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220787TRIB_PROC_PENAL

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Prévia do material em texto

TRIBUNAIS
Direito Processual 
Penal
Capítulos 1 ao 13
TRIBUNAIS
Direito Processual Penal
Capítulo 1
 
 
Olá, aluno! 
Bem-vindo ao estudo para os concursos de Tribunais. Preparamos todo esse material para você 
não só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade, garantindo que 
você terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma inteligente. 
Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins de 
entender como cada Banca e cada Carreira costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal, 
queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento, 
pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo 
sempre! 
Ademais, estamos constantemente perseguindo melhorias para trazer um conteúdo completo 
que facilite a sua vida e potencialize seu aprendizado. Com isso em mente, a estrutura do PDF 
Ad Verum foi feita em capítulos, de modo que você possa consultar especificamente os assuntos 
que estiver estudando no dia ou na semana. Ao final de cada capítulo você tem a oportunidade 
de revisar, praticar, identificar erros e aprofundar o assunto com a leitura de jurisprudência 
selecionada. 
E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser 
aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou 
comentários, entre em contato através do email pdf@cers.com.br. Sua opinião vale ouro para 
a gente! 
Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-se 
de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para o estudo da disciplina. 
Faça bom uso do seu PDF Ad Verum! 
Bons estudos  
 
 
 
 
 
1 
Abordaremos os assuntos da disciplina de Direito Processual Penal da seguinte forma: 
CAPÍTULOS 
Capítulo 1 – Noções introdutórias. Sistemas Processuais. Princípios. 
Capítulo 2 – Lei processual no tempo. Lei processual no espaço e aplicação da lei processual 
penal. 
Capítulo 3 – Inquérito policial. Investigação presidida pelo Ministério Público e outras formas 
de investigação criminal. 
Capítulo 4 – Ação penal. 
Capítulo 5 – Competências. 
Capítulo 6 – Teoria Geral das Provas 
Capítulo 7 – Prisões, medidas cautelares e liberdade provisória. 
Capítulo 8 – Questões e Processos Incidentes 
Capítulo 9 – Sujeitos do Processo. Comunicação dos Atos processuais 
Capítulo 10 – Procedimento comum ordinário, procedimento comum sumário, procedimento 
comum sumaríssimo, procedimentos especiais e Tribunal do Júri. 
Capítulo 11 – Sentença penal e nulidades. 
Capítulo 12 – Teoria geral dos recursos, recursos em espécie e ações autônomas de 
impugnação. 
Capítulo 13 – Execução penal, reabilitação, graça, indulto e anistia 
 
 
 
2 
RECORRÊNCIA DA DISCIPLINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jurisdição, 
competência e 
atribuição
31%
Das provas
23%
Ação Penal
23%
Dos Processos em 
Espécie
23%
Jurisdição, Competência e Atribuição Das Provas
Ação Penal Dos Processos em Espécie
 
3 
 
SOBRE O CONCURSO 
Daremos início ao estudo da disciplina Direito Processual Penal. Para os concursos 
de Tribunais, esta disciplina é de extrema importância, pois é matéria que se faz presente em 
todos os concursos da área. 
O estudo dessa matéria é fundamental para uma boa pontuação nas provas de 
Tribunais e faz a diferença na aprovação. 
Em razão disso, este material busca fornecer ao aluno um conhecimento amplo e 
suficiente, abordando os principais institutos do Direito Constitucional, conforme os temas 
costumam ser cobrados nas provas de concurso. 
Ao final de cada capítulo serão colacionadas questões para treinamento, sempre 
priorizando os concursos da área, com comentários que ajudarão a resolvê-las e a revisar o 
conteúdo. 
É muito importante, também, ler toda a legislação apontada na “Legislação 
Compilada”, pois, assim como o posicionamento doutrinário, a leitura da legislação 
complementa o estudo e faz com que o aluno acerte um maior número de questões. Lembre-
se que muitas questões pedem o conhecimento do que a legislação expressamente prevê. 
Vamos iniciar os estudos?! 
 
 
 
 
 
 
 
4 
SUMÁRIO 
DIREITO PROCESSUAL PENAL, CAPÍTULO 1 .......................................................................................................... 6 
1. Noções Introdutórias ............................................................................................................................................... 6 
1.1 Introdução ................................................................................................................................................................ 6 
1.1.1 Conceito ........................................................................................................................................................ 7 
1.1.2 Competência legislativa ......................................................................................................................... 7 
1.1.3 Características ............................................................................................................................................. 7 
2. Sistemas Processuais Penais ................................................................................................................................. 8 
2.1 Sistema inquisitorial ............................................................................................................................................. 8 
2.2 Sistema acusatório ................................................................................................................................................ 8 
2.3 Sistema misto (sistema francês) ..................................................................................................................... 9 
3. Princípios Fundamentais do Processo Penal ............................................................................................... 11 
3.1 Princípio da presunção de inocência (ou da não culpabilidade) .................................................. 11 
3.1.1 Princípio do favor rei ........................................................................................................................................ 14 
3.2 Princípio do contraditório .............................................................................................................................. 14 
3.2.1 Tipos de contraditório ..................................................................................................................................... 16 
3.3 Princípio da ampla defesa .............................................................................................................................. 16 
3.4 Princípio da publicidade ................................................................................................................................. 21 
3.5 Princípio da busca da verdade ..................................................................................................................... 22 
3.6 Princípio da inadmissibilidade das provas ilícitas ................................................................................ 23 
3.7 Princípio do juiz natural .................................................................................................................................. 23 
3.8 Princípio do nemo tenetur se detegere ................................................................................................... 24 
3.8.1 Desdobramentos do princípio nemo tenetur se detegere .............................................................. 26 
3.9 Princípio da proporcionalidade .................................................................................................................... 30 
QUADRO SINÓPTICO ...................................................................................................................................................33 
 
5 
QUESTÕES COMENTADAS ........................................................................................................................................ 35 
GABARITO .......................................................................................................................................................................... 44 
QUESTÃO DESAFIO ......................................................................................................................................................... 45 
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO.......................................................................................................................... 46 
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 48 
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 49 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................................. 54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Capítulo 1 
1. Noções Introdutórias 
1.1 Introdução 
Com a prática de conduta prevista abstratamente como crime (fato típico, ilícito e culpável), 
surge o direito de punir do Estado, ius puniendi in concreto. Entretanto, o Estado não pode 
aplicar a pena automaticamente ao infrator, é preciso que seja instaurado um processo judicial 
para satisfazer a essa pretensão punitiva (nulla poena sine judicio). 
Pretensão punitiva: é poder do Estado de exigir de quem comete um delito a submissão à 
sanção penal. 
Como fica o devido processo legal com a transação penal nos casos de infrações de menor 
potencial ofensivo? A transação penal e os seus requisitos serão detalhados mais adiante no 
curso, mas é preciso saber que através desse instituto podem ser aplicadas penas restritivas de 
direitos e pena de multa ao sujeito antes do recebimento da denúncia. Mesmo quando a 
transação penal é admitida, não se trata de imposição direta da pena! Nesse caso, é utilizado 
para a resolução da causa uma forma não tradicional: a solução consensual, sempre mediante 
a supervisão do judiciário. 
A satisfação da pretensão punitiva através da persecução penal é uma atividade estatal 
juridicamente vinculada por padrões normativos que limitam o poder de punir do Estado. 
Portanto, podemos afirmar que o processo penal serve como instrumento para que o Estado 
aplique a devida sanção penal ao autor do fato delituoso, sem arbítrios ou coerções, devendo 
ser entendido como uma salvaguarda da liberdade do réu. 
Por que é preciso tanto rigor processual para aplicar uma pena? Lembre-se que aplicação 
do direito penal pode ser muito gravosa para o agente, resultando até mesmo na privação da 
 
7 
sua liberdade. Estamos diante do grande dilema do processo penal: o respeito necessário aos 
direitos fundamentais versus um sistema operante e eficiente no combate ao crime. Na busca 
do equilíbrio entre os extremos precisamos evitar o hipergarantismo e teorias como o Direito 
Penal do Inimigo ou como o Direito Penal da Lei e da Ordem. 
1.1.1 Conceito 
O Processo Penal é o conjunto de normas e princípios que regulam a aplicação 
jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária e a 
estruturação dos órgãos da função jurisdicional. É ramo do direito público. 
1.1.2 Competência legislativa 
A competência para legislar sobre direito processual penal é privativa da União, podendo 
ser atribuída aos estados-membros a competência sobre questões específicas de direito local 
mediante lei complementar. Já em relação ao Direito Penitenciário, afeto à execução penal, a 
competência é concorrente entre os entes. 
1.1.3 Características 
 Autonomia 
 Não é submisso ao direito material, pois possui princípios e regras próprias. 
 Instrumentalidade 
É um meio para fazer atuar o direito penal material. 
 Normatividade 
É uma disciplina normativa, de caráter dogmático 
 
 
 
