Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ECONOMIA PROF SYLVIA BARBOSA SUMÁRIO 1. OS 10 PRINCÍPIOS DA ECONOMIA ...................................................................... 3 1.1 Como as pessoas tomam decisões .......................................................... 3 1.1.1 As pessoas enfrentam tradeoffs .......................................................... 3 1.1.2 O custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste para obtê-la 6 1.1.3 As pessoas racionais pensam nas margens ...................................... 7 1.1.4 As pessoas reagem a Incentivos ......................................................... 8 1.2 Como as pessoas interagem ..................................................................... 9 1.2.1 O comércio pode ser bom para todos .............................................. 9 1.2.2 Os mercados são geralmente uma boa forma de organizar a atividade econômica ..................................................................................... 11 1.2.3 Às vezes os governos podem melhorar os resultados dos mercados .......................................................................................................... 13 1.3 Como a economia funciona .................................................................... 14 1.3.1 O padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir bens e serviços ................................................................. ..................14 1.3.2 Os preços sobem quando o governo emite moeda demais ....... 16 1.3.3 A sociedade enfrenta um tradeoff de curto prazo entre inflação e desemprego ..........................................................................................................18 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 21 APRESENTAÇÃO O objetivo principal da disciplina de Economia é desenvolver a capacidade análitica do cenário microeconômico e macroecômico que possa ajudar na compreensão do cotidiano tanto na vida pessoal e quanto na profissional nas mais diversas áreas do conhecimento, visto sua multidisciplinariedade. Dessa forma a disciplina contemplará diversos assuntos que abrangem as teorias e conceitos de muitas subáreas da Economia, como: microeconomia, macroeconomia, economia monetária, internacional, política e ambiental. A ementa da disciplina será organizada em quatro módulos da seguinte forma: MÓDULOS CONTEÚDOS MÓDULO I Os 10 princípios da economia. MÓDULO II A economia e os problemas de natureza da atividade econômica; Sistemas econômicos; Os modelos simplificados – Fronteira de Possibilidades de Produção (FPP) e Diagrama do Fluxo Circular. MÚDULO III Estruturas de mercado; Oferta e demanda. MÓDULO IV Mercado e Noções macroeconômicas através dos indicadores econômicos. 3 1. OS 10 PRINCÍPIOS DA ECONOMIA1 Os 10 princípios da economia é uma boa forma de compreender resumidamente em que se baseiam os principais conceitos e teorias acerca da Ciência Econômica. Para melhor entendimento, os 10 princípios são divididos em três blocos, como segue abaixo: O 1º bloco abarca os quatro primeiros princípios e reflete sobre o comportamento dos indívídios dentro da sociedade, como eles tomam suas decisões diante do contexto que estão inseridos, o 2º bloco apresenta os reflexos dessas decisões, que apesar de serem tomadas individualmente, geram impactos na vida das outras pessoas, pois estas interagem e vivem coletivamente. O 3º bloco expressa o funcionamento da economia como uma consequência das decisões e interações dos indivíduos na sociedade. Agora podemos debater sobre cada um deles. 