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CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 12 – ERA PT: GOVERNOS DILMA ROUSSEFF (2011-2016) Alexandre Alves ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010 Antes de iniciar a explanação em torno das eleições presidenciais de 2010, é necessário apresentar a figura de Dilma Rousseff. A candidata no PT antes mesmo de entrar para a Universidade se aproximou e integrou o grupo conhecido como Organização Revolucionária Marxista – Política Operária (Polop). Esse grupo era uma vertente alternativa aos principais partidos de esquerda que na época acreditavam ser possível uma aliança entre Proletariado e Burguesia. A Polop, por sua vez, afirmava que o Brasil já estava maduro para uma experiência socialista e lutava nesse sentido. Durante a Ditadura Militar (1964-1985) o grupo se dividiu em duas vertentes, sendo que Dilma optou por integrar a equipe que logo formaria o Comando de Libertação Nacional (Colina). Presente em ações clandestinas para combater a Ditadura, Rousseff foi presa em 1970 no Estado de São Paulo, sendo libertada mais tarde em 1972. Essa experiência nos porões do regime seria importante para mais tarde a formação da Comissão da Verdade, assunto tratado mais adiante nesse resumo. Em 1974 ingressou no curso de Ciências Econômicas, se graduando em 1977, durante esse período trabalhou na Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul (FEE-RS). Foi Secretária Municipal da Fazenda em Porto Alegre, presidente da FEE-RS, Secretária de Minas, Energia e Comunicações do Rio Grande do Sul. No ano de 2001, se filiou ao Partido dos Trabalhadores – PT, legenda na qual permanece até os dias atuais. Quando Luiz Inácio Lula da Silva venceu as eleições presidenciais em 2002, Dilma foi convocada a assumir o cargo de Ministra de Minas e Energia do Governo. Sua principal missão no cargo era impedir que ocorresse uma nova crise energética no país, como a que aconteceu em 2001, conhecida como “apagão”. No cargo, Dilma defendeu a presença do capital privado nas atividades de produção, transmissão e distribuição de energia, mas defendia uma maior presença do Estado como regulador do setor. Um ano depois, lançou o Programa Luz para Todos com o objetivo de levar eletricidade as áreas ainda não atendidas, sobretudo as rurais. Em 2005, com o Escândalo do Mensalão, José Dirceu precisou se afastar da posição de Ministro Chefe da Casa Civil de Lula. Com o cargo vago, Luiz Inácio convidou Rousseff para ocupar a posição, já pensando em um possível governo de sucessão na figura de Dilma. Como Ministra Chefe da Casa Civil de Lula, Dilma atuou sobretudo no Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, assunto tratado com mais detalhes na aula passada sobre os dois Governos Luiz Inácio. Já em 2010, com a proximidade das eleições, Rousseff fez campanha tendo como cabo eleitoral o Presidente Lula. Foi uma extensa campanha por todo o Brasil no qual ambos defendiam uma continuidade da política petista de Justiça Social e Programas Assistenciais. Essa continuidade ficaria bem visível no discurso de posse no seu primeiro mandato, ocasião quando ressaltou a necessidade de continuar a política de combate a fome. O mesmo pode ser observado no segundo mandato, quando o lema do governo foi “Brasil, Pátria Educadora”. Combate a fome e acesso a educação foram duas importantes bandeiras de Lula, quanto presidente. Dilma disputou o primeiro turno contra os seguintes candidatos: José Serra ex-governador do Estado de São Paulo foi o escolhido pelo PSDB como presidenciável e Índio da Costa do Democratas (DEM) como vice-presidente. Também é importante a participação da Ex-Ministra do Meio Ambiente de Lula, Marina Silva agora no Partido Verde (PV). Houve especulação sobre uma possível aliança CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 12 – ERA PT: GOVERNOS DILMA ROUSSEFF (2011-2016) Alexandre Alves entre Marina e Heloísa Helena do PSOL para concorrer ao cargo. Contudo, Heloísa optou por concorrer a uma cadeira no senado. O vice de Marina foi, portanto, Guilherme Leal também do PV. O Partido Socialismo e Liberdade lançou Plínio de Arruda Sampaio e Hamilton Assis como vice. Outros nomes menos importantes que disputaram o pleito foram José Maria Eymael (PSDC), José Maria de Almeida (PSTU), Levy Fidélix (PRTB), Ivan Pinheiro (PCB) e Rui Costa Pimenta (PCO). Todos com baixa expressão nas votações. Ao fim do primeiro turno, Dilma Rousseff e Michel Temer obtiveram 46,91% dos votos enquanto José Serra e Índio da Costa conseguiram 32,61%, sendo ambos eleitos para o segundo turno. Tanto Dilma como Serra representavam um pequeno risco para os