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SENAI CIMATEC Salvador 2012 LUBRIFICAÇÃO INDUSTRIAL SENAI CIMATEC Salvador 2012 LUBRIFICAÇÃO INDUSTRIAL Área Tecnológica de Manutenção Industrial SENAI CIMATEC Av. Orlando Gomes, 1845 - Piatã Salvador – Bahia – Brasil CEP 41650-010 Tel.: (71) 3462-9500 Fax. (71) 3462-9599 http://www.cimatec.fieb.org.br SUMÁRIO 1. HISTORIA DA LUBRIFICAÇÃO............................................................................7 2. O PAPEL DA LUBRIFICAÇÃO NA CONFIABILIDADE DA MÁQUINA............10 3. FUNDAMENTOS DA LUBRIFICAÇÃO..............................................................13 4. BASES LUBRIFICANTES...................................................................................32 5. GRAXAS..............................................................................................................42 6. ENSAIOS FÍSICO-QUÍMICOS REALIZADOS NOS LUBRIFICANTES.............49 7. ADITIVOS EM LUBRIFICANTES........................................................................83 8. DRENAGEM E ABASTECIMENTO....................................................................90 9. CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO....................................................................92 10. ANÁLISES REALIZADAS NOS ÓLEOS LUBRIFICANTES..............................93 11. LUBRIFICAÇÃO CONVENCIONAL...................................................................97 LUBRIFICAÇÃO COM ÓLEO OU GRAXA:............................................................................................97 MANCAIS DE DESLIZAMENTO:............................................................................................................98 MANCAIS DE ROLAMENTOS:.............................................................................................................104 MÉTODOS DE LUBRIFICAÇÃO...........................................................................................................108 12. DISPOSITIVOS DE LUBRIFICAÇÃO A ÓLEO................................................109 13. DISPOSITIVOS DE LUBRIFICAÇÃO A GRAXA..............................................112 14. LUBRIFICAÇÃO POR NÉVOA.........................................................................119 15. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE ÓLEOS EM SERVIÇO;...........................136 REFERÊNCIAS.........................................................................................................150 APRESENTAÇÃO Com o objetivo de apoiar e proporcionar a melhoria contínua do padrão de qualidade e produtividade da indústria, o SENAI BA desenvolve programas de educação profissional e superior, além de prestar serviços técnicos e tecnológicos. Essas atividades, com conteúdos tecnológicos, são direcionadas para indústrias nos diversos segmentos, através de programas de educação profissional, consultorias e informação tecnológica, para profissionais da área industrial ou para pessoas que desejam profissionalizar-se visando inserir-se no mercado de trabalho. Este material didático foi preparado para funcionar como instrumento de consulta. Possui informações que são aplicáveis de forma prática no dia-a-dia do profissional, e apresenta uma linguagem simples e de fácil assimilação. É um meio que possibilita, de forma eficiente, o aperfeiçoamento do aluno através do estudo do conteúdo apresentado no módulo. Mais especificamente, este módulo visa desenvolver nos participantes conhecimentos técnicos sobre Lubrificação e as suas diversas aplicações através do uso de material didático, tais como: apostila, data-show, quadro e exercícios. Ma considera-se como mais importante a participação de todos nas discussões dos assuntos abordados e nas experiências do grupo no campo. 1. HISTORIA DA LUBRIFICAÇÃO A importância do atrito e a resistência do movimento têm sido muito reconhecidas através da nossa civilização. Contamos aqui, de onde surgiu a necessidade e a importância da lubrificação. ·... Tudo começou no Antigo Egito, com a necessidade de “transportar” colossos e blocos para a construção de Esfinges e Pirâmides. Como a lubrificação era desconhecida, os escravos egípcios usavam galhos de árvores para arrastar e puxar os trenós com aproximadamente 60 toneladas de blocos. A função dos galhos de árvore (roletes) era reduzir o atrito de deslizamento entre o trenó e o solo, transformando-os em atrito de rolamento. Em 2600 a.C foi encontrado o 1º vestígio de lubrificação nas rodas do trenó que pertenceu a Ra-Em-Ka (Rei do Egito), comprovado por análise que o lubrificante era sebo de boi ou de carneiro. Após esta descoberta, concluiu-se que no Antigo Egito utilizou-se este sebo como lubrificante em baixo dos trenós, para facilitar o deslizamento. Séc. VIII No final deste século, na Noruega, ano de 780, os Vikings guerreiros e aventureiros marítimos eram experts na construção de barcos. Construíram os primeiros e aperfeiçoados Drakkars – compridos barcos à vela. Foi usado por um bom tempo o óleo de baleia para lubrificar o suporte de articulação das velas e o eixo do leme. Séc. XV No início das grandes navegações comerciais, o óleo de baleia também foi usado para lubrificar os moitões e timões dos navios. 7 O Petróleo, mineral existente a cerca de 300 milhões de anos, proporcionou na Antiguidade fins medicinais e posteriormente passou a ser empregado na Lubrificação. Era conhecido como “óleo de pedra, óleo mineral e óleo de nafta”. Figura 1 – Máquinas usadas no Séc. XVIII. 8 Séc. XVIII O fenômeno da Revolução Industrial provocou a mecanização da indústria e dos transportes. Com o crescimento das máquinas têxteis foi utilizado lubrificante para o bom funcionamento das máquinas. Séc. XIX Neste século, na Pensilvânia (EUA) ocorreram 3 fatos marcantes: (1º) Em 1859, um ex-maquinista de trem americano, Edwin Drake, perfurou o 1º poço de petróleo com 21metros de profundidade. Com isso eram extraídos aproximadamente 3.200 litros de Petróleo por dia. (2º) Surgiu a necessidade de lubrificar os mancais dos trens, a cada 160 km rodados. (3º) Com as inovações das máquinas, a lubrificação passou de esporádica à necessária. Após 5 anos da descoberta de Edwin Drake, 543 companhias dedicaram-se à extração do petróleo. Séc. XX Nesta época, com a 2º Guerra Mundial, e a necessidade de máquinas mais potentes e canhões, o lubrificante foi usado em quantidades espantosas. Com a revolução foram surgindo diversos equipamentos que necessitavam de uma lubrificação diferente da outra. No Brasil, o petróleo foi descoberto por Oscar Cordeiro, em 27 de janeiro de 1939, na localidade de lobato, perto de Salvador, Bahia. Assim como os equipamentos, novos lubrificantes surgem com o objetivo de reduzir ao máximo o atrito e prolongar a vida útil dos equipamentos. Assim como as máquinas, os lubrificantes sofreram alterações tecnológicas para atender as necessidades extremas em processos industriais. Além dos problemas técnicos atualmente é atribuída grande importância às questões ambientais, por isso existe a re-refinação do lubrificante usado, e o 9 “óleo verde” que é vegetal biodegradável e uma opção aos usuários para que evitem mais agressões ao meio ambiente. Atualmente a lubrificação é fator decisivo no poder de competitividade, sendo uma fonte de ganhos, proporcionando melhorias no desempenho dos equipamentos e principalmente na redução nos custos de manutenção. 2. O PAPEL DA LUBRIFICAÇÃO NA CONFIABILIDADE DA MÁQUINA O sistema dinâmico linear e rotativo sempre transforma uma parte significativa da energia aplicada em trabalho e outra, em menor proporção, em calor, essa quantidade de calor é gerada pelo contato de superfície em movimento, onde ocorre uma resistência ao movimento, as quais denominaram força de atrito, aliado à qualidade da manutenção, torna-se responsável porgrandes prejuízos no processo de fabricação industrial. A necessidade de melhorar o desempenho das máquinas e equipamentos nos processos de fabricação dentro das exigências do mercado industrial tornou-se necessário o investimento de uma quantia significativa em pesquisas para o desenvolvimento de recursos que minimizassem essas perdas. Um desses recursos é o lubrificante. Com o advento da globalização da economia, a busca da qualidade total em serviços, produtos e gerenciamento ambiental passaram a ser a meta de todas as empresas. A disponibilidade de máquinas, aumento da competitividade, aumento do lucro, satisfação dos clientes, produtos com defeito zero têm tudo a ver com um programa de lubrificação bem planejado e executado. Se não houver um bom programa de lubrificação, os prejuízos serão inevitáveis, pois as máquinas com defeitos ou avariadas causarão: Diminuição ou interrupção da produção; Atrasos na entrega; Perdas financeiras; 10 Aumento dos custos; Insatisfação dos clientes; Perda de mercado. Para evitar o colapso da empresa devemos obrigatoriamente, definir um programa de lubrificação com métodos preventivos e preditivos a fim de se obter uma produção dentro de um padrão compatível com as exigências do mercado. Todos esses aspectos mostram a importância que se deve dar à lubrificação industrial. Neste trabalho preocupamo-nos em dar ênfase aos conceitos da Lubrificação Industrial, que são observáveis no dia-a-dia do seu trabalho, utilizando linguagem simples e redação concisa, de maneira a atender às necessidades de aprendizagem dos participantes deste curso. Esses conhecimentos constituem complemento à formação do homem moderno inserido em uma grande empresa, em virtude do grande desenvolvimento tecnológico que nos rodeia. Esta nova visão, provavelmente, fará desenvolver dentro de você uma forma mais sistêmica na resolução de problemas. Você sabia que, uma lubrificação organizada apresenta as seguintes vantagens: Aumenta a vida útil dos equipamentos em até dez vezes ou mais; Reduz o consumo de energia em até 20%; Reduz custos de manutenção em até 35%; Reduz o consumo de lubrificantes em até 50%. A presença de um circuito de lubrificação prende-se com a necessidade que há de reduzir o atrito entre duas peças que têm movimento relativo e que exercem, entre si, determinada carga. Mesmo as superfícies que aparentam um aspecto perfeitamente polido têm rugosidades que, caso não houvesse lubrificação, entrariam em contacto durante o movimento, aumentando o atrito. A intensidade deste dependeria da pressão de contacto entre as superfícies e da sua velocidade relativa, o que conduziria à liberação de calor das peças, sua dilatação e, conseqüente, aumento da pressão de contato e sua fusão ("gripagem"). 