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Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 1 RAÍZES DO BRASIL E SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA: RELAÇÃO SIMBIÓTICA ENTRE A OBRA E O INTELECTUAL1 ANDRÉ CARLOS FURTADO Introdução Ibéria. Com este termo híbrido Sérgio Buarque de Holanda situa num mesmo espaço geográfico Portugal e Espanha, com o fito de separá-los da Europa e posteriormente diferenciar um do outro, dando-lhes o tom característico de suas peculiaridades. O termo representava a ponte pela qual o velho continente estabeleceu suas conexões com o novo mundo, no tempo em que as embarcações ganharam o Atlântico. Para além destas constatações que o primeiro capítulo de Raízes do Brasil (1936) oferece ao seu leitor, Fronteiras da Europa é o ensaio que dá abertura à obra, porque no entendimento de um cidadão brasileiro do círculo de intelectuais da década de 1930 – especialmente este decênio por ser ele o período em que se registraram mudanças significativas na esfera política do país –, era imprescindível distinguir o nativo, daquilo que fosse estrangeiro na composição do elemento nacional. A interrogação do desígnio da nacionalidade, que remontava já ao século XIX, direcionou-se no sentido de saber quem era o brasileiro, redescobrindo assim a Terra de Vera Cruz. Aliás, o problema parecia ser justamente este: redescobrir o Brasil através de um olhar ibérico ou europeu em que pululavam termos de igual natureza, só poderia gerar uma visão turva que não representava mais o real. O que a intelligentsia brasileira da década de trinta requeria era definido pela palavra originalidade. Destarte, este estudo objetiva não só realizar uma apresentação sucinta dos capítulos de Raízes do Brasil, mas interpretá-los e apontar distâncias ou aproximações com outros livros publicados no período, num esforço para unir idéias e lugares (CERTEAU, 1982) por onde Sérgio Buarque de Holanda transitou. 1 Este artigo é um excerto da monografia apresentada pelo autor em dezembro de 2010 (Sérgio Buarque de Holanda, modernista: as relações do livro Raízes do Brasil com os debates da década de vinte. Disponível em: < http://www.bc.furb.br/docs/MO/2011/345945_1_1.pdf>. Graduado em História na Universidade Regional de Blumenau – FURB. Contato: a.c.furtado@hotmail.com. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 2 Entre os ensaios do livro, encontram-se, respectivamente, Fronteiras da Europa, Trabalho e Aventura, Herança Rural, O Semeador e o Ladrilhador, O Homem Cordial, Novos Tempos e Nossa Revolução. Para analisá-los, recorrerei ao método histórico, considerando não só o tempo referente ao desenrolar dos acontecimentos e processos, mas também a produção de narrativas, historiográficas ou não, sobre esses mesmos acontecimentos e processos. Quanto à forma, inicialmente discutirei os dois primeiros capítulos da obra, por entender que eles representam uma interpretação mais voltada para os espaços do continente europeu. Na seqüência, observando que a fala de Sérgio Buarque de Holanda situa-se de maneira mais detida na América, Brasil em particular, será dado atenção ao terceiro, quarto e quinto ensaio de Raízes do Brasil. Por fim, haverá um item, cujo debate estará voltado para a análise dos dois últimos capítulos do livro, porque em suas composições textuais pode se verificar um tempo verbal que indica a contemporaneidade daquela década. A busca por originalidade e o elogio à colonização Antes da publicação de Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda havia convivido com o tempo “dos grandes carnavais, o tempo dos cassinos, o tempo do Lido, o tempo da Praia de Copacabana” (HOLANDA, M. A., 2002: 03). Mas também com o tempo da Crise de 1929, da Revolução de 1930, de Getúlio Vargas, da criação de leis trabalhistas, do voto feminino e dos fascismos mundo afora. Este último foi visto em sua versão alemã, quando o intelectual paulista se encontrava naquele país a trabalho para jornais brasileiros, no início da década de 1930. Com o impacto da crise econômica mundial de 1929, os livros brasileiros ganham projeção, podendo competir com os importados, cujas editoras chegaram a falir. “Autores, editores e público leitor compõem um sistema que funciona à base de estímulos múltiplos e recíprocos.” (OLIVEIRA, 2003: 331). Não por acaso, “um texto só existe se houver um leitor para lhe dar um significado” (CHARTIER, 1994: 11). Diante de circunstâncias históricas de natureza mencionada, “como sustentar ainda que o político não se refere às verdadeiras realidades, quando ele tem por objeto geri-las?” (RÉMOND, 1996: 24). Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 3 Neste sentido é necessário atentar acerca da editora que tornou o livro de Sérgio Buarque público, a José Olympio, pois este dado cresce em importância na medida em que se considera o postulado segundo o qual o autor de um livro, “tal como ele faz a sua reaparição na história e na teoria literária, é, ao mesmo tempo, dependente e reprimido” (CHARTIER, 1994: 35). Isto se deve, em primeiro lugar, por não ser ele o ordenador do sentido do texto, uma vez que suas intenções não se impõem nem aos livreiro-editores ou aos operários que se responsabilizam pela impressão, tampouco aos leitores. E, reprimido, porque o autor tem de se submeter justamente às múltiplas determinações dos responsáveis pela produção literária e dos matizes da escrita. Dentre os editores que se firmavam no período, destaca-se José Olympio, pois se transferiu de São Paulo para o Rio de Janeiro no encalço dos autores nordestinos, conquistando e publicando todos os escritores importantes de seu tempo. Em 1936 cria a Coleção Documentos Brasileiros, sendo Raízes do Brasil seu primeiro volume. Por si só este empreendimento representava o boom editorial do período. No capítulo de abertura, Fronteiras da Europa, a colonização dos trópicos e, em especial, da América lusa, é vista como uma tentativa portuguesa de implantação de sua cultura. Essa tentativa deixava transparecer que tamanho esforço, ao representar o fato dominante, abandonava a sociedade à deriva e condenava o Brasil ao desterro. É nele que aparece o elemento essencial no argumento de Sérgio Buarque: a herança cultural ibérica e os traços que esta assumiria na sociedade brasileira (CAVALCANTE, 2008). [...] somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevar à perfeição o tipo de civilização que representamos: o certo é que todo fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem (HOLANDA, 1995: 31). Logo, a busca da originalidade na identidade nacional, tornou-se nos anos 1930 a questão-chave do pensamento brasileiro (REIS, 2002). E Sérgio Buarque o demonstra ao utilizar o seu “ainda hoje” como indicativo de contemporaneidade. Nessa década todos os intelectuais queriam decifrar o enigma do Brasil para interferir na produção e mesmo projetar o seu futuro, que não poderia ser de atraso e de obstáculos ao seu desenvolvimento e progresso, que a ordem tentava assegurar. Tinha de ser do tamanho do país – gigante pela própria natureza – e de um impávido colosso. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 4 Datam desse período a publicação de vários clássicos que, cada qual à sua maneira, buscavam “salvar” o país ou ao menos denunciar suas mazelas. No entanto, ainda presidiam em suas análises as teorias importadas do continente europeu como Simmel, Weber e Marx, ou made in USA, capitaneado pela figura do antropólogo Franz Boas. Entre as obras de relevo, encontram-se Retrato do Brasil (1928) de Paulo Prado, Cultura do povobrasileiro (1932) de Manuel Bomfim, Casa-grande e senzala (1933) de Gilberto Freyre, Evolução política do Brasil (1933) de Caio Prado Júnior e o próprio livro que se afigura aqui como mote central. Suas discussões gravitaram em torno de assuntos que iam da vocação agrária e as possibilidades de uma industrialização, passavam pela questão cívica e militar, pelo regionalismo, multiplicidade racial, para chegar também ao debate do moderno e da tradição (REIS, 2002). No capítulo inicial de Raízes do Brasil, todo o esforço de Sérgio Buarque de Holanda foi marcado pela crença de que a cultura brasileira, pensada aqui no que se refere às instituições, idéias e formas de convívio, não era própria da terra tupiniquim. O desterro devia-se a isto, pois ao invés da cultura facilitar e estabelecer uma relação com o mundo real, sua inadequação à terra simplesmente a impedia e gerava um profundo mal-estar (CASTRO, 2008). Apesar disso, para o escritor paulista, a originalidade dos portugueses e espanhóis pautava-se na importância atribuída à autonomia pessoal que os instrumentalizava, em particular os portugueses, a serem os genuínos colonizadores. Nesta premissa havia qualquer coisa de busca da origem nacional, tão cara aos anos trinta. No capítulo seguinte, Trabalho e Aventura, aquilo que pareceu unido sob o amparo do termo Ibéria passa agora a ser paulatinamente desmembrado para traçar novas fronteiras; desta vez, no entanto, entre Portugal e Espanha. Sobre o aventureiro, o autor escreve que