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TCC enfermagem

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1
UNIBRÁS
FACULDADE - NORTE GOIANO 
CURSO DE ENFERMAGEM 
BRUNA SIMÃO DIAS 
CELMA MARIA DA SILVA 
MICHELLY PENA FERNANDES 
ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM FRENTE A COVID 19 NO ÂMBITO DA ATENÇÃO BÁSICA
 
PORANGATU - GO
2021
BRUNA SIMÃO DIAS 
CELMA MARIA DA SILVA 
MICHELLY PENA FERNANDES 
ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM FRENTE A COVID 19 NO ÂMBITO DA ATENÇÃO BÁSICA 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora da UniBrás - Faculdade - Norte Goiano, como requisito para obtenção do Título de Graduação em enfermagem. Professora Orientadora: Esp. Werika Alcantara Cardoso.
PORANGATU - GO
2021
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, а Deus que fez com que meus objetivos fossem alcançados, durante todos os meus anos de estudos, me permitido que eu tivesse saúde е determinação para não desanimar durante a realização deste trabalho, por ter me concedido a vida, e por me permitir ultrapassar todos os obstáculos encontrados ao longo da realização deste trabalho.
Aos meus pais e ao meu irmão e ao meu esposo que me incentivaram nos momentos difíceis e compreenderam a minha ausência enquanto eu me dedicava à realização deste trabalho.
Aos professores, pelas correções e ensinamentos que me permitiram apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação profissional ao longo do curso.
As pessoas com quem convivi ao longo desses anos de curso, que me incentivaram e que certamente tiveram impacto na minha formação acadêmica.
Aos meus colegas de turma, por compartilharem comigo tantos momentos de descobertas e aprendizado e por todo o companheirismo ao longo deste percurso.
Bruna
A Deus primeiramente, por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.
Aos meus pais, Maria Teixeira Lima e Jayr Paulo da Silva, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
Aos meus amigos e familiares pelas orações e ajudas ao longo desses 5 anos.
Aos professores, que acompanharam a minha jornada acadêmica de perto e deram muito apoio em sala de aula. Obrigado pela incansável dedicação e confiança.
Não posso deixar de agradecer a esta universidade por ser um espaço que privilegia o conhecimento e onde todas as ideias são bem recebidas.
Celma
Em primeiro lugar, а Deus, que fez com que meus objetivos fossem alcançados, durante todos os meus anos de estudos.
As minhas avós, Ana Mendes e Maria Socorro, que acreditaram em mim desde o início, tal como meus pais Josilene e Gleibson.
Ao meu esposo Alexandre, pelo companheirismo e dedicação, e por nunca ter medido esforços para me ajudar nos momentos difíceis. Obrigada, meu amor, por suportar as crises de estresse e ansiedade e minha ausência em diversos momentos.
As minhas amigas de Faculdade Celma Maria e Diva Teles (In memoriam), com quem convivi intensamente durante os últimos 5 anos, pelo companheirismo e pela troca de experiências que me permitiram crescer não só como pessoa, mas também como profissional.
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte de minha formação, o meu muito obrigado.
Michelly
RESUMO 
O presente estudo realizou uma revisão integrativa de literatura sobre a atuação do profissional de enfermagem, da atenção primária à saúde no contexto da pandemia da Covid-19. Este analisa possibilidades de atuação dos serviços de APS na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) que contribuam para o controle da epidemia e, simultaneamente, cumpram com a sua função essencial de garantir atenção cotidiana e capilarizada. A atenção primária à saúde (APS) é a base para o desenvolvimento de um sistema de saúde de alta resolução porque atende às necessidades de indivíduos/famílias e coletivos na promoção e proteção da saúde, prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e cuidados paliativos e ações de vigilância em saúde. Levando em consideração a realidade de seu território, tem realizado ações estratégicas, e não é diferente durante a crise global de saúde causada pela pandemia de Covid-19. No Brasil, historicamente, a APS tem tido importância estratégica na agenda da saúde, e sua ação capilar tem sido utilizada no combate ao novo coronavírus (SARS-CoV-2) a fim de proporcionar às pessoas acesso à informação e assistência médica. 	O presente estudo , trata-se de estudo reflexivo de natureza qualitativa utilizando-se a técnica de pesquisa documental. Para construir as reflexões foram utilizadas a revisão da literatura. Os resultados desse estudo evidenciaram o potencial da atenção primária à saúde no enfretamento à Covid-19 ressaltando a importância do seu fortalecimento, especialmente nesse período de pandemia.	Comment by USUARIO: pandemia	Comment by USUARIO: contínua, integral	Comment by USUARIO: resolutividade	Comment by USUARIO: pois	Comment by USUARIO: coletividade
PALAVRAS CHAVES: Enfermagem; Atenção primária em saúde; Estratégia saúde da família; Covid-19.
ABSTRACT
This study carried out an integrative literature review on the role of nursing professionals in primary health care in the context of the Covid-19 pandemic. This analyzes possibilities of action of PHC services in the Unified Health System (SUS) network that contribute to the control of the epidemic and, simultaneously, fulfill their essential function of ensuring daily and capillary care. Primary health care (PHC) is the basis for the development of a high-resolution health system because it meets the needs of individuals/families and collectives in health promotion and protection, disease prevention, diagnosis, treatment, rehabilitation, reduction damages and palliative care and health surveillance actions. Taking into account the reality of its territory, it has carried out strategic actions, and it is no different during the global health crisis caused by the Covid-19 pandemic. Historically, in Brazil, PHC has had strategic importance in the health agenda, and its capillary action has been used to combat the new coronavirus (SARS-CoV-2) in order to provide people with access to information and medical care. This is a reflective study of a qualitative nature using the documentary research technique. To build the reflections, a literature review was used. The results of this study highlighted the potential of primary health care in confronting Covid-19, emphasizing the importance of strengthening it, especially in this period of pandemic.
KEYWORDS: Nursing; Primary health care; Family health strategy; Covid-19.
LISTA DE ABREVIATURAS
ACS - Agente Comunitário De Saúde 
APS - Atenção Primaria De Saúde 
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
COFEN - Conselho Federal De Enfermagem 
DNA - Ácido Desoxirribonucleico
EPI - Equipamento de Proteção Individual
FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
OMS - Organização Mundial De Saúde 
OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde
RAS - Redes De Atenção À Saúde
RNA - Ácido Ribonucleico
SUS - Sistema Único De Saúde 
UBS - Unidade Básica de saúde 
UTI - Unidade de Terapia Intensiva
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	7
1 A PANDEMIA DO COVID 19	10
1.1 Impactos Da Pandemia nos Serviços De Saúde	12
1.2 Políticas Públicas De Enfrentamento Da Covid-19	14
2 A IMPORTÂNCIA DOS TRABALHADORES DA SAÚDE NO CONTEXTO COVID-19	17
2.2 Enfrentamento da COVID-19 Pelos Profissionais De Saúde	18
2.3 Os Desafios Dos Profissionais Da Enfermagem No Combate A COVID-19	20
3 A PANDEMIA NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMARIA	22
3.1 A Enfermagem Em Atenção Primária À Saúde No Contexto Da Pandemia De Covid-19	24
3.2 Ações Desenvolvidas Pela Atenção Primária De Saúde Junto As Família	27
CONSIDERAÇÕES FINAIS	29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	32
INTRODUÇÃO 
A pandemia da COVID-19 não é apenas um problema biológico causado por um vírus, mas também deve ser entendida como um fenômeno histórico e social, um reflexo da economia política efetiva e das organizações de saúde no século XXI, e um resultado do desenvolvimento do capitalismo. Nesse contexto, este agravo, evidenciou também as fragilidades epotencialidades dos sistemas de atenção à saúde para o enfrentamento desse problema de caráter mundial.
O novo coronavírus (SARS-CoV-2) foi identificado, em Wuhan, província de Hubei, China, em 1º de dezembro de 2019, e notificado como doença humana viral 30 dias após. Em detrimento da sua rápida disseminação, o vírus ultrapassou barreiras locais, tornando a Covid-19 uma pandemia de magnitude global. A primeira confirmação da doença no Brasil data de 26 de fevereiro de 2020, cuja ocorrência se deu no Estado de São Paulo (Garcia Filho; Vieira & Silva, 2020).
A pandemia causada pelo novo tipo de coronavírus (SARS-CoV-2) que causou a doença Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) chegou com força, afetando o trabalho de vários profissionais, em especial aos de saúde que vêm cuidando dos infectados e impedindo a propagação do vírus. Em todo o mundo, enfermeiros, médicos, farmacêuticos, biomédicos, psicólogos, auxiliares de limpeza, auxiliares de enfermagem têm pago um preço alto no combate a este novo vírus, pois muitos destes, foram infectados e alguns até evoluíram para óbito.
No Brasil, para dar suporte ao Sistema Único de Saúde (SUS), hospitais foram construídos e estruturas foram ajustadas para atender os casos. A construção de hospitais de campanha possibilitou o atendimento aos pacientes e diminuiu o risco de disseminação para a comunidade.
A pandemia causou uma crise social sem precedentes, resultado da alquimia das crises econômica, política e de saúde, e teve graves consequências para a qualidade de vida e saúde de grupos historicamente desfavorecidos, como pobres, negros, mulheres, idosos, povo indígena e crianças, ou seja, a maioria subjugada do mundo neoliberal. 
Se inicialmente as pessoas mais afetadas gravemente pela COVID-19 pertenciam à classe média alta, atualmente a pandemia brasileira caracteriza-se por pessoas pobres, negros, residentes nos subúrbios de grandes cidades ou áreas distantes de centros desenvolvidos, sem acesso a bens e serviços , incluindo saúde. Esse grupo tem menos oportunidades e são compostos principalmente por indivíduos que têm poucas chances de imunidade ao vírus e correm maior risco de morte se estiverem infectadas.
Diante disso, foi urgente a organização da Rede de Atenção à Saúde (RAS) que integra diversos pontos de atenção nas áreas micro e macrorregionais da saúde, a rede é organizada pela Atenção Primária à saúde (APS), Atenção Ambulatorial Especializada (AAE) , Atenção hospitalar (AH) Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e unidades perinatais. A pandemia, recorreu inicialmente a urgência e emergência, inserindo medidas preventivas (distanciamento social, higiene), atendimento da Síndrome Gripal (SG) nas unidades de Atenção Primária à Saúde (APS) e processo de atendimento ao SRAG até a entrada no leito da UTI, toda logística, suporte, recursos laboratoriais e de tratamento necessário (JUNIOR et al, 2020).
A atenção primária à saúde desempenha o papel de proteção da saúde, prevenção e controle de doenças, diagnóstico, tratamento e monitoramento de pacientes, famílias e comunidade. Portanto, devemos considerá-la como um dos principais combatentes do novo coronavírus e enfatizar estratégias de prevenção primária, especialmente educação em saúde e campanhas de informação e conscientização, visando informar a população sobre o risco de infecção, sintomas, medidas de proteção e adoção de comportamentos benéficos à saúde para reduzir a possibilidade de infecção.
Desse modo, evidencia-se a importância da APS e ainda a atuação do enfermeiro durante a pandemia. Destaca-se entre as atividades de prevenção, rastreamento, notificação às autoridades e organizações públicas para que possam compreender a situação e tomarem as medidas cabíveis. Este estudo analisa o papel da atenção primária na luta contra a Covid-19 em nível nacional, bem como seu impacto na saúde pública e nas perspectivas futuras. A partir da experiência de grande número de infectados no mundo e de diferentes sistemas de saúde, o SUS deve ser ajustado no desenvolvimento de um mecanismo de resposta à pandemia, sendo a atenção básica parte fundamental desse processo.
Dessa forma, o mesmo se justifica pela ampla função da enfermagem na prevenção do novo coronavírus na APS, bem como a proteção e promoção na melhoria da qualidade de saúde do paciente, família e comunidade.
 Portanto, o objetivo deste estudo é identificar os cuidados de enfermagem na literatura Covid-19 na atenção primária. Nessa perspectiva, destaca-se a questão que norteou esta pesquisa: Quais ações os enfermeiros da unidade básica de saúde realizaram em resposta à nova pandemia de coronavírus? 
1 A PANDEMIA DO COVID 19
Desde o início de 2020, devido à pandemia do novo coronavírus, o Brasil e o mundo enfrentam uma emergência sem precedentes na história, de gravíssimas consequências para a vida humana, a saúde pública e a atividade econômica.
A COVID-19 é uma doença respiratória, que no ano de 2019 teve seus primeiros casos registrados na China, tem como agente etiológico o Coronavírus SARS-CoV-2 recebeu essa nomenclatura por ser o segundo coronavírus causador de síndrome respiratória aguda grave, e deu início aos casos atuais. Apesar de terem existido outros surtos anteriores também causados por coronavirus como o MERS –CoV o Novo coronavírus se destacou pela grande capacidade de contaminação e provocar uma crise de saúde mundial.
O SARS-COV-2 faz parte de uma grande família com milhares de agentes etiológicos, estes são vírus já conhecidos pelo meio científico e que estão há muito tempo em circulação, geralmente causam apenas doenças leves a moderadas.
Em uma linha do tempo mais recente sobre os Coronavírus, foi notificado à Organização Mundial da Saúde no fim de dezembro, que havia incidência de muitos casos de pneumonia em humanos de etiologia não conhecida, na cidade de Wuhan província de Hubei na China, posteriormente descobriu-se que essa doença foi causada pelo SARS-CoV-2, assim então batizado de novo coronavírus (nCoV) (CDC, 2020).
Sáfadi et al., descrevem as características do (Covid-19);
 