11 Assim, para diminuir o atrito entre os diferentes elementos em movimento, o que diminui as perdas mecânicas e contribui para preservar o rendimento dos equipamentos, é fundamental a presença de um sistema de lubrificação, que interponha entre as superfícies uma fina camada de óleo que evite o contato de metal sobre metal. O termo lubrificar deriva do latim “lubrificare” que significa escorregar. Para além da lubrificação o óleo contribui para: A estanqueidade entre as várias peças, especialmente entre o cilindro e os segmentos; A refrigeração do motor; A limpeza, pela remoção de impurezas que resultam da aspiração do ar e das limalhas que se desprendem das peças, especialmente na fase de rodagem; Proteção contra a corrosão; A diminuição do ruído, pois funciona como amortecedor entre as peças. A presença de lubrificação é necessária entre as peças que têm movimento, nomeadamente nas que apresentam: Movimento circular contínuo; Movimento circular alternativo; Movimento retilíneo alternativo. No caso de motores a combustão o movimento circular contínuo verifica-se nos apoios das árvores de cames e cambota, em que a lubrificação é facilmente efetuada. O movimento circular alternativo verifica-se no contato do eixo do êmbolo com o pé da biela. O movimento retilíneo alternativo dá-se no deslocamento das válvulas e dos êmbolos; neste caso a pressão é relativamente baixa, mas a superfície de contato e a velocidade relativa das peças é bastante grande. Nesse nosso estudo você será informado sobre a conseqüência da força de atrito e como minimizar os problemas através de análise e aplicação correta de lubrificantes. 12 3. FUNDAMENTOS DA LUBRIFICAÇÃO Lubrificação No deslocamento de duas peças entre si ocorre atrito, mesmo que as superfícies dessas peças estejam bem polidas, pois elas sempre apresentam pequenas saliências ou reentrâncias. O atrito causa vários problemas: aumento da temperatura, desgaste das superfícies, corrosão, liberação de partículas e, conseqüentemente, formação de sujeiras. Para evitar esses problemas usam-se os lubrificantes que reduzem o atrito e formam uma superfície que conduz calor, protege a máquina da ferrugem e aumenta a vida útil das peças. Lubrificação: Podemos ver que a lubrificação consiste na redução do atrito mediante a aplicação de um lubrificante. Figura 2 – Importância da lubrificação adequada. Atrito Atrito é toda resistência que se opõe ao movimento do corpo. Quando duas superfícies comprimidas uma contra a outra são animadas de um movimento relativo de translação desenvolve-se, em cada uma delas, forças tangenciais ou de atrito que se opõem ao movimento e que, de um modo geral, se procuram reduzir ao mínimo. Estas resistências que se opõem ao movimento 13 provocam o desgaste das superfícies e absorvem uma quantidade substancial de energia, quase integralmente transformada em calor e irremediavelmente perdida. Quando entre as superfícies em movimento relativo não há interposição de lubrificante diz-se que o atrito é seco ou direto, obedecendo então o fenômeno às leis de Coulomb. Quando, pelo contrário, se interpõe um lubrificante entre as superfícies em movimento relativo, diz-se que o atrito é indireto. O lubrificante é em parte adsorvido pelas superfícies em contato dando origem à formação de uma película de grande tenacidade. Se a folga existente entre as duas superfícies é extremamente pequena, a película formada pode-se considerar como constituída unicamente por moléculas adsorvidas e diz-se que o atrito indireto é untuoso ou imperfeito. Se a folga permite a existência ou formação de uma camada lubrificante com espessuras mínimas, da ordem de grandeza dos décimos ou centésimos de milímetro, tem lugar um atrito viscoso, perfeito ou hidrodinâmico; este escorregamento, que não se distingue de outras formas de escorregamento líquido em regime laminar, obedece às leis da hidrodinâmica. Origem do Atrito: Observe a ilustração abaixo e analise como se comportam duas superfícies em contato, sendo que a inferior está em repouso e a superior em movimento. O deslocamento do corpo será dificultado pela presença de uma força que age em sentido contrário, causada pelo contato entre superfícies. Esta força é conhecida como Força de Atrito. Figura 3 – Representação da presença do atrito. 14 O atrito tem grande influência na vida humana, ora agindo a favor, ora contra. No primeiro caso, por exemplo, possibilitando o simples caminhar. O segundo preocupa- nos mais de perto e tudo tem sido feito para minimizar esta força. O menor atrito que existe é dos gases, vindo a seguir o dos fluidos e, por fim, o dos sólidos. Como o atrito fluido é sempre menor que o atrito sólido, a lubrificação consiste na interposição de uma substância fluida entre duas superfícies, evitando, assim, o contato sólido com sólido, e produzindo o atrito fluido.É de grande importância evitar-se o contato sólido com sólido, pois este provoca o aquecimento das peças, perda de energia pelo agarramento das peças, ruído e desgaste. Classificação do Atrito: Como já foi dito anteriormente, o atrito pode se classificar de duas maneiras: atrito sólido e o atrito fluido. O atrito sólido pode se manifestar de duas maneiras: como atrito de deslizamento e como atrito de rolamento. No atrito de deslizamento, os pontos de um corpo ficam em contato com pontos sucessivos do outro. No caso do atrito de rolamento, os pontos sucessivos de um corpo entram em contato com os pontos sucessivos do outro. O atrito de rolamento é bem menor do que o atrito de deslizamento. O atrito no deslizamento (mancais com bucha) constitui uma resistência passiva mais forte do que o atrito de rolamento. Pode-se exemplificar o atrito de deslizamento observando a figura abaixo através do processo de deslocamento de uma carga. Figura 4 – Representação do atrito de deslizamento. 15 O atrito de rolamento ocorre quando o deslocamento de uma superfície se efetua através da rotação de corpos cilíndricos, cônicos ou esféricos, colocados entre essa superfície e a outra. Figura 5 – Representação do atrito de rolamento. As Leis que Regem o Atrito: As leis que regem o atrito de deslizamento são as seguintes: 1ª Lei - O atrito é diretamente proporcional à carga aplicada. Portanto, o coeficiente de atrito se mantém constante e, aumentando-se a carga, a força de atrito aumenta na mesma proporção. Neste caso, a força de atrito é o produto entre o coeficiente de atrito e a força normal N = P. Sendo assim, a força resultante que colocará o cofre do exemplo da figura 4 em movimento, pode ser calculada dessa forma: F F P F F fres res at Tabela de Coeficientes de Atrito Material da Superfície Atrito estático Atrito cinético seco lubrificado seco lubrificado Aço/Aço 0,15 0,10 0,10 0,08 a 0,09 Aço/Ferro fundido/ ou bronze 0,19 0,10 0,18 0,05 a 0,08 Bronze/bronze 0,20 0,11 0,19 0,06 16 Aço/ antifricção 0,04 Rolamentos de esferas e rolos 0,001 a 0,003 Figura 6 – Relação carga x atrito. Observação: O atrito por rolamento é bem menor que o atrito por deslizamento e o atrito dinâmico é menor que atrito estático. 2ª Lei - O atrito, bem como o coeficiente de atrito, independe da área de contato aparente entre superfícies em movimento. 17 Figura 7 – Relação área de contato x atrito. 3ª Lei - O atrito cinético (corpos em movimento) é menor do que o atrito estático (corpos sem movimento), devido ao coeficiente de atrito cinético ser inferior ao estático. Figura 8 – Relação entre atrito cinético x atrito estático. 4ª Lei - O atrito diminui com a lubrificação e o polimento das superfícies, pois reduzem o coeficiente de atrito. 18 Figura 9– Relação lubrificante x atrito. No atrito de rolamento, a resistência é devido, sobretudo às deformações. As superfícies elásticas (que sofrem deformações temporárias) oferecem menor resistência ao rolamento do que as superfícies plásticas (que sofrem deformações permanentes). Em alguns casos, o atrito de rolamento aumenta devido à deformação da roda (por exemplo, pneus com baixa pressão). Causas do Atrito: Como foi dito anteriormente, as superfícies sólidas, mesmo as mais polidas, apresentam asperezas e irregularidades. Tais irregularidades originam dois fenômenos: o cisalhamento e a adesão. Cisalhamento: Ocorre quando picos de duas superfícies entram em contato entre si. O atrito é provocado pela resistência à ruptura que possuem os picos. Existem casos onde a dureza das duas superfícies é a mesma, então ocorre o cisalhamento em ambas as partes. Mas, quando as durezas das superfícies são diferentes, ocorre o cisalhamento predominantemente na superfície menos dura. Adesão: Quando as superfícies em contato apresentam micro-áreas planas, ocorre uma adesão entre essas micro áreas, provocando o atrito. A adesão é também chamada solda a frio e é a maior responsável pela resistência ao movimento. 