o seu ideal será colher o fruto sem ter que plantar a árvore, e prossegue afirmando que se trata de um tipo humano que ignora as fronteiras. Quanto ao trabalhador, afirma que este vislumbra primeiro a dificuldade a vencer, para só depois pensar no triunfo que pudesse ser alcançado. Como conseqüência, padeceria de uma visão restrita, só conseguindo enxergar a parte e jamais o todo. Pioneiros da conquista do trópico para a civilização tiveram os portugueses, nessa proeza, sua maior missão histórica. E sem embargo de tudo que se possa alegar contra sua obra, forçoso é reconhecer que foram não somente os portadores efetivos como os portadores naturais dessa missão (HOLANDA, 1995: 43). Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 5 A tese em pauta equivalia a dizer que sem os portugueses não haveria trópico. Esta afirmação foi possibilitada pela metodologia do livro que, num primeiro momento opôs Ibéria e Europa, considerando que na argumentação de Sérgio Buarque os outros europeus, que se pode chamar de europeus do norte, eram marcadamente racistas e metódicos, e por isso não teriam preparo psicológico para a atividade colonizadora (REIS, 2002). Liderada por Portugal a Ibéria estaria conquistando o Novo Mundo para a civilização européia. Neste sentido, os portugueses devem ser vistos como sujeitos de uma metáfora civilizatória de seu continente que, muitas vezes a léguas de distância, faziam de outros povos os seus súditos (DECCA, 2008). Mas é preciso salientar a proximidade da tese da predestinação portuguesa de Raízes do Brasil com a de plasticidade social elaborada por Gilberto Freyre em Casa-grande e senzala. Por caminhos diversos, estes autores procuraram destacar a colonização realizada por Portugal. E por mais que Sérgio Buarque de Holanda realizasse críticas ao livro de Gilberto Freyre, – o “livro do Freyre faz o Brasil parecer estático; dominado pelo açúcar; olhando para o Atlântico; parado” (HOLANDA apud GRAHAM, 2008: 105) –, forçoso é reconhecer que não se poderia negar a intertextualidade existente entre o livro Casa-grande e senzala e Raízes do Brasil. As linhas mestras dos argumentos de um e outro, embora dando ênfase a aspectos diversos, – Gilberto Freyre a valorizar, por assim dizer, a cultura material e Sérgio Buarque questões conceituais –, são semelhantes. Não sem segundas intenções Sérgio Buarque de Holanda toma a colonização lusa por pioneira, endossando sua postura ao atribuir-lhes uma exclusividade natural para a conquista do trópico, que o autor chamou de a “maior missão histórica de Portugal”. Afinal de contas, Raízes do Brasil tinha de justificar o suposto fracasso da aventura holandesa no Nordeste. Porém, recentemente Evaldo Cabral de Mello demonstrou que o malogro se tratou de um desinteresse econômico pela região, causadora de enorme ônus, e mesmo um acerto entre Brasil e Holanda, quando da diplomacia pós conflitos das duas nações (MELLO, 2010). Não se deu por falta de predisposição para a atividade colonizadora dos holandeses, como quis fazer crer Sérgio Buarque com seu livro e o tipo de estudo histórico que ele dispunha na década de trinta. É no segundo ensaio de Raízes do Brasil que a influência do pensamento alemão se torna mais explícita, pois Sérgio Buarque de Holanda passa a enaltecer o particular Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 6 de cada realidade histórica. Ela aparece sob a forma dos tipos ideais, cuja inspiração remonta às leituras que ele realizou quando de sua estada na Alemanha entre 1929-30 ao travar contato com as obras de Max Weber. Tipos ideais, grosso modo, são noções que designam o rol de conceitos construídos unicamente para fins de pesquisa e cuja estrutura serve para explicar e/ou representar a realidade (MONTEIRO, 1999). E embora importasse uma teoria que proibia expressamente a sua aplicação em outros climas e em outras paisagens que não as da Alemanha, o intelectual paulista a utilizou de forma criativa, chegando mesmo a fazer uma ressalva ao afirmar que “em estado puro, nem o aventureiro, nem o trabalhador possuem existência real fora do mundo das idéias.” (HOLANDA, 1995: 44-45). Apoiou-se nesta justificativa para avaliar os aspectos da sociedade brasileira no seu constante movimento do devir (DIAS apud REIS, 2002: 119). Um olhar mais detido sobre os tipos ideais formulados por Sérgio Buarque de Holanda até este momento da obra, onde imperam as oposições Ibéria versus Europa, Portugal versus Espanha e, agora, Trabalho versus Aventura, permite vislumbrar aí uma influência hegeliana, posto