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PROCESSO PENAL - PRINCÍPIOS

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Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
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SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO: ............................................................................................................ 3 
2. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA: ....................................................................................... 3 
2.1. REGRA PROBATÓRIA: IN DUBIO PRO REO: ........................................................... 4 
2.2. REGRA DE TRATAMENTO: .................................................................................... 6 
3. CONTRADITÓRIO: .................................................................................................... 11 
3.1. CONTRADITÓRIO PARA A PROVA E CONTRADITÓRIO SOBRE A PROVA:............... 13 
4. AMPLA DEFESA: ........................................................................................................ 13 
4.1. DEFESA TÉCNICA: ............................................................................................. 14 
4.2. AUTODEFESA: ................................................................................................... 18 
4.3. AMPLA DEFESA NO PROCESSO ADMINISTRATIVO E NA EXECUÇÃO PENAL: .......... 20 
5. PUBLICIDADE: .......................................................................................................... 22 
6. BUSCA DA VERDADE: ................................................................................................ 24 
6.1. BUSCA DA VERDADE CONSENSUAL NOS JUIZADOS: ............................................ 25 
7. NEMO TENETUR SE DETEGERE (IMPORTANTE!): ........................................................ 26 
7.1. TITULAR DO DIREITO DE NÃO PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO: ................ 26 
7.2. ADVERTÊNCIA QUANTO AO DIREITO DE NÃO PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO:
 27 
7.3. DESDOBRAMENTOS: .......................................................................................... 29 
7.4. DEVER LEGAL DE INTERRUPÇÃO IMEDIATA DO INTERROGATÓRIO QUANDO O 
IMPUTADO OPTAR PELO EXERCÍCIO DO DIREITO AO SILÊNCIO: ..................................... 33 
7.5. CONSEQUÊNCIAS DO EXERCÍCIO DE NÃO PRODUZIR PROVAS CONTRA SI: ......... 34 
JURISPRUDÊNCIA CORRELATA ............................................................................................ 37 
LEGISLAÇÃO CORRELATA ................................................................................................... 42 
 
Este caderno foi produzido maciçamente com o Manual do professor Renato 
Brasileiro, bem como anotações de aulas e outros materiais coletados ao longo dos 
meus estudos. Lembre-se: se sentir necessidade, complemente com aulas ou leitura 
de um manual. Bons estudos a todos! 
 
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1. INTRODUÇÃO: 
A Constituição Federal de 1988 elencou vários princípios processuais 
penais, porém, no contexto de funcionamento integrado e complementar das 
garantias processuais penais, não se pode perder de vista que os Tratados 
Internacionais de Direitos Humanos firmados pelo Brasil também incluíram 
diversas garantias ao modelo processual penal brasileiro. 
 
2. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA: 
Como já fora dito por CESARE BACCARIA (“Dos delitos e das 
penas”), “um homem não pode ser chamado réu antes da sentença do juiz, e 
a sociedade só lhe pode retirar a proteção pública após ter decidido que ele 
violou os pactos por meio dos quais ela lhe foi outorgada”. 
Esse direito de não ser declarado culpado enquanto ainda há dúvida 
sobre se o cidadão é culpado ou inocente foi acolhido no art. 9º da Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). Também a Declaração 
universal dos Direitos Humanos que em seu Art. 11.1 dispõe: 
“Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua 
inocência, enquanto não se prova sua culpabilidade, de acordo 
com a lei e em processo público no qual se assegurem todas as 
garantias necessárias para sua defesa” 
 
Além desses diplomas, temos previsão em diversos outros como, por 
exemplo, a conhecida Convenção Americana sobre Direitos Humanos, que 
dispõe: “Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência 
enquanto não se comprove legalmente sua culpa”. 
No ordenamento pátrio, até a entrada em vigor da Constituição de 
1988, esse princípio somente existia de forma implícita, como decorrência 
da cláusula do devido processo legal. Com a Constituição Federal de 1988, 
o princípio da presunção de não culpabilidade passou a constar 
expressamente do inciso LVII do art. 5º: 
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“Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória” 
Conforme Renato Brasileiro, esse princípio pode ser definido como o 
direito de não ser declarado culpado senão após o término do devido 
processo legal, durante o qual o acusado tenha se utilizado de todos os meios 
de prova pertinentes para a sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da 
credibilidade das provas apresentadas pela acusação (contraditório). 
Percebe-se que há uma diferença terminológica entre os Tratados e 
a CF/88, pois enquanto aqueles se referem a “presunção de inocência”, esta 
utiliza a expressão “culpado”, se referindo, portanto, a uma “presunção de 
não culpabilidade”. 
De acordo com BADARÓ, não há diferença entre as duas coisas. Na 
jurisprudência, ora se faz menção a um, ora se faz menção a outro. Portanto, 
trate-as como equivalentes. 
Meus caros, a doutrina consagra que deste princípio derivam 2 regras 
fundamentais: A regra probatória (regra de juízo) e regra de tratamento. 
Vamos a cada uma delas: 
 
2.1. REGRA PROBATÓRIA: IN DUBIO PRO REO: 
Por força desta regra, a parte acusadora tem o ônus de demonstrar a 
culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida razoável, e não este de 
provar sua inocência. 
ANTÔNIO MAGALHÃES GOMES destaca alguns consectários 
dessa regra: 
a) a incumbência do acusador de demonstrar a culpabilidade do 
acusado (pertence-lhe com exclusividade o ônus dessa prova); 
b) a necessidade de comprovar a existência dos fatos imputados, não 
de demonstrar a inconsistência das desculpas do acusado; 
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c) tal comprovação deve ser feita legalmente (conforme o devido 
processo legal); 
d) impossibilidade de se obrigar o acusado a colaborar na apuração 
dos fatos (daí o seu direito ao silêncio). 
 
Lembre-se que essa regra probatória deve ser utilizada sempre que 
houver dúvida sobre fato relevante para a decisão do processo. Nesta 
acepção, presunção de inocência confunde-se com o in dubio pro reo. Não 
havendo certeza, mas dúvida sobre os fatos em discussão em juízo, 
inegavelmente é preferível a absolvição de um culpado à condenação de um 
inocente, pois, em um juízo de ponderação, o primeiro erro acaba sendo 
menos grave que o segundo. 
 
ATENÇÃO: O in dubio pro reo não é, portanto, uma simples regra 
de apreciação das provas. Na verdade, deve ser utilizado no momento da 
valoração das provas: na dúvida, a decisão tem de favorecer o imputado, pois 
não tem ele a obrigação de provar que não praticou o delito. 
 
CUIDADO: O in dubio pro reo só incide até o trânsito em julgado 
de sentença penal condenatória. Portanto, na revisão criminal, que 
pressupõe o trânsito em julgado de sentença penal condenatória ou 
absolutória imprópria, não há falar em in dubio pro reo, mas sim em in dubio 
contra reum. O ônus da prova quanto às hipóteses que autorizam a revisão 
criminal (CPP, art. 621) recai única e exclusivamente sobre o postulante, 
razão pela qual, no caso de dúvida, deverá o Tribunal julgar improcedente o 
pedido revisional. 
 
 
 
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2.2. REGRA DE TRATAMENTO: 
São manifestações claras desta regra de tratamento a vedação de 
prisões processuais automáticasou obrigatórias e a impossibilidade de 
execução provisória ou antecipada da sanção penal. 
Portanto, por força da regra de tratamento oriunda do princípio 
constitucional da não culpabilidade, o Poder Público está impedido de agir e 
de se comportar em relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao 
acusado, como se estes já houvessem sido condenados, definitivamente, 
enquanto não houver o fim do processo criminal. 
 
ATENÇÃO: O princípio da presunção de inocência não proíbe, 
todavia, a prisão cautelar ditada por razões excepcionais e tendente a 
garantir a efetividade do processo, cujo permissivo decorre inclusive da 
própria Constituição (art. 5º, LXI), sendo possível se conciliar os dois 
dispositivos constitucionais desde que a medida cautelar não perca seu 
caráter excepcional, sua qualidade instrumental, e se mostre necessária à luz 
do caso concreto. 
 
Há doutrina que entende que esse dever de tratamento atua em duas 
dimensões: 
A) INTERNA AO PROCESSO: Funcionando como dever imposto, 
inicialmente, ao magistrado, no sentido de que o ônus da prova 
recais integralmente sobre a parte acusadora, devendo a dúvida 
favorecer o acusado. Além disso, as prisões cautelares devem ser 
utilizadas apenas em situações excepcionais, comprovado o 
preenchimento dos requisitos legais. 
B) EXTERNA AO PROCESSO: Proteção contra a publicidade 
abusiva e a estigmatização do acusado, funcionando como limites 
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democráticos à abusiva exploração midiática em torno do fato 
criminoso. 
 
