição existente 
entre as áreas protegidas destinadas à preservação e seus arredores, que estão submetidos, na maioria dos 
casos, a políticas desenvolvimentistas e predatórias. A novidade está, sobretudo, no reconhecimento por 
parte do Poder Público e de parcela das organizações ambientalistas, de que as unidades de conservação 
isoladas não garantem proteção à biodiversidade. Portanto, percebe-se mudança de um modelo de 
conservação centralizado e focado em áreas isoladas para outro, descentralizado e focado na gestão 
integrada do território, mais coerente com os princípios do desenvolvimento sustentável.
 Observação
Corredor biológico são conexões naturais entre ecossistemas; corredor 
ecológico refere-se a áreas que interligam unidades de conservação; e 
corredor florestal refere-se a áreas que interligam fragmentos de floresta. 
Entre os principais benefícios da formação de corredores ecológicos, podemos enfatizar:
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• A contribuição para a efetiva conservação da diversidade biológica, adotando técnicas da biologia 
da conservação e estratégias de planejamento e gestão socioambiental, de forma compartilhada 
e participativa. 
• A redução da fragmentação e manutenção da cobertura vegetal para a conectividade da paisagem, 
o que facilita o fluxo genético entre as populações. 
• A introdução de estratégias mais adequadas de uso da terra. 
• A conservação ambiental por meio de planejamento e ação participativa e descentralizada.
• A promoção de mudança de comportamento das comunidades.
• A criação de oportunidades de negócios e de incentivo a atividades que promovam a conservação 
dos atributos naturais, incorporando o viés ambiental a projetos de desenvolvimento. 
• A elevação da taxa de imigração, que pode levar a um aumento ou à manutenção da riqueza de 
espécies e diversidade. 
• O incremento no tamanho das populações e espécies, diminuindo a probabilidade de extinções 
locais e prevenindo a depressão endogâmica, o que garante a manutenção da variabilidade 
genética nas espécies.
• O aumento da área de forrageamento das espécies, fornecendo uma gama extensiva de recursos. 
• O crescimento da área de cobertura para manter a relação predador-presa estável, permitindo o 
movimento por vários fragmentos. 
• A mistura de hábitats, o que permite uma melhor organização sucessional nas diversas fases da 
vida de várias espécies. 
• A ampliação de áreas de refúgios alternativos durante grandes perturbações ou catástrofes, como 
fogo ou pragas.
• A diminuição da poluição provinda dos grandes centros urbanos. 
É importante salientar que, com os corredores, o fluxo entre os fragmentos de paisagem existem, 
auxiliando na variabilidade genética das espécies. Mas, cada espécie tem seu ciclo de vida, renovando a 
população a cada prole em tempos diferentes.
Vamos comparar?
Os chimpanzés, por exemplo, entram na maturidade sexual a partir dos 13 anos de idade e cada 
gestação dura de 200 a 260 dias, gerando apenas um ou dois filhotes.
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Já os quatis chegam a maturidade sexual aos dois anos de idade, têm gestação de cerca de 80 dias 
e geram até sete filhotes por vez.
Logo, no mesmo habitat, enquanto espécies passam por dezenas de gerações, outras passaram por 
uma ou duas proles. A renovação genética de cada espécie dependerá do seu ciclo de vida.
Sendo assim, os corredores ecológicos ainda levarão algumas décadas para que possam realmente 
alcançar um fluxo genético que ampare a maioria das populações que os habitam.
 Saiba mais
Assista ao vídeo sobre exploração consciente do meio ambiente em:
GLOBO Ecologia. Ecoturismo: íntegra. (04/01/2014). 21 minutos. 
Disponível em: <http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-ecologia/v/
globo-ecologia-04012014-ecoturismo-integra/3053890/>. Acesso em: 
8 maio 2014. 
8 CORREDOR BIOLÓGICO NO BRASIL
As iniciativas de conservação da biodiversidade iniciaram tardiamente no Brasil. No século XIX, mais 
precisamente em 1811, foi criado o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, visando, entre outros objetivos, 
à pesquisa da flora brasileira. Muito mais tarde, em 1876, iniciou-se a criação de áreas protegidas. No 
entanto, somente em 1937 foi criado o primeiro Parque Nacional Brasileiro de Itatiaia.
Na nossa história, a cultura do café dominou a economia do país por muito tempo; partindo do 
Estado do Rio de Janeiro, a cafeicultura estendeu-se para os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo 
e, tempos depois, chegou ao Paraná. O sistema de monocultura e o espírito comercial que animava o 
produtor colonial não permitiram um melhor aproveitamento do solo, sua recuperação e muito menos 
sua conservação. O objetivo era o proveito máximo dos recursos, sempre em busca de solos frescos que 
não exigissem maior esforço ou investimento, bem como de matas que fornecessem lenha. O colonizador 
semeava desertos estéreis atrás de si e os terrenos em forte declive não suportaram o desnudamento da 
vegetação, fato que, associado ao plantio dos pés de café em fileiras perpendiculares às curvas de nível, 
levou à erosão do solo em larga escala, em poucos decênios.
O bioma da Mata Atlântica, submetido à exploração sucessiva ao longo da história de ciclos da 
economia brasileira, sofreu processo intenso de devastação de seus recursos naturais. Constata-se, 
portanto, que a displicência com a conservação dos recursos naturais permeou toda a história econômica 
do Brasil, estendeu-se a todas as áreas onde os ciclos se desenvolveram e permanece até hoje, herança 
de nosso passado colonial. Pode-se afirmar que o processo se repete hoje no centro do País, com a 
cultura da soja levando à devastação do Cerrado e ampliando suas fronteiras até a Floresta Amazônica.
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Como fruto da expansão do ambientalismo, surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável, que 
tem por princípio a conciliação entre crescimento econômico e manutenção dos processos ecológicos 
do planeta. O desenvolvimento sustentável objetiva elevar o padrão de vida dos seres humanos, com 
prioridade para aqueles que hoje vivem abaixo da linha de pobreza, mantendo-se a base de recursos e 
a diversidade de contextos culturais e ambientais. Nessa perspectiva, a biodiversidade possui valor para 
produção e consumo, e não apenas para preservação. A sua conservação deve ir além da instituição de 
reservas, privilegiando o uso racional em prol das comunidades locais.