A COVID-19 é uma doença que provoca desconforto respiratório agudo, causada por um vírus estudado no final do ano de 2019 na China, nomeado oficialmente pela organização mundial da saúde como SARS-COV-2. O Coronavírus pertence à subfamília Coronavirinae da família dos (Coronaviridae), ordem Nidovirales, que apresenta uma estrutura circular com espículas que se exteriorizam formando uma coroa, por esse motivo foi apelidado de “corona” (SAFÁDI et al., 2020, p,02).
 
Segundo os autores, é importante ressaltar que o conhecimento detalhado das propriedades antigênicas desse novo coronavírus é vital, pois permitirá o desenvolvimento de testes diagnósticos que permitirão a rápida identificação do vírus, bem como o desenvolvimento de ensaios sorológicos.
De acordo com (KRAMER, 2018), os vírus são parasitas intracelulares, que podem ser compostos por DNA ou RNA em seu gene, os retrovírus, como o SARS-COV-2, usam a transcriptase reversa para poder inserir seu genoma na célula humana hospedeira.
De acordo com CDC[footnoteRef:1] o SARS-CoV foi responsável por surtos de síndrome respiratória aguda grave no ano de 2002 e de 2003 na China, com 8.096 casos em 29 países e 774 mortes (letalidade de 9,5%) , enquanto o MERS-CoV foi o agente responsável por surtos de doença respiratória grave ocorridos no Oriente Médio no ano de 2012, com registro de 2.494 casos em 27 países e 858 mortes (letalidade de 34%). [1: Centers for Disease Control and Prevention (CDC)] 
No período, a epidemia do SARS-CoV ocasionou muitos casos de infecções graves do trato respiratório inferior, acompanhadas de febre e insuficiência respiratória frequente. No entanto, foi rapidamente controlado e poucos países como China, Canadá e Estados Unidos foram afetados pelo vírus. O extenso trabalho de pesquisadores, incluindo profissionais da saúde, resultou na contenção do vírus.
 