8 
2. Sistemas Processuais Penais 
2.1 Sistema inquisitorial 
O sistema processual inquisitivo surgiu com o Direito Canônico, na Europa, no século XIII. 
É caracterizado pela figura do juiz inquisidor, dotado de ampla iniciativa probatória na fase de 
investigação e na fase processual, acumula as funções de acusar, defender e julgar, 
comprometendo a sua imparcialidade e objetividade. O procedimento em regra é escrito e 
sigiloso, sem efetiva participação da defesa, pois o réu é considerado mero objeto da 
persecução penal sem direito ao contraditório. 
É incompatível com os direitos e garantias individuais, viola os princípios do Processo Penal, 
a Constituição Federal de 1988 e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos. 
2.2 Sistema acusatório 
Ao contrário do sistema inquisitorial, o sistema acusatório se caracteriza por dividir os 
sujeitos processuais, colocando a acusação e a defesa no mesmo patamar de condições em 
relação ao juiz da causa que, agora, é imparcial (ne procedat judex ex officio). Com a divisão 
das funções de acusar, defender e julgar, o processo acusatório é actum trium personarum. 
O procedimento acusatório privilegia o princípio da presunção de inocência, pode ser 
escrito ou oral, em regra público e excepcionalmente com publicidade restrita ou especial. 
Adota o contraditório como garantia político-jurídica do cidadão, gerando igualdade entre as 
partes (non debet licere actori, quod reo non permittitur). 
Para preservar a imparcialidade, o julgador deve adotar uma postura passiva quanto à 
produção de provas no sistema acusatório, deixando a atividade probatória como encargo das 
partes. Entretanto, atualmente já se admite que o juiz excepcionalmente possua poderes 
instrutórios apenas durante a fase processual e de forma subsidiária à atuação das partes. 
 
9 
2.3 Sistema misto (sistema francês) 
Tem uma fase processual de instrução preliminar secreta, a cargo do juiz, seguindo o 
sistema inquisitivo; e outra fase processual pública, em que predomina o contraditório nos 
moldes do sistema acusatório. 
QUAL O SISTEMA PROCESSUAL ADOTADO NO BRASIL? Alguns doutrinadores apontam 
que o sistema processual penal brasileiro é misto porque o inquérito policial, que é inquisitivo 
por natureza, contamina o sistema acusatório. Esse entendimento, no entanto, é refutável visto 
que deve ser analisado apenas o processo para classificar o sistema em inquisitivo, acusatório 
ou misto, e o inquérito policial ocorre na fase pré-processual e ainda é dispensável. Ademais, o 
inquérito é presidido por autoridade administrativa e, para caracterizar o sistema misto, a fase 
de investigação deve ser presidida diretamente pelo juiz., que será o mesmo a presidir o 
julgamento. Definitivamente não é o caso do Brasil. 
Outros doutrinadores apontam a natureza mista do sistema brasileiro, mesmo 
desconsiderando a fase de inquérito, com fundamento em alguns poderes instrutórios exercidos 
pelo juiz. Entretanto, esses poderes de impulso processual não são suficientes para caracterizar 
o sistema misto, pois só podem ser exercidos de forma supletiva à atividade das partes e durante 
a fase processual. 
Ademais, a Constituição Federal de 1988 acolhe o sistema acusatório de forma explícita 
quando determina a legitimidade privativa do Ministério Público, órgão acusador, para propor 
a ação penal pública, garante o contraditório, a ampla defesa e a não presunção de 
culpabilidade. 
O sistema acusatório pode ser rígido (o juiz JAMAIS toma a iniciativa de provas) ou flexível 
(as partes produzem provas, mas o juiz tem o poder de complementá-las, de determinar perícias 
ou a oitiva de testemunhas não requeridas). 
 
10 
Portanto, podemos classificar o nosso sistema como acusatórionão ortodoxo, flexível ou 
relativo, já que o juiz não é mero expectador no curso do processo penal, podendo, inclusive, 
determinar a realização de provas. 
 
 
11 
3. Princípios Fundamentais do Processo Penal 
3.1 Princípio da presunção de inocência (ou da não 
culpabilidade) 
Todo acusado é presumido inocente até que se comprove sua culpabilidade. 
“Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória” (art. 5º, LVII, da CF/88). Ou seja, o acusado só pode ser considerado culpado após 
o término do devido processo legal, durante o qual ele tenha se utilizado de todos os meios de 
provas possíveis para a sua defesa (ampla defesa) e tenha oportunidade de contestar todas as 
provas produzidas pela acusação (contraditório). 
Desse princípio podemos extrair quatro regras: 
a) Regra probatória: quem acusa tem o ônus de provar legalmente e judicialmente a 
culpabilidade do acusado. 
 
De acordo com o princípio da presunção de inocência, no processo penal não existe 
presunção de veracidade dos fatos narrados em função da revelia! Não existe CONFISSÃO 
FICTA no processo penal, nem quando o acusado não contesta os fatos descritos na peça 
acusatória. 
 
 
 
 
12 
 
Jurisprudência relevante: em certas situações, como nos casos de receptação, o STJ exige 
da defesa o ônus da prova para a comprovação da regularidade da atuação do réu, que deve 
demonstrar a aquisição legítima do bem que é indicado como fruto de atividade ilícita. 
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se firmou no sentido que, no crime de 
receptação, se o bem houver sido apreendido em poder do paciente, caberia à defesa apresentar 
prova acerca da origem lícita do bem ou de sua conduta culposa, nos termos do disposto no 
art. 156 do Código de Processo Penal, sem que se possa falar em inversão do ônus da prova 
(AgRg no HC 331.384/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 
22/08/2017, DJe 30/08/2017). 
 
b) Regra de tratamento: o acusado não pode ser tratado como condenado antes do 
trânsito em julgado final da sentença condenatória (CR, art. 5º, LVII). São exemplos de 
manifestação da regra de tratamento a vedação de prisões processuais automáticas ou 
obrigatórias e a impossibilidade de execução provisória ou antecipada da sanção. 
 
A execução provisória é aquela que ocorre quando o indivíduo é condenado por um 
crime, mas contra a decisão condenatória ainda cabe recurso, ou seja, o processo ainda não 
transitou em julgado. 
A doutrina que defende a impossibilidade da execução provisória da pena atenta que tal 
prática violaria o princípio constitucional da presunção de inocência; e a doutrina que defende 
 
13 
a possibilidade da execução provisória entende que, quando a decisão penal condenatória é 
mantida em 2ª instância e o réu interpõe Recurso Especial ou Recurso Extraordinário, ele deve 
aguardar o julgamento cumprindo a pena imposta, pois os recursos cabíveis não têm efeito 
suspensivo. 
Diversas vezes o STF modificou o seu entendimento sobre o assunto. Até fevereiro de 
2009, o Supremo aceitava a execução provisória da pena; no julgamento do HC 84078, em 
05/02/2009, o Tribunal mudou o seu posicionamento e passou a entender que não era mais 
possível o início do cumprimento de pena enquanto não transitasse em julgado a decisão 
condenatória, e esse entendimento vigorou até 2016; em fevereiro de 2016, o STF julgou o HC 
126292 voltou a entender que era possível a execução provisória da pena, estabelecendo que 
quando a sentença penal é confirmada em 2º grau, prolatada em processo que observou todas 
as garantias do indivíduo, exaure-se o princípio da presunção de não culpabilidade, destacando 
a importância de equilibrar o princípio da presunção de inocência com a efetividade da 
jurisdição; entretanto, ao apreciar e julgar as ADCs 43, 44 e 54 em novembro de 2019, o STF 
retomou a posição no sentido de que para o início do cumprimento da pena é necessário o 
esgotamento de todos os recursos disponíveis, proibindo a execução provisória da pena. 
Este último é o entendimento atual, que toma por base o art. 283 do CPP que dispõe: 
“ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da 
autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em 
julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão 
preventiva”, considerado plenamente compatível com a CF/88. Ademais, o argumento de que a 
aplicação do princípio da presunção de inocência nesse caso obstruiria as atividades 
investigatórias e persecutórias do Estado não prosperou, pois a repressão ao crime não pode 
transgredir a ordem jurídica e os direitos fundamentais do indivíduo investigado. Essa última 
decisão deve estabilizar a matéria, pois tem efeitos vinculantes e erga omnes já que foi proferida 
em sede de ADC. 
Mesmo com esse entendimento do STF, é possível que o réu seja preso enquanto aguarda 
o julgamento do recurso? SIM! A prisão do réu deve observar os requisitos da prisão preventiva 
(art. 312 do CPP), não é um efeito automático da condenação, mas sim uma medida cautelar. 
 
14 
 
c) Regra de julgamento ou valoração das provas; 
d) Excepcionalidade das medidas cautelares. 
3.1.1 Princípio do favor rei 
É um desdobramento do princípio da presunção de inocência, com as relevantes aplicações 
práticas: 1) na dúvida, o juiz deve decidir em favor do réu; 2) em caso de empate (o que costuma 
ocorrer no julgamento colegiado de HC), a decisão que prevalece é aquela em favor do réu. 
Portanto, existindo conflito entre o jus puniendi do Estado e o jus libertatis do acusado, 
deve prevalecer (na fase final de julgamento) o jus libertatis. Ou seja, na dúvida, absolve-se o 
imputado (in dubio pro reo). 
O princípio do favor rei e o princípio da presunção de inocência são corolários do princípio 
da igualdade das partes, pois procuram equilibrar a posição vulnerável do réu frente ao poder 
do Estado na persecução penal. 
O princípio do in dubio pro reo só incide até o trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória. No processo de revisão criminal, em caso de dúvidas, o juiz deve decidir em favor 
da sociedade e contra o réu. 
 
