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Avaliação da Qualidade dos Eluatos de Geradores de 99Mo-99mTc

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SCIENTIA PLENA VOL. 6, NUM. 8 2010 
www.scientiaplena.org.br 
089901-1 
 
Avaliação da qualidade dos eluatos de geradores de 99Mo-
99mTc 
W. G. Andrade; F. F. Lima 
 Centro Regional de Ciências Nucleares – CRCN, Av. Prof. Luiz Freire 200, Recife - PE, 50740-540, Brasil 
fflima@cnen.gov.br 
(Recebido em 05 de abril de 2010; aceito em 12 de agosto de 2010) 
A avaliação da qualidade dos radiofármacos utilizados em procedimentos diagnósticos em Medicina 
nuclear é essencial para se obter imagens adequadas, bem como evitar exposições desnecessárias para o 
paciente. A maioria dos radiofármacos são marcados com 99mTc obtido do gerador de 99Mo-99mTc. Antes 
do procedimento de marcação, o eluato precisa ser avaliado quanto às purezas radionuclídica, química e 
radioquímica, além do pH. Esse estudo objetiva avaliar a qualidade dos eluatos provenientes dos 
geradores de 99Mo-99mTc utilizados em serviços de medicina nuclear na cidade de Recife, Brasil. Para 
determinar o teor de 99Mo contido no eluato, foi empregado o método de atenuação usando um cilindro de 
chumbo com espessura de 6mm. Para o teste de pureza química, foi empregado o teste colorimétrico 
semi-quantitativo com soluções padrões de Al3+ com concentrações de 5, 10 e 20 ppm. A pureza 
radioquímica foi determinada por cromatografia em camada delgada utilizando placa cromatográfica de 
sílica gel (60F) sobre folha de alumínio (Sorbent Technologies®), a qual foi cortada em tiras de 1x10cm. 
Os solventes foram acetona e salina. A avaliação do pH foi realizada com o papel universal de pH 
(Merck®). Foi observado que, aproximadamente, 2% das amostras mostraram níveis de 99Mo acima do 
valor de referência. Duas amostras estavam fora dos limites recomendados para concentração de Al3+. 
Com relação a presença de pertecnetato livre, 40% das amostras apresentaram valores de Rf discrepantes 
dos recomendados pelas farmacopéias européia e americana. Com relação ao teste de pH, todas as 
amostras estavam dentro do intervalo esperado. Assim, observa-se que se faz necessário implementar um 
programa de controle da qualidade do eluato nas clínicas de medicina nuclear antes de serem utilizados 
nas marcações dos radiofármacos. 
Palavras-chave: Medicina nuclear, Radiofármaco, Controle da Qualidade . 
 
