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Psico da saúde II – aula 08 – 05/10/2021 Síndrome geral de adaptação A síndrome geral de adaptação se constitui das 3 fases que perpassam o organismo em um momento de estresse, sendo elas: alarme, resistência e a exaustão. Para Selye, a síndrome geral de adaptação pode ser descrita como um conjunto de respostas/manifestações que envolvem sinais e sintomas que se desenvolvem em 3 fases. Por esses sinais se apresentarem em 3 fases, ele nomeou de Modelo Trifásico de Estresse. Essas 3 fases podem ocorrer no momento que uma situação deslocadora de homeostase acontece com o sujeito, gerando o estresse. 1. Alarme Na presença do estímulo estressor, ocorre a liberação de adrenalina na corrente sanguínea (desencadeamento do sistema de medo ao perceber a ameaça – ativação da amígdala - geração as respostas de adaptação no hipotálamo – ativação do eixo neuroendócrino – liberação de hormônios na corrente sanguínea), que promove as respostas imediatas do estresse, tais como dilatação das pupilas, aumento da frequência cardíaca e respiratória, náuseas, frieza nas mãos e sudorese. Nessa primeira fase, o deslocamento da homeostase faz com que o hipotálamo leve sinais para que as glândulas adrenais liberem adrenalina na corrente sanguínea, e é essa liberação que promove a ativação do sistema nervoso autônomo, mais especificamente, do componente simpático do SN autônomo. Quando esse ramo simpático é ativado, de maneira geral, ocorre uma exacerbação de todas as funções do organismo. A fase de alarme, portanto, é marcada por essa ativação simpática que prepara o organismo para o enfrentamento de uma situação adversa. Hipotálamo: estrutura responsável por manter a homeostase corpórea. Se a percepção de ameaça é eliminada nessa fase, a homeostase é reestabelecida. Caso o estímulo estressor persista (cronificação do estímulo estressor), o organismo precisa sair da fase de alarme e ir para uma outra fase, chamada de fase de resistência. 2. Resistência Nesse estágio o organismo se adapta ao estressor, a partir de um aumento da resistência do organismo. Nesse momento, ocorre uma maior ativação do sistema nervoso parassimpático, havendo um predomínio de atividade parassimpática, e as manifestações agudas do sistema nervoso simpático desaparecem. O organismo direciona todos os seus esforços para tentar resistir ao estímulo estressor e enfrentar a situação, e assim, a resistência a qualquer outro estímulo acaba sendo reduzida. O individuo direciona todos os seus processos atencionais para resistir ao estímulo estressor específico que é ameaçador, e não consegue se engajar na resolução de outros problemas. 3. Exaustão Se a situação de adversidade persiste, o organismo passa a viver a exaustão, que significa o esgotamento do indivíduo. A resistência, que estava aumentada, diminui, e um desequilíbrio gerado pela incapacidade de adaptação do organismo frente à persistência do estímulo estressor ocorre. Os sintomas da primeira fase podem reaparecer de forma mais acentuada, e uma queda de imunidade pode ocorrer, devido ao esgotamento exacerbado, levando o indivíduo a apresentar sinais e sintomas de adoecimento, como alergias, herpes e diabetes, e ao agravamento de doenças já existentes, como a hipertensão, a asma, bronquite, ansiedade e depressão. Doenças de caráter inflamatório são mais presentes, devido a um aumento do cortisol que faz as inflamações surgirem. É essa inflamação, inclusive, que mantém esses sinais e sintomas. Organismo estressado, chegando na fase de exaustão e com recursos esgotados, têm suas inflamações em pico. Alterações do modelo trifásico Marilda Lipp, psicóloga brasileira, conduziu estudos na década de 90 e início dos anos 2000 na área do estresse e do impacto deste no adoecimento. Ela observou que, dificilmente, o organismo que vive o estresse crônico sai da fase de resistência e vai para a fase de exaustão. Quando pensamos no adoecimento, precisamos pensar num processo que inicia na vida do sujeito e que várias variáveis internas e externas do sujeito podem favorecer e desencadear esse adoecimento, assim como a sua cronificação. A Lipp apresentou que, dificilmente, o sujeito sai da fase assintomática – resistência – para uma fase de sinais e sintomas bem estabelecidos – exaustão. Assim, ela propôs a inclusão da fase de “quase-exaustão” entre as fases de resistência e exaustão, e formulou o Modelo Quadrifásico de Estresse. A fase de Quase-Exaustão é caracterizada pelo início do processo de adoecimento, em que os órgãos os sistemas que estão em maior vulnerabilidade genética ou adquirida passam a mostrar os primeiros sinais de deterioração, servindo como um alerta. Essa fase faz com que o organismo se desgaste cada vez mais, podendo chegar a manifestar uma condição clara de adoecimento, na exaustão. 