3.2 Princípio do contraditório 
“Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” (art. 5º, 
LV, CF/88). 
 
15 
 
Importante lembrar que o Contraditório é constituído pela garantia de ciência dos atos 
processuais pelas partes e a possibilidade de contraditar provas e argumentos elencados pela 
parte contrária no processo (audiatur et altera pars). 
O contraditório é o direito conferido a ambas as partes de ter ciência dos termos 
processuais com a possibilidade de contraditá-los. A garantia do contraditório na Constituição 
Federal estabelece um processo dialético, em que há fiscalização recíproca dos atos processuais 
pelas partes. Nesse contexto, ganha destaque as formas de comunicação processual – citação, 
intimação e notificação – e o enunciado da Súmula 707 do STF: “constitui nulidade a falta de 
intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da 
denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor”. 
Não se aplica o princípio do contraditório na fase de investigação preliminar, pois o 
art. 5º, LV, da CF/88 menciona que o contraditório deve ser observado em processo judicial ou 
administrativo, e o inquérito é considerado um procedimento administrativo, que visa colher 
elementos de informação para fundamentar possível ação penal. 
Por isso, as evidências colhidas em uma investigação preliminar, em regra, não são 
consideradas provas. Provas são elementos de convicção produzidos dialeticamente sob o 
manto do contraditório e da ampla defesa. Uma condenação não pode ser proferidacom base 
exclusivamente em elementos colhidos na fase de inquérito, salvo quando se tratar de prova 
com valor judicial, como as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas, que serão estudadas 
adiante. 
 
Do princípio do contraditório nasce o direito à participação, possibilidade de oferecer 
reação, se manifestar contra a pretensão da parte contrária. Mas a mera possibilidade não basta 
 
16 
quando esse direito é interpretado à luz da isonomia na busca por igualdade substancial no 
processo. Portanto, para que tenhamos um contraditório efetivo e pleno, é preciso assegurar 
aos sujeitos do processo uma participação realmente igualitária considerando as suas 
desigualdades materiais, e essa missão de igualar os desiguais cabe ao julgador. 
O ordenamento jurídico impõe que o acusado, ainda que não tenha interesse em 
contraditar a acusação, tenha a assistência de uma defesa técnica (art. 261 do CPP). Entretanto, 
não basta a sua presença formal no processo, a exigência de um contraditório efetivo obriga 
o defensor a participar ativamente da atividade processual, fundamentando suas manifestações. 
3.2.1 Tipos de contraditório 
a) Contraditório direto ou imediato (contraditório para a prova) – é o contraditório 
praticado durante o ato de produção da prova contraditada, sempre na presença 
das partes e do juiz. EXEMPLO: prova testemunhal. 
b) Contraditório mediato ou diferido (contraditório sobre a prova)– é o contraditório 
adiado ou postergado, exercido depois da produção da prova. EXEMPLO: provas 
produzidas antecipadamente, não repetíveis, como na interceptação telefônica, em 
que o réu somente toma ciência da prova e de seu conteúdo depois que foi 
produzida, oportunidade na qual pode ser exercido o contraditório pela defesa. 
3.3 Princípio da ampla defesa 
Os princípios do contraditório e da ampla defesa são complementares, mas não se 
confundem. O princípio do contraditório torna defesa possível, enquanto o princípio da ampla 
defesa a torna plena, efetiva. O primeiro garante a informação e o segundo garante a reação 
da parte. Lembra que o contraditório é uma garantia que se destina a ambas as partes do 
processo? Pois bem, a ampla defesa se destina apenas ao réu. 
A ampla defesa no processo penal se manifesta de duas formas: a defesa técnica 
(processual ou específica) e a autodefesa (material ou genérica), que são complementares. A 
primeira é realizada por advogado ou defensor público habilitado nos autos, enquanto a 
autodefesa é exercida pelo próprio acusado e ocorre em três contextos: direito ao interrogatório, 
direito de presença nos atos processuais e direito à capacidade postulatória autônoma. 
 
17 
A autodefesa é um direito do réu, de exercício facultativo, ou seja, não causa prejuízo se 
ele não quiser exercê-la. Entretanto, uma vez exercida, obriga o magistrado a analisá-la e a se 
pronunciar sobre ela, sem prejuízo da defesa técnica, sob pena de nulidade absoluta. 
Para assegurar o exercício da autodefesa, em regra, o acusado deve ser citado 
pessoalmente para integrar a relação processual, sendo a citação por hora certa e a citação por 
edital medidas excepcionais. Atenção: se o réu estiver preso é dever do Estado saber a sua 
localização, não se aplicando a citação por edital. 
Súmula 351 do STF: “É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da 
federação em que o juiz exerce a sua jurisdição”. 
Ainda, é necessário que o réu seja intimado dos os atos processuais para que possa 
acompanhá-los (salvo quando há revelia) e das decisões, para que exerça o seu direito de 
recorrer pessoalmente. 
Desdobramentos da autodefesa: 
c) Direito de audiência – é o direito que o acusado tem de expor pessoalmente a 
sua defesa ao juiz por meio do interrogatório. 
d) Direito de presença – é o direito que o acusado tem de, juntamente com o seu 
defensor, acompanhar os atos de instrução processual. 
Entretanto, o direito de presença do réu não é absoluto. Os direitos fundamentais das 
testemunhas e das vítimas à vida, segurança, intimidade e liberdade de declarar, devem sempre 
prosperar quando colidirem com o direito de presença do réu. Caso o direito de presença não 
possa ser exercido pelo réu, deve ser assegurada a presença de seu defensor e um canal de 
comunicação livre e reservada entre ele e o acusado. 
Art. 217 do CPP. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, 
temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique 
a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na 
impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, 
com a presença do seu defensor. 
 
18 
Como fica o deslocamento do réu preso para acompanhar atos processuais? O Supremo 
entende que o acusado, embora preso, tem o direito de comparecer aos atos processuais, 
principalmente os da fase de instrução, sob pena de nulidade absoluta. 
E se o ato de instrução for praticado em comarca diferente daquela em que o réu se 
encontra preso? Independentemente do local em que o réu está detido, ele deve ser requisitado 
para comparecer aos atos processuais. Entretanto, o Supremo entende que, especificamente no 
caso de realização de audiências deprecadas, a ausência do réu preso causa nulidade relativa 
do ato, devendo ser comprovada que a requisição seria oportuna e a presença de efetivo 
prejuízo ao direito de autodefesa do réu. 
a) Direito à capacidade postulatória autônoma – em alguns momentos do processo 
penal é concedida ao acusado capacidade postulatória autônoma, como para interpor 
recursos (art. 577, CPP), impetrar habeas corpus (art. 654, CPP), ajuizar revisão criminal 
(art. 623, CPP) e formular pedidos na fase de execução da pena (art. 195, LEP). 
No caso da capacidade postulatória autônoma, o réu tem o direito de dar o impulso inicial. 
Ou seja, para assegurar a ampla defesa, deve ser garantida a sua assistência técnica nas fases 
posteriores do processo. Por exemplo, o réu pode interpor apelação contra sentença 
condenatória, mas precisará de um defensor técnico para apresentar as razões do recurso. 
De forma concorrente, o defensor também tem legitimidade para recorrer. Súmula 705, 
STF: “A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não 
impede o conhecimento da apelação por este interposta”. Quando houver colisão da vontade 
de recorrer entre o advogado e o acusado, temos dois entendimentos: 1. Prevalece a vontade 
do advogado sobre a do acusado, sob o fundamento de que o defensor é mais preparado 
tecnicamente para saber a possibilidade ou não de obtenção de procedência; 2. Prevalece a 
vontade do acusado sobre a do advogado, já que ele é quem vai sofrer os efeitos da 
 
19 
condenação, e o fato de não existir reformatio in pejus evitaria qualquer outro prejuízo com o 
recurso. Entre as teses, a doutrina majoritária entende que deve prevalecer a que for mais 
benéfica ao réu no caso concreto. 
 
Quanto à defesa técnica, destaca-se que também faz parte do princípio do contraditório 
e do princípio da ampla defesa o direito do réu de escolher o seu próprio advogado. Entretanto, 
precisamos ter em mente que a defesa técnica é indisponível e irrenunciável, ou seja, caso o réu 
se mantenha inerte quando intimado para indicar o seu patrocinador, o juiz deverá nomear um 
advogado dativo ou um defensor público. 
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado 
sem defensor. 
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será 
sempre exercida através de manifestação fundamentada. 
Súmula 708 do STF: “É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos 
da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro”. 
É claro que, se o réu for advogado, ele tem capacidade postulatória para exercer a suaprópria defesa técnica, mas atenção: apesar do evidente conhecimento jurídico, juízes e 
promotores que forem réus em processos criminais não são dotados de capacidade postulatória 
para exercer a própria defesa técnica, pois os membros do MP e da magistratura são impedidos 
de exercer a advocacia. 
 