O surgimento devários casos graves de pneumonia na província de Hubei, na China, motivou um alerta à Organização Mundial da Saúde (OMS) em 31 de dezembro de 2019. Um novo tipo de coronavírus, antes não presente em seres humanos, foi identificado (2019-nCoV). O crescimento exponencial de casos e óbitos, inicialmente em território chinês, e sua expansão posterior a outros países, levou a OMS a declarar, em 30 de janeiro de 2020, que o surto do novo vírus constituía uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), que corresponde ao mais alto nível de alerta previsto no Regulamento Sanitário Internacional (OPAS,2020).
 
Em 11 de março de 2020, o Novo Coronavírus foi caracterizado como uma pandemia. Este termo se refere à distribuição geográfica de uma doença (em diferentes países e regiões do mundo).
Medidas de distanciamento social foram adotadas em resposta ao SARS-CoV 2 e também já foram adotadas no passado durante pandemias de doenças de transmissão respiratória, como as pandemias de influenza em 1918 e da SARS em 2002, com o intuito de conter a transmissão do vírus, a OMS e vários países recorreram ao isolamento social e medidas de contenção a serem postas em prática para reduzir a propagação do vírus. Constituiria apropriado neste momento tomar medidas sanitárias em nível global que evitassem a transmissão do vírus, promovendo o achatamento da curva epidêmica. As recomendações da OMS visavam reduzir o contágio e o risco de superlotação nos serviços de saúde, dando aos sistemas nacionais de saúde mais tempo para se organizarem para cuidar de pessoas doentes e, acima de tudo, para ativar projetos de pesquisa e desenvolvimento para um rápido diagnóstico, e criação de vacinas e terapias eficazes.
De acordo com recomendações de proteção aos trabalhadores dos serviços de saúde no atendimento de COVID-19 e outras síndromes gripais, o ministério da saúde orienta que a transmissão pode acontecer pelos seguintes modos:
 
Por contato próximo entre indivíduos; Através de gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra. Essas gotículas podem atingir a boca, nariz e mucosas de pessoas próximas ou serem inaladas nos pulmões; por meio do contato com superfícies ou objetos que contenha o SARS-CoV-2 e, em seguida, tocando boca, nariz ou possivelmente olhos, ainda que esse modo de transmissão não seja o principal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020, p, 04).
 
Por se tratar de uma infecção respiratória aguda, a SARS-CoV-2 é transmitida principalmente por gotículas, secreções respiratórias e contato direto com o paciente infectado. Nessa perspectiva, destaca-se a transmissibilidade do vírus de pessoa a pessoa (transmissão direta), principalmente entre familiares entre os quais há um contato mais próximo e prolongado.
Em uma condição grave, os pacientes infectados podem ter sintomas relacionados à insuficiência respiratória, tais como falta de ar, sons respiratórios baixos, embotamento à percussão, elevação e diminuição do tremor tátil da fala. Ou seja, uma resposta inflamatória exacerbada que, na tentativa de eliminar o agente viral, causa múltiplas lesões, afetando assim os pneumócitos Tipo I e Tipo II, células encontradas nos alvéolos dos pulmões.
 
1.1 Impactos Da Pandemia nos Serviços De Saúde
 
Considerando a dificuldade na contenção da disseminação do vírus, as medidas de restrição adotadas pelos países foram focadas da diminuição do pico da pandemia. Os resultados dessas medidas seriam ganhar tempo para os preparativos no sistema de saúde, a fim de evitar sua sobrecarga e permitir um melhor gerenciamento dos pacientes infectados.
A demanda por serviços médicos avançados pode representar 20% do total de infectados. Dos pacientes infectados com COVID-19, cerca de 15% apresentam doenças graves e 5% apresentam quadro crítico que requeriam internação em unidades de terapia intensiva. Rache et al., (2020) afirma que no Brasil, o número mínimo de leitos de UTI para ser considerado adequado é de 10 leitos a cada 100 mil habitantes.
Apesar de ser uma doença que tem fluxo desconhecido, a COVID-19 é considerada uma doença que pode causar uma sobrecarga nos sistemas de saúde, gerando demandas anormais aos sistemas de saúde tanto público quanto privado.
Rache et al, ressalta que;
Em um cenário brasileiro de 20% da população infectada, com 5% desses necessitando de cuidados em UTI por 5 dias, 294 das 436 regiões de saúde do país ultrapassariam a taxa de ocupação de 100%. Dessas, 53% necessitariam ao menos do dobro de leitos-dia para tratar os casos mais críticos (RACHE et al., 2020, p.01).
No Brasil, ainda há outro problema a enfrentar, o mapeamento da situação de infraestrutura em saúde, confirma enorme desigualdade regional e escassez de recursos na maioria das regiões do país.
Rache et al., (2020) afirma que é essencial identificar regiões mais vulneráveis, otimizar o uso de serviços existentes e dimensionar recursos que serão necessários para fortalecer a capacidade de resposta do sistema de saúde em âmbito regional e local.
Como alternativa emergencial para reduzir custos e ganhar rapidez, muitos países montaram hospitais de campanha para enfrentamento do novo Coronavírus, estes hospitais tornaram se exclusivos para pacientes com infecções respiratórias decorrente desta doença, outra opção utilizada por muitos governos inclusive no Brasil, foi a contratação ou requisição de leitos privados para tratamento da COVID-19. Mais do que nunca foram necessários esforços de regulação, coordenação e integração de ações entre entes da federação.
Diante da extensa transmissão comunitária da COVID-19 em todo o território nacional, e do alto número de infecções, da escassez de leitos de UTI e de respiradores, e da rápida sobrecarga assistencial esperada, é decisiva a adoção de medidas urgentes para diminuir a ocupação dos serviços públicos e privados existentes, bem como de investimentos para ampliar a capacidade de resposta do sistema de saúde nas regiões de maior necessidade.
1.2 Políticas Públicas De Enfrentamento Da Covid-19
 
Mesmo antes da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar uma emergência sanitária de interesse internacional devido ao novo coronavírus (Covid-19), o governo brasileiro já havia respondido aos alertas, e constituído um grupo de emergência de saúde pública para desenvolver medidas preventivas e monitorar casos no país.
Dias depois, uma política importante foi adotada: o Presidente da República declarou emergência de saúde pública de interesse nacional (Decreto nº 188) e aprovou uma lei nacional (nº 13.979) instruindo as autoridades a isolar e colocar em quarentena os casos como uma medida para evitar a propagação do vírus. Na época, o país parecia empenhado em implementar as recomendações da OMS para impedir a disseminação do vírus. 
A não existência, naquele momento, de uma vacina contra a COVID-19 incentivou a adoção de intervenções não farmacêuticas (non-pharmaceutical interventions, NPIs) – que podem ser entendidas como estratégias para controle de doenças, lesões e exposição –, tais como: isolamento social, fechamento de serviços não essenciais, quarentena e lockdown (JERNIGAN, 2020, p.218).
Naquele momento o Ministério da Saúde revelou uma preocupação com o Carnaval, mas como haviam poucas evidências, e os casos conhecidos estavam em acompanhamento, o cancelamento da festa mais famosa e lucrativa do país não se justificava.
Medidas importantes foram tomadas no início da crise: a partir da segunda quinzena de março, foi ampliada a escala de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) e tomadas medidas de intervenção para o aumento da infraestrutura (por exemplo, disponibilização de leitos de UTI para pacientes infectados), recursos humanos (como anúncios de recrutamento de médicos) e reposicionamento de acordos de saúde e prestação de serviços (como supervisão de telemedicina). Para evitar a propagação, quase todos os órgãos administrativos federais implementaram o teletrabalho.
Os formuladores de políticas de saúde nesses países se baseiam em pesquisascientíficas até o momento, o que prova que, além de testes em grande escala e monitoramento de pacientes, o isolamento social é a medida mais eficaz para prevenir a infecção. A experiência bem-sucedida da Coréia do Sul, Nova Zelândia e outros países provou que o isolamento social é essencial para reduzir a taxa de infecção e diminuir o impacto na área da saúde.
 