que no seu contrário que se encontra o verdadeiro tipo, pois está justamente naquilo que ele não é (MONTEIRO, 2008). A falta de uma moral do trabalho arraigada entre os portugueses viria a resultar na fraqueza das instituições brasileiras, assim como em um obstáculo para a sua formação e coesão social (SANCHES, 2001), levando Sérgio Buarque a concluir que o Brasil era neoportuguês e desterrado. Novo modo de vida e cordialidade Herança Rural é o nome do terceiro capítulo do livro e do qual seu autor não poderia abdicar. Nele Sérgio Buarque toma como discussão central a realidade persistente do domínio rural que tinha por base o sistema escravista de produção. “Com pouco exagero pode dizer-se que tal situação não se modificou essencialmente até a Abolição. 1888 representa o marco divisório entre duas épocas; em nossa evolução nacional, essa data assume significado singular e incomparável” (HOLANDA, 1995: 73). Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 7 Um mundo ao avesso era o que se via na América lusa. Em todo o lugar em que a expansão do capitalismo estivesse de vento em popa, era o campo que dependia da cidade, mas, sob a influência da herança portuguesa, o que se passava no Brasil era a dependência da cidade ao domínio do campo (REIS, 2002). Não bastasse a falsa harmonia da família brasileira que só fazia aumentar o poder patriarcal, o terceiro ensaio da obra chamaria ainda a atenção para o gosto, presente em especial nos antigos senhores de escravos e seus herdeiros, pelo trabalho mental. Acontece que isto não significava a incorporação de um espírito cauteloso e racional, em oposição ao espírito da aventura do qual os portugueses da colonização foram,segundo Sérgio Buarque, exemplares; tratava-se de um esforço, – e só com certa ressalva se pode usar essa palavra –, não para as especulações intelectuais propriamente ditas em que o pensamento será tomado como saber e instrumento de ação, mas para um esforço que nada faz a não ser adorar a “frase sonora, ao verbo espontâneo e abundante, à erudição ostentosa, à expressão rara. É que para bem corresponder ao papel que, mesmo sem o saber, lhe conferimos, inteligência há de ser ornamento e prenda” (HOLANDA, 1995: 83). Essa crítica tinha um destinatário certeiro: a elite dirigente do país. Seu intelectualismo artificial e sua inclinação a aceitar esquematismos, as inclinava a governar por decretos, desde que esses fossem bem escritos; não lhes importava sua eficácia. Compreende-se assim que Buarque de Holanda transitou por esses assuntos, porque toda pesquisa, historiográfica ou não, “se articula com um lugar de produção sócio-econômico, político e cultural [e] [...] É em função deste lugar que se instauram os métodos” (CERTEAU, 1982: 66). Sendo que apesar da queda da Bolsa de Valores de Nova York que se generalizou, “provocando um cataclismo em todo o mundo devido à interdependência entre a economia americana e numerosos países do mundo capitalista, […] tão logo a crise se anunciou” (ARRUDA, 2008: 14), no Brasil seus efeitos não tiveram o mesmo peso que se fez sentir em países mais industrializados. Ao invés disso, salvaguardadas as particularidades, o que ocorreu foi em certo sentido um efeito contrário, pois por ocasião do censo desenvolvido em 1940, por exemplo, contabilizou- se que dos 49.418 estabelecimentos industriais existentes no país, 34.691 tinham surgido depois de 1930 (DINIZ, 1986). A atividade industrial caminhava em ritmo Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 8 acelerado para a substituição ou para o jugo da atividade agrícola. O Brasil rumava ao American way of life. O Semeador e o Ladrilhador é o nome que recebe o quarto ensaio do livro. Mas a denominação foi dada somente após a sua segunda edição. Na edição de 1936 constava O passado agrário (continuação) como a chamada do capítulo. Nele encontram-se reflexões sobre as cidades coloniais e é onde a distinção entre portugueses e espanhóis nos trópicos se efetivará definitivamente na obra. Edgar de Decca notou a questão metafórica desse novo título, sendo que os indícios apontam que seu funcionamento está ligado ao uso incômodo de tal metáfora por Paulo Prado em Retrato do Brasil (1928). Neste autor, semeadura toma o contorno do sêmen que, espalhando-se em excesso no trópico do pecado, dá forma a um brasileiro de personalidade profundamente melancólica pelo transbordamento de sua sexualidade. Não parece a toa que o tema retornará em Casa-grande e senzala (1933). Afinal, para além de expressão da sexualidade pura e