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Revolução industrial 4.0 - kroton

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REVOLUÇÃO 4.0
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1.
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2
Paulo Eduardo Diniz Ricaldoni Lopes
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2020
REVOLUÇÃO 4.0
1ª edição
3
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Juliana Caramigo Gennarini
Revisor
Caio Fernando Sanas
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Gilvânia Honório dos Santos
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
__________________________________________________________________________________________ 
Lopes, Paulo Eduardo Diniz Ricaldoni
L99r Revolução industrial 4.0/ Paulo Eduardo Diniz Ricaldoni 
Lopes, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020.
 44 p.
 ISBN 978-65-86461-11-4
1. Tecnologia. 2. Indústria. 3. Empresarial. 4. Direito 
 I. Título. 
 
CDD 303.483 
____________________________________________________________________________________________
Jorge Eduardo de Almeida CRB 8/8753
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
4
SUMÁRIO
Era da informação e os meios de compartilhamento ________________ 05
Revoluções tecnológicas no Direito _________________________________ 19
Produção coletiva e compartilhamento de conhecimento ___________ 33
Disrupção por meio de aplicativos __________________________________ 46
REVOLUÇÃO 4.0
5
Era da informação e os meios 
de compartilhamento
Autor: Paulo Ricaldoni
Leitor crítico: Caio Sanas
Objetivos
• Apresentar os conceitos básicos para que você possa 
se familiarizar com as tecnologias fundamentais 
para a Revolução 4.0.
• Aprimorar o pensamento questionador ao expor 
algumas divergências legais existentes sobre os 
temas apresentados.
• Propiciar um desenvolvimento interdisciplinar entre 
tecnologia e Direito.
6
1. Introdução
O desenvolvimento da tecnologia permitiu que distâncias geográficas 
e temporais fossem relativizadas de modo que mesmo estando em 
continentes distintos duas pessoas podem se comunicar e até trabalhar 
juntas como se estivessem presentes. Assim, o compartilhamento 
do conhecimento passou a ser disseminado e facilitado por redes de 
computadores.
Para que a tecnologia se tornasse fundamental para a população, foi 
necessário que as redes de computadores se desenvolvessem para a 
internet comercial; e por meio da criptografia a segurança da informação 
fosse maximizada. Somente assim, criou-se o arcabouço necessário para 
o desenvolvimento da Inteligência Artificial de modo que os programas 
pudessem não substituir o ser humano, mas maximizar sua atuação 
profissional e pessoal.
2. A sociedade da informação
Entre 1760 e o final do século XX, a humanidade passou por três 
grandes revoluções industriais: a primeira revolução teve seu início 
com a construção de ferrovias e utilização de máquinas a vapor na 
produção de bens, sendo a origem da produção mecânica. No final do 
século XIX, com a utilização da eletricidade e linhas de montagem, foi 
possível a produção em massa, caracterizando a segunda revolução. 
Por fim, a terceira revolução foi impulsionada pelo uso do meio digital 
(semicondutores, computadores e internet).
Por sua vez, a 4ª Revolução tem como principal característica a união 
entre os meios digitais e físicos (Internet das Coisas (IoT), aprendizagem 
de máquina (machine learning) e Inteligência Artificial). Contudo, ao 
contrário das revoluções anteriores, que eram bem delimitadas tanto 
7
no tempo quando no espaço, as inovações passam a ocorrer em uma 
velocidade jamais vista antes, simultaneamente em diversas partes do 
globo e alteram profundamente a forma que a humanidade vive, se 
relaciona e trabalha1.
Quadro 1 – Quadro resumo
Principais características
Indústria 1.0. Mecanização e máquina a vapor.
Indústria 2.0. Produção em massa e eletricidade.
Indústria 3.0. Automação e eletrônicos.
Indústria 4.0.
Sistema físico-cibernético e fábricas 
inteligentes.
Fonte: elaborado pelo autor.
Durante as três primeiras revoluções industriais, o paradigma 
social até então existente tinha como objeto principal o acúmulo do 
capital. Mas, o advento da tecnologia e da internet comercial no final 
da década de 1980 foram o combustível necessário para romper 
a sociedade industrial e estabelecer a sociedade da informação, 
valorizando o conhecimento em primeiro lugar.
Nessa nova era, não existem fronteiras geográficas para a 
comunicação e as inovações acontecem em velocidade acelerada. Ao 
final do século passado, se alguém quisesse buscar conhecimento 
sobre qualquer assunto, por exemplo, deveria se deslocar até uma 
biblioteca e procurar em seu acervo algum livro que tratava o assunto 
e dependendo do tópico, poderia não encontrar nada. Atualmente, 
no conforto de sua casa, qualquer pessoa pode pesquisar sobre 
1 SHWAB, Klaus. A quarta Revolução industrial. São Paulo. Edipro: 2016.
8
praticamente qualquer assunto diretamente em seu computador ou 
até na tela de um celular.
Devido aos avanços da tecnologia e meios de comunicação, o acesso 
e a difusão do conhecimento – metas principais do sistema – são 
maximizados, possibilitando um desenvolvimento da inteligência 
coletiva global.
3. Rede de computadores
As redes de computadores possibilitam a comunicação entre dois 
ou mais dispositivos (computadores, notebooks, celulares etc.) 
conectados entre si por um simples cabo (LAN) ou até por conexões 
mais complexas em escala global (WAN) como a internet2. Por estarem 
conectados, podem se comunicar e compartilhar recursos, tais como 
arquivos de texto, planilhas, fotos, vídeos, impressoras e modens.
Consequentemente, as redes de computadores agregam agilidade e 
praticidade para a sociedade, ou seja, de qualquer lugar no planeta é 
possível transferir e receber arquivos de outros continentes, acessar 
remotamente outro computador e reduzir custos ao compartilhar 
equipamentos e internet.
Já pensou como as faculdades ou empresas fazem para que uma única 
impressora possa atender diversos usuários?
Ao invés de cada usuário possuir uma impressora própria ou ter que 
enviar os arquivos (digitalmente por e-mail ou fisicamente por um pen 
drive) para o aparelho conectado à impressora, utilizando uma rede de 
computadores qualquer pessoa que tenha acesso ao sistema poderá 
solicitar a impressão de seus documentos na mesma impressora.
2 KING, Todd; BARRETT, Diane. Rede de computadores. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
9
4. Criptografia
Provavelmente você já forneceu seus dados em algum estabelecimento 
para efetuar uma compra ou conseguir descontos, mas já se perguntou 
o porquê disso?
Utilizando desses dados, uma empresa consegue criar um perfil de 
compras de seus clientes para organizar melhor seus produtos nas 
gôndolas e maximizar suas vendas, ou, então, um fraudador consegue 
contrair empréstimos em nome das vítimas.
Os dados se tornam tão importantes e sensíveis, que em 2018 foi 
promulgada a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) buscando a 
proteção das informações pessoais.Um dos pontos mais marcantes da 
legislação é a sua preocupação com os vazamentos de dados. Inclusive, 
prevê penalidades que chegam a 2% do faturamento da empresa no 
ano anterior, até a obrigação de eliminar os dados que foram objetos da 
infração (art. 52)3.
Mesmo que todas as medidas sejam tomadas os vazamentos podem 
ocorrer, mas para aumentar a segurança e mitigar os danos utiliza-
se a criptografia de dados, a qual possibilita que informações sejam 
codificadas por um sistema matemático, de maneira que fiquem 
embaralhadas e somente os detentores de chaves de segurança 
consigam decodificá-las.
Para tanto, podem ser utilizadas dois tipos de criptografia:
• Simétrica: existe somente uma chave que exerce as funções de 
codificar e descodificar o código.
• Assimétrica: existem duas chaves e ambas possuem a capacidade 
de codificar ou descodificar o código, porém, não de maneira 
3 BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Diário oficial da 
União, Brasília, 14 ago. 2018.
10
simultânea, ou seja, a mesma chave que codifica não poderá 
descodificar a informação.
4.1 Assinatura digital
Tradicionalmente um documento é assinado manualmente no papel, 
contudo, a criptografia possibilita que documentos eletrônicos sejam 
assinados por meio de assinaturas digitais. Utilizando essa tecnologia, 
é possível autenticar um documento da mesma forma que uma 
assinatura manual e com firma reconhecida no cartório, porém, sem 
gastar com taxas e emolumentos e sem a necessidade de se deslocar 
até o órgão público.
Mesmo que o nome possa soar semelhante, a assinatura eletrônica 
não possui a mesma segurança que a digital, pois não será 
necessariamente criptografada, como no caso de uma rubrica 
escaneada ou o nome do assinante ao final de um e-mail.
Para que uma assinatura digital seja válida é necessário que seja 
emitida por uma autoridade certificadora reconhecida e não 
esteja suspensa ou revogada. Somente assim, atuará como chave 
codificadora de todo o arquivo.
Reconhecida pelo Decreto 8.539/20154, a assinatura digital é muito 
utilizada junto aos órgãos públicos (por exemplo Receita Federal e 
Juntas Comerciais), garantindo a autenticidade, integridade e validade 
jurídica de documentos e aplicações. Para advogados, a sua utilização 
também não é novidade, pois nos processos eletrônicos, todo o 
acesso e assinatura de documentos é feito por certificados digitais 
disponibilizados pela OAB de cada estado.
4 BRASIL. Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015. Dispõe sobre o uso do meio eletrônico para a realização 
do processo administrativo no âmbito dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, 
autárquica e fundacional. Diário oficial da União, Brasília, 8 out. 2015.
11
Em maio de 2018, a Terceira Turma do STJ, no julgamento do 
REsp 1.495.9205, entendeu que um contrato eletrônico assinado 
digitalmente pode ser considerado como título executivo 
extrajudicial.