The assessment of the quality of radiopharmaceuticals used for diagnostic examinations in nuclear 
medicine is essential to obtain adequate images as well as to avoid unnecessary dose to the patient. The 
most of radiopharmaceuticals are labeled with 99mTc eluate obtained from 99Mo-99mTc generator. Before 
the labeling procedure, the eluate must be evaluated about its radionuclidic, chemical and radiochemical 
purities and pH, also. This study aims to evaluate the quality of 99Mo-99mTc generators used in nuclear 
medicine departments in Recife, Brazil. To determine the 99Mo content in the eluate, it was employed the 
attenuation method using a 6 mm thick lead cylinder. For chemical purity test, it was used a semi-
quantitative colorimetrical test with standard solutions of Al3+ with concentrations of 5, 10 and 20ppm. 
Radiochemical purity was determined by thin-layer chromatography on silica gel aluminum foil 
(Sorbentia Technologies®) that it was cut in strips of 1x10cm. The solvents were acetone and saline. The 
pH evaluation was performed with the universal pH strip (Merck®). It was observed that about 2.0% of 
samples showed levels of 99Mo above the reference value. Two samples are outside of the recommended 
Al3+ concentration. In relation to the content of free pertechnetate, 40% of samples showed values of Rf 
outside of the European and U.S. Pharmacopoeias recommendations. Concerning the pH test, all samples 
were within the expected range. Thus, it is necessary to implement a quality control program of the eluate 
in clinics of nuclear medicine. 
Keywords: Nuclear medicine, Radiopharmaceutical, Quality control. 
1. INTRODUÇÃO 
A medicina nuclear é uma modalidade médica que usa radionuclídeos em procedimentos 
diagnósticos ou terapêuticos e os radiofármacos utilizados necessitam mostrar uma afinidade 
com o órgão ou tecido que está sendo investigado. Dessa forma, ele é absorvido no órgão de 
interesse e essa absorção ocorre diferentemente entre os órgãos em condições normais e 
mailto:fflima@cnen.gov.br
W. G. Andrade e F. F. Lima., Scientia Plena 6, 089901 (2010) 2 
patológicas [1]. O radionuclídeo mais empregado como marcador dos radiofármacos é o 
tecnécio-99m (99mTc). 
A produção do 99mTc nos serviços de medicina nuclear (SMN) apenas foi possível na década 
de 50 quando o Brookhaven National Laboratory desenvolveu o gerador de 99Mo-99mTc [2]. No 
Brasil, os SMN utilizam os geradoers fornecidos pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e 
Nucleares – IPEN/CNEN. 
O gerador de 99Mo/99mTc consiste de molibnato de sódio imobilizado numa coluna de vidro 
que contém alumina (Al2O3; óxido de alumínio). O 
99Mo, em sua forma química, possui uma 
grande afinidade pela alumina o que acarreta a sua adsorção na coluna, não ocorrendo o mesmo 
com seu radioisótopo filho, o 99mTc, uma vez que este apresenta pequena afinidade pela alumina 
[3]. Assim, quando uma solução eluente de cloreto de sódio (NaCl) a 0,9% é injetada, o 99mTc é 
arrastado da coluna, ocorrendo a sua separação do 99Mo. 
Há, entretanto, a possibilidade da presença de falhas, canais ou danos na coluna, que é rara, 
porém imprevisível [4]. Em um breve estudo, Nogueira [3] avaliou 5 geradores e observou que 
um deles (20%) apresentou 99Mo nas soluções eluídas e um outro apresentou o contaminante 
103Ru. Os dados desse estudo mostram que, apesar das características dos geradores de 
99Mo/99mTc, há possibilidade de se encontrar 99Mo nas soluções eluídas, o que reforça a 
necessidade de se implementar o teste de controle de teor de molibdênio nos eluatos. 
Como os radiofármacos marcados com 99mTc consistem em kits liofilizados para uso 
parenteral, que requerem a reconstituição e marcação do fármaco, estando sujeitos à 
manipulação nos centros de medicina nuclear, além da avaliação da pureza radionuclídica, um 
mínimo de testes deve ser efetuado nesses kits marcados antes da dispensação para 
administração humana, dentre eles as determinações de pH, pureza química e pureza 
radioquímica [5]. 
Os efeitos do pH refletem na adequação fisiológica e estabilidade radioquímica do fármaco; 
ou seja, interferem significativamente na eficiência de marcação, além de poder ocasionar a 
formação de complexo com estrutura química e comportamento biológico diferentes do 
esperado[6]. A maioria dos radiofármacos está numa faixa de pH entre 4 e 8,5. 
Outro passo do controle de qualidade é avaliar a pureza química, ou seja, a ausência de 
formas químicas indesejáveis, não radioativas. O principal exemplo é a alumina da coluna 
(Al2O3) e a sua presença em excesso interfere com a distribuição normal de certos 
radiofármacos tais como 99mTc-enxofre coloidal (atividade pulmonar aumentada) e com o 99mTc-
metildifosfonato (atividade hepática aumentada) [3, 6]. Desta forma, essa impureza química 
pode produzir diagnósticos equivocados ou a repetição do exame. 
Um radionuclídeo pode estar presente em outra forma química que não a declarada, pois os 
compostos químicos podem ser gerados na produção e estocagem da substância. A presença de 
impurezas radioquímicas resulta na perda de qualidade da imagem devido ao alto background 
dos tecidos vizinho e do sangue [7]. Três espécies podem existir em compostos marcados com 
99mTc: o radioisótopo livre como pertecnetato (99mTcO4-), hidrolisado (99mTcO2) e marcado com 
o fármaco (fármaco-99mTc). 
Em muitos radiofármacos a presença de impureza radioquímica pode ser reconhecida pela 
alteração da biodistribuição, contudo é muito importante identificar a preparação incorreta antes 
de ser administradaao paciente para evitar a repetição do exame e a dose desnecessária ao 
paciente [3, 6]. 
Devido a esses possíveis problemas que podem ocorrer durante a preparação dos 
radiofármacos marcados com 99mTc, é importante que o próprio usuário seja capaz de certificar a 
qualidade do eluato do gerador e do produto marcado, ainda que caiba à indústria produtora a 
garantia da qualidade dos geradores de 99Mo/99mTc e dos "kits" para marcação. 
No Brasil, não havia normas referentes ao controle de qualidade nos radiofármacos com 
relação à pureza radionuclídica, como também à pureza química e radioquímica em nível de 
usuário. Apenas em 2008, a Anvisa, em sua Resolução RDC 38 [8], dispôs que o Serviço de 
Medicina Nuclear deve realizar controle de qualidade do eluato dos geradores e radiofármacos 
conforme recomendações dos fabricantes, evidências científicas ou compêndios oficiais aceitos 
pela ANVISA. 
W. G. Andrade e F. F. Lima., Scientia Plena 6, 089901 (2010) 3 
Diante disso, esse estudo objetiva avaliar a qualidade dos eluatos provenientes dos geradores 
de 99Mo-99mTc utilizados em SMN na cidade do Recife, Brasil. 
2. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Esse trabalho foi realizado em 3 (três) SMN que, atualmente, estão em operação na cidade do 
Recife. 
Os testes de controle de qualidade realizados com os eluatos foram: avaliação das purezas 
radionuclídica, química e radioquímica, além do pH. 
 