mercados que temiam pela perda da estabilidade econômica no país. Ambos, nesse sentido, dividiam os votos. Porém, o candidato do PSDB, seria aquele que melhor conseguiria tratar de questões como disciplina fiscal e contenção das despesas estatais. Além disso, sua posição era mais liberal e a favor do mercado que aquela defendida por Rousseff, que previa, por sua vez, uma maior presença do Estado e atuação econômica. Além disso, Dilma teria dificuldades de conter as despesas governamentais devido a sua plataforma de governo e propostas. Assuntos como Bolsa Família, amplamente criticado nas eleições de 2018 por candidatos como Jair Bolsonaro, aqui era ponto comum sua validade e ambos os presidenciáveis prometeram não só a continuidade do programa como sua ampliação. Realizado em 31 de outubro de 2010, o segundo turno deu a vitória a Dilma Rousseff e Michel Temer com 56,05% dos votos, enquanto Serra e Índio da Costa obtiveram 43,95%. Dilma se tornava a primeira mulher a governar o país e o Partido dos Trabalhadores se manteve no poder por mais um mandato. Vejamos como foi o Primeiro Governo Rousseff. IMAGEM 01 – Temer, Dilma e Lula. Fonte: Brasil News. Disponível em https://www.n3w5.com.br/destaque/2016/04/stf- citacoes-dilma-temer-lula-inquerito-lava-jato Acesso em 15 de dezembro de 2021. https://www.n3w5.com.br/destaque/2016/04/stf-citacoes-dilma-temer-lula-inquerito-lava-jato https://www.n3w5.com.br/destaque/2016/04/stf-citacoes-dilma-temer-lula-inquerito-lava-jato CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 12 – ERA PT: GOVERNOS DILMA ROUSSEFF (2011-2016) Alexandre Alves PRIMEIRO GOVERNO DILMA (2011-2015) Assim que tomou posse, Dilma lançou o Plano Brasil sem Miséria, uma ampliação do Programa Bolsa Família (PBF) cuja meta era alcançar uma parcela significativa da população em situação de pobreza que não foi assistida pelo PBF, o chamado núcleo duro da pobreza. Esse grupo populacional não alcançado pelo Programa representa uma parcela em situação extremamente vulnerável e de difícil acesso através de programas assistenciais. Nesse sentido, a missão de Dilma com o Plano era bastante desafiadora. Para atingir seus objetivos, o Brasil sem Miséria se estruturou em cinco pontos de inflexão. A primeira delas foi o estabelecimento de uma linha de extrema pobreza usando o indicador “renda” como balizador para classificação. A segunda foi a definição como objetivo a universalização dos programas assistenciais como o Bolsa Família, por exemplo. A terceira foi a chamada “Busca Ativa”, pois a população do chamado núcleo duro era incapaz, devido a própria situação de pobreza, de buscar e exigir os seus direitos, dessa forma, passou a ser responsabilidade do Estado ir ao encontro dessas pessoas e cadastrá-las para acesso ao Plano e seus benefícios. A quarta inflexão estava centrada no estabelecimento do valor de R$:70,00 para todos os brasileiros considerando a renda e os benefícios dos programas sociais. Dessa forma, passou a existir um novo patamar no qual era imprescindível que todos os brasileiros estivessem. Por fim, a quinta inflexão consistia em ações voltadas para inclusãoeconômica da população adulta dos programas sociais através de capacitação para o emprego e para o empreendedorismo. O Plano apresentou bons resultados, segundo dados oficiais cerca de 22 milhões de pessoas saíram da linha da extrema pobreza com apoio do Plano e do Programa Bolsa Família. No aspecto “Busca Ativa” foram realizados nove mutirões com inclusão de 15.500 famílias no Plano. Outras atividades nesse mesmo âmbito foram o PRONATEC, o incentivo a formalização através do MEI – Microempreendedor Individual, Programa Crescer, Apoio a Economia Solidária, Água para Todos, Programa de Aquisição de Alimento – PAA, Agro Amigo, Bolsa Verde, entre outros. Como já mencionado no presente resumo, a prisão de Dilma durante a Ditadura Militar entre 1970 e 1972 seria um importante fator que a motivou na tomada de duas decisões. A primeira foi a Aprovação da Lei de Acesso a Informação. A Lei 12.527 de 18 de novembro de 2011, dentre outros aspectos, estabelecia que todos os Órgãos Públicos deveriam informar suas atividades a qualquer cidadão interessado. O dispositivo acabava com o sigilo de documentos do Governo e estabelecia o prazo de 50 anos para que os dados considerados ultrassecretos fossem colocados à disposição do público. A outra decisão está relacionada ao estabelecimento da Comissão Nacional da Verdade – CNV. A CNV tinha como objetivo averiguar os crimes ocorridos entre 1946 e 1988 no Brasil, bem como produzir um relatório final com os resultados do trabalho de pesquisa e apuração. A Comissão foi criada pela Lei 12.528 