5. A internet
Os primórdios da internet foram desenvolvidas em 1969 com o 
nome ARPANET pelo Departamento de Defesa dos EUA, e tinha 
como objetivo conectar militares e departamentos de pesquisas 
de modo que fosse possível o compartilhamento de informações e 
equipamentos entre cientistas de todo o território norte americano6.
Contudo, somente em dezembro de 1994, a Embratel (Empresa 
Brasileira de telecomunicações) disponibilizou para a população 
brasileira a possibilidade de acesso à Internet por linhas discadas 
a uma velocidade de apenas 4.8 bits por segundo. Para se ter ideia 
de quão lenta era a conexão, atualmente utilizam-se megabytes e 
gigabytes para determinar a sua velocidade, sendo que 1 megabyte 
equivale a 8 milhões de bits.
Consciente da sua popularização e importância para o país, a Lei n. 
12.965/20147 (Marco Civil da Internet – MCI) estabelece princípios 
garantias, direitos e deveres do uso da internet no país.
Nos termos do inciso I do art. 5º do MCI, internet é:
5 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. RESP 1.495.920. Recurso especial. Civil e processual civil. Execução de título 
extrajudicial [...]. REsp. 1.495.920/DF. Min. Rel. Paulo de Tarso Sanseverino. 2018. Disponível em: https://stj.
jusbrasil.com.br/jurisprudencia/595923192/recurso-especial-resp-1495920-df-2014-0295300-9/inteiro-teor-595923202. 
Acesso em: 9 mar. 2020.
6 KING, Todd; BARRET, Diane. Rede de computadores. Ob. cit.
7 BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da 
Internet no Brasil. Diário oficial da União, Brasília, 23 abr. 2014.
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/595923192/recurso-especial-resp-1495920-df-2014-0295300-9/inteiro-teor-595923202
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/595923192/recurso-especial-resp-1495920-df-2014-0295300-9/inteiro-teor-595923202
12
O sistema constituído do conjunto de protocolos lógicos, estruturado 
em escala mundial para uso público e irrestrito, com a finalidade de 
possibilitar a comunicação de dados entre terminais por meio de 
diferentes redes. (BRASIL, 2014)
Como ensinam George Leite e Ronaldo Lemos8, para a melhor 
compreensão do conceito trazido pela lei, alguns termos do 
enunciado devem ser explicados:
• Protocolos lógicos: os computadores estarem conectados não 
é o suficiente para que as informações sejam compartilhadas, 
além disso, é preciso que também “falem a mesma língua”, 
ou seja, que possuam protocolos sincronizados, ou seja, os 
algoritmos que compõem esses protocolos devem determinar a 
ordem com que os dados serão transmitidos pelo remetente e 
traduzidos e processados pelo destinatário.
• Uso público e irrestrito: a internet não pode possuir um dono 
ou controlador, devendo utilizar uma estrutura disponível para 
qualquer cidadão com acesso à mesma, sem qualquer tipo de 
restrição.
• Terminais: qualquer dispositivo eletrônico capaz de acessar a 
internet como celulares, computadores, relógios inteligentes, 
notebooks etc.
Ainda, o Marco Civil9 da Internet possui três princípios fundamentais 
para seu perfeito funcionamento, quais sejam, neutralidade da rede 
(art. 3º, inciso IV), liberdade de expressão (artigos 2º e 3º, inciso I) e 
privacidade (art. 3º, inciso II):
8 LEITE, George S.; LEMOS, Ronaldo. Marco Civil da Internet. São Paulo: Atlas, 2014.
9 BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Ob. cit.
13
Quadro 2 – Quadro resumo 2
Neutralidade 
da rede.
Independentemente do conteúdo, 
localização, serviço ou meio de acesso, não 
poderá ocorrer:
• Bloqueio do acesso.
• Redução ou aumento da velocidade.
• Redução ou aumento do preço.
Liberdade de 
expressão.
Não poderá haver qualquer censura de 
natureza política, ideológica ou artística.
Muito embora seja um dos princípios 
basilares, não é absoluto e poderá 
encontrar limitações em caso de violações 
legais, como:
• É vedado o anonimato.
• É assegurado o direito de resposta.
• No caso de dano moral ou matéria é 
cabível reparação.
Privacidade.
Para que a liberdade de expressão e 
a segurança das informações sejam 
garantidas, é assegurado o sigilo das 
informações.
O provedor somente poderá quebrar a 
confidencialidade mediante ordem judicial.
Fonte: elaborado pelo autor.
14
6. Deep Web
A tradicional internet que a grande maioria da população acessa 
diariamente é conhecida como Surface Web e representa somente 
uma parte de todo o conteúdo disponibilizado na rede. Por outro lado, 
a maior porção da internet se encontra na parte pouco conhecida e 
que, para poder ser acessada, é preciso utilizar métodos específicos. 
Nesse contexto, por não ser indexada pelos mecanismos de busca e 
ser composta por diversas redes com protocolos não sincronizados, 
os dados não ficam registrados e a privacidade dos usuários é quase 
absoluta.
Figura 1 – Tipos de navegação pela internet
 
Surface Web
Deep Web
Dark 
Web
Fonte: elaborado pelo autor.
Normalmente é associada à práticas ilegais, como comércio de 
entorpecentes ou armasde fogo, tráfico de órgãos ou pessoas e até 
serviços de assassinatos. Porém, empresas e cidadãos comuns utilizam a 
Deep Web para manter informações sigilosas, textos científicos e projetos 
confidenciais de protótipos de novos produtos. Logo, quem acessa essa 
porção da internet não pretende necessariamente cometer crimes, mas 
busca não ser rastreado ou que seus arquivos não sejam encontrados.
15
Nesse sentido, foi criado o termo Dark Web que é orientada quase em 
sua totalidade para práticas criminosas com o Silk Road, um mercado 
ilegal de tráfico de drogas que foi encerrado em 2013 pelo FBI. Contudo, 
mesmo tendo sido fechado, com a facilidade do anonimato da Deep Web, 
logo foram criados sites com o mesmo intuito.
7. E-commerce
Como o próprio nome sugere, o e-commerce ou comércio eletrônico 
é a modalidade de comercialização de produtos e serviços feitas 
diretamente na internet por meio de dispositivos eletrônicos.
Nessa modalidade de negócio, ambas as partes possuem vantagens: 
o consumidor pode pesquisar o preço em diversas lojas em questão 
de minutos e fazer compras de qualquer lugar do mundo. Por sua vez, 
o fornecedor consegue manter seu negócio funcionando em tempo 
integral e sem os custos de manutenção de lojas em cada mercado que 
atua, consequentemente, ofertará preços mais competitivos.
Em uma relação privada (sem entes públicos) existem quatro modelos 
de negócio em que o e-commerce é dividido:
• B2C: empresas vendem produtos e/ou serviços para 
consumidores.
• C2B: consumidores ofertam seus produtos ou serviços para 
empresas.
• B2B: a negociação é feita entre empresas.
• C2C: consumidores negociam entre si, como exemplo, no Mercado 
Livre ou eBay.
16
Ao se tratar de negócios do tipo C2B, B2B e C2C, como em regra, não 
caracterizam uma relação de consumo, não será aplicável o Código 
de Defesa do Consumidor. No caso das relações B2C, a legislação 
consumerista é aplicável.
Para que o consumidor não seja prejudicado ou induzido ao erro, vez 
que somente terá contato com o produto ou serviço no momento 
em que este for entregue, nos moldes da lei, todas as informações 
disponibilizadas no site do fornecedor deverão ser claras, contendo 
detalhadamente todas as características e restrições ao uso.
Inclusive, esse é um dos fundamentos de um dos direitos mais famosos 
do consumidor: o Direito de Arrependimento, no qual, sempre que 
a compra for feita fora do estabelecimento comercial, o consumidor 
poderá, no prazo de 7 (sete) dias do recebimento ou assinatura dos 
mesmos, requerer a troca ou devolução do produto com o consequente 
estorno do valor pago.
8. Inteligência Artificial
Pode soar como ficção científica, mas a Inteligência Artificial está cada 
vez mais presente no cotidiano. O seu significado remete à máquinas 
que não somente executam uma função, mas analisam dados externos 
para decidirem qual será a melhor ação a ser tomada de acordo com 
cada situação. A partir da evolução da Inteligência Artificial surgiu 
o aprendizado de máquina (machine learning) no qual o próprio 
computador consegue identificar seus erros e acertos e sem qualquer 
programação melhorar sua atuação e tomar decisões mais assertivas.
Alguns bons exemplos de sua utilização são os avançados veículos 
autônomos que se locomovem sem qualquer comando do motorista; 
o reconhecimento facial nas redes sociais em que pessoas são 
17
identificadas nas fotos e marcações de perfis são sugeridas; e o 
marketing personalizado no qual ao realizar uma busca na internet, o 
produto consultado irá aparecer diversas vezes em outros sites.
No Direito, também existem exemplos como o Robô-advogado, Ross 
que funciona como uma biblioteca virtual e é capaz de analisar milhares 
de casos já existentes quase imediatamente e selecionar quais são os 
mais relevantes para a situação necessária com sugestão de respostas 
fundamentadas.
Outro exemplo dessa tecnologia é o sistema Victor, utilizado no 
Supremo Tribunal Federal (STF), que identifica quais recursos versam 
sobre temas de repercussão geral e verifica juízo de admissibilidade de 
forma que em questões de segundos, consegue realizar o serviço que 
um servidor gastaria em média 30 minutos.
Em ambos os casos a máquina não irá julgar ou substituir o ser humano, 
mas aumentará a eficiência e velocidade dos trabalhos em escritórios 
e tribunais que, ao invés de ocupar seus profissionais com tarefas 
manuais e repetitivas, poderão alocá-los em serviços mais estratégicos 
que demandam análise humana.