2.1. Avaliação da pureza radionuclídica (teor de 99Mo) 
 
Para estimar o teor de 99Mo presente no eluato, foram efetuadas medidas em 25 geradores 
com atividades máximas de 55,5 GBq (1.500 mCi) e 74 GBq (2.000 mCi). Amostras de eluato 
foram coletadas nas 1ª, 3ª, 5ª, 7ª e 9ª eluições realizadas em cada gerador. 
O método utilizado foi o método de atenuação, onde um cilindro de chumbo com espessura 
de 6 mm foi usado para realizar as medidas do 99Mo. Essa espessura de chumbo é suficiente 
para atenuar quase 100% da radiação de 99mTc e em torno de 50% da radiação do 99Mo. As 
medidas foram feitas nos calibradores de dose dos próprios SMN, ajustando o equipamento para 
os canais de energia referentes às do 99Mo e do 99mTc. Dos valores de atividade encontrados para 
cada amostra, foi possível determiner a pureza da solução através da determinação do valor do 
MBT (molybdenum break through), como mostrado na equação 1[1, 3]. 
 
 
 
blindagem sem medida Tc do líquida Atividade
 2 x blindagem com medida Mo do líquida Atividade
MBT (1) 
 
 
 
 
2.2. Avaliação da pureza química 
 
Para a realização do teste da pureza química, foi aplicado o teste colorimétrico semi-
quantitativo com soluções padrões de Al3+ com concentrações de 5, 10 e 20 ppm. 
Assim, foram preparadas alíquotas de 5 μl da amostra do eluato e das soluções padrões de 
alumínio em uma placa de vidro. A cada alíquota foi adicionada 25 μl de hidróxido de sódio 
(NaOH) 1N, 25 μl de Alizarina S 0,1% e 50 μl de ácido acético (C2H4O2) 1N, seguido de leve 
agitação com um bastão de vidro. 
A coloração que apareceu na amostra do eluato foi comparada com a das soluções padrões de 
alumínio, conforme figura 1, a fim de verificar em qual delas a amostra se enquadrava e, assim, 
estimar o teor de alumínio. 
 