de 18 de novembro de 2011. Em 10 de dezembro de 2014 a Comissão, assim como esperado e estabelecido em lei, encerrou seus trabalhos apresentando um Relatório Final. Além do relatório, todo o arquivo de texto, imagético e audiovisual passou a compor o Acervo Nacional pelo Centro de Referência Memórias Reveladas. Ao todo, 377 pessoas foram responsabilizadas, apesar da CNV não possuir poder punitivo, a mesma CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 12 – ERA PT: GOVERNOS DILMA ROUSSEFF (2011-2016) Alexandre Alves recomendou a abertura de processos judiciais. O Relatório Final pode ser baixado no site oficial da Comissão através do link http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/textos-do-colegiado/586-epub.html IMAGEM 02 – Dilma Rousseff durante audiência militar em 1970 durante a Ditadura no Brasil. Fonte: Revista Veja. Disponível em https://www.brasildefato.com.br/2020/01/15/dilma-rousseff-tortura-e-dor-e-morte-eles-querem-que-voce- perca-a-dignidade Acesso em 15 de dezembro de 2021. Outro aspecto importante do Governo Rousseff foi a aprovação do Marco Civil Regulatório da Internet. A Lei 12.565 consiste em uma legislação de cunho principiológico, ou seja, que introduz os princípios norteadores, garantias, direitos e deveres dos agentes envolvidos com o uso e exploração da internet no Brasil. O Marco se fundamenta sobre três pilares: liberdade de expressão, neutralidade de rede e privacidade. A liberdade de expressão, direito já consagrado na Magna Carta de 1988 passa a ser aplicada no ciberespaço, contudo é vedado o anonimato e é possível a responsabilização civil daqueles que excedem o limite da liberdade de se expressar. A neutralidade da rede, por sua vez, foi expressa no dever dos provedores de Internet de tratar os pacotes de dados que trafegam em suas redes sem discriminação em razão do conteúdo, origem, destino e aplicação. Por fim, a privacidade se materializou na proteção aos dados dos usuários, sendo necessário o consentimento deste para uso das informações e a responsabilização pela aplicação indevida quando essa se manifestar em invasão da vida privada, intimidade ou comunicação sigilosa. No que tange a política educacional, foi durante o Governo Dilma que foi aprovado o Plano Nacional de Educação – PNE. O Plano, aprovado pela Lei 13.005, estabelecia uma série de metas e estratégias relacionada à educação para os próximos 10 anos (2014-2024) englobando tanto a educação básica, fundamental, ensino médio, ensino superior em graduação e pós-graduação. Entre as medidas mais importante estavam o investimento de 10% do PIB brasileiro no setor. Dilma havia http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/textos-do-colegiado/586-epub.html https://www.brasildefato.com.br/2020/01/15/dilma-rousseff-tortura-e-dor-e-morte-eles-querem-que-voce-perca-a-dignidade https://www.brasildefato.com.br/2020/01/15/dilma-rousseff-tortura-e-dor-e-morte-eles-querem-que-voce-perca-a-dignidade CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 12 – ERA PT: GOVERNOS DILMA ROUSSEFF (2011-2016) Alexandre Alves proposto o investimento, alguns meses antes, de 100% dos royalties do pré-sal para a educação, mas a medida foi alterada pelo Congresso, ficando 75% para a educação e 25% para a saúde. Essa atenção especial para o setor educacional seria mais tarde fundamental para o estabelecimento do lema do segundo mandato “Brasil, pátria educadora”. Dentre os principais objetivos do PNE vale destacar: “Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE. Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE. Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e cinco por cento). Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento público.” (BRASIL, Lei nº 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 26/06/2014 Brasília, DF.) O maior desafio de Dilma Rousseff no primeiro mandato e o primeiro movimento de contestação popular ao seu governo foram as manifestações de 2013. Ocorrido em várias capitais do país e em algumas cidades do interior, o movimento teve como estopim o aumento do preço das passagens no transporte público coletivo. Associado a essa pauta, foram levantadas bandeiras contra a corrupção, os altos investimentos em infraestrutura esportiva para receber a Copa do Mundo FIFA de Futebol que ocorreria no ano seguinte e a falta de recursos para educação e saúde. Temas mais específicos como a manutenção dos poderes investigatórios do Ministério Público também estiveram presentes. Passeatas ocorrem em diversas cidades, sendo as mais conhecidas as de São Paulo e a de Brasília, quando os manifestantes subiram a rampa e a plataforma do Congresso Nacional