No entanto, tradicionalmente, as políticas voltadas paraa conservação baseiam-se na criação de 
unidades de conservação (UCs). Desde a criação do Parque Nacional de Itatiaia em 1937, unidades de 
diferentes categorias vêm sendo criadas, nos planos nacional, estadual e municipal. Em regiões como 
o Cerrado e a Mata Atlântica, que figuram entre as 25 mais comprometidas do planeta, por causa da 
fronteira agrícola e a urbanização desordenada, existe o risco de desaparecimento de muitas espécies 
e demais formas de vida. A Mata Atlântica, o quinto bioma mais ameaçado do mundo, está reduzida a 
menos de 8% de sua área, em manchas isoladas.
Números oficiais indicam que o desmatamento já afetou 11% da Amazônia e 92% da Mata 
Atlântica. O impacto total sobre esses ecossistemas é, provavelmente, ainda maior do que os números 
indicam, dado o efeito acumulativo do desmadeiramento seletivo, da poluição, da pesca e da caça, todos 
largamente distribuídos em ambas as regiões.
Embora a maioria dos parques e reservas brasileiros esteja contribuindo para a preservação de uma 
parte significativa da diversidade biológica e exercendo um papel vital para o futuro dos recursos naturais 
na Amazônia e na Mata Atlântica, o conhecimento científico acumulado ao longo dos anos no campo 
da biologia da conservação tem indicado que são necessárias áreas protegidas bastante extensas, de 
forma a se manterem os processos ecológicos e evolutivos viáveis em longo prazo. Como se apresentam 
hoje, os parques e reservas existentes não são suficientes para o objetivo de preservação da diversidade 
biológica brasileira. Em outras áreas, em graus variáveis de utilização humana, incluindo zonas tampão e 
áreas sob esquemas de manejo de baixo impacto, devem também se tornar uma parte integrante dessa 
equação. Por conseguinte, o sistema das unidades de conservação tem de ser gerenciado e monitorado 
sistematicamente, de modo a atingir efetivamente os objetivos de preservação da diversidade biológica 
em longo prazo.
Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos parques e reservas do Brasil é o seu crescente 
isolamento de outras áreas naturais, protegidas ou não. Por esse motivo, e como a conservação da 
biodiversidade requer não somente a preservação em nível de espécies, mas também a diversidade 
genética contida em diferentes populações é essencial proteger múltiplas populações de uma mesma 
espécie (metapopulações). Além disso, é importante lembrar que populações isoladas são mais 
vulneráveis a eventos demográficos e ambientais aleatórios, o que as torna mais susceptíveis à extinção 
local, regional ou mesmo completa.
Têm-se enfatizado as estratégias tradicionais para conservação da biodiversidade na criação de 
áreas protegidas intactas, livres das intervenções humanas. Enquanto essas áreas possuem um enorme 
potencial de conservação, a manutenção de biodiversidade em longo prazo requer o desenvolvimento 
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de uma abordagem que inclua o manejo de zona tampão e de corredores biológicos, conectando áreas 
protegidas dentro dos biomas regionais. Isso será realizado desenvolvendo-se modelos inovadores de 
manejo que incorporem as comunidades tradicionais.
As florestas tropicais são agora reconhecidas como o mais importante repositório de diversidade 
biológica no mundo. Enquanto as regiões neotropicais ocupam apenas 16% da superfície do planeta, 
57% de todas as florestas tropicais são nelas encontradas. Estima-se que 37% dos répteis, 47% dos 
anfíbios, 27% dos mamíferos, 43% dos pássaros e 34% das plantas existentes ocorrem no Neotrópico. 
O Brasil detém cerca de um terço de todo o remanescente de florestas tropicais no mundo, distribuído 
primariamente na Amazônia e, secundariamente, na região costeira atlântica, sendo que 62% da 
Amazônia encontra-se em território brasileiro.
As Reservas da Biosfera, áreas reconhecidas pela Unesco – Organização das Nações Unidas para a 
Educação, Ciência e Cultura – como de importância mundial para a conservação do patrimônio natural 
e cultural, abrangem cerca de 1 milhão e 300 mil hectares dos diversos biomas brasileiros. Essas áreas 
incluem as unidades de conservação, consideradas como zonas núcleo, e os principais remanescentes 
florestais, áreas de interesse social e cultural, bem como as zonas de amortecimento e transição, 
formando o maior corredor ecológico do país no bioma Mata Atlântica.
A destruição de diversos ecossistemas, principalmente florestas tropicais, tem causado um acelerado 
processo de perda da diversidade biológica, ocasionando a extinção irreversível de diversas espécies. 
Uma vez que a espécie é extinta, a informação genética única contida em seu DNA não pode ser 
recuperada, a comunidade torna-se empobrecida e seu valor potencial para os seres humanos jamais 
poderá concretizar-se. 
O Projeto Corredores Ecológicos vem sendo construído dentro do Ministério do Meio Ambiente 
desde 1997. No processo de discussão dessas propostas, havia a busca por procedimentos além do 
financiamento da implementação de unidades de conservação, por meio de planos de manejo, 
investimento em infraestrutura e capacitação de pessoal. O Projeto propunha construir quadros 
econômicos, sociais e políticos sustentáveis para conservar a biodiversidade nos corredores. 
São objetivos principais do Projeto: 
• Planejar a paisagem, integrar unidades de conservação, buscando conectá-las e, assim, promover 
a construção de corredores ecológicos na Mata Atlântica e a conservação daqueles já existentes 
na Amazônia.
• Demonstrar a efetiva viabilidade dos corredores ecológicos como uma ferramenta para a 
conservação da biodiversidade na Amazônia e Mata Atlântica. 
• Promover a mudança de comportamento de sociedades envolvidas, criar oportunidades de 
negócios e incentivos a atividades que promovam a conservação ambiental e o uso sustentável, 
trazendo o viés ambiental aos projetos de desenvolvimento. 