Caso não haja Defensoria Pública na comarca, o juiz deve nomear advogado dativo para 
ser o defensor do réu, com direito a honorários fixados pelo juiz, segundo tabela da OAB e 
 
20 
pagos pelo Estado, sendo a recusa injustificada de patrocinar a causa considerada infração 
disciplinar. 
Para que se exerça a ampla defesa prevista na CF, não basta a presença formal de um 
defensor, é necessário que a sua atividade no processo para proteger os direitos do réu seja 
percebida e motivada. Por exemplo, no caso de um defensor que se manifesta com peças 
genéricas, que poderiam ser aplicadas em qualquer processo criminal, é possível falar em 
violação da ampla defesa por não existir defesa técnica plena e efetiva. Nesses casos, cabe ao 
Ministério Público e ao juiz a fiscalização da atividade do advogado para evitar uma possível 
nulidade do processo. 
Súmula 523 do STF: “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, 
mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”. 
 
Evidentemente a defesa deve ser exercida sempre em favor do réu, mas isso não quer dizer 
que o defensor precisa sempre pedir a absolvição. No caso concreto, pode ser que o pedido de 
absolvição do acusado seja tecnicamente inviável, por exemplo, no caso do réu que confessa. 
Entretanto, em situações como essa, cabe ao defensor procurar minimizar a sanção, por exemplo, 
pelo reconhecimento de causa de diminuição de pena. 
Por fim, é possível que o mesmo defensor patrocine dois ou mais acusados no mesmo 
processo penal, desde que as teses de defesa não colidam. 
 
21 
3.4 Princípio da publicidade 
O princípio da publicidade processual permite a qualquer cidadão o acesso e a fiscalização 
dos atos jurisdicionais. É um dos elementos mais importantes do sistema acusatório, além de 
viabilizar o Estado Democrático de Direito. 
Art. 93, IX, da CF: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, 
em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em 
casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não 
prejudique o interesse público à informação; 
Art. 5º, XXXIII, da CF: todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu 
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da 
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à 
segurança da sociedade e do Estado; 
Art. 5º, LX, da CF: a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a 
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; 
Como se observa nos dispositivos acima, a regra é que o processo tenha publicidade 
ampla (plena, popular, absoluta ou geral), ou seja, os atos processuais devem ser praticados 
diante das partes e abertos ao público. Por isso, qualquer cidadão pode, por exemplo, 
acompanhar audiência, consultar processos e obter certidões. 
Entretanto, a publicidade não é absoluta. Em algumas situações o processo terá uma 
publicidade restrita (interna, também conhecida como segredo de justiça), em que alguns atos 
ou todos eles serão realizados e publicados apenas para determinadas pessoas interessadas no 
feito e seus respectivos procuradores. Essa restrição ocorre quando o interesse público à 
informação colide com outros interesses importantes que acabam prevalecendo no caso 
concreto, como a intimidade da vítima de abuso sexual. 
 
22 
Decretado o sigilo judicial, somente a própria autoridade que o decretou poderá 
afastá-lo. Nesse contexto, o STF entende que as CPIs não possuem poder para quebrar o sigilo 
de processo mediante requisição (MS 27.483/DF). 
 
É importante ressaltar que as provas cautelares, mesmo aquelas produzidas no curso do 
processo, não implicam em publicidade, nem mesmo às partes e seus procuradores. Veja bem, 
qual seria o sentido de decretar uma interceptação telefônica se o investigado sabe que está 
sendo interceptado? Essa prática tornaria a medida inócua. 
3.5 Princípio da busca da verdade 
A verdade formal é aquela que as partes levam para os autos, enquanto a verdade 
material é o que de fato aconteceu. Durante muitos anos a doutrina ensinou que no direito civil, 
que geralmente discute direitos disponíveis, vigorava o princípio do dispositivo, segundo o qual 
as partes levam as provas ao processo, o magistrado ficava passivo, sem interferir na produção 
de provas, e julga o processo com base no que ali foi demonstrado, ou seja, segundo a verdade 
formal dos autos. Como no processo penal em regra discute-se a liberdade de locomoção do 
acusado, que é um direito indisponível, o juiz seria uma figura com poderes instrutórios e 
participação ativa na produção de provas em busca da verdade dos fatos, a verdade material, 
que também é conhecida como verdade substancial ou verdade real. 
Entretanto, a busca da verdade material como requisito para a realização da pretensão 
punitiva do Estado passou a ser justificativa para arbitrariedades, pois em nome da verdade 
tudo era válido. Atualmente a diferença entre verdade real e verdade formal não é mais aceita. 
Hoje o processo é visto como um meio para efetivar a justiça, independentemente de ser direito 
disponível ou indisponível. 
 
23 
Especificamente no processo penal, entendemos que é praticamente impossível encontrar 
uma verdade absoluta, por mais contundentes que sejam as provas. Portanto, o que se busca 
atualmente é a maior aproximação da certeza dos fatos, a busca pela verdade. Até mesmo 
porque a ação probatória é submetida à algumas restrições, como às provas ilícitas; à leitura de 
documentos ou exibição de objetos em plenário do júri se não tiverem sido juntados aos autos, 
com ciência da outra parte, até três úteis antes; ao depoimento de testemunha que tenham 
ciência do fato em razão da profissão, ofício, função ou ministério... 
Verdade consensual – a Lei 9.099/95 estabeleceu algumas medidas despenalizadoras que 
privilegiam a vontade consensual das partes: composição civil dos danos; transação penal; 
representação da vítima de lesão corporal leve e culposa; e suspensão condicional do processo. 
3.6 Princípio da inadmissibilidade das provas ilícitas 
São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI, da CF). 
Em um Estado Democrático de Direito, apesar da busca pela verdade material, a sua 
descoberta não pode ser feita de qualquer forma. Existem limitações aos meios de provas 
porque eles coexistem com outros direitos. 
Mesmo em prejuízo da verdade, para que tenhamos um processo justo e que respeita os 
direitos e garantias fundamentais, as provas obtidas de forma ilícita devem ser expurgadas do 
processo, sob pena de, aceitas, deslegitimar o sistema processual punitivo. Observe, não tem 
sentido um processo que visa punir a violação de direitos usar de outra violação para tanto. 
Aprofundaremos esse assunto no estudo das provas. 
3.7 Princípio do juiz natural 
O juiz natural é aquele constituído legalmente por regras taxativas de competência. A 
grosso modo, trata-se do direito do indivíduo de saber, antes de cometer uma conduta 
criminosa, a autoridade que irá processar e julgar o feito. 
 
24 
O princípio do juiz natural contrapõe-se ao juízo de exceção, pois veda que um juiz seja 
designado especificamente e arbitrariamente para julgar um caso que já aconteceu, assegurando 
a imparcialidade do julgador e a sua independência. 
3.8 Princípio do nemo tenetur se detegere 
Ninguém é obrigadoa produzir prova contra si mesmo. 
Através do princípio do nemo tenetur se detegere, o ordenamento jurídico protege o 
indivíduo contra excessos do Estado na persecução penal, seja na fase investigatória ou na 
instrução processual, pois veda qualquer medida de coerção física ou moral para que o 
investigado confesse ou colabore em atos processuais que podem levar à sua condenação. 
O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-
lhe assegurada a assistência da família e de advogado (art. 5º, LXIII, da CF). 
Na nossa Constituição Federal, o princípio nemo tenetur se detegere está previsto 
expressamente como o direito do preso ao silêncio, mas a sua essência não se limita a isso. 
Muito mais amplo, esse princípio é uma forma de autodefesa passiva de qualquer indivíduo 
contra imputação de uma conduta criminosa. 
A partir de uma interpretação literal e apressada do texto legal podemos imaginar que o 
princípio só é destinado a tutelar a situação do indivíduo preso. Entretanto, o entendimento 
mais aceito pela doutrina é o de que o ordenamento jurídico garante o direito de não produzir 
provas contra si mesmo também ao indivíduo solto, sendo o titular do direito qualquer pessoa 
que possa se autoincriminar, seja ela suspeita, indiciada, acusada ou condenada. 
Crime de falso testemunho e a autoincriminação: ao contrário do acusado, a testemunha 
tem o dever de falar a verdade, sob pena de incorrer no crime de falso testemunho. Entretanto, 
seria um abuso arrolar uma pessoa como testemunha, com obrigação de dizer sempre a 
 
25 
verdade, para obrigá-la a se incriminar. Nesse contexto, o Supremo já decidiu que não configura 
crime de falso testemunho se o indivíduo na condição de testemunha não revela fatos que 
podem o incriminar. 
“Ofende o princípio da não-autoincriminação denúncia baseada unicamente em confissão 
feita por pessoa ouvida na “condição de testemunha”, quando não lhe tenha sido feita a 
advertência quanto ao direito de permanecer calada” (STF, 2ª Turma, RHC 122.279/RJ, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, J.12/08/2014, DJe 213 29/10/2014). 
 