19 Uma vez que o atrito e o desgaste são causados pelo contato das superfícies, o melhor método para reduzi-los é manter as superfícies separadas, intercalando-se entre elas uma camada de lubrificante. Isto, fundamentalmente, constitui a lubrificação. Figura 10 – Presença do lubrificante. A falta de lubrificação, portanto, causa uma série de problemas nas máquinas. Estes problemas podem ser descritos na ilustração a seguir. Figura 11 – Problemas referentes ao atrito. 20 LUBRIFICANTE É QUALQUER MATERIAL QUE INTERPOSTO ENTRE DUAS SUPERFÍCIES ATRITANTES REDUZA O ATRITO. Todos os fluidos são, de certa forma, lubrificantes, porém, enquadram-se melhor nessa classificação as substâncias que possuem as seguintes características: Capacidade de manter separadas as superfícies durante o movimento; Estabilidade nas mudanças de temperatura e não atacar as superfícies metálicas; Capacidade de manter limpas as superfícies lubrificadas. O atrito com a presença de lubrificante pode ser classificado em três grupos: limite, misto e fluido. Atrito limite - A espessura do lubrificante é muito fina e menor que a altura da parte áspera das peças. Atrito misto - A espessura do lubrificante é mais consistente que no caso anterior, permanece inferior à aspereza superficial, não impedindo um contato intermitente entre as superfícies metálicas. Atrito fluido - Nesse caso, a espessura de lubrificante é superior à altura da aspereza superficial: uma película de lubrificante separa completamente as superfícies metálicas. Obtém-se, então, a lubrificação hidrodinâmica em que a resistência ao movimento depende da viscosidade do lubrificante. Funções dos Lubrificantes: As principais funções dos lubrificantes nas suas diversas aplicações são as seguintes: Controle do Atrito: Transformando atrito sólido em atrito fluido reduzindo assim a perda de energia; Controle do Desgaste: Reduzindo ao mínimo o contato entre as superfícies, que promove o desgaste; Controle da Temperatura: Absorvendo o calor gerado pelo contato de superfícies; Controle da Corrosão: Evitando que a ação de ácidos destrua o metal; 21 Remoção de Contaminantes: Evitando a formação de borras, lacas e vernizes; Vedação: Impedindo a saída de lubrificante e a entrada de partículas estranhas (função das graxas) e a entrada de outro fluidos ou gases (função do óleo nos cilindros dos motores e compressores); Amortecimento de Choques: Transferindo energia mecânica para energia fluida (como nos amortecedores dos automóveis) e amortecendo o choque entre os dentes das engrenagens. Além destas funções como lubrificantes propriamente ditos, os óleos provenientes do petróleo têm ainda outras finalidades. Destacamos, entre outras, as seguintes aplicações: Como Meio Isolante: Evitando a passagem da corrente elétrica (transformadores e chaves elétricas, por exemplo); Processamento industrial: Atuando como componentes do produto (tintas, por exemplo: ou auxiliando a fabricação de outros materiais (fibras de juta etc.). Classificação da Lubrificação: A lubrificação pode ser classificada, de acordo com a película lubrificante, em total ou fluida, limite e mista. Na lubrificação total ou fluida, a película lubrificante separa totalmente as superfícies, não havendo contato metálico entre elas, isto é, a película possui espessura superior à soma das alturas das rugosidades das superfícies. Serão resultantes, assim, valores de atrito baixos e desgastes insignificantes. Figura 12 – Lubrificação total ou fluida. 22 Na lubrificação limite, a película, mais fina, permite o contato entre as superfícies de vez em quando, isto é, a película possui espessura igual à soma das alturas das rugosidades das superfícies. Nos casos em que cargaselevadas, baixas velocidades ou operação intermitente impedem a formação de uma película fluida, é conveniente empregar-se um lubrificante com aditivos de oleosidade ou antidesgaste. Onde as condições são muito severas, e estes aditivos perdem a eficiência, devem ser empregados aditivos de extrema pressão. Figura 13 – Lubrificação limite. Na lubrificação mista, podem ocorrer os dois casos anteriores. Por exemplo, na partida das máquinas os componentes em movimento estão apoiados sobre as partes fixas, havendo uma película insuficiente, permitindo o contato entre as superfícies (lubrificação limite). Quando o componente móvel adquire velocidade, é produzida uma pressão (pressão hidrodinâmica), que separa totalmente as superfícies, não havendo contato entre elas (lubrificação total). Figura 14 – Lubrificação mista. 23 Película Lubrificante: Para que haja formação de película lubrificante, é necessário que o fluido apresente adesividade, para aderir às superfícies e ser arrastada por elas durante o movimento, e coesividade, para que não haja rompimento da película. A propriedade que reúne a adesividade e a coesividade de um fluido é denominada oleosidade. A água não é um bom lubrificante; sua adesividade e coesividade são muito menores que as de um óleo. Película Limite (ou espessa): Velocidade e Carga: A película limite, em um mancal que normalmente trabalhe com ela, pode se tornar demasiada fina desde que a carga aplicada se eleve ou a velocidade diminua. A elevação da carga pode ser controlada, mas a diminuição da velocidade, devido aos momentos de partida e de parada, não pode ser evitada. Assim, esses momentos devem ter a menor duração possível. Viscosidade: Em qualquer tipo de lubrificação, a viscosidade é fator crítico. Quanto maior for à viscosidade de um lubrificante maior será a espessura da película e vice-versa. Portanto, o uso de viscosidade inadequada compromete o bom funcionamento do equipamento. Suprimento de Óleo: Os elementos de máquinas lubrificados precisam ter abastecimento contínuo de lubrificante e em quantidade suficiente, uma vez que o fornecimento intermitente impede a formação correta da película. Folga: A folga entre as superfícies a serem lubrificadas é um dado essencial, pois é nela que o lubrificante se aloja. 24 Figura 17 – folgas mínimas em µm. Cunha Lubrificante: Os mancais são suportes que mantêm as peças (geralmente eixos) em posição ou entre limites, permitindo seu movimento relativo. Os mancais de deslizamento possuem um espaço entre o eixo e o mancal denominado folga. As dimensões da folga são proporcionais ao diâmetro “d” do eixo (0,0006 d a 0,001 d) e suas funções são suportar a dilatação e a distorção das peças, bem como neutralizar possíveis erros mínimos de alinhamento. Além disto, a folga é utilizada para introdução do lubrificante. O óleo introduzido na folga adere às superfícies do eixo e do mancal, cobrindo-as com uma película de lubrificante. Figura 15 – Lubrificação em um mancal de deslizamento. 25 Com a máquina parada, devido à folga o eixo toma uma posição excêntrica em relação ao mancal, apoiando-se na parte inferior. Nesta posição a película lubrificante entre o eixo e o mancal é mínima, ou praticamente nenhuma. Na partida da máquina, o eixo começa a girar e o óleo, aderindo à sua superfície, é arrastado, formando-se a cunha lubrificante. Durante as primeiras rotações, o eixo sobe ligeiramente sobre a face do mancal, em direção contrária à da rotação, permanecendo um considerável atrito entre as partes metálicas, pois existe contato entre as superfícies (lubrificação limite). Figura 16 – Lubrificação limite em um mancal de deslizamento. À medida que a velocidade aumenta, maior será a quantidade de óleo arrastada, formando-se uma pressão hidrodinâmica na cunha lubrificante, que tende a levantar o eixo para sua posição central, eliminando o contato metálico (lubrificação total). Figura 17 – Formação da cunha lubrificante. 26 A pressão não se distribui uniformemente sobre o mancal, havendo uma área de pressão máxima e outra de pressão mínima. Figura 18 – Linhas de pressão. A figura acima mostra a distribuição de pressão sobre o lubrificante: A pressão máxima ocorre onde a espessura da película é menor; A pressão mínima é uma subpressão, isto é, inferior à pressão atmosférica, e ocorre logo após o final da região de alta pressão. Conhecer a distribuição de pressão é importante para projetar ou verificar a localização do ponto de injeção de fluido. Ele deve ser localizado numa área de baixa pressão. Ainda sobre a formação da película em mancais pode-se analisar a curva ZN/P (figura abaixo). Essa curva relaciona o atrito com a rotação (N), a viscosidade (Z) e a pressão (P) do mancal sobre o fluido. No gráfico pode-se ver que: São mostradas as três fases: lubrificação limite, zona de transição e lubrificação hidrodinâmica; O coeficiente de atrito na lubrificação limite é muito alto em relação às outras fases; O atrito é mínimo no ponto B; Após o ponto B, o atrito cresce lentamente com o aumento da relação ZN/P. 27 O ponto ideal de utilização de um mancal é C, pois o ponto B está muito próximo à zona de transição, havendo perigo de cair-se nela com quaisquer mudanças de carga ou viscosidade. Figura 19 – Curva ZN/P. Ranhuras: Na lubrificação dos mancais, é de grande importância o local de introdução do lubrificante. O ponto de aplicação do lubrificante deve ser escolhido em uma área de pressão mínima, caso contrário a sua entrada