2.3. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA (IMPORTANTE): 
Depois de longa discussão doutrinária e longas oscilações 
jurisprudenciais, recentemente por ocasião do julgamento definitivo das 
Ações Declaratórias de Constitucionalidade 43/DF, 44/DF e 54/DF, 
houve uma mudança de orientação no STF. 
De um lado, uma corrente que dizia ser desnecessário o trânsito em 
julgado, argumentava que, pelo menos em regra, os recursos extraordinário 
e especial não são dotados de efeito suspensivo (CPP, art. 637, c/c arts. 995 
e 1.029, § 5º, ambos do novo CPC). Por isso, prevaleceu, durante anos, o 
entendimento jurisprudencial segundo o qual era cabível a execução 
provisória de sentença penal condenatória recorrível, independentemente da 
demonstração de qualquer hipótese que autorizasse a prisão preventiva do 
acusado. O fundamento legal para esse entendimento era o disposto no art. 
637 do CPP. Nessa linha, o STJ editou a súmula nº 267 (“A interposição de 
recurso, sem efeito suspensivo, contra decisão condenatória não obsta a 
expedição de mandado de prisão”). Todavia, em 2009 o pleno do STF alterou 
sua orientação e passou a exigir o trânsito em julgado da sentença. Ocorre 
que, em 2016 veio novamente a mudar sua jurisprudência para sentido 
diverso do anterior. 
Ocorre, entretanto, que com o julgamento definitivo das ADC’s 43, 44 
e 54, o STF entendeu que se deve aguardar o trânsito em julgado da sentença, 
e com o art. 283 do CPP, que, mesmo após o advento do Pacote Anticrime 
(Lei n. 13.964/19), só admite, no curso da investigação ou do processo – é 
dizer, antes do trânsito em julgado de sentença condenatória –, a decretação 
da prisão cautelar por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária 
competente. 
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ATENÇÃO: apesar de o art. 637 do CPP autorizar a execução 
provisória de acórdão condenatório pelo fato de os recursos extraordinários 
não serem dotados de efeito suspensivo, este dispositivo foi tacitamente 
revogado pela Lei nº 12.403/11, que conferiu nova redação ao art. 283 do 
CPP. 
 
O art. 283 do CPP, mesmo após a alteração promovida pelo Pacote 
Anticrime, é categórico ao estabelecer as hipóteses em que pode haver 
restrição à liberdade de locomoção no processo penal: 
a) Prisão em flagrante e prisão cautelar (temporária e 
preventiva): As únicas passíveis de decretação no curso da 
investigação ou do processo. 
b) Prisão penal: Só pode ser objeto de execução com o trânsito em 
julgado de sentença condenatória. 
 
Confira o texto legal: 
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou 
por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária 
competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de 
condenação criminal transitada em julgado. 
§ 1o As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam 
à infração a que não for isolada, cumulativa ou alternativamente 
cominada pena privativa de liberdade. 
§ 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer 
hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do 
domicílio. 
 
#APROFUNDANDO: 
TERIA O CPC REVOGADO TACITAMENTE O 283 DO CPP? 
O CPC/15 prevê expressamente que os recursos extraordinários não 
são dotados de efeito suspensivo (Art. 995 e 1.029, §5º). Todavia, não deve 
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prevalecer o entendimento de que o CPC teria revogado o Art. 283. 
Conforme aponta RENATO BRASILEIRO: A uma porque o novo CPC só 
pode ser aplicado no âmbito processual penal de maneira subsidiária e 
supletiva, ou seja, quando restar evidenciada a existência de uma lacuna. Não 
bastasse isso, é fato que o art. 283 do CPP consiste em mera reprodução 
da cláusula pétrea do art. 5º, LVII, da Constituição Federal, cujo núcleo 
essencial jamais poderia sofrer qualquer restrição, quer por parte de uma lei 
ordinária (Lei nº 13.105/15 – NCPC), quer pelo próprio Poder Constituinte. 
 
Diante de tudo isso, o STF assentou a constitucionalidade do Art. 283, 
CPP e determinou a suspensão imediata de toda e qualquer execução 
provisória de pena cuja decisão ainda não tivesse transitado em julgado. 
 
#APROFUNDAMENTO PARA DISCURSIVAS: 
Aponta BRASILEIRO que quando restar evidenciado o intuito 
meramente protelatório dos recursos, apenas para impedir o exaurimento 
da prestação jurisdicional e o consequente início do cumprimento da pena, 
incumbe aos Tribunais determinar o imediato início da execução mesmo 
antes do trânsito em julgado, haja vista o exercício irregular e abusivo do 
direito de defesa e do duplo grau de jurisdição e a consequente violação ao 
princípio da cooperação, previsto no art. 6º do novo CPC, ao qual também 
se sujeitam as partes. 
Inclusive, o próprio STF já tem pronunciamento neste sentido: 
a reiteração de embargos de declaração, sem que se registre 
qualquer dos seus pressupostos, evidencia o intuito meramente 
protelatório. A interposição de embargos de declaração com 
finalidade meramente protelatória autoriza o imediato 
cumprimento da decisão emanada pelo Supremo Tribunal 
Federal, independentemente da publicação do acórdão. (STF, 1ª 
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Turma, RMS 23.841 AgR-ED-ED/DF, Rel. Min. Eros Grau, j. 
18/12/2006, DJ 16/02/2007). 
No sentido de que a utilização indevida das espécies recursais, 
consubstanciada na interposição de inúmeros recursos contrários à 
jurisprudência como mero expediente protelatório, desvirtua o próprio 
postulado constitucional da ampla defesa: STF, 2ª Turma, AI 759.450 
ED/RJ, Rel. Min. Ellen Gracie, j. 01/12/2009, DJe 237 17/12/2009; STF, 
Pleno, AO 1.046 ED/RR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 28/11/2007, DJe 31 
21/02/2008. 
Para o STJ, quando verificada a oposição de recursos 
manifestamente protelatórios apenas para se evitar o exaurimento da 
prestação jurisdicional, tem sido admitida a baixa imediata dos autos, 
para o início da execução penal: STJ, 5ª Turma, EDcl nos EDcl no AgRg 
no Ag 1.142.020/PB, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 07/10/2010, 
DJe 03/11/2010. E ainda: STJ, 5ª Turma, EDcl nos EDcl no AgRg no Ag 
862.591/MG, Rel. Min. Felix Fischer, j. 15/09/2009, DJe 05/10/2009. 
O abuso do direito de recorrer no processo penal, com o escopode 
obstar o trânsito em julgado da condenação e, por consequência, de se 
alcançar a prescrição da pretensão punitiva, autoriza inclusive a 
determinação monocrática de baixa imediata dos autos por Ministro de 
Tribunal Superior, independentemente de publicação da decisão. Nessa 
linha: STF, Pleno, RE 839.163 QO/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 
05/11/2014. 
Daí a importância, aliás, da nova causa suspensiva da prescrição, 
introduzida pelo Pacote Anticrime no art. 116, inciso III, do Código Penal, 
segundo o qual antes de passar e julgado a sentença final, a prescrição não 
corre na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais 
Superiores, quando inadmissíveis (não conhecidos). 
 
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3. CONTRADITÓRIO: 
Previsto no Art. 5º, LV da CF: 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 
Conforme a doutrina de JOAQUIM CANUTO, sempre se 
compreendeu o princípio do contraditório como a ciência bilateral dos atos 
ou termos do processo e a possibilidade de contrariá-los. Seriam dois, 
portanto, os elementos do contraditório: a) direito à informação; b) direito 
de participação. O contraditório seria, assim, a necessária informação às 
partes e a possível reação a atos desfavoráveis. Não se pode cogitar da 
existência de um processo penal eficaz e justo sem que a parte adversa seja 
cientificada da existência da demanda ou dos argumentos da parte contrária. 
Daí a importância dos meios de comunicação dos atos processuais: citação, 
intimação e notificação. Não por outro motivo, de acordo com a súmula 707 
do Supremo Tribunal Federal: 
constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para 
oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da 
denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo 
 
Também deriva do contraditório o direito à participação, aí 
compreendido como a possibilidade de a parte oferecer reação, 
manifestação ou contrariedade à pretensão da parte contrária. 
É o que se denomina contraditório efetivo e equilibrado. Na dicção de 
BADARÓ, houve, assim, uma dupla mudança, subjetiva e objetiva. 
Segundo o autor: 
Quanto ao seu objeto, deixou de ser o contraditório uma mera 
possibilidade de participação de desiguais, passando a se 
estimular a participação dos sujeitos em igualdade de condições. 
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Subjetivamente, porque a missão de igualar os desiguais é 
atribuída ao juiz e, assim, o contraditório não só permite a atuação 
das partes, como impõe a participação do julgador. 
 