9. Conclusão
Percebe-se que na atualidade, as tecnologias são desenvolvidas e se 
tornam obsoletas em uma velocidade jamais vista antes, por exemplo, 
um produto lançado no mercado, especialmente smartphones, em um 
período de um ano já se torna ultrapassado.
Todavia, não foi somente a tecnologia que se desenvolveu nesse 
período. A própria espécie humana que passou a valorizar o 
compartilhamento de conhecimentos para poder, deu um salto 
18
em direção as imensas possibilidades de resolução dos problemas 
cotidianos e globais.
Muito se fala sobre o risco, especialmente profissional, do ser humano 
ser substituído por máquinas, porém, tudo depende da forma com que 
a tecnologia será utilizada, pois, se corretamente poderá auxiliar para a 
melhor efetividade e redução de erros.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, 
direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Diário oficial da União, Brasília, 
23 abr. 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2014/lei/l12965.htm. Acesso em: 3 mar. 2020.
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados 
Pessoais (LGPD). Diário oficial da União, Brasília, 14 ago. 2018. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm. Acesso 
em: 9 mar. 2020.
BRASIL. Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001. Institui a Infra-
Estrutura de Chaves Públicas Brasileira–ICP-Brasil, transforma o Instituto Nacional 
de Tecnologia da Informação em autarquia, e dá outras providências. Diário 
oficial da União, Brasília, 24 ago. 2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/mpv/antigas_2001/2200-2.htm. Acesso em: 9 mar. 2020.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. RESP 1.495.920. Recurso especial. Civil e 
processual civil. Execução de título extrajudicial (...). REsp. 1.495.920/DF. Min. Rel. 
Paulo de Tarso Sanseverino. 2018. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/
jurisprudencia/595923192/recurso-especial-resp-1495920-df-2014-0295300-9/
inteiro-teor-595923202. Acesso em: 9 mar. 2020.
KING, Todd; BARRETT, Diane. Rede de computadores. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
LEITE, George S.; LEMOS, Ronaldo. Marco Civil da Internet. São Paulo: Atlas, 2014.
SHWAB, Klaus. A quarta Revolução industrial. São Paulo. Edipro: 2016.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/antigas_2001/2200-2.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/antigas_2001/2200-2.htm
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/595923192/recurso-especial-resp-1495920-df-2014-0295300-9/inteiro-teor-595923202
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/595923192/recurso-especial-resp-1495920-df-2014-0295300-9/inteiro-teor-595923202
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/595923192/recurso-especial-resp-1495920-df-2014-0295300-9/inteiro-teor-595923202
19
Revoluções tecnológicas 
no Direito 
Autor: Paulo Ricaldoni
Leitor crítico: Caio Sanas
Objetivos
• Demonstrar a importância que os dados possuem 
na sociedade atual, especialmente no Direito.
• Despertar a curiosidade para novas oportunidades 
que a tecnologia traz à esfera jurídica.
• Aprimorar os conhecimentos do aluno sobre 
inovações disruptivas e incrementais.
20
1. Introdução
A tecnológica estáse desenvolvendo em uma velocidade jamais 
vista antes, e um dos principais combustíveis para sua expansão são 
as informações transmitidas em cada um dos inúmeros dados que 
trafegam diariamente na sociedade. O Direito, muito embora tradicional, 
está em constante evolução e utiliza dessas inovações para melhorar 
sua atuação, bem como validar e garantir que direitos e garantias não 
sejam perdidos em prol dos avanços tecnológicos.
2. Banco de dados
Durante a pré-história, mesmo que inconscientemente, o homem 
primitivo concebeu a importância de registrar o conhecimento ao 
desenhar pinturas nas cavernas. Milênios depois, o armazenamento 
de informações se aprimorou com o desenvolvimento da escrita e, 
posteriormente, com a criação do papel, criando as primeiras bibliotecas 
para que fosse possível armazenar informações de maneira organizada.
Contudo, por mais que o papel tenha sido essencial durante séculos 
para a humanidade, possui consideráveis inconvenientes como a sua 
vida útil que se perde pelo decorrer do tempo, ou por acidentes como 
o grande incêndio que tomou a Biblioteca de Alexandria no ano 48 a.C. 
e acarretou na perda de incontáveis conhecimentos antigos que não 
possuíam cópias.
Assim, com o desenvolvimento da tecnologia criaram-se formas de 
armazenar informações no meio eletrônico, possibilitando, além de uma 
maior durabilidade, a facilidade em se compartilhar essas informações 
quase que instantaneamente com qualquer parte do mundo.
21
Segundo William Alves (2014)1, o conceito de banco de dados não se 
refere apenas a um conjunto de dados, pois, dessa forma, uma frase 
poderia ser considerada como tal. Para ser considerado como um banco 
de dados, é necessário que tenha uma base de informação na qual os 
dados são originados, que estes representem o mundo real, ou seja, que 
qualquer alteração na realidade deverá alterar o banco de dados e, por 
fim, os usuários que o utilizem.
Figura 1 – Conceito de banco de dados
 
 
 
Fonte de 
informação. 
 Usuários. 
Interação 
com a 
realidade. 
 
Fonte: elaborada pelo autor.
Além disso, para trazer mais eficiência nas pesquisas, é importante que 
possuam conjunto lógico e ordenado de dados com algum objetivo, e 
não apenas dados aleatórios sem qualquer finalidade.
Sua definição pode parecer complexa, mas você sabia que o pen drive 
que armazena fotos, arquivos, livros e diversos outros conteúdos é 
um banco de dados? Dependendo da quantidade de informações a 
serem armazenadas, podem ser desde pequenos cartões de memórias 
até potentes computadores de grandes empresas e. Além disso, 
utilizados para as mais diversas funções como arquivar dados pessoais, 
informações de pesquisas, livros, artigos científicos, filmes etc.
1 ALVES, William Pereira. Banco de dados. São Paulo: Érica, 2014.
22
No Direito, uma utilização muito importante dessa tecnologia é o Banco 
de Dados e Cadastros de Consumidores, previsto nos artigos 43 e 44 do 
Código de Defesa do Consumidor2 que garante ao consumidor o acesso 
às suas informações arquivadas por fornecedores e que elas sejam 
dispostas de forma clara, objetiva, verdadeira e de fácil compreensão. 
Inclusive, um direito muito comum é estipulado com base no parágrafo 
1º do art. 43 do mesmo código, que determina que o período máximo 
em que o nome de alguém poderá constar no Cadastro de Órgãos de 
Restrição ao Crédito será de cinco anos.
3. Big Data
Com os avanços tecnológicos oriundos da Sociedade da Informação, 
especialmente pela disseminação da internet e compartilhamento de 
informações, são criados e compartilhados terabytes (um terabyte 
equivale a mil gigabytes) de dados diariamente. Devido à essa imensidão 
de informações, tornou-se impossível que pessoas conseguissem 
analisar manualmente todo esse conjunto de arquivos, surgindo, assim, 
o chamado Big Data.
Big Data pode ser definido como um vasto conjunto de dados que 
precisam de ferramentas para serem analisados, processados e 
armazenados. Conforme ensinam Izabelly Morais e outros autores 
(2018)3, os dados podem ser divididos em:
• Estruturados: números datas e grupos de palavras.
• Não estruturados: imagens, fotos e vídeos.
• Semiestruturados: códigos de programação.
2 BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõem sobre a proteção do consumidor e dá outras 
providências. Diário oficial da União, Brasília, 12 set. 1990.
3 MORAIS, Izabelly Soares et al. Introdução a Big Data e Internet das Coisas (IoT). Porto Alegre: SAGAH, 
2018. 
23
Ao escutar o termo pela primeira vez, é possível associar Big Data 
somente à capacidade de armazenar uma quantidade considerável de 
dados; porém, para realmente compreender seu conceito, é necessário 
ir além e focar no conceito dos 5 Vs:
Figura 2 – Esquema associativo
 
 
 Volume 
 
 Velocidade 
 
 Variedade 
 
 Veracidade 
 
 Valor 
 
Fonte: elaborada pelo autor.
O volume, como o próprio nome diz, é a quantidade de dados que são 
tratados em um período (e-mails, transações, conversas, fotos etc.).
A velocidade é o tempo gasto para que os dados sejam analisados. 
Nesse sentido, um sistema ágil é de extrema importância, pois quanto 
maior o tempo gasto para verificar essas informações, acarretará 
um acúmulo de diversas outras aguardando por um tratamento. 
Dependendo da situação, poderá trazer prejuízos, como no caso de uma 
fraude que quanto maior o tempo gasto, maior será o dano causado.
A variedade é a capacidade de tratar todos os tipos de dados que 
são apresentados simultaneamente, sejam eles estruturados, 
semiestruturados ou não estruturados.
24
A veracidade, diz respeito à necessidade de que os dados estejam 
condizentes com a realidade e sejam válidos. Inclusive, a velocidade 
é de extrema importância para esse quesito, pois um dado que 
hoje possibilita uma conclusão, amanhã poderá conduzir a outra 
completamente diferente.
Por fim, o valor é a qualidade que os dados possuem, pois, de nada 
adianta ter uma ferramenta capaz de processar inúmeras informações 
em um curto período se não servirem para responder as perguntas 
necessárias.
Portanto, Big Data não é só a capacidade de armazenar os dados, mas 
de conseguir no menor tempo possível analisar todos esses tipos de 
informações de maneira que possam, por meio de modelos analíticos, 
otimizar padrões e previsibilidades para tomada de decisões mais 
assertivas.
4. Comportamento das gerações X, Y e Z
À medida em que eventos globais acontecem, que valores e visões 
são alterados e paradigmas quebrados, surgem as gerações que são, 
basicamente, delimitadas pelo conjunto de pessoas nascidas em um 
mesmo período. Muito embora não exista um consenso entre os 
autores quanto aos anos que englobam cada geração, as características 
que lhe são atribuídas são semelhantes.