1.1 Como as pessoas tomam decisões 1.1.1 As pessoas enfrentam tradeoffs A definição de tradeoff apesar de muito simples pode-se dizer que é de suma importância para a Ciência Econômica. Este termo em economia é utilizado para designar uma escolha conflitante, isto é, o fato de realizar 1 A discussão sobre os 10 princípios da economia baseou-se no livro de Gregory Mankiw – Introdução à Economia, Editora Cengage Learning, 5º Ed., 2013. OS 10 PRINCÍPIOS 1º Bloco: Como as pessoas tomam decisões 2º Bloco: Como as pessoas interagem 3º Bloco: Como a economia funciona 4 uma escolha e, consequentemente, resolver um problema está associado ao fato de, inevitalvemente, outros problemas serem gerados. As escolhas precisam ser feitas uma vez que os recursos são limitados, então se a renda de uma família é de $2.000,00 eles precisam se organizar para pagar as despesas fixas (contas de água, energia, telefone, etc.) e as despesas variáveis (alimentação, vestuário, lazer, etc.) se gastar mais com as despesas fixas terão menos dinheiro para as despesas variáveis, portanto, a tomada de decisão de como distribuir a renda familiar é um exemplo de que “as pessoas enfrentam tradeoffs” e ao realizarem escolhas precisam abrir mão de algo. Na sociedade os tradeoffs podem se apresentar de várias formas, logo se tem o tradeoff clássico e os tradeoffs entre eficiência, igualdade e equidade: Tradeoff clássico àQuando se trata de uma escolha conflitante muito comum na vida em sociedade, podemos citar como exemplo: uma adolescente ao fazer 15 anos precisa escolher entre a festa ou uma viagem; ou um adolescente que faz 18 anos e precisa escolher entre se alistar para o exército ou seguir carreira profissional em outra área; ou ainda um tradeoff numa dimensão macroeconômica – quando uma nação precisa escolher entre crescimento econômico ou conservação do meio ambiente (apesar de existir o conceito de desenvolvimento sustentável e todo mundo tentando caminhar ao seu alcance, para muitas ou maioria das nações ainda se refere a uma escolha conflitante). Tradeoff de eficiência à Alcançar os melhores resultados com os recursos disponíveis. Exemplo: uma empresa ao utilizar todos os seus recursos de produção para obter a maximização do seu lucro. Ou uma dona de casa, que queira fazer o maior bolo com os materiais disponíveis. Tradeoff de igualdade e Equidade à A forma como serão distribuídos os resultados alcançados. Exemplo: supondo a mesma empresa acima, como ela irá dividir seus lucros? Uniformemente para todos os funcionários? Ou conforme a necessidade de cada um? E o bolo... Como serão repartidas as suas fatias? Iguais ou conforme a necessidade de cada um? 5 A premissa da equidade é que os iguais sejam tratados igualitariamente e os deseguais conforme suas necessidades, isto é, fazer justiça, entendendo que pessoas diferentes precisam de recursos diferentes. Vamos imaginar um exemplo na prática que possa elucidar os tipos de tradeoffs: Se analisarmos uma perspectiva macroeconômica também vamos identificar uma situação parecida. Um tradeoff entre eficiência e igualdade, isto é, a forma como será distribuída a renda gerada em uma nação pode ser através de políticas que promovam maior igualdade, como exemplo do Programa Bolsa Família, em contrapartida essa prática pode ser empregada à custa de uma maior cobrança de impostos dos trabalhadores reduzindo a recompensa pelo trabalho, o que pode promover um desestímulo tornando menos eficiente no quesito de produtividade. Uma família constituída por pai, mãe e duas filhas (uma de 03 anos de idade e a outra de 12 anos de idade). Os pais trabalham ao longo do mês, utilizam toda sua capacidade, esforço e recursos para que no final do mês possam angariar a maior renda possível (Tradeoff de eficiência). Em seguida, resolvem pegar $500,00 e distribuir em forma de mesada para as duas filhas pelo bom comportamento. Como o casal deve realizar esse procedimento? Igualdade ou Equidade?Opção 1: $250,00 para cada (Tradeoff de igualdade). Opção 2: $300,00 para a mais velha e $200,00 para a mais nova (Tradeoff de equidade). A escolha desse casal é totalmente relativa para cada família que depare com esta situação. Algumas poderiam preferir a opção 1 e outras a opção 2. A opção 1 a escolha é de uma divisão igualitária e a opção 2 é pensando nas necessidades de cada filha. 