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Os critérios utilizados estiveram, portanto, de acordo com os conhecimentos sobre a riqueza de 
espécies. Eles incluem: número absoluto, bem como percentagem total dessa diversidade dentro da 
riqueza da biota regional conservada no corredor; a diversidade de comunidades e ecossistemas, 
incluindo número de comunidades distintas e percentagem das comunidades típicas da região; o grau 
de conectividade, ou integralidade das ligações existentes entre comunidades terrestres e aquáticas ao 
longo do corredor em potencial; e a integridade, ou tamanho mínimo dos blocos de paisagem natural, 
para definir a capacidade de suporte de populações de espécies raras e ameaçadas. Adicionalmente, para 
a Mata Atlântica, foi acrescentado o critério riqueza de espécies endêmicas, tendo em vista a altíssima 
proporção de endemismos desse bioma com relação à sua extensão remanescente, decorrente do seu 
alto grau de fragmentação atual.
Devido à característica de ser uma unidade territorial de grande extensão, com multiplicidade 
e heterogeneidade de cobertura vegetal, de usos e de ocupações do solo, o corredor ecológico é 
intimamente dependente da mobilização, envolvimento e ações integradas dos diversos setores: 
governo, empresas e sociedade civil. Assim, o Projeto Corredores Ecológicos desenvolve uma abordagem 
abrangente, descentralizada e participativa, permitindo que governo e sociedade civil compartilhem a 
responsabilidade pela conservação da biodiversidade, podendo planejar, juntos, a utilização dos recursos 
naturais e do solo, envolvendo e sensibilizando instituições e pessoas, criando parceiras em diversos 
níveis: federal, estadual, municipal, setor privado, sociedade civil organizada e moradores de entorno 
das áreas protegidas.
O modelo de corredores ecológicos entre parques nacionais e/ou as demais unidades de conservação 
no Brasil vêm desdeo final da década dos anos setenta, com a nominação de “cinturões verdes”. Estes 
dariam continuidade entre unidades menores de províncias biogeográficas delimitadas por grandes rios, 
de forma a proteger a diversidade genética e ecológica da biota nativa. 
Embora o projeto brasileiro use também o nome “corredores”, trata-se de uma técnica bastante 
diferente da iniciativa centro-americana e não possui similar em qualquer outro lugar do planeta. 
Aqui tratamos de um conjunto de corredores, estrategicamente desenhados com base na distribuição 
conhecida de alguns importantes grupos de organismos. Por esse motivo, o seu conjunto tem um valor 
diferente, pois consegue compor um método claro para a conservação da biodiversidade das florestas 
tropicais do Brasil (Amazônia e Mata Atlântica).
Essa conectividade é fundamental para que possamos assegurar o mínimo de perdas de espécies 
e a manutenção dos processos ecológicos e evolutivos. Inicialmente, o projeto contemplaria apenas 
a Floresta Amazônica, mas durante o processo de elaboração foi possível incorporar um componente 
Mata Atlântica, funcionando, assim, como uma estratégia integral de conservação da totalidade das 
florestas tropicais do Brasil. Além da estratégia da conservação da biodiversidade contida no projeto, é 
importante notar a introdução da ideia de necessidade de grandes espaços de conservação no âmbito 
das políticas públicas em relação ao meio ambiente.
O uso humano não planejado de recursos naturais dos ecossistemas de floresta tropical é um 
desafio maior que deve ser considerado na formulação da política ambiental no Brasil. A tradição de 
expansão da fronteira agrícola, por meio de grandes e abruptas ocupações de terra, tem encorajado 
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usos ineficientes e a exploração não sustentável dos recursos florestais, resultando em grandes áreas 
de sistemas secundários não produtivos na Amazônia e na Mata Atlântica. Em contraposição a esse 
processo, uma extensa rede de áreas protegidas tem sido estabelecida no Brasil, em ambos os biomas, 
esforço esse direcionado à minimização da perda da diversidade biológica.
Tradicionalmente, estratégias orientadas em direção à conservação da biodiversidade têm enfatizado 
a necessidade de se criar áreas protegidas, desprovidas de interferências humanas, em um esforço 
para preservar amostras de ambientes virgens. Esse modelo foi adotado pelo Brasil, começando com a 
criação do primeiro parque nacional na década de 1930 e com o estabelecimento de várias unidades de 
conservação desde então, com um pico notável durante a década de 1980. 
Até alguns anos atrás, muitas dessas unidades de conservação encontravam-se somente decretadas. 
Contudo, com a recente intervenção do Programa Nacional do Meio Ambiente em trinta unidades de 
conservação federais do Brasil, muitas delas foram contempladas com alguma infraestrutura, planos de ação 
ou algum outro tipo de documento gestor e treinamento do pessoal local do Ibama. O Projeto Corredores 
Ecológicos identificou sete corredores principais, sendo cinco na Amazônia e dois na Mata Atlântica. Nesse 
bioma foi selecionado e está sendo implementado o Corredor Central da Mata Atlântica (CCMA).
Muitas alterações no meio ambiente vêm sendo atribuídas ao aquecimento global, uma delas 
é o aumento da reprodução de insetos. No entanto, no Brasil, o avanço da febre amarela em áreas 
anteriormente não endêmicas têm sugerido a influência dos corredores ecológicos.
 Saiba mais
Acesse a reportagem da Agência Fapesp de janeiro de 2018: 
BOULOS, M.; GATTI, É. O alarme dos macacos. Revista Pesquisa, São 
Paulo, n. 263, jan. 2018. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.
br/2018/01/11/o-alarme-dos-macacos/>. Acesso em: 5 abr. 2019.
8.1 Amazônia
O Corredor Central da Amazônia localiza-se integralmente no estado do Amazonas e é composto 
por 76 áreas protegidas, sendo 14 UCs federais (seis de proteção integral e oito de uso sustentável), 14 
UCs estaduais (três de proteção integral e 11 de uso sustentável) e 48 terras indígenas, compreendendo 
52 milhões de hectares.
Existe uma razão para acreditar, contudo, que o impacto sobre os ecossistemas nativos na Amazônia 
tem sido muito maior que o estimado por técnicas de sensoriamento remoto (que detectam apenas 
desmatamentos), pois são ineficazes no monitoramento de atividades relacionadas ao corte seletivo 
de madeira, caça comercial e de subsistência, pesca e poluição (principalmente aquela causada pelo 
mercúrio), espalhadas por toda a região.