durante um protesto. Em resposta, a presidente Dilma Rousseff fez um pronunciamento em rede nacional de televisão onde ressaltou que os movimentos eram indicativos dasaúde da democracia brasileira, criticou aqueles que agiram com violência incendiando ônibus, depredando lojas, bancos e templos. Por fim, se comprometeu a assumir um pacto com governadores e prefeitos para atender as demandas das ruas. O pacto estava centrado nos seguintes aspectos: responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, transporte e educação, além de um plebiscito para uma reforma constituinte. Dos pactos propostos por Dilma no pronunciamento apenas um foi de fato atendido, aquele relativo à saúde pública, alcançado através do Programa Mais Médicos. O programa consistia em incentivos para que médicos brasileiros e estrangeiros fossem trabalhar nos interiores do Brasil e em áreas periféricas nas grandes cidades, locais onde a população é mais carente de profissionais da saúde. O pacto ia muito além de simplesmente aumentar o número de profissionais e abrangia ações CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 12 – ERA PT: GOVERNOS DILMA ROUSSEFF (2011-2016) Alexandre Alves relativas à grade curricular dos cursos de medicina no Brasil e regras para criação/abertura de novos cursos. Era uma ação mais ampla com objetivo de melhorar a qualidade de vida da população e favorecer o acesso a serviços básicos de saúde. Contudo, uma medida bastante polêmica foi a chegada dos médicos estrangeiros, sobretudo os cubanos. “A chegada de médicos estrangeiros, principalmente cubanos, provocou vários protestos. Organizações de representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Associação Médica Brasileira (AMB), da Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e de organizações estudantis acusaram o governo de tentar transferir a responsabilidade pelos problemas do Sistema Único de Saúde (SUS) para os profissionais da área. Outra crítica foi quanto à liberação dos estrangeiros de validarem o diploma por meio de um exame: eles teriam uma avaliação distinta e, se fossem aprovados, receberiam um registro provisório com validade apenas para atuação dentro do Programa. Alguns meses depois, a maioria da população aprovava a iniciativa.” (Verbete Biográfico Dilma Vana Rousseff. Fundação Getúlio Vargas (FGV) - CPDOC, 2021. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/dilma-vana-rousseff Acesso em 16 de dezembro de 2021.) IMAGEM 03 – Manifestantes sobem no telhado do Congresso Nacional, em Brasília. O momento é considerado um dos mais marcantes da década. As reivindicações não se limitam mais ao transporte público Wikimedia Common. Fonte: Guia do Estudante. Disponível em https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/manifestacoes-de-junho-de-2013-relembre-os- fatos-importantes/ Acesso em 16 de dezembro de 2021. http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/dilma-vana-rousseff https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/manifestacoes-de-junho-de-2013-relembre-os-fatos-importantes/ https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/manifestacoes-de-junho-de-2013-relembre-os-fatos-importantes/ CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 12 – ERA PT: GOVERNOS DILMA ROUSSEFF (2011-2016) Alexandre Alves Dilma também apresentou propostas para a mobilidade focada no transporte público, educação de mais qualidade, reforma política que amplia a participação popular, combate a corrupção, entre outras. Contudo, os avanços nesses aspectos foram mais singelos. Dessa forma, fogem as breves considerações desse resumo. Em 2014, o Brasil recebeu a Copa do Mundo FIFA de Futebol. O evento foi realizado em diversas capitais brasileiras, como São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre, Cuiabá, entre outras e contou com modernas arenas, construídas para receber o evento. Dilma tratou de deixar claro que o dinheiro destinado a construção dos estádios foram frutos de empréstimos a serem pagos pelos exploradores das arenas, posteriormente, após o evento, e não de recursos do orçamento da União para áreas prioritárias como educação e saúde. A Seleção Brasileira chegou às semifinais quando foi derrotada pela seleção alemã na famosa derrota por 7 x 1 no Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão em Belo Horizonte. Na disputa pelo terceiro lugar, perdeu de 3 x 0 para a seleção dos Países Baixos (Holanda) no Estádio Mané Garrincha em Brasília. Rousseff foi vaiada e alvo de xingamentos em praticamente todos os jogos que presenciou. As derrotas da seleção aumentaram ainda mais o clima em torno da rejeição à Dilma, sobretudo nas classes