simples, pois semeadura está ligada etimologicamente ao vocábulo sêmen, a palavra pode perfeitamente referir-se a povoamento (DECCA, 2008). Em Gilberto Freyre a metáfora ocupa lugar de relevo, pois embora Casa-grande e senzala representasse a vida em comum do branco, do negro e do índio, via no português o portador efetivo dessa outra missão histórica: povoar um país de proporções continentais. As diferenças entre os intérpretes do Brasil eram notórias. Em Casa-grande e senzala as explicações sobre o país perpassaram pelo âmbito senhor-escravo; em Caio Prado Júnior o destaque foi para o imperialismo e a relação metrópole-colônia; já em Sérgio Buarque de Holanda, considerando a influência alemã que sofreu, “Weber está citado no original em pontos muito significativos para estender seus fundamentos científicos e ideológicos a uma sociedade não-européia, não-protestante, objeto e não sujeito do imperialismo – dentro do capitalismo mundial” (MACHADO, 2008: 157). Portanto, dadas as diferenças, também a semeadura seria tratada de outra forma, onde o próprio título da obra, Raízes, dá todo um significado ao seu efeito, pois as raízes surgem de sementes. Desta maneira, nota-se que em Sérgio Buarque a metáfora perde o teor sexual tão enaltecido em Paulo Prado e Gilberto Freyre, uma vez que em Raízes do Brasil ela toma a forma da criação das cidades perpetradas pelos portugueses (DECCA, 2008), os Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 9 semeadores, enquanto que as cidades dos espanhóis seriam feitas através de ladrilhos, onde [...] o próprio traçado dos centros urbanos na América espanhola denuncia o esforço determinado de vencer e retificar a fantasia caprichosa da paisagem agreste: é um ato definido da vontade humana. As ruas não se deixam modelar pela sinuosidade e pelas asperezas do solo; [...]. O traço retilíneo, em que se exprime a direção da vontade a um fim previsto e eleito, manifesta bem essa deliberação (HOLANDA, 1995: 96). Entre os argumentos que Sérgio Buarque usa para justificar a diferença nos processos de constituição de cidades entre portugueses e espanhóis, está a carência da verdadeira unidade territorial de Castela. Ao longo da história os soberanos espanhóis sempre tiveram de lutar para manter seu trono, inclusive, dentro de suas próprias fronteiras. A isto que se deve a sua fúria descentralizadora. Outro argumento referia-se ao fato de que na América espanhola, assim que se iniciou o processo de colonização, os súditos de el rei logo encontraram metais preciosos e cidades bem mais estruturadas, que requeriam um maior controle e uma maior burocracia. O catolicismo hispânico também teria participação no espetáculo, constituindo-se num terceiro argumento, pois diferentemente do que se passava em Portugal, na Espanha ele era inquisitorial e intolerante. Na América colonizada, portanto, a alma ibérica só haveria mesmo de demonstrar descontinuidade, ao passo que, na visão de Buarque de Holanda, estes dois povos se diferenciavam com maior nitidez (PEIXOTO apud REIS, 2002: 131), bem ao ritmo do avanço das páginas de Raízes do Brasil. Com um tom contundente Sérgio Buarque de Holanda abre o capítulo O homem cordial. Apesar de ser o menor ensaio, o quinto capítulo foi o que maior debate gerou, pois foi nele que o autor buscou responder quem era o brasileiro. Os personagens do teatro de Sófocles também ganham as páginas do livro. Contudo, a leitura feita por Buarque de Holanda da tragédia grega, busca no conflito entre Creonte e Antígona um meio para exprimir a negação da família na órbita de um mundo que se pretende moderno, pois segundo ele O Estado não é uma ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração de certos agrupamentos, de certas vontades particularistas, de que a família é o melhor exemplo. Não existe, entre o círculo familiar e o Estado, uma gradação, mas antes uma descontinuidade e até uma oposição. [...]