Interessante observar que em todas gerações, os filhos tentam viver de 
maneira diferente da que que seus pais viviam, para corrigir as supostas 
falhas da geração anterior, e consequentemente, criando problemas que 
serão criticados pelas futuras.
25
4.1 Geração X
Nascidos entre o início de 1960 e final de 1970, vivenciaram os eventos 
históricos do golpe militar de 1964 no Brasil, o primeiro homem a pisar 
na Lua em 1969 e o início da computação.
Por viverem em um período pós Grande Guerra e durante a Guerra Fria, 
acreditavam (mesmo que inconscientemente) que não teriam tanto 
acesso a bens materiais e, por isso, priorizavam valores como família 
e amigos. Devido às inseguranças das décadas anteriores, buscavam 
a estabilidade e bens de maior durabilidade. Por isso, até hoje, são 
mais resistentes a mudanças e, por buscar uma estabilidade financeira, 
deixaram seus sonhos de lado em troca de carreiras consolidadas e bem 
remuneradas, normalmente trabalhando durante toda a sua vida em 
apenas um local.
4.2 Geração Y
São aqueles nascidos entre o início da década de 1980 e metade da 
década de 1990, assistiram à queda do muro de Berlim, o desastre de 
Chernobyl e o surgimento dos celulares.
A primeirageração que nasceu já com a computação estabelecida 
no mundo, também buscam uma carreira de sucesso, mas exigem 
condições de trabalho em que possam equilibrar o convívio com sua 
família e amigos. Ao contrário da anterior, estão mais propensos ao 
risco, sendo considerados como uma geração acostumada com o digital, 
mas que faz questão do convívio pessoal.
Tendo em vista toda a incerteza e dificuldades materiais da geração 
anterior, normalmente recebem diversas facilidades de seus pais 
que buscam garantir o que não puderam ter. Possuem habilidades 
multitarefas e buscam o aprendizado de maneira autodidata, porém, 
após vivenciar pais que tiveram que batalhar durante anos para 
26
conseguir sua estabilidade financeira, se tornaram imediatistas e 
impacientes querendo que os resultados aconteçam naquele momento. 
Por estarem acostumados a ter tudo que querem, muitas vezes se 
sentem insatisfeitos e trocam diversas vezes de emprego.
4.3 Geração Z
Por fim, a geração nascida entre a segunda metade da década de 1990 
até o final da década de 2000, tiveram como grandes marcos históricos, 
como o atentado de 11 de setembro ao World Trade Center (EUA), o 
surgimento da internet móvel e a união entre o físico e o digital.
É uma geração que desde sua infância, já está familiarizada com a 
internet e a tecnologia que fazem parte de seu cotidiano, por isso, não 
conhecem a vida antes dos computadores. Devido às facilidades de 
comunicação, não são apegados às fronteiras geográficas e, ao contrário 
da geração anterior, preferem a comunicação digital ao invés de pessoal. 
Buscam conhecimento em conteúdos curtos (vídeos e fotos), tendendo a 
um comportamento antissocial e individualista.
Por fim, possuem uma grande preocupação com o ecossistema, 
sustentabilidade, recursos naturais e questões sociais, acreditando que 
precisam resolver os problemas deixados pelas gerações anteriores.
5. Inovações disruptivas e seus desafios no 
Direito
Desde seus primórdios, a sociedade está em constante evolução: o fogo, 
a roda, a máquina a vapor, a eletricidade e a computação, cada qual em 
sua época são exemplos de desenvolvimentos que contribuíram para 
o progresso da humanidade. Também são inegáveis as contribuições 
das inovações tecnológicas dos últimos tempos, como os aplicativos 
27
de transporte, entrega de alimentos, comunicação instantânea e 
troca de arquivos, que facilitam tarefas cotidianas na esfera pessoal e 
profissional4.
Mesmo que o Direito seja uma das profissões mais tradicionais do país, 
sendo concedido o status de indispensável para a administração da 
justiça pela Constituição Federal de 19885, não pode se manter alheio 
a essas inovações, sob pena de se distanciar da sociedade e se tornar 
obsoleto.
Você sabia que o judiciário se encontra saturado com milhares de 
processos em seu acervo e diariamente são distribuídas novas ações?
Devido ao imenso número processual, se um litígio não é solucionado 
no tempo devido e toda essa situação é um reflexo da forma com que o 
Direito é trabalhado, somente se os aplicadores do Direito (advogados, 
juízes, promotores, defensores etc.) atuarem de forma diferente, esse 
problema poderá ser solucionado, tendo em vista que se continuar 
sendo feito da mesma maneira, provavelmente a solução não existirá ou 
demandará muito mais tempo.
Assim, diversas invenções tecnológicas podem, devem e estão sendo 
usadas para maximizar o trabalho desses profissionais para dar 
efetividade ao processo, e em alguns casos, possibilitar que o conflito 
não seja judicializado.
Contudo, as invenções especialmente disruptivas enfrentam diversos 
desafios para que possam ser aplicadas ao Direito sem que entrem 
em conflito com normas legais ou ocasionem violações aos direitos da 
sociedade. Além disso, por estarem inseridas em uma das áreas mais 
tradicionais do conhecimento a sua adesão pelos profissionais é mais 
complexa.
4 SHWAB, Klaus. Aplicando a Quarta Revolução Industrial. São Paulo: Edipro, 2016.
5 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 10 mar. 2020.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
28
5.1 Inovação incremental x Disruptiva
A inovação pode ser dividida em duas categorias principais: incremental 
e disruptiva. Inovações disruptivas são aquelas que mudam 
consideravelmente as tecnologias existentes até o momento e redefinem 
a forma com que algo é utilizado. Um bom exemplo de inovação disruptiva 
é o processo judicial eletrônico, que alterou a forma de atuação de 
advogados e tribunais, os quais não mais necessitam de se dirigir aos 
fóruns para protocolar uma petição ou acessar os autos. Portanto, alterou 
profundamente a prática jurídica.
Por sua vez, como o próprio nome sugere, inovações incrementais são 
aquelas que melhoram as tecnologias já existentes, incorporando novos 
elementos que aprimoram as funções originais.
Mais uma vez, o processo judicial eletrônico é um bom exemplo: em seus 
primórdios somente era possível adicionar documentos em formato de 
texto ou PDF, porém, com o passar do tempo e devido às necessidades dos 
profissionais, foi possibilitado anexar vídeos e áudios, ou seja, se aprimorou 
uma ferramenta já existente.
5.2 Processo eletrônico e proteção de dados
Permitir que os feitos tramitem em meio eletrônico resultou em uma maior 
celeridade processual e redução de custos.
O art. 5, inciso LX da Constituição Federal, garante que os autos sejam 
públicos e, no meio eletrônico, esse acesso logicamente é facilitado sendo 
possível buscar por qualquer processo diretamente de seu computador. 
Por outro lado, a Lei Geral de Proteção de Dados6 busca proteger as 
pessoas naturais contra eventuais violações à sua liberdade, privacidade e 
personalidade, assegurando ao titular dos dados que estes somente sejam 
6 BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Diário 
oficial da União, Brasília, 14 ago. 2018.
29
tratados (qualquer ação efetuada sobre eles) de acordo com a finalidade 
informada e garantindo a sua proteção quanto a vazamentos.
Igualmente, segundo a elo art. 7º, inciso III da LGPD,7 poderá ocorrer o 
tratamento de dados para que obrigações legais sejam cumpridas. Porém, 
o titular ainda deverá ser informado quais serão essas operações a serem 
executadas.
Portanto, os tribunais possuem o desafio de aumentar a segurança das 
informações para que não ocorram violações aos dados pessoais, bem 
como se adequar à LGPD.
5.3 Jurimetria e máquinas preconceituosas
A jurimetria pode ser definida como a utilização de estatística ao Direito 
para analisar um vasto banco de dados e reduzir o tempo gasto por um juiz 
ao buscar fundamentos para uma sentença ou um advogado encontrar 
jurisprudência para suas petições.
Porém, em regra, a máquina acessa o banco de dados com todas as 
decisões já proferidas até o momento, que refletem o pensamento daquela 
sociedade; logo, irá apenas replicar todo o passado. O grande desafio é 
que a compreensão social está em constante mudança e paradigmas são 
quebrados, mas a máquina não saberá contabilizar essas alterações se o 
seu banco de dados não for atualizado.
Por exemplo, até o reconhecimento da união estável como entidade 
familiar pela Constituição Federal em 2010, as decisões em sua maioria 
eram contrárias à declaração de união civil, porém, após a alteração 
legislativa, caso fosse ajuizada uma ação sobre o assunto e por meio da 
jurimetria fossem apresentados ao julgador fundamentos para sua decisão, 
não seriam criados precedentes favoráveis. Logo, um desafio será manter o 
banco de dados atualizados com mudanças sociais.
7 Ibidem.
30
5.4 Contratos inteligentes e imutabilidade contratual
Contratos inteligentes (Smart Contracts) são códigos de computador 
desenvolvidos para, após o acionamentode um gatilho, auto executarem 
uma determinada função. O nome pode parecer complexo, mas uma 
máquina de refrigerante na qual você escolhe o produto e, após efetuar o 
pagamento, a bebida é liberada e trabalha com contratos inteligentes.
A sua grande vantagem é a objetividade, ou seja, basta escolher quais as 
condições necessárias para seu cumprimento e quais as penalidades pelo 
adimplemento que ele já estará pronto para ser utilizado. Ao contrário 
dos contratos tradicionais, possui imutabilidade, ou seja, uma vez que for 
firmado, não poderá ser alterado.