Dessa forma, ainda que o acusado não tenha interesse em oferecer 
reação à pretensão acusatória, o próprio ordenamento jurídico impõe a 
obrigatoriedade de assistência técnica de um defensor. 
Assim o Art. 261, CPP: 
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será 
processado ou julgado sem defensor. 
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por 
defensor público ou dativo, será sempre exercida através de 
manifestação fundamentada. 
ATENÇÃO: No processo penal não se deve contentar com uma 
atuação meramente formal do defensor. Diante disso, dentre as atribuições 
do juiz presidente do júri, o CPP elenca a possibilidade de nomeação de 
defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso (CPP, art. 497, V). 
 
CUIDADO: Prevalece na doutrina e na jurisprudência o entendimento 
de que a observância do contraditório só é obrigatória, no processo penal, na 
fase processual, e não na fase investigatória. Isso porque o dispositivo do art. 
5º, LV, da Carta Magna, faz menção à observância do contraditório em 
processo judicial ou administrativo. 
Assim, não custa nada lembrar, que o termo “prova” só pode ser usada 
para se referir aos elementos de convicção produzidos no curso do processo 
penal (em REGRA). 
A prova há de ser produzida não só com a participação do acusador e 
do acusado, como também mediante a direta e constante supervisão do órgão 
julgador. De fato, com a inserção do princípio da identidade física do juiz no 
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processo penal, o juiz que presidir a instrução deverá proferir a sentença 
(CPP, art. 399, § 2º). 
De grande importância é a leitura do Art. 155, CPP: 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da 
prova produzida em contraditório judicial, não podendo 
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas 
cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
 
3.1. CONTRADITÓRIO PARA A PROVA E CONTRADITÓRIO 
SOBRE A PROVA: 
O contraditório para a prova (ou contraditório real) demanda que 
as partes atuem na própria formação do elemento de prova, sendo 
indispensável que sua produção se dê na presença do órgão julgador e das 
partes (exemplo: prova testemunhal colhida em juízo). 
O contraditório sobre a prova, também conhecido como 
contraditório diferido ou postergado, traduz-se no reconhecimento da 
atuação do contraditório após a formação da prova. É o que acontece com a 
interceptação telefônica judicialmente autorizada no curso das investigações. 
Porém, uma vez finda a diligência, e juntado aos autos o laudo de degravação 
e o resumo das operações realizadas (Lei nº 9.296/96, art. 6º), deles se dará 
vista à Defesa, a fim de que tenha ciência das informações obtidas através 
do referido procedimento investigatório. 
 
4. AMPLA DEFESA: 
Conforme o Art. 5º, LV: 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 
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Sob a ótica que privilegia o interesse do acusado, a ampla defesa pode 
ser vista como um direito; todavia, sob o enfoque publicístico, no qual 
prepondera o interesse geral de um processo justo, é vista como garantia e 
está ligado diretamente ao princípio do contraditório. A defesa garante o 
contraditório e por ele se manifesta. Além disso, a ampla defesa se exprime 
por intermédio de seu segundo elemento: a reação. Como se vê, a defesa e o 
contraditório são manifestações simultâneas, intimamente ligadas pelo 
processo, sem que daí se possa concluir que uma derive da outra. 
Há entendimento doutrinário no sentido de que também é possível 
subdividir a ampla defesa sob dois aspectos: 
 
a) POSITIVO: realiza-se na efetiva utilização dos instrumentos, dos 
meios e modos de produção, certificação, esclarecimento ou 
confrontação de elementos de prova que digam com a 
materialidade da infração criminal e com a autoria; 
 
b) NEGATIVO: consiste na não produção de elementos probatórios 
de elevado risco ou potencialidade danosa à defesa do réu. 
 
Por força da ampla defesa, admite-se que o acusado seja 
formalmente tratado de maneira desigual em relação à acusação, 
delineando o viés material do princípio da igualdade. Por consequência, ao 
acusado são outorgados diversos privilégios em detrimento da acusação, 
como a existência de recursos privativos da defesa, por exemplo. 
 
4.1. DEFESA TÉCNICA: 
Exercida por profissional da advocacia, dotado de capacidade 
postulatória, seja ele advogado constituído, nomeado, ou defensor público e 
apresenta-se no processo como defesa necessária, indeclinável, plena e 
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efetiva, não sendo possível que alguém seja processado sem que possua 
defensor. 
 
➢ NECESSÁRIA E IRRENUNCIÁVEL: 
Logo, mesmo que o acusado, desprovido de capacidade postulatória, 
queira ser processado sem defesa técnica, e ainda que seja revel, deve o juiz 
providenciar a nomeação de defensor.Nessa linha, segundo a súmula nº 708 
do Supremo: 
É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos 
autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente 
intimado para constituir outro 
 
De acordo com o Pacto de São José da Costa Rica, toda pessoa acusada 
de delito tem direito de se defender pessoalmente ou de ser assistido por um 
defensor de sua escolha (CADH, art. 8, nº 2, “d”). Logicamente, se o acusado 
é profissional da advocacia, poderá exercer sua própria defesa técnica. 
Todavia, não o sendo, sua defesa técnica deverá ser exercida por 
profissional da advocacia legalmente habilitado nos quadros da OAB. 
Por isso, a despeito do evidente conhecimento jurídico de que são dotados, 
se acusados criminalmente, juízes e/ou promotores não podem exercer 
sua defesa técnica. Nesse sentido, como já se pronunciou o Supremo: 
“Nas ações penais originárias, a defesa preliminar (L. 8.038/90, 
art. 4º), é atividade privativa dos advogados. Os membros do 
Ministério Público estão impedidos de exercer advocacia, mesmo 
em causa própria. São atividades incompatíveis (L. 8.906/94, art. 
28)” (STF, 2ª Turma, HC 76.671/RJ, Rel. Min. Nelson Jobim, j. 
09/06/1998, DJ 10/08/2000). 
 
A presença de advogado é imprescindível no processo criminal, mesmo no âmbito dos Juizados 
Especiais Criminais. 
 
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ATENÇÃO: Nesse ponto, especial atenção deve ser dispensada ao 
art. 10 da Lei nº 10.259/01, que dispõe sobre os Juizados Especiais no âmbito 
da Justiça Federal. De acordo com o referido dispositivo, as partes poderão 
designar, por escrito, representantes para a causa, advogado ou não. Todavia, 
o Supremo, no julgamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade, fez 
interpretação conforme para excluir do âmbito de incidência do art. 10 da 
Lei 10.259/2001 os feitos de competência dos juizados especiais criminais 
da Justiça Federal. 
 
➢ DIREITO DE ESCOLHA: 
Entende-se que um dos desdobramentos da ampla defesa é o direito 
que o acusado tem de escolher seu próprio advogado. Logo, não sendo 
possível ao defensor constituído assumir ou prosseguir no patrocínio da 
causa penal, incumbe ao juiz ordenar a intimação do réu para que este, 
querendo, escolha outro advogado. Assim, não é lícito ao juiz nomear 
defensor dativo sem expressa aquiescência do réu, não sendo possível que 
o juiz substitua seu advogado constituído por outro de sua nomeação. A 
nomeação de defensor pelo juiz só poderá ocorrer nas hipóteses de 
abandono do processo pelo advogado constituído e desde que o acusado 
permaneça inerte, após ser instado a constituir novo defensor. 
Assim, dispõe a Súmula 707 do STF: 
Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para 
oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da 
denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. 
 
➢ DEFESA TÉCNICA PLENA E EFETIVA: 
A defesa técnica, além de necessária e indeclinável, deve ser plena e 
efetiva. No curso do processo, é necessário que se perceba efetiva 
atividade defensiva do advogado no sentido de assistir seu cliente. Esse 
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o motivo pelo qual a Lei nº 10.792/03 acrescentou o parágrafo único ao 
art. 261 do CPP, de modo a exigir que a defesa técnica, quando realizada 
por defensor público ou dativo, seja sempre exercida por manifestação 
fundamentada. 
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será 
processado ou julgado sem defensor. 
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por 
defensor público ou dativo, será sempre exercida através de 
manifestação fundamentada. 
Lembre-se ainda do teor da Súmula 523 do STF já mencionada. 
 