É mesmo necessária a prévia advertência quanto ao direito ao silêncio? SIM! É uma 
garantia constitucional que, se desobedecida, torna ilícitas todas as provas obtidas a partir da 
declaração do investigado, inclusive as provas dela derivadas. Ademais, é necessário que a 
autoridade que adverte o indivíduo seja clara que o exercício do direito ao silêncio não trará 
nenhum prejuízo. 
Não é lícita a gravação clandestina de conversa informal de policiais com o preso quando 
o este último não consentiu com a gravação e não foi advertido do seu direito ao silêncio. 
A 2ª Turma do Supremo, ao julgar HC em 2010, enfrentou o seguinte caso: o acusado 
concedeu uma entrevista e narrou o modus operandi de dois homicídios que estavam sendo 
imputados a ele. Entretanto, o acusado não foi previamente advertido do seu direito ao silêncio. 
A defesa alegou a dignidade constitucional expressa do direito ao silêncio, mas o Supremo 
entendeu que o dever de advertir os investigados dos seus direitos constitucionais é do Poder 
Público, concluindo não existir nulidade em usar a entrevista concedida espontaneamente pelo 
paciente como prova no processo penal. 
 
 
26 
Assim, é assegurado a qualquer suspeito, indiciado, acusado ou condenado, solto ou preso, o 
direito de não produzir provas contra si mesmo e de que o exercício desse direito não poderá 
usado como prova pela acusação; não será valorado na formação de convicção do julgador; não 
será usado como fundamento para majorar a sua pena, para decretar prisão cautelar; jamais 
será extraída presunção em seu desfavor; não caracteriza crime de desobediência. 
 
3.8.1 Desdobramentos do princípio nemo tenetur se detegere 
Como já mencionado, o princípio do nemo tenetur se detegere não se limita ao direito 
ao silêncio. Vejamos agora quais são os seus mais importantes desdobramentos: 
 Direito ao silêncio: é o direito de não responder as perguntas da autoridade. É 
um direito constitucional do acusado, e sua prática não implica em nenhum 
prejuízo ao investigado; não significa confissão ficta; e não é falta de defesa – ao 
contrário, pode ser uma estratégia defensiva. 
 Direito de não ser constrangido a confessar a prática de ilícito penal: previsto 
no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 14, §3º) e na Convenção 
Americana Sobre Direitos Humanos (art. 8º, §2º, g, e §3º). 
 Inexigibilidade de dizer a verdade: 
Existe o direito de mentir? Alguns doutrinadores entendem que existe o direito de mentir 
porque não há tipificação do crime de perjúrio no nosso ordenamento jurídico. Por outro lado, 
outra parte da doutrina afirma que o princípio do nemo tenetur se detegere não abarcaria uma 
conduta antiética e imoral, usando o mesmo raciocínio que aplica à fuga do preso: a fuga 
também não é considerada crime, mas não podemos dizer que a fuga é um direito do preso! 
Se assim fosse, seria lícito fugir da prisão! 
 
27 
Mas a fuga é prevista como falta grave (LEP, art. 50, II) e não existe punição para a mentira 
do investigado para não se incriminar, e agora? Podemos dizer que, como a verdade 
incriminadora não é exigida do investigado, a mentira é tolerada pelo ordenamento jurídico 
porque na prática não vai gerar nenhum prejuízo ao acusado. 
A mentira tolerada é a mentira defensiva. Temos que diferenciar a mentira defensiva da 
mentira agressiva, pois a esfera de proteção dos direitos do investigado que tolera a mentira 
acaba no limite em que ele passa a invadir a esfera de proteção dos direitos de outra pessoa. 
A mentira defensiva ocorre quando, por exemplo, o investigado inventa um álibi. 
Enquanto a mentira agressiva ocorre quando, por exemplo, o investigado imputa a conduta 
delituosa a terceiro inocente. Nesse caso, se a mentira do investigado deu causa à instauração 
de investigação policial, processo judicial, investigação administrativa, inquérito civil ou ação de 
improbidade administrativa contra alguém que ele sabe ser inocente, o investigado que mentiu 
responderá por denunciação caluniosa. 
É possível reconhecer a incidência do princípio do nemo tenetur se detegere quando um 
segundo delito é cometido para encobrir o primeiro? Por exemplo, quando o agente comete 
fraude processual para ludibriar a perícia, ele responde pelo primeiro crime que está sendo 
periciado em concurso com a fraude processual, ou a fraude processual estaria amparada por 
uma excludente de ilicitude (exercício regular de direito – direito de não produzir prova contra 
si mesmo)? 
O princípio em análise não abarca situação como essa em que a produção da prova não 
depende de atuação direta do investigado. Se fosse assim, matar a testemunha de um crime 
que você praticou seria exercício regular de direito! Nesses casos o que há é um mero temor 
de que a verdade seja revelada sobre o crime anterior, que depende de atividade de terceiro e 
não do sujeito investigado. 
A proteção do direito de não produzir provas contra si mesmo não abarca a prática de 
nova infração penal. Por isso, o Supremo entende que o princípio do nemo tenetur se detegere 
não abrange mentir sobre a identidade pessoal. O fato de o agente se identificar à autoridade 
com nome falso para esconder maus antecedentes não é direito ao silêncio, é crime de falsa 
 
28 
identidade. Súmula 522, STJ: “a conduta de atribuir-se falsa identidade perante a autoridade 
policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa”. 
 Direito de não praticar comportamento ativo autoincriminador: quando for 
necessária uma ação do investigado para a produção da prova é indispensável o 
seu consentimento. A sua recusa em participar não configura crime de 
desobediência, desacato, ou qualquer presunção prejudicial. Nesse contexto, o 
acusado não é obrigado a fornecer padrões vocais para perícia de verificaçãode 
interlocutor; material para exame grafotécnico (nada impede que a autoridade 
judicial determine a apreensão de documentos que possam suprir esse material); 
e configura constrangimento ilegal a prisão preventiva do indivíduo que se recusa 
a participar da reconstituição do crime. 
Atenção: o direito de não produzir provas contra si mesmo, que inclui o direito de não 
praticar comportamento ativo autoincriminador, não vigora quando o investigado é mero objeto 
de verificação. Por exemplo, no reconhecimento pessoal é possível a condução coercitiva do 
indivíduo mesmo que ele não queira participar. 
 Direito de não produzir provas invasivas autoincriminadoras: Exame de sangue, 
ginecológico, de urina, fecal, de saliva, de DNA usando fios de cabelo e a 
radiografia são exemplos de intervenções corporais que podem ser realizadas no 
processo para descobrir circunstâncias fáticas sobre as condições físicas e psíquicas 
do sujeito, ou objetos escondidos nele. A investigação pode ocorrer por meio das 
intervenções corporais, que são procedimentos realizados no corpo do investigado, 
e quando não forem invasivas, podem ser realizadas mesmo sem o consentimento 
do sujeito e com coação direta se for preciso. Ou seja, quando a prova for invasiva, 
é necessário o consentimento do sujeito para a sua realização; mas quando a prova 
for não invasiva, mesmo que o sujeito se recuse a produzi-la, ela ainda poderá ser 
feita. 
Olha que curioso: a constituição não estabeleceu reserva de jurisdição para determinar 
que sejam produzidas intervenções corporais. Portanto, as medidas podem ser determinadas 
pela autoridade policial, sem necessidade de prévia autorização judicial. 
 
29 
Atenção: mesmo com consentimento do sujeito, não é possível submeter alguém a 
intervenção corporal que ofenda a dignidade da pessoa humana ou que coloque em risco a sua 
integridade física ou psíquica. Por exemplo, não pode submeter uma grávida a exame de raio-
x. 
Caso do bafômetro: o art. 277 do Código de Trânsito Brasileiro dispõe que o condutor 
de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito, ou que for alvo de fiscalização de 
trânsito, poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que, por 
meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita certificar influência 
de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência. 
A infração administrativa por dirigir sob esse tipo de influência é prevista no art. 165 do 
CTB; pode ser demonstrada por meio de imagem, vídeo, sinais que indiquem a alteração da 
capacidade psicomotora ou qualquer outra prova admitida pelo direito; e tem como penalidade 
multa, recolhimento administrativo de documento de habilitação e retenção do veículo até a 
apresentação de condutor habilitado. Essas penalidades administrativas também são aplicáveis 
ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos que demonstrem a 
sua condição. 
Veja, no processo penal, por força do princípio da presunção de inocência não é permitido 
que o ônus da prova seja invertido quando o investigado se recusa a participar da produção de 
prova invasiva. Claro que no âmbito administrativo o sujeito também não é obrigado a produzir 
prova contra si mesmo, mas a sua recusa vai gerar a inversão do ônus da prova, ou seja, no 
caso do art. 165 do CTB, presume-se que o condutor estava sob influência de álcool ou outra 
substancia psicoativa que determine dependência, cabendo a ele comprovar que isso não é 
verdade. 
Vale destacar que o grau de dosagem etílica não mais integra o tipo incriminador da 
embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) desde 2012, portanto, agora o delito pode ser provado 
não apenas com testes invasivos como o bafômetro, mas também por prova testemunhal ou 
exame de corpo de delito indireto ou supletivo. É pacífico o entendimento de que a recusa do 
condutor de realizar procedimentos invasivos como o bafômetro ou exame de sangue não 
 