média e alta. Durante o evento, ocorreram novas manifestações contra a presidente. Ainda em relação aos aspectos políticos, é importante ressaltar a influência da Lava Jato na popularidade de Dilma e do próprio Partidos dos Trabalhadores – PT. A Lava Jato foi uma operação realizada sobretudo perante a Justiça Federal em Curitiba que investigou ações criminosas e de corrupção no Brasil recente. Com o avanço das investigações, cresceram os indícios de desvio de dinheiro público e superfaturamento nas obras dos estádios da Copa. Além disso, evidências de que a compra de uma refinaria no Texas, EUA, teria causado desastrosos prejuízos para a Petrobras (na época, Dilma era Ministra de Minas e Energia de Lula) levou parlamentares a solicitar a abertura de uma CPI para investigar o caso. Logo depois, seria estabelecida uma ligação entre o dinheiro proveniente de corrupção na Petrobras e o pagamento de propina no Congresso. A investigação, contudo, não conseguiu comprovar o envolvimento de Dilma nos casos, porém levou a prisão de diversos empreiteiros e políticos. A operação em Curitiba possui diversos apoiadores, mas por outro lado, recebe muitas críticas como aquelas relacionadas a atuação com intuito político, quebra de rito e ação ilegal dos membros como forma de desestabilizar o PT e impedir o retorno do Ex-Presidente Lula ao cargo máximo do Executivo. Luiz Inácio, inclusive, será preso anos mais tarde no avançar da Lava- Jato no aproximar das eleições de 2018. No entanto, esse debate foge as breves linhas desse resumo e é tratado nas disciplinas de História da Atualidade. Essa série de eventos levaram a uma queda da popularidade de Dilma e influenciou a disputa presidencial em 2014. Antes, porém, vamos analisar os aspectos econômicos do Primeiro Mandato Dilma, mais um ponto que levou ao desgaste da Presidenta. ASPECTOS ECONÔMICOS DO PRIMEIRO GOVERNO DILMA O Governo Dilma iniciou com mudanças na estrutura estabelecida por Lula, Guido Mantega assumiu o Ministério da Fazenda e Henrique Meirelles depois de oito anos, deixou a presidência do Banco Central. Essa alteração não era muito bem vista pelos mercados em geral, mas mesmo assim, CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 12 – ERA PT: GOVERNOS DILMA ROUSSEFF (2011-2016) Alexandre Alves Rousseff optou por fazê-la. Antônio Palocci ficou como Ministro Chefe da Casa Civil e Mirian Belchior ficou com a pasta de Planejamento. Contudo, logo no primeiro ano de mandato, oito ministros foram afastados de suas funções, sendo que sete deles por denúncias de envolvimento em casos de corrupção. A forma com que Dilma atuou nesses casos fez com que a população passasse a vê-la como uma presidente comprometida com o combate a corrupção. Dessa forma, esses eventos refletiram positivamente em sua popularidade. Até então, os números da economia brasileira estavam em linha com o crescimento esperado, mesmo durante os anos de crise econômica, em 2008. Porém, os sinais de desaceleração já eram evidentes logo no primeiro ano do Governo Dilma, apenas o pleno emprego apresentava bons resultados, com apenas 5% da população economicamente ativa formalmente desempregada. Em 2011, o crescimento foi de apenas 2,7%, 0,9% em 2012 e 2,3% em 2013. Rousseff, nesse sentido,optou por uma redução de impostos como forma de favorecer a produção, além de incentivos fiscais e financeiros. Se até então o crescimento estava desacelerando e os números da economia estavam em tendência negativa, em 2014 a situação econômica fica particularmente alarmante para o governo. Tem início nesse ano uma das maiores recessões econômicas da história brasileira. São cinco trimestres consecutivos de encolhimento da economia. Para se ter uma ideia, em 2015 o Produto Interno Bruto brasileiro recuou 3,5%. A inflação, por sua vez, teve um forte disparo. Explicando melhor, Dilma optou por fazer um congelamento momentâneo da tarifa de energia elétrica durante o ano de 2014 para evitar que um aumento da conta de luz afetasse sua campanha à reeleição. Como esses valores mais cedo ou mais tarde precisariam ser repassados de alguma maneira, ocorreu o chamado “tarifaço” um reajuste nos valores da energia elétrica. Como a eletricidade é básica para a produção de bens e serviços, praticamente todos os produtos subiram de preço. A taxa de desemprego que ficou estável em valores baixos nos primeiros anos de mandato disparou. O desemprego passou a ser crescente e se manteve em tendência de alta por 16 meses seguidos. Os juros subiram significativamente e o acesso ao crédito ficou ainda mais dificultado. Como Dilma optou pouco antes pela redução da arrecadação como forma de incentivar o crescimento, o país enfrentou uma crise fiscal bastante complicada para as contas do país. Além dos eventos já mencionados anteriormente, esses resultados negativos na economia brasileira refletiram na eleição presidencial de 2014. Vejamos como foi o pleito. ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2014 Realizada em dois turnos em outubro de 2014, o pleito presidencial desse ano foi o mais acirrado e disputado da história do Brasil recente. O Partido dos Trabalhadores lançou mais uma vez Dilma Rousseff para presidente e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro apoiou a candidata e manteve como vice Michel Temer. Chegou a se discutir a possibilidade de Lula concorrer pelo PT, mas a proposta não avançou. Na oposição, o PSDB lançou o nome de Aécio Neves, economista e Ex- Senador e Governador do estado de Minas Gerais com Aloysio Nunes, advogado e Ex-Senador pelo estado de São Paulo. Dilma e Temer formaram a coligação “Com a Força do Povo” composta pelos partidos PT, PMDB, PSD, PP, PR, PDT, PRB, PROS e PCdoB. Aécio e Aloysio formaram a coligação CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 12 – ERA PT: GOVERNOS DILMA ROUSSEFF (2011-2016) Alexandre Alves “Muda Brasil” com apoio do PSDB, SD, PMN, PEN, PTN, DEM, PTdoB e PTB. As duas chapas seriam as mais importantes dessa eleição. A disputa em 2014 foi marcante pelo acidente aéreo que matou o candidato Eduardo Campos do Partido Socialista Brasileiro – PSB. O pernambucano tinha como vice a Ex-Ministra de Meio Ambiente de Lula, Marina Silva (PSB), e faleceu com a queda do seu avião na cidade de Santos em São Paulo, quando fazia campanha. Com a morte de Campos, Marina Silva assumiu a cabeça da chapa que passou a ter como vice Beto Albuquerque também do PSB e político de confiança de Eduardo, foi uma forma do partido demonstrar que os acordos firmados inicialmente estariam garantidos. Marina chegou a figurar como favorita para ir a um possível segundo turno contra Dilma, onde possivelmente sairia vitoriosa. Contudo, com o passar do tempo, algumas atitudes e decisões da candidata levou a queda de seus números e Aécio Neves assumiu a segunda posição no pleito, sendo eleito para disputar o segundo turno contra a petista. Outros nomes menos importantes que disputaram a cadeira presidencial foram: Eduardo Jorge e Célia Sacramento do Partido Verde, dupla que apresentou uma proposta pautada na responsabilidade ambiental e Luciana Genro e Jorge Paz pelo PSOL que disputaram depois da desistência de Randolfe Rodrigues. Além desses, participaram José Maria Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB), Mauro Luís Iasi (PCB), Pastor Everaldo (PSC), Rui Costa Pimenta (PCO) e José Maria de Almeira (PSTU). Todos com baixa expressão nas votações. O primeiro turno foi realizado em 05 de outubro e elegeu para o segundo turno Dilma e Temer com 41,59% dos votos e Aécio e Aloysio com 33,55%. Em terceiro lugar apareceu a figura de Marina Silva com 21,32% dos votos. Luciana Genro 1,55%, Pastor Everaldo 0,75% e Eduardo Jorge com 0,61%. Os demais candidatos obtiveram votação inexpressiva. A decisão final ocorreu em segundo turno, realizado em 26 de outubro, quando Dilma obteve 51,64% dos votos, enquanto Aécio recebeu 48,36% dos votos. Dilma e o PT se mantinham no poder, pelo menos por mais um mandato. IMAGEM 04 – Dilma Rousseff e Aécio Neves durante os debates no pleito presidencial de 2014. Fonte: UOL. Disponível em https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/07/rivais-em-2014-dilma-fica-fora-do-senado-e- aecio-se-elege-deputado-em-mg.htm Acesso em 17 de dezembro de 2021. https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/07/rivais-em-2014-dilma-fica-fora-do-senado-e-aecio-se-elege-deputado-em-mg.htm https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/07/rivais-em-2014-dilma-fica-fora-do-senado-e-aecio-se-elege-deputado-em-mg.htm CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 12 – ERA PT: GOVERNOS DILMA ROUSSEFF (2011-2016) Alexandre Alves SEGUNDO GOVERNO DILMA (2015-2016) Antes mesmo de tomar posse, ainda durante as campanhas para presidência, Dilma tratou de se antecipar e divulgou o nome de Joaquim Levy para ocupar o cargo de Ministro da Fazenda. Levy era importante executivo do Banco Bradesco e sua nomeação era uma tentativa da presidente em reduzir a oposição dos mercados ao seu governo. Sob sua gestão, o Ministério da Fazenda adotou como objetivo a manutenção de um superavit primário com o intuito de pagar os juros da dívida brasileira. Nelson Barbosa ocupou a pasta de Planejamento e Alexandre Tombini ficou com a presidência do Banco Central – BC. Ambos com o desafio de reduzir os gastos públicos