seria impedida pela pressão do eixo sobre o mancal, seriam necessárias bombas de alta potência. Para permitir a rápida distribuição do óleo lubrificante ao longo do mancal, nele são feitas as ranhuras. A eficiência da distribuição depende do formato e da localização das ranhuras. As ranhuras jamais devem ser colocadas nas áreas de pressão máxima, que anulariam suas funções, impedindo a distribuição do lubrificante. As ranhuras devem ter suas arestas bem chanfradas, a fim de não rasparem o óleo que está sobre o eixo. Não é necessário chanfrar a aresta da ranhura que o eixo encontra primeiramente na sua rotação, pois esta não raspará o óleo do eixo. 28 Figura 20 – Aplicação do lubrificante. As ranhuras não devem atingir as extremidades do mancal, para evitar o vazamento. As faces das juntas de mancais bipartidos geralmente devem ser chanfradas, para que cada chanfro forme a metade de uma ranhura. Figura 21 – Chanfro e ranhura em mancais. Lubrificação Hidrodinâmica: É aquela em que a película de fluido se desenvolve entre as superfícies, em virtude do movimento relativo entre as próprias superfícies. Nesse método, teoricamente, não há desgaste, uma vez que as superfícies lubrificadas nunca entram em contato. Entretanto, na prática, nunca temos lubrificação totalmente hidrodinâmica. Assim, o coeficiente de atrito fica entre 0,001 e 0,03, dependendo da viscosidade, da forma e estado das superfícies, da velocidade relativa e da carga sobre a película. Lubrificação por Esmagamento da Película: É o tipo de lubrificação onde o mecanismo lubrificado dificulta a formação da película por efeito hidrodinâmico. Isso ocorre em bielas, engrenagens, rolamentos e sistemas que atuam com atrito de rolamento. 29 Nesse caso, a pressão exercida pelo trabalho obriga o óleo a afastar-se da área de carga. Porém, a viscosidade impede que o óleo escape totalmente de imediato. Disso resulta uma película capaz de suportar a carga por algum tempo. Esse tempo é suficiente para que a carga mude seu ponto de aplicação e ocorram outros esmagamentos em seqüência. A figura abaixo mostra o esmagamento da película numa biela. Na figura, vê-se o momento em que o pino encontra-se sob carga descendente. Ai, o esmagamento da película ocorreno fundo do casquilho. Figura 22 – Esmagamento da película numa biela. Mas, antes que a película possa ser totalmente expelida, deixando as superfícies em contato direto, a carga inverte-se passando a ser ascendente. Nesse instante, o esmagamento passa a ocorrer na parte superior do casquilho. Como a biela oscila em relação ao pino, é improvável a formação de uma película por efeito hidrodinâmico. Apesar disso, esses mecanismos que funcionam com a película formada por esmagamento são bastante eficientes. As películas formadas por esmagamento têm papel importante não só para as bielas como também para: Engrenagens, onde o esmagamento ocorre ao longo da evolvente; Rolamentos, onde o esmagamento ocorre na periferia das esferas; Guias lineares e outros sistemas onde o ponto de aplicação da carga muda de posição relativamente ao corpo lubrificado. 30 Lubrificação Hidrostática: É o tipo de lubrificação que forma a película espessa por meio da pressão do fluido, estando às superfícies imóveis. Figura 23– Lubrificação hidrostática. Nos equipamentos pesados e de baixa velocidade, o atrito de partida é muito elevado. Esse fato pode encurtar a vida útil dos mancais. Para melhorar as condições de partida, nesses casos, é bombeado fluido aos mancais por uma bomba auxiliar. Essa bomba pode ter acionamento manual ou automático e sua atuação faz com que o eixo se eleve sobre o mancal. Geralmente, após a máquina atingir a velocidade de serviço, o bombeamento é desligado visto que, com a rotação, a película se mantém pelo efeito hidrodinâmico. Em alguns grandes cilindros de laminação e turbinas de hidrelétricas, a lubrificação hidrostática é a única existente. Isso porque a, velocidade de serviço não permitiria um bom efeito hidrodinâmico. Atualmente, esse sistema de lubrificação hidrostática é empregado em guias (barramentos) e mancais de retificadoras. Isso se deve à precisão oferecida pelo sistema pois, além do baixo atrito, não ocorrem variações no nível da mesa. Tribologia: 31 Recentemente introduzida em nosso meio técnico, a palavra "tribologia" ainda resulta em muita perplexidade. Na década de sessenta, ocorreu na Grã-Bretanha, um aumento significativo do número de falhas mecânicas atribuídas a problemas envolvendo desgaste. O incremento tecnológico na indústria e o uso de processos de fabricação cada vez mais contínuos fizeram com que as paradas por defeito se tornassem ainda mais inconvenientes, por serem mais caras e prejudiciais ao mercado cada vez mais competitivo e agressivo. Esta tendência foi detectada por especialistas em problemas relacionados com atrito, desgaste e lubrificação. Foram então, elaborados diversos estudos sobre o assunto. Em outubro de 1964, o "Iron and Steel Institute" e o "Instituition of Mechanical Engineers", realizaram conjuntamente uma conferência sobre lubrific ação em usinas Siderúrgicas e Metalúrgicas. Nesse simpósio, o problema foi abordado de forma ampla, ficando evidente a sua extensão e ocorrência em escala mundial. 4. BASES LUBRIFICANTES São os principais constituintes do lubrificante. Geralmente originárias do petróleo, as bases são combinadas com aditivos especiais que lhes conferem propriedades físicas ou químicas adicionais. As bases lubrificantes são essencialmente obtidas do refino do petróleo cru, os chamados óleos básicos minerais e da síntese de compostos relativamente puros com propriedades adequadas para uso como lubrificantes, chamados de bases sintéticas. Óleos graxos São os de origem vegetal ou animal. Foram os primeiros a serem utilizados como lubrificante. Óleos minerais obtidos pela destilação do petróleo que são os mais importantes e mais empregados em lubrificação. Óleos Básicos Minerais 32 Você sabe o que significa petróleo? A palavra petróleo é originada do latim “petrus” (pedra) e “oleum” (óleo), o que podemos associar a idéia que se tinha há tempos atrás que o petróleo se originava de pedras. O petróleo é uma substância oleosa encontrada no interior de rochas porosas subterrâneas em estado gasoso, liquido ou pastoso. O odor varia de acordo com o local onde o mesmo se origina, assim como, sua cor que varia entre o preto, verde, castanho claro e amarela palha. Origem do Petróleo: Para explicar a formação do petróleo, existem duas teorias: A vegetal e a animal. Vegetal- Imensas vegetações teriam sido cobertas, ocorrendo sua decomposição e fermentação. Após milhares de anos nesse processo, desses depósitos subterrâneos teria surgido o petróleo. Esta seria a Teoria Vegetal. Já a Teoria Animal, afirma que grandes quantidades de animais e plantas marinhas teriam sido soterradas por cataclismos (dilúvio, grande inundação, transformação brusca da crosta terrestre), o que também, com o passar dos anos teriam se transformado em petróleo. Atualmente, os geólogos aceitam um misto das duas teorias como o mais provável. Atualmente, a mais aceita entre os geólogos é a de que seja oriundo de substâncias de natureza orgânica. Plâncton e outros minúsculos seres vivos São soterrados por convulsão da natureza Resultam numa mistura orgânica chamada de "sapropel” Sofrem decomposição sob a ação do tempo, bactérias, calor e pressão. E dão origem ao petróleo 33 Com base na teoria orgânica da origem do petróleo, o mesmo deverá ser encontrado com maior probabilidade nas áreas em que, no decorrer de diferentes eras geológicas, houve deposição de rochas sedimentares e acumulação de restos orgânicos. Fica então, praticamente excluída a possibilidade da presença de petróleo nas rochas ígneas e metamórficas, porém, a confirmação só é possível com a perfuração. A prospecção: Antigamente, em certas regiões dos EUA, a presença de água era muito rara e na sua busca foi perfurado o primeiro poço de petróleo (1859). Mas foi apenas na segunda metade do século XIX que o petróleo começou a ser aproveitado industrialmente em Tittusville pelo Coronel Edwin L. Drake. O poço tinha a profundidade de 21 metros e foi perfurado por uma broca que perfurava pelo sistema de bate-estaca. Sua produção era de 19 barris (3 metros cúbicos/dia). Uma das primeiras utilizações do petróleo foi como combustível, principalmente na iluminação, substituindo o óleo de baleia. Como era muito inflamável o petróleo passou a ser refinado em alambiques, obtendo-se assim, o querosene. Com a invenção dos motores de explosão e a diesel (1887), as frações do petróleo que eram desprezadas, passaram a ter novas aplicações. Hoje, a exploração do petróleo se processa em bases científicas. A Geologia utiliza- se de ciências auxiliares, como: estudo das rochas no tempo e no espaço de sua origem; estudo dos microorganismos fósseis; estudo minucioso das rochas e mapeamento aéreo fotográfico, além dos métodos geofísicos e geoquímicos. Mais atualmente, estes estudos são facilitados pelo emprego da computação eletrônica. Perfuração: 34 O primeiro método de perfuração consistia em escavar a terra. Para alcançar maiores profundidades, o método mais rápido de perfuração é o rotativo. Em geral um poço é perfurado verticalmente. Pelo método rotativo, a coluna de perfuração, tendo na ponta uma broca, vai penetrando no solo. Em determinados intervalos retiram-se amostras que vão sendo analisadas no decorrer da operação. Algumas vezes a perfuração é feita de maneira direcional para debelar um incêndio ou controle de jorro de petróleo. Figura 24 – Máquinas usadas no Séc. XVIII. A 4000 metros de profundidade, em camadas de rochas sedimentares, o poço sofre uma pressão de mais de 400 atmosferas (400 kg por cm2). Para equilibrara pressão interna com a externa é injetada no poço uma mistura especial de lama - argila e água - que vai sendo despejada à medida que a sonda se aprofunda. A imagem de um poço jorrando explosivamente já é retrato do passado. Para os trabalhos de perfuração exploratória no mar, são empregadas unidades perfuradoras que podem ser do tipo submersível, auto-eleváveis (ambas com apoio no fundo do mar), semi-submersíveis e flutuantes. Tipos de petróleo: - Americano (EUA e BRASIL) .............parafínicos ........................... rico em hidrocarbonetos da série dos alcanos*. - Cáucaso (RUSSO) ............................cicloparafínicos .................... rico em hidrocarbonetos da série dos ciclo-alcanos. - Indonésia (BORNÉU) ........................benzênicos .......................... rico em hidrocarbonetos da série dos aromáticos. 