 
 
Figura 1: Representação da análise do teste colorimétrico semi-quantitativo para avaliação do teor de 
Al+3 na amostra do eluato. 
W. G. Andrade e F. F. Lima., Scientia Plena 6, 089901 (2010) 4 
 
 
Os resultados serão comparados com o limite de referência que requer concentração inferior a 
10 ppm de solução eluída [9, 10, 11]. 
 
 
2.3. Avaliação da pureza radioquímica 
 
A pureza radioquímica foi determinada por cromatografia de camada delgada utilizando 
placa cromatográfica de sílica gel (TLC-SG) sobre folha de alumínio (Sorbent Technologies®), 
a qual foi cortada em tiras de 1x10cm, como fase estacionária. As fases móveis foram acetona e 
salina. 
A tira de TLC-SG foi disposta em um recipiente fechado de forma a não tocar nas paredes do 
mesmo (Figura 2). Após a corrida cromatográfica, a tira foi cortada a cada centímetro e a 
atividade foi determinada utilizando os calibradores de dose de cada serviço. 
 
 
 
 
Figura 2: Esquema do controle de qualidade da pureza radioquímica por cromatografia de camada 
delgada. 
 
 
O resultado foi expresso em termos d o fator de retenção- Rf (Eq. 2) [7]. 
 
 
solvente pelo percorrida Distância
 radioativo componente pelo percorrida Distância
Rf (2) 
 
 
2.4. Avaliação do Potencial Hidrogeniônico (pH) 
 
O pH foi determinado utilizando o papel universal de pH (Merck®) e a coloração foi 
comparada com a escala de cores padrão. Os valores estabelecidos pelas Farmacopéias 
Americana (USP) [9] e Européia (EP) [10, 11]. são 4,0 a 7,0 e 4,0 a 8,0, respectivamente. 
 
 
W. G. Andrade e F. F. Lima., Scientia Plena 6, 089901 (2010) 5 
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 
3.1. Avaliação da pureza radionuclídica (teor de 99Mo) 
 
Os resultados dos testes de pureza radionuclídica das amostras de eluato de gerador de 
99Mo/99mTc encontram-se dispostos na Figura 3 em termos de percentual de impureza do 99Mo. 
 
 
 
Figura 3. Valores do percentual de impureza de 99Mo observados nas amostras de eluato provenientes de 
diferentes eluições em 25 geradores de 99Mo-99mTc. 
 
 
Observa-se que nenhuma das amostras ultrapassou o limite da Farmacopéia Européia [10,11], 
que é de 0,1%, entretanto uma delas chegou próximo ao limite estabelecido pela Farmacopéia 
Americana [9], 0,015%, e duas apresentaram valores superiores (Tabela 1). 
 
Tabela 1: Valores do percentual de impureza de 99Mo obtido pelo método da atenuação. 
Gerador Número da eluição Impureza de 
99
Mo (%) 
07 9ª 0,013 
09 5ª 0,034 
11 7ª 0,017 
 