Entre as várias garantias que o devido processo legal assegura está o 
direito de dispor de tempo e facilidades necessárias para preparar a defesa. 
Há de se assegurar ao acusado e a seu defensor o tempo e os meios adequados 
para a preparação da defesa. 
 
ATENÇÃO: Obrigatoriamente, deve o defensor atuar em benefício 
do acusado, sob pena de se considerá-lo indefeso. Isso, no entanto, não 
significa dizer que o defensor deverá sempre e invariavelmente pedir a 
absolvição do acusado. A depender das circunstâncias do caso concreto, 
esse pedido absolutório não será uma alternativa viável e tecnicamente 
possível. Basta imaginar, por exemplo, processo penal em que o réu tenha 
confessado a prática delituosa. Além disso, é perfeitamente possível que um 
mesmo advogado patrocine a defesa técnica de dois ou mais acusados, desde 
que não haja teses colidentes. 
 
 
 
 
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4.2. AUTODEFESA: 
É aquela exercida pelo próprio acusado, em momentos cruciais do 
processo. Diferencia-se da defesa técnica porque embora não possa ser 
desprezada pelo juiz, é disponível. 
A autodefesa se manifesta no processo penal de várias formas: a) 
direito de audiência; b) direito de presença; c) capacidade postulatória 
autônoma do acusado. 
 
A) DIREITO DE AUDIÊNCIA: O direito que o acusado tem de 
apresentar ao juiz da causa a sua defesa, pessoalmente. Daí o 
entendimento hoje majoritário em torno da natureza jurídica do 
interrogatório: meio de defesa. A presença obrigatória de advogado 
ao referido ato, introduzida no art. 185, caput, do CPP, pela Lei nº 
10.792/03, e sua colocação ao final da instrução processual pela 
reforma processual de 2008 (CPP, art. 400, caput), possibilitando 
que o acusado seja ouvido após a colheita de toda a prova oral, 
reforçam esse entendimento. 
 
B) DIREITO DE PRESENÇA: Assegura-se ao acusado a 
oportunidade de, ao lado de seu defensor, acompanhar os atos de 
instrução, auxiliando-o na realização da defesa. Se o direito de 
presença é um desdobramento da autodefesa, a qual é disponível, 
conclui-se que o comparecimento do réu aos atos processuais, em 
princípio, é um direito, e não um dever, sem embargo da 
possibilidade de sua condução coercitiva. 
Não se trata, todavia, de um direito de natureza absoluta. Dentre os 
direitos fundamentais que podem colidir com o direito de presença, 
legitimando sua restrição, encontram-se os direitos das 
testemunhas e das vítimas à vida, à segurança, à intimidade e à 
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liberdade de declarar, os quais se revestem de inequívoco interesse 
público, e cuja proteção é indiscutível dever do Estado. Assim, 
perceba o que dispõe Art. 217: 
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar 
humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao 
ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará 
a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade 
dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na 
inquirição, com a presença do seu defensor. 
 
#APROFUNDANDO: 
Há precedentes do Supremo Tribunal Federal no sentido de que o 
acusado, embora preso, tem o direito de comparecer, de assistir e de 
presenciar, sob pena de nulidade absoluta, os atos processuais, 
notadamente aqueles que se produzem na fase de instrução do processo 
penal, que se realiza, sempre, sob a égide do contraditório. Seriam 
irrelevantes, então, eventuais alegações do Poder Público concernentes à 
dificuldade ou inconveniência de proceder à remoção de acusados presos em 
outras unidades da federação, porquanto razões de mera conveniência 
administrativa não poderiam se sobrepor ao direito de presença do acusado. 
Independentemente da aquiescência do defensor, o acusado, embora 
preso, tem o direito de comparecer, de assistir e de presenciar, sob pena de 
nulidade absoluta, os atos processuais, notadamente aqueles que se 
produzem na fase de instrução do processo penal: STF, 2ª Turma, HC 
111.728/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 19/02/2013, DJe 161 16/08/2013. 
 
CUIDADO:Em sentido contrário, todavia, em julgados mais 
recentes, ambas as Turmas do Supremo têm entendido que a alegação de 
necessidade da presença do réu em audiências deprecadas, estando ele 
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preso, configura nulidade relativa, devendo-se comprovar a oportuna 
requisição e também a presença de efetivo prejuízo à defesa. 
Não é nula a audiência de oitiva de testemunha realizada por carta 
precatória sem a presença do réu, se este, devidamente intimado da 
expedição, não requer o comparecimento: STF, Pleno, RE 602.543/RG-QO, 
Rel. Min. Cezar Peluso, DJe 035 25/02/2010. 
 
C) CAPACIDADE POSTULATÓRIA AUTÔNOMA DO 
ACUSADO: Em alguns momentos específicos do processo penal, 
defere-se ao acusado capacidade postulatória autônoma, 
independentemente da presença de seu advogado. É por isso que, 
no processo penal, o acusado pode interpor recursos (CPP, art. 577, 
caput), impetrar habeas corpus (CPP, art. 654, caput), ajuizar 
revisão criminal (CPP, art. 623), assim como formular pedidos 
relativos à execução da pena (LEP, art. 195, caput). Deve se 
entender que, no processo penal, essas manifestações defensivas 
formuladas diretamente pelo acusado não prejudicam a defesa, 
apenas criando uma possibilidade a mais de seu exercício. 
 
4.3. AMPLA DEFESA NO PROCESSO ADMINISTRATIVO E NA 
EXECUÇÃO PENAL: 
Pelo já mencionado Art. 5º, LV da CF, dúvidas não restam quanto à 
plena aplicação do direito de defesa e do contraditório no âmbito do processo 
administrativo disciplinar. Questiona-se, todavia, se seria necessária a 
atuação de advogado no processo administrativo disciplinar, tal qual se faz 
necessário em processo judicial (CPP, art. 261, caput). 
O Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula n. 343, segundo a 
qual é obrigatória a assistência de advogado em todas as fases do processo 
administrativo disciplinar, de forma a assegurar a garantia constitucional do 
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contraditório. Ocorre que, após a edição da sumula, o Supremo Tribunal 
Federal manifestou-se no sentido de que, em relação às punições 
disciplinares, o exercício da ampla defesa abrange: 
a) o direito de informação sobre o objeto do processo; 
b) o direito de manifestação; 
c) o direito de ver os seus argumentos contemplados pelo órgão 
incumbido de julgar. 
 
Todavia, concluiu a Suprema Corte que não se faz necessária a 
presença de advogado no processo administrativo disciplinar. 
Exatamente em virtude dessa conclusão, foi firmado pelo Supremo Tribunal 
Federal o enunciado da Súmula Vinculante nº 5: “A falta de defesa técnica 
por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a 
Constituição. 
 
ATENÇÃO: A súmula vinculante nº 5 não se aplica à execução 
penal. Isso pelo fato de que, na execução da pena está em jogo a liberdade 
do sentenciado, o qual se encontra em situação de extrema vulnerabilidade, 
revelando-se incompreensível que ele possa exercer uma ampla defesa sem 
o conhecimento técnico do ordenamento jurídico, não se podendo, portanto, 
equipará-lo ao indivíduo que responde a processo disciplinar na esfera cível-
administrativa. 
Atentem-se para o que diz a Súmula 533 do STJ: 
Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito 
da execução penal, é imprescindível a instauração de 
procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento 
prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por 
advogado constituído ou defensor público nomeado. 
 
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No âmbito da execução penal, a observância da ampla defesa deve ser 
observada inclusive em relação à transferência e inclusão de presos em 
estabelecimentos penais federais de segurança máxima, pelo menos em 
regra. 
Mas observe a Súmula 639 do STJ: 
Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida prévia 
da defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em 
estabelecimento penitenciário federal. 
 
5. PUBLICIDADE: 
Segundo Luigi Ferrajoli, cuida-se de garantia de segundo grau, ou 
garantia de garantia. Isso porque, segundo o autor, para que seja possível 
o controle da observância das garantias primárias da contestação da 
acusação, do ônus da prova e do contraditório com a defesa, é indispensável 
que o processo se desenvolva em público. Na dicção de Ferrajoli, a 
publicidade “assegura o controle tanto externo como interno da atividade 
judiciária (...) trata-se do requisito seguramente mais elementar e evidente 
do método acusatório”. 
São estes os importantes dispositivos constitucionais relacionados: 
Art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo 
ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de 
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais 
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; 
 
Art. 93, IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário 
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de 
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, 
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em 
casos nos quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à 
informação; 
 
 
 
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Prescreve o CPP: 
Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em 
regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, 
com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça 
que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamente 
designados. 
§ 1o Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato 
processual, puder resultar escândalo, inconveniente grave ou 
perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, ou 
turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do 
Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas 
fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar 
presentes. 
§ 2o As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de 
necessidade, poderão realizar-se na residência do juiz, ou em 
outra casa por ele especialmente designada. 
 