. Só pela transgressão da ordem doméstica e familiar é que nasce o Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 10 Estado e que o simples indivíduo se faz cidadão, contribuinte, eleitor, elegível, recrutável e responsável, ante as leis da Cidade (HOLANDA, 1995: 141). Já se notou também, numa interessante observação, que se Max Weber tivesse estudado o Brasil à época que o fez Sérgio Buarque, muito provavelmente chegaria a uma conclusão semelhante e teria apontado o homem cordial como o exato contrário do protestante nórdico (SOUZA, 1999). Na obra as características da cordialidade são marcadas pela intimidade, uso de diminutivos, omissão do nome de família e pela ética da emoção. Da primeira pode-se dizer que o homem cordial busca estabelecer intimidade em que o uso de diminutivos era a mania de fazer tudo mais acessível, menor, próximo. Em 1933 Gilberto Freyre já havia sinalizado para esse fato, alertando que para “diminuir” a dor de uma ferida que dói – palavraesta seca e direta – passou-se a usar o diminutivo dodói. Já a omissão do nome de família serviria para abolir quaisquer barreiras psicológicas entre os indivíduos. E, finalizando as principais características geradoras desse tipo humano, há a ética da emoção. Esta é a mais controversa, porque Sérgio Buarque de Holanda afirma que qualquer forma de convívio social há de ser pautado nela. É necessário frisar também, que o homem cordial não seria o representante do brasileiro ad infinitum. Por esta razão o uso do conceito de cordialidade seria para uma compreensão provisória do Brasil, encontrando-se no eterno vir a ser e jamais sendo uma fixação (BLAJ, 1998). Muita tinta e papel já foram gastos com a discussão deste conceito e importa saber que, na interpretação de Buarque de Holanda, esta construção teórica aglutinava os impasses entre o tradicional e o moderno. Este debate havia se fortalecido já nos anos vinte com a Semana de Arte Moderna de 1922, cujos estímulos foram ofensas que o então crítico do jornal O Estado de S. Paulo, Monteiro Lobato, fez às telas da artista plástica Anita Malfatti. A propósito da marcante oposição à arte clássica com que as personagens dela foram retratadas na exposição paulista de 1917, Lobato comparou as obras com desenhos típicos de internos de manicômios e escreveu ainda que se tratavam de “produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência; são frutos de fim de estação, bichados ao nascedouro” (LOBATO, 1917: s.p). Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 11 Embora se considere aqui a Semana de 22 como ponto de partida para se pensar o modernismo, este posicionamento não quer tomá-la por referência privilegiada de onde a história deve ser lida, pois implicaria em aceitar aquele ano como marco do processo histórico do movimento em que a cidade de São Paulo sobressai-se como precursora. A referência se deve ao fato de que neste período, em defesa dos modernistas, Sérgio Buarque de Holanda chegou mesmo a dizer que tinha vontade de abater a tiros os parnasianos que encontrasse na praia de Copacabana (DECCA, 2006), posicionando-se, assim, ele próprio como modernista. É válido dizer ainda que o envolvimento do intelectual com a vanguarda do Modernismo brasileiro não foi esporádico. Para além de sua atividade profissional no campo jornalístico, iniciado na década de 1920 e tendo publicado vários artigos sobre o assunto, Sérgio Buarque de Holanda chegou a participar da feitura e mesmo da coordenação de periódicos de vanguarda. Entre essas revistas constavam Klaxon (1922- 1923, SP), Estética (1924-1925, RJ) e Terra Roxa e Outras Terras (1926, SP). A temática do tradicional e do moderno manteve-se no debate dos anos trinta, desdobrando-se para outras esferas que não só a artística e cultural, por se tratar de um período pré-guerra em que, apesar da crise de 1929, o mundo veria os Estados Unidos da América despontar como uma potência no cenário econômico. O impacto avassalador causado por essas questões entre os intelectuais brasileiros, fora agravado pela inevitável comparação entre o Brasil e os Estados Unidos que se tornou recorrente. A reflexão não era no todo equivocada, bastando pensar que as proporções geográficas assemelhavam-se como hoje – com fronteiras de extensões parecidas –, que o padrão de povoamento era significativamente análogo e mesmo as populações de ambos os países cresciam em ritmo parelho alavancadas pela imigração. A dúvida, portanto, era notória: por que o Brasil dos anos trinta era ainda tão pobre, atrasado e tradicional e os Estados Unidos da América tão rico, desenvolvido e moderno? (SOUZA, 1999). Essa pergunta vinha ao encontro do mal-estar sentido pela intelligentsia e convergia para uma crítica ao caráter imitativo da cultura brasileira – bebendo sempre em fontes européias –, bem como à fragilidade de suas instituições jurídico-políticas (MOREIRA, 1999: 198). Conseqüentemente, fazia sentido que a análise realizada por Sérgio Buarque de Holanda da sociedade brasileira na obra Raízes do Brasil, retornasse ao passado do país com o objetivo de superá-lo dialeticamente. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 12 O tempo do “demônio” pérfido e pretensioso Em Novos Tempos, vem à tona muitas críticas, com destaque para a clássica passagem onde Sérgio Buarque afirma que “A democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal-entendido” (HOLANDA, 1995: 160). Avelino Filho apontou um problema no trecho, observando que ao tratar a ambigüidade conjunção/tensão entre a formação de um Estado com características impessoais, abstratas e racionais, “Sérgio aponta a questão, mas não pode resolvê-la” (AVELINO FILHO, 1990: 102). De fato, o autor paulista só aponta a questão ao afirmar que, sobre os pilares da racionalização do Estado e com as liberdades que adviriam dele, a sociedade brasileira finalmente superaria o lamentável mal-entendido, transformando-se numa democracia plena. Para Ângela de Castro Gomes, até os anos trinta a questão social não havia conquistado as pautas governamentais e fora tratada erroneamente entre aqueles que buscavam compreendê-la, pois enquanto socialistas acreditavam ser um problema de partilha de riquezas, “Outros insistiam que se tratava de uma questão de produção, já que a miséria em que vivia grande parte do povo brasileiro era oriunda da ausência de capacidade e habilidade de trabalho de nosso homem” (GOMES, 2005: 197). E em certo sentido Raízes do Brasil contribuiu na construção desta perspectiva, sobretudo, se considerarmos o debate trabalho versus aventura ensaiado no livro. Por fim, no capítulo intitulado Nossa Revolução, último ensaio de Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda trata daquilo que chamou de aniquilamento das raízes ibéricas, do café como o passaporte brasileiro para o concerto das nações (leia-se: no mundo do sistema capitalista em expansão) e da relação do Estado com o despotismo. Neste último ensaio se verifica uma crítica a certas assertivas fáceis que, segundo Raízes do Brasil, exageram no seu zelo à palavra revolução, utilizando-a a torto e a direito, cuja verificação pode ser feita através dos acontecimentos daquela década, tão cuidadosamente memorizados (DECCA, 1994). No capítulo final se faz sentir com maior veemência a visível mudança de foco na lente de Raízes do Brasil, que “sai” do passado brasileiro para estabelecer no ensaio um diálogo com o presente de sua publicação. Dessa forma, o capítulo anterior (Novos Tempos) pode ser pensado estruturalmente como a transição entre passado e contemporaneidade na obra, considerando que ele é marcado pelas referências a um Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 13 Brasil que se urbanizava. Neste ínterim, Buarque de Holanda discorreu sobre o que entendia como o dissolver dos valores do domínio rural e da herança lusa. Mas, para justificar a troca do passado pelo presente na sua análise, o autor indica o americanismo como o novo vento que soprava sobre o país, influenciando-o. Essa mudança, e embora ele não chegue a utilizar a palavra imigração (SANTOS, 2003), é efetivada por esta ação que transformava de maneira mais visível o Brasil meridional, pois os fluxos migratórios que ai se intensificou, ocorreram a partir da segunda metade do século XIX. Usando o verbo na primeira pessoa do plural e o vocábulo ainda como o primeiro indicativo de permanência e atualidade, Sérgio Buarque de Holanda escreveu: Ainda testemunhamos presentemente, e por certo continuaremos a testemunhar durante largo tempo, as ressonâncias últimas do lento cataclismo, cujo sentido parece ser o do aniquilamento das raízes ibéricas de nossa cultura para a inauguração de um estilo novo, que crismamos talvez ilusoriamente de americano, porque seus traçosse acentuam com maior rapidez em nosso hemisfério (HOLANDA, 1995: 172). Mesmo que estivesse inclinado a acreditar no Brasil como um país neoportuguês, a mudança de foco tinha por objetivo não só afirmar que a sociedade de seu tempo passava por um processo de des-portuguesamento, mas também que ela passaria para o estatuto de pós-portuguesa, tornando-se brasileira. Diante desta interpretação, a abolição do tráfico teria contribuído para esse encaminhamento, assim como o processo de imigração que introduzia italianos, alemães, poloneses, japoneses e os mais diversos cidadãos do mundo no país, além da construção das estradas de ferro e dos transportes urbanos. Juntos esses acontecimentos ajudavam a aniquilar a herança de características autoritárias que conservava o direito ao privilégio (DIAS, 1998). Este era o ritmo da revolução brasileira pensada no livro: lenta, mas segura e concertada. Desde as rebeliões do século XVIII, passando por 1808 