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É importante reconhecer a extrema complexidade da biogeografia da Amazônia. A composição das 
espécies das comunidades biológicas varia amplamente ao longo da região. A história da bacia fluvial, 
as variações regionais nos tipos de solo, sistemas aquáticos, clima e o singular papel dos rios como 
barreiras à dispersão de espécies animais e vegetais resultaram em numerosos tipos de vegetação, num 
alto grau de endemismo localizado, e na formação de comunidades distintas que variam entre as bacias 
e as margens de cada grande rio da região. 
Não obstante, a dependência humana dos ecossistemas nativos ou convertidos, bem como de seus 
recursos, tende a continuar o seu crescimento. O contexto socioeconômico brasileiro requer agora a 
aceitação da presença continuada de comunidades amazônicas tradicionais, os ribeirinhos, seringueiros 
e grupos indígenas em áreas florestais e a aceitação de seu papel potencial em proteger ecossistemas 
naturais. Além disso, até em estratégias voltadas ao estabelecimento e manutenção de áreas protegidas, 
tais como parques e reservas, a experiência tem mostrado que a participação das comunidades locais é 
vital para o sucesso de iniciativas de conservação. É praticamente impossível prevenir movimentos da 
população humana e a colonização da Amazônia, devido à vasta rede de rios existentes e abertura de 
novas estradas, o que ocorre a todo o momento na região.
Por meio de nove projetos apoiados pelo Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, 
povos indígenas da bacia do rio Solimões estão contribuindo para a conservação da diversidade biológica 
do Corredor Central da Amazônia. Os Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas (PDPI) compõem um 
programa do governo brasileiro que tem por objetivo melhorar a qualidade de vida dos povos indígenas 
da Amazônia Legal, fortalecendo sua sustentabilidade econômica, social e cultural, em consonância com a 
conservação dos recursos naturais de seus territórios. Entre esses projetos, podemos citar:
• Centro Cultural em Porto Espiritual: espaço de valorização de nossos costumes. 
— Localização: Terra Indígena Ticuna de Porto Espiritual.
— Objetivo: por meio da construção de um centro cultural e da realização de oficinas, pretende-se 
propiciar um espaço onde a tradição Ticuna seja repassada para os mais jovens e onde possam ser 
realizados encontros com as comunidades vizinhas. Nessas oficinas, será estimulada e reforçada a 
aprendizagem da fabricação do artesanato tradicional Ticuna, também uma fonte de renda para 
a comunidade. Ademais, serão coletados mitos e outros conhecimentos dos mais velhos.
• Piscicultura e Fruticultura Integradas na Aldeia Umariaçu I
— Localização: Terras Indígenas Umariaçu. 
— Objetivo: a aldeia Umariaçu I fica muito próxima à cidade de Tabatinga e, por isso, sofre com 
problemas sociais, como alcoolismo, carências de alimentação e superexploração dos recursos 
naturais. Com essa iniciativa, pretendem aumentar a disponibilidade de alimentos, por meio do 
povoamento de um açude já existente e o plantio de espécies frutíferas em seu entorno.
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• Boas Práticas de Manejo da Castanha
— Localização: Terra Indígena Marajaí. 
— Objetivo: o projeto pretende treinar os produtores em boas práticas de coleta, armazenamento 
e comercialização da produção de castanha. Contam com diversos parceiros governamentais 
– como a Fundação Estadual para os Povos Indígenas (Fepi) e a Agência de Florestas do Estado 
do Amazônia (Afloram), ambas estaduais, e a Prefeitura Municipal Alvarães – para realizar os 
treinamentos e criar as instalações físicas.
 Lembrete
Amazônia e Mata Atlântica são regiões de alta produtividade por se 
localizarem em região intertropical. 
8.2 Mata Atlântica
A Mata Atlântica possui menos de 2% do seu território coberto por unidades de conservação 
de proteção integral (estaduais e federais), ou seja, as unidades mais restritivas quanto à utilização 
humana. Portanto, a preservação da biodiversidade desse bioma dependerá basicamente das ações que 
se desenvolverem nos 98% restantes, que estão sob influência direta do homem. As dificuldades para a 
criação de novas unidades de conservação de domínio público fazem crescer ainda mais a importância 
das áreas particulares protegidas, na dinâmica de conservação da Mata Atlântica, e em especial do 
Corredor Central da Mata Atlântica.
A Mata Atlântica também abriga altíssimos níveis de diversidade de espécies e endemismos. Existem 
73 mamíferos, 160 pássaros e 128 anfíbios restritos a esse bioma. A diversidade botânica pode atingir 
cerca de 20 mil espécies. A dinâmica que leva à destruição da Mata Atlântica é muito mais antiga que a da 
Amazônia, começando com a colonização do Brasil, e tem crescido dramaticamente com a industrialização 
do sudeste do país. Hoje, restam menos de 8% da cobertura florestal original, na forma de um arquipélago 
de remanescentes florestais composto, na maioria das vezes, por fragmentos isolados. 
Dentro do domínio da Mata Atlântica, dois corredores ecológicos foram propostos: 
• Corredor Central da Mata Atlântica, com áreas de alta diversidade nos Estados de Espírito Santo, 
Minas Gerais e Bahia, abrigando muitas espécies animais e vegetais da planície costeira. 
• Corredor Sul da Mata Atlântica (Corredor da Serra do Mar), que inclui a maior extensão de área 
do domínio da Mata Atlântica, sendo o mais viável para a conservação, pois inclui 27 Unidades de 
Conservação, como o Parque Estadual de Campos do Jordão e o Parque Nacional de Itatiaia. 
O planejamento de corredores é feito em escala regional, incluindo áreas protegidas, hábitats naturais 
remanescentes e suas comunidades ecológicas. O Corredor Central compreende cerca de 80% da biorregião 
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“Bahia”, uma das sub-regiões biogeográficas da Mata Atlântica. As regiões biogeográficas foram delimitadas 
a partir da sobreposição dos mapas com a distribuição das espécies de aves passeriformes endêmicas, com 
os centros de endemismo identificados para primatas e borboletas florestais. 