“Todos os países adotaram pelo menos alguma forma de distanciamento social, e apenas uma minoria não chegou a fechar escolas ou lojas não essenciais. Mas em geral, o que fez a diferença para governos com estratégias bem sucedidas, como na Coreia do Sul e na Nova Zelândia, foi ter implantado medidas duras de isolamento rapidamente enquanto montava uma estratégia de testes em massa e rastreamento de infectados e seus contatos. Isso permitiu que depois esses países pudessem flexibilizar o distanciamento mais cedo e de forma mais segura. Essas medidas bem-sucedidas fazem parte do que preconiza a OMS como pré-requisitos para uma reabertura.” (MAGENTA, sp, 2020).
 
Quando a pandemia começou a se espalhar, nem todos os países conseguiram adotar uma estratégia bem-sucedida em seu território, seja pelo atraso no desenvolvimento de um plano interno coordenado de controle da doença, seja porque as características econômicas e sociais não eram favoráveis.
A pandemia Covid-19 expôs as virtudes e deficiências da sociedade brasileira contemporânea. A comunidade científica de algumas universidades e instituições de pesquisa agiu rapidamente para voltar sua atenção para questões relacionadas ao novo coronavírus, seus métodos de infecção e a análise do progresso da doença no Brasil e no mundo. Agências de financiamento como CNPq e FAPESP responderam rapidamente e iniciaram planos para financiar projetos em todos os aspectos da pandemia Covid-19.
Acerca desse ponto, Buckeridge e Philippi Junior (2020) ressalta que:
 
[...] Durante a pandemia os governos aproveitaram relativamente pouco da ciência nacional. Nos âmbitos dos governos federal, estaduais e municipais, a maioria se exasperou em trabalhar com equipes relativamente pequenas e sequer conseguiram compilar os dados científicos e disponibilizá-los adequadamente para que a comunidade científica brasileira pudesse ajudar nas análises (BUCKERIDGE e PHILIPPI JUNIOR, 2020, p.149).
 
Na verdade, a única meta perseguida pelo governo era evitar a sobrecarga do sistema de saúde para evitar a morte. Para tanto, a abordagem dos governos estaduais e municipais brasileiros concentravam-se em uma das medidas mais simples para prevenir a disseminação do vírus: o isolamento social.
Intuitiva e matematicamente, o isolamento social é uma medida acertada (Prem et al., 2020). A ideia é que possa evitar que o índice de infecção aumente muito, assim diminuindo o número de internações e óbitos.
No entanto, uma análise dos diferentes níveis de infecção em 56 países (Buckeridge, 2020) revelou que países com diferentes estratégias de isolamento apresentaram níveis similares de infecção por 100 mil habitantes e que há outros fatores que precisariam ser considerados.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 A IMPORTÂNCIA DOS TRABALHADORES DA SAÚDE NO CONTEXTO COVID-19
No cenário mesclado pelo desconhecimento, investigações e enfrentamentos sociais, econômicos e políticos, o trabalho dos profissionais de saúde passa a ser aplaudido pela população e pelos meios de comunicação. No mundo inteiro, esses profissionais passam a ser chamados de heróis.
A força de trabalho do Sistema Único de Saúde (SUS) é composta por cerca de três milhões trabalhadores, com diferentes níveis de escolaridade e formação, distribuídos em cerca de 5 mil hospitais e milhares de unidades básicas de saúde espalhadas nos 5.570 munícipios do País (TEIXEIRA et al.,2020).
Uma força de trabalho de pessoas que escolhem suas ocupações diárias ou ocupações como o manejo diário de questões relacionadas à promoção e reabilitação da saúde, doença e morte. Como outras pessoas, perderam seus entes queridos e, mesmo assim, continuam cumprindo sua missão de promover e restaurar a saúde de outras pessoas, geralmente em condições e ambientes que na maioria das vezes estão inadequados. São trabalhadores que passam a maior parte do dia em hospitais e / ou departamentos básicos de saúde, locais que sofrem quase todos os dias, mesmo que seus corpos estejam exaustos e suas almas não estejam em paz, devem transmitir esperança e confiança e tranquilidade.
 
Os profissionais de saúde constituem um grupo de risco para a Covid-19 por estarem expostos diretamente aos pacientes infectados, o que faz com que recebam uma alta carga viral (milhões de partículas de vírus). Além disso, estão submetidos a enorme estresse ao atender esses pacientes, muitos em situação grave, em condições de trabalho, frequentemente, inadequadas. (TEIXEIRA et al., 2020, p.3466).
 
Profissionais e trabalhadores de saúde estão direto ou indiretamente envolvidos no combate à pandemia, enfrentam o risco de contrair o novo coronavírus todos os dias, e a heterogeneidade dessa força de trabalho determina diferentes formas de exposição, incluindo o risco de infecção e diversos fatores.
Dentro deste contexto, vale mencionar que este grupo de trabalhadores não constitui um grupo homogêneo, pois possui desigualdades de gênero, raça e classe social e profissional, o que constitui a oportunidade de obtenção de diferentes níveis e cursos de qualificação profissional, bem como a oportunidade de inserção no mercado de trabalho.
De acordo com TEIXEIRA et al., (2020);
 
Os profissionais e trabalhadores de saúde envolvidos direta e indiretamente no enfrentamento da pandemia estão expostos cotidianamente ao risco de adoecer pelo coronavírus, sendo que a heterogeneidade que caracteriza este contingente da força de trabalho determina formas diferentes de exposição, tanto ao risco de contaminação quanto aos fatores associados às condições de trabalho das diversas categorias profissionais. Problemas como aumento do cansaço físico e do stress psicológico, insuficiência, e/ou negligência com relação às medidas de proteção e cuidado à saúde desses profissionais, ademais, não afetam da mesma maneira as diversas categorias, sendo necessário atentar-se para as especificidades de cada categoria, de modo a evitar a redução de sua capacidade de trabalho e da qualidade da atenção prestada aos pacientes (TEIXEIRA, et al., 2020, p.04).
 
Portanto, proteger a saúde dos profissionais de saúde é fundamental para evitar complicações causadas pelo COVID-19, e o uso de cuidados clínicos e protocolos de controle de infecção (padrão, contato, vias aéreas) e disponibilidade adequada de equipamentos de proteção individual no local de trabalho, incluindo máscaras N95, aventais, óculos de proteção, Protetor Facial (Face Shield) e luvas.
 