Funciona a publicidade, portanto, como pressuposto de validade não 
apenas dos atos processuais, mas também das próprias decisões que são 
tomadas pelo Poder Judiciário. 
 
➢ PUBLICIDADE AMPLA: A publicidade é tida como ampla, 
plena, popular, absoluta, ou geral, quando os atos processuais 
são praticados perante as partes, e, ainda, abertos a todo o 
público. A publicidade do processo implica os direitos de: a) 
assistência, pelo público em geral, à realização dos atos 
processuais; b) narração dos atos processuais, ou reprodução 
de seus termos, pelos meios de comunicação social; c) consulta 
dos autos e obtenção de cópias, extratos e certidões de 
quaisquer partes dele. É a regra no processo penal, com a 
ressalva das hipóteses em que se justifica a restrição da 
publicidade. 
 
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➢ PUBLICIDADE RESTRITA (INTERNA): se caracteriza 
quando houver alguma limitação à publicidade dos atos do 
processo. A publicidade restrita ou interna é chamada de 
“segredo de justiça”. A própria Lei 12.015/09 passou a prever 
a obrigatoriedade de segredo de justiça nesses casos: “Os 
processos em que se apuram crimes definidos neste Título 
correrão em segredo de justiça” (CP, art. 234-B). Nesses 
processos que tramitam sob segredo de justiça em virtude da 
qualidade da vítima (v.g., criança), o nome completo do 
acusado e a tipificação legal do delito podemconstar entre os 
dados básicos do processo disponibilizados pela internet, 
mesmo que os crimes apurados se relacionem, por exemplo, 
com pornografia infantil. 
 
ATENÇÃO: Importante ressaltar que, nas hipóteses de sigilo 
judicial em que for decretado o segredo de justiça nos autos, somente a 
própria autoridade jurisdicional que o decretou poderá afastá-lo. Como 
já se pronunciou o Supremo Tribunal Federal, comissões parlamentares de 
inquérito não tem poder jurídico de, mediante requisição, determinar a 
quebra de sigilo imposto a processo sujeito a segredo de justiça. 
Em se tratando de provas cautelares decretadas no curso do processo, 
também não se pode falar em publicidade às partes e a seus procuradores, 
sob pena de se tornar inócua a medida em questão. 
 
6. BUSCA DA VERDADE: 
A descoberta da verdade, obtida a qualquer preço, era a premissa 
indispensável para a realização da pretensão punitiva do Estado. Essa busca 
da verdade material era, assim, utilizada como justificativa para a prática de 
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arbitrariedades e violações de direitos, transformando-se, assim, num valor 
mais precioso do que a própria proteção da liberdade individual. 
Atualmente, essa dicotomia entre verdade formal e material deixou de 
existir. Já não há mais espaço para a dicotomia entre verdade formal, típica 
do processo civil, e verdade material, própria do processo penal. No âmbito 
processual penal, hodiernamente, admite-se que é impossível que se atinja 
uma verdade absoluta. Essa busca da verdade no processo penal está sujeita 
a algumas restrições. Com efeito, é a própria Constituição Federal que diz 
que são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos (art. 
5º, LVI). 
 
6.1. BUSCA DA VERDADE CONSENSUAL NOS JUIZADOS: 
A Lei 9.099/95 trouxe 4 importantes medidas despenalizadoras: 
1) Composição Civil dos danos; 
2) Transação Penal; 
3) Necessidade de representação para os crimes de lesão corporal 
leve e culposa; 
4) Suspensão condicional do processo. 
Com a criação desses institutos despenalizadores, percebe-se que, no 
âmbito dos Juizados, a busca da verdade processual cede espaço à 
prevalência da vontade convergente das partes. Com a criação desses 
institutos despenalizadores, percebe-se que, no âmbito dos Juizados, a busca 
da verdade processual cede espaço à prevalência da vontade convergente das 
partes. 
 
Meus caros, os princípios da inadmissibilidade das provas ilícitas e do 
juiz natural serão estudados em capítulos próprios. 
Sigamos... 
 
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7. NEMO TENETUR SE DETEGERE (IMPORTANTE!): 
Por este princípio, e de acordo com o art. 5º, inciso LXIII, da 
Constituição Federal, “o preso será informado de seus direitos, entre os 
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família 
e de advogado”. O direito ao silêncio, previsto na Carta Magna como direito 
de permanecer calado, apresenta-se apenas como uma das várias 
decorrências do nemo tenetur se detegere, segundo o qual ninguém é 
obrigado a produzir prova contra si mesmo. 
Trata-se de uma modalidade de autodefesa passiva, que é exercida por 
meio da inatividade do indivíduo sobre quem recai ou pode recair uma 
imputação. Consiste, grosso modo, na proibição de uso de qualquer medida 
de coerção ou intimidação ao investigado (ou acusado) em processo de 
caráter sancionatório para obtenção de uma confissão ou para que colabore 
em atos que possam ocasionar sua condenação. 
 
7.1. TITULAR DO DIREITO DE NÃO PRODUZIR PROVA 
CONTRA SI MESMO: 
A doutrina mais aceita, contudo, é a de que o dispositivo constitucional 
em destaque se presta para proteger não apenas quem está preso, como 
também aquele que está solto, assim como qualquer pessoa a quem seja 
imputada a prática de um ilícito criminal (imputado). 
Não é válido, por outro lado, arrolar alguém como testemunha e 
querer, em razão do dever de dizer a verdade aplicável à hipótese, forçá-la a 
responder sobre uma pergunta que importe, mesmo que indiretamente, em 
incriminação do depoente. Daí ter decidido o Supremo que não configura o 
crime de falso testemunho, quando a pessoa, depondo como testemunha, 
ainda que compromissada, deixa de revelar fatos que possam incriminá-la. 
É irrelevante, igualmente, que se trate de inquérito policial ou 
administrativo, processo criminal ou cível ou de Comissão Parlamentar de 
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Inquérito. Se houver possibilidade de autoincriminação, a pessoa pode fazer 
uso do princípio do nemo tenetur se detegere. 
 
7.2. ADVERTÊNCIA QUANTO AO DIREITO DE NÃO 
PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO: 
Teor expresso do art. 5º, LXIII, da CF, segundo o qual o preso será 
informado de seus direitos, dentre os quais o de permanecer calado. O 
acusado deve ser advertido, ademais, que o direito ao silêncio é uma garantia 
constitucional, de cujo exercício não lhe poderão advir consequências 
prejudiciais. 
Trata-se, o art. 5º, inciso LXIII, de mandamento constitucional 
semelhante ao famoso aviso de Miranda do direito norte-americano 
(lembrou dos filmes né? Pode parar! Concurseiro não tempo pra isso rsrs), 
em que o policial, no momento da prisão, tem de ler para o preso os seus 
direitos, sob pena de não ter validade o que por ele for dito. 
Com o objetivo de melhor assegurar o respeito aos direitos 
fundamentais, notadamente o nemo tenetur se detegere, tem-se tornado 
comum a entrega ao preso, no momento de sua prisão, de uma nota de 
ciência das garantias constitucionais, nos moldes preconizados pela Lei da 
prisão temporária (Lei nº 7.960/89). Em seu art. 2º, § 6º, a referida lei 
preceitua que “efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso 
dos direitos previstos no art. 5º da Constituição Federal”. 
 