6 1.1.2 O custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste para obtê-la Ao realizar uma escolha é preciso abrir mão de algo, podemos charmar isto de CUSTO DE OPORTUNIDADE, que se configura como uma consequência das escolhas que precisam ser feitas. Em outras palavras pode-se dizer que o custo de oportunidade mede-se através da alternativa que foi sacrificada quando escolhemos algo. Nota-se que para todo tradeoff que nos deparamos haverá um custo de oportunidade, no entanto, o cálculo desse custo não é tão simples, uma vez que não está atrelado apenas às questões tangíveis, mas também a variáveis difícies de se mensurar, como exemplo, o tempo. Se por acaso, no horário da manhã você resolver ir à academia, o tempo que você gastará fazendo exercícios poderia estar em um trabalho, ganhando um salário (o que é possível mensurar), ou estar na companhia de familiares (que neste caso não seria possível avaliar em termos monetários), perceba que esta segunda alternativa envolve a subjetividade dos sentimentos. Outra situação que podemos analisar o custo de oportunidade seria: Se você tem um cargo de diretor em uma importante organização, é qualificado e bem pago para exercer a função e prefere pagar mais caro por bens e serviços entregues em domicílio, tudo para evitar filas em lojas e supermercados, isso significa que o custo de oportunidade (aquilo que você abre mão) do tempo é alto ou baixo? Neste caso, nota-se que abrir mão do tempo é algo que geraria uma perda muito grande ao diretor desta empresa, logo seu custo de oportunidade do TEMPO seria ALTO! É preciso analisar o contexto do enunciado, para identificar o quanto o sujeito valoriza ou não o que ele abrirá mão! Fonte: Clip-Art 7 1.1.3 As pessoas racionais pensam nas margens Todos os indivíduos possuem como referência para suas ações uma margem. Esta margem é o que norteia as nossas decisões. Como por exemplo, as empresas tendo em vista seu espaço, suas máquinas, seus recursos produtivos só poderão contratar um número X de funcionários. Uma pessoa que só poderá gastar até $20,00 no almoço, ou ainda ficar somente até às 19h no shopping. Em diversos momentos de nossa vida estabelecemos esses limites, que representam a ideia de extremidade, isto é, de estarmos no nosso extremo/limite. Pequenos ajustes nessas margens estabelecidas acontecerão com base na análise dos benefícios e custos marginais, o que se denomina por MUDANÇAS MARGINAIS. Logo, se o benefício marginal for maior que o custo marginal é possível que haja a mudança, o incremento de uma unidade, de uma porção, ou de um pequeno ajuste no plano de ação. Vamos imaginar que você tenha ido ao self-service com seus amigos, ao chegar lá você se agrada de tudo que tem e coloca pequenas porções de modo que lhe satisfaça. No entanto começa a pensar que poderia colocar um pouco mais de um tipo de comida, que é sua preferida. Daí inicia seu processo de análise... Se eu colocar um pouco mais, terei que pagar mais por isso, mas por outro lado, se eu colocar um pouco mais ficarei mais satisfeito. A decisão de colocar uma porção adicional dependerá do que você considera naquele momento, o que vale mais a pena para você. A decisão será relativa ao indivíduo, pois alguns preferirão colocar a porção adicional, por acreditar que o benefício é maior, outros podem decidir não colocar por considerar o custo maior. Perceba que a questão aqui não é deixar de se alimentar ou comer tudo que tem no self-service, estamos nos referindo a PEQUENOS AJUSTES em torno do seu limite, isso que define as pessoas pensarem nas margens. Vamos para mais um exemplo... 8 1.1.4 As pessoas reagem a Incentivos Acredito que desde muito cedo vocês já devem ter ouvido frases como estas: - Se você não ficar em recuperação, poderá ganhar um celular novo; - Se fizer os afazeres de casa, poderá sair mais tarde; - Se passar no vestibular, poderá fazer uma viagem com seus amigos. Os incentivos ajudam a mudar nosso comportamento, induz agirmos de forma diferente e isso acontece no nosso cotidiano sem ao menos percebermos. Quando passamos em frente a uma loja e na vitrine tem: “PROMOÇÃO”, embora não precisemos de nada que aquela loja ofereça, ainda sim pensamos na possibilidade de entrar e ver se tem algo de interessante. Os PREÇOS são grandes incentivadores e mudam o comportanto dos consumidores e produtores. Quando vemos preços mais baixos pensamos logo em comprar, fazer um pequeno estoque, enquanto que para o Depende! Lembram que a decisão é RELATIVA a cada indivíduo? Se por acaso a supervisora for um pouco flexível, poderá entender melhor a situação e o benefício poderia ser maior que o custo. Mas caso contrário, os problemas poderiam ser maiores que os benefícios e não compensaria pegar o próximo ônibus. Fonte: Clip-Art 9 produtor, indica que seus lucros poderão ser menores desestimulando a continuidade da produção. 