2.2 Enfrentamento da COVID-19 Pelos Profissionais De Saúde
 
O combate à nova pandemia de coronavírus faz parte da função básica da saúde pública, visando pessoas ou grupos com maior risco de infecção (como profissionais de saúde). Porém, outras atividades laborais podem ter papel relacionado na disseminação do vírus, portanto, analisar a forma como essas atividades são realizadas é fundamental para a prevenção de doenças. A pouca visibilidade nesta área significa que seu valor nas políticas públicas é muito baixo. Todo o campo de trabalho deve ser considerado na estratégia de resposta do COVID-19.
Mesmo para os profissionais de saúde diretamente envolvidos com os cuidados aos pacientes, pouco se discute sobre as condições e organização do trabalho, prevalecendo, até o momento, protocolos com recomendação de medidas individuais (higiene e uso de equipamentos de proteção), fundamentais, mas insuficientes para o controle geral da disseminação e da exposição ao vírus. Todas as medidas de proteção previstas no protocolo de manejo clínico do coronavírus, no Brasil, dizem respeito à biossegurança (BRASIL, 2020).
Em sua obra Filho (2020) ressalta que:
 
Nesta pandemia, se a necessidade da proteção dos profissionais dos estabelecimentosde saúde ganhou merecido destaque, o mesmo não se verifica para outros grupos ocupacionais. No Brasil, gráficos apresentando dados estratificados por sexo, faixa etária e região geográfica são elaborados com frequência como subsídios para orientar medidas de controle e prevenção, assim como para o planejamento e alocação dos recursos necessários para operar os sistemas de saúde. No entanto, na publicação dessas estatísticas, os micros indicadores de morbidade não são desagregados até o nível da ocupação, o que não permite avaliar se, onde e em que circunstâncias os indivíduos testados positivos ou diagnosticados com a doença estavam trabalhando. Tampouco possibilita identificar focos de disseminação relacionados com atividades de trabalho (FILHO, 2020, p.02).
 
Essas situações, como outras situações, indicam que as atividades e condições de trabalho são fontes potenciais de exposição ao vírus. Por sua vez, esse local - o ambiente de trabalho - é o campo de transmissão da doença. Portanto, é necessário compreender como as atividades e as condições de trabalho contribuem para a disseminação e o mais importante, para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento à pandemia.
Heliotério et al., (2020), destaca um ponto fundamental no combate a pandemia do COVID-19;
 
A análise das experiências dos países que enfrentam a pandemia da COVID-19 é roteiro importante para a definição de ações, contribuindo para a adoção de intervenções estratégicas de preservação da saúde dos/as trabalhadores/as na linha de frente de combate à epidemia. Dentre as iniciativas imediatas de proteção para impedir a evolução da pandemia, os investimentos registrados elegeram como pontos estratégicos: condições de trabalho (treinamentos diversos de temáticas da COVID-19, aquisição de EPIs bem como orientação do seu uso correto, diminuição das jornadas de trabalho, além da implantação de novos fluxos de atendimento nos serviços de saúde); testagem dos profissionais de saúde (vigilância e monitoramento de trabalhadores sintomáticos ou assintomáticos); atenção para saúde do trabalhador da saúde (oferta de apoio psicológico, atendimento especializado e suporte social para demandas familiares) (HELIOTÉRIO et al., 2020, p. 09).
 
Como todos sabemos, a proteção no trabalho em saúde envolve aspectos como a ampliação dos leitos, a distribuição dos equipamentos de proteção individual, a relação adequada entre a quantidade de profissionais ajustada de acordo com as necessidades, etc. Esses são os aspectos mais óbvios e diretos de como lidar com os problemas de saúde. Mas, medidas estratégicas devem ser tomadas para garantir a segurança dos trabalhadores em todos os níveis de atenção, da atenção básica à alta complexidade.
 
O combate à pandemia exige ações e serviços de saúde com profissionais em quantidade e qualidade adequados à demanda. Pacientes com COVID-19, em casos graves, requerem tecnologias de cuidado e procedimentos de alta complexidade que demandam profissionais de saúde treinados e tecnicamente qualificados. Preservar a vida e saúde desses/as trabalhadores/as garantirá a oferta de cuidados em saúde às populações (HELIOTÉRIO et al., 2020, p. 12).
 
Melhorar as condições de trabalho, redefinir os processos de atendimento e estabelecer protocolos de rotina recomendados para controlar o COVID-19 são medidas essenciais para garantir um ambiente de trabalho seguro. Medidas coletivas e individuais devem ser implementadas. Além de fornecer equipamentos de proteção pessoal, medidas devem ser tomadas para reorganizar o processo de trabalho para minimizar os riscos de infecção.
 
2.3 Os Desafios Dos Profissionais Da Enfermagem No Combate A COVID-19
 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu 2020 como o Ano Internacional da Enfermagem. A comemoração marca os 200 anos da fundadora da Enfermagem, enquanto profissão e ciência, Florence Nightingale, nascida em 1820. A campanha foi lançada no Brasil em abril de 2019 e teve o objetivo de fomentar a valorização e autonomia da Enfermagem.
Os dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) mostram que os enfermeiros e enfermeiras representam a maior força de trabalho em saúde, representam mais de 50% dos profissionais da área.
Os obstáculos significativos e simbólicos impostos pela Covid-19 à saúde da enfermagem pode ser categorizada em limites, insuficiências e carências (MORIN, 2013), produzidos pela vivência de cuidar de pessoas com Covid-19 e a doença manifestada.
 
Temos que reconhecer que a Enfermagem está na linha de frente na luta contra a Covid-19 em todo o mundo, trabalhando de forma contínua para cuidar de pacientes graves, muitos dos quais usam ventiladores e requerem cuidados de alta complexidade, mas não são super-heróis. O papel principal dos enfermeiros no tratamento e na contenção da Covid-19 foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde, que publicou no mesmo dia supracitado, neste ano, o State of the world’s nursing 2020 report, em parceria com o Conselho Internacional de Enfermeiros, e a campanha Nursing Now, com o apoio de governos e parceiros, destacando os desafios e o valor da força de trabalho de Enfermagem globalmente (OLIVEIRA, 2020, p.02).
 
Os enfermeiros estão na vanguarda do gerenciamento de casos da Covid-19, enfrentam sérios impactos em suas condições de trabalho e segurança pessoal e precisam ser reconhecidos. Porém, além disso, precisam ser transformados em políticas efetivas, de apoio e consideração permanente desses profissionais que estão no combate ao vírus, para que corram o risco de controlar a pandemia.
 
A Enfermagem se depara, dia a dia, com limites de vagas de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), limites de equipamentos à disposição para prestar cuidados de enfermagem. O limite do estresse de profissionais que se afastam do trabalho vivendo o medo da contaminação mais o esgotamento físico e mental por horas de trabalho (COSTA, 2020, p.20).
 