adotando uma política de austeridade. Levy adotou medidas de ajuste fiscal que tinham como objetivo o retorno do crescimento econômico, do aumento da produção industrial e das vendas no varejo. Contudo, esse tipo de medida levou a um desgaste do Governo dentro do próprio Partido dos Trabalhadores, com a população de uma forma geral e com as Centrais Sindicais. Na prática Dilma sancionou as medidas de Levy, mas acabou enfraquecendo ainda mais sua base que já estava frágil. As medidas alteravam a concessão de benefícios trabalhistas e sindicais e estava expressa nas medidas 664 e 665. Como a alteração era uma medida impopular, a situação de Rousseff foi ficando ainda mais complicada perante a opinião pública. Além das mudanças na Fazenda, Planejamento e BC ocorreram diversas mudanças ministeriais. “Roberto Mangabeira Unger assumiu a Secretaria de Assuntos Estratégicos no lugar de Marcelo Neri. Em seguida, Cid Gomes deixou a pasta da Educação devido a uma discussão com deputados, foi sucedido pelo professor Renato Janine Ribeiro. Já Edinho Silva (PT) assumiu a Secretaria de Comunicação Social. Em abril, Henrique Eduardo Alves substituiu Vinicius Lages no Turismo. O vice-presidente Michael Temer foi nomeado articulador político do governo, após as manifestações ocorridas no mês anterior, quando milhares de pessoas foram às ruas pedindo a saída de presidente Dilma. Com isso, foi extinto o cargo de ministro da Secretaria de Relações Institucionais, ocupado pelo deputado Pepe Vargas e as funções dessa secretaria passaram para a vice-presidência. O objetivo do governo seria melhorar sua já desgastada relação com o Congresso e, principalmente, com o PMDB. Pepe Vargas assumiu a Secretariade Direitos Humanos.” (Verbete Biográfico Dilma Vana Rousseff. Fundação Getúlio Vargas (FGV) - CPDOC, 2021. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/dilma-vana-rousseff Acesso em 16 de dezembro de 2021.) Ainda em 2015 o deputado pemedebista e presidente da Câmara Eduardo Cunha rompeu com o governo e aumentou ainda mais o clima de instabilidade. Temer tratou de deixar claro que a posição de Cunha era isolada e não representava uma posição partidária. Dilma, nesse sentido, realizou uma reforma ministerial ampla com o intuito de fortalecer a participação do PMDB no Governo e acalmar os ânimos. Na reforma, o PMDB ficou com sete ministérios, o PT ficou com nove pastas e os partidos menores da coalização, uma pasta com cada um. Michel Temer manteve essa posição de articulador entre a Presidência da República e o PMDB por um curto período até que passou essa função para Eliseu Padilha (PMDB). O Vice-presidente reclamava de sua posição “decorativa” e que só era chamado em momentos de crise na relação com os partidos de coalização. Dilma esperava uma posição de lealdade de Temer diante da crise política que se instalava, contudo, a transferência da posição de articulador para Padilha foi representativa de sua posição. http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/dilma-vana-rousseff CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 12 – ERA PT: GOVERNOS DILMA ROUSSEFF (2011-2016) Alexandre Alves Com o acentuamento da crise econômica, a aprovação da população caiu a níveis históricos, 71% declararam o Governo Dilma como ruim e péssimo. No início de 2016 diversos movimentos foram as ruas pedir o impedimento da presidente Dilma. Nesse momento o processo de afastamento já estava em curso no Congresso brasileiro. Vejamos como foi esse processo. O IMPEACHMENT DE 2016 O Tribunal de Contas da União recomendou ao Congresso a reprovação das contas do Governo Dilma referente ao ano de 2014. Para eles, a presidente feriu a Lei de Responsabilidade Fiscal por conta das chamadas “pedaladas fiscais” e da aprovação de créditos suplementares sem autorização do poder legislativo. Pedaladas fiscais é um termo utilizado para se referir a uma atitude deliberada do poder executivo em atrasar o repasse de dinheiro da União para bancos públicos e privados que operam em programas sociais do Governo. Como os recursos não são repassados, esse valor dá uma falsa sensação de que o superavit primário foi maior do que realmente é. Ou seja, existe uma maquiagem nos números apresentados. Contudo, a tese central que justificaria a abertura do processo de impedimento de Rousseff estava centrada na ideia de que, ao realizar as pedaladas, os Bancos precisavam usar de recursos próprios para financiar os Programas Sociais do Governo. Contudo, essa operação foi entendida como um empréstimo de recursos de bancos para a União e a Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe operações dessa natureza entre a União e as instituições