O Corredor Central da Mata Atlântica representa um dos principais centros de endemismo da 
Mata Atlântica, como descrito, por exemplo, para plantas, borboletas e vertebrados. A região detém 
dois dos maiores recordes de diversidade botânica em todo o mundo, registrados em floresta próxima 
ao Parque Estadual da Serra do Conduru e na região serrana do Espírito Santo. O Corredor abriga 
também grande diversidade de espécies de vertebrados, incluindo mais de 50% das espécies de 
aves endêmicas e 60% das espécies endêmicas de primatas da Mata Atlântica, como é o caso do 
mico-leão-de-cara-dourada.
Esse Corredor se estende ao longo da faixa litorânea compreendida desde o sul do Recôncavo Baiano até 
o centro-sul do Espírito Santo, com uma distância média desde a costa até o interior de aproximadamente 
300 km. Está, pois, essencialmente distribuído nos estados da Bahia e do Espírito Santo, com uma pequena 
representação em Minas Gerais, na porção mineira do Parque Nacional do Caparaó. Com exceção da cidade 
de Vitória, o corredor abrange centros urbanos de pequeno e médio portes. 
A região da Mata Atlântica foi a primeira a ser colonizada no Brasil, sendo que menos de 10% de 
sua extensão original persiste até hoje. Considera-se que esse corredor inclui perto de 80% de todas as 
áreas que hoje se consideram como prioritárias para a conservação de diversidade biológica do bioma 
Mata Atlântica ao norte do Espírito Santo e mais de 90% de todos os remanescentes de maior relevância 
ao longo de sua distribuição. No âmbito do corredor, principal centro de endemismo da Mata Atlântica, 
foram registrados os dois maiores recordes mundiais em diversidade botânica, variando entre 450 e 476 
espécies arbóreas em um único hectare.
Na Mata Atlântica, florestas extremamente fragmentadas estão distribuídas em uma paisagem 
dominada por centros urbanos, áreas agrícolas e industriais, todas com alta densidade populacional 
humana. A remoção forçada de residentes das áreas protegidas torna-se cada vez mais difícil, devido 
aos dilemas éticos envolvidos e à escassez de fundos governamentais disponíveis para prover a 
adequada compensação e realocação populacional. As unidades de conservação do Corredor Central 
da Mata Atlântica se encontram fragmentadas, com perímetros muito irregulares – o que favorece 
o efeito de borda sobre os remanescentes – e com baixa taxa de dominialidade pública, sofrendo 
diversas pressões antrópicas que as transformaram em verdadeiras ilhas biológicas. A falta de pessoal 
nessas UCs agrava esse quadro. 
O Corredor Central da Mata Atlântica (CCMA) está totalmente inserido no Domínio da Mata Atlântica, 
ocupando em sua parte terrestre uma área de aproximadamente 133 mil quilômetros quadrados ao 
longo de 1.200 quilômetros de costa. De acordo com o último relatório da Fundação S.O.S Mata Atlântica, 
divulgado em 2006, o Espírito Santo possui pouco mais de 11% do bioma original e é composto por 
uma parte terrestre e outra marinha que alcança até o limite da plataforma continental. Esse território 
engloba grande diversidade de ecossistemas, paisagens e culturas, além de uma considerável quantidade 
de áreas protegidas – em especial, unidades de conservação (UCs). 
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FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
A priorização do CCMA, no âmbito do Projeto Corredores Ecológicos, ocorreu devido ao alto grau 
de vulnerabilidade e de fragmentação dos ecossistemas dessa região, quando comparado ao Corredor 
da Serra do Mar – região delimitada como possível de ser beneficiada pelo Projeto. Todavia, apesar de 
encontrar-se sob extrema ameaça, a área do CCMA ainda contém remanescentes de Mata Atlântica 
com biodiversidade significativa e boas chances de manutenção ou restabelecimento de conectividade. 
Pesaram, ainda, na escolha dessa região a capacidade de implementação dos estados do Espírito Santo 
e Bahia, bem como das organizações não governamentais, e a existência de dados disponíveis sobre a 
área do corredor.
O processo de ocupação desordenada das terras e a exploração indevida dos recursos naturais levaram 
a uma drástica redução da cobertura vegetal da Mata Atlântica. Suas formações vegetais correspondem 
a 16% do território brasileiro, distribuídos integral ou parcialmente por 17 Estados. Hoje, restam 7% de 
sua cobertura vegetal original.
Atualmente, a região abriga uma população de mais de 100 milhões de habitantes, concentrados 
em grandes aglomerados urbanos e dependentes dos recursos naturais da Mata Atlântica para sua 
sobrevivência. As ameaças atuais não recaem somente sobre o patrimônio natural, mas também sobre 
um valioso legado histórico constituído por diversas comunidades tradicionais – parte importante da 
identidade cultural do país, que convivem com os maiorespolos industriais e silviculturais do Brasil. 
A região cacaueira da Bahia, onde até pouco tempo atrás predominava o sistema “cabruca” de cultivo, 
com sombreamento de árvores nativas, vem experimentando uma tendência crescente de conversão do 
solo para atividades ligadas à pecuária, além de uma pressão elevada sobre os recursos madeireiros ainda 
existentes em propriedades privadas. Estima-se que, a persistirem as atuais tendências, todo o estoque 
madeireiro estará esgotado em 15 anos. No extremo sul da Bahia, as monoculturas de Eucalyptus sp. 
vêm-se expandindo fortemente, dominando a paisagem de algumas regiões, juntamente com áreas de 
pastagem. No Espírito Santo, a indústria de madeira passou pelo seu apogeu nas décadas de 1960 e 
1970, representando hoje uma fração insignificante da economia do estado. Os principais usos da terra 
nessa região incluem a cultura do café, atividades agropastoris e a produção de celulose a partir de 
florestas plantadas.
Dentre as unidades de conservação federais de uso indireto contidas no corredor, poucas possuem 
atividades permanentes ligadas à implementação de seus planos de manejo. A maioria dessas unidades 
de conservação ainda está sujeita a problemas ligados à caça e desmatamento ilegais, além de invasões 
por posseiros.