É nesse ponto que encontra-se um dos seus grandes desafios para ser 
implementado em situações mais complexas: após serem firmados, é 
muito comum que as partes, acrescentem aditivos alterando alguma 
obrigação, entretanto, como os contratos inteligentes não podem ser 
modificados, não poderão exercer sua autonomia privada nesses casos, 
nem ao menos requerer a rescisão.
5.5 Legaltech/Lawtech e cenários de incerteza
Não se trata de inovações propriamente ditas, mas sim de startups que 
buscam com base na tecnologia criar produtos e serviços inovadores 
(incrementais ou disruptivos) para melhorar o universo jurídico, capazes de 
crescer em grande velocidade sem aumentar seus custos. Em seu cenário 
inovador, oferecem diversos tipos de negócio que utilizando tecnologias 
como Smart Contracts, Big Data, jurimetria, Blockchain e diversas outras 
possibilidades.
Como uma das suas características principais é inovar, uma startup, 
independentemente da sua área de atuação, irá lidar com um mercado 
de incertezas. Uma empresa no modelo tradicional de negócio, poderá 
31
se orientar com base em concorrentes já estabelecidos para replicar 
os acertos e melhorar os erros. No caso de uma Legaltech/Lawtech, 
normalmente, não é possível fazer benchmarking com outras empresas. 
Portanto, encontrará diversos desafios para sua perpetuação no mercado, 
principalmente quanto à regulamentação legal que será aplicada.
6. Conclusão
Foi possível compreender que a tecnologia contribuiu para o progresso da 
sociedade nas três últimas gerações, solucionando problemas antigos, mas 
criando dilemas. Independentemente da área em que são utilizadas, devem 
estar sempre atentas para não violar nenhuma garantia ou ultrapassar 
alguma legislação.
Muitas dessas inovações, por serem disruptivas, estão inseridas em 
cenários incertos em que ainda não existem exemplos para se espelhar, 
cabendo aos operadores do Direito identificar quais serão esses desafios e 
as maneiras de adequá-las ao ordenamento jurídico.
Referências Bibliográficas
ALVES, William Pereira. Banco de dados. São Paulo: Érica, 2014.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. 
Acesso em: 10 mar. 2020.
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados 
Pessoais (LGPD). Diário oficial da União, Brasília, 14 ago. 2018. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm. Acesso 
em: 10 mar. 2020.
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõem sobre a proteção do 
consumidor e dá outras providências. Diário oficial da União, Brasília, 12 set. 1990. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm. Acesso em: 10 
mar. 2020.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm
32
MORAIS, Izabelly S. et al. Introdução a Big Data e Internet das Coisas (IoT). Porto 
Alegre: SAGAH, 2018.
SHWAB, Klaus. Aplicando a Quarta Revolução Industrial. São Paulo. Edipro: 2016.
33
Produção coletiva e 
compartilhamento de 
conhecimento
Autor: Paulo Ricaldoni
Leitor crítico: Caio Sanas
Objetivos
• Propiciar melhor entendimento sobre tecnologias 
de compartilhamento e os impactos causados na 
sociedade, sob a perspectiva do Direito.
• Aperfeiçoar o senso crítico sobre as vantagens e 
desvantagens na produção compartilhada.
• Apresentar estratégias de marketing digital jurídico 
na era da informação.
34
1. Introdução
No novo paradigma social da era da informação, o conhecimento não 
tende mais a se manter exclusivo a poucos indivíduos, mas a população 
percebeu a importância do compartilhamento de dados que, além de 
permitir uma comunicação mais veloz, possibilitam que inovações sejam 
desenvolvidas constantemente.
Dentro desse contexto de compartilhamento do conhecimento, estão 
inseridos, ainda, a transmissão peer-to-peer e a utilização de aplicativos 
de mensagens e redes sociais para que incontáveis trocas de dados 
e informações sejam profissionais ou pessoais. Originalmente, 
quando criados, tais aplicativos não apresentavam risco para a 
sociedade, porém, devido à utilização de forma indevida, exigem uma 
regulamentação legal preventiva e reativa dos operadores do Direito.
2. Produção coletiva de conhecimento e 
de software
A tecnologia, especialmente após a popularização da internet, permitiu 
que distâncias geográficas e temporais fossem reduzidas. Dessa forma 
é possível manter contato com qualquer pessoa em qualquer parte do 
mundo quase que instantaneamente.
Esse é um dos elementos fundamentais para que o compartilhamento 
de conhecimento possa ocorrer e as inovações na Era 4.0 aconteçam em 
velocidade tão acelerada.
Ao contrário do que ocorria nas eras passadas, em que cada grupo de 
pesquisa desenvolvia seus trabalhos separadamente e, normalmente, 
os mesmos somente eram apresentados em congressos especializados, 
a produção coletiva de conhecimento e de software com utilização de 
35
redes de computadores permite que seja possível em cada etapa do 
projeto o compartilhamento de informações. Assim, em conjunto com 
outros pesquisadores, possam alcançar de maneira mais célere os seus 
objetivos.
Por analogia ao termo inovação aberta é possível compreender o 
significado da produção coletiva de conhecimento e de software. Esse 
tipo de inovação reflete o fenômeno no qual empresas não somente 
utilizam ideias e tecnologias de terceiros para seu próprio negócio, mas 
permitem que as suas ideias e tecnologias que não são aproveitadas 
sejam utilizadas por outros1.
Isso não pode parecer muito relevante à princípio, mas imagine a 
seguinte situação:
Para desenvolver um novo software jurídico que revolucionará 
o mercado do Direito é necessário descobrir quatro lógicas de 
computação que são fundamentais para seu funcionamento. Durante 
o desenvolvimento, para cada descoberta, gasta-se em média um ano. 
Supondo que existem quatro profissionais interessados em desenvolver 
esse produto, em uma situação na qual o conhecimento não é 
compartilhado, para cada indivíduo desenvolver esse produto, terá que 
descobrir todas as quatro lógicas. Consequentemente, cada um levará 
quatro anos para o desenvolvimento final do produto. Contudo, se 
cada um dos pesquisadores trabalhar em conjunto e compartilhar suas 
descobertas, o sistema estará pronto em apenas um ano.
Em áreas como Saúde, quatro anos podem ser cruciais para a 
sobrevivência de pacientes de modo que o tempo gasto para a 
descoberta da cura de alguma doença pode ser a diferença entre a vida 
e a morte de alguns pacientes.
1 CHESBROUGH, Henry; BORGES, Marcel. Explicando a inovação aberta: Esclarecendo esse paradigma emer-
gente para o entendimento da inovação. In: CHESBROUGH, Henry; VANHAVERBEKE, Wim; WEST, Joel. Novas 
fronteiras em inovação aberta. São Paulo: Blucher, 2018. p. 27-53.
36
Nesse novo contexto, as inovações não dependem somente dos 
próprios colaboradores de cada organização (particular ou pública), 
mas passam a ser desenvolvidas observando as necessidades e com a 
participação efetiva de terceiros externos às instituições (GABRICH & 
GABRICH, 2012).2
Ainda segundo os autores, a utilização da produção coletiva de 
conhecimento no Direito permite:
• A ampliação da discussão sobre interpretação de normas para 
pacificação jurisprudenciale doutrinária.
• Intercâmbio de experiências judiciais e extrajudiciais entre 
advogados, juízes, promotores e defensores públicos para 
aprimoramento de técnicas para a solução e prevenção do conflito.
• Compartilhamento de opiniões, sugestões e revisão de livros, 
artigos, dissertações e teses.
• Possibilidade de divulgação em tempo real de aulas e palestras 
pela internet, permitindo a participação ativa de alunos, 
professores e demais interessados, preferencialmente de 
maneira interdisciplinar. Por exemplo, em uma aula sobre Direito 
e Tecnologia, é possível que o professor do curso entre em 
contato via vídeo chamada com um programador especialista em 
segurança da informação para compartilhar questões práticas de 
proteção de dados.
• Compartilhamento de ideias e conteúdos para criação de 
documentos, contratos e petições, possibilitando que os 
documentos estejam sempre atualizados e revisados.
2 GABRICH, Frederico de A.; GABRICH, Flávia B. M. Inovação aberta no Direito. In: GABRICH, Frederico de A. 
Inovação no Direito. Belo Horizonte: Universidade FUMEC. Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da 
Saúde, 2012. p. 349-388.
37
Inclusive, a criação coletiva de normas jurídicas já é uma realidade no 
Brasil. Por meio do site do e-cidadania, o Senado Federal possibilita que 
os projetos de lei que estejam em tramitação possam receber opiniões 
públicas, além de permitir que cidadãos enviem propostas de ideias 
legislativas.
Entretanto, como explica Schwab3 principalmente entre empresas, 
tais colaborações não são simples de serem feitas, pois exigem 
investimentos para criação de estratégias, encontro de parceiros 
adequados, estabelecimento de meios de comunicação, alinhamento de 
processos e procedimentos e criação de modelos de negócio.
Além disso, para que discussões futuras sobre patentes sejam evitadas, 
os acordos e contratos firmados entre as partes parceiras devem ser 
construídos de forma clara, objetiva e sem brechas para que cada qual 
tenha ciência de suas funções, responsabilidades e direitos.
3. Compartilhamento de arquivos peer-to-peer
Peer-to-peer (p2p) ou ponto-a-ponto é o sistema de redes de 
computadores no qual cada computador possui a mesma hierarquia 
que os demais, ou seja, realiza funções de servidor e cliente ao 
mesmo tempo. Ao contrário de uma rede tradicional, não existe um 
equipamento responsável por armazenar e distribuir os dados do 
sistema, mas cada computador logado na rede ao mesmo tempo que 
realiza o download de algum arquivo também compartilhará outros 
dados salvos em sua máquina.