#ATENÇÃO: 
Assim, não se pode considerar lícita, portanto, gravação clandestina 
de conversa informal de policiais com o preso, em modalidade de 
“interrogatório” sub-reptício, quando, além de o capturado não dar seu 
assentimento à gravação ambiental, não for advertido do seu direito ao 
silêncio. 
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Nessa linha: STF, 1ª Turma, HC 80.949/RJ, Rel. Min. Sepúlveda 
Pertence, DJ 14/12/2001; STJ, 6ª Turma, HC 244.977/SC, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, j. 25/09/2012. 
Na mesma linha, em caso concreto em que determinado indivíduo foi 
interrogado por Delegado de Polícia, durante o cumprimento de mandado de 
busca domiciliar, sem ser informado de seu direito ao silêncio, em flagrante 
violação ao princípio da não autoincriminação, a 2ª Turma do STF (Rcl 
33.711/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 11/06/2019) julgou procedente 
reclamação para declarar a nulidade dessa “entrevista”, bem como das 
provas dela derivadas. Todavia, se determinado agente voluntariamente 
efetuar gravação ambiental documentando crime de corrupção ativa por ele 
praticado, não há falar em ilicitude da prova por suposta violação ao 
princípio que veda a autoincriminação. Afinal, tal princípio veda que o 
acusado ou investigado sejam coagidos tanto física ou moralmente a produzir 
prova contrária aos seus interesses: STJ, Corte Especial, APn 644/BA, Rel. 
Min. Eliana Calmon, j. 30/11/2011. 
Deve constar expressamente do auto de prisão em flagrante, por 
conseguinte, a informação a respeito do direito ao silêncio conferido ao 
indiciado, “reputando-se como não formulada se dela não houver qualquer 
menção”. Ressalte-se que também não podem ser consideradas válidas 
entrevistas concedidas por presos a imprensa, antes ou após a lavratura do 
flagrante, sem o conhecimento de seu direito constitucional. 
No STF, em habeas corpus apreciado pela 2ª Turma, em que se 
alegava a ilicitude da prova juntada aos autos, consistente em entrevista 
concedidaa jornal, na qual o acusado narrara o modus operandi de 2 
homicídios a ele imputados, sem ter sido previamente advertido de seu 
direito ao silêncio, reputou-se que a Constituição teria conferido dignidade 
constitucional ao direito ao silêncio, dispondo expressamente que o preso 
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deve ser informado pela autoridade policial ou judicial da faculdade de 
manter-se calado. 
 
7.3. DESDOBRAMENTOS: 
Conforme a doutrina, se mostra inadequado acreditar que o direito 
de permanecer calado somente confere à pessoa a garantia de que ela 
não pode ser obrigada a falar. O que o constituinte diz, quando ele assegura 
o direito de permanecer calado, é que a pessoa não pode ser obrigada a se 
incriminar ou, em outras palavras, que ela não pode ser obrigada a produzir 
prova contra si. 
Em síntese, pode-se dizer que o direito de não produzir prova contra 
si mesmo, que tem lugar na fase investigatória e no curso da instrução 
processual, abrange: 
a) o direito ao silêncio ou direito de ficar calado: corresponde ao 
direito de não responder às perguntas formuladas pela autoridade, 
funcionando como espécie de manifestação passiva da defesa. Não 
é sinônimo de confissão ficta ou de falta de defesa; cuida-se de 
direito do acusado (CF, art. 5º, LXIII); 
 
b) direito de não ser constrangido a confessar a prática de ilícito 
penal: o acusado não é obrigado a confessar a prática do delito; 
 
c) inexigibilidade de dizer a verdade: alguns doutrinadores 
entendem que o acusado possui o direito de mentir, por não existir 
o crime de perjúrio no ordenamento pátrio. Na verdade, por não 
existir o crime de perjúrio no ordenamento pátrio, pode-se dizer 
que o comportamento de dizer a verdade não é exigível do acusado, 
sendo a mentira tolerada, porque dela não pode resultar nenhum 
prejuízo ao acusado. A esse respeito, concluiu o Supremo Tribunal 
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Federal que, no direito ao silêncio, tutelado constitucionalmente, 
inclui-se a prerrogativa processual de o acusado negar, ainda que 
falsamente, perante a autoridade policial ou judiciária, a prática da 
infração penal. 
 
Neste ponto, ATENÇÃO: especial atenção deve ser dispensada às 
denominadas mentiras agressivas, quando o acusado imputa falsamente a 
terceiro inocente a prática do delito. Nessa hipótese, dando causa à 
instauração de investigação policial, processo judicial, investigação 
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra 
alguém que o sabe inocente, o agente responderá normalmente pelo delito de 
denunciação caluniosa (CP, art. 339). Na mesma linha, tem prevalecido o 
entendimento de que o direito ao silêncio não abrange o direito de falsear a 
verdade quanto à identidade pessoal. 
Assim, resta tipificado o crime de falsa identidade o fato de o agente, 
ao ser preso, identificar-se com nome falso, com o objetivo de esconder seus 
maus antecedentes. 
Súmula nº 522 do STJ: “A conduta de atribuir-se falsa 
identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em 
situação de alegada autodefesa” 
 
d) direito de não praticar qualquer comportamento ativo que 
possa incriminá-lo: Assim, sempre que a produção da prova tiver 
como pressuposto uma ação por parte do acusado (v.g., 
acareação, reconstituição do crime, exame grafotécnico, etc.), será 
indispensável seu consentimento. não se admitem medidas 
coercitivas contra o acusado para obrigá-lo a cooperar na produção 
de provas que dele demandem um comportamento ativo. Além 
disso, a recusa do acusado em se submeter a tais provas não 
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configura o crime de desobediência nem o de desacato, e dela não 
pode ser extraída nenhuma presunção de culpabilidade. 
O STF tem se pronunciado da seguinte forma: 
1) o acusado não está obrigado a fornecer padrões vocais 
necessários a subsidiar prova pericial de verificação de 
interlocutor; 
2) o acusado não está obrigado a fornecer material para exame 
grafotécnico: Não se admite que a autoridade policial 
determine ao indicado a oferta de material gráfico sob pena de 
desobediência. Todavia, nada impede que a autoridade 
judiciária determine a apreensão de papéis e documentos que 
possam suprir o fornecimento do referido material; 
3) configura constrangimento ilegal a decretação de prisão 
preventiva de indiciados diante da recusa destes em 
participarem de reconstituição do crime; 
4) em relação às provas que demandam apenas que o acusado 
tolere a sua realização, ou seja, aquelas que exijam uma 
cooperação meramente passiva, não se há falar em violação ao 
nemo tenetur se detegere. O direito de não produzir prova 
contra si mesmo não persiste, portanto, quando o acusado for 
mero objeto de verificação. Assim, em se tratando de 
reconhecimento pessoal, ainda que o acusado não queira 
voluntariamente participar, admite-se sua execução coercitiva; 
5) é dominante o entendimento de que a recusa do condutor em 
submeter-se ao bafômetro ou a um exame de sangue não 
configura crime de desobediência nem pode ser interpretada em 
seu desfavor, pelo menos no âmbito criminal. Nessa linha, há 
precedentes do Supremo Tribunal Federal no sentido de que não 
se pode presumir a embriaguez de quem não se submete a 
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exame de dosagem alcoólica. Entretanto, a utilização de 
bafômetro que não exige uma ação do suspeito não há falar em 
produção de prova contra si mesmo. 
6) Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora 
invasiva: As provas invasivas são as intervenções corporais que 
pressupõem penetração no organismo humano, por 
instrumentos ou substâncias, em cavidades naturais ou não, 
implicando na utilização (ou extração) de alguma parte dele ou 
na invasão física do corpo humano, tais como os exames de 
sangue, o exame ginecológico, a identificação dentária, a 
endoscopia (usada para localização de droga no corpo humano) 
e o exame do reto. A forma da coleta é que vai determinar se a 
prova é invasiva ou não. A saliva também pode ser colhida sem 
qualquer intervenção corporal, possibilitando a realização do 
exame de DNA a partir de material encontrado no lixo, como 
chicletes, pontas de cigarro, latas de cerveja e refrigerantes, que 
contêm resquícios da saliva que podem ser examinados. Outro 
exemplo de prova não invasiva é a identificação dactiloscópica, 
das impressões dos pés, unhas e palmar, que podem ser 
utilizadas como parâmetro para comparação com aquelas 
encontradas no local do crime ou no corpo da vítima. 
Havendo o consentimento do sujeito passivo da medida, após 
prévia advertência do direito de não produzir prova contra si 
mesmo, a intervenção corporal poderá ser realizada 
normalmente, seja a prova invasiva ou não invasiva. A Carta 
Magna não estabeleceu a reserva de jurisdição para a 
determinação das intervenções corporais. Logo, não há 
necessidade de prévia autorização judicial para a realização 
dessas medidas. 
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Porém, mesmo com a anuência do cidadão, não se admite que o 
Estado submeta alguém a intervenções corporais que ofendam 
a dignidade da pessoa humana ou que coloquem em risco sua 
integridade física ou psíquica além do que é razoavelmente 
tolerável. 
Em se tratando de prova não invasiva (inspeções ou 
verificações corporais), mesmo que o agente não concorde 
com a produção da prova, esta poderá ser realizada 
normalmente, desde que não implique colaboração ativa por 
parte do acusado. 
 
ATENÇÃO: Diferentemente do âmbito cível, no processo 
penal, firmada a relevância do princípio da presunção de 
inocência, com a regra probatória que dele deriva, segundo a 
qual o ônus da prova recai exclusivamente sobrea parte 
acusadora, não se admite eventual inversão do ônus da prova 
em virtude de recusa do acusado em se submeter a uma prova 
invasiva. 
 