Com o surgimento da Covid-19, os profissionais de enfermagem vivenciaram a ambivalência do certo e do errado na enfermagem, em que há muitos casos de internação e número insuficiente na unidade de terapia intensiva (UTI) em um momento conflituoso na decisão de quem deve viver ou morrer. Muitos anos de carreira acadêmica não ensinaram como enfrentar as contradições éticas.
Assim, é importante traçar uma estratégia especial para a atuação da enfermagem, protegendo-os, como por exemplo: na diminuição da sobrecarga profissional, nos constantes treinamentos com base nas atualizações publicadas, oferta de todos EPI e em quantidade suficiente, disponibilização de atendimento psicológico e na valorização profissional. Medidas essas que precisam permanecer depois que essa situação amenizar, mais do que isso, precisam ser intensificadas. Pois uma enfermagem fortalecida reflete em um melhor sistema de saúde (ALVES, e FERREIRA 2020, p.76).
Este momento permite que o mundo reconheça o valor dos profissionais de saúde, enfermeiros e equipe de enfermagem, e nos guie a repensar que é hora de construir pontes, deixar atalhos, repensar ilhas, restabelecer valores, e cuidar do ser humano, como uma equipe. Ninguém pode liderar ou ficar para trás, precisamos avançar lado a lado. Se queremos enfrentar e lutar contra a Covid-19 e todos os problemas e desafios diários da saúde, precisamos treinar, planejar, executar e identificar diferentes conhecimentos juntos de forma complementar para que possam juntos melhorar a saúde intencional: prevenir, restabelecer e salvar vidas.
3 A PANDEMIA NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMARIA 
No Brasil e em vários países do mundo, as medidas de resposta à saúde têm se concentrado nos serviços hospitalares e ações para o aumento do número de leitos, principalmente em unidades de terapia intensiva. Sem negar a importância de uma atenção profissional adequadamente estruturada para os casos mais graves de COVID-19, é necessário alertar que muito pode e precisa ser feito no contexto da Atenção Básica à Saúde (APS).
Na ausência de vacinas e de medicamentos específicos e devido à alta transmissibilidadeda infecção, as únicas intervenções eficazes para o controle da pandemia são medidas de saúde pública como isolamento, distanciamento social e vigilância dos casos, com o propósito de reduzir o contágio, evitando sofrimento e morte, ao frear a velocidade da pandemia. Ao mesmo tempo é necessário dotar o sistema de recursos para oferecer a atenção adequada e oportuna (AQUINO et al.,2020, p.2430).
Para prevenir e reduzir o risco de expansão, a APS deve participar da gestão do risco da pandemia, em conjunto com a supervisão sanitária municipal, e estabelecer fluxo de informações nas vias de mão dupla para melhorar a qualidade da ação.
Notificação, descoberta e acompanhamento de casos, isolamento domiciliar e isolamento de contatos são as principais atividades para a redução da pandemia, são ações realizadas pela equipe de atenção primária à saúde.
Medina et al., (2020) em sua publicação ressalta um dos principais papeis da APS no controle da COVID-19:
O isolamento social pode ser incentivado por todos os profissionais da equipe, principalmente pelos agentes comunitários de saúde (ACS), mobilizando lideranças e recursos locais com ampla divulgação de informações e realização de medidas concretas. A literatura tem mostrado que os ACS são importantes aliados no enfrentamento de epidemias especialmente no que diz respeito à conscientização da população e combate ao estigma relacionado à doença, o que realça o seu papel na difusão de informações corretas sobre a prevenção de COVID-19, no combate às fake news e no apoio a atividades educativas no território, relacionadas à higiene e proteção de trabalhadores e usuários nos diversos equipamentos sociais, de modo que se constituam em ambientes seguros para a população (MEDINA et al., 2020, p.02).
A qualidade da atenção à APS e a continuidade da atenção ao paciente COVID-19 só podem ser garantidos com recursos apropriados que garantam a segurança do paciente e a resolução dos problemas. Na avaliação da gravidade de um caso e de sua evolução, é importante medir o nível de saturação de oxigênio no sangue, sendo necessário fornecer à equipe um oxímetro para triagem, atendimento presencial e domiciliar, nos casos suspeitos e confirmados e em acompanhamento.
Desta forma, a APS deve ser a porta de entrada deste paciente no sistema de saúde. Uma vez que essa atenção primária esteja bem equipada e integrada terá papel fundamental no controle e na redução de danos causados pela pandemia pelo Covid-19. Neste momento, a melhor ferramenta de controle existente para o Covid-19 é a prevenção e não existe melhor lugar para desenvolvê-la do que na APS. Logo, é necessária a garantia do bom funcionamento da APS por meio da valorização da ESF, o que envolve um melhor fortalecimento deste nível de atenção, incluindo a garantia de condições dignas de trabalho e de assistência. Importante destacar que, dentre essas condições, é fundamental o provimento de EPI’s adequados e em quantidade necessária para que os profissionais possam ter segurança em sua atuação e, consequentemente, protegerem seus pacientes (FARIAS et al., 2020, p.06) 
Quanto à continuidade da assistência ao paciente, é essencial integrar os serviços de APS às redes de transporte de emergência, hospitalar e médica e gerenciar os leitos definindo o tráfego e canais de comunicação abertos e flexíveis para garantir o atendimento oportuno de acordo com a gravidade do paciente.
A qualidade do atendimento na APS e a continuidade do cuidado aos pacientes com COVID-19 só podem ser asseguradas com recursos adequados que garantam a segurança do paciente e resolubilidade do problema. Na avaliação da gravidade dos casos e de sua evolução, a medição do nível de saturação de oxigênio no sangue é importante, sendo necessário disponibilizar oxímetro para as equipes, para uso na triagem, atendimento presencial e em domicílio, no acompanhamento de casos suspeitos e confirmados. Quanto à continuidade do cuidado ao paciente, é mister que serviços de APS estejam integrados à rede de emergência, hospitalar e de transporte sanitário, associada à regulação de leitos com definição de fluxos e canais de comunicação abertos e ágeis, para a garantia de cuidado oportuno, conforme a gravidade (MEDINA et al., 2020, p.02).
A Estratégia da Saúde da Família tem ampliado seu papel no atendimento às necessidades de grupos socialmente desfavorecidos e de risco, como idosos e pessoas com comorbidades, que vivem em ambientes isolados ou restritos. Para o seguimento efetivo das recomendações de prevenção relacionadas à COVID-19, essa população necessitará de diversos apoios (de saúde, financeiro, psicológico e social), incluindo atendimento por meio de redes de serviços de saúde e acesso a mecanismos de proteção social.
No contexto do SUS, a atenção básica representa o foco, permitindo mais contato com a comunidade por meio do reconhecimento de territórios. Seus atributos básicos, como primeiro contato, atenção integral, vertical e coordenação, podem abordar as fragilidades sociais que se destacaram na pandemia. Portanto, por sua ação capilar, a atenção básica é um poderoso serviço no combate à pandemia da COVID-19, justamente por proporcionar que o social e o biológico se encontrem como um todo, e não como opostos.
É necessário manter as atividades rotineiras da APS durante a pandemia, mesmo que as previsões indiquem que a convivência com o novo vírus é longa e o grau de isolamento social cada vez maior, o que requer reajustar alguns procedimentos e a fusão com outros procedimentos para que os cuidados de saúde primários possam esforçar-se para cumprir a sua missão, incluindo novas formas de cuidados diários à distância, para evitar o risco de aprofundar a exclusão de oportunidades e a desigualdade social.
Medidas devem ser tomadas entre as equipes de atenção primária à saúde. Entre elas se destaca, recrutar mais profissionais para a equipe de apoio móvel, realizar visitas domiciliares e novos serviços na comunidade, evitar contaminação cruzada, formular protocolos de ação em diferentes cenários sociais e garantir que o cuidado seja ampliado, principalmente o cuidado com os equipamentos de proteção individual (EPI), e nortear os demais processos de atuação das unidades de saúde (como vacinação, atendimento à gestante e a mulher a pessoa com hipertensão e diabetes).