1.2 Como as pessoas interagem 1.2.1 O comércio pode ser bom para todos Difícil imaginar a vida sem interação com outros seres humanos, sem realizar nenhum tipo de troca, você mesmo produzindo seus alimentos, Suponha que você sempre pega o ônibus que passa às 6h, mas ele estava lotado. Então começa a imaginar a possibilidade de pegar o próximo ônibus que passará às 06h15min. O que você precisa analisar... Quais os benefícios? Talvez o próximo ônibus esteja mais vazio e possa ir mais confortável. Quais os custos? Posso chegar um pouco atrasado e isso gerará uma série de problemas. Qual a sua decisão? As políticas públicas também possuem esse poder de mudar nosso comportamento através das mudanças do custo-benefício de certas ações. Por exemplo, a LEI SECA. Cientificamente é sabido que o álcool provoca alterações no reflexo dos motoristas, a Lei induziu as pessoas a refletirem que sua segurança é um benefício muito maior do que as consequências de beber e dirigir. No entanto, ainda que as pessoas não percebessem isso, a não obediência acarreta uma multa bastante severa, o que implica que de uma forma ou de outra é preciso que haja uma mudança de comportamento dos motoristas no Brasil. Fonte: Clip-Art 10 vivendo isoladamente. Pensar que isso é possível nos dias atuais não faz tanto sentido, basta olhar ao nosso redor que vamos perceber que vários objetos dentro de casa são fabricados em outros países, ou até mesmo os objetos que estão dentro da sua bolsa, como exemplo: o celular, uma carteira, nécessaire ou maquiagens. O comércio tornou-se algo tão natural e ao mesmo tempo muito importante para a vida em sociedade. O aumento da competitividade é um elemento essencial para a melhoria do funcionamento da atividade econômica, isso tanto para empresas, quanto para pessoas. Ao procurar um emprego, você está COMPETINDO com outros candidatos, o que lhe impulsiona a se qualificar e dar seu melhor, caso não acontecesse essa concorrência, você poderia acomodar-se e tornar-se pouco produtivo. No que tange as organizações, acontece uma dinâmica semelhante. Quando as empresas nacionais COMPETEM com empresas estrangeiras isso aumenta a concorrência fazendo que haja uma melhora na qualidade dos produtos e os preços sejam mais acessíveis, além da maior variedade de produtos. Vale acrescentar que ocomércio também permite o processo de ESPECIALIZAÇÃO, isto é, dada a competitividade as nações procuram ser as melhores naquilo que possuem algum tipo de vantagem, e comercializando com outros países aquilo que não tem vantagem em produzir. Por exemplo, o Brasil é um grande produtor de grãos, mas não tão bom produtor de tecnologias, logo se ele se especializar em grãos pode adquirir tecnologia de outros países. Essas abordagens culminaram em importantes teorias de Comércio Exterior denominadas por Vantagem Absoluta e Vantagem Comparativa2. AUTOR TEORIAS CARACTERÍSTICAS Adam Smith Teoria da Vantagem Abasoluta Cada país deve concentrar-se em produzir somente as mercadorias que apresentar melhores condições de fazê-lo. 2 A discussão sobre Vantagem Absoluta e Comparativa foi baseada no livro de Dias e Rodrigues – Comércio Exterior: Teoria e Gestão, Editora Atlas, 3ª Ed., 2012. 11 David Ricardo Teoria da Vantagem Comparativa Cada país deve concentrar-se em mercadorias que apresentem maior vantagem absoluta e menor desvantagem comparativa entre si. Fonte: Dias e Rodrigues, 2012, Pág. 60. O que isto quer dizer? Suponha que existem dois países (A e B) e seus custos de produção de tecido e vinho podem ser analisados a partir da tabela abaixo: PAÍS Custo do tecido produzido Custo do vinho produzido A 90 80 B 100 120 Fonte: Dias e Rodrigues, 2012, Pág. 63. Considerando a Vantagem Absoluta de Adam Smith, o país A teria o menor custo de produção nos dois produtos (tecido e vinho) e, portanto, produziria os dois, tranformando-o em um país vendedor e o país B comprador. Porém, se o país B não produz nada, não é capaz de gerar empregos e renda e não terá dinheiro para comprar os produtos do país A, fazendo com que o comércio e o fluxo monetário entre os países se finalizasse. Por outro lado, analisando a partir da Vantagem Comparativa, tem-se que: Outro exemplo3... 