com a chegada da família real e, mais tarde, pela proclamação da independência política em 1822, ela se encontrava em marcha. O centro dessas mudanças já havia sido objeto de estudo de Sérgio Buarque em capítulo anterior, a saber, as cidades. Por conseguinte, encontrava-se nelas essa emergência do Brasil novo, mas ainda que citasse o americanismo, o intelectual paulista não deixa claro ao leitor seu sentido. Estaria a sociedade brasileira inaugurando um estilo de vida social e urbano, cujo modelo era os Estados Unidos ou seria um estilo Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 14 propriamente brasileiro e, portanto, também americano – mas não mais desterrado! –, sem o “contágio” ibérico e luso? (REIS, 2002). Independente desta pergunta, o fato é que, para o autor e a obra, a inauguração do estilo de vida novo se vinculava ao café que, “absorvendo a maioria dos braços disponíveis, tornou-se não só a fonte de riqueza mais ponderável das regiões produtoras, como também, e cada vez mais, a única verdadeiramente dignificante” (HOLANDA, 1995: 174). Isto porque seu plantio permitia, paulatinamente, que o domínio agrário deixasse de ser uma espécie de baronia para se aproximar de um espaço de exploração industrial. Tratava-se, portanto, de uma guerra. No front ou no mapa do teatro de operações a ser realizada, só sabemos as quadrículas das batalhas. E estas se definiam como sendo nas cidades o seu palco. Em tom emblemático e premonitório, Sérgio Buarque finaliza a obra: As formas superiores da sociedade devem ser como um contorno congênito a ela e dela inseparável: emergem continuamente das suas necessidades específicas e jamais das escolhas caprichosas. Há, porém, um demônio pérfido e pretensioso, que se ocupa em obscurecer aos nossos olhos essas verdades singelas. Inspirados por ele, os homens se vêem diversos do que são e criam novas preferências e repugnâncias. É raro que sejam das boas (HOLANDA, 1995: 188). É assim que a obra Raízes do Brasil recebe um ponto final e é publicada em 1936 pelo editor José Olympio. Este último capítulo representa “uma espécie de registro sensível do movimento profundo da sociedade brasileira, tal como estudada no restante do livro” (CANDIDO, 1998: 87). Ao fazê-lo, Sérgio Buarque de Holanda parecia antecipar o ato contínuo à publicação, ou seja, o decreto do Estado Novo instaurado em 10 de novembro de 1937, que mudaria os rumos da sociedade brasileira. Sem a pretensão de conferir um tom fatalista, pode-se dizer que no golpe também a década de trinta chegava ao fim. Considerações finais Afirmou-se neste artigo que o tempo de Sérgio Buarque de Holanda quando da publicação de Raízes do Brasil foi o dos grandes carnavais, cassinos, praia de Copacabana, assim como o da Crise de 1929, da ascensão de Getúlio Vargas à presidência em trinta, do boom editorial e grandes interpretações do país, como foi o Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 15 caso da obra Casa-grande e senzala. As análises indicaram que, nestas circunstâncias, o Brasil não encontrava meios para adentrar no concerto das nações. Seu vizinho continental do norte, os Estados Unidos da América, despontava como um forte e grande país, enquanto que a sociedade brasileira agregava incontáveis mazelas. Essa situação representava um mal-estar para a intelligentsia, que convergia para uma crítica ao caráter imitativo do Brasil, tanto no que se referia à cultura, quanto no que dizia respeito à fragilidade de suas instituições jurídico-políticas. Este aspecto é relevante, na medida em que se considera a sociedade da década de trinta como o momento em que o povo adquiriu status político. Logo, a pergunta feita alhures e que retorna é: como negligenciar o contexto político se as ações governamentais têm por mote gerir a realidade? Sérgio Buarque não ignorou essa pergunta e, reconhecendo-a, deu um tom hodierno não só aos capítulos finais de Raízes do Brasil, como à obra em si, uma vez que o livro possui claras relações com os debates políticos vigentes no país na década de sua publicação, que abriu a coleção Documentos Brasileiros pelo editor José Olympio em 1936. Admiravelmente eivada pelo processo histórico vivido pelo intelectual paulista, a obra buscou compreender o Brasil em sua totalidade histórica. Para este fim, Sérgio Buarque de Holanda utilizou-se, inclusive, do recurso metafórico na sua composição textual e fez de Raízes do Brasil, ao fim e ao cabo, uma plausível resposta para as angústias de seu tempo. 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