35 *ALCANOS ou HIDROCARBONETOS PARAFÍNICOS (parafínico = pouca afinidade = baixa reatividade química) São hidrocarbonetos de cadeia aberta (acíclica ou alifática) e saturada (apenas ligações simples do tipo sigma). Possuem fórmula geral : CnC2n+2 Exemplos: CH4 metano ; C2H6 etano ; C3H8 propano ; C4H10 butano ; etc. GLP (gás liquefeito do petróleo = gás de cozinha = mistura de propano e butano). Composição do Petróleo: O Petróleo é constituído fundamentalmente de Carbono (C) e Hidrogênio (H) sob forma de Hidrocarbonetos contendo pequenas quantidades de O, N, S, Cl, V, e impurezas como água, lama, sal, etc. Refino do petróleo: A primeira etapa do refino, consiste na destilação fracionada que é feita na Unidade de Destilação Atmosférica, por onde passa todo o óleo cru a ser refinado. Nas refinarias o petróleo é analisado para avaliação de suas características e suas transformações de acordo com o tipo ou base que pode ser parafínica, naftênica ou mista. Inicialmente, o óleo cru é levado a um reservatório para separar por gravidade a água e a areia. Como o petróleo contém grande quantidade de hidrocarbonetos, o passo seguinte é a separação, ou seja, fracionamento molecular pelo processo de destilação. Nesse processo, o petróleo é aquecido e enviado a torre de fracionamento, onde, por condensação a diferentes temperaturas, são obtidos vários derivados, através da quebra das moléculas de carbonetos mais pesadas, tornando- as mais leves. 36 Predominância: Carbono - 81 a 88 % Hidrogênio - 10 a 14 % Oxigênio - 0,01 a 1,2 % Nitrogênio - 0,002 a 1,7 % Enxofre - 0,01 a 5,0 % Figura 25 – Esquema de refino de petróleo. Composição do 1º refino Os óleos obtidos a partir deste processo são chamados óleos básicos e, ainda, não servem como base para os lubrificantes sendo necessários para tanto os seguintes tratamentos: 37 Fração “ "Composição em hidrocarbonetos" ============================== ============================= Gás natural ................................................. Metano e etano. Gás engarrafado (GLP) .............................. Propano e butano (gás de cozinha). Solventes .................................................... C5H12 a C7H16 Gasolina ...................................................... C6H14 a C10H22. (*) Querosene .................................................. C10H22 a C15H32 .(*) Óleo diesel .................................................. C15H32 ..... (a cadeia vai aumentando Óleo combustível ....................................... de tamanho e vai crescendo a massa Óleo lubrificante .......................................... molecular. Passando da fase gasosa Parafina ...................................................... para a sólida.) Asfalto .................................. resíduo final (*) Varia de acordo com a refinaria. Refinação por solvente: É um tratamento que extrai o asfalto e compostos similares do óleo, através da colocação do solvente no óleo e posterior agitação, onde nesse momento, ocorre uma combinação química entre o asfalto e o solvente. Quando a agitação para, ocorre a separação entre óleo e solvente, que agora devido ao asfalto está mais pesado e deposita-se no fundo do recipiente; Desparafinização: Consiste em retirar as ceras parafínicas do óleo básico. Essas ceras provocam alta fluidez nos óleos. Esse método se utiliza da adição de um solvente, resfriamento e filtração; Hidrogenação: Tem o objetivo de estabilizar quimicamente os óleos, eliminando os compostos de enxofre instáveis. Após a hidrogenação, o óleo fica mais claro e diminui sua tendência à oxidação. Após passar pelos tratamentos acima citados, o óleo é chamado de mineral puro, e já pode ser usado como base para os lubrificantes. Obtenção dos Lubrificantes: Através da destilação a vácuo, são obtidos os seguintes óleos lubrificantes: spindle, neutro leve, neutro médio, neutro pesado, brightstock e cilinder oil. A obtenção dos óleos lubrificantes é completada com a mistura adequada dos diferentes óleos básicos acabados, nas porcentagens exatas para se obter a viscosidade desejada. Durante a mistura dos óleos básicos, podem ser adicionados aditivos aos óleos minerais puros; temos, dessa forma óleos aditivados. Temos uma boa razão para utilizar de forma racional os lubrificantes pois, agora já sabemos quantos recursos tecnológicos são investido na obtenção de 75% da matéria prima que compõe os mesmos, levando-se também em consideração que a extração, o refino e o consumo desregrado são uma medida de grande impacto ambiental. 38 São os mais comuns para o emprego em lubrificação. Os óleos minerais são obtidos do petróleo e, conseqüentemente, suas propriedades relacionam-se à natureza do óleo cru que lhes deu origem e ao processo de refinação empregado. Os óleos básicos são classificados da seguinte forma: a) Parafínicos (alcanos) – Não contém asfalto b) Naftênicos (cicloparafinas) – não contém parafina c) Olefinas d) Aromáticos – são os menos adequados para fins de lubrificação. Figura 26 – Especificação de viscosidade dos óleos básicos. Os óleos lubrificantes minerais podem ser classificados de acordo com a sua origem, naftênicos e parafínicos. Estes dois tipos de óleos apresentam propriedades peculiares que os indicam pra umas aplicações, contra-indicando-os para outras. Não há, pois sentido em dizer que um óleo é melhor que o outro por ser parafínico ou naftênico. Acontece que realmente, que por ser parafinico ou naftênico ele poderá ser mais ou menos indicado para determinado fim. Com as modernos processos de refinação pode-se modificar as características do óleo, melhorar o seu índice de viscosidade, resistência a oxidação, reduzir o seu ponto de fluidez, torná-lo mais claro, etc. 39 Figura 27– Comparação características óleos básicos minerais. Óleos Base Sintética As necessidades industriais e, especialmente as militares, de lubrificantes aptos a suportar as condições mais diversas possíveis conduziram ao desenvolvimento dos produtos sintéticos, isto é, obtido por síntese química. Síntese Química - é o fenômeno ou reação de formação de uma substância química mais complexa a partir de outras (reagentes) mais simples. É processo contrário ao da análise ou decomposição química. Alguns fatores como novos projetos em equipamentos, menores e mais severos; novos conceitos de manutenção, onde o tempo de funcionamento ininterruptos a vida útil de um equipamento e do óleo tornam-se importantes; o aumento dos custos operacionais de inatividade e de mão-de-obra e a necessidade de aumento de produção com o mesmo projeto de máquina, viabilizaram o incrementoda utilização de produtos mais sofisticados e específicos como os sintéticos. 40 Algumas vantagens técnicas dos lubrificantes sintéticos podem ser descritas como a alta resistência a temperaturas extremas e as suas variações, melhor resistência à oxidação, estabilidade química, maior vida útil com conseqüente redução do descarte de óleo usado, ficando o preço bem mais elevado como um fator importante na comparação com os óleos lubrificantes minerais. Portanto, a utilização dos óleos sintéticos sempre requer uma análise de custo beneficio. Os principais óleos sintéticos usados atualmente podem ser classificados nos seguintes grupos: Oligômeros de Olefina (PAO´s ou Polialfaolefinas) São as bases sintéticas mais usadas na formulação dos lubrificantes, feitas a partir da combinação de duas ou mais moléculas de deceno em oligômeros ou polímeros de cadeia curta, tratadas com hidrogênio a alta pressão. São estruturas compostas essencialmente de hidrocarbonetos, sem a presença de enxofre, fósforo ou outro metal. Devido ao fato de serem isentas de parafinas de cadeia longa, possui o ponto de fluidez muito baixo e um alto índice de viscosidade. Possuem boa estabilidade térmica, porém alguma limitação para dissolver alguns aditivos, o que normalmente é resolvido pela adição de uma pequena quantidade de éster, aumentando o seu poder de solvências. Ésteres e ácidos dibásicos - Lubrificantes para motores a jato óleos hidráulicos especiais e instrumentos delicados. Ésteres organofosfatados - Fluidos hidráulicos - elevada resistência a oxidação mesmo em temperaturas elevadas. Usados principalmente na fabricação de lubrificantes destinados a turbinas. Ésteres e silicatos - Alto IV, fluidos de transferência de calor fluidos hidráulicos de alta temperatura 41 Silicones - Para altas temperaturas, alto IV. Caracterizam-se pelo seu alto IV, indicados para trabalhos a altas temperaturas (até 180 0C) e em atmosferas corrosivas. Polialquileno glicóis - Para altas temperaturas, fluidos hidráulicos especiais, moldagem de borracha. 