3 Exemplo retirado do livro de Krugman – Economia Internacional, Editora Pearson Prentice Hall, 8ª Ed., 2010. O ganho de A em relação a B para o tecido é de: 100 – 90 = 10 Enquanto que de vinho é: 120 – 80 = 40 Ou seja, o país A tem um ganho maior em relação a B na produção de vinho, então irá produzir vinho e abrir mão da produção de tecido, mantendo viva a relação comercial e o fluxo monetário entre ospaíses, beneficiando a todos. Suponha que os EUA cultivem atualmente 10 milhões de rosas para venda no Dia dos Namorados e que os recursos utilizados para este cultivo poderiam fabricar 100 mil computadores, logo, o custo de oportunidde de 10 milhões de rosas são 100 mil computadores. Na América do Sul, para fabricar 10 milhões de rosas precisariam abrir mão de fabricar 30 mil computadores, visto que os trabalhadores sul-americanos são menos sofisticados na produção de computadores e também pelo fato de que em fevereiro é auma boa época para cultivar as rosas. Em resumo temos, o custo de oportunidade de flores em termos de computadores é menor na América do Sul, indicando que nesta região (América do Sul) existe a vantagem comparativa na produção flores. 12 1.2.2 Os mercados são geralmente uma boa forma de organizar a atividade econômica Esse princípio reflete que a tomada de decisão de forma descentralizada por milhões de empresas e famílias, cada uma delas sendo guiada pelo seu próprio interesse, conseguem alcançar o bem-estar econômico geral. Ou seja, características que remetem às economias de mercado que ganharam ênfase após o colapso do comunismo na União Soviética e no Leste Europeu na década de 1980. Em uma economia de mercado, cuja principal característica é a interação da oferta e da demanda, o mecanismo de preço estabelece grande influência sobre o quanto será consumido e o quanto será ofertado no mercado, como se estivesse sendo guiado por MÃO INVISÍVEL que encontra naturalmente o equilíbrio. Por exemplo, quando o preço está mais elevado, os vendedores ou produtores ficam mais dispostos a ofertar seus produtos por terem expectativas melhores com relação a seus lucros, no entanto, consumidores iriam diminuir a procura e os vendedores ou produtores seriam forçados a baixar o preço, retomando a um equilíbrio. Não é da benevolência do açogueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelos seus próprios interesses. [...] Cada indivíduo não tem a intenção de promover o interesse público, nem sabe o quanto o está promovendo, não pensa senão no seu próprio ganho, e neste caso, como em muitos outros casos, é conduzido por uma mão invisível a promover um fim que não fazia parte de sua intenção (ADAM SMITH, 1776 apud MANKIW, 2013, Pág. 11). Fonte: Clip-Art 13 Porém, ressalta-se que caso o governo impeça o ajuste desses preços interfere na retomada desse equilíbrio. 1.2.3 Às vezes os governos podem melhorar os resultados dos mercados O governo pode garantir que a mão invisível possa funcionar com fluidez, além disso, a própria operacionalização do mercado pode apresentar algumas falhas, isto é, a alocação dos recursos pode ser ineficiente e não apresentar os resultados desejados e por isso a interveção do Estado pode ajudar a cessar ou mitigar esses problemas. Por exemplo, você só negociará algum produto ou serviço se tiver a garantia de que os clientes pagarão. Ou só prodizirá algo se considerar que esta produção não será roubada. Nesse sentido o Estado precisa garantir o direito de propriedade, que representa que esses indivíduos terão condições de possuir e gerir seus recursos. O Estado pode intervir no mercado para promover eficiência e igualdade: Quando o Governo intervém para promover EFICIÊNCIA é na tentativa de corrigir as falhas que o mercado possa apresentar, são elas: externalidade