7.4. DEVER LEGAL DE INTERRUPÇÃO IMEDIATA DO 
INTERROGATÓRIO QUANDO O IMPUTADO OPTAR 
PELO EXERCÍCIO DO DIREITO AO SILÊNCIO: 
Neste contexto, o que temos é que a despeito de o interrogando ter 
optado por permanecer calado imediatamente após ser advertido quanto ao 
direito ao silêncio, o que deveria levar ao encerramento imediato do referido 
ato, a autoridade responsável pela condução do interrogatório continua 
fazendo suas perguntas, com o nítido propósito de constranger o indivíduo a 
ceder e responder. 
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É dentro desse contexto que deve ser compreendida a nova figura 
delituosa introduzida pela nova Lei de Abuso de Autoridade, cujo art. 15, 
parágrafo único, inciso I, criminaliza a conduta do agente público que 
prossegue com o interrogatório de pessoa que tenha decidido exercer o 
direito ao silêncio. Assim, uma vez feita a opção livre e voluntária pelo 
direito ao silêncio, seja em relação ao todo, seja de maneira seletiva, a 
exemplo do que ocorre quando responde apenas às perguntas formuladas por 
seu defensor, impõe-se a imediata interrupção do ato, sem a formulação de 
mais nenhum questionamento. Toda e qualquer tentativa de dar continuidade 
ao ato poderá, doravante, tipificar a figura delituosa em análise, desde que, 
logicamente, presente o elemento subjetivo especial do art. 1º, §1º, da Lei 
n. 13.869/19 (“Finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si 
mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal”). 
 
7.5. CONSEQUÊNCIAS DO EXERCÍCIO DE NÃO PRODUZIR 
PROVAS CONTRA SI: 
Como já dito, do exercício desse direito não pode advir nenhuma 
consequência que lhes seja prejudicial. Portanto, não pode ser utilizado como 
argumento a favor da acusação, não pode ser valorado na fundamentação de 
decisões judiciais, nem tampouco ser utilizado como elemento para a 
formação da convicção do órgão julgador. 
O exercício do direito ao silêncio também não pode ser utilizado 
como fundamento para majoração da pena do condenado, nem 
tampouco para dar suporte à eventual decretação de prisão cautelar, 
sob o argumento (equivocado) de que o acusado não colabora com a 
produção probatória. 
Nesse sentido, a 1ª Turma do Supremo já decidiu que não constitui 
fundamento idôneo, por si só, à prisão preventiva, a consideração de que, 
interrogado, o acusado não haja demonstrado “interesse em colaborar com a 
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Justiça”: ao indiciado não cabe o ônus de cooperar de qualquer modo com a 
apuração dos fatos que o possam incriminar. 
 
Meus caros, colocado tudo isso, vamos aprofundar um ponto relevante 
que tem cheiro de prova: 
 
#APROFUNDANDO: 
É POSSÍVEL RECONHECER O PRINCÍPIO QUANDO UM 
SEGUNDO DELITO É PRATICADO PARA ENCONBRIR O 
PRIMEIRO? 
O que se quer saber é se o segundo delito estaria amparado pela 
excludente da ilicitude do exercício regular de direito (não produzir provas 
contra si mesmo). 
RENATO BRASILEIRO aponta que: 
A nosso ver, caso haja a prática de nova infração penal, de 
maneira autônoma e dissociada de qualquer exigência de 
colaboração por parte de autoridade, com o objetivo de encobrir 
delito anteriormente praticado, não há falar em incidência do 
nemo tenetur se detegere. Afinal, desse princípio não decorre a 
não punibilidade de crimes conexos praticados para encobrir a 
prática de outros. Não fosse assim, um crime de homicídio 
praticado contra a testemunha que presenciou o crime 
antecedente poderia ser considerado como exercício regular de 
direito. Portanto, em tais situações, como não há risco concreto 
de autoincriminação, mas mero temor genérico de revelação de 
crime anteriormente praticado, não se pode admitir que o direito 
de não produzir prova contra si mesmo possa atenuar a 
responsabilidade criminal do agente. 
 
O STJ já se pronunciou assim: 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
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“(...) O direito à não autoincriminação não abrange a 
possibilidade de os acusados alterarem a cena do crime, inovando 
o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, para, criando 
artificiosamente outra realidade, levar peritos ou o próprio Juiz a 
erro de avaliação relevante (...)” (STJ, 5ª Turma, HC 137.206/SP, 
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 01/12/2009, DJe 
01/02/2010). 
 
Meus caros, fica aqui o convite pra que você revise (se já estudou) o 
princípio da proporcionalidade. Mas apenas revise. 
 
Sobre princípios processuais penais é isso! Vamos para jurisprudência 
e a Lei seca.... 
Espero que tenham gostado do Caderno. Bons estudos! 
 
Divulguem e compartilhem 
 
 
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JURISPRUDÊNCIA CORRELATA 
 
Súmula Vinculante 5: 
A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende 
a Constituição. 
 
Súmula 707, STF: 
Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao 
recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. 
 
Súmula 708, STF: 
É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único 
defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro. 
 
Súmula 523, STF: 
No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só 
o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. 
 
Súmula 343, STJ: 
É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo 
disciplinar 
 
Súmula 522, STJ: 
A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que 
em situação de alegada autodefesa. 
 
Súmula 533, STJ: 
Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é 
imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do 
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado 
constituído ou defensor público nomeado. 
 
Súmula 639, STJ: 
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Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida prévia da defesa, 
determine transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento penitenciário 
federal. 
 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. JUIZADOS 
ESPECIAIS FEDERAIS. LEI 10.259/2001, ART. 10. DISPENSABILIDADE DE 
ADVOGADO NAS CAUSAS CÍVEIS. IMPRESCINDIBILIDADE DA PRESENÇA 
DE ADVOGADO NAS CAUSAS CRIMINAIS. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA LEI 
9.099/1995. INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO. É constitucional o 
art. 10 da Lei 10.259/2001, que faculta às partes a designação de representantes para a 
causa, advogados ou não, no âmbito dos juizados especiais federais. No que se refere aos 
processos de natureza cível, o Supremo Tribunal Federal já firmou o entendimento de que 
a imprescindibilidade de advogado é relativa, podendo, portanto, ser afastada pela lei em 
relação aos juizados especiais. Precedentes. Perante os juizados especiais federais, em 
processos de natureza cível, as partes podem comparecer pessoalmente em juízo ou 
designar representante, advogado ou não, desde que a causa não ultrapasse o valor de 
sessenta salários mínimos (art. 3º da Lei 10.259/2001) e sem prejuízo da aplicação 
subsidiária integral dos parágrafos do art. 9º da Lei 9.099/1995. Já quanto aos processos 
de natureza criminal, em homenagem ao princípio da ampla defesa, é imperativo que o 
réu compareça ao processo devidamente acompanhado de profissional habilitado a 
oferecer-lhe defesa técnica de qualidade, ou seja, de advogado devidamente inscrito nos 
quadros da Ordem dos Advogados do Brasil ou defensor público.Aplicação subsidiária 
do art. 68, III, da Lei 9.099/1995. Interpretação conforme, para excluir do âmbito de 
incidência do art. 10 da Lei 10.259/2001 os feitos de competência dos juizados especiais 
criminais da Justiça Federal. 
 