Um exemplo da transmissão de dados p2p são os Torrents: nesse 
tipo de sistema, ao invés de o usuário realizar o download do arquivo 
de seu interesse diretamente de um servidor, baixa diversas partes 
dos arquivos em vários outros computadores e, consequentemente, 
3 SHWAB, Klaus. Aplicando a Quarta Revolução Industrial. São Paulo. Edipro: 2016
38
também compartilha com outros usuários as partes dos arquivos que 
possui. Por exemplo:
• Você precisa baixar um livro em domínio público composto pelas 
páginas de 1 a 9 e os usuários A, B e C possuem o documento. 
Utilizando um Torrent é possível realizar o download:
• Das folhas 1, 2 e 3 de A.
• Das folhas 4, 5 e 6 de B.
• Das folhas 7, 8 e 9 de C.
• Além disso, a partir do momento que as folhas são arquivadas no 
seu sistema, você também compartilhará o arquivo com outras 
pessoas.
Uma das vantagens nesse tipo de sistema é a velocidade, pois enquanto 
um servidor único possui um limite de download, ocasionando em 
longos períodos de espera para conseguir a totalidade de um arquivo, 
na tecnologia p2p os dados são baixados simultaneamente de vários 
usuários, em que é possível adquirir o mesmo arquivo em menor tempo.
Igualmente, caso exista algum defeito, mesmo que temporário, no 
servidor único não será possível realizar o download dos arquivos que 
se busca, mas em uma estrutura peer-to-peer, se algum dos pontos não 
puder ser acessado, o arquivo poderá ser obtido dos demais outros que 
estão conectados.
Porém, como todos os pontos possuem a mesma hierarquia, não 
existe um responsável pela segurança ou verificação dos conteúdos. 
Os usuários sentem que não poderão ser rastreados, de modo que 
a tecnologia, por diversas vezes, é utilizada de maneira ilícita para 
o compartilhamento ilegal de filmes, livros e músicas sem qualquer 
observância de direitos autorais. Diante dessa suposta segurança 
39
quanto ao sigilo, também é utilizado para outros tipos penais como o 
compartilhamento de vídeos com cenas de estupro, sexo ou pornografia 
sem o consentimento da vítima violando o art. 218-C do Código Penal4 
e pornografia infantil em face aos artigos 241-A a 241-E do Estatuto da 
Criança e do Adolescente5.
Contudo, em alguns casos, um usuário pode se enquadrar nas 
tipificações penais sem consciência do ato. Como o arquivo somente 
poderá ser visualizado após ter sua transferência concluída algum 
usuário mal-intencionado poderá atribuir um nome falso (por exemplo 
Constituição Federal) ao arquivo e um terceiro poderá fazer download 
de vídeos ilegais acreditando estar em busca de um documento legal.
Devido à falta de regulamentação e vigilância, pode ocasionar na 
transmissão de ameaças como vírus (programas capazes de infectar um 
aparelho e criar cópias de si), worms (programas que se espalham por 
equipamentos conectados a uma rede) e spywares (programas utilizados 
para observar as informações inseridas em um equipamento), no 
compartilhamento acidental de informações e até invasões por outros 
usuários para obtenção e posterior vazamento de dados.
4. Aplicativos de mensagens
A tecnologia de aplicativos de mensagens instantâneas revolucionou 
a forma com que as pessoas se comunicam, possibilitando o envio e 
recebimento de textos, fotos, vídeos, áudios e diversos outros tipos de 
arquivos em tempo real.
4 BRASIL. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Brasília, 7 
dez. 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm. Acesso em: 10 mar. 
2020.
5 BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá 
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 13 jul. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 10 mar. 2020.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
40
Com a popularização dessa tecnologia, suas vantagens são indiscutíveis, 
porém, quando não utilizadas da forma devida, dependendo do 
conteúdo compartilhado, podem causar inúmeros contratempos para o 
indivíduo e para a sociedade. Dentre os principais ilícitos penais temos:
Quadro 1 – Quadro resumo
Conteúdo compartilhado Penas criminais
Apologia ao crime.
Detenção de 3 a 6 meses ou multa 
(art. 287).
Revenge Porn (compartilhar arquivos 
íntimos sem o consentimento).
Reclusão de 1 ano e 4 meses a 6 
anos e 8 meses (art. 218-C, § 1º).
Calunia (imputação de falso crime).
Detenção de 6 meses a 2 anos e 
multa. (art. 138).
Difamação (imputação de fato 
ofensivo à reputação).
Detenção de 3 meses a 1 ano e 
multa (art. 139).
Injúria (ofensa à dignidade).
Detenção de 1 a 6 meses e multa 
(art. 140).
Injúria por preconceito.
Reclusão de um a três anos e multa 
(art. 140, §3º).
Fonte: elaborado pelo autor
Logicamente, as telas de aplicativos de mensagens poderão ser 
utilizadas como prova diante de tribunais, e além de implicar sanções 
penais, também poderão acarretar indenizações cíveis, trabalhistas ou 
administrativas.
No Direito do Trabalho os aplicativos vêm sendo utilizados como meio 
de provas para funcionários demonstrarem o recebimento de valores 
extra folha, equiparação entre funções, realização de serviços extra 
41
jornada, ocorrência de ameaças e até comprovar vínculos trabalhistas. 
Por outro lado, os empregadorespoderão utilizar como meio hábil de 
comprovar os fundamentos para demissões por justa causa ou para 
demonstrar que alegações feitas por funcionários em um processo 
judicial não são verdadeiras.
Você sabia que não é somente na esfera privada que a tecnologia de 
troca de mensagens vem sendo utilizada no Direito?
Buscando maior celeridade processual e redução de custos 
administrativos e com pessoal, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) 
entendeu no julgamento do Procedimento de Controle Administrativo 
0003251-94.2016.2.00.00006 que os tribunais do país, especialmente 
juizados especiais, podem utilizar aplicativos de mensagens como meio 
para realizar intimações de atos processuais.
5. Redes sociais
Originalmente foram criadas com o intuito de facilitar a conexão entre 
pessoas, contudo, devido à popularização e facilidade de acesso à 
internet, as redes sociais assumiram papeis inimagináveis em sua 
origem. Além de aproximar amigos ou permitir que os usuários 
escutam suas músicas favoritas, também são utilizadas como fontes 
de atualização diárias substituindo jornais e revistas, bem como para 
grupos políticos servindo como fóruns de discussões e organizações de 
protestos.
Com base no princípio da liberdade de expressão e livre manifestação 
do pensamento, em regra, as redes sociais não devem possuir um filtro 
quanto ao conteúdo que é postado e compartilhado, ocasionado a 
disseminação de fake news (notícias falsas).
6 BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. PCA 0003251-94.2016.2.00.0000. Procedimento de controle adminis-
trativo. Juizado Especial Cível e Criminal. [...]. Rel. Daldice Santana. 2017.
42
Criadas com o intuito de enganar terceiros, seja para humor, ganhos 
financeiros ou políticos, as fake news também podem acarretar prejuízos 
imensuráveis para a população em questões delicadas como a saúde 
pública. Inclusive, devido à propagação de inúmeros mitos espalhados 
pela rede, o governo brasileiro criou em 2018 o programa Saúde sem 
Fake News no qual é possível que a população envie notícias e imagens 
para um número de WhatsApp e especialistas responderão se as 
informações são verdadeiras ou falsas.
Vale lembrar que devido ao “anonimato”, as redes sociais 
aparentemente transmitem uma falsa sensação de segurança, mas 
a legislação brasileira permite que os usuários sejam identificados, 
normalmente pelo endereço de IP e condenados civil e criminalmente 
por danos que vierem a causar.
5.1 Marketing jurídico
Nos termos do Código de Ética e Disciplina da OAB7, o exercício da 
advocacia é indispensável para a administração da justiça, possuindo 
função pública e exercendo função social, logo, não poderá utilizar-se de 
qualquer prática que mercantilize a profissão. Qualquer profissional que 
utilizar de publicidades oferecendo diretamente seus serviços jurídicos, 
infringirá a legislação e estará sujeito às penalidades administrativas. De 
acordo com a OAB:
Quadro 2–Quadro resumo 2
O que pode fazer O que não pode fazer
Publicar artigos, vídeos, áudios 
informativos sobre assuntos 
relacionados ao Direito .
Abordar temas comprometedores para a 
dignidade da advocacia e debater sobre 
causa que atuou.
7 ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Resolução nº 02/2015. Aprova o Código de Ética e Disciplina da Or-
dem dos Advogados do Brasil – OAB. Diário Oficial da União, Brasília, 4 nov. 2015.
43
Enviar, desde que solicitado 
ou autorizado previamente, 
conteúdos para colegas, clientes e 
pessoas.
Utilizar mala direta.
Utilizar foto e logotipo do 
escritório.
Utilizar símbolos incompatíveis com a 
advocacia ou oficiais.
Mencionar nome completo e 
número de inscrição na OAB.
Mencionar cargos, função pública, 
emprego ou patrocínio passível de captar 
clientes.
Fonte: elaborado pelo autor.
Mesmo que tais regras existam, é possível exercer marketing jurídico 
sem violar as normas estabelecidas pela OAB, as quais também são 
utilizadas por diversos outros operadores do Direito.
Para obter sucesso nessa nova era, além de não ser permitido, não é 
preciso divulgar quais tipos de serviços são prestados ou os valores 
cobrados. As redes sociais permitem que os profissionais sejam vistos 
e reconhecidos como especialistas nas respectivas áreas de atuação. 
Assim, ao escrever artigos, gravar vídeos ou podcasts informativos sobre 
assuntos da sua área de atuação, estes poderão ser acessados por 
potenciais clientes.