 
Vale ressaltar que essas amostras apresentavam uma atividade de 99mTc muito baixa, o que 
provavelmente favoreceu a observação da contaminação de 99Mo, uma vez que foi observada 
em apenas uma amostra dos referidos geradores. Como a meia-vida de 
99
Mo é maior que a 
99mTc, a razão aumenta com o tempo. Isto raramente se constitui um problema, mas se a medida 
inicial da impureza de 99Mo apresenta valores próximos ao limite máximo permitido pelas 
farmacopéias, a dose a ser administrada ao paciente deve ser repensada . 
Dantas et al [12] realizaram medidas diretamente em um paciente voluntário que fora 
submetido a uma cintilografia do miocárdio com 99mTc-sestamibi e observou a presença do 
99Mo. Em um outro trabalho, Dantas et al [13] observaram que a incorporação média deste 
contaminante pelos pacientes, determinado teoricamente a partir de medidas realizadas nos 
eluatos coletados em serviços de medicina nuclear no Rio de Janeiro, era de 3.599Bq, o que 
W. G. Andrade e F. F. Lima., Scientia Plena 6, 089901 (2010) 6 
representa uma dose efetiva de 0,82 μSv.Considerando a dose limite de 1mSv por ano para o 
público, se observa que os níveis de 99Mo detectado nos eluatos administrados para os pacientes 
representam uma contribuição pequena. Entretanto, segundo os princípios da justificação e da 
otimização [14] esta contribuição de dose indesejável deveria ser evitada. 
Desta forma, observa-se a necessidade da implementação de programas de controle de 
qualidade de impureza radionuclídica na rotina dos serviços de medicina nuclear. 
A determinação do teor de 99Mo, utilizando a atenuação com cilindro de chumbo, é um 
método semi-quantitativo para determinação desse contaminante quando comparado ao método 
da espectrometria gama. Entretanto, apesar da utilização de atenuadores não seja um método 
preciso, é um método fácil, rápido e satisfatório para ser implantado nos serviços de medicina 
nuclear, uma vez que a análise por espectrometia gama necessita de um investimento maior do 
serviço em equipamentos e técnicosespecializados. 
 
3.2. Avaliação da pureza química 
 
Os resultados do teste semi-quantitativo de análise de pureza química do eluato de gerador de 
99Mo/99mTc foram apresentados na Tabela 2 e demonstraram que 13% das amostras 
apresentaram valores acima do que é permitido pelas Farmacopéias Americana e Européia que é 
de 10 ppm [9,10,11]. 
 
Tabela 2: Teor de Al+3 em amostras de eluato avaliados pelo método colorimétrico semi-quantitativo. 
Instituição Gerador/Eluição Teor de Al
+3
(ppm) 
A 
01/1ª 5 
02/3ª <5 
02/5ª <5 
03/1ª <5 
03/3ª <5 
03/5ª 10<x<20 
B 
01/9ª 10<x<20 
02/1ª 5 
02/3ª 5 
03/3ª 5 
03/5ª 5 
03/7ª <5 
C 
01/3ª 5 
01/4ª 5 
01/5ª 5 
 
 
 
W. G. Andrade e F. F. Lima., Scientia Plena 6, 089901 (2010) 7 
No caso dessas amostras que apresentaram valores superiores a 10 ppm, se torna 
desaconselhável o uso clínico em decorrência de disfunções que podem ocorrer, tais como: 
floculação do 99mTc-enxofre coloidal, levando à retenção do produto nos capilares pulmonares; 
aglutinação dos 99mTc-eritrócitos; formação de radiocolóides pela interação do íon com os 
99mTc-difosfonatos (MDP, por exemplo, utilizado para cintilografia óssea), permitindo a 
visualização hepática e esplênica; aumento do tamanho das partículas do 99mTc-microagregado 
de albumina, com conseqüente aumento da concentração do produto nos pulmões [6]. 
 
3.3. Avaliação da pureza radioquímica 
 
Com relação ao teste de pureza radioquímica, foram avaliadas as frações de pertecnetato livre 
nas amostras dos eluatos, uma vez que esta impureza interfere na eficiência da marcação dos 
radiofármacos. 
Observa-se nos resultados dispostos na Tabela 3 que 60% das amostras apresentaram valores 
de Rf de pertecnetato livre abaixo do nível esperado (0,95), considerando o desvio das medidas, 
conforme recomendado pelas farmacopéias americana e européia [9, 10, 11],. 
 