e poder de mercado. ESTADO EFICIÊNCIA IGUALDADE CORRIGIR FALHAS DE MERCADO Políticas públicas que possam atingir distribuição mais igualitária do bem-estar econômico Externalidade Poder de Mercado 14 As externalidades definem-se por ações de agentes econômicos que impactam o bem-estar da sociedade. Estas externalidades podem ser positivas ou negativas. è Exemplos de externalidades positivas: uma empresa que adota uma praça, uma empresa ou indivíduo que cria uma ONG – a intervenção do Estado acontece através da redução de impostos. è Exemplos de externalidades negativas: uma empresa que polui o meio ambiente, um vizinho que faz muito barulho, uma pessoa que dirigi bebêda - a intervenção acontece através de multas ou penalizações dos órgãos reguladores. Poder de mercado define-se pela capacidade da formação de monopólio (apenas uma empresa produzindo um bem ou serviço) ou oligoólio (um pequeno grupo de empresas dominando o segmento), ou seja, estruturas de mercado que possuem muita influência no estabelecimento de preços no mercado. è Exemplo de Monopólio: Petrobrás, Celpe, Compesa. è Exemplo de Oligopólio: Consórcio de Transporte Público (Grande Recife) Nos exemplos acima a intervenção do Estado acontece através do CONTROLE DE PREÇO. Ressaltando que no Brasil os monopólios só podem operacionalizar com a autorização do Governo. Quando o Governo intervém para promover IGUALDADE é no sentindo de minimizar as desigualdades socioeconômicas, promovendo políticas públicas que atuem nesse direcionamento. è Exemplos de políticas públicas: Programa Bolsa Família; Minha Casa Minha Vida, Seguridade Social, entre outros. 1.3 Como a economia funciona 1.3.1 O padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir bens e serviços15 Vocês já pararam para pensar o porquê de alguns países serem desenvolvidos e outros países subdesenvolvidos? Muito provavelmente que sim. Essas diferenças podem ser explicadas com base no nível ou na capacidade de produção que cada país possui, o quanto eles investem em tecnologia ou ainda como alocam seus recursos, de modo a tornar seus trabalhadores mais produtivos. Quanto maior a capacidade de produção e sua respectiva efetividade, mais empregos estarão sendo gerados, maior será o rendimento da população e, consequentemente, mais investimentos poderão realizar em educação, saúde, lazer, entre outros aspectos, o que significa dizer, melhorar seu padrão e qualidade de vida. Os formuladores de políticas públicas também possuem um papel muito importante nesse contexto, pois sabendo dessa forte associação entre produção e padrão vida, devem questionar-se como podem ampliar a capacidade de produção de bens e serviços dada as suas implicações na vida das pessoas. Para elucidar melhor essa situação podemos fazer uma análise de produtividade e padrão de vida entre países4: 4 BANCO MUNDIAL. Indicadores de Desenvolvimento Mundial. Disponível em: https://datatopics.worldbank.org/world-development-indicators/ Levando em consideração o ano de 2019, um ano antes da pandemia para não realizar comparações em períodos de crise, tem-se de acordo com o Banco Mundial: è PIB EUA: 21,43 trilhões de dólares è PIB BRASIL: 1,84 trilhões Claramente se percebe a diferança de produtividade, assim como o padrão de vida da população na comparação entre os dois países. Fonte: Clip-Art 16 Fazendo comparação entre diferentes momentos ocorridos no Brasil, também podemos notar que quando o crescimento econômico do Brasil está acelerado, a população também se encontra mais confortavelmente. è Vocês lembram no ano de 2010 o crescimento econômico do Brasil foi de 7,5% de crescimento?5 Muitos investimentos para sediar a Copa do Mundo que aconteria no Brasil em 2014, além dos retornos advindos da unidade portuária de Suape poucos anos depois. Tudo isso permitiu que o Brasil aumentasse seu ritmo de produção, empregando mais pessoas, gerando mais renda e melhorando o padrão de vida da população. è Pouco tempo depois, em 2015, o Brasil inicia uma recessão econômica. 2015 e 2016 obtiveram taxas negativas de crescimento, de 3,8% e 3,6% respectivamente6, gerando muito desemprego e piora na qualidade de vida da população. 