30 
configura crime de desobediência e criminalmente não pode ser interpretada desfavoravelmente 
ao investigado. 
3.9 Princípio da proporcionalidade 
Atenção: o princípio da proporcionalidade NÃO está previsto expressamente na CF. É um 
fundamento do princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV, CF). 
Esse princípio tem importante incidência na atuação do Estado, pois toda atividade estatal 
deve ser dotada de razoabilidade, para tutelar os direitos fundamentais dos indivíduos, proibindo 
possíveis excessos e arbítrios do Poder Público. 
Para que o princípio da proporcionalidade seja aplicado de forma segura e legítima, deve 
seguir os pressupostos do princípio da legalidade processual, como pressuposto formal, e o 
princípio da justificação teleológica, como pressuposto material. 
A proporcionalidade deve observar o princípio da legalidade processual tendo em vista 
que, por ele, qualquer medida que restrinja direitos fundamentais deve ser prevista em lei escrita, 
estrita e prévia (nulla coactio sine lege), o que evita ações arbitrárias e ilegítimas do Estado com 
o pretexto de alcançar a proporcionalidade. 
Quando tratamos o princípio da justificação teleológica como pressuposto material da 
aplicação do princípio da proporcionalidade, significa que devemos legitimar a aplicação da 
medida através da sua necessidade em relação ao fim que pretendemos alcançar. 
Além dos pressupostos que a aplicação do princípio da legalidade deve observar para 
que seja considerada legítima, temos os seguintes requisitos do princípio da proporcionalidade: 
Requisitos extrínsecos: judicialidade e motivação. Judicialidade é a exigência que os 
direitos fundamentais só sejam limitados por decisão de um juiz competente – cláusula de 
reserva de jurisdição. Essa decisão judicial precisa ser motivada, também por se tratar de 
restrição a direito fundamental. Só com a motivação é que poderá ocorrer impugnação e 
fiscalização da atividade jurisdicional. 
 
31 
Requisitos intrínsecos: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. 
Esses requisitos intrínsecos também são denominados de subprincípios da proporcionalidade, 
ou chamados de seus elementos. 
 Adequação: também chamado de princípio da idoneidade ou da conformidade. 
De acordo com o subprincípio da adequação, a medida que restringe direito 
fundamental é adequada quando for capaz de atingir o fim almejado. Não é 
adequado adotar uma medida restritiva de direitos fundamentais se ela não for 
apropriada para alcançar o resultado pretendido. Exemplos: a) se o objetivo é 
evitar a fuga do acusado, não é adequado decretar a proibição de entrar em 
contato com determinadas pessoas – essa medida seria qualitativamente 
inadequada; b) se uma prisão preventiva foi decretada para assegurar a 
conveniência da instrução criminal, quando a instrução for concluída a medida 
deve ser revogada – caso não seja, essa medida seria quantitativamente 
inadequada. Concluindo: notou que no requisito adequação existe uma relação 
de meio e fim? Pois é, resumindo, para saber se uma medida é adequada basta 
se perguntar no caso concreto se o meio escolhido contribui para o resultado 
pretendido. 
 Necessidade: também chamado de exigibilidade ou princípio da intervenção 
mínima, da menor ingerência possível, da alternativa menos gravosa, da 
subsidiariedade ou da proibição de excesso. De acordo com o subprincípio da 
necessidade, dentre todas as medidas que são adequadas ao caso, deve ser 
adotada aquela que seja menos gravosa, aquela que menos restrinja o direito 
fundamental. É pelo princípio da necessidade que os órgãos jurisdicionais 
precisam buscar medidas alternativas que, claro, sejam idôneas a alcançar o fim 
almejado. Por exemplo, se o fato pode ser provado por outro meio, não há 
justificativa para autorizar a interceptação telefônica e a sua consequente invasão 
de intimidade. 
 Proporcionalidade em sentido estrito:por esse subprincípio, impõe-se ao 
julgador uma ponderação entre o benefício e o ônus que a medida a ser adotada 
trará. Trata-se de uma relação de custo-benefício da medida – o gravame ao 
 
32 
direito fundamental restringido guarda proporcionalidade com a importância do 
bem jurídico que com a medida será protegido? 
 
 
33 
 
 
 
QUADRO SINÓPTICO 
 INTRODUÇÃO 
CONCEITO 
Conjunto de normas e princípios que regulam a aplicação jurisdicional do 
Direito Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária e a 
estruturação dos órgãos da função jurisdicional. É ramo do direito público. 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 
Privativa da União, podendo ser atribuída aos estados-membros a competência 
sobre questões específicas de direito local mediante lei complementar. Já em 
relação ao Direito Penitenciário, afeto à execução penal, a competência é 
concorrente entre os entes. 
CARACTERÍSTICAS 
 Autonomia 
 Instrumentalidade 
 Normatividade 
 
SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS 
SISTEMA INQUISITORIAL 
Juiz inquisitor – apura, acusa e julga; secreto; sem contraditório; sem garantias 
para o acusado, que é um objeto de investigação, e não um sujeito de direitos. 
SISTEMA ACUSATÓRIO 
É o sistema adotado no Brasil. A acusação e a defesa são separadas do órgão 
julgador e estão no mesmo patamar de igualdade em relação ao juiz; presença 
do contraditório e da ampla defesa; princípio da inércia do juiz; oralidade e 
publicidade do processo; princípio da presunção de inocência; imparcialidade 
do julgador. 
SISTEMA MISTO 
Tem uma fase processual de instrução preliminar secreta, a cargo do juiz, 
seguindo o sistema inquisitivo; e outra fase processual pública, em que 
predomina o contraditório nos moldes do sistema acusatório. 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO PENAL 
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE 
INOCÊNCIA 
Todo acusado é presumido inocente até que se comprove sua culpabilidade. 
 
34 
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO 
É a garantia de ciência dos atos processuais pelas partes e a possibilidade 
de contraditar provas e argumentos elencados pela parte contrária no 
processo. 
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA 
A ampla defesa no processo penal se manifesta de duas formas: a defesa 
técnica (processual ou específica) e a autodefesa (material ou genérica), 
que são complementares. A primeira é realizada por advogado ou defensor 
público habilitado nos autos, enquanto a autodefesa é exercida pelo próprio 
acusado e ocorre em três contextos: direito ao interrogatório, direito de 
presença nos atos processuais e direito à capacidade postulatória 
autônoma. 
PRINCÍPIO DA PUBICIDADE Permite a qualquer cidadão o acesso e a fiscalização dos atos jurisdicionais. 
PRINCÍPIO DA BUSCA DA 
VERDADE 
Maior aproximação da certeza dos fatos, a busca pela verdade. Até mesmo 
porque a ação probatória é submetida à algumas restrições, como às provas 
ilícitas. 
PRINCÍPIO DA 
INADMISSIBILIDADE DAS 
PROVAS ILÍCITAS 
Existem limitações aos meios de provas porque eles coexistem com outros 
direitos. 
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL 
O juiz natural é aquele constituído legalmente por regras taxativas de 
competência. É direito do indivíduo de saber, antes de cometer uma conduta 
criminosa, a autoridade que irá processar e julgar o feito. 
PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR 
SE DETEGERE 
Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. 
PRNCÍPIO DA 
PROPORCIONALIDADE 
Adequação + necessidade + proporcionalidade em sentido estrito. 
 
 
 
35 
 
 
QUESTÕES COMENTADAS 
Oi concurseiro, foram colocadas questões de diversas carreiras, além de Tribunais, para que a prática fique 
mais atualizada possível. Mas fica tranquilo, as bancas são todas conhecidas por também realizarem concursos 
de tribunais. 
 
Questão 1 
(CESPE - 2019 - TJ-AM - Assistente Judiciário) Com relação a provas, julgue o próximo item. 
Provas obtidas por meios ilícitos podem excepcionalmente ser admitidas se beneficiarem o réu 
 
Certo 
Errado 
Comentário: 
A CRFB/88 em seu artigo 5º, inciso LVI, aduz que são inadmissíveis as provas obtidas 
por meios ilícitos e o artigo 157 do Código de Processo Penal determina que as provas ilícitas 
e as derivadas destas, teoria dos frutos da árvore envenenada, (salvo quando não evidenciado 
o nexo de causalidade entre uma e outra ou quando puderem ser obtidas por fonte 
independente) devem ser desentranhadas. 
O Pacote Anticrime, incluiu o parágrafo quinto no referido artigo 157, para determinar 
que “o juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a 
sentença ou acórdão”. 
A decisão da possibilidade do uso da prova ilícita em favor do acusado necessita de 
análise dos princípios da proporcionalidade, razoabilidade e análise do caso concreto, podendo 
ser utilizada em situações excepcionais, e além das análises já citadas, não pode prejudicar 
terceiros e está vinculada a prova da inocência. 
 