O estado do Espírito Santo integra o Corredor Central da Mata Atlântica, juntamente com parte do 
estado da Bahia – mais especificamente, a área ao sul do Recôncavo Baiano. A criação do Comitê da 
Reserva da Biosfera no Estado do Espírito Santo foi consequência de amplo processo de discussão que 
se estabeleceu para o tombamento dos remanescentes da Mata Atlântica como patrimônio natural e 
cultural, reconhecido pelo Conselho Estadual de Cultura em 1990.
O Espírito Santo é o único estado brasileiro que tem todo o seu território dentro de um corredor ecológico. Em 
face desse imenso desafio, a implantação de corredores demonstrativos tem o objetivo de testar metodologias 
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que possam inspirar iniciativas nas outras regiões do Estado e em todo o Corredor Central da Mata Atlântica. No 
Espírito Santo, a Mata Atlântica cobria mais de 90% do território. Sucessivos ciclos econômicos de extração de 
madeira, cafeicultura, pastagens e industrialização foram reduzindo a presença da floresta. Os remanescentes 
atuais, extremamente fragmentados, cobrem pouco mais que 8% do território do Estado. As Unidades de 
Conservação protegem menos de um terço desse total e representam cerca de 3% do território estadual. 
Nos corredores ecológicos do Espirito Santo, a promoção de atividades sustentáveis, como a agricultura 
ecológica, os sistemas agroflorestais e o turismo sustentável, está entre as estratégias propostas pelo 
Projeto Corredores Ecológicos desde sua concepção. O estímulo a essas atividades também apareceu 
como demanda nas oficinas de planejamento participativo, realizadas nos dez corredores ecológicos 
definidos como prioritários no Espírito Santo. Coerente com essas posições, o turismo sustentável – 
principalmente nas modalidades de ecoturismo, turismo de aventura, agroturismo, turismo rural 
e turismo científico e pedagógico – vem sendo promovido em todo o estado, em especial nos dez 
corredores ecológicos e no entorno das UCs.
O ecoturismo e as tipologias afins, como o agroturismo e o turismo de aventura, quando bem estruturadas, 
causam baixo impacto ambiental e ainda contribuem para a geração de renda para as populações locais, 
além de fortalecer a identidade cultural de comunidades tradicionais, em especial as residentes no entorno 
de UCs. Além disso, o ecoturismo e o turismo sustentável são importantes instrumentos de educação e 
interpretação ambiental, pois sensibilizam e difundem conceitos de conservação da biodiversidade e de 
sustentabilidade econômica para visitantes e moradores das regiões beneficiadas.
As atividades desenvolvidas por técnicos especializados do Projeto de Corredores Ecológicos, 
em parceria com o Instituto Capixaba de Ecoturismo (ICE), têm por objetivo suprir ou minimizar as 
necessidades recreativas, educativas e estruturais de instituições públicas e privadas, comunidades locais 
e das próprias UCs, de maneira que os ambientes possam ser conservados e possibilitem aos visitantes e 
moradores o acesso à informação, oportunidades e segurança.
Entre as contribuições do ecoturismo e do turismo sustentável para os corredores ecológicos, temos 
a geração de renda para as comunidades locais, fortalecimento da identidade cultural e da autoestima 
das populações locais e tradicionais, a manutenção de espaços naturais e UCs preservados, o incentivo ao 
comércio de produtos alimentares, artesanatos, comidas típicas e produtos orgânicos, a sensibilização de 
visitantes e moradores sobre as questões ambientais e o fortalecimento da relação ser humano-natureza. 
O ecoturismo pode ser uma importante alternativa para enfrentar questões relacionadas à gestão de 
UCs, à participação social e ao uso sustentável dos recursos naturais e culturais em regiões prioritárias 
para a conservação. As áreas de corredores ecológicos do estado são hoje uma interessante e viável 
unidade de planejamento para o desenvolvimento do turismo sustentável, permitindo trabalhar 
atividades de fiscalização, estruturação e gestão participativa e descentralizada das UCs existentes. 
Na Bahia, há um sistema georreferenciado de gestão ambiental, o Geobahia. A versão atual do 
Geobahia contempla diversos temas e informações georreferenciados, categorizados segundo regiões 
específicas do estado – Litoral Norte, Baía de Todos os Santos, Litoral Sul e Bacia do Paraguaçu. Os 
temas são: 
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• bacias e sub-bacias hidrográficas e rede hidrográfica;
• divisão e sedes municipais;
• sistema viário;
• abrangência do Núcleo Mata Atlântica;
• unidades de conservação estaduais e federais; 
• áreas prioritárias para a conservação e uso sustentável da biodiversidade; 
• áreas focais do Projeto Corredores Ecológicos;
• imagens de satélites e fotografias aéreas;
• autos de infração e licenciamentos do CRA;
• procedimentos do Núcleo Mata Atlântica;
• fazendas de camarão (Bahiapesca);
• restrições ambientais, batimetria, áreas de preservação permanente, ecossistemas, campos de 
petróleo (Subcomponente Gerenciamento Costeiro do Programa Nacional do Meio Ambiente II, 
do Ministério do Meio Ambiente);
• plantios de eucalipto e áreas de reserva legal;
• áreas de assentamento do Incra;
• espécies ameaçadas e endêmicas do sul do estado. 
O sistema possui várias ferramentas e funcionalidades que permitem, por exemplo: medir a distância 
entre dois pontos; obter informações textuais sobre áreas específicas dos mapas; gerar pontos, linhas 
e polígonos em qualquer região do estado e imprimir mapas; consultar informações de processos de 
licenciamento e autos de infração; consultar informações por bacias hidrográficas e municípios de 
qualquer região do estado, entre outros.
Diante da formação dos corredores ecológicos, como ficam as Unidades de Conservação (UC)? A 
partir da formação dos corredores, as UCs foram alteradas? Ampliadas? Extintas?
Que tratamento receberam?
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Unidade IV
 Observação
A implantação de corredores ecológicos visa preservar vegetação e 
espécies nativas e envolve iniciativas governamentais, bem como individuais 
de comunidades regionais. 