1.3.2 Os preços sobem quando o governo emite moeda demais O Brasil, ao longo de pouco mais de uma década, passou por momentos muito difíceis por acreditar que a solução para seus problemas era simplesmente emitir mais moeda. Não à toa, que a década de 80 foi considerada uma fase perdida. A primeira coisa que precisamos saber é que a inserção da moeda no mercado surgiu para eliminar os problemas advindos do escambo, tais como: a necessidade mútua da troca, falta de equiparação dos valores das mercadorias trocadas e, em muitos casos, a precisão do uso imediato após realizar a troca, quando o produto era perecível. Nesse sentido, as três funções da moeda são7: è Meio de troca – elimina a questão da necessidade mútua; 5 BBC NEWS. PIB do Brasil cresce 7,5% em 2010 e tem maior alta em 24 anos. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2011/03/110303_pib_2010_rp 6 INFOMONEY. PIB do Brasil contrai 3,6% em 2016 e País registra a pior recessão da história. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/mercados/pib-do-brasil-contrai-36-em-2016-e-pais- registra-a-pior-recessao-da-historia/ 7 A discussão sobre a hiperinflação brasileira e funções da moeda foi baseada no livro de Assaf Neto – Mercado Financeiro, Editora Atlas, 8ª Ed., 2009. 17 è Unidade de conta – precifica e acaba com o problema de equiparação de valores; è Reserva de valor – finda com a necessidade do uso imediato. Em um momento de hiperinflação essas funções básicas da moeda ficam comprometidas. Não sei se vocês lembram, mas na dácada de 80 até 1994 o Brasil trocou por diversas vezes sua moeda, justamente para tentar retomar as suas funções, uma vez que a inflação corroeu tudo! Perdeu-se a referência de valor dos bens e serviços, os preços mudavam o tempo todo, a alternativa de congelamento de preço (uma das medidas equivocadas implatadas por vários planos de estabilização da economia durante esse período) gerou escassez de produtos e as coisas só pioravam. Quando o governo emite mais moeda, está aumentando a circulação de moeda e a liquidez da economia, permitindo que as pessoas tenham um maior poder aquisitivo e sabemos que com o AUMENTO DA DEMANDA existirá AJUSTES DE PREÇOS, quando isso acontece de forma contínua pode- se gerar um processo inflacionário. Podemos imaginar que a moeda pode ser analisada como um bem qualquer. Quando tem muito tomate no mercado, o que acontece com o preço do tomate? DESVALORIZA-SE! Assim como, se tem muita moeda no mercado, a moeda também se desvalorizará! Apesar de ter começado essa seção falando sobre a história econômica do Brasil, problemas hiperinflacionários aconteceram e acontecem em vários países. A crise da Venezuela8 pode ser explicada por 8 A origem da crise na Venezuela. Acesse o link para assistir: https://youtu.be/I_UYuoZVUO8 Assistir aos documentários: Laboratório Brasil: 15 anos do Real Real: o plano por trás da história 18 esse princípio da economia, assim como, A crise da Alemanha nos anos de 1920. 1.3.3 A sociedade enfrenta um tradeoff de curto prazo entre inflação e desemprego Em uma economia, no curto prazo, quando o nível de desemprego está baixo é o mesmo que dizer que os indivíduos possuem maior poder aquistivo para aumentar sua demanda por mais bens e serviços ocasionando, por conseguinte, o aumento dos preços no mercado, fenômeno denominado por inflação. è NÍVEL DE DESEMPREGO BAIXO, PREÇOS ELEVADOS (INFLAÇÃO). O contrário também acontece, quando o nível de desemprego está elevado, representa que o poder aquisitivo da população é menor e haverá uma redução da demanda por bens e serviços pressionando que os preços de mercado fiquem mais baixos. è NÍVEL DE DESEMPREGO ALTO, PREÇOS BAIXOS. Logo, conseguimos observar que, no curto prazo, existe uma relação inversa entre inflação e desemprego, é um tradeoff importante para os formuladores de políticas quando decidirem aplicá-las na sociedade. Podemos pensar também que com o aumento da circulação de moeda, no curto prazo, as pessoas demandarão mais bens e serviços exigindo que as empresas produzam mais e contratem mais. Com uma menor circulação de moeda, as pessoas compram menos, as empresas produzem menos e, portanto, contratam menos. O que aconteceu com a economia da Venezuela? Acesse o link para assistir: https://youtu.be/5i0IyCuUajY Assistir aos vídeos: A origem da crise na Venezuela O que aconteceu com a economia da Venezuela? 