Questão 2 
 
36 
(CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto) Acerca do princípio da identidade física do juiz, é 
correto afirmar que 
A) a doutrina relaciona esse princípio com os subprincípios da oralidade, da concentração dos 
atos e da imediatidade. 
B) o Código de Processo Penal dispõe expressamente hipóteses de limitação de aplicação desse 
princípio. 
C) o STF restringiu a eficácia desse princípio ao estabelecer o encerramento da instrução 
processual penal como marco para a prorrogação da competência quanto aos limites do foro 
por prerrogativa de função. 
D) a oposição de embargos declaratórios contra sentença condenatória proferida por juiz 
substituto é hipótese na qual se prorroga a competência desse magistrado, em obediência ao 
referido princípio. 
Comentário: 
“O princípio da identidade física do juiz exige, por decorrência lógica, a observância dos 
subprincípios da oralidade, concentração dos atos e imediatidade. Foi seguindo essa lógica que 
se procedeu a alteração procedimental para criar condições de máxima eficácia dos 
subprincípios. É um “encadeamento sistêmico”, como define PORTANOVA, que começa com a 
necessidade de uma atuação direta e efetiva do juiz em relação à prova oralmente produzida, 
sem que possa ser mediatizada através de interposta pessoa” LOPES JR, Aury. Direito processual 
penal, 15ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018. 
Acerca de cada um desses subprincípios, confira as elucidativas observações de Fernando 
Capez e Renato Marcão: 
“Princípio da oralidade: (…) deve haver a predominância da palavra falada (depoimentos, 
debates, alegações); os depoimentos são orais, não podendo haver a substituição por outros 
meios, como as declarações particulares. Como corolário desse princípio, decorrem outros dois 
subprincípios, quais sejam, o da imediatidade do juiz com as partes e com as provas e o da 
concentração. A reforma processual penal, operada pelas Leis n. 11.689/2008 e 11.719/2008, 
primou pelo princípio da oralidade, 
 
37 
Princípio da concentração: como consequência do princípio da oralidade, busca-se 
concentrar toda a produção da prova na audiência” CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal, 
24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018. 
Princípio da imediatidade: “Decorre da proximidade do juiz com a prova por ele colhida. 
Quando procede ao interrogatório do acusado; à tomada de declarações da vítima ou à 
inquirição de testemunha, pela imediatidade que haverá entre eles (proximidade entre o juiz e 
a pessoa por ele ouvida em audiência), o juiz reunirá condições de compreender melhor a cena 
em que os fatos se deram; o ambiente em que o delito ocorreu; aferir o nível de cultura ou 
simplicidade dos envolvidos; o grau de confiabilidade e segurança das informações colhidas 
etc.” MARCÃO, Renato. Curso de processo penal, 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2017. 
 
Questão 3 
(CESPE - 2020 - MPE-CE - Promotor de Justiça de Entrância Inicial) Durante prisão em 
flagrante de Paulo pelo cometimento de crime de homicídio, policiais analisaram os registrostelefônicos das últimas ligações no aparelho celular dele e identificaram o número de outro 
envolvido, Pablo, que foi acusado de ser o possível mandante. Após a prisão de ambos, a defesa 
de Pablo impetrou habeas corpus, sob o argumento de que os policiais haviam violado o direito 
fundamental de sigilo das comunicações de dados, estabelecido no inciso XII do art. 5.º da 
Constituição Federal de 1988 (CF) — “XII é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por 
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal 
ou instrução processual penal”. 
Quanto à extensão da proteção conferida pelo referido dispositivo constitucional na situação 
hipotética em apreço, assinale a opção correta, à luz da jurisprudência do STF. 
A) Houve violação do direito fundamental ao sigilo das comunicações telefônicas. 
B) A apreensão dos dados armazenados caracteriza violação do sigilo de comunicação de dados. 
C) Não houve violação do direito ao sigilo das comunicações telefônicas. 
D) As provas decorrentes da análise policial são inadmissíveis, segundo a teoria do fruit of the 
poisonous tree. 
 
38 
E) A análise empreendida pelos policiais caracteriza interceptação telefônica, logo dependia de 
prévia autorização judicial. 
 
Comentário: 
A questão exige o entendimento do STF sobre o tema. Para responde-la, é necessário fazer 
diferenciação entre a interceptação das comunicações telefônicas e a quebra de sigilo de dados: 
- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA: diz respeito a algo que ainda está acontecendo. 
- REGISTRO TELEFÔNICO (DADOS): está relacionado com as chamadas telefônicas pretéritas, os 
dados da data da chamada, horário, número de telefone, duração etc. 
O registro telefônico é o histórico das ligações e demais comunicações telefônicas, 
efetuadas de um número a outro. Não se submetem à mesma proteção jurídica das 
“comunicações de dados" do art. 5º, inciso XII, da CF/88. 
Sobre a questão propriamente dita, mesmo tendo sido apreendido o celular e analisado 
os registros telefônicos, não houve uma violação do direito ao sigilo das comunicações 
telefônicas, mas sim, violação ao sigilo de dados (não houve qualquer violação as comunicações, 
tendo em vista que os policiais tiveram acessos aos dados registrados no celular. 
O STF enfrentou o tema e vai decidir em sede de Repercussão Geral sobre essa temática: 
EMENTA CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. PERÍCIA REALIZADA PELA AUTORIDADE 
POLICIAL EM APARELHO CELULAR ENCONTRADO FORTUITAMENTE NO LOCAL DO CRIME. 
ACESSO À AGENDA TELEFÔNICA E AO REGISTRO DE CHAMADAS SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. 
ACÓRDÃO RECORRIDO EM QUE SE RECONHECEU A ILICITUDE DA PROVA (CF, ART. 5º, INCISO 
LVII) POR VIOLAÇÃO DO SIGILO DAS COMUNICAÇÕES (CF, ART. 5º, INCISOS XII). QUESTÃO 
EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. MATÉRIA PASSÍVEL DE REPETIÇÃO EM INÚMEROS 
PROCESSOS, A REPERCUTIR NA ESFERA DO INTERESSE PÚBLICO. TEMA COM REPERCUSSÃO 
GERAL. (ARE 1042075) 
 
Questão 4 
 
39 
(IADES - 2019 - SEAP-GO) A respeito do princípio da unidade da jurisdição, assinale a 
alternativa correta. 
A) Ele assegura às partes um julgamento coeso, sem divergências entre a prova dos autos e a 
decisão de mérito. 
B) Esse é o princípio segundo o qual a jurisdição, como função do poder soberano do Estado 
de aplicar a lei ao caso, é única em si e nos seus fins. 
C) Conforme o referido princípio, somente o órgão jurisdicional, constitucionalmente 
competente, pode processar e julgar uma causa. 
D) Segundo esse princípio, não há pena sem processo. 
E) Ele visa a assegurar que as partes sejam julgadas por um juiz imparcial e independente. 
Comentário: 
Conforme o Princípio da Unidade a jurisdição é uma só, ou seja, exercida com a 
finalidade de aplicação do direito objetivo ao caso concreto. Observa-se que não afasta esta 
unidade o fato de classificar-se em penal ou civil, conforme tenha por objetivo, respectivamente, 
a aplicação de uma norma de direito penal ou extrapenal. Isso porque, seja uma ou outra a 
finalidade da jurisdição, é certo que será exercida por órgãos do Poder Judiciário. 
 
Questão 5 
(CESPE - 2019 - TJ-PA - Juiz de Direito Substituto) Acerca de princípios processuais 
constitucionais, assinale a opção correta. 
A) Em razão do princípio da inocência, caso o crime seja um fato típico, antijurídico e culpável, 
caberá à acusação provar a inexistência da causa de exclusão da antijuridicidade alegada pelo 
réu. 
B) Em razão do princípio in dubio pro reo, a qualificadora do crime de roubo pelo uso de arma 
será excluída se o réu alegar ter utilizado um simulacro de arma de fogo que tenha sido 
confundido pela vítima. 
C) Fere os princípios do contraditório e da ampla defesa a não intimação da defesa acerca da 
expedição de carta precatória para oitiva de testemunha arrolada residente em outra comarca 
 
40 
D) O princípio do juiz natural impede o desaforamento de julgamentos do tribunal do júri para 
comarca que não seja circunvizinha de local que gere dúvida acerca da imparcialidade dos 
jurados. 
E) Fere o princípio da vedação de provas ilícitas a apreensão, sem prévia autorização judicial de 
busca, de substância entorpecente na residência de investigado por associação criminosa para 
o tráfico ilícito de drogas. 
Comentário: 
O enunciado de súmula nº 273 do STJ dispõe que “intimada a defesa da expedição da 
carta precatória, torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado". A 
questão está correta ao dispor que fere os princípios do contraditório e da ampla defesa a não 
intimação da defesa acerca da expedição de carta precatória para oitiva de testemunha arrolada 
residente em outra comarca. Não é necessária a intimação do acusado e de seu defensor da 
data da audiência, bastando a cientificação da expedição de carta precatória. Observe que a 
questão fala justamente da intimação acerca da expedição da carta precatória, que, segundo a 
jurisprudência é necessária, sob pena de ferir os princípios do contraditório e da ampla defesa. 
 