 
Tabela 3: Valores de fatores de retenção (Rf) de pertecnetato-livre analisadas através de corrida 
cromatográfica ascendente em camada delgada de sílica gel. 
Instituição Gerador/Eluição Rf* 
A 
01/1ª 0,71 
02/3ª 0,54 
02/5ª 0,93 
03/1ª 0,85 
03/3ª 0,94 
03/5ª 1,00 
B 
01/9ª 0,97±0,04 
02/1ª 0,940±0,009 
02/3ª 0,91±0,03 
03/3ª 0,7±0,2 
03/5ª 0,94±0,03 
03/7ª 0,93±0,06 
C 
01/3ª 0,88±0,07 
01/4ª 0,93±0,06 
01/5ª 0,88±0,01 
 *média±s 
 
 
A não-conformidade dos valores da pureza radioquímica do eluato pode acarretar em uma má 
marcação dos radiofármacos e um aumento da concentração radioativa em regiões adjacentes ao 
W. G. Andrade e F. F. Lima., Scientia Plena 6, 089901 (2010) 8 
órgão em estudo. Consequentemente, a imagem adquirida será de baixa qualidade, dificultando 
ou inviabilizando o diagnóstico [16]. 
Vale ressaltar que na instituição A foi realizado o teste utilizando apenas uma corrida 
cromatográfica por amostra. Isso reduz a possibilidade de afirmar que as amostras dessa 
instituição estão adequadas ou não, uma vez que podem ter ocorrido falhas nas corridas. 
Alguns autores afirmam que o pertecnetato migra para topo da placa (0,9-1,0), sendo este um 
resultado esperado no uso da acetona no controle radioquímico na rotina da maioria das reações 
de marcação [3, 15]. Entretanto, Mallol e Bonino [17] verificaram um pico de atividade em 
Rf=0,7, sendo aceitável para uma aquisição de imagem razoável. Considerando este último, 
todos os valores obtidos nesse estudo estariam dentro do intervalo aceitável para administração 
no paciente. 
 
 
3.4. Avaliação do Potencial Hidrogeniônico (pH) 
 
 
Os resultados das avaliações de pH das amostras de eluato de 99Mo/99mTc estão apresentadas 
na Tabela 4. Os dados estão em conformidade com os limites estipulados pelas farmacopéias 
americana e européia (4,0 a 8,0) [9, 10, 11]. 
 
Tabela 4: Valores do pH de amostras de eluato de geradores de 99Mo/99mTc. 
Instituição Gerador/Eluição pH 
A 
01/1ª 6,5 
02/3ª 6,5 
02/5ª 7 
03/1ª 5,5 
03/3ª 6,5 
03/5ª 5,5 
B 
01/9ª 7 
02/1ª 7 
02/3ª 7 
03/3ª 7,5 
03/5ª 7 
03/7ª 7 
C 
01/3ª 7 
01/4ª 7 
01/5ª 7 
 
 
 
 
W. G. Andrade e F. F. Lima., Scientia Plena 6, 089901 (2010) 9 
 
4. CONCLUSÃO 
Os resultados demonstram a possibilidade de se obter amostras de soluções eluídas de 
geradores de 99Mo/99mTc com especificações da garantia de qualidade fora dos valores de 
referência sugeridos por normas internacionais, o que reforça a necessidade de se implantar 
programas de controle de qualidade dos eluatos nos serviços de medicina nuclear. 
Como os eluatos dos geradores de 99Mo/99mTc são utilizados para marcar kits liofilizados, 
mesmo eles estando em conformidade, se faz necessário realizar controles de qualidade nos 
radiofármacos já marcados antes da administração nos pacientes. 
Sendo assim, o estudo irá prosseguir avaliando os radiofármacos já marcados quanto à pureza 
radioquímica, além da avaliação de um número maior de amostras de eluatos, fornecendo 
subsídios e treinamento para que sejam implantados os procedimentos de garantia de qualidade 
de radiofármacos na rotina dos serviços de medicina nuclear do Estado de Pernambuco. 
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