5. GRAXAS As graxas podem ser definidas como produtos formados pela dispersão de um espessante em um óleo lubrificante. O espessante, também chamado sabão, é formado pela neutralização de um ácido graxo ou pela saponificação de uma gordura por um metal. O metal empregado dará seu nome à graxa. A estrutura das graxas, observada ao microscópio, mostra-se como uma malha de fibras, formada pelo sabão, onde é retido o óleo. As graxas apresentam diversas vantagens e desvantagens em relação aos óleos lubrificantes. Entre as vantagens, podemos citar: As graxas promovem uma melhor vedação contra a água e impurezas. Quando a alimentação de óleo não pode ser feita continuamente, empregam- se as graxas, pois elas permanecem nos pontos de aplicação. As graxas promovem maior economia em locais onde os óleos escorrem. As graxas possuem maior adesividade do que os óleos. As desvantagens são: Os óleos dissipam melhor o calor do que as graxas. Os óleos lubrificam melhor em altas velocidades. Os óleos resistem melhor à oxidação. 42 Fabricação Existem dois processos para a fabricação das graxas: formar o sabão em presença do óleo ou dissolver o sabão já formado no óleo. A fabricação é feita em tachos, providos de um misturador de pás e envoltos por um camisa de vapor para aquecer o produto. Quando o sabão é formado em presença do óleo, o tacho é munido de um autoclave, para a necessária saponificação. Acabada a fabricação, a graxa, ainda quente e fluida, passa por filtros de malhas finíssimas, sendo então envasilhada. A filtragem evita que partículas de sabão não dissolvidas permaneçam na graxa e o envasilhamento imediato impede que as graxas sejam contaminadas por impurezas. Classificação De acordo com a natureza do sabão metálico utilizado em sua fabricação, as graxas podem ser classificadas em: graxas de sabão de lítio, graxas de cálcio, graxas de complexo de cálcio e graxas de bases mistas. Além dos sabões metálicos mencionados, podemos ter graxas de alumínio, de bário etc., que são, porém, menos empregadas. Existem graxas em que o espessante é a argila. Estas graxas são insolúveis na água e resistem a temperaturas elevadíssimas. Embora sejam multifuncionais, seu elevado custo faz com que suas aplicações sejam restritas aos locais onde as graxas comuns não resistem às temperaturas elevadas (acima de 200ºC). As graxas betuminosas também podem ser classificadas como óleos. São formadas à base de asfalto. Possuem uma grande aderência, e suas maiores aplicações são os cabos de aço, as engrenagens abertas e as correntes. Não devem ser usadas em mancais de rolamentos. Alguns mancais planos que possuem grande folga, ou suportam grandes cargas, podem, às vezes, utilizá-las. Características e Aplicações 43 Abaixo são dadas algumas aplicações e características das graxas, classificadas de acordo com a natureza do sabão. Graxas de sabão de cálcio Em sua maioria, possuem textura macia e amanteigada.São resistentes à água. Devido ao fato de a maioria das graxas de cálcio conter 1 a 2% de água em sua formulação, e como a evaporação desta água promove a decomposição da graxa, elas não são indicadas para aplicações onde as temperaturas sejam acima de 60ºC (rolamentos, por exemplo). As graxas de complexo de cálcio (acetato de cálcio), não contêm água em sua formulação, podendo ser usadas com temperaturas elevadas. As maiores aplicações das graxas de cálcio são a lubrificação de mancais planos, os chassis de veículos e bombas d’água. Graxas de sabão de sódio As graxas de sódio possuem uma textura que varia de fina até fibrosa. Resistem a altas temperaturas, sendo, porém, solúveis em água. Suas maiores aplicações são os mancais de rolamentos e as juntas universais, desde que não haja presença de água, pois elas se desfazem. Graxas de sabão de lítio São as chamadas graxas multipurpose (múltiplas finalidades). Possuem textura fina e lisa, são insolúveis na água e resistem a elevadas temperaturas. Podem substituir as graxas de cálcio e de sódio em suas aplicações, e possuem ótimo comportamento em sistemas centralizados de lubrificação. A vantagem do emprego de uma graxa multipurpose é evitar-se se enganos de aplicação, quando se têm diversos tipos de graxas, e a simplificação dos estoques. Graxas de complexo de cálcio 44 As graxas de complexo de cálcio possuem elevado ponto de gota, boa resistência ao calor e ao trabalho. Apresentam a propriedade de engrossar quando contaminadas com água. No caso de serem formuladas com teor de sabão elevado, a tendência a engrossar manifesta-se quando submetidas ao trabalho. Podem ser aplicadas em mancais de deslizamento e de rolamentos. Graxas mistas As graxas de bases mistas possuem as propriedades intermediárias dos sabões com que são formadas. Assim, podemos ter graxas de cálcio-sódio, cálcio-lítio etc. As graxas de sódio e lítio não são compatíveis, não devendo ser misturadas. Critérios de escolha Para definir a graxa adequada para determinada aplicação, devem ser observados os seguintes fatores: Consistência O conhecimento da consistência da graxa é importantíssimo para sua escolha. No Brasil, onde a temperatura ambiente não atinge extremos muito rigorosos, é mais empregada a graxa NLGI 2. Em locais onde a temperatura é mais elevada, emprega-se a NLGI 3, e onde a temperatura é mais baixa, a NLGI 1. Como nos óleos, quanto maior for a velocidade e mais baixas forem a temperatura e a carga, menor deverá ser a consistência. Por outro lado, com baixas velocidades e altas temperaturas e cargas, deve ser usada uma graxa mais consistente. Em sistemas centralizados de lubrificação, deve ser empregada uma graxa com fluidez suficiente para escoar. Ponto degota 45 O ponto de gota de determinada graxa limita a sua aplicação. Na prática, usa-se limitar a temperatura máxima de trabalho em 20 a 30ºC abaixo de seu ponto de gota. Em geral, as graxas possuem seu ponto de gota nas seguintes faixas: graxas de cálcio......................... 65 a 105ºC graxas de sódio ......................... 150 a 260ºC graxas de lítio ............................ 175 a 220ºC graxas de complexo de cálcio .... 200 a 290ºC As graxas de argila não possuem ponto de gota, podendo assim ser usadas em elevadas temperaturas. Figura 28 – Resistência das graxas com relação à temperatura Na ilustração acima, é apresentada a resistência à temperatura de acordo com a natureza do sabão das graxas. A graxa de cálcio é a única que possui baixa resistência à temperatura. Resistência à água O tipo de sabão comunica ou não à graxa a resistência à ação da água. Dos tipos citados anteriormente, a graxa de sabão de sódio é a única que se dissolve em presença da água. 46 Figura 29 – Resistência das graxas com relação à água. Resistência ao trabalho As graxas de boa qualidade apresentam estabilidade quando em trabalho, e não escorrem das partes a lubrificar. As graxas de lítio possuem, geralmente, uma ótima resistência ao trabalho. Figura 30 – Resistência da graxa ao trabalho. As graxas de lítio, além da ótima resistência ao trabalho, têm resistência muito boa à ação da água, na qual são insolúveis e suportam temperaturas elevadas. Figura 29 – Tabela comparativa entre os tipos de graxa. 47 Bombeabilidade Bombeabilidade é a capacidade de a graxa fluir pela ação do bombeamento. A bombeabilidade de uma graxa lubrificante é um fator importante nos casos em que o método de aplicação é feito por sistema de lubrificação centralizada. A bombeabilidade de uma graxa depende de três fatores: viscosidade do óleo; consistência da graxa; tipo de sabão. Separação do Óleo Durante Armazenagem Separação do óleo: As graxas, quando armazenadas durante longo período, apresentam razoável tendência à decomposição, separando-se o óleo do sabão. O óleo não é totalmente solúvel nos espessantes mas existe uma certa atração molecular. Quanto maior a quantidade de espessante tiver a graxa maior será a atração com o óleo. Entretanto quando há pouco espessante e a temperatura de trabalho aumenta, acontece um fenômeno chamado de sangria, onde o óleo se separa da graxa. Quando isto acontece a graxa perde as propriedades de lubrificação. Separação de óleo (estática), DIN 51817 (N) – método de análise que avalia a tendência dos óleos de se separarem das graxas tanto quando submetidos às altas temperaturas de trabalho quanto ao tempo prolongado de armazenamento. A quantidade de óleo separado dependerá do tipo de óleo, do espessante e do processo de fabricação da graxa. 