1. Alerta 2. Resistência 3. Quase-exaustão 4. Exaustão Ao se entender o processo de adoecimento, pode-se pensar em intervenções, em prevenção e promoção de saúde. A ideia dos profissionais de saúde não é atuar quando o paciente já demonstra a doença, mas sim poder intervir e pensar em estratégias de prevenção e promoção de saúde, podendo diminuir a probabilidade e o impacto dessas vivencias em relação ao adoecimento. Não se pode trabalhar apenas quando a doença está instalada. O modelo quadrifásico de estresse serviu de base para a elaboração do Inventário de Sintomas de Estresse (ISSL) da Lipp, que é um teste que tem como objetivo identificar a presença de sintomas de stress, e é dividido em duas partes: Tipo de sintoma – somático ou cognitivo Fase em que se encontra – alerta, resistência, quase-exaustão e exaustão. É um teste psicométrico de autoaplicação, em que a pessoa lê algumas afirmações e assinala a frase que mais se adequa com o momento que ela está vivendo. A contribuição do Selye ao nosso entendimento do estresse foi muito importante, na medida em que tratou como eventos físicos, externos, acionam respostas estereotipadas do organismo como um todo. Estressores psicológicos e vivenciais são poderosos e potentes na ativação do sistema nervoso simpático e eixo HPA. O objetivo da psicoterapia é entender os limites do sujeito e o que é e o que não é possível fazer dentro daquilo que precisa ser manejado. As demandas internas são poderosíssimas para deslocar a homeostase corpórea, como pensamentos automáticos de que “tenho que dar conta”, “não posso falhar”. Emoções e corpo A síndrome geral de adaptação é vivida quando o sujeito vive um estressor, uma situação estressora, e interpreta essa situação como ameaça (concreta ou fruto de interpretação disfuncional). Uma vez que o sujeito vive essa percepção de ameaça, real ou irreal, imediatamente o sistema de defesa cerebral é ativado, desencadeando respostas de defesa através da ativação da amigdala, preparando esse organismo para enfrentar essa situação de perigo, através do envio de neurônios para uma série de estruturas, como o hipotálamo – que tem função de regular a homeostase corpórea. Quando a amigdala ativa o hipotálamo, ele entende que o corpo está sob uma situação de ameaça que necessita que a homeostase seja deslocada para enfrentar. Dessa forma, para preparar o organismo para o enfrentamento, o hipotálamo libera os hormônios, através da ativação do eixo neuroendócrino (hipotálamo – hipófise – adrenal), com consequente liberação de adrenalina no corpo, promovendo mudanças físicas (batimento, respiração alterada, sudorese, náusea, tremores etc.), com o objetivo de amplificar as percepções das emoções de ameaça. Só percebendo, no próprio corpo, essas alterações físicas, que se sabe que está vivendo uma resposta emocional. Toda resposta emocional tem tempo curto e é acompanhada de alterações corpóreas. Já o sentimento tem caráter mais ameno, com manifestações afetivasmenos presentes do que a resposta emocional. Por exemplo, a raiva é uma emoção, e a inveja é um sentimento derivado da raiva. No córtex frontal (ou neocortex), é feita a interpretação dessa ameaça. Muitas vezes nós somos tomados pela resposta emocional, mas aprendemos ao longo da vida a atribuir significados para essas experiencias, nomear, que certas vivencias ativam o corpo, mas podem ser manejadas sem ser tomado pela vivência emocional que impacta. Para isso, o cérebro precisa se desenvolver, e o córtex precisa ser maturado para entender os motivos que levaram uma emoção a aparecer.
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