8.3 Unidades de Conservação (UCs)
O interesse pela preservação de áreas naturais pode ser facilmente percebido, mesmo antes da 
criação do conceito de Unidades de Conservação (UCs). Foi nos Estados Unidos, em fins do século XIX, 
que surgiu a primeira área naturalprotegida, o Parque Nacional de Yellowstone. De acordo com a União 
Internacional para Conservação da Natureza (UICN), uma área natural protegida, hoje conhecida como 
Unidade de Conservação, é “[...] uma superfície de terra ou mar consagrada à proteção e manutenção da 
diversidade biológica, assim como dos recursos naturais e dos recursos culturais associados, e manejada 
por meios jurídicos e outros eficazes” (UICN, 1994, p. 185). 
As áreas naturais protegidas apresentam-se enquadradas em sistemas que possuem características 
variadas, nos diversos países do globo. Geralmente, os nomes destinados às unidades são semelhantes, 
mas, conforme a legislação de cada país, podem englobar conceitos diferentes. Um exemplo é a categoria 
que limita o manejo da área, não implicando desapropriação ou mudança de domínio, com o objetivo 
mais focado nas condições ambientais de uma região e na proteção de ecossistemas regionais. No Brasil, 
essa categoria recebe o nome de Área de Proteção Ambiental, enquanto no Canadá e Japão dá-se o 
nome de Parques Nacionais.
• Unidades de Conservação no mundo
Diversos países não tardaram a adotar a prática de criação de parques visando à conservação de sua 
área natural, tendo como base o modelo de Yellowstone.
Entre as primeiras nações a seguirem o exemplo norte-americano estão: 
— Austrália (1879) ..................................Parque Nacional Royal
— Canadá (1885).................................... Parque Nacional Banff
— Nova Zelândia (1894) .......................Parque Nacional Egmont 
— África do Sul (1898)..........................Parque Nacional Kruger
— México (1899)
— Argentina (1903)..................................Parque Nacional Nahuel Huapi
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— Chile (1926)
— Equador (1934).....................................Parque Nacional Galápagos
— Venezuela e Brasil (1937), entre outros.
• Unidades de Conservação no Brasil
A primeira Unidade de Conservação brasileira foi o Parque Nacional de Itatiaia, criado em 1937. 
Depois disso, foram criados o Parque Nacional de Iguaçu, no Paraná, e o Parque Nacional da Serra dos 
Órgãos, no Rio de Janeiro, em 1939.
• Categorias de UCs reconhecidas pelo Conselho Nacional do Meio ambiente (Conama) até 
a década de 1990
Quadro 2
Tipo de Unidade de Conservação Sigla
Área de proteção ambiental APA
Área de relevante interesse ecológico ARIE
Estação ecológica EE
Floresta nacional (estadual, municipal) Flona
Horto florestal –
Jardim botânico –
Jardim zoológico –
Monumento natural –
Parque nacional (estadual e municipal) Parna
Reserva biológica Rebio
Reserva ecológica RE
As Unidades de Conservação podem ser criadas em nível municipal, estadual e federal, por meio de 
decreto ou lei, porém, sua extinção é feita somente por meio de lei.
Embora a criação ocorra oficialmente mediante diploma legal, a existência da UC apenas se dá após 
a adoção de medidas concretas, ou seja, que efetivem a sua criação, tais como a demarcação do terreno, 
a instalação de infraestrutura, a colocação de recursos humanos, entre outros.
• O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
O conjunto de Unidades de Conservação do Brasil constitui o Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação da Natureza – SUNC. A aprovação e adoção do SNUC foram passos fundamentais para que 
nossas áreas tivessem proteção real em lei.
O sistema nacional brasileiro tem os seguintes objetivos: 
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— Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território 
nacional e nas águas jurisdicionais. 
— Proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional. 
— Colaborar para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais. 
— Preservar o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais. 
— Fomentar a utilização dos princípios e das práticas de conservação da natureza no processo de 
desenvolvimento. 
— Promover paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica. 
— Resguardar as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológicas, 
arqueológica, paleontológica e cultural. 
— Defender e recuperar recursos hídricos e edáficos. 
— Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados. 
— Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento 
ambiental. 
— Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica. 
— Favorecer condições e promover a educação e a interpretação ambiental, a recreação em 
contato com a natureza e o turismo ecológico. 
— Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando-
as social e economicamente. 
• Categorias de unidades de conservação
— As unidades de conservação integrantes de SNUC dividem-se em dois grupos, com características 
especificas: unidades de proteção integral e unidades de uso sustentável. 
— O grupo das unidades de proteção integral é composto pelas seguintes categorias de unidade 
de conservação: 
- Estação Ecológica. 
- Reserva Biológica. 
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- Parque Nacional. 
- Monumento Natural. 
- Refúgio de Vida Silvestre. 
— Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de Unidade de 
Conservação:
- Área de proteção ambiental. 
- Área de relevante interesse ecológico. 
- Floresta nacional. 
- Reserva extrativista. 
- Reserva de fauna. 
- Reserva de desenvolvimento sustentável. 
- Reserva particular do patrimônio natural.
• Classificação por categoria de uso
Quadro 3
Categorias Tipo de uso
Estação Ecológica Proteção integral
Parque Nacional Proteção integral
Reserva Biológica Proteção integral
APA Uso sustentável
Arie Uso sustentável
Floresta Nacional Uso sustentável
Reserva Extrativista Uso sustentável
• Unidades de proteção integral
O objetivo básico das unidades de proteção integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas 
o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos.
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• Estação Ecológica 
A categoria Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização 
de pesquisas científicas. Toda estação ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites deverão ser desapropriadas. Não é uma categoria diretamente 
atrativa para o segmento do turismo, pois nas estações ecológicas é proibida a visitação pública, exceto 
quando com objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o plano de manejo da unidade ou o 
regulamento específico.
É preciso ressaltar que não há proibição legal expressa quanto à visitação turística, mas sim restrições, 
já que não deverá existir infraestrutura direcionada ao atendimento ao turista.
• Reserva Biológica 
As Reservas Biológicas têm como objetivo a preservação integral da biota e dos demais atributos 
naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, 
excetuando-se as medidas necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade 
biológica e os processos ecológicos naturais.