48 6. ENSAIOS FÍSICO-QUÍMICOS REALIZADOS NOS LUBRIFICANTES Na fabricação de qualquer produto, são estabelecidos padrões. As características peculiares do produto são a base para serem estabelecidos esses padrões, cuja finalidade é a identificação ou reprodução desse mesmo produto. A formulação de um óleo lubrificante é um trabalho complexo, em que o técnico deve estudar a compatibilidade entre os diversos tipos de óleos minerais puros (chamados óleos básicos), entre os diversos tipos de aditivos e entre os óleos minerais puros e os aditivos, de acordo com sua finalidade. Para se atingirem as características desejadas em um óleo lubrificante, realizam-se análises físico-químicas, que permitem fazer uma pré-avaliação de seu desempenho. Algumas destas análises não refletem as condições encontradas na prática, mas são métodos empíricos que fornecem resultados comparativos de grande valia quando associado aos métodos científicos desenvolvidos em laboratórios. Entre as análises realizadas com os lubrificantes temos: Densidade; Viscosidade; Índice de viscosidade; Ponto de fulgor (ou de lampejo) e ponto de inflamação (ou de combustão); Pontos de fluidez e névoa; Água por destilação; Água e sedimentos; Demulsibilidade; Extrema pressão; Diluição; Cor; Cinzas; Corrosão; 49 Acidez e Alcalinidade; Oxidação; Espuma; Ponto de Anilina. Densidade: A maior parte dos produtos líquidos do petróleo são manipulados e vendidos na base de volume; porém, em alguns casos, é necessário conhecer o peso do produto. O petróleo e seus derivados expandem-se quando aquecidos, isto é, o volume aumenta e o peso não se modifica. Por esta razão, a densidade é medida a uma temperatura padrão ou, então, convertida para esta temperatura por meio de tabelas. A densidade é um número que define o peso de certo volume de uma substância quando submetida a uma determinada temperatura. A densidade de uma substância é a relação entre o peso do volume dessa substância medido a uma determinada temperatura e o peso de igual volume de outra substância padrão (água destilada), medido na mesma temperatura (sistema inglês: 60ºF / 60ºF) ou em outra temperatura (sistema métrico: 20 ºC / 20 ºC). No Brasil, a temperatura normal de referência do produto é 20ºC, podendo em alguns casos ser expressa a 15 ºC ou 25 ºC. Conhecendo a densidade de cada produto, é possível diferenciar imediatamente quais os produtos de maior ou menor peso. A densidade de óleos novos não tem significado quanto à sua quantidade, mas é de grande importância no cálculo de conversão de litros em quilos, ou vice-versa. Um exemplo prático de aplicação destes conceitos é que por meio de densidade, pode ser determinado o número de tambores de 200 litros de óleo que um caminhão poderá transportar. O cálculo é feito da seguinte maneira: Densidade do óleo....................................................................... 0,895 Carga máxima do caminhão ...................................................12.000 kg 50 Peso do tambor vazio................................................................... 17 kg Peso de 200 litros de óleo .................................... 200 x 0,895 = 179 kg Peso total do tambor com 200 litros de óleo.............. 179 + 17 = 196 kg Nº máx. de tambores que o caminhão pode transportar Tambores A densidade API (American Petroleum Institute) é unicamente empregada para o petróleo e seus subprodutos. Essa escala dá o grau 10 para água, e para líquidos mais leves dá graus superiores a 10. É determinada pela fórmula: 5,131 º60 º60 5,141 F F densidade API O densímetro graduado na escala normal, ou na escala API, é o aparelho para se medir a densidade. O quadro abaixo mostra equivalência entre graus API e densidade: Figura 31 – Equivalência entre graus API e densidade. Viscosidade: É a principal propriedade física dos óleos lubrificantes. A viscosidade está relacionada com o atrito entre as moléculas do fluido, podendo ser definida como a resistência ao escoamento que os fluidos apresentam. Viscosidade é a medida da resistência oferecida por qualquer fluido (líquido ou gás) ao movimento ou ao escoamento. 51 61 196 12000 Pode-se dizer que a viscosidade é a propriedade principal dos lubrificantes, pois está ligada com a capacidade para suportar carga, ou seja, quanto mais viscoso for o óleo, mais carga pode suportar. A viscosidade é conseqüência do atrito interno dos fluidos. Resulta desse fato a grande influência da viscosidade do lubrificante na perda da potência do motor e na intensidade do calor produzido nos mancais. Figura 32 – Resistência ao escoamento - Viscosidade. A viscosidade é inversamente proporcional à altas temperaturas. Assim, quanto maior for a temperatura, menor será a viscosidade do óleo. Popularmente, a viscosidade é o corpo do lubrificante. Um óleo de grande viscosidade é chamado grosso e flui com dificuldade; um óleo de pouca viscosidadeé chamado fino e escorre facilmente. Um dos métodos utilizados para determinar a viscosidade (ver ilustração abaixo fig. 33) é verificar o tempo gasto para escoar determinada quantidade de óleo, a uma temperatura estabelecida, através de orifício de dimensões especificas. 52 Figura 33 – Método simples para determinar a viscosidade. O ar como os gases, oferece considerável resistência ao movimento, especialmente quando há grandes velocidades. Esse fato é familiar a qualquer pessoa que tenha andado de bicicleta contra o vento, ou posto a mão fora da janela de um automóvel conduzido a grande velocidade. Essa resistência ao movimento é que dá lugar à sustentação dos aviões em vôo, ao ricochete de uma pedra lisa quando se choca com a superfície líquida e à sustentação de um eixo em movimento no mancal. Na prática, é muito comum confundir a viscosidade com oleosidade. Várias vezes vimos lubrificadores, em postos de serviço, prender entre os dedos uma pequena quantidade de lubrificante e, depois de afastá-los dizer: “Este óleo não tem viscosidade”. O certo seria dizer que “o óleo perdeu a oleosidade”. A oleosidade é a propriedade que um lubrificante possui de aderir às superfícies (adesividade) e permanecer coeso (coesividade). Como exemplo, citaremos a água, que não possui adesividade nem coesividade. Colocando uma gota de água sobre uma superfície plana e dando um golpe sobre esta gota, verificaremos que a mesma se divide em várias pequenas gotas, pois não possui coesividade. Verificamos, ainda, que a adesão da água ao dedo e à superfície é praticamente nula. O mesmo não acontece se, em vez de uma gota de água, for usado o óleo lubrificante. Métodos de Medição da Viscosidade: A viscosidade é determinada em aparelhos chamados viscosímetros. 53 São os seguintes os viscosímetros mais comumente usados para medir viscosidade de óleo lubrificante: Saybolt (Estados Unidos); Redwood (Inglaterra); Engler (Alemanha); Cinemático (Uso Universal). Os Viscosímetros Saybolt, Redwood e Engler têm uma construção semelhante. Todos eles se compõem basicamente de um tubo de seção cilíndrica, com um estreitamento na parte inferior. Uma determinada quantidade de fluido é contida no tubo que, por sua vez, fica mergulhada em banho de água ou óleo de temperatura controlada por termostato. Uma vez atingida e mantida a temperatura escolhida, deixa-se escoar o líquido através de orifício inferior, ao mesmo tempo em que se começa a contagem de tempo. Recolhe-se o fluido em frasco graduado e, no momento em que o nível atingir o traço de referência do gargalo, faz-se parar o cronômetro. O Viscosímetro Cinemático é basicamente constituído de um tubo capilar de vidro, através do qual se dá o escoamento do fluido. Viscosidade Saybolt: No método Saybolt, a passagem de óleo de um recipiente no aparelho é feita através de um orifício calibrado, para um frasco de 60 ml, verificando-se o tempo decorrido para seu enchimento até o traço de referência. Figura 34 – Viscosímetro de Saybolt. 54 Como já vimos anteriormente, a viscosidade varia com a temperatura, isto é, quanto mais aquecido estiver o óleo, menor será a sua viscosidade, seu valor deve vir acompanhado da temperatura em que foi determinada. Assim sendo, este método utiliza as temperaturas padrões de 100°F (37,8°C) e 210°F (98,9°C). Figura 35 – Variação da viscosidade com a temperatura. O viscosímetro de Saybolt possui dois tipos de tubos: universal e furol. A diferença entre os dois está no diâmetro do tubo capilar que regula o escoamento do fluido, sendo que o tubo furol permite um escoamento em tempo aproximadamente dez vezes menor do que o tubo universal. A leitura de tempo do cronômetro dará diretamente a indicação da viscosidade Saybolt do fluido, em Segundos Saybolt Universal (SSU), ou Segundos Saybolt Furol (SSF), conforme o tubo utilizado. Normalmente, o Saybolt universal é empregado para óleos com 32 até 1.000 SSU; acima de 1.000 SSU, deve-se empregar o tubo furol. Para converter SSF em SSU é empregada a seguinte fórmula: SSU 10.SSF, pois o valor numérico da viscosidade em SSU é aproximadamente igual a dez vezes o valor numérico da viscosidade em SSF. Viscosidade Cinemática (Viscosímetro de Ostwald): No método cinemático, um tubo capilar é abastecido até determinado nível. Por sucção, o óleo é levado até uma marca em um dos lados do tubo. Parando-se de succionar, o óleo tende a voltar para a posição inicial, passando por uma segunda 55 marca de referência. É anotado o tempo, em segundos, que o nível do óleo leva para passar pelos dois traços de referência. Para cada faixa de viscosidade dos óleos é utilizado um tubo capilar com determinado diâmetro e, para cada tubo, é determinado um fator de correção “C” do tubo para o cálculo da viscosidade em centistokes (cSt): Viscosidade em cSt = C x t sendo t, o tempo de escoamento, em segundos, determinado no viscosímetro cinemático. O viscosímetro cinemático apresenta maior precisão em relação aos viscosímetros Saybolt, Redwood e Engler. Figura 36 – Viscosímetro Cinemático. Viscosidade Cinemática: É definida como a razão entre a viscosidade absoluta (VA) e a densidade, ambas à mesma temperatura. Na prática, a viscosidade cinemática é medida com o viscosímetro cinemático ou de Ostwald. A tendência internacional é substituir os outros viscosímetros pelo cinemático. Os motivos dessa tendência são a simplicidade operacional, a rapidez e a boa precisão. Como vimos anteriormente, a unidade usada é o stoke (cm2/s). Como um stoke é muito grande para o uso convencional, usa-se o centistoke que é a centésima parte do stoke. 