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Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2017 / 1º 262 BIOMEDICINA IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DA REDE INTEGRADA DE BANCOS DE PERFIS GENÉTICOS (RIBPG) NA ELUCIDAÇÃO DE CRIMES CREATION´S IMPORTANCE OF THE REDE INTEGRADA DE BANCOS DE PERFIS GENÉTICOS (RIBPG) TO CRIMES ELUCIDATION STEPHANIE OLIVIERI DE ALMEIDA E SILVA ALEXANDRE SOARES Resumo Introdução: O Brasil é um país que apresenta altos índices de criminalidade, além de um baixo índice de resolução de crimes, com menos de 10% dos casos sendo solucionados. Um banco de dados de DNA, como ferramenta investigativa, já se mostrou bastante eficiente, ajudando em diversas investigações e inclusive na prevenção de crimes em vários países que já o utilizam. No Brasil, a criação da lei 12.654/12 e da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG) é ainda recente, mas os dados já mostram que os perfis genéticos podem ser grandes aliados da justiça. Objetivo: Mostrar a importância da criação de um banco de dados de DNA para a elucidação de crimes, além de divulgar a Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG). Materiais e Métodos: Este trabalho foi realizado através de uma revisão bibliográfica, utilizando artigos científicos pesquisados em bancos de dados como Scielo.br e PubMed. Foram aceitos artigos publicados entre o ano 2000 ao ano de 2016. Resultado: Estudos mostraram que um aumento no número de perfis genéticos nos bancos de dados de DNA resulta na redução dos números de homicídios e estupros. Além disso, utilizar bancos de dados de DNA nas investigações criminais aumenta o número de casos resolvidos. Conclusão: utilizar um Banco de dados de DNA como ferramenta investigativa pode ajudar na elucidação de crimes, assim como na diminuição da criminalidade. Palavras-Chave: banco de dados de DNA; criminalística; lei 12.654/12. Abstract Introduction: Brazil is a country with high crime rates, as well as a low crime resolution rate, with less than 10% of cases being solved. A DNA database, as an investigative tool, has proved to be quite efficient, helping in several investigations and even crime prevention in several countries that already use it. In Brazil, the creation of Law 12.654/12 and of Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG) is still recent, but data already show that genetic profiles can be great allies of justice. Objective: To show the importance of creating a DNA database for the elucidation of crimes, in addition to publicizing the Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG). Materials and Methods: This work is a bibliographical review about the themes, and the search for articles was carried out largely in databases such as Scielo.br and PubMed. Articles were accepted from the year 2000 to the year 2016. Results: Studies have shown that an increase in the number of genetic profiles in DNA databases results in a reduction in the numbers of homicides and rapes. In addition, using DNA databases in criminal investigations increases the number of resolved cases. Conclusion: Using a DNA database as a investigative tool can help in elucidating crimes as well as reducing crime. Keywords: DNA databases; criminalistics; law 12.654/12. INTRODUÇÃO O principal objetivo de qualquer ciência forense é o de estabelecer uma individualidade, ou se aproximar ao máximo disso Dentro da criminalística, a identificação forense é a área que visa a individualização, processo esse, essencial durante uma investigação criminal1. A identidade é definida quando um conjunto de características pode tornar um indivíduo único, diferenciando-o dos demais, enquanto o meio empregado para se determinar ou não a identidade de um indivíduo é denominado como processo de identificação2. A identificação humana se tornou uma ferramenta importante e indispensável nas investigações criminais, ao mesmo tempo em que as técnicas de individualização ganharam fundamentação científica. Tendo em vista que o Brasil apresenta altos índices de taxa de homicídios e estupros, a identificação de vítimas e de autores de delitos se torna um processo essencial nas investigações de crimes3. Uma das primeiras técnicas de identificação de pessoas foi o sistema de Bertillon, ou bertillonnage, criado por Alphonse