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Tabaco | Toxicologia Social | Introdução → Nicotina é o princípio ativo da planta Nicotiana tabacum. • A nicotina é o componente mais ativo do tabaco e apresenta efeito reforçador muito potente (há descrição de ex-fumantes que mesmo após anos sem contato com a nicotina que ainda relatam sentir vontade de fumar). • A condição de dependência da nicotina é relacionada a sua ação agonista no sistema nervoso central através dos receptores nicotínicos (receptor colinérgico), de modo a promover a liberação de dopamina nas zonas de VTA no núcleo accumbens. • Esses receptores nicotínicos são amplamente distribuídos no sistema nervoso autônomo e localizados nas regiões dos gânglios autonômicos (região de sinapse entre a fibra pré-sináptica, que parte do sistema nervoso central, e a pós- sináptica, que se localiza nos órgãos efetores). Da mesma forma que a nicotina apresenta ação agonista no sistema nervoso central, a mesma também apresenta ação agonista no sistema nervoso autônomo. No SNA simpático, promove a liberação de NOR e no SNA parassimpático, promove a liberação de Ach (que atuará em receptores muscarínicos). → No cigarro comum, vendido em maços, além da nicotina encontra-se também monóxido de carbono (deslocamento do oxigênio na hemoglobina – produção da carbóxihemoglobina: diminuição do transporte do oxigênio; ainda atua como trombogênico). SNA Simpático → A liberação de noradrenalina promove: • Aumento da frequência cardíaca, podendo predispor a arritmias devido a estimulação noradrenérgica; • Vasoconstritor nas arteríolas periféricas, resultando em aumento da pressão arterial. → A exposição crônica ao tabaco acarreta em uma desregulação de funcionamento cardíaco e também vascular. → Um dos efeitos tóxicos importantes da nicotina é o infarto agudo do miocárdio (acomete cerca de 25% dos fumantes) devido a ação da nicotina, entretanto, a presença de monóxido de carbono também contribui para esse processo. Consumo de outras formas → Alguns narguilés e cigarros eletrônicos apresentam nicotina, mas não são todos. → O consumo de outras formas não isenta o usuário da toxicidade. O cigarro eletrônico, por exemplo, apresenta uma toxicidade um pouco menor do que quando comparada com o cigarro químico. Já o narguilé, de acordo com o Ministério da Saúde, é um problema ainda maior, uma vez que uma hora exposto a sua fumaça é equivalente ao consumo de 100 cigarros. Toxicocinética → Absorção da nicotina: • Por via respiratória a partir de cada tragada do cigarro nos alvéolos pulmonares. • Demora em torno de um segundo para ter concentração suficiente biodisponível para ativar os mecanismos de reforço no sistema nervoso central. → Distribuição da nicotina: • Apresenta baixa taxa de ligação com proteínas plasmáticas, por isso tem alta velocidade de distribuição. • Capaz de atravessar a placenta (baixo risco de teratogênese, mas pode produzir hipóxia fetal, retardo do crescimento e diminuição do fluxo sanguíneo da própria placenta podendo predispor ao parto prematuro e abortos) e chegar ao leite materno. • A crise de abstinência da nicotina durante a gravidez também pode ser perigosa, por isso, em muitos casos a melhor decisão é somente reduzir a carga tabágica. → Biotransformação da nicotina: • No fígado por ação da CYP-2A6. O metabólito formado é chamado de cotinina (pesquisa na urina para mensurar grau de consumo, nível de dependência, monitorar ex-fumante). → Excreção: • Preferencialmente por via urinária. Câncer → O câncer não é associado a nicotina. → Sabe-se hoje que o grande vilão por trás do desencadeamento do processo neoplásico é o alcatrão (conjunto de substâncias tóxicas). • Quando o cigarro é aceso, ocorre emissão da fumaça primária (aquela que é inalada) e a secundária (aquela que fica queimando). Quando o fumante inala essa fumaça que contém hidrocarbonetos halogenados, no momento em que passa no pulmão, ocorre ação da enzima CYP-1B1, gerando uma molécula de hidrocarboneto aromático policíclico (genotóxico a partir da formação de aductos no DNA – pontos de quebra, a partir da ação de radicais livres, promovendo mutações genéticas e uma resposta inflamatória principalmente nos pulmões). • Existe uma variabilidade genética na expressão da CYP-1B1, portanto a susceptibilidade de desenvolvimento de câncer de pulmão está muito relacionada a expressão dessa enzima. Quanto maior o nível de expressão, maior o risco. • Pela distribuição sanguínea dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, há a ocorrência de outros tipos de cânceres associados (mama, ovários, bexiga, estômago, colorretal, boca, etc.).
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