56 onde, s – stoke (cm2/s); VA – viscosidade absoluta em poise; d – densidade em g/cm3; logo, o centistoke (cSt) é: cSt – mm2/s. Viscosidade Absoluta: É definida com força (em dina) necessária para fazer deslocar uma superfície plana de 1cm/s. Estando as duas superfícies separadas por uma camada de fluido com 1cm de espessura. Sua unidade é o poise, que tem as dimensões em gramas por centímetro vezes por segundo. Também nesse caso emprega-se a centésima parte do poise: o centipoise. Origem das Unidades: As unidades para a escala física de viscosidade utilizam o sistema CGS (centímetro, grama, segundo) de grandezas. Assim, o Poise e o Stoke seguem as deduções abaixo: 57 onde, F – força em dina (gf.cm/s2); t – tempo em segundos; a – área em cm2; p – poise (g/s.cm). d VA s a tF p . Viscosidade Convencional: A viscosidade convencional ou empírica é medida por meio dos seguintes viscosímetros: Saybolt, Redwood e Engler. Existem ainda as variações saybolt furol e graus engler. Conversão de Viscosidade: A conversão entre vários métodos pode ser feita considerando a mesma temperatura para os ensaios, ou considerando várias temperaturas para um único ensaio. Classificação da Viscosidade ISO: A International Standardisation Organization (ISO) estabeleceu um sistema de classificação aplicável aos óleos industriais. Nesse sistema, a única característica considerada é a viscosidade. A classificação ISO de viscosidade expressa seus valores em graus de viscosidade cinemática a 40 ºC dos óleos. 58 TABELA ISO DE VISCOSIDADE ISO Grau de viscosidade Viscosidade média (cSt à 40 oC) Limites da viscosidade cinemática (cSt à 40 oC) mín. máx ISO VG 2 ISO VG 3 ISO VG 5 ISO VG 7 ISO VG 10 ISO VG 15 ISO VG 22 ISO VG 32 ISO VG 46 ISO VG 68 ISO VG 100 ISO VG 150 ISO VG 220 ISO VG 320 ISO VG 460 ISO VG 680 ISO VG 1000 ISO VG 1500 2.20 3.20 4.60 6.80 10.00 15.00 22.00 32.00 46.00 68.00 100.00 150.00 220.00 320.00 460.00 680.00 1000.00 1500.00 1.98 2.42 2.88 3.52 4.145.06 6.12 7.48 10.00 11.00 13.50 16.50 19.80 24.20 28.80 35.20 41.40 50.60 61.20 74.80 90.00 110.00 135.00 165.00 198.00 242.00 288.00 352.00 414.00 506.00 612.00 748.00 900.00 1000.00 1350.00 1650.00 Figura 37 – Tabela ISO de viscosidade A nomenclatura usada nas especificações por esse sistema é: 59 Considerações do Padrão ISO: A temperatura escolhida, que determina as viscosidades, que identificam as faixas dos graus ISO, foi a de 40 oC, por ser próxima a temperatura usual da aplicação dos lubrificantes. A classificação ISO define 18 graus de viscosidade entre 2 cSt e 1500 cSt a 40 ºC, e refere-se a produtos líquidos de petróleo, desde querosene até óleo de cilindro. A norma ISO não obriga que cada linha de produtos contenha todos os graus ISO existentes. A escolha dos graus a produzir fica a critério da Companhia Distribuidora. A classificação ISO não engloba os lubrificantes para motores a explosão e engrenagens automotivas, visto que os campos automotivo e industrial apresentam características diferentes e incompatíveis, que impedem uma padronização conjunta dos dois setores. Os óleos para motores e engrenagens automotivas possuem padronização da SAE (Society of Automotive Engineers) dos EUA, baseando-se em temperaturas na faixa de operação normal desses lubrificantes (100 ºC). A viscosidade média de cada grau é aproximadamente 50% maior que a viscosidade média do grau anterior. Cada grau de viscosidade é identificado pelo número inteiro mais próximo do valor da viscosidade, em cSt à 40 ºC, correspondente ao valor médio da faixa considerada. É permitida uma variação de 10% desse valor médio. A classificação ISO não informa sobre qualidade de lubrificantes e sim sobre suas viscosidades cinemáticas à 40 ºC. Nível de Desempenho: São especificações militares norte-americanas que estabelecem características físicas e químicas dos lubrificantes. Também estabelece os testes, feitos em motores padrão que indicam a qualidade do óleo. 60 A designação do nível de desempenho usa as iniciais MIL-L seguidas do número do teste. Essa designação foi incorporada à classificação de serviço API-SAE-ASTM. Viscosidade SAE: É a classificação mais conhecida e deve-se à SAE (“Society of Automotive Engenieers”). Baseia-se na viscosidade, não considerando fatores de qualidade ou desempenho. A classificação SAE considera sete faixas de viscosidade, representadas por um número SAE, seguido ou não de letra W. Os números seguidos das letra W, inicial de “winter” (inverno), indicam que o óleo foi testado e aprovado em condições de frio intenso. Figura 38 – Viscosidade para motores. Serviço API-SAE-ASTM: Para facilitar a seleção dos óleos, independente da viscosidade, o Instituto Americano do Petróleo adotou, em 1947, um sistema com três classes de óleos: Regular - que é óleo mineral puro; Premium - que é óleo mineral com inibidor de oxidação; HD ("heavy duty") - que é óleo aditivado para trabalho pesado. 61 Depois de alguns anos, notaram-se as deficiências dos sistemas SAE e API. Criou- se, então, a classificação API-.SAE-ASTM. Essa classificação contou com a designação feita pela SAE; com a descrição do tipo de serviço, feita pela API; e com a descrição básica do óleo feita pela ASTM. Figura 39 – Classificação SAE - API - ASTM. 62 Figura 40 – Classificação SAE - API – ASTM (continuação). 63 Figura 41 – Classificação SAE - API – ASTM (conclusão). Mistura de Óleos: Em principio não é aconselhável misturar óleos de diferentes marcas. Apesar de pertencerem à mesma designação API-SAE-ASTM. Ocorre que os aditivos usados para cumprir as especificações de serviço não são iguais, isto pode gerar incompatibilidades químicas, resultando na formação de borras. Exceção deve ser feita aos óleos com especificação MIL-L-2104B ou MIL-L-2104C, pois uma das características desses óleos é a compatibilidade com os demais óleos. Óleo Multiviscoso: É um tipo de óleo que atende a duas ou mais especificações SAE. É ideal para climas frios e possui aditivação da melhor qualidade. Trata-se de um produto que mantém sua viscosidade tanto sob frio intenso quanto sob calor intenso. Um dos 64 mais comuns é o SAE 20W40 - comporta-se como um óleo SAE20 no inverno e como um SAE40 no verão. Índice de Viscosidade: O índice de viscosidade (IV) de um óleo é um valor empírico que estabelece uma relação entre a variação que sua viscosidade sofre com a alteração da temperatura, e as variações idênticas de dois óleos padrões. Alguns líquidos tendem a ter sua viscosidade reduzida, quando aquecidos, e aumentada, quando são resfriados. Maior o índice de viscosidade menor será a variação da viscosidade com a temperatura. Por exemplo, se dois óleos, a uma determinada temperatura, possuírem a mesma viscosidade, quando resfriados ficará mais espesso aquele que possuir menor índice de viscosidade. Figura 42 – Variação do Índice de Viscosidade. O método IV foi criado em 1929 e tomou como padrões o óleo mais sensível e o menos sensível na época. O mais sensível recebeu o índice 0 (IV = 0); o menos sensível recebeu índice 100 (IV = 100). Foram tomadas por padrões as viscosidades medidas às temperaturas de 100 e 210 ºF (37,8 e 99 ºC ) e mais recentemente a 40 e 100 ºC . Atualmente, é possível produzir óleos mais sensíveis à temperatura do que os abrangidos pela referência IV = 0, e outros menos sensíveis do que os que figuram com a referência IV = 100. 65 Portanto, encontramos no mercado óleos com IV abaixo de zero e outros com IV acima de 100. Em resumo, a viscosidade de todos os óleos diminui com o aumento da temperatura, mas a dos óleos com alto IV não varia tanto como a dos óleos que tem baixo IV. Para determinar o índice de viscosidade de um óleo, do qual conhecemos a viscosidade a determinada temperatura, é aplicada a seguinte fórmula: 100x HL UL IV Sendo: L - visc. do óleo de IV = 0; H - visc. do óleo de IV = 100; U - visc. do óleo de IV desconhecido; Interpretação do Índice de Viscosidade (IV): Pelo fato de as temperaturas de serviço às quais os óleos estão sujeitos serem muito variáveis, torna-se importante conhecer o IV. Esse valor é obtido por meio do catálogo do fornecedor. A altas temperaturas, a viscosidade de um óleo pode cair tanto que a película lubrificante pode se romper, provocando um sério desgaste das peças pelo contato de metal com metal. No caso oposto, a baixas temperaturas, o óleo pode tornar-se tão viscoso que não consiga circular; ou, ainda, pode gerar forças que dificultem a operação da máquina. Portanto, óleos sujeitos a considerável variação de temperaturas devem ter alto IV. É o caso dos automóveis, das máquinas-ferramentas e dos aviões. Importância da Viscosidade: 66 A viscosidade é, indubitavelmente, a propriedade física principal de um óleo lubrificante. A viscosidade é um dos principais fatores na seleção de um óleo lubrificante, sendo sua determinação influenciada por diversas condições, sendo as mais comuns as seguintes: Velocidade: Maior a velocidade, menor deve ser a viscosidade, pois a formação da película lubrificante é mais fácil. Os óleos de maior viscosidade possuem maiores coeficientes de atrito interno, aumentando a perda de potência, isto é, a quantidade de força motriz absorvida pelo atrito interno do fluído. Pressão: Quanto maior for a carga, maior deverá ser a viscosidade para suportá-la e evitar o rompimento da película. Temperatura: Como a viscosidade diminui com o aumento da temperatura, para manter uma
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