Bertillon, um criminologista da polícia francesa, que consistia na identificação humana através da antropometria. O bertillonnage surgiu na França no século XIX e foi mundialmente difundido a partir do Segundo Congresso de Antropologia Criminal, ocorrido em Paris em 1889. Chegou ao Brasil no ano de 1894 quando um gabinete antropométrico foi instaurado na polícia do Rio de Janeiro4. No começo do século XX a técnica de bertillonnage começou a entrar em declínio, por ter sido considerada com o tempo, um estigma, uma prática vexatória, além de ter tido sua legalidade questionada e ter se mostrado uma técnica imprecisa4. A papiloscopia, ciência que estuda as papilas dérmicas foi aos poucos ocupando o lugar do bertillonnage. Uma de suas ramificações, a datiloscopia, que estuda as impressões digitais, é uma técnica de identificação humana de extrema importância, ainda utilizada nos dias de hoje, por se basear na perenidade, individualidade, variabilidade e imutabilidade encontrada nas impressões digitais2. Entretanto a técnica de identificação humana que mais vem ganhado espaço no mundo é a identificação através do ácido desoxirribonucleico (DNA). Essa técnica tem se tornado imprescindível na investigação criminal, sendo considerada superior a outras técnicas, inclusive a análise datiloscópica5. O material genético é uma ferramenta muito útil atualmente para a resolução de crimes, já que cada indivíduo possui um perfil genético único. Essa ferramenta se mostra superior e muito mais precisa do que técnicas forenses utilizadas Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2017 / 1º 263 anteriormente, como a identificação fotográfica e datiloscópica5. Das várias técnicas de identificação humana utilizadas atualmente, a análise de DNA apresenta grande destaque, visto que, materiais biológicos de naturezas diversas são encontrados com frequência em cenas de crime6. Além disso a análise de DNA como forma de se identificar uma pessoa apresenta inúmeras vantagens, já que se encontra presente em todas as células nucleadas do organismo humano e apresenta uma alta estabilidade química mesmo com o passar de um longo período de tempo, o que possibilita a análise até mesmo de tecidos que já estejam mortos há anos7. A molécula de DNA, apresenta robustez e alta resistência a degradações, além de conter todas as informações genéticas de um indivíduo o que a torna ideal para identificações em investigações criminais8. O primeiro caso de identificação humana através do DNA ocorreu na Inglaterra em 1985, onde duas mulheres foram estupradas e assassinadas. O geneticista Alec Jeffreys, que residia no local, coletou e analisou amostras de esperma de ambas as vítimas e concluiu que o perfil genético gerado por essas amostras era o mesmo. A partir de uma falsa campanha de doação de sangue, a polícia local obteve várias amostras de DNA que foram analisadas por Alec Jeffreys até que o perfil genético de um viajante na cidade se mostrou compatível com a do estuprador9. A partir da década de 80, surgiram muitos estudos na área da biologia molecular, o que contribuiu imensamente com a área de identificação humana e da investigação criminal. Para se obter o perfil genético de um indivíduo através de uma evidência biológica encontrada em uma cena de crime, a amostra, após coleta apropriada, deve ser extraída, amplificada com o auxílio da técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) e posteriormente visualizada com o uso da técnica de eletroforese. Os resultados obtidos são interpretados e analisados para posterior comparação.A princípio, as técnicas de identificação humana através de DNA eram restritas a amostras biológicas que contivessem células nucleadas, hoje, com o sequenciamento mitocondrial não há mais essa limitação10. É cada vez mais frequente a elucidação de crimes através da comparação de vestígios de DNA coletadas em vítimas ou em cenas de crimes com perfis genéticos armazenados em bancos de dados de DNA. Esse tipo de tecnologia tem revolucionado as investigações criminais em todo o mundo11. Muitas vezes as organizações de polícia dispõem de muitas informações coletadas no dia a dia, durante as diversas ocorrências policiais, elaboração de laudos e atendimento a vítimas de estupro, entretanto essas informações não apresentam muito valor caso não sejam