Questão 6 
(IDIB - 2019 - Prefeitura de Petrolina) Sobre as disposições constitucionais aplicáveis ao Direito 
Processual Penal, analise os itens a seguir: 
I. Costuma-se falar que o princípio da individualização da pena tem caráter meramente relativo, 
já que não foi contemplado na Constituição Federal. 
II. Na seara processual penal, o princípio da razoável duração do processo deve ser harmonizado 
com outros princípios constitucionais, não podendo ser considerado de maneira isolada e 
descontextualizada do caso concreto, a pretexto de acelerar a condenação do acusado. 
III. O princípio da não autoincriminação garante o pleno direito ao silêncio do acusado, mas não 
impede que o mesmo seja investigado pelos fatos sobre os quais não se pronunciou. 
 
Analisados os itens, pode-se afirmar corretamente que: 
 
A) Apenas o item I está correto. 
 
41 
B) Apenas o item II está correto. 
C) Apenas o item III está correto. 
D) Apenas os itens I e II estão corretos. 
E) Apenas os itens II e III estão corretos. 
 
Comentário: 
I- Costuma-se falar que o princípio da individualização da pena tem caráter meramente 
relativo, já que não foi contemplado na Constituição Federal. artigo 5º CF, XLVI - a lei regulará 
a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes :a) privação ou restrição da 
liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição 
de direitos; 
II- Na seara processual penal, o princípio da razoável duração do processo deve ser 
harmonizado com outros princípios constitucionais, não podendo ser considerado de maneira 
isolada e descontextualizada do caso concreto, a pretexto de acelerar a condenação do acusado. 
III- O princípio da não autoincriminação garante o pleno direito ao silêncio do acusado, mas 
não impede que o mesmo sejainvestigado pelos fatos sobre os quais não se pronunciou. 
 
Questão 7 
(CESPE - 2019 - PGE-PE ) No que se refere aos direitos individuais e à aplicação dos princípios 
do contraditório e da ampla defesa, julgue o item a seguir. 
É nula a sentença condenatória fundamentada exclusivamente em elementos colhidos em 
inquérito policial. 
Certo 
Errado 
Comentário: 
O STF entende que a ampla defesa e o contraditório não se aplicam na fase do inquérito 
policial ou civil. Por esse motivo, é nula a sentença condenatória proferida exclusivamente com 
base em fatos narrados no inquérito policial. O juiz pode usar as provas colhidas no inquérito 
para fundamentar sua decisão; entretanto, por não ter sido garantida a ampla defesa e o 
 
42 
contraditório na fase do inquérito, as provas nele obtidas não poderão ser os únicos elementos 
para motivar a decisão judicial. 
 
 
 
Questão 8 
(VUNESP - 2018 - TJ-SC ) A respeito dos princípios e garantias processuais penais, é correto 
dizer que 
A) encerrada a instrução criminal, não há que se reconhecer excesso de prazo da prisão, restando 
superada eventual ofensa ao princípio da duração razoável. 
B) a ampla defesa, princípio constitucional implícito, abrange tanto a defesa técnica quanto a 
autodefesa. 
C) a criação de justiça especializada é vedada, em nosso sistema jurídico, já que viola o princípio 
do juiz natural, por ensejar um “tribunal de exceção”. 
D) o princípio do duplo grau de jurisdição é princípio constitucional explícito, aplicando-se, 
inclusive, aos feitos de competência originária. 
E) no que diz respeito ao princípio da publicidade, o interesse público à informação, segundo a 
Constituição, não se sobrepõe à proteção da intimidade. 
Comentário: 
Súmula 52 do Superior Tribunal de Justiça, "encerrada a instrução criminal, fica superada 
a alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo " 
 
Questão 9 
(VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia) A lei processual penal admite 
A) interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais 
de direito. 
B) interpretação restritiva, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. 
C) aplicação analógica apenas in bonam partem. 
 
43 
D) interpretação extensiva sem aplicação da analogia. 
E) aplicação em todo o território brasileiro, sem exceção. 
Comentário: 
A resposta está na letra de lei. Vejamos: 
Art. 3º do CPP: A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação 
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. 
 
Questão 10 
(FCC - 2018 - DPE-MA) “Um homem acusado de assalto foi morto por linchamento pela 
população em São Luís do Maranhão. Segundo a Polícia Militar (PM), J.F.B agiu com um 
comparsa na abordagem de um eletricista em uma parada de ônibus, na Avenida Marechal 
Castelo Branco" (Portal G1 MA, 10/04/2018). A notícia acima demonstra a NÃO observância do 
seguinte princípio do processo penal democrático: 
A) contraditório. 
B) jurisdicionalidade ou necessidade. 
C) imparcialidade. 
D) juiz natural. 
E) paridade de armas. 
Comentário: 
O princípio da jurisdicionalidade ou necessidade parte da premissa de que toda prisão 
cautelar deve partir de uma decisão fundamentada oriunda de um magistrado, inexistindo 
qualquer excepcionalidade a tal regra. Desse modo, apenas ao juiz é concedido o poder de 
dizer o direito que segue as leis e princípios do ordenamento jurídico. Percebe-se no fato 
narrado que houve uma afronta a tal princípio, na medida em que os cidadãos lincharam um 
homem acusado de assalto. 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO 
Questão 1 - CERTO 
Questão 2 - A 
Questão 3 - C 
Questão 4 - B 
Questão 5 - C 
Questão 6 - E 
Questão 7 - CERTO 
Questão 8 - A 
Questão 9 - A 
Questão 10 - B 
 
 
 
 
 
45 
 
QUESTÃO DESAFIO 
É possível interrogatório travestido de entrevista no momento do 
cumprimento do mandado de busca e apreensão? Há violação de 
algum princípio processual nessa atitude? 
 
 
46 
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO 
Não é possível. Há a obrigação constitucional, por parte das autoridades públicas, de 
comunicação dos direitos ao investigado, nos moldes do art. 5º, inciso LXIII, da CF. Esse 
tipo de "entrevista" viola o princípio do nemo tenetur se detegere. 
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta: 
 Art. 5º, inciso LXIII, da CF. 
O artigo 5º, LXII, inserido como garantia fundamental na Constituição, estabelece que “o 
preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistência da família e de advogado”. Apesar do diploma constitucional conter o 
termo preso, deve-se perceber que a garantia não é destinada apenas a quem está encarcerado. 
A melhor interpretação também se estende a qualquer investigado ou acusado. O que o 
constituinte diz, quando ele assegura o direito de permanecer calado, é que a pessoa não pode 
ser obrigada a se incriminar ou, em outras palavras, que ela não pode ser obrigada a produzir 
prova contra si e isso pode ser aplicado para qualquer fase processual. 
É dever das autoridades estatais informar aos investigados que eles possuem o direito de 
permanecer em silêncio, pois esta é a forma de preservar e garantir o princípio do nemo tenetur 
se detegere. Essa garantia constitucional é tão importante que o legislador, inclusive, faz 
referência a ela na legislação infraconstitucional. A título de exemplo, tem-se a Lei da prisão 
temporária (Lei nº 7.960/89), que em seu art. 2º, § 6º preceitua: “efetuada a prisão, a autoridade 
policial informará o preso dos direitos previstos no art. 5º da Constituição Federal”. 
O objetivo do art. 5º, inciso LXIII, da CF, é manter a honestidade do processo, em que o 
particular sempre tenha ciência dos seus direitos, evitando que ele seja enganado ou que se 
sinta obrigado a confessar. A boa-fé deve ser o plano de fundo de qualquer relação jurídica, 
inclusive das criminais. 
Sobre a intenção do art. 5º, inciso LXIII, a doutrina comenta o seguinte: “Consiste, grosso 
modo, na proibição de uso de qualquer medida de coerção ou intimidação ao investigado (ou 
acusado) em processo de caráter sancionatório para obtenção de uma confissão ou para que 
 
47 
colabore em atos que possam ocasionar sua condenação.” (Lima, Renato Brasileiro de. Manual 
de processo penal: volume único. 8. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2020. P. 71). 
 Viola o princípio do nemo tenetur se detegere 
Houve clara violação do direito ao silêncio e à não autoincriminação. Como anota Maria 
Elizabeth Queijo, o princípio do nemo tenetur se detegere “objetiva proteger o indivíduo contra 
excessos cometidos pelo Estado, na persecução penal, incluindo-se nele o resguardo contra 
violências físicas e morais, empregadas para compelir o indivíduo a cooperar na investigação e 
apuração de delitos, bem como contra métodos proibitivos de interrogatório, sugestões e 
dissimulações”. (QUEIJO, Maria Elizabeth. O direito de não produzir prova contra si mesmo: o 
princípio nemo tenetur se detegere e suas decorrências no processo penal. São Paulo: Saraiva, 
2003. p. 55.). 
Analisando essa situação, em que os atores estatais se aproveitam do cumprimento do 
mandado de busca e apreensão para extrair informações do investigado, o STF entendeu que 
houve uma espécie de interrogatório “forçado”, fato que é inadmissível por afrontar o direito 
ao silêncio e à não autoincriminação. 
Observe: “É nula a “entrevista” realizada pela autoridade policial com o investigado, 
durante a busca e apreensão em sua residência, sem que tenha sido assegurado ao investigado 
o direito à prévia consulta a seu advogado e sem que ele tenha sido comunicado sobre seu 
direito ao silêncio e de não produzir provas contra si mesmo. Trata-se de um “interrogatório 
travestido de entrevista”, havendo violação do direito ao silêncio

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