Ainda no campo do marketing é possível utilizar redes sociais 
profissionais, que quando bem trabalhadas, servem de portfólio para 
manter e criar contatos com profissionais do Direito ou de outras áreas, 
discutir ideais e firmar parcerias. Atualmente, uma tendência que já 
ocorre são empresas que buscam diretamente nesse tipo de rede 
profissionais para preencher suas vagas em aberto.
44
6. Conclusão
Percebe-se que muito embora a tecnologia tenha trazido inegáveis 
vantagens para a sociedade, quando utilizada de forma indevida, pode 
gerar prejuízos para pessoas específicas ou o todo.
Tendo em vista que grande parte da legislação nacional foi promulgada 
no século passado, o Direito precisa se inovar constantemente para se 
adequar aos preceitos da atualidade e garantir que deveres e garantias 
não sejam violados.
Assim, cabem aos profissionais do mundo jurídico identificar quais são 
essas novas realidades para poderem desenvolver sua forma de atuação 
seja na divulgação de seus serviços, seja na orientação de seus clientes.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. PCA 0003251-94.2016.2.00.0000. 
Procedimento de controle administrativo. Juizado Especial Cível e Criminal. [...]. Rel. 
Daldice Santana. 2017.
BRASIL. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário 
Oficial da União, Brasília, 7 dez. 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm. Acesso em: 10 mar. 2020.
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e 
do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 13 jul. 
1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso 
em: 10 mar. 2020.
CHESBROUGH, Henry; BORGES, Marcel. Explicando a inovação aberta: Esclarecendo 
esse paradigma emergente para o entendimento da inovação. In: CHESBROUGH, 
Henry; VANHAVERBEKE, Wim; WEST, Joel. Novas fronteiras em inovação aberta. 
São Paulo: Blucher, 2018. p. 27-53.
GABRICH, Frederico de A.; GABRICH, Flávia B. M. Inovação aberta no Direito. In: 
GABRICH, Frederico de Andrade. Inovação no Direito. Belo Horizonte: Universidade 
FUMEC. Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde, 2012. p. 349-388.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
45
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Resolução nº 02/2015. Aprova o Código 
de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. Diário Oficial da 
União: Brasília, 4 nov. 2015.
SHWAB, Klaus. Aplicando a Quarta Revolução Industrial. São Paulo. Edipro: 2016.
46
Disrupção por meio de aplicativos
Autor: Paulo Ricaldoni
Leitor crítico: Caio Sanas
Objetivos
• Apresentar as principais inovações em matéria 
de aplicativos e os conflitos gerados por falta de 
regulamentação.
• Permitir uma visão crítica para que você possa 
avaliar a relevância de cada inovação.
• Possibilitar que os conceitos aprendidos sejam 
utilizados para situações reais.
47
1. Introdução
Os filmes de ficção científica do século passado começam a ganhar 
forma nos dias de hoje. Veículos aéreos e terrestres não necessitam 
mais de pilotos para se locomover. Aplicativos de transporte, viagem, 
hospedagem e aluguel permitem que com apenas um clique no celular 
possa solicitar o serviço desejado.
Contudo, essas tecnologias criam situações que não foram previstas 
quando o ordenamento jurídico nacional foi criado, e muitas vezes 
atuam sem qualquer regulamentação legal. Assim, o papel do operadordo Direito é fundamental para analisar as situações criadas e contribuir 
para criação soluções tão inovadoras quanto as tecnologias.
2. Veículos autônomos
Os veículos autônomos, utilizando de avançados sistemas de direção 
automática, transformam o motorista em passageiro e toda direção 
é controlada pela Inteligência Artificial. Sensores, câmeras, radares e 
conexão de internet permitem o controle de velocidade, prevenção 
de obstáculos, detecção de outros veículos, objetos ou pedestres e 
realização de manobras. Inclusive, esses sensores possibilitam que 
a máquina “enxergue” em um ângulo de 360º e, com isso, anular o 
ponto cego do veículo e perceber situações que o olho humano não 
identificaria.
A previsibilidade de acidentes e tempo de reação também são 
melhorados com a automação. Enquanto uma pessoa necessita de um 
certo tempo para reagir diante de um imprevisto (o qual pode variar 
de acordo com o nível de atenção, cansaço ou estresse), a máquina 
consegue identificar quase instantaneamente uma situação de risco, 
calcular a melhor ação a ser tomada e evitar acidentes.
48
Além de substituir o carro próprio de consumidores, essa tecnologia 
também pode ser utilizada por grandes empresas para o transporte 
rodoviário podendo manter sua logística funcionando 24 horas por dia.
3. Aplicativos transporte, viagem e 
hospedagem, navegação, de relacionamento 
 e outros aplicativos de aluguel
Segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas1, já no ano de 
2018 existiam mais de um smartphone por habitante no Brasil, e em um 
comparativo entre o Brasil e o mundo quanto ao número de celulares, 
televisores e computadores por habitante temos:
Figura1 – Número de dispositivos por habitante em maio de 2018
 
M
un
do
 7
1%
M
un
do
11
5%
M
un
do
84
%
Br
as
il 
83
%
Br
as
il 
13
6%
Br
as
il 
10
6%
Nº de Computadores Nº de Televisores Nº de Smartphones
Fonte: elaborada pelo autor.
Os smartphones fazem parte do cotidiano da população, permitindo, 
por meio de aplicativos, que o usuário acesse à internet, ouça músicas, 
assista vídeos, fotografe, solicite serviços ou crie relacionamentos.
1 FGV. Fundação Getúlio Vargas. 29ª Pesquisa anual do uso de TI nas empresas. São Paulo: FGV, 2018.
49
3.1 Aplicativos de transporte
No ano de 2014, juntamente com a Copa do Mundo no Brasil, o primeiro 
aplicativo de transportes iniciou sua atuação no mercado nacional, e 
desde então, a categoria se tornou quase tão indispensável quanto os 
próprios smartphones.
Tais aplicativos ocasionam reflexos em diversas áreas da sociedade 
como:
• O mercado do transporte que era exclusivamente feito por taxistas 
agora possui concorrentes.
• Em períodos de crise financeira e índices elevados de desemprego, 
servem para que brasileiros possam, de maneira autônoma, 
auferir renda.
• O número de novas habilitações no país reduziu em quase 54% 
entre os anos de 2015 e 20192.
No que tange a concorrência com taxistas, estes, alegando não haver 
regulamentação legal para o funcionamento dos aplicativos, iniciaram 
batalhas políticas e até físicas contra os motoristas destes. Contudo, o 
mercado já estava estabelecido, e não obtiveram êxito, tendo que se 
readequar à nova realidade, melhorando seu atendimento e criando 
aplicativos para a categoria.
3.2 Aplicativos de viagem e hospedagem
Até o início do século, agências de viagem dominavam o mercado de 
turismo no país e, como era complexo conseguir organizar um passeio 
sem auxílio profissional, a população recorria à estas empresas. Com 
o surgimento de aplicativos de viagem e hospedagem, o próprio 
2 BRASIL. Ministério da Infraestrutura. Quantidade de Habilitados no mês de dezembro de 2019. Brasília: 
DENATRAN, 2019.
50
consumidor, no conforto de sua casa, consegue escolher o destino, o 
meio de transporte, o local em que ficará hospedado, alugar carros e, 
ainda, comparar preços.
Também é possível ler avaliações e comentários de outros usuários 
quanto às hospedagens que possui interesse, ver fotos reais sem 
qualquer tipo de produção profissional e ler sobre pontos turísticos e 
roteiros para viagem.
Todavia, quando um consumidor adquire um pacote de viagem em uma 
agência, e durante seu passeio tem algum imprevisto como atraso de 
viagem ou indisponibilidade de quartos, essas empresas normalmente 
prestam auxílio aos viajantes. Porém, por meio dos aplicativos, por 
ser impessoal, esse serviço não é ofertado, e o consumidor precisa 
resolver sozinho os problemas. Caso o problema não seja solucionado 
e seja necessário ajuizar uma ação, pelo princípio da solidariedade, 
poderão incluir no polo passivo, além da causadora do dano, a própria 
companhia de viagem, porém, existe discussão se os aplicativos são 
responsáveis pelos danos ou se simplesmente divulgam ofertas.
3.3 Aplicativos de navegação
Antes do GPS, para chegar a algum lugar era preciso ter um mapa ou ir 
perguntando o caminho, o que, constantemente, ocasionava em pessoas 
perdidas e rotas erradas. Para resolver esse problema, os aplicativos de 
navegação foram desenvolvidos, permitindo ainda que após inserir o 
ponto de partida e o destino, o usuário possa escolher a melhor rota, ter 
ciência do tempo gasto com o deslocamento e em tempo real receber 
orientações de como chegar no local desejado.
Por estarem conectados à internet, conseguem identificar trajetos 
com congestionamento e sugerir rotas alternativas. Uma outra 
funcionalidade é o compartilhamento de localização para que alguém de 
confiança possa verificar onde o usuário está.
51
Todavia, mesmo quando não estão sendo utilizados diretamente, em 
regra, coletam informações de localização do usuário, assim, caso exista 
algum vazamento de dados ou uma invasão, poderão ser usados para 
práticas ilegais, como por sequestradores que estudarão a rotina de 
uma vítima antes de cometer o ilícito.
3.4 Aplicativos de relacionamento
As redes sociais foram criadas para conectar pessoas de acordo com seus 
interesses e, ocasionalmente, possibilitam que relacionamentos afetivos 
entre seus usuários aconteçam. Diante do enorme potencial de mercado, 
surgiram aplicativos de relacionamentos para que pessoas se conheçam 
virtualmente e iniciem o primeiro contato que poderá ocasionar em um 
relacionamento duradouro.
Existem diversos formatos, mas, em regra, os usuários podem ver o 
perfil de outros e marcar se possuem interesse ou não. Caso se “curtam” 
mutuamente, o aplicativo abrirá um chat para que iniciem uma conversa.