A utilização de WhatsApp, telefone e outras tecnologias de informação e comunicação para a realização de consultas remotas garante a segurança das operações, para que as condições dos usuários em tratamento não sejam interrompidas e deterioradas. Recomenda-se atender às necessidades frequentes do usuário - como atualização de receitas e busca de medicamentos - para que ele não precise se deslocar à Unidade Básica de Saúde (UBS), estendendo o prazo de prescrição, ou conseguindo entregar em domicílio, por meio dos agentes comunitários de saúde (ACS).
3.1 A Enfermagem Em Atenção Primária À Saúde No Contexto Da Pandemia De Covid-19
A atenção básica é definida como um conjunto de ações de atenção à saúde nos níveis individual e coletivo, abrangendo ações que promovam, previnam, protejam, diagnostiquem, tratem, recuperem e mantenham a saúde de diferentes características e gêneros, como homens e mulheres, crianças e adolescentes, trabalhadores de diferentes setores, com o intuito de beneficiar toda a população.
A APS desempenha o papel de proteção da saúde, prevenção e controle de doenças, diagnóstico, tratamento, acompanhamento do paciente, família ou comunidade. Por isso, devemos considerá-la o principal combatente do novo coronavírus, dando ênfase nas estratégias de prevenção primária, principalmente mensagens e campanhas de educação e conscientização em saúde, destinadas a informar o público sobre o risco de infecção, sintomas, medidas de proteção e serviços de saúde, de modo que para facilitar a adoção de comportamentos conducentes à saúde e reduzir a probabilidade de infecção (BARBOSA & SILVA, 2020, p.01).
Nesse caso, o enfermeiro, como membro da equipe de atenção básica, é responsávelpelo recebimento dos pacientes e triagem dos casos suspeitos, indicando o nível correto de tratamento, formulando as medidas de enfermagem de acordo com a gravidade do caso, realizando as consultas de enfermagem, solicitando exames complementares, prescrição de medicamentos e atividades educativas.
APS é um campo muito amplo. Os enfermeiros precisam dominar várias habilidades para realizar seu trabalho com eficácia, tais como: gestão do fluxo de trabalho, raciocínio clínico e abstrato, planejamento, comunicação, gestão do tempo, conhecimento técnico e científico nas áreas de saúde infantil, saúde da mulher, infecção por doenças, gravidez, vacinação, saúde mental, cuidados com a pele, hipertensão, diabetes, etc.
O enfermeiro desempenha um papel fundamental na saúde e segurança de sua equipe, pacientes e comunidades, devendo aplicar seus conhecimentos para gerenciamento de crises e trazer ordem ao cenário atual da pandemia. Para manter a assistência adequada aos usuários, requer comunicação, visão holística e motivação para a equipe de enfermagem da linha de frente. O fornecimento de informações precisas por meio de linguagem clara e concisa deve fazer parte da rotina do profissional, também, a empatia e postura diante dos desafios vivenciados pela equipe na APS (RIOS et al., 2020, p.251).
O papel do enfermeiro na estratégia de saúde da família é compreender a aptidão e habilidade geral dos pacientes por meio de seu processo de trabalho, pela integralidade de seu cuidado, por meio da capacidade de identificar as necessidades e expectativas dos indivíduos e famílias, bem como entre os pacientes, equipes médicas e interações e relações entre comunidades.
Sua responsabilidade é apoiar o bem estar e ajudar a equipe e os pacientes, devendo se adaptar rapidamente às mudanças ocorridas, destacando seu papel na garantia da proteção dos recursos, na prestação do cuidado e na coordenação da equipe assistencial. Para conter a propagação do vírus, os profissionais devem prestar atendimento de primeira classe e, a esse respeito, devem estar atentos aos detalhes.
Com a crise mundial da Covid-19, a Resolução 634/2020 publicada pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) normatiza as ações da teleconsulta de enfermagem, onde tem como objetivo abrir novas possibilidades da enfermagem na batalha contra o coronavírus no Brasil. Com isso, a nova ação disponibiliza aos profissionais de enfermagem prestações de esclarecimentos, encaminhamentos e orientações para a população através das plataformas audiovisuais (COFEN, 2020).
A resolução atende às necessidades emergentes de saúde pública, portanto, os enfermeiros da atenção primária à saúde podem usar a telemedicina para fornecer atenção primária durante uma pandemia, evitando assim a disseminação do Covid-19 entre indivíduos, famílias e comunidades. Por meio de consultas de cuidado remoto, os profissionais podem apoiar o autocuidado, a saúde, o rastreamento de sintomas e os cuidados paliativos para pacientes, famílias e comunidades.
Os profissionais enfermeiros na APS, desenvolvem assistências complexas e de alto risco, no qual começam a se sobrecarregar devido ao grande aumento de atribuições e sobrecarga de trabalho diário. Contudo, sua habilidade e conhecimento, ajudam o profissional a se manter em pé, e desenvolver sua assistência de forma humanizada e segura aos pacientes, famílias e comunidade (FERREIRA et al., 2020, p.753). 
Utiliza sua autonomia profissional para implementar ações de promoção, prevenção e tratamento junto à equipe de saúde. Também atua junto à equipe de saúde na realização de trabalhos de prevenção de infecções para os profissionais da unidade, sendo responsável pela implementação do uso de equipamentos de proteção individual, álcool em gel, água e sabonete para desinfecção das mãos. Porém, os profissionais devem cumprir os protocolos e manuais formulados pelo Ministério da Saúde para garantir os serviços da unidade.
O acolhimento humanizado do profissional enfermeiro é propício à consulta de cuidado aos pacientes da Covid-19, que por sua vez poderão entender sua situação, seus procedimentos de tratamento e orientações sobre a doença, bem como o isolamento em casos leves. Ao fazer isso, novos casos podem ser evitados na comunidade. Além disso, ações acolhedoras e compassivas podem efetivamente estabelecer boas conexões entre profissionais e pacientes. A interação deve permear a comunicação positiva, ser capaz de trazer benefícios e ser propícia ao enfrentamento e adaptação ao ambiente adverso imposto pelo isolamento social.
3.2 Ações Desenvolvidas Pela Atenção Primária De Saúde Junto As Família
Ressalta-se aqui que o impacto da nova pandemia de coronavírus afeta não apenas o setor saúde, mas também os setores econômico, social, político e cultural. No contexto atual, impulsionado pelos atributos da atenção primaria de saúde (acessibilidade, integralidade, verticalidade, coordenação do cuidado, orientação familiar, orientação comunitária e capacidades culturais), é necessário apontar e definir as diretrizes e medidas de adaptação a serem implementadas. 
Além dos princípios gerais da APS, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) tem caráter substitutivo em relação à RAS, nos territórios de atuação das Equipes de Saúde da Família, por atuar no território adscrito; realizar cadastramento domiciliar, diagnóstico situacional; desenvolver ações dirigidas aos problemas de saúde de maneira pactuada com a comunidade onde atua; cuidar dos indivíduos e das famílias ao longo do tempo, frente aos problemas de saúde-doença da população de sua responsabilidade; desenvolver atividades, de acordo com o planejamento e a programação, realizados com base no diagnóstico situacional, e tendo, como foco, a família e a comunidade (BRASIL, 2009, p.43). 
Todo esse conhecimento e estrutura em Redes fazem da APS um grande aliado no combate ao coronavírus. O atendimento às pessoas no contexto dessa pandemia envolve toda a articulação da rede de atenção à saúde, não apenas a APS.
A comunicação entre os diferentes níveis é necessária para responder de forma eficaz e eficiente às preocupações das pessoas, e a APS representa o centro de comunicação de toda a rede. O papel das equipes de saúde da família é fundamental em todas as fases da pandemia, mas existem algumas limitações, como a clareza das ações entre essas equipes e a vigilância à saúde no esboço do COVID-19.