19 A curva de Phillips pode ser analisada por estas duas perspectivas. No entanto, vale ressaltar que essa teoria só explica a inflação pelo lado da demanda (pessoas comprando mais ou menos causando ajustes no preço), para explicar a inflação por parte da oferta (como por exemplo, agora na pandemia que os preços dos produtos ficaram mais altos (inflação) como resposta à escassez de matéria-prima – muitas montadoras de veículos pararam sua produção em 2020 e 2021) seriam necessárias outrasteorias para elucidar. Observe o gráfico a seguir: ATIVIDADE DE REFLEXÃO 1. Dê três exemplos de tradeoffs importantes com que você se depara na vida. 2. Qual é o custo de oportunidade de assistir a um filme no cinema? 3. A água é necessária para vida. O benefício marginal de um copo com água é grande ou pequeno? 4. Por que formuladores de políticas devem pensar sobre os incentivos? 5. Por que o comércio entre países não é como um jogo, em que alguns vencem e outros perdem? 6. O que a “mão invisível” do mercado faz? 7. Explique as duas principais causas de falhas de mercado e dê exemplo de cada uma. Eixo vertical – representa a taxa de variação de preço (inflação). Eixo horizontal – taxa de desemprego. Observe o ponto “C” a taxa de variação de preço está ELEVADA e a taxa de desemprego BAIXA. No ponto “D” o contrário acontece. A taxa de variação de preço está BAIXA e o desemprego ALTO. A curva é decrescente para apresentar essa dinâmica de uma relação inversa entreas variáveis. C D Fonte: Clip-Art 20 8. Por que a produtividade é importante 9. O que é inflação e quais suas causas? 10. Como a inflação e o desemprego estão relacionados no curto prazo? INDICAÇÕES DE LINKS Você pode ampliar seus conhecimentos acessando: Introdução à economia by Gregory Mankiw – disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5559689/mod_resource/content/1/C ap%201%20Introduc%CC%A7a%CC%83o%20a%CC%80%20economia%20by% 20Gregory%20Mankiw%20.pdf INDICAÇÕES DE VÍDEOS E DOCUMENTÁRIOS A origem da crise na Venezuela. Acesse o link para assistir: https://youtu.be/I_UYuoZVUO8 O que aconteceu com a economia da Venezuela? Acesse o link para assistir: https://youtu.be/5i0IyCuUajY Laboratório Brasil: 15 anos do Real. Acesse o link para assistir: https://www.youtube.com/watch?v=3LHH7nigO6A Real: o plano por trás da história. Acesse o link para assistir: https://www.youtube.com/watch?v=ZNfT0WXXjpA INDICAÇÕES DE PODCASTS Ep. 02 - Os 10 Princípios da Economia Pt.1 https://podcasts.google.com/feed/aHR0cHM6Ly9hbmNob3IuZm0vcy80YjM2 MTU1MC9wb2RjYXN0L3Jzcw/episode/ODEyMDRlZTQtYTZhMC00ZTM1LWIxOWE tMzJlNjdhNjEyYjdl?hl=pt- BR&ved=2ahUKEwjgtpPt1LzxAhWNGbkGHVyFBxkQjrkEegQIAhAF&ep=6 Ep. 03 - Os 10 Principios da Economia Pt.2 https://podcasts.google.com/feed/aHR0cHM6Ly9hbmNob3IuZm0vcy80YjM2 MTU1MC9wb2RjYXN0L3Jzcw/episode/YTViYjVlNzgtZTcxZC00M2MwLTlhMjEtMTZl OGI1NTE5YjAz?hl=pt- BR&ved=2ahUKEwjgtpPt1LzxAhWNGbkGHVyFBxkQjrkEegQIAhAI&ep=6 21 REFERÊNCIAS LIVROS ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. São Paulo: Atlas, 8ª Ed., 2009. DIAS, R.; RODRIGUES, W. Comércio Exterior: Teoria e Gestão, São Paulo: Editora Atlas, 3ª Ed., 2012. KRUGMAN, O. Economia Internacional. São Paulo: Editora Pearson Prentice Hall, 8ª Ed., 2010. MANKIW, G. N. Introdução à Economia. São Paulo: Editora Cengage Learning, 5º Ed., 2013. SITES BANCO MUNDIAL. Indicadores de Desenvolvimento Mundial. Disponível em: https://datatopics.worldbank.org/world-development-indicators/ BBC NEWS. PIB do Brasil cresce 7,5% em 2010 e tem maior alta em 24 anos. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2011/03/110303_pib_2010_rp INFOMONEY. PIB do Brasil contrai 3,6% em 2016 e País registra a pior recessão da história. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/mercados/pib- do-brasil-contrai-36-em-2016-e-pais-registra-a-pior-recessao-da-historia/ IMAGENS Todas as imagens foram retiradas do Clip-Art
Compartilhar