financeiras por ela controlada. Dilma teria, dessa forma, cometido um crime de responsabilidade e o processo de impeachment tinha fundamento jurídico para prosseguir. No dia 02 de dezembro de 2015, o deputado Eduardo Cunha acatou o pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. José Eduardo Cardozo da Advocacia Geral da União apresentou a defesa da presidente alegando que não houve dolo ou má-fé da presidente na aprovação de créditos suplementares. Além disso, apresentou um entendimento alternativo à acusação no qual o atraso no repasse do dinheiro para programas sociais gerava uma prestação de serviço dos bancos e não um empréstimo propriamente dito. Dessa forma, não haveria ferido a Lei de Responsabilidade Fiscal e o processo de afastamento não poderia prosseguir, uma vez que o Executivo já havia, inclusive, regularizado as contas com os bancos depois da recomendação do Tribunal de Contas da União - TCU. Apesar de toda a movimentação, o processo prosseguiu sendo aprovado pelo plenário da Câmara dos Deputados e em seguida no plenário do Senado. Com esse rito, a presidente Dilma precisava se afastar das suas funções por 180 dias. Com isso, Michel Temer assumiu a presidência de forma interina. Passado o período determinado e retomado o processo de destituição de Rousseff, a bancada do Partido dos Trabalhadores apresentou um requerimento que fatiava a votação do impeachment em duas etapas. Na primeira etapa seria votada o afastamento ou não da presidente Dilma por conta dos crimes de responsabilidade do qual era acusada. Na segunda, seria votado a perda ou não dos direitos políticos da petista por oito anos, tal como ocorreu com Collor. Essa subdivisão causou bastante polêmica entre juristas e políticos, uma vez que essa manobra foi entendida como inconstitucional. Nesse tipo de processo, o presidente da mesa do Senado passa a ser o presidente do Supremo Tribunal Federal – STF. Com isso, o ministro Ricardo Lewandowski deferiu o pedido da bancada do PT. Dessa forma, a presidente Dilma foi afastada, mas sem perder seus direitos políticos. CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 12 – ERA PT: GOVERNOS DILMA ROUSSEFF (2011-2016) Alexandre Alves IMAGEM 05 – Sessão na Câmara dos Deputados que abriu o processo de impeachment contra Dilma Rousseff. Ao centro da mesa, o deputado Eduardo Cunha (PMDB). Fonte: Poder 360. Disponível em https://www.poder360.com.br/brasil/como-vota-deputado-relembre-sessao-de-abertura-do-impeachment-de-dilma/ Acesso em 17 de dezembro de 2021. A votação final ocorreu em 31 de agosto quando 61 senadores votaram pelo afastamento definitivo de Dilma da Presidência da República. Rousseff foi afastada de suas funções, tentou entrar com uma liminar no Supremo pedindo a anulação da votação do impeachment, mas foi recusada, já que o órgão entendeu que um aceite desses poderia jogar o país em uma instabilidade ainda maior. Alguns partidos tentaram que a sentença alcançasse o Vice-presidente Michel Temer, mas foi sem sucesso. Temer concluiu os anos de Governo da chapa até que passou a faixa presidencial para Jair Bolsonaro (PSL). As eleições de 2018 foram bastante turbulentas e marcada por uma série de acusações. Contudo, é assunto para uma disciplina de História da Atualidade e fogem as breves linhas desse resumo. Ademais, o processo de impedimento em 2016 é considerado como Golpe de Estado por diversos estudiosos no assunto. Porém, esse debate foge ao programa da disciplina. https://www.poder360.com.br/brasil/como-vota-deputado-relembre-sessao-de-abertura-do-impeachment-de-dilma/ CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 12 – ERA PT: GOVERNOS DILMA ROUSSEFF (2011 – 2016) Alexandre A. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Alzira Alves de et al (coords.). Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro – Pós-1930. Rio de Janeiro: CPDOC, 2010. BLUME, Bruno André. As pedaladas fiscais. Politize! Disponível em: https://www.politize.com.br/pedaladas-fiscais/ Acesso em 17 de dezembro de 2021. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm BRASIL. Lei 12.527 de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Brasília, Governo Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm Acesso em 15 de dezembro de 2021.BRASIL. Lei 12.528 de 18 de novembro de 2011. Cria a Comissão Nacional da Verdade no âmbito da Casa Civil da Presidência da República. Brasília, Governo Federal. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12528.htm Acesso em 15 de dezembro de 2021. BRASIL. Lei 12.711 de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Brasília, Governo Federal. 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