Essas ações requerem profissionais sensíveis, prontos para refletir o papel da vigilância à saúde, da participação social e da ação comunitária na resposta à pandemia. Com os problemas do distanciamento social e da vida socioeconômica instável, surgem outros problemas na atenção primária à saúde, como os transtornos mentais, a violência doméstica, o alcoolismo e o agravamento das doenças crônicas. Tudo isso requer cuidados verticais e abrangentes.
No enfrentamento da COVID-19, a Atenção Primária em Saúde, por meio da ESF, tem exercido papel central na prevenção e controle de doenças, sendo capaz de colaborar estrategicamente com a redução do risco de transmissão da doença, a partir do diagnóstico precoce, acompanhamento e monitoramento do indivíduo, família e comunidade (BARBOSA e SILVA, 2020, p.18). 
Portanto, assume o papel de resolver os casos menores, identificar precocemente e encaminhar corretamente os casos graves, mantendo a coordenação do atendimento a estes.
Mais uma vez, a enfermagem se destaca pelo protagonismo, junto à equipe de saúde da família, aos usuários e à população da área adscrita. A organização de espaço, as estratégias realizadas e o estímulo ao trabalho, em equipe multiprofissional e interdisciplinar, proporcionaram um diferencial no enfrentamento e combate à COVID-19, sem esquecer as demandas inerentes da APS.
Para os profissionais, surgiu a necessidade de se reinventar no processo de trabalho, e a maneira de desenvolver ações estratégicas de promoção à saúde e prevenção da doença, em tempos de pandemia. A experiência vivenciada pelos trabalhadores, especialmente para a equipe deenfermagem, durante a vacinação para influenza, que ocorreu no início da pandemia para idosos, acamados em domicílio, possibilitando identificar sintomáticos gripais e, no momento, já orientar sobre isolamento domiciliar diante as condições reais e, de forma prévia, ir preparando a comunidade sobre o atual contexto do problema de emergência de Saúde Pública.
É preciso formular ações intersetoriais, o mais importante é formular estratégias que garantam a continuidade das ações de promoção, prevenção e atenção à saúde. Isso significa que, por exemplo, se não conseguirmos acessar os serviços hospitalares nos casos moderados e graves identificados, não adianta ter uma APS efetiva. Toda a rede precisa estar em pleno funcionamento, não só a rede de APS, mas também a rede de enfermagem especializada. Portanto, agora é necessário fazer uma nova configuração para o fluxo de trabalho da equipe, mesmo com a população, para se chegar à unidade e fortalecer a rede.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em certa medida, a pandemia COVID-19 permitiu que o mundo olhasse para a saúde mais de perto, não apenas pela luta contra agentes biológicos específicos, mas também porque reconhecem os impactos econômicos, políticos e no sistema de saúde. Dialeticamente, esse fenômeno tem agravado cada vez mais as crises desses mesmos sistemas. Por outro lado, o combate à pandemia tem revelado as potencialidades e limitações do nível de atenção médica para superar de forma rápida e eficaz os problemas emergentes.
A resposta ao coronavírus revela uma situação complexa, que certamente envolve repensar a estrutura e a função dos serviços que compõem a rede de atenção à saúde. Destaca-se ainda, seu importante papel na coordenação e acompanhamento do cuidado de acordo com os princípios do sistema único de saúde e de acordo com a situação epidemiológica das populações dos territórios, que se caracterizam por gênero, classe social e etnia.
O fracasso da experiência internacional centrada no atendimento hospitalar em resposta à pandemia demonstra a necessidade de uma abordagem mais localizada, baseada na comunidade e na família, e a necessidade de alavancar uma atenção primária à saúde forte e abrangente. O modelo brasileiro e a equipe de saúde da família e enfoque regional impactam positivamente na saúde da população, e desempenham um papel importante na rede de atenção, além de promover ativamente a abordagem comunitária, necessária para o enfrentamento de qualquer pandemia.
As ações de enfermagem na APS são fundamentais para o enfrentamento da pandemia COVID-19, destacando-se que o enfermeiro da equipe multiprofissional é responsável pelo planejamento das ações de saúde relacionadas à vigilância epidemiológica. Durante a crise de saúde, enfatiza-se a flexibilidade do profissional para atuar diante de novas situações e necessidades quanto à segurança da equipe e da comunidade, ampliando, assim, sua atuação no monitoramento da saúde. Sem deixar de lado a continuidade dos cuidados de rotina, além de monitorar casos de infecção e óbitos, o enfermeiro também realiza ações de educação em saúde, vacinação contra Covid-19 e gerenciamento de eventos adversos após a vacinação.
O papel da equipe da APS é crucial em todas as fases da pandemia. Se a oportunidade da APS de tomar medidas eficazes foi inicialmente perdida devido à falta de autoridades nacionais de saúde e diretrizes nacionais claras, levando à suspensão das atividades e à centralidade da unidade de terapia intensiva, as atividades foram interrompidas e elos com a comunidade foram perdidos, porém retomados em muitos lugares, devido a sua importância para o combate da pandemia.
Ações claras de controle e monitoramento de saúde no combate da Covid-19 exige a capacitação dos profissionais da equipe da ESF, ações essas que não se limitam à simples transmissão de informações técnicas clínicas, mas ajudam a refletir sobre modelos de atenção, participação social e ações comunitárias. O importante é que os diferentes agentes envolvidos possam operar conceitualmente diferentes modelos dimensionais de monitoramento de saúde.
Ao implementar novas medidas de cuidado para lidar com o COVID-19, garantir a continuidade das operações de rotina da APS tornou-se um desafio, às vezes até um dilema. A facilidade de contágio do vírus, o alto potencial de propagação da doença em espaços fechados e a necessidade de se evitar uma busca em massa pelos serviços de saúde nas fases iniciais da pandemia tensionaram os serviços para a busca de alternativas nas formas de cuidado e tornaram o atendimento remoto mediado por tecnologias digitais uma estratégia de cuidado fundamental. A mídia é uma estratégia de atenção básica que permite aos usuários obter informações qualificadas em tempo hábil e entender como lidar com elas nos níveis individual, familiar e comunitário, seja em situações relacionadas à pandemia de SARS-CoV-2 ou nos cuidados médicos em geral.
Mais do que nunca precisamos de uma APS no SUS forte, vigilante, minuciosa, adaptada ao contexto e fiel a seus princípios. A atual crise global é sanitária, política, econômica e social, e exige inovação nos modos de operação e radicalização da lógica de intervenção comunitária no exercício de novas formas de sociabilidade e de solidariedade.
 A partir dessas reflexões, pode-se concluir que a APS tem papel fundamental na rede de atenção à saúde e não pode ser excluída durante a pandemia, mas precisa cumprir normas preventivas e disponibilizar EPIs para todos os funcionários realidade que tende a ser exceção em locais mais pobres com baixa qualidade de atenção à saúde. Caso não sejam tomadas as medidas necessárias para reduzir o risco de infecção pelos integrantes da equipe da ESF, a atuação da UBS pode trazer maiores riscos do que socorro à pandemia.
Por fim, é importante destacar que, ao final da pandemia, a ESF não será da mesma forma que antes. É preciso resumir todas as lições, formular planos para lidar com futuras epidemias, fortalecer a atenção básica e o contato com a comunidade e fazer da unidade uma barreira para prevenir a propagação da doença.
Não se deve esquecer que o planejamento deve levar em conta as características de cada região e comunidade, e é melhor construir junto com a comunidade e seguir as diretrizes para a promoção da autonomia da população. Alguns pontos, entretanto, são consenso em relação às lições aprendidas sobre o enfrentamento de uma pandemia. O modelo hospitalocêntrico não contribui para o combate de uma pandemia e que é necessária uma real aproximação com a comunidade. Nesse sentido, é preciso valorizar a APS, em especial seus profissionais, e estimular o engajamento da população adstrita, inclusive por meio dos Conselhos de Saúde.
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