• Parque Nacional
O Parque Nacional é o principal elemento dentre as áreas naturais protegidas brasileiras, as unidades 
de conservação, pois foi segundo esses modelos que surgiram as demais categorias. As unidades dessa 
categoria, quando criadas pelo estado ou pelo município, são denominadas, respectivamente, parque 
estadual e parque natural municipal.
A categoriaParque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de 
grande relevância ecológicas e beleza cênica, possibilitando a realização e interpretação ambiental, de 
recreação em contato com a natureza e de ecoturismo.
Dentro do universo do ecoturismo, os Parnas são, sem dúvida alguma, as áreas mais atrativas. Porém, 
a visitação pública a essas áreas está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo 
de cada unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e às previstas 
em regulamento.
• Refúgio de Vida Silvestre
O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram 
condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna 
residente ou migratória. Pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível 
compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local 
pelos proprietários. 
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• Unidades de Uso Sustentável
O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com 
o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.
• Área de Proteção Ambiental 
A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, 
dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade 
de vida e o bem-estar das populações humanas, tendo como objetivos básicos proteger a diversidade 
biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. 
Pode ser constituída por terras públicas ou privadas.
• Áreas de Relevante Interesse Ecológico
A Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) é, em geral, uma área de pequena extensão, com 
pouca ou nenhuma ocupação humana, apresenta características naturais consideradas extraordinárias 
ou abriga exemplares raros da biota regional.
• Floresta Nacional (estadual ou municipal)
A Floresta Nacional é definida como uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente 
nativas. Tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa 
científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas naturais. 
A visitação pública nessas UCs é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo da 
unidade e pelo órgão responsável por sua administração.
• Reserva Extrativista
É uma área utilizada por populações tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, 
complementarmente, na agricultura de subsistência e criação de animais de pequeno porte. Essa reserva 
tem como objetivo básico proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, bem como assegurar 
o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.
• Reserva de Fauna
É a categoria que abrange uma área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres 
ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo 
econômico sustentável de recursos faunísticos.
• Reserva de Desenvolvimento Sustentável
A categoria Reserva de Desenvolvimento Sustentável compreende uma área natural que 
abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração 
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dos recursos naturais desenvolvidos ao longo de gerações, assim como adaptados às condições 
ecológicas locais, e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na 
manutenção da diversidade biológica.
As atividades desenvolvidas na reserva de desenvolvimento sustentável obedecerão às seguintes 
condições: 
— É permitida e incentivada a visitação pública, desde que compatível com os interesses locais e 
de acordo com o disposto no plano de manejo da área. 
— É permitida e incentivada a pesquisa científica voltada à conservação das populações residentes 
com seu meio e à educação ambiental, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável 
pela administração da unidade, às condições por este estabelecidas e às normas previstas em 
regulamento. 
— Deve ser sempre considerado o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a 
conservação. 
— É admitida a exploração de componentes dos ecossistemas naturais em regime de manejo 
sustentável e a substituição da cobertura vegetal por espécies cultiváveis, desde que sujeitas 
ao zoneamento, às limitações legais e ao plano de manejo da área. 
• Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN)
A Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN é uma área particular, gravada com perpetuidade, 
cujo objetivo é conservar a diversidade biológica desse determinado território.
A ideia de desenvolvimento sustentável, ou, mais simplesmente, de sustentabilidade, nos remete à 
capacidade de progredir sem agressão ou dano aos recursos utilizados, trazendo, em vez de consequências 
maléficas, benefícios a ambas as partes envolvidas, homem e ambiente.
O desenvolvimento sustentável é norteado tanto pelas necessidades essenciais, presentes e futuras, 
como pela noção de limitação, já que, sem a imposição de limites, dificilmente a sustentabilidade ocorreria. 
• Metodologias para o controle do uso turístico
O uso turístico em áreas naturais protegidas com base nos princípios de sustentabilidade é 
condicionado ao volume humano que a UC pode suportar. Todos os estudos sobre capacidade de carga 
turística em unidades de conservação acabam por levar em conta os fatores a seguir enumerados: 
— Tamanho da área e espaço utilizável pelo turista. 
— Fragilidade do ecossistema a ser visitado. 
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FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
— Recursos naturais: número, diversidade e distribuição das espécies vegetais e animais. 
— Topografia, relevo e hidrografia. 
— Sensibilidade e mudanças de comportamento de espécies animais diante dos visitantes. 
— Percepção ambiental dos turistas. 
— Disponibilidade de infraestrutura e facilidades. 
— Oportunidades existentes para que os visitantes desfrutem dos recursos. 
• Outras estruturas voltadas para o turismo 
Em alguns casos, outras estruturas mais voltadas ao atendimento turístico podem ser instaladas – 
algumas categorias de manejo e certas áreas naturais suportam tais estruturas: 
— Cantina(s).
— Loja(s). 
— Restaurante. 
— Área de acampamento ou camping organizado.
— Estrutura fixa de hospedagem (hotel, pousada etc.).
As cantinas ou lanchonetes, muito comuns em espaços de lazer, necessitam de cuidados especiais 
quando instaladas em UCs. Sua aparência visual não deve agredir o ambiente, e a comercialização de 
produtos precisa ser controlada, com o intuito de minimizar os impactos, principalmente na fauna do 
local. Os equipamentos e serviços devem oferecer: 
— Guias ou condutores de visitantes. 
— Informações documentadas. 
— Estacionamento. 
— Mirantes de acessos. 
— Instalações para estudos e pesquisas. 
— Sala de exibições e palestras. 
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Unidade IV
— Água potável. 
— Sanitários. 
— Caminhos e trilhas de interpretação. 
— Sinalização. 
— Primeiros socorros.
Exemplo de aplicação
Realize uma pesquisa, descreva o que é manejo sustentável e enumere algumas iniciativas de 
realizá-lo. 
 Resumo
Nessa unidade pudemos perceber que os crescentes movimentos 
ambientalistas estão nos fornecendo uma nova consciência, cultura e hábito: 
a prática da conservação. Hoje, a informação se dissemina com rapidez e 
eficácia para nos orientar sobre como melhorar as

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