"HABEAS CORPUS" - NECESSIDADE DE RESPEITO, PELO PODER PÚBLICO, ÀS 
PRERROGATIVAS JURÍDICAS QUE COMPÕEM O PRÓPRIO ESTATUTO 
CONSTITUCIONAL DO DIREITO DE DEFESA - A GARANTIA 
CONSTITUCIONAL DO "DUE PROCESS OF LAW" COMO EXPRESSIVA 
LIMITAÇÃO À ATIVIDADE PERSECUTÓRIA DO ESTADO (INVESTIGAÇÃO 
PENAL E PROCESSO PENAL) - O CONTEÚDO MATERIAL DA CLÁUSULA DE 
GARANTIA DO "DUE PROCESS" - INTERROGATÓRIO JUDICIAL - NATUREZA 
JURÍDICA - MEIO DE DEFESA DO ACUSADO - POSSIBILIDADE DE QUALQUER 
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DOS LITISCONSORTES PENAIS PASSIVOS FORMULAR REPERGUNTAS AOS 
DEMAIS CO-RÉUS, NOTADAMENTE SE AS DEFESAS DE TAIS ACUSADOS SE 
MOSTRAREM COLIDENTES - PRERROGATIVA JURÍDICA CUJA 
LEGITIMAÇÃO DECORRE DO POSTULADO CONSTITUCIONAL DA AMPLA 
DEFESA - PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (PLENO) - 
MAGISTÉRIO DA DOUTRINA - PEDIDO DEFERIDO. A ESSENCIALIDADE DO 
POSTULADO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, QUE SE QUALIFICA COMO 
REQUISITO LEGITIMADOR DA PRÓPRIA "PERSECUTIO CRIMINIS". O exame da 
cláusula referente ao "due process of law" permite nela identificar alguns elementos 
essenciais à sua configuração como expressiva garantia de ordem constitucional, 
destacando-se, dentre eles, por sua inquestionável importância, as seguintes 
prerrogativas: (a) direito ao processo (garantia de acesso ao Poder Judiciário); (b) direito 
à citação e ao conhecimento prévio do teor da acusação; (c) direito a um julgamento 
público e célere, sem dilações indevidas; (d) direito ao contraditório e à plenitude de 
defesa (direito à autodefesa e à defesa técnica); (e) direito de não ser processado e julgado 
com base em leis "ex post facto"; (f) direito à igualdade entre as partes; (g) direito de não 
ser processado com fundamento em provas revestidas de ilicitude; (h) direito ao benefício 
da gratuidade; (i) direito à observância do princípio do juiz natural; (j) direito ao silêncio 
(privilégio contra a auto-incriminação); (l) direito à prova; e (m) direito de presença e de 
"participação ativa" nos atos de interrogatório judicial dos demais litisconsortes penais 
passivos, quando existentes- O direito do réu à observância, pelo Estado, da garantia 
pertinente ao "due process of law", além de traduzir expressão concreta do direito de 
defesa, também encontra suporte legitimador em convenções internacionais que 
proclamam a essencialidade dessa franquia processual, que compõe o próprio estatuto 
constitucional do direito de defesa, enquanto complexo de princípios e de normas que 
amparam qualquer acusado em sede de persecução criminal, mesmo que se trate de réu 
estrangeiro, sem domicílio em território brasileiro, aqui processado por suposta prática de 
delitos a ele atribuídos. O INTERROGATÓRIO JUDICIAL COMO MEIO DE DEFESA 
DO RÉU - Em sede de persecução penal, o interrogatório judicial - notadamente após o 
advento da Lei nº 10.792/2003 - qualifica-se como ato de defesa do réu, que, além de não 
ser obrigado a responder a qualquer indagação feita pelo magistrado processante, também 
não pode sofrer qualquer restrição em sua esfera jurídica em virtude do exercício, sempre 
legítimo, dessa especial prerrogativa. Doutrina. Precedentes. POSSIBILIDADE 
JURÍDICA DE UM DOS LITISCONSORTES PENAIS PASSIVOS, INVOCANDO A 
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GARANTIA DO "DUE PROCESS OF LAW", VER ASSEGURADO O SEU DIREITO 
DE FORMULAR REPERGUNTAS AOS CO-RÉUS, QUANDO DO RESPECTIVO 
INTERROGATÓRIO JUDICIAL - Assiste, a cada um dos litisconsortes penais passivos, 
o direito - fundado em cláusulas constitucionais (CF, art. 5º, incisos LIV e LV)- de 
formular reperguntas aos demais co-réus, que, no entanto, não estão obrigados a 
respondê-las, em face da prerrogativa contra a auto-incriminação, de que também são 
titulares. O desrespeito a essa franquia individual do réu, resultante da arbitrária recusa 
em lhe permitir a formulação de reperguntas, qualifica-se como causa geradora de 
nulidade processual absoluta, por implicar grave transgressão ao estatuto constitucional 
do direito de defesa. Doutrina. Precedente do STF. 
 
“‘HABEAS CORPUS”– INSTRUÇÃO PROCESSUAL – RÉU PRESO – 
PRETENDIDO COMPARECIMENTO À AUDIÊNCIA PENAL EM QUE 
INQUIRIDAS TESTEMUNHAS DA ACUSAÇÃO – RÉU REQUISITADO, MAS NÃO 
APRESENTADO AO JUÍZO DEPRECADO – INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE 
ADIAMENTO DA AUDIÊNCIA – CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
CARACTERIZADO – A GARANTIA CONSTITUCIONAL DA PLENITUDE DE 
DEFESA: UMA DAS PROJEÇÕES CONCRETIZADORAS DA CLÁUSULA DO 
‘DUE PROCESS OF LAW’ – CARÁTER GLOBAL E ABRANGENTE DA FUNÇÃO 
DEFENSIVA: DEFESA TÉCNICA E AUTODEFESA (DIREITO DE AUDIÊNCIA E 
DIREITO DE PRESENÇA) – PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS 
E POLÍTICOS/ONU (ARTIGO 14, N. 3, ‘ D’) E CONVENÇÃO AMERICANA DE 
DIREITOS HUMANOS/OEA (ARTIGO 8º, § 2º, ‘ D’ E ‘F’) – DEVER DO ESTADO 
DE ASSEGURAR, AO RÉU PRESO, O EXERCÍCIO DESSA PRERROGATIVA 
ESSENCIAL, ESPECIALMENTE A DE COMPARECER À AUDIÊNCIA DE 
INQUIRIÇÃO DAS TESTEMUNHAS, AINDA MAIS QUANDO ARROLADAS 
PELO MINISTÉRIO PÚBLICO – RAZÕES DE CONVENIÊNCIA 
ADMINISTRATIVA OU GOVERNAMENTAL NÃO PODEM LEGITIMAR O 
DESRESPEITO NEM COMPROMETER A EFICÁCIA E A OBSERVÂNCIA DESSA 
FRANQUIA CONSTITUCIONAL – NULIDADE PROCESSUAL ABSOLUTA – 
PEDIDO DEFERIDO . ” (HC 93.503/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) 
 
 
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Recurso extraordinário. 2. Processo Administrativo Disciplinar. 3. Cerceamento de 
defesa. Princípios do contraditório e da ampla defesa. Ausência de defesa técnica por 
advogado. 4. A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo 
disciplinar não ofende a Constituição. 5. Recursos extraordinários conhecidos e providos. 
(STF - RE: 434059 DF, Relator: GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 07/05/2008, 
Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-172 DIVULG 11-09-2008 PUBLIC 12-09-2008 
EMENT VOL-02332-04 PP-00736) 
 
Não importa que, na CPI – que tem poderes de instrução, mas nenhum poder de 
processar nem de julgar – a rigor, não haja acusados. A garantia contra a 
autoincriminação não tem limites espaciais nem procedimentais: estende-se a qualquer 
indagação por autoridade pública de cuja resposta possam advir subsídios à imputação 
ao declarante da prática de crime’ (HC 73.035-3/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 
19/12/96) 
 
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LEGISLAÇÃO CORRELATA 
 
CF: 
 
Art. 5º: 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse 
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena 
de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da 
sociedade e do Estado; 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da 
intimidade ou o interesse social o exigirem; 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada 
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime 
propriamente militar, definidos em lei; 
 
Art. 93, IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, 
em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos 
nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o 
interesse público à informação; 
 
CPC: 
 
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposiçãolegal ou 
decisão judicial em sentido diverso. 
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do 
relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou 
impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. 
Art. 1.029, § 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou 
a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido: 
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I - ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a interposição do 
recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para 
julgá-lo; 
I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da 
decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu 
exame prevento para julgá-lo; 
II - ao relator, se já distribuído o recurso; 
III - ao presidente ou vice-presidente do tribunal local, no caso de o recurso ter sido 
sobrestado, nos termos do art. 1.037 . 
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido 
entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim 
como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037 . 
 
CP: 
 
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: 
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, 
quando inadmissíveis; 
 
CPP: 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida 
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não 
repetíveis e antecipadas. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as 
restrições estabelecidas na lei civil. 
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, 
ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade 
do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade 
dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença 
do seu defensor 
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo 
deverá constar do termo, assim como os motivos que a determinaram. 
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita 
e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar 
ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art1037
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art1037
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§ 1o As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que 
não for isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade. 
§ 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as 
restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. 
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a 
audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, 
se for o caso, do querelante e do assistente 
§ 1o O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo 
o poder público providenciar sua apresentação. 
§ 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. 
Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri, além de outras 
expressamente referidas neste Código: 
 V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso, podendo, neste 
caso, dissolver o Conselho e designar novo dia para o julgamento, com a nomeação ou a 
constituição de novo defensor; 
Art. 637. O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados 
pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira instância, para a 
execução da sentença.

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