Por estar em um ambiente virtual, alguns cuidados devem ser tomados. 
Os perfis podem ser falsos e intenções indevidas, portanto, o usuário 
deve sempre estar atento a não compartilhar dados pessoais sensíveis e 
marcar encontros em locais públicos. Após ocorrerem diversos incidentes, 
as próprias plataformas disponibilizaram dicas de segurança para que os 
aplicativos não sejam usados para a consumação de crimes como estupro 
ou tráfico internacional de pessoas.
3.5 Aplicativos de aluguel
A Lei nº 11.771/083, em seu art. 23 estabelece que serão considerados 
como:
3 BRASIL. Lei nº 11.771, de 17 de setembro de 2008. Dispõe sobre a Política Nacional de Turismo [...]. Diário 
Oficial da União, Brasília, 18 dez 2008.
52
Meios de hospedagem os empreendimentos ou estabelecimentos, 
independentemente de sua forma de constituição, destinados a prestar 
serviços de alojamento temporário, ofertados em unidades de freqüência 
(sic) individual e de uso exclusivo do hóspede. (BRASIL, 2008)
Tradicionalmente, esse tipo de hospedagem de curta duração (alguns 
dias ou algumas semanas) era feita por hotéis, e no caso de particulares, 
normalmente, de casas de praia. Com o advento de aplicativos de 
hospedagem, indivíduos que possuem um imóvel vazio ou até mesmo 
algum cômodo em sua própria casa podem anunciá-los diretamente aos 
interessados.
Muito embora tenham facilitado esse tipo de contrato, como a maioria 
das inovações disruptivas não possui legislação específica, e enquanto 
parte da doutrinaentende que são permitidos com base no direito 
de propriedade, outra parte julga que caso não exista autorização em 
convenção de condomínio para serviços hoteleiros eles são indevidos.
4. Prestação de serviços médicos pela internet
A prestação de serviços médicos pela internet, busca a expansão 
e melhoria de atendimentos na área da Saúde possibilitando que 
médicos prestam serviços à distância por meio de tecnologias como 
videoconferência. Dentre outras possibilidades, são utilizados para:
• Esclarecer dúvidas sobre procedimentos, ações de saúde e 
tratamentos.
• Realização de diagnósticos de exames.
• Sanar dúvidas sobre qual médico o paciente deve ser encaminhado.
• Médicos comunicarem entre si para obter opiniões sobre casos 
específicos.
53
Essa modalidade de serviço possibilita a diminuição de distâncias 
geográficas, possibilitando atendimento em áreas remotas, redução 
de filas e tempo de atendimento e deslocamentos desnecessários. 
Contudo, é expressamente vedado pela resolução nº 1.974/2011 do CFM4 
a realização de consultas médicas virtuais, sob pena de violação da ética 
médica.
5. Espaços de coworking
Na era da informação, em que o conhecimento é compartilhado, os locais 
de trabalho também passam a ser. Para que uma empresa ou profissional 
autônomo tenha seu espaço próprio, precisará arcar com gastos de 
energia, água, aluguel, internet, mobílias, limpeza e atendimento. Todos 
esses custos podem ser elevados, e dependendo do faturamento, 
serão mais um empecilho para o negócio prosperar. Mas, ao utilizar 
um coworking, essas despesas podem ser compartilhadas com outros 
profissionais.
A estrutura funciona como um aluguel de uma ou algumas mesas de 
trabalho para que o locatário possa usufruir de toda a estrutura do 
espaço e se beneficiar com a possibilidade de economizar com todos os 
custos citados e criar network com pessoas da mesma ou de outra área 
de atuação, ao permitir uma maior interação entre os residentes.
O responsável pelo espaço deve tomar alguns cuidados, como zelar 
pela manutenção do espaço e segurança, verificação de legislações 
locais, regulamentando esse tipo de empreendimento, contratação de 
seguro para espaço comercial que abranja terceiros, obtenção de alvará 
de funcionamento e verificação se os residentes possuem legitimidade 
para exercer a profissão e se as atividades são lícitas. Caso o espaço 
4 CFM. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução CFM nº 1.974/2011. Estabelece os critérios norteado-
res da propaganda em Medicina [...]. Diário Oficial da União: Brasília, 19 ago. 2011.
54
utilizado pelo coworking seja alugado, deverá ter um contrato que permita 
sublocação.
6. Serviços em nuvem
Também chamada de cloud computing, a computação em nuvem permite 
que, ao acessar a internet, o usuário possa não só armazenar arquivos, 
mas interagir com estes, podendo criar, visualizar ou editar. Um tablet 
ou notebook, também podem trazer mobilidade, mas eles estão sujeitos 
a imprevistos como acidentes, falta de bateria ou até roubos. Caso isso 
aconteça, todos os arquivos poderão ser perdidos, e dependendo da 
situação, é preciso acessá-los imediatamente. Todavia, por meio de um 
serviço em nuvem é possível manter um backup virtual e acessá-los de 
qualquer dispositivo e lugar.
Por exemplo, em uma viagem, caso precise editar um contrato, sem essa 
tecnologia, terá que aguardar o retorno ou solicitar que alguém o faça.
Igualmente, o Direito é conhecido pela imensa quantidade de papel 
utilizado, documento de clientes, cópia de petições, contratos etc. Essa é 
outra vantagem da nuvem: com ela, não existe mais a necessidade de se 
armazenar fisicamente todos esses dados, favorecendo, ainda, a questão 
ambiental. O custo também é reduzido, pois, em algumas situações, é 
necessário manter espaços somente para arquivos de documentos.
7. Internet das Coisas
A Internet das Coisas (IoT) é um dos principais meios de conexão entre o 
mundo físico e digital, de modo que objetos conectados à internet, sem 
a necessidade de acessar um navegador da web, comuniquem entre si e 
com o usuário.
55
Relógios, geladeiras, fogões, aspiradores de pó, controle de iluminação e 
temperatura, são alguns exemplos de objetos que podem usufruir dessa 
tecnologia. Ao comunicarem entre si, o cruzamento de dados possibilita 
mais conforto, produtividade e praticidade para cada indivíduo.
Siri (Apple), Cortana (Windows) e Alexa (Amazon) são algumas das 
assistentes virtuais que conectam os vários aparelhos com acesso à 
internet e permitem o controle por voz do usuário. Também pode ser 
utilizado em indústrias e no comércio para aumentar a produtividade, 
controlar o estoque, monitorar frotas de veículos, irrigar áreas de 
plantios e monitorar condições climáticas. Pelo Governo, surgem como 
solução para políticas públicas para o controle de semáforos, iluminação 
das cidades e acompanhamento em tempo real da rede de energia e 
água.
Para que a Internet das Coisas possa funcionar é preciso coletar 
constantemente uma infinidade de dados, logo, mesmo que tenha 
o potencial de aumentar a eficiência de utilização de recurso, 
produtividade e qualidade de vida, se a segurança dessas informações 
não for adequada, o vazamento ou uso indevido de dados podem trazer 
riscos para os indivíduos e para a sociedade.
8. Impressão 3D
A impressora 3D permite que objetos físicos sejam impressos a 
partir de um modelo ou desenho digital, de modo que objetos físicos 
são produzidos camada por camada, permitindo a produção de 
formas complexas que normalmente exigiriam máquinas de igual 
complexidade5.
Os objetos criados permitem maior personalização e sua utilização é 
ilimitada, podendo criar peças sobressalentes de veículos, utensílios 
5 SHWAB, Klaus. A quarta Revolução industrial. São Paulo. Edipro: 2016.
56
domésticos, órgãos e próteses médicas, bem como pontes e casas. 
Contudo, devido à facilidade de criar cópias, existe o risco de criação de 
objetos pirateados com menor qualidade, mas com aparência idêntica.
9. Drones
Drones são veículos aéreos não tripulados e controlados remotamente 
que variam de tamanho desde alguns centímetros para grandes aviões. 
Ganharam popularidade como aparelhos para fotografias aéreas, mas 
inicialmente foram desenvolvidos como ferramentas de guerra para 
atacar ou identificar tropas inimigas. Por não possuírem um piloto, 
é possível que tenham uma estrutura reduzida, aumentando sua 
camuflagem e velocidade, bem como, no caso de serem abatidos não 
existem vidas humanas perdidas.
Após sua entrada no mercado civil, suas utilizações foram ampliadas 
para executar tarefas cotidianas como entrega de produtos, fotografias, 
monitoramento de áreas de plantio, identificação de pessoas perdidas 
ou vítimas de acidentes naturais e entrega de suprimentos médicos e 
alimentos em áreas de difícil acesso.
10. Jogos eletrônicos e realidades sintéticas
Durante muito tempo, os jogos eram sinônimos de imaturidade e 
relacionados a adolescentes, mas cada vez mais empresas e escolas 
utilizam técnicas de gamificação para cativar e motivar o público. Para 
que possa ser aplicada, envolve a necessidade de uma nova mentalidade 
de gestores e o emprego de características peculiares do mundo 
dos jogos como ranking de usuários, objetivos a serem alcançados, 
bonificação por uma etapa bem sucedida, regras bem definidas e 
57
possiblidade de acompanhamento dos resultados. Dentre os diversos 
benefícios que podem trazer, temos:
• Simplificação de tarefas complexas como treinamento de novos 
funcionários.
• Maior engajamento dos participantes para que possam atingir 
seus objetivos.
• Sentimento de conquista mensurável ao possibilitar o ganho de 
troféus por cada objetivo alcançado.
• Permite uma autoavaliação instantânea do participante para que 
possa identificar seus erros e acertos.
No universo dos jogos, existem as realidades sintéticas nas quais o real 
se mistura com o virtual permitindo que os participantes, muitas vezes 
insatisfeitos com

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