compartilhadas. Daí a necessidade de se utilizar de ferramentas como a informática, que pode guardar esses dados para que eles possam ser acessados de maneira rápida por outras pessoas. A criação de bancos que armazenam perfis genéticos têm se tornado uma prática comum em vários países do mundo, sendo que, dados estatísticos demonstram que países que aderiram à criação desses bancos, como a Inglaterra e os Estados Unidos, obtiveram um sucesso maior na resolução de crimes que haviam sido arquivados, além de terem tirado vários criminosos como assassinos e estupradores em série do convívio social12. O primeiro banco de dados de DNA foi criado na Inglaterra, por volta da década de 1990, e desde a sua criação até os dias de hoje, as estatísticas mostram que ele teve um papel extremamente relevante no combate à criminalidade. Muitos crimes antigos que já haviam sido arquivados e não possuíam solução foram elucidados12. O banco de dados de DNA mais conhecido no mundo é o Combined DNA Index System (CODIS), criado pelo Federal Bureau of Investigation (FBI) em 1990 e nacionalmente instaurado em 1994. O banco de dados CODIS armazena dois tipos de amostra de perfis genéticos, o offender profile, que armazena perfis de condenados pela justiça, e o forensic profile, que armazena perfis coletados de vítimas ou vestígios encontrados em cenas de crimes11. No Brasil, a Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG) surgiu através de uma parceria entre o Ministério da Justiça e as Secretarias de Segurança Públicas Estaduais, com o objetivo de integrar os perfis genéticos obtidos através dos laboratórios genéticos participantes do programa. Até o mês de maio do ano de 2016 participavam do programa RIBPG, 19 laboratórios, sendo um laboratório da Polícia Federal e dos outros 18, cada um está localizado em um dos seguintes estados participantes: AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Os estados do AC, AL, MA, PI, RN, RO, RR, SE e TO, ainda não fazem parte da RIBPG, por não possuírem laboratórios próprios de Genética Forense ou pelo fato das unidade de Perícia Criminal existentes nesse locais não apresentarem os requisitos técnicos mínimos para se fazer parte do programa. Entretanto há esforços dos governos federal e estaduais para que haja integração desses estados ao programa13. A implantação de bancos de dados que possibilitem o armazenamento de perfis genéticos é uma tendência mundial e com isso espera-se não somente o aumento do número de crimes resolvidos e de seus autores condenados, mas também uma redução dos índices de criminalidade12. A criminalidade no Brasil vem aumentando gradativamente e os crimes cometidos apresentam natureza cada vez mais complexa, o que acaba Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2017 / 1º 264 exigindo muito das pessoas responsáveis pela segurança pública12 Estudos apontam o Brasil como o sexto país do mundo em taxa de homicídios (26,4 homicídios em 100.000 habitantes/ano) e destacam uma situação grave também em relação a crimes sexuais. O pior é que a taxa de elucidação desses crimes são baixíssimas devido à ausência de provas materiais14. Menos de 10% dos casos de homicídios são investigados, tendo o autor do delito revelado e apropriadamente condenado15. A coleta de material genético é uma prática nova no Brasil, que entrou em vigor com a lei 12.654/12 de 28 de maio de 2012. Essa lei prevê a possibilidade de identificação criminal de uma pessoa através de seu material genético e também a criação de um banco nacional de dados com essas informações. A lei 12.654/12 alterou o art. 5º da lei 12.037/09 que previa como formas de identificação criminal a fotografia e a datiloscopia, sendo a coleta de material genético incluído em uma investigação criminal somente através de autorização judicial. Com a nova lei a coleta de material genético passa a ser obrigatória para os condenados por crimes hediondos ou dolosos cometidos com violência de natureza grave contra a pessoa e todo material genético coletado fará parte do Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG)14. A identificação criminal através do perfil genético é um avanço tecnológico de extrema importância, tanto para confirmar a culpabilidade de um suspeito como autor de um delito, quanto para absolver réus inocentes16. Este trabalho teve como objetivos demonstrar a importância da criação e utilização de um banco de dados de DNA para auxiliar na resolução de crimes, utilizando-se de dados estatísticos para isso, além de descrever o histórico da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG) e divulgar a criação do primeiro banco de dados de DNA do Brasil, ainda desconhecido por grande parte da população. Materiais e Métodos Foi realizada uma revisão bibliográfica acerca do tema, utilizando artigos científicos, através dos bancos de dados Scielo.br e PubMed, utilizando-se os seguintes termos: banco de dados de DNA, DNA databases, lei 12.654/12, forensic science, identificação humana, entre outros. Além disso foram utilizados livros, teses e dissertações que pudessem acrescentar informações válidas e conceitos importantes para o entendimento do tema que não foram encontrados em artigos publicados. Foram utilizados artigos originais, nos idiomas em inglês e em português, publicados entre o ano 2000 ao ano de 2017, sendo que os dados estatísticos foram utilizados somente de artigos dos últimos cinco anos e os artigos com mais de cinco anos foram utilizados para se obter conceitos que não sofrem muitas alterações ao longo do tempo. As referências bibliográficas dos artigos de revisão e publicações originais foram revistas também para complementar a pesquisa eletrônica, visando garantir que as pesquisas de banco de dados fossem abrangentes. Resultados e Discussão Os critérios para se ter o seu perfil genético incluído em bancos de dados de DNA variam bastante ao redor do mundo. No Brasil, a lei 12.654/12 prevê a coleta de material biológico através de técnica adequada e indolor, para inserção no banco de dados de DNA, dos condenados por crimes hediondos ou violentos contra a pessoa e após prescrição do delito há a deleção daquele perfil do banco de dados¹¹. Já em países onde esses critérios são mais rigorosos, como o Reino Unido, a Áustria e a Suíça, são inseridos perfis genéticos de condenados por qualquer infração penal ou de suspeitos de terem cometido qualquer tipo de crime, independente da gravidade, mesmo que posteriormente venha a ser comprovada a sua inocência através de julgamento17. Até dezembro de 2016, o National DNA Database (NDNAD), banco de dados de DNA do Reino Unido possuía 5.231.849 amostras, sendo 546.558 destas provenientes de vestígios coletados em cenas de crimes. Entre abril de 2001 e março de 2016 este banco gerou 611.557 coincidências entre suspeitos e cenas de crime ou entre mais de uma cena de crime18. Já o National DNA Index System (NDIS), banco de dados de DNA dos Estados Unidos, possuía até abril de 2017, 12.854.420 perfis genéticos, incluindo criminosos condenados,pessoas detidas e vestígios encontrados em cenas de crimes19. Entre os anos de 2009 e 2013 o número de perfis genéticos de criminosos e de amostras forenses enviadas para o NDIS cresceu cerca de 40%, sendo que o sucesso nas investigações criminais tiveram um aumento proporcional de cerca de 55%, o que demonstra a importância do DNA para as investigações forenses12. Visando combater os altos índices de criminalidade e violência no país, o Brasil implantou a Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos, uma rede que interliga laboratórios periciais de todo o território nacional e o Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG). A implantação de um banco de dados de DNA no Brasil não foi um processo simples e muito menos rápido, tendo começado desde 2004, quando programas de apoio e investimentos foram criados para melhoria dos laboratórios existentes e capacitação dos peritos criminais, além da formação de um grupo de especialistas para estabelecer as diretrizes e os procedimentos analíticos utilizados no programa. Em 2009, com a assinatura do termo de compromisso para utilização do software CODIS, foi feita a maior instalação do programa CODIS fora dos Estados Unidos, tendo sua instalação nos laboratórios participantes sido feita em 201015. Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2017 / 1º 265 Desde sua criação até novembro do ano de 2016 foram cadastradas 24.772 amostras de perfis genéticos na Rede Integrada de Bancos de Perfis genéticos (RIBPG), sendo aproximadamente 14.188 oriundas de vestígios biológicos, 3.613 de indivíduos condenados que se encaixaram na lei 12.654/12, 329 de pessoas identificadas criminalmente, 18 de decisões judiciais e 6.624 oriundas de amostras relacionadas a pessoas desaparecidas20. A tabela 1 mostra a classificação das amostras inseridas no Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG) até novembro de 2016: Tabela 1 - Classificação das amostras inseridas no BNPG. FONTE: Ministério da Justiça e Cidadania. A RIBPG divulga um relatório semestral desde novembro de 2014 com os dados dos principais resultados obtidos, incluindo o número de amostras de perfis genéticos cadastrados. A Figura 1 mostra o número de amostras de perfis genéticos que foram acrescentadas a cada relatório, desde a criação do BNPG, até o último relatório liberado pela RIBPG, totalizando as 24.772 amostras totais do banco de dados: Figura 1 - Evolução das amostra totais no Banco Nacional de Perfis Genéticos. FONTE: Ministério da Justiça e Cidadania. Apesar de atualmente se ter grande parte dos estados brasileiros fazendo parte da RIBPG, nem todos contribuem de forma homogênea com perfis genéticos para o banco. Dos 19 laboratórios que fazem parte da RIBPG, apenas 7 são responsáveis por 70% dos perfis genéticos armazenados no banco, são eles: Polícia Federal, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Distrito Federal20. Figura 2 - Contribuição do laboratórios de perfis genéticos. FONTE: Ministério da Justiça e Cidadania. A Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos segue um padrão semelhante ao de Bancos de DNA internacionais, que possuem indicadores que auxiliam na compreensão do impacto dos resultados obtidos com os Bancos de dados de DNA, os indicadores da RIBPG são: números de coincidências confirmadas e número de investigações auxiliadas. Segundo os relatórios semestrais disponibilizados pelo Ministério da Justiça semestralmente desde novembro de 2014, a RIBPG já tem auxiliado em diversas investigações criminais, apesar de seu curto período de existência. Até novembro de 2016 a RIBPG apresentou 512 coincidências confirmadas, auxiliando em 867 investigações20. O gráfico a seguir mostra o número de coincidências confirmadas e investigações auxiliadas pela RIBPG até novembro de 2016: Figura 3 - Indicadores de funcionamento da RIBPG. FONTE: Ministério da Justiça e Cidadania. Um estudo nos Estados Unidos mostrou que, em média, um aumento de 10% de perfis genéticos nos bancos de dados, leva a uma redução de 5,2% no número de homicídios e de 5,5% no número de estupros. Mesmo esses dados não sendo do Brasil, não é difícil de imaginar quantas vidas seriam salvas e quantos estupros seriam evitados com o uso desta tecnologia21. Através dos dados apresentados, fica claro que o banco de dados de DNA no Brasil vem auxiliando em diversas investigações, entretanto há a necessidade de sua ampliação na perícia criminal, visto que sua utilização ainda é baixa, principalmente considerando as altas taxas de criminalidade no país. Há uma estimativa de 70 mil condenados que poderiam se encaixar na lei 12.654/12 e que portanto deveriam estar no BNPG, entretanto, atualmente temos somente cerca de 4.000 indivíduos cadastrados como condenados, o que corrobora a subutilização desta ferramenta tão importante para os dias atuais20. Além disso, fica claro que à medida em que a quantidade de perfis genéticos analisados aumenta e vão sendo inseridos no banco de dados, aumentam também as chances de se alcançar suspeitos17. Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2017 / 1º 266 Conclusão O Banco de dados de DNA tem se mostrado uma excelente ferramenta para auxílio de investigações criminais e elucidação de crimes em diversos países. No Brasil, a Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos tem ajudado de forma significativa na resolução de crimes, e com isso, espera-se que não somente o índice de investigações sem solução diminua, mas também a criminalidade. Referências 1 - SIEGEL, J.; KNUPFER, G.; SAUKKO, P. Encyclopedia of Forensics Sciences. Elsevier, 2000. 2 - GARRIDO, R. G. Evolução dos processos de Identificação Humana: das características antropométricas ao DNA. Genética na Escola, Rio de Janeiro, 2009. 38-40. 3 - FREITAS, R. B. D. Sistemas de identificação humana